SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 6
História da Moeda em
             Portugal
As primeiras moedas portuguesas terão sido produzidas ainda no reinado de
D. Afonso Henriques, certamente depois de em 1179 Ter sido reconhecido
pelo Papa como rei. São pequenos espécimes feitos de bolhão, uma liga de
cobre e de prata: o dinheiro e a medalha, esta valendo metade de um
dinheiro. O dinheiro continua a tradição do denário romano, que servira de
união monetária do vasto Império e que os Bárbaros mantiveram depois da
queda de Roma, em espécimes profundamente adulterados. Nos reinos da
Europa Medieval corriam moedas idênticas ao dinheiro, que se manteve em
circulação até ao final da primeira dinastia portuguesa. A palavra mealha, de
onde vem a palavra mealheiro deixou de fabricar-se a partir de D. Afonso
II (1211-1223), mas manteve-se engenhosamente na prática. Como a mealha
era metade de um dinheiro, ao precisarem dela para trocos, cortavam aquele
em duas metades... Essas moedas de bilhão tinham numa das faces a Cruz da
Ordem do Templo. A partir de D. Sancho I, a cruz passou a ser cantonada
por quatro cravos, evocando a que teriam pregado Jesus. Descobrem-se
também nestas moedas os chamados sinais ocultos destinados a impedir a
falsificação. Este tipo de moeda, como dissemos, foi comum aos reinos e
condados da Cristandade. Os nossos dinheiros sofreram influência de um
modelo borgonhês trazido pelos que vieram para a Península lutar contra os
Muçulmanos, integrando as Cruzadas do Ocidente.

No tempo de D. Afonso Henriques continuavam a circular moedas romanas,
denários e áureos, assim como moedas leonesas e muçulmanas, estas últimas
principalmente de prata e ouro, os dirheme e o dinar.

A partir de D. Afonso III aumentou consideravelmente a produção de
dinheiros de bolhão, o que ficou a dever-se à política económica deste rei,
criado feiras e mercados. Também D. Dinis continuou esta política
incrementando o número de feiras e aumentando os privilégios aos feirantes
e o numerário em circulação, indispensável ao comércio. Criou uma moeda de
prata, o tornez decorado no anverso com uma cruz feita com cinco
escudetes e no reverso pela cruz dos Templários, que neste reinado foram
integrados na Ordem de Cristo, nascida por iniciativa de D. Dinis. Nos
reinados seguintes continuam a fabricar-se dinheiros de bolhão, o que
mostra a carência de metais nobres em Portugal. No tempo de D. Afonso IV,
o dinheiro passou a ser conhecido por alfonsim.

Porém, esta operação não foi limpa e ficou conhecida por operação das
barbudas. Ainda hoje, a palavra ser para designar um lucro não honesto. O
rei com uma moeda velha conseguia fazer várias das novas moedas, usado
uma liga de cobre e prata, o bolhão. Por vezes a moeda de cobre levava só
um banho de prata. Cada uma das novas e brilhantes moedas valia entre sete
a nove das velhas, feitas só de prata. O Rei com esta operação arruinou
muitos dos seus vassalos pois fez moedas de grande preço e de pouco peso
com a agravante de serem ligadas (Sousa Viterbo), isto é, serem feitas de
uma liga e não de prata.

D. João, Mestre de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro I, alcançou o poder
dando o que tinha e prometendo o que não tinha (Fernão Lopes). Deixou uma
vasta e variada Dinastia. Mandou bater moedas de prata, de bolhão e de
cobre. Os reais pretos formam a primeira moeda portuguesa de cobre.
Mandou cunhar os quartos de real de dez soldos em bolhão e outras moedas
em liga como o rela branco, o que expressa a desvalorização da moeda.
Vencida a crise e estabilizado o reino forma emitidas moedas de prata, o
real de dez soldos e o real de dez reais brancos. O real preto aparecido em
1415, altura da conquista de Ceuta tinha escrito Adjutorium nostra,
significando Senhor, sê nosso auxílio.

O português de ouro continuou a emitir-se vigoroso, regulando o curso
monetário no norte da Europa até quase aos finais do Séc. XVI.


D. Sebastião aumentou o numário de cobre e de prata (tostões e meios
tostões) e continuou a produzir moedas de ouro, S. Vicentes.

Em 1580, antes da União das duas Coroas e o domínio filipino, Portugal teve
à frente um grupo de Governadores, que emitiu reais e tostões de prata e
uma moeda de 500 reais de ouro.

Em 1835, D. Maria II, pela lei de 24 de Abril, adoptou o sistema decimal,
passando a haver moedas de 5, 10, e 20 (vintém) réis, de cobre e tostões de
prata no valor de 100, 200, 500 e 1000 réis de prata. Em ouro coroas (5.000
réis), meias coroas e um quinto de coroa.

Em 1928, o Estado Novo lançou uma moeda de dez escudos de prata, para
comemorar a Batalha de Ourique. Seguiu-se, de 1939 a 1948, um série de
moedas de prata com o mesmo toque de 835 mm, comprovando o
ressurgimento financeiro. A partir dessa data multiplicam-se as moedas
comemorativas em prata e cuproníquel. Depois do 25 de Abril continuam as
emissões especiais, distinguindo-se as consagradas ao Descobrimentos
Portugueses.

O papel-moeda surgiu como dissemos com as apólices de finais do Séc.
XVIII. O Banco de Lisboa emitiu notas e ordens em reis, no Séc. XIX.
Foram porém os Bancos do Norte de Portugal que apresentaram maior
variedade de notas, a partir de 1836: Banco Comercial do Porto, Banco
Mercantil do Porto, Banco União do Porto, Banco do Minho. Na última
década do Séc. XIX, o Banco de Portugal emitiu notas de 200, 500, 1000,
2500, 5000, e 10000. A partir de 1891 lançou notas de papel com o valor em
prata e também com o valor em ouro de 10.000, 16.000, 20.000 e 50.000
réis. A casa da Moeda, em 1891, emitiu cédulas com valor – bronze de dez
centavos. Em 1918, com valor de cinco centavos e, em 1992, com valor
cuproníquel de vinte centavos. O Banco de Portugal, em 1917, passou a
emitir notas no valor de um escudo, 50 centavos, 2 escudos e 50 centavos,
cinco escudos, dez escudos, vinte escudos e cinquenta escudos.

Com a adesão de Portugal ao Euro, em 1999, consequência da entrada de
Portugal na União Europeia, morreu a moeda portuguesa, como se tivéssemos
regressado ao tempo dos romanos quando uma única moeda circulava no
vasto império... As últimas emissões de 1998, incluem uma moeda consagrada
à EXPO no valor de 200 escudos e outra à Ponte Vasco da Gama no valor de
500 escudos. Estas previstas, para encerrarem estas emissões portuguesas,
uma moeda comemorativa do ano Internacional dos Oceanos e outra dos 500
anos das Misericórdias Portuguesas. Espera-se em 1999 uma moeda
consagrada à UNICEF, outra ao Milénio Atlântico e também aos
Descobrimentos Portugueses. Estes numismas irão marcar o estertor da
longa vida de 800 anos da moeda portuguesa...
400 REIS (Cruzado Novo) (Portugal -1835- 35mm - 14.2g - 906
milésimas de prata)
Paulo Soares Nº12

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Modelo romano parte 2
Modelo romano parte 2Modelo romano parte 2
Modelo romano parte 2
cattonia
 
A produção cultural renascentista.pptx
A produção cultural renascentista.pptxA produção cultural renascentista.pptx
A produção cultural renascentista.pptx
cattonia
 
O poder político em roma
O poder político em romaO poder político em roma
O poder político em roma
Carla Teixeira
 
Resumos História - O Modelo Ateniense
Resumos História - O Modelo AtenienseResumos História - O Modelo Ateniense
Resumos História - O Modelo Ateniense
Lojinha da Flor
 
Formação das cidades estado
Formação das cidades estadoFormação das cidades estado
Formação das cidades estado
Carla Teixeira
 
Diversidade Cultural de Portugal
Diversidade Cultural de PortugalDiversidade Cultural de Portugal
Diversidade Cultural de Portugal
Adelaide Jesus
 

La actualidad más candente (20)

História da Moeda
História da MoedaHistória da Moeda
História da Moeda
 
Modelo romano parte 2
Modelo romano parte 2Modelo romano parte 2
Modelo romano parte 2
 
A produção cultural renascentista.pptx
A produção cultural renascentista.pptxA produção cultural renascentista.pptx
A produção cultural renascentista.pptx
 
12 formação do império romano
12   formação do império romano12   formação do império romano
12 formação do império romano
 
Romanização
RomanizaçãoRomanização
Romanização
 
O poder político em roma
O poder político em romaO poder político em roma
O poder político em roma
 
4 03 triunfo dos estados e dinamicas economicas nos seculos xvii e xviii
4 03 triunfo dos estados e dinamicas economicas nos seculos xvii e xviii4 03 triunfo dos estados e dinamicas economicas nos seculos xvii e xviii
4 03 triunfo dos estados e dinamicas economicas nos seculos xvii e xviii
 
Romanização da Península Ibérica
Romanização da Península IbéricaRomanização da Península Ibérica
Romanização da Península Ibérica
 
C2 a sociedade europeia nos séculos ix a xii
C2 a sociedade europeia nos séculos ix a xiiC2 a sociedade europeia nos séculos ix a xii
C2 a sociedade europeia nos séculos ix a xii
 
25 - Comércio à escala mundial
25 - Comércio à escala mundial25 - Comércio à escala mundial
25 - Comércio à escala mundial
 
A constituição do território nacional
A constituição do território nacional A constituição do território nacional
A constituição do território nacional
 
Invasões medievais
Invasões medievaisInvasões medievais
Invasões medievais
 
2. 3 a romanização da península ibérica
2. 3   a romanização da península ibérica2. 3   a romanização da península ibérica
2. 3 a romanização da península ibérica
 
História da moeda
História da moedaHistória da moeda
História da moeda
 
05 as novas representações da humanidade
05 as novas representações da humanidade05 as novas representações da humanidade
05 as novas representações da humanidade
 
O comercio à escala mundial
O comercio à escala mundialO comercio à escala mundial
O comercio à escala mundial
 
Resumos História - O Modelo Ateniense
Resumos História - O Modelo AtenienseResumos História - O Modelo Ateniense
Resumos História - O Modelo Ateniense
 
A abertura ao mundo
A abertura ao mundoA abertura ao mundo
A abertura ao mundo
 
Formação das cidades estado
Formação das cidades estadoFormação das cidades estado
Formação das cidades estado
 
Diversidade Cultural de Portugal
Diversidade Cultural de PortugalDiversidade Cultural de Portugal
Diversidade Cultural de Portugal
 

Similar a História da moeda em portugal paulo soares

Nascimento e morte do tostao a5
Nascimento e morte do tostao a5Nascimento e morte do tostao a5
Nascimento e morte do tostao a5
mongedasilva
 
Breve história da moeda portuguesa do dinheiro ao euro em mais de oito sécul...
Breve história da moeda portuguesa do dinheiro ao euro  em mais de oito sécul...Breve história da moeda portuguesa do dinheiro ao euro  em mais de oito sécul...
Breve história da moeda portuguesa do dinheiro ao euro em mais de oito sécul...
turmainformaticadegestao
 
Cartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdf
Cartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdfCartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdf
Cartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdf
israelf3
 
As primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por d
As primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por dAs primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por d
As primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por d
turmainformaticadegestao
 
Powerpoint antónio 6º b escudo
Powerpoint antónio 6º b   escudoPowerpoint antónio 6º b   escudo
Powerpoint antónio 6º b escudo
eb23ja
 
Trabalhos Alunos Grupo E
Trabalhos Alunos Grupo ETrabalhos Alunos Grupo E
Trabalhos Alunos Grupo E
mariasrt4
 
Trabalhos Alunos Grupo E
Trabalhos Alunos Grupo ETrabalhos Alunos Grupo E
Trabalhos Alunos Grupo E
mariasrt4
 
ABSOLUTISMO-MERCANTILISMO-BARROCO
ABSOLUTISMO-MERCANTILISMO-BARROCOABSOLUTISMO-MERCANTILISMO-BARROCO
ABSOLUTISMO-MERCANTILISMO-BARROCO
osemprefixe
 
0 cédulas do-brasil
0  cédulas do-brasil0  cédulas do-brasil
0 cédulas do-brasil
luzberto
 
Cédulas do Brasil
Cédulas do BrasilCédulas do Brasil
Cédulas do Brasil
Oracy Filho
 
Moeda Brasileira
Moeda BrasileiraMoeda Brasileira
Moeda Brasileira
guest13c802
 

Similar a História da moeda em portugal paulo soares (20)

Nascimento e morte do tostao a5
Nascimento e morte do tostao a5Nascimento e morte do tostao a5
Nascimento e morte do tostao a5
 
Breve história da moeda portuguesa do dinheiro ao euro em mais de oito sécul...
Breve história da moeda portuguesa do dinheiro ao euro  em mais de oito sécul...Breve história da moeda portuguesa do dinheiro ao euro  em mais de oito sécul...
Breve história da moeda portuguesa do dinheiro ao euro em mais de oito sécul...
 
A história das moedas
A história das moedasA história das moedas
A história das moedas
 
A história das moedas
A história das moedasA história das moedas
A história das moedas
 
A história da moeda em portugal
A história da moeda em portugalA história da moeda em portugal
A história da moeda em portugal
 
Cartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdf
Cartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdfCartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdf
Cartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdf
 
História da moeda
História da moedaHistória da moeda
História da moeda
 
As primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por d
As primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por dAs primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por d
As primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por d
 
Powerpoint antónio 6º b escudo
Powerpoint antónio 6º b   escudoPowerpoint antónio 6º b   escudo
Powerpoint antónio 6º b escudo
 
Trabalhos Alunos Grupo E
Trabalhos Alunos Grupo ETrabalhos Alunos Grupo E
Trabalhos Alunos Grupo E
 
Trabalhos Alunos Grupo E
Trabalhos Alunos Grupo ETrabalhos Alunos Grupo E
Trabalhos Alunos Grupo E
 
Dinheiro brasil
Dinheiro brasilDinheiro brasil
Dinheiro brasil
 
ABSOLUTISMO-MERCANTILISMO-BARROCO
ABSOLUTISMO-MERCANTILISMO-BARROCOABSOLUTISMO-MERCANTILISMO-BARROCO
ABSOLUTISMO-MERCANTILISMO-BARROCO
 
A moeda em portugal
A moeda em portugalA moeda em portugal
A moeda em portugal
 
Cédulas do brasil (xxv)
Cédulas do brasil (xxv)Cédulas do brasil (xxv)
Cédulas do brasil (xxv)
 
0 cédulas do-brasil
0  cédulas do-brasil0  cédulas do-brasil
0 cédulas do-brasil
 
Cédulas do brasil histórico
Cédulas do brasil históricoCédulas do brasil histórico
Cédulas do brasil histórico
 
Cédulas do Brasil
Cédulas do BrasilCédulas do Brasil
Cédulas do Brasil
 
A história da moeda
A história da moedaA história da moeda
A história da moeda
 
Moeda Brasileira
Moeda BrasileiraMoeda Brasileira
Moeda Brasileira
 

Más de turmaec11a

A história da moeda paulo soares
A história da moeda paulo soaresA história da moeda paulo soares
A história da moeda paulo soares
turmaec11a
 
A história da moeda paulo soares
A história da moeda paulo soaresA história da moeda paulo soares
A história da moeda paulo soares
turmaec11a
 
Mercado de concorrência perfeita
Mercado de concorrência perfeitaMercado de concorrência perfeita
Mercado de concorrência perfeita
turmaec11a
 
Lei da oferta e procura
Lei da oferta e procuraLei da oferta e procura
Lei da oferta e procura
turmaec11a
 
Lei da oferta e procura
Lei da oferta e procuraLei da oferta e procura
Lei da oferta e procura
turmaec11a
 
História luis
História luisHistória luis
História luis
turmaec11a
 
História luis
História luisHistória luis
História luis
turmaec11a
 
História amanda
História   amandaHistória   amanda
História amanda
turmaec11a
 
Fabrica triunhfhf
Fabrica triunhfhfFabrica triunhfhf
Fabrica triunhfhf
turmaec11a
 
História luis
História luisHistória luis
História luis
turmaec11a
 
História luis
História luisHistória luis
História luis
turmaec11a
 
Historia triumph
Historia triumphHistoria triumph
Historia triumph
turmaec11a
 

Más de turmaec11a (20)

A história da moeda paulo soares
A história da moeda paulo soaresA história da moeda paulo soares
A história da moeda paulo soares
 
A história da moeda paulo soares
A história da moeda paulo soaresA história da moeda paulo soares
A história da moeda paulo soares
 
Mercado de concorrência perfeita
Mercado de concorrência perfeitaMercado de concorrência perfeita
Mercado de concorrência perfeita
 
Lei da oferta e procura
Lei da oferta e procuraLei da oferta e procura
Lei da oferta e procura
 
Lei da oferta e procura
Lei da oferta e procuraLei da oferta e procura
Lei da oferta e procura
 
História luis
História luisHistória luis
História luis
 
História luis
História luisHistória luis
História luis
 
História
HistóriaHistória
História
 
História
HistóriaHistória
História
 
História
HistóriaHistória
História
 
História amanda
História   amandaHistória   amanda
História amanda
 
Fabrica triunhfhf
Fabrica triunhfhfFabrica triunhfhf
Fabrica triunhfhf
 
História luis
História luisHistória luis
História luis
 
História luis
História luisHistória luis
História luis
 
Historia triumph
Historia triumphHistoria triumph
Historia triumph
 
História
História História
História
 
Historia da
Historia daHistoria da
Historia da
 
Historia da
Historia daHistoria da
Historia da
 
Triumph
TriumphTriumph
Triumph
 
Filipa .pacc
Filipa .paccFilipa .pacc
Filipa .pacc
 

História da moeda em portugal paulo soares

  • 1. História da Moeda em Portugal As primeiras moedas portuguesas terão sido produzidas ainda no reinado de D. Afonso Henriques, certamente depois de em 1179 Ter sido reconhecido pelo Papa como rei. São pequenos espécimes feitos de bolhão, uma liga de cobre e de prata: o dinheiro e a medalha, esta valendo metade de um dinheiro. O dinheiro continua a tradição do denário romano, que servira de união monetária do vasto Império e que os Bárbaros mantiveram depois da queda de Roma, em espécimes profundamente adulterados. Nos reinos da Europa Medieval corriam moedas idênticas ao dinheiro, que se manteve em circulação até ao final da primeira dinastia portuguesa. A palavra mealha, de onde vem a palavra mealheiro deixou de fabricar-se a partir de D. Afonso II (1211-1223), mas manteve-se engenhosamente na prática. Como a mealha era metade de um dinheiro, ao precisarem dela para trocos, cortavam aquele em duas metades... Essas moedas de bilhão tinham numa das faces a Cruz da Ordem do Templo. A partir de D. Sancho I, a cruz passou a ser cantonada por quatro cravos, evocando a que teriam pregado Jesus. Descobrem-se também nestas moedas os chamados sinais ocultos destinados a impedir a falsificação. Este tipo de moeda, como dissemos, foi comum aos reinos e condados da Cristandade. Os nossos dinheiros sofreram influência de um modelo borgonhês trazido pelos que vieram para a Península lutar contra os Muçulmanos, integrando as Cruzadas do Ocidente. No tempo de D. Afonso Henriques continuavam a circular moedas romanas, denários e áureos, assim como moedas leonesas e muçulmanas, estas últimas principalmente de prata e ouro, os dirheme e o dinar. A partir de D. Afonso III aumentou consideravelmente a produção de dinheiros de bolhão, o que ficou a dever-se à política económica deste rei, criado feiras e mercados. Também D. Dinis continuou esta política incrementando o número de feiras e aumentando os privilégios aos feirantes e o numerário em circulação, indispensável ao comércio. Criou uma moeda de prata, o tornez decorado no anverso com uma cruz feita com cinco escudetes e no reverso pela cruz dos Templários, que neste reinado foram integrados na Ordem de Cristo, nascida por iniciativa de D. Dinis. Nos
  • 2. reinados seguintes continuam a fabricar-se dinheiros de bolhão, o que mostra a carência de metais nobres em Portugal. No tempo de D. Afonso IV, o dinheiro passou a ser conhecido por alfonsim. Porém, esta operação não foi limpa e ficou conhecida por operação das barbudas. Ainda hoje, a palavra ser para designar um lucro não honesto. O rei com uma moeda velha conseguia fazer várias das novas moedas, usado uma liga de cobre e prata, o bolhão. Por vezes a moeda de cobre levava só um banho de prata. Cada uma das novas e brilhantes moedas valia entre sete a nove das velhas, feitas só de prata. O Rei com esta operação arruinou muitos dos seus vassalos pois fez moedas de grande preço e de pouco peso com a agravante de serem ligadas (Sousa Viterbo), isto é, serem feitas de uma liga e não de prata. D. João, Mestre de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro I, alcançou o poder dando o que tinha e prometendo o que não tinha (Fernão Lopes). Deixou uma vasta e variada Dinastia. Mandou bater moedas de prata, de bolhão e de cobre. Os reais pretos formam a primeira moeda portuguesa de cobre. Mandou cunhar os quartos de real de dez soldos em bolhão e outras moedas em liga como o rela branco, o que expressa a desvalorização da moeda. Vencida a crise e estabilizado o reino forma emitidas moedas de prata, o real de dez soldos e o real de dez reais brancos. O real preto aparecido em 1415, altura da conquista de Ceuta tinha escrito Adjutorium nostra, significando Senhor, sê nosso auxílio. O português de ouro continuou a emitir-se vigoroso, regulando o curso monetário no norte da Europa até quase aos finais do Séc. XVI. D. Sebastião aumentou o numário de cobre e de prata (tostões e meios tostões) e continuou a produzir moedas de ouro, S. Vicentes. Em 1580, antes da União das duas Coroas e o domínio filipino, Portugal teve à frente um grupo de Governadores, que emitiu reais e tostões de prata e uma moeda de 500 reais de ouro. Em 1835, D. Maria II, pela lei de 24 de Abril, adoptou o sistema decimal, passando a haver moedas de 5, 10, e 20 (vintém) réis, de cobre e tostões de
  • 3. prata no valor de 100, 200, 500 e 1000 réis de prata. Em ouro coroas (5.000 réis), meias coroas e um quinto de coroa. Em 1928, o Estado Novo lançou uma moeda de dez escudos de prata, para comemorar a Batalha de Ourique. Seguiu-se, de 1939 a 1948, um série de moedas de prata com o mesmo toque de 835 mm, comprovando o ressurgimento financeiro. A partir dessa data multiplicam-se as moedas comemorativas em prata e cuproníquel. Depois do 25 de Abril continuam as emissões especiais, distinguindo-se as consagradas ao Descobrimentos Portugueses. O papel-moeda surgiu como dissemos com as apólices de finais do Séc. XVIII. O Banco de Lisboa emitiu notas e ordens em reis, no Séc. XIX. Foram porém os Bancos do Norte de Portugal que apresentaram maior variedade de notas, a partir de 1836: Banco Comercial do Porto, Banco Mercantil do Porto, Banco União do Porto, Banco do Minho. Na última década do Séc. XIX, o Banco de Portugal emitiu notas de 200, 500, 1000, 2500, 5000, e 10000. A partir de 1891 lançou notas de papel com o valor em prata e também com o valor em ouro de 10.000, 16.000, 20.000 e 50.000 réis. A casa da Moeda, em 1891, emitiu cédulas com valor – bronze de dez centavos. Em 1918, com valor de cinco centavos e, em 1992, com valor cuproníquel de vinte centavos. O Banco de Portugal, em 1917, passou a emitir notas no valor de um escudo, 50 centavos, 2 escudos e 50 centavos, cinco escudos, dez escudos, vinte escudos e cinquenta escudos. Com a adesão de Portugal ao Euro, em 1999, consequência da entrada de Portugal na União Europeia, morreu a moeda portuguesa, como se tivéssemos regressado ao tempo dos romanos quando uma única moeda circulava no vasto império... As últimas emissões de 1998, incluem uma moeda consagrada à EXPO no valor de 200 escudos e outra à Ponte Vasco da Gama no valor de 500 escudos. Estas previstas, para encerrarem estas emissões portuguesas, uma moeda comemorativa do ano Internacional dos Oceanos e outra dos 500 anos das Misericórdias Portuguesas. Espera-se em 1999 uma moeda consagrada à UNICEF, outra ao Milénio Atlântico e também aos Descobrimentos Portugueses. Estes numismas irão marcar o estertor da longa vida de 800 anos da moeda portuguesa...
  • 4. 400 REIS (Cruzado Novo) (Portugal -1835- 35mm - 14.2g - 906 milésimas de prata)
  • 5.