O documento contém poemas de diferentes autores celebrando as árvores. Victor Hugo descreve árvores que suportam os ventos e cantam. Camões celebra uma árvore que oferece abrigo e fragrância. Bilac descreve árvores antigas mais belas que abrigam pássaros e dão sombra. Florbela Espanca descreve árvores "sangrentas" e "revoltadas" que choram por água.
2. Sede como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre
ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles
sabem que possuem asas.
Victor Hugo
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7. Árvore, cujo pomo, belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza, de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;
Nunca da ira e do vento, que arrancando
os troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de ar te seja extinta
a cor, que está teu fruto debuxando.
Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
a meu contentamento, e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,
Se não te celebrar como mereces,
cantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.
Luís Vaz de Camões
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20. “Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…
O homem, a fera, e o insecto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!”
Olavo Bilac
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25. Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca