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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK
CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS E
METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE CARNAÍBA E
SOCOTÓ, BAHIA
Salvador
2011
LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK
CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS
E METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE
CARNAÍBA E SOCOTÓ, BAHIA
Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de
Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Orientador: Prof. José Haroldo da Silva Sá
Salvador
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK
Salvador, 8 de julho de 2011
CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS E
METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE
CARNAÍBA E SOCOTÓ, BAHIA
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
José Haroldo da Silva Sá - Orientador
Livre Docente e Doutor em Geologia pela USP
UFBA
Ermesto Alves da Silva
Bacharel em Geologia pela UFPE
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM
Olga Maria Fragueiro Otero
Doutora em Geologia pela UFBA
UFBA
AGRADECIMENTOS
Agradeço, especialmente, a vovô Nelson (in memoriam), vovó Célia e minha mãe
Virgínia, pelo apoio incondicional em todos os momentos e por sempre acreditarem e
investirem em meu potencial, a meus tios Fernando, Júnior, Ilma, Sílvia, Mariana,
Maria Clara, Olga e Abdias por todo incentivo e confiança. A meus primos Matheus,
Fernanda e Maurício. A Liliana Coelho (Lily), uma pessoa muito especial que apareceu
em minha vida.
Ao meu orientador e amigo, professor Haroldo Sá, uma pessoa e profissional que desde
sempre admirei, muito obrigado pela sua inestimável paciência e incentivo, os quais
foram fundamentais para que eu pudesse chegar à conclusão desse trabalho.
A CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, por todo suporte oferecido para a
realização deste trabalho, desde a disponibilização de veículo para a etapa de campo, as
confecções das lâminas petrográficas e os subsídios para a realização das análises
químicas. Em especial ao geólogo Ernesto Alves, que ao longo desses anos vêm
proporcionando esse tipo de apoio aos estudantes formandos do IGeo-UFBA. Ao
motorista, Sr. Joel, pelo companheirismo na etapa de campo. Aos funcionários Rosa
Amélia, Teresa Cristina e Val, pela atenção concedida.
Aos amigos e colegas do Instituto de Geociências: André Souza, Lucas Nery, Tiago
Ximenes, Thiago Novaes, Cristiano Muller, Marcos (Bento), Luciano (Careca), Eder
Medeiros, Zilda Gomes, Lucas Phidalelpho, Eduardo, Guilherme Gonçalves (Guiga),
Davidson Queiroz, Mileno Loula, Alice (Felícia), Talita Fernandes, Naedja, Alex
Moura e todos aqueles que sempre acreditaram em mim. Aos funcionários Deraldo,
Alberto, André, Dona Lala, Mércia, Lídia, Dona Naná, Carlos Bossal, Jairo e
Marcelinho. Aos professores Aroldo Misi, Osmário Leite, Paulo Avanzo, Geraldo
Leahy, Facelúcia, Lamarck (in memoriam), Olga Otero (pela paciência nas correções
desse trabalho), Iracema Reimão, Heraldo Peixoto, Tânia, Reginaldo Alves, Augusto
Pedreira, Vilson Marques, Vilton, Hernani (pelo apoio na Difratometria de Raio-X),
Telésforo Martinez e todos aqueles que tiveram papel fundamental na construção do
meu conhecimento geológico.
“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”
Mário Quintana
RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados obtidos na caracterização petrográfica, geoquímica
e metalogenética realizada para os flogopititos dos distritos garimpeiros de Carnaíba-
Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso, localizados na porção centro-norte da Serra de
Jacobina, no estado da Bahia. Os flogopititos são rochas derivadas dos serpentinitos, em
decorrência da ação hidrotermal promovida pelos fluidos finais de corpos graníticos que
se colocaram no final do Paleoproterozóico.
A petrografia apontou que os flogopititos são constituídos, predominantemente, pela
mica flogopita, acompanhada, em quantidades variáveis, de anfibólio, quartzo,
dolomita, fluorita, turmalina e berilo, ocorrendo como acessórios a titanita, o espinélio e
o zircão, além de minerais opacos. Os serpentinitos encaixantes apresentaram, além da
serpentinita que o caracteriza, grande quantidade de talco e, subordinadamente, fluorita,
quartzo, plagioclásio, flogopita/clorita, dolomita e opacos.
A caracterização geoquímica permitiu verificar que houve o aporte dos elementos traço
Ba, Be, Li, Sc, Sr, F, Cs e Rb nos flogopititos de ambas as áreas estudadas, e uma
depleção para os elementos Co, Cr, Ni e V. Em relação aos elementos maiores, foi
notado o acréscimo nos teores de Al2O3, Fe2O3, FeO, K2O, TiO2 e P2O5 e uma
defasagem nos teores de MgO, CaO e Na2O. Quanto aos elementos escassos, somente
três amostras do distrito de Carnaíba apresentaram teores acima do background para o
elemento Au, contudo não configurando anomalias de grande expressão.
Os elevados teores de potássio sugerem que os flogopititos sejam uma potencial fonte
deste elemento, o qual é indispensável na agroindústria, contudo a estrutura do mineral
que o comporta é bastante fechada, não permitindo a sua rápida liberação e
comprometendo a sua utilização em culturas de curto ciclo.
Palavras-Chave: Flogopititos; Hidrotermalismo; Fontes Alternativas de Potássio
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS........................................................................................................................ 2
1.2 MÉTODOS DE TRABALHO ............................................................................................ 3
2- ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ........................................................................................... 4
2.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ........................................................................... 4
2.2 GEOMORFOLOGIA ......................................................................................................... 5
2.3 CLIMA................................................................................................................................ 6
2.4 HIDROGRAFIA ................................................................................................................ 6
2.5 VEGETAÇÃO .................................................................................................................... 8
3-GEOLOGIA ............................................................................................................................. 9
3.1 GEOLOGIA REGIONAL................................................................................................... 9
3.1.1 Complexo Mairi .................................................................................................... 11
3.1.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso............................................. 11
3.1.3 Greenstone Belt de Mundo Novo.......................................................................... 11
3.1.4 Grupo Jacobina...................................................................................................... 12
3.1.5 Granitos Intrusivos ................................................................................................ 13
3.1.6 Grupo Una............................................................................................................. 13
3.1.7 Coberturas Cenozóicas.......................................................................................... 14
3.2 GEOLOGIA LOCAL........................................................................................................ 15
3.2.1 Geologia da Região de Carnaíba........................................................................... 16
3.2.1.1 Complexo Gnáissico Migmatítitico............................................................... 17
3.2.1.2 Greenstone Belt de Mundo Novo.................................................................. 17
3.2.1.3 Grupo Jacobina.............................................................................................. 17
3.2.1.4 Granitos Intrusivos ........................................................................................ 18
3.2.1.5 Sedimentos Terciários-Quaternários ............................................................. 18
3.2.2 Geologia da Região de Socotó .............................................................................. 19
3.2.2.1 Complexo Gnáissico Migmatítitco................................................................ 20
3.2.2.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso..................................... 20
3.2.2.3 Grupo Jacobina.............................................................................................. 20
3.2.2.4 Granito de Campo Formoso .......................................................................... 20
3.2.2.5 Grupo Una Indiferenciado............................................................................. 21
4-CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA .............................................................................. 22
4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA REGIÃO DE CARNAÍBA-PINDOBAÇU 25
4.1.1 Geoquímica dos Flogopititos................................................................................. 25
4.1.2 Geoquímica dos Serpentinitos............................................................................... 41
4.2 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA REGIÃO DE SOCOTÓ-C.FORMOSO ..... 55
4.2.1 Geoquímica dos Flogopititos................................................................................. 56
4.2.2 Geoquímica dos Serpentinitos............................................................................... 69
4.3 RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÕES .................................................................. 82
5-CARACTERÍSTICAS PETROGRÁFICAS ....................................................................... 89
5.1 FLOGOPITITOS DE CARNAÍBA E DE SOCOTÓ........................................................ 89
5.2 SERPENTINITOS DE CARNAÍBA E DE SOCOTÓ...................................................... 97
6-FLOGOPITITOS E O SEU POTENCIAL COMO FONTE DE POTÁSSIO ............... 101
7-CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 106
8-REFERÊNCIAS................................................................................................................... 109
9-ANEXOS .............................................................................................................................. 113
  LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 – Mapa de Localização da cidade de Pindobaçu ..................................................... 4
FIGURA 02 – Mapa de Localização da cidade de Campo Formoso ........................................... 4
FIGURA 03 – Principais vias de acesso ligando a capital Salvador à cidade de Campo Formoso
....................................................................................................................................................... 5
FIGURA 04 – Mapa de localização da Bacia do Itapicuru no estado da Bahia........................... 7
FIGURA 05 – Esboço do Craton do São Francisco e suas Faixas Marginais.............................. 9
FIGURA 06 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso........... 10
FIGURA 07 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso........... 15
FIGURA 08 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba ......................................... 16
FIGURA 09 – Mapa geológico simplificado da região de Socotó............................................. 19
FIGURA 10 – Mapa geológico simplificado do perímetro da Reserva Legal de Garimpo –
Carnaíba, constando os pontos de coleta..................................................................................... 22
FIGURA 11 – Mapa geológico simplificado da região de Campo Formoso, constando os pontos
de coleta realizados no Garimpo de Socotó ................................................................................ 23
FIGURA 12 – Gráfico de distribuição dos Elementos Terras Raras nos flogopititos (em azul) e
nos serpentinitos (em vermelho), tanto em Carnaíba quanto em Socotó. ................................... 88
FIGURA 13 – Difratometria de Raios-X da amostra LN-001C, demonstrando a predominância
da flogopita e alguns vestígios de anfibólios............................................................................... 96
FIGURA 14 – Difratometria de Raios-X da amostra LN-023A, demonstrando a presença da
flogopita ...................................................................................................................................... 96
LISTA DE FOTOS
FOTO 01 - Fotomosaico tirada numa visada de norte para sul, a partir de Carnaíba de Cima,
mostrando, ao fundo, o Povoado de Carnaíba de Baixo ............................................................. 25
FOTO 02 - Fotomosaico tirada numa visada de oeste para leste, mostrando os rejeitos de uma
frente de serviço no Garimpo de Socotó ..................................................................................... 56
FOTO 03 - Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extração de esmeralda nos
garimpos de Carnaíba-Pindobaçu..................................................................................104
FOTO 04 - Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extração de esmeralda nos
garimpos de Socotó-Campo Formoso ...........................................................................104
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS
FOTOMICROGRAFIA 01 - Textura lepidoblástica impressa pela orientação das flogopitas, as
quais perfazem mais de 90% da rocha. Amostra LN-020B ...................................................... 89
FOTOMICROGRAFIA 02 - Textura lepidoblástica impressa pela orientação das flogopitas.
Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socotó..................................................................... 90
FOTOMICROGRAFIA 03 - Textura nematolepidoblástica marcada pela presença do
anfibólio em meio às flogopitas. Amostra LN-003B, coletada no distrito de Carnaíba.............. 90
FOTOMICROGRAFIA 04 - Textura nematolepidoblástica marcada pela presença do
anfibólio em meio às flogopitas. Amostra LN-027B, coletada no distrito de Socotó................. 90
FOTOMICROGRAFIA 05 - Presença do anfibólio antofilita, o qual, por vezes, apresenta-se
talcificado. Amostra LN-003B, coletada no distrito de Carnaíba. ............................................. 91
FOTOMICROGRAFIA 06 - Presença de piroxênio (augita) ao lado de cristal de fluorita,
truncando a orientação impressa pelas flogopitas. Amostra LN-014A, coletada no distrito de
Carnaíba ...................................................................................................................................... 92
FOTOMICROGRAFIA 07 - Presença de cristais de dolomita em meio às flogopitas e o
quartzo. Amostra LN-019A, coletada no distrito de Carnaíba.................................................... 92
FOTOMICROGRAFIA 08 - Corte basal de cristal de turmalina, truncando a orientação
estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-019A, coletada no distrito de Carnaíba ................. 93
FOTOMICROGRAFIA 09 - Aglomerado de turmalinas em meio às flogopitas. Amostra LN-
026A, coletada no distrito de Socotó. ........................................................................................ 93
FOTOMICROGRAFIA 10 - Veio de quartzo disposto concordantemente com a orientação
estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socotó .................... 94
FOTOMICROGRAFIA 11 - Presença da fluorita em meio às flogopitas. Amostra LN-014A,
coletada no distrito de Carnaíba.................................................................................................. 94
FOTOMICROGRAFIA 12 - Cristais anédricos de berilo em meio às flogopitas. Amostra LN-
026A, coletada no distrito de Socotó .......................................................................................... 95
FOTOMICROGRAFIA 13 - Textura nematoblástica impressa pela presença de cristais de
anfibólio e serpentinita. Amostra LN-001B, coletada no distrito de Carnaíba ........................... 97
FOTOMICROGRAFIA 14 - Textura nematolepidoblástica ocasionada pela presença de
flogopita em meio a serpentinita ................................................................................................ 97
FOTOMICROGRAFIA 15 - Cristais aciculares e radiais de antigorita. Amostra LN-004C,
coletada no distrito de Carnaíba.................................................................................................. 98
FOTOMICROGRAFIA 16 - Porfiroblasto de dolomita mantendo contato irregular com as
serpentinitas circundantes. Amostra LN-010A, coletada no distrito de Carnaíba ...................... 99
FOTOMICROGRAFIA 17 - Porfiroblasto de fluorita mantendo contato reto a irregular com
as serpentinitas e talco circundantes. Amostra LN-021B, coletada no distrito de Carnaíba ...... 99
FOTOMICROGRAFIA 18 - Presença de minerais opacos submilimétricos,
predominantemente, anédricos. Amostra LN-026C, coletada no distrito de Socotó ............... 100
FOTOMICROGRAFIA 19 - Lâmina da amostra LN-015C, a qual demonstra características
petrográficas totalmente diferente das demais amostras de serpentinitos, se tratando de um
anfibolito .................................................................................................................................. 100
LISTA DE TABELAS
TABELA 4.1 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Flogopititos -
Carnaíba/Pindobaçu ................................................................................................................... 38
TABELA 4.2 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Flogopititos –
Carnaíba/Pindobaçu ................................................................................................................... 40
TABELA 4.3 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Serpentinitos – Carnaíba /
Pindobaçu................................................................................................................................... 54
TABELA 4.4 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Serpentinitos – Carnaíba /
Pindobaçu................................................................................................................................... 55
TABELA 4.5 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Flogopititos – Socotó / Campo
Formoso...................................................................................................................................... 68
TABELA 4.6 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Flogopititos – Socotó / Campo
Formoso...................................................................................................................................... 69
TABELA 4.7 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Serpentinitos – Socotó / Campo
Formoso...................................................................................................................................... 81
TABELA 4.8 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Serpentinitos – Socotó / Campo
Formoso...................................................................................................................................... 82
TABELA 4.9 – Valores médios dos elementos traço - Flogopititos – Carnaíba / Pindobaçu &
Socotó / Campo Formoso........................................................................................................... 83
TABELA 4.10 – Valores médios dos elementos traço – Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu &
Socotó / Campo Formoso........................................................................................................... 83
TABELA 4.11 – Valores médios dos elementos maiores - Flogopititos – Carnaíba / Pindobaçu
& Socotó / Campo Formoso....................................................................................................... 85
TABELA 4.12 - Valores médios dos elementos maiores - Serpentinitos – Carnaíba / Pindobaçu
& Socotó / Campo Formoso....................................................................................................... 85
TABELA 4.13 – Valores médios dos elementos Flúor, Césio e Rubídio – Flogopititos &
Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso............................................ 86
TABELA 6.1 – Resultados analíticos para os elementos maiores nos Flogopititos de Carnaíba
& Socotó................................................................................................................................... 102
1
1 INTRODUÇÃO
A serra de Jacobina constitui uma importante província metalogenética do Estado da
Bahia, encerrando uma série de depósitos minerais, dentre estes o ouro associado às
rochas metassedimentares do Grupo Jacobina, o cromo atrelado ao Complexo Máfico-
Ultramáfico de Campo Formoso, o manganês que ocorre nas sequências
metavulcanossedimentares do Complexo Itapicuru, a barita encaixada nos
metassedimentos da Unidade Itapura, além da esmeralda que vem sendo lavrada em
caráter de garimpo nas regiões de Pindobaçu-Carnaíba e Campo Formoso-Socotó.
Somados aos depósitos supracitados pode-se apontar, também, uma série de ocorrências
minerais de menor expressão, como, por exemplo, cristal de rocha, ametista, apatita,
caulim, dentre outras.
As referidas ocorrências de esmeralda na porção norte da serra de Jacobina, em especial
no povoado de Carnaíba, município de Pindobaçu, foram descobertas no ano de 1963
(Santana & Moreira, 1980), promovendo, então, um grande adensamento populacional
na região, que no auge de sua exploração, ao final da década de 1970, chegou a abrigar
cerca de 15 mil habitantes que se espalharam nas circunvizinhanças, formando os outros
núcleos de produção da gema, conhecidos como Carnaíba de Cima, Bode-Lagarto-
Gavião, Arrozal, Bráulia e Marota, os quais, em 1978, foram englobados pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral-DNPM numa área legal de garimpo, com
3.692 hectares (Moreira & Silva, 2006). Naquela época, a produção anual da gema na
região era de, aproximadamente, 31.000 quilogramas, representando 25% do valor total
das exportações brasileiras de pedras preciosas brutas e lapidadas, excluindo-se o
diamante, movimentando o montante de 5 milhões de dólares anuais, garantindo à
Bahia o status de maior produtor de esmeraldas no país (Moreira & Silva, op.cit.). Na
década de 1980 foram descobertas novas ocorrências de esmeraldas em Socotó,
município de Campo Formoso, culminando numa evasão da região de Carnaíba e,
consequentemente, uma forte queda na sua produção. Ainda na década de 1980, outras
ocorrências descobertas, desta vez nos estados de Goiás e Minas Gerais, decretaram de
vez a decadência da produção de esmeralda na região de Carnaíba. Contudo, a partir de
1991, houve uma retomada das atividades, com um número reduzido de frentes de
serviços e um maior aporte financeiro e técnico, resultando numa otimização da
2
produção e o aprofundamento das cavas, que antes não passavam dos 60 metros de
profundidade, agora chegando a atingir os 120 metros.
Apesar das transações em torno da gema terem gerado uma receita considerável para os
envolvidos no negócio, muito pouco ou quase nada foi investido no sentido de buscar
um melhor entendimento do modo de ocorrência da gema, da sua gênese e perspectivas
de aumento da produção, assim como da melhoria nas condições de trabalho. Os
esforços nesse sentido partiram através de ações governamentais, principalmente por
meio da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM, a qual desde a década de 1970
desenvolve trabalhos de investigação geológica na região, resultando na elaboração de
mapas e perfis geológicos, além de relatórios técnicos descrevendo a situação das áreas
em exploração e apontando novas áreas com potencial produtivo. Vale ressaltar,
também, os trabalhos acadêmicos que foram desenvolvidos, sobretudo os de Griffon et
al. (1967) e Rudowiski (1989).
Com o intuito de contribuir para o conhecimento geológico da região de Carnaíba e
Socotó, o presente trabalho, que representa uma parceria entre a Universidade Federal
da Bahia e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, apresentará os resultados do
levantamento geoquímico e petrográfico realizado com as rochas portadoras de
esmeralda, assim como das rochas encaixantes.
1.1 Objetivos
Tendo em vista as bibliografias que abordam a área em apreço, apontando como
responsável pela mineralização da esmeralda, a interação entre os granitoides
paleoproterozóicos e as rochas máficas-ultramáficas, processo este que promoveu um
intenso hidrotermalismo, com a geração dos flogopititos portadores da gema, neste
trabalho buscar-se-á verificar o grau de interação geoquímico entre as rochas envolvidas
no referido processo, através da análise do hidrotermalito. Ou seja, de posse dos
resultados analíticos dos flogopititos, verificar-se-á qual foi o aporte geoquímico de
elementos tipicamente provenientes dos granitos, assim como quais os elementos
inerentes às rochas máficas-ultramáficas que permaneceram com as concentrações
originais, tendo como background os resultados analíticos dos serpentinitos
(encaixantes) poupados do processo hidrotermal em tela. Complementarmente, a análise
3
petrográfica permitirá a constatação das possíveis transformações mineralógicas
decorrentes das alterações químicas. Por fim, será abordada de maneira preliminar a
possibilidade do aproveitamento do flogopitito como potencial fonte de potássio para a
agroindústria.
1.2 Métodos de Trabalho
O trabalho foi desenvolvido, basicamente, em quatro etapas, a saber: i) levantamento
do acervo bibliográfico, momento em que foram reunidos e confrontados todos os
dados tocantes à área de trabalho, principalmente os relatórios técnicos elaborados pela
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM, especialmente as publicações
referentes à Série Arquivos Abertos números 9 e 25 (Santana et.al., 1995 e Moreira &
Silva, op.cit., respectivamente), o Projeto Esmeralda (Santana & Moreira, op.cit.), o
Projeto Carnaíba, 1ª e 2ª etapas, (Santana, 1981), o Projeto Avaliação das
Mineralizações de Esmeralda de Carnaíba (Moreira & Silva, op.cit.), além de trabalhos
acadêmicos, sobretudo a Tese de Doutoramento de Rudowiski, defendida em 1989; ii)
levantamento de campo, o qual teve a duração de 10 dias, envolvendo visitas às
frentes de serviço dos garimpos enquadrados na Reserva Legal de Carnaíba, além dos
serviços do Garimpo de Socotó, com a coleta de amostras de rochas portadoras de
esmeralda e, também, das suas encaixantes (estéreis), com o devido controle da
profundidade em que foram extraídas, georreferenciamento dos pontos de coleta,
registros fotográficos e entrevistas com os garimpeiros; iii) caracterização geoquímica
e petrográfica, quando, em posse dos resultados analíticos e das lâminas delgadas,
foram gerados gráficos da distribuição dos elementos químicos e a sua espacialização
em planta, através de mapas, assim como a análise petrográfica em microscópio
eletrônico, verificando-se, deste modo, a trama mineralógica das rochas mineralizadas e
das suas encaixantes, e, por fim; iv) elaboração do relatório final, contemplando os
resultados obtidos e as considerações acerca do objetivo proposto.
4
2 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
Para levar em efeito os objetivos propostos, foram selecionadas duas áreas distintas
(Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso), distantes entre si cerca de 50 km na
direção norte-sul, localizadas na porção norte da serra de Jacobina, ambas produtoras de
esmeralda.
2.1 Localização e Vias de Acesso
As duas áreas em tela estão localizadas na porção centro-norte do Estado da Bahia
(Figuras 01 e 02).
As principais vias de acesso, partindo da capital Salvador, se faz através da BR-324,
percorrendo cerca de 112 km até a cidade de Feira de Santana, a partir de onde é
adotada a BR-116, num pequeno trecho de, aproximadamente, 20 km, onde volta a ser
adotada a BR-324 até a cidade de Capim Grosso, num percurso de 102 km, por onde se
segue no sentido norte, através da BR-407 até a cidade de Senhor do Bonfim,
percorrendo-se 106 km, e, por fim, adota-se a BA-131 até a cidade de Campo Formoso,
totalizando um percurso de 412 km (Figura 03). A partir de Campo Formoso, são
adotados dois caminhos diferentes até as áreas de trabalho: i) para Socotó, segue-se
através de estrada não pavimentada, num percurso de 10 km para norte de Campo
Figura 01: Mapa de localização da cidade de Pindobaçu.
Fonte: Wikipédia, 2010.
Figura 02: Mapa de localização da cidade de Campo Formoso.
Fonte: Wikipédia, 2010.
5
Formoso, e; ii) para Carnaíba, adotando-se a BA-131 até a cidade de Pindobaçu, de
onde é tomada estrada não pavimentada até o povoado de Carnaíba, num percurso de 32
km para sul de Campo Formoso.
2.2 Geomorfologia
A região que comporta a Serra de Jacobina é composta por cinco domínios
geomorfológicos distintos, os quais foram definidos através de trabalhos de
fotointerpretação, sustentados pelas atividades de campo, realizados pelos estudantes da
Universidade Federal da Bahia, sob a orientação dos professores Antônio Marcos e
Flávio Sampaio, sendo sumarizados em: i) Relevo Montanhoso, o qual possui um
controle litológico e estrutural bem evidente, com os topos em torno de 1.100 metros de
altitude, sustentados por quartzitos, e os vales bastante profundos e estreitos, devido à
presença de rochas de baixa resistência intempérica/erosiva, proporcionando desníveis
de até 500 metros; ii) Cristas Residuais, apresentando um alinhamento N-S e E-W
impresso pela presença de veios de quartzo de grande magnitude; iii) Relevo
Ondulado, cujos topos são arredondados, às vezes com formato “meia laranja”, com
cotas variando entre 400 e 900 metros, predominando nos domínios onde afloram os
granitóides; iv) Depósitos de Tálus, caracterizado pela presença de um material
totalmente imaturo, composto por uma mistura de detritos de dimensões e composições
Figura 03: Principais vias de acesso ligando a capital Salvador à cidade de Campo Formoso.
Fonte: Google Maps, 2010.
6
variadas, angulosos, provenientes das regiões serranas, logo ocorrendo nas margens dos
dois primeiros domínios supracitados, e; v) Planícies Aluvionares, na qual predomina o
modelado de acumulação, sendo desenvolvidas nas várzeas susceptíveis à inundações
em épocas de chuva e ao longo das drenagens perenes, quando estas atingem um nível
de energia mais baixo.
2.3 Clima
O clima da região é profundamente afetado pela disparidade geomorfológica ali
presente, de modo que a existência de cotas em torno de 1.400 metros nas porções
serranas em contraste com cotas de 350 metros nas planícies aluviais, condicionou a
predominância de dois domínios climáticos que, de acordo com a classificação climática
de Koppen & Geiger (1928), são: i) Cfa, temperado e úmido, predominando na serra de
Jacobina, entre as cidades de Jacobina e Jaguarari, além da sua porção ocidental,
caracterizado por temperaturas oscilando entre os 18° e 34° C, com verões quentes e
sem estação seca, cujos meses mais quentes são dezembro e janeiro e os mais frios entre
junho e agosto, e a pluviosidade variando entre 600 e 900 mm, distribuídas em todo
ano, com uma maior intensidade entre novembro/janeiro e março/abril, e; ii)Bsh, semi-
árido quente, típicos de região de caatinga e do agreste, com uma estação chuvosa
irregular entre os meses de outubro e abril, com temperaturas médias em torno dos 27°
C, cujo mês mais quente (dezembro ou janeiro) atinge os 34° C e o mais frio (julho) 22°
C e pluviosidade oscilando entre 400 e 500 mm anuais, distribuídas entre os meses de
novembro a março.
2.4 Hidrografia
A área de estudo faz parte da bacia do rio Itapicuru (Figura 04), mais precisamente na
região do Alto do Itapicuru, o qual drena uma área de, aproximadamente, 36.440 km2
,
cujas nascentes ocorrem na região de Campo Formoso, Antônio Gonçalves e Jacobina
apresentando importantes drenagens, dentre estas, o rio Itapicuru-Açu, o rio Aipim e o
rio da Fumaça (SEI, 1994f). O rio Itapicuru-Açu faz divisa a sul com os municípios de
Saúde e Ponto Novo e a oeste com os municípios de Mirangaba e Antônio Gonçalves,
sendo que no extremo noroeste do município de Pindobaçu este rio é denominado de
riacho da Madalena, possuindo um caráter intermitente, fluindo inicialmente de nordeste
7
para sudoeste e, após receber contribuições de drenagens provenientes do município de
Antônio Gonçalves, passa a fluir no sentido norte-sul até a foz do rio Sambaíba, este
último proveniente do município de Mirangaba, passando, então, a fluir na direção leste
com um caráter perene. Já o rio Aipim ocorre no limite entre os municípios de
Pindobaçu e Antônio Gonçalves, fluindo inicialmente para leste, com caráter
intermitente, passando, posteriormente, a fluir no sentido sudeste, até a divisa com
Filadélfia, onde assume o caráter perene até desembocar no rio Itapicuru-Açu. O rio da
Fumaça corre de noroeste para sudeste e é um dos principais afluentes da margem
esquerda do rio Itapicuru-Açu no município de Pindobaçu, o qual percorre cerca de 350
km até alcançar o litoral ao norte de Salvador, onde apresenta vazão de 14 m3
/s.
Figura 04: Mapa de localização da Bacia do Itapicuru no Estado da Bahia.
Fonte: SRH, 2002.
8
2.5 Vegetação
A região em tela pode ser dividida em cinco unidades de vegetação, segundo o
levantamento realizado pelos alunos da Universidade Federal da Bahia, durante o
mapeamento multitemático orientado pelos professores Antônio Marcos e Flávio
Sampaio, as quais serão sumarizadas a seguir: i) Floresta Estacional Decidual,
caracterizada principalmente por apresentar uma vegetação arbórea fechada com altura
média de 15 a 25 metros e arbustiva, estando assentada nos litotipos – quartzitos, filitos
e formações ferríferas - do Complexo Itapicuru e sobre os sedimentos de leques
coluvionares, ambos apresentando solo areno-argiloso e cotas que variam de 500 a
850m, sendo a mais densa vegetação da área, de extrema importância, pelo fato de
conter os deslizamentos de terra nas encostas, além de ajudar a proliferar a biota local;
ii) Mata de Galeria, apresenta características fisionômicas similares às encontradas na
Floresta Estacional Decidual, entretanto de ocorrência restrita, limitada aos vales
longitudinais e em alguns vales transversais, condicionadas pela presença dos solos
argilosos provenientes do intemperismo/pedogênese das rochas máficas-ultramáficas;
iii) Mata Ciliar, fortemente controlada pela presença das drenagens, ocupando as suas
margens, em cotas em torno de 550 metros, caracterizada por apresentar vegetação
arbustiva arbórea de pequenas arvoretas que chegam, no máximo, a 5 metros; iv)
Cerrado/Caatinga, ocorrendo em cotas que variam de 580 a 660 metros, é
caracterizada principalmente por apresentar uma vegetação arbustiva arbórea, com
altura que varia de 4 a 12 metros, restritas aos solos areno-argilosos provenientes das
rochas graníticas, e, por fim; v) Caatinga, tratando-se de uma variedade de Cerrado
gramíneo-lenhoso, também conhecida como gerais, geralmente associada aos quartzitos
do Grupo Jacobina, dando origem a um solo areno-quartzoso e caracterizada por
apresentar uma vegetação de gramíneas pouco expressivas intercalada por locais
desprovidos de vegetação.
9
3 GEOLOGIA
3.1 Geologia Regional
A geologia da região em tela está inserida no contexto do Cráton do São Francisco, o
qual foi pioneiramente descrito por Almeida (1977), tratando-se de uma entidade
geotectônica estabilizada durante o Paleoproterozóico, após o evento orogenético
responsável pela amalgamação de quatro peleocontinentes que o integram - Bloco
Gavião, Bloco Jequié, Bloco Serrinha, encerrando o paleooceano Itabuna-Salvador-
Curaçá – (Barbosa & Sabaté, 2003), e que teve os seus limites redefinidos pela
orogênese Brasiliana, cujas faixas móveis apresentam-se contornando-o (Figura 05). A
colisão de placas supracitada promoveu a estruturação de um grande lineamento,
denominado Lineamento Contendas-Jacobina, o qual se estende por mais de 600 km,
aproximadamente N-S, sendo interpretados como uma geossutura que limita os blocos
arqueanos envolvidos no evento.
Figura 05: Esboço do Cráton do São Francisco e suas Faixas Marginais. Modificado de Alkimin et al. (1996).
10
Deste modo, as unidades litológicas presentes na região em foco compõem o Bloco
Gavião, sendo representadas por gnaisses, granitos indivisos, anfibolitos,
metaultramáficas e metassedimentares do Complexo Mairi, uma associação de rochas
máficas-ultramáficas, referentes ao Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso,
uma sequência vulcanossedimentar do tipo greenstone belt, denominada de Greenstone
Belt de Mundo Novo, a sequência metassedimentar do Grupo Jacobina e os granitóides
decorrentes da fase final da colisão Paleoproterozóica, ou seja, da fase de colapso
orogenético. Além das unidades supracitadas, as quais compõem o embasamento
Arqueano-Paleoproterozóico, é possível apontar a cobertura plataformal
Neoproterozóica, representada pelo Grupo Una e a cobertura Cenozóica, representada
pela Formação Caatinga e as coberturas detríticas indiferenciadas (Figura 06).
Figura 06: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso (adaptado de CPRM-CBPM, 2000).
11
A seguir será feita uma descrição sumarizada das principais Unidades Litológicas que
integram a geologia da região e que estão representadas no mapa da Figura 06.
3.1.1 Complexo Mairi
Compreende terrenos TGG’s (tonalito-granodiorito-granitos) migmatizados e
gnaissificados, remanescentes isolados de seqüências supracrustais representadas por
quartzitos e formações ferríferas, além de estreitos corpos de rochas máfica-
ultramáficas, sendo todo o pacote polideformado e metamorfisado em fácies anfibolito.
Datações através do método Rb-Sr forneceram idades em torno de 2,66 Ga (Sato, 1986
apud Mascarenhas et al., 1998).
3.1.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso
Este complexo foi inicialmente definido por Couto et. al. (1978) e consiste numa grande
intrusão diferenciada, com aproximadamente 40 quilômetros de comprimento e 1,2
quilômetro de espessura, composta por uma associação de serpentinitos, talco-
cloritaxistos, talco-tremolitaxistos e anfibolitos, provenientes de alterações hidrotermais
resultantes da interação entre seus protólitos peridotíticos e piroxeníticos com os
granitóides paleoproterozóicos. Toda a sequência apresenta-se intensamente deformada
pelas falhas de empurrão, cujo transporte tectônico aponta, a grosso modo, para o
sentido W, colocando-a sobre o embasamento arqueano e desmembrando-a em fatias,
dificultando, deste modo, a sua reconstituição estratigráfica e sua variação lateral.
Contudo, Thayer (1970 apud Couto et al. 1978), com base em parâmetros fornecidos
pelo padrão das camadas de cromitito estratiforme presentes neste complexo, inferiu
que as porções mediana e superior desta sequência foram erodidas e que sua espessura
original era de 4 quilômetros. Topitsch (1993) estimou sua idade, com base em
comparações com intrusões máficas-ultramáficas de mesma natureza que ocorrem em
outros crátons (Austrália Ocidental e Zimbabwe), como arqueana (~ 2,5-2,7 Ga).
3.1.3 Greenstone Belt de Mundo Novo
Trata-se de uma sequência vulcanossedimentar orientada, aproximadamente, na direção
N-S, ocorrendo entre as cidades de Rui Barbosa e Juazeiro, inicialmente definida nas
12
cidades de Mundo Novo e Piritiba por Mascarenhas & Silva (1994), os quais
estabeleceram a sua estratigrafia como composta, da base para o topo, por: i)
anfibolitos, cuja geoquímica apontou uma filiação toleítica tipo MORB; ii) tremolititos
e metaultramafitos com prováveis protólitos komatiíticos (Topitsch, 1993); (iii)
metavulcânicas máficas compostas por metabasaltos, por vezes, apresentando estruturas
tipo pillow lava (Roig et al., 1992), cujos padrões de ETR apontam semelhanças aos
toleítos de back-arc; (iv) metavulcânica félsica de filiação calcialcalina; (v) rochas
metassedimentares representadas por pelitos, arcóseos e grauvacas equilibradas em
condições de metamorfismo de fácies xisto verde a anfibolito. Estudos geocronológicos
realizados por Peucat et al. (2002 apud Leite, 2002), utilizando o método U-Pb
SHRIMP em zircões obtidos em rochas metavulcânicas félsicas, atestam idade de 3,3
Ga. Posteriormente, Mascarenhas et al. (1998) incluiu nesta sequência as rochas
metassedimentares correspondentes as formações Bananeiras e Cruz das Almas (Leo et
al., 1964) e o Complexo Saúde (Couto et al., 1978; Melo et al., 1995).
3.1.4 Grupo Jacobina
Esta unidade representa parte do registro de uma bacia sedimentar, metamorfisada e
deformada, cujas dimensões aproximadas são de 300 km de extensão e uma largura
variável, atingindo, no máximo, 20 km. Encontra-se orientada segundo a direção N-S e
exibe forte mergulho para E. Zonas de cisalhamento dúcteis de transpressão e
transcorrência foram responsáveis pelo imbricamento tectônico, que, por vezes,
colocam esta sequência empilhada sobre os ortognaisses a oeste e sob os paragnaisses a
leste. Em decorrência das inúmeras controvérsias acerca do empilhamento estratigráfico
desta unidade, será, aqui, admitida a estratigrafia proposta por Mascarenhas et.al.
(1992), que comporta, da base para o topo, cinco unidades litoestratigráficas, a saber: i)
Formação Serra do Córrego, a qual é composta por intercalações de quartzitos e
metaconglomerados, estes últimos portadores de mineralizações auríferas, oligomíticos,
embora se apresentem texturalmente imaturos, arredondados a subangulosos, por vezes
estirados; ii) Formação Rio do Ouro, mantendo um contato gradacional com a unidade
sotoposta, composto por quartzitos finos a médios, de coloração variando entre verde
(quando em presença da fucsita) e branco, apresentando níveis delgados e descontínuos
de metaconglomerado em sua base e com estruturas primárias preservadas
(estratificações cruzadas e marcas onduladas assimétricas) indicando que o sentido das
13
paleocorrentes foram de E para W; iii) Formação Cruz das Almas, composta por uma
associação ritmicamente intercalada de clorita xistos, quartzo-sericita xistos, filonitos,
filitos e metarenitos, muito bem representada na porção noroeste de Pindobaçu; iv)
Formação Serra do Meio, com ocorrências na borda leste do Grupo Jacobina,
principalmente nas cidades de Jacobina, Pindobaçu e Jaguarari, sendo composta por
alternâncias de quartzitos/metarenitos brancos com níveis decimétricos de andaluzita
xistos, normalmente exibindo estruturas primárias, tais quais estratificações plano-
paralelas, cruzadas de pequeno a médio porte do tipo espinha-de-peixe, gradando, em
direção ao topo, para estratificações cruzadas do tipo hummocky, e, completando a
sequência; v) Formação Serra da Paciência, também constituída por metarenitos e
quartzitos, restrita a porção centro-norte da Serra de Jacobina e nas imediações de
Pindobaçu.
3.1.5 Granitos Intrusivos
Tratam-se de maciços das mais variadas dimensões, em geral, leucocráticos, compostos
predominantemente por quartzo, feldspato, biotita, moscovita e, por vezes, granada, de
textura porfirítica a homogênea, por vezes apresentando orientação impressa pelo fluxo
magmático e/ou milonitização. Dentre esses granitos, os mais importantes na área de
trabalho são o de Campo Formoso e o de Carnaíba, os quais serão detalhados mais
adiante, no capítulo referente à Geologia Local. Contudo também é possível apontar a
ocorrência dos granitos associados ao Complexo Saúde e ao Grupo Jacobina, exibindo
fácies mais aluminosas, contendo fases com moscovita e silimanita (Rudowiski 1989;
Leite, 2002) e outros granitos peraluminosos, que ocorrem na região, conhecidos como:
Flamengo, Jaguarari, Brejão das Grotas e Mirangaba. Esses granitos foram gerados ao
final do Ciclo Paleoproterozóico, (~2.0-1.9 Ga, idade obtida por Sabaté et al., op.cit.),
segundo Rudowiski (op.cit.).
3.1.6 Grupo Una
Esta unidade representa as coberturas plataformais neoproterozóicas, as quais
recobriram uma grande extensão areal, abrangendo os estados da Bahia e Minas Gerais,
interpretadas como um mar de águas rasas e quentes decorrentes de um período de
deglaciação. Deste modo, na base, é composto pela Formação Bebedouro, de possível
14
origem glacial, constituído por diamictitos com seixos de gnaisses, granitos, quartzitos,
siltitos e calcários, por vezes apresentando formato de “ferro de engomar”, imersos em
matriz fina, as quais gradam para arenitos e grauvacas no topo. Também é possível
verificar a presença de ardósias contendo seixos pingados. A Formação Salitre ocorre
no topo deste grupo e consiste em rochas carbonáticas e pelíticas, dentre estas
calcilutitos e calcarenitos finos com intercalações dolomíticas e finas lâminas pelitico-
carbonática. Subordinadamente ocorrem metadolomitos, metargilitos calcíferos, margas
e metarenitos, sendo esse pacote interpretado como de origem marinha rasa, decorrente
de uma elevação eustática a nível global.
3.1.7 Coberturas Cenozoicas
As coberturas mais representativas na área de trabalho são representadas pelas
formações Caatinga e Capim Grosso. A primeira é composta por brechas calcíferas com
seixos de calcário cinza e calcrete/travertinocalcários, interpretados como resultado do
retrabalhamento (dissolução e reprecipitação) das rochas da Formação Salitre, em
consequência dos processos da dinâmica superficial, ocorrendo, geralmente, nas
depressões topográficas e ao longo de estruturas como falhas e fraturas, apresentando-se
horizontalizadas a subhorizontalidas. A segunda, eminentemente detrítica, é constituída
predominantemente por sedimentos areno-argilosos, embora ocorram níveis
conglomeráticos em sua base, com granodecrescência ascendente, apresentando
coloração creme a marrom avermelhada, também restrita às porções topograficamente
planas e com cotas baixas, por vezes desenvolvendo morrotes de topo aplainado,
interpretadas como depósitos de fluxo fluvial sob um clima árido.
15
3.2 Geologia Local
Uma vez apresentadas as características geológicas comuns às duas áreas de trabalho –
Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso – neste item serão expostas as
peculiaridades de cada uma destas, de forma sucinta, buscando-se demonstrar as
principais unidades litoestratigráficas destes dois sítios. A Figura 07, abaixo, mostra as
áreas supracitadas que serão descritas neste item.
Figura 07: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Socotó (Rudowiski, 1989).
Socotó
Carnaíba
16
3.2.1 Geologia da Região de Carnaíba-Pindobaçu
Tendo em vista que a maior parte do trabalho se desenvolveu na região de Carnaíba,
onde foi feito um maior número de coletas de amostras para análise química e
petrográfica, esta área será a primeira a ser abordada e a Figura 08, abaixo, representa
um detalhamento da sua geologia.
A região de Carnaíba é caracterizada pela presença de rochas arqueanas a
paleoproterozóicas do Complexo Gnáissico-Migmatítico, do Greenstone Belt de Mundo
Figura 08: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba (Moreira et al., 2006).
Granito de
Mirangaba
Granito de
Angico
Granito de Carnaíba
17
Novo, do Grupo Jacobina e Granitos Intrusivos, formando uma estrutura antiforme, cujo
núcleo é ocupado pelo granito de Carnaíba e rochas do Complexo Gnáissico-
Migmatítico. A seguir será feita uma breve descrição das Unidades supracitadas, pois
algumas destas já foram mencionadas no item referente à Geologia Regional.
3.2.1.1 Complexo Gnáissico-Migmatítico
Como pode ser observada no mapa apresentado na Figura 08, esta unidade ocupa a
porção NW e parte da porção central e centro-sul da área, sendo representada por rochas
tonalito-trondhjemito-granodiorito (TTG), de idade em torno de 3.3 Ga (U-Pb SHRIMP
em zircões) as quais são interpretadas como resultado de fusão de basaltos toleíticos,
formando, então, uma das crostas continentais mais precoces da Bahia (Barbosa &
Sabaté, 2003). Estas rochas estão equilibradas em fácies anfibolito, apresentando-se ora
foliada, ora isotrópica, por vezes migmatizadas.
3.2.1.2 Greenstone Belt de Mundo Novo
Esta sequência vulcanossedimentar, de idade arqueana, congrega, segundo Mascarenhas
& Silva (op.cit.), uma série de rochas, tais quais formações ferríferas e manganesíferas,
quartzitos, filitos, metagrauvacas, metacherts, calcissilicáticas, afibolitos, dentre outras.
Contudo, na região de Carnaíba, conforme mapa da Figura 08, esta unidade é
representada por fatias tectônicas de rochas máficas-ultramáficas, dispostas em faixas
alongadas, com largura máxima em torno de 200 metros, encaixadas ao longo dos
planos de acamadamento dos quartzitos pertencentes ao Grupo Jacobina e, também, no
embasamento, além de ocorrerem como enclaves, a exemplo do corpo ameboide do
garimpo do Bode, em meio ao granito de Carnaíba (Moreira & Silva, op cit.).
3.2.1.3 Grupo Jacobina
Na região de Carnaíba, Moreira & Silva (op cit.) descreveram o Grupo Jacobina, de
idade paleoproterozóica, subdividindo-o em duas seqüências, a saber: i) Formação Rio
do Ouro, ocorrendo tanto na zona de charneira, como no flanco leste da estrutura
antiformal, sendo constituída por um metaconglomerado basal e quartzitos de coloração
branca ou verde (presença de fucsita), os quais são as principais encaixantes dos corpos
18
máficos-ultramáficos portadores de mineralizações, e; ii) Grupo Jacobina Indiviso, o
qual tangencia a periferia do antiforme de Carnaíba, composto por quartzitos, xistos,
filitos, filonitos e cloritaxistos.
3.2.1.4 Granitos Intrusivos
Conforme o mapa exposto na Figura 08, é possível verificar a presença de três corpos
graníticos. O primeiro, ocorrendo na porção SW do mapa, denominado de Granito de
Mirangaba, o segundo, localizado a NNW do mapa, é conhecido como o Granito de
Angico e o terceiro e principal corpo é o Granito de Carnaíba, o qual ocupa a porção
central da estrutura antiformal. Este último corpo, segundo Rudowski (op.cit.), constitui
uma série magmática que evoluiu de granito a duas micas para granito com moscovita e
granada e cuja existência de saltos nos teores de Be, Rb, Si e K na transição entre estes
granitos, significa que houve desmistura de uma fase fluida de magma, o que permitiu a
extração dos referidos elementos do banho silicático e a abertura de fraturas nas
encaixantes.
3.2.1.5 Sedimentos Terciário-Quaternários
Restritos a uma pequena porção localizada no extremo NW da área do mapa, tratam-se
de sedimentos inconsolidados, compostos por argilas, areias e cascalhos relacionados à
superfície de erosão Velhas.
19
3.2.2 Geologia da Região de Socotó-Campo Formoso
Localizada cerca de 50 km a norte de Carnaíba, a região de Socotó, município de
Campo Formoso, também foi objeto de estudo do presente trabalho e a sua geologia
será descrita seguindo o mapa geológico abaixo (Figura 09).
A região de Socotó é composta por rochas arqueanas, paleoproterozóicas e
neoproterozóicas, representadas pelo Complexo Gnáissico-Migmatítico, o Complexo
Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso, o Grupo Jacobina, o Granito de Campo
Formoso e o Grupo Una, o quais serão detalhados a seguir.
Figura 09: Mapa geológico simplificado da região de Socotó (adaptado de Rudowiski, 1989).
20
3.2.2.1 Complexo Gnáissico-Migmatítico
Ocupa uma grande extensão no mapa apresentado na Figura 09, ocorrendo em sua
porção central e centro-norte, além de uma pequena porção no extremo sudoeste. Trata-
se dos mesmos tonalito-trondhjemito-granodioritos (TTG) que ocorrem na região de
Carnaíba, de idade arqueana, foliados ou isotrópicos e por vezes migmatizado.
3.2.2.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso
As rochas deste complexo ocorrem na porção norte do mapa, no contato entre os
gnaisses migmatíticos e o Grupo Jacobina e na porção sul, no contato entre o Granito de
Campo Formoso e o Grupo Jacobina. São as rochas portadoras de mineralização de
cromo. Segundo Topitsch (op.cit.) são de idade Arqueana, entre 2.5 e 2.7 Ga, pois
ocorrem como xenólitos no Granito de Campo Formoso, além da presença de cromita
detrítica nos quartzitos basais do Complexo Itapicuru.
3.2.2.3 Grupo Jacobina
Com grande expressão no mapa geológico apresentado na Figura 08, se alonga desde a
porção nordeste até o sudeste, acompanhando o contorno do Granito de Campo
Formoso. É composta pela Formação Rio do Ouro, a qual exibe um metaconglomerado
basal sobreposto por quartzitos e o Grupo Jacobina Indiferenciado, composto por uma
associação de quartzitos, xistos, filitos, filonitos e cloritaxistos.
3.2.2.4 Granito de Campo Formoso
Trata-se de um batólito com dimensões aproximadas de 25 km na direção N-S e 20 km
na E-W, de forma elíptica, que, segundo Rudowski (op.cit.), foi originado a partir de
intrusões polifásicas constituídas de granitos a duas micas (biotita e moscovita),
granitos a moscovita-granada e aplopegmatitos. O mesmo autor admite duas séries não
comagmáticas, evoluindo de granito a duas micas a granito a moscovita-granada, com
uma série precoce (a qual sofreu um processo de contaminação de Mg, Ni, Co, Cr e V),
em posição periférica, e uma série tardia, formando o núcleo do maciço, sendo que, em
cada série, a evolução da composição química das rochas e dos minerais (em particular
21
biotita e granada) pode ser descrita como resultado de um processo de cristalização
fracionada e de processo de mistura entre um líquido silicático e um cumulático,
próximo de um cumulato total, na maioria dos casos.
Seus contatos com as rochas encaixantes se dão de forma intrusiva, com exceção da sua
porção oeste, onde este é mascarado pela cobertura neoproterozóica, cujo contato é de
caráter erosivo. O contato deste corpo granítico, ao longo do limite sul, com o
Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso, é caracterizado por um nível de
anfibolito a hornblenda-quartzo-plagioclásio-esfênio e epídoto, sobre o qual se
desenvolve uma biotita castanha, interpretada como resultante de um metamorfismo
potássico de contato. É possível observar, no setor nordeste do maciço, a presença de
mega-xenólitos de quartzito verde (com presença de fucsita), interpretados como “roof
pendents” no granito (Rudowski, op.cit.).
Rudowski (op.cit.) conseguiu individualizar duas unidades principais nesse corpo
granítico, o que lhe confere um caráter concêntrico, sendo que na porção mais externa
(periférica) ocorrem as fácies g1 e g1’’ e, na porção interna, a principal, ocorre a fácies
g2. Os contatos intrusivos entre estas fácies são de difícil detecção em campo, contudo,
ao analisar alguns afloramentos-chave, além de enclaves e filões graníticos, o autor
supracitado conseguiu recompor a história evolutiva deste corpo, reconstituindo a
cronologia relativa das diferentes intrusões em duas gerações, que são: i) uma primeira
geração de granito a duas micas g1, g1’ e g1’’ e uma primeira geração de granito a
granada g1G, g1G’ e aplopegmatitos, e; ii) uma segunda geração de granito a duas
micas g2 seguido de uma segunda geração de granito a granada g2G e aplopegmatitos.
3.2.2.5 Grupo Una Indiferenciado
Abrange a porção oeste do mapa da Figura 09, se estendendo até o extremo noroeste, e
trata-se de uma cobertura plataformal neoproterozóica, representada pela Formação
Bebedouro na base, a qual é interpretada como deposição em ambiente glacial, e a
Formação Salitre no topo, esta decorrente de deposição em ambiente marinho raso. Esta
Unidade está indiferenciada no referido mapa.
22
4 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA
Para levar em efeito o objetivo proposto, foram coletadas em campo 81 amostras de
rocha, de 29 pontos distintos, sendo 25 pontos inseridos na Reserva Legal de Garimpo,
na região de Carnaíba-Pindobaçu (Figura 10) e 4 pontos no Garimpo de Socotó-Campo
Formoso (Figura 11). Do total das 81 amostras, 67 foram coletadas no perímetro da
Reserva Legal de Garimpo, em Carnaíba-Pindobaçu e 14 amostras foram adquiridas no
Garimpo de Socotó, em Campo Formoso. As referidas amostras foram encaminhadas
para o Laboratório da Geosol, empresa que realizou as análises químicas das mesmas.
Figura 10: Mapa geológico simplificado do perímetro da Reserva Legal de Garimpo-Carnaíba, constando os pontos de
amostragem. Modificado de Moreira & Silva (2006).
23
Todas as amostras foram analisadas através do método Plasma ICP / Digestão
Multiácida, donde foi feita uma varredura para os seguintes elementos: Ag, Al, As, Ba,
Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, La, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, Sb, Sc, Sn, Sr, Ti,
V, W, Y, Zn e Zr. Deste universo de amostras, foram selecionadas 32 da região de
Carnaíba-Pindobaçu e 6 amostras do Garimpo de Socotó-Campo Formoso, para serem
LN-026
LN-027
LN-028
LN-029
Figura 11: Mapa geológico simplificado da região de Campo Formoso, constando os pontos de amostragem realizados
no garimpo de Socotó. Modificado de Rudowiski (1989).
Garimpo
de Socotó
24
analisadas através do método de Fluorescência de Raios-X os seguintes elementos:
SiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, TiO2, P2O5, MnO, K2O, Ba, Cl, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb, S,
Sc, Sn, Sr, Ta, Th, U, V, Y, ZR e W. Também, essas mesmas 38 amostras, foram
analisadas através do método de Absorção Atômica / Solubilização Total para os
elementos Na2O e K2O, através do Método Clássico (Titulação) o óxido FeO, através do
método Eletrodo de Ion Específico o elemento F e, através do método Plasma ICP /
Troca Iônica os elementos La, Ce, Nd, Sm, Eu, Gd, Dy, Hb, Er, Yb e Lu. Por fim, do
total das amostras coletadas, foram selecionadas 17 amostras provenientes da região de
Carnaíba-Pindobaçu e 4 amostras do Garimpo de Socotó-Campo Formoso para serem
analisadas através do método Absorção Atômica / Fire Assay os elementos Au, Pd e Pt.
Em posse dos resultados analíticos, neste item serão discutidos os valores obtidos e a
sua distribuição em planta, buscando um maior entendimento da área em apreço, de
modo a verificar o grau de interação geoquímico entre as rochas envolvidas no processo
de metassomatismo. Ou seja, conforme já mencionado no item que expôs os objetivos
do presente trabalho, verificar-se-á qual foi o aporte geoquímico dos elementos
provenientes dos granitóides paleoproterozóicos que intrudiram as rochas máficas-
ultramáficas em ambas as áreas de trabalho (Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo
Formoso), assim como quais elementos pertinentes às referidas rochas máficas-
ultramáficas permaneceram com as concentrações originais, através do estudo dos
flogopititos gerados em tal processo, tendo como background os valores obtidos para os
serpentinitos poupados do processo supracitado.
Com o intuito de facilitar a exposição dos dados, os mesmos serão apresentados
separadamente, primeiro abordando a região de Carnaíba-Pindobaçu, pela maior
expressividade de amostras coletadas e, posteriormente, a região de Socotó-Campo
Formoso. Por fim, os dados serão confrontados, buscando averiguar as diferenças e
similaridades da ação do processo hidrotermal em ambas as áreas contempladas neste
trabalho.
25
4.1 Caracterização Geoquímica da região de Carnaíba-Pindobaçu
Os trabalhos de amostragem se concentraram na área da Reserva Legal de Garimpo, a
qual abarca os garimpos Laranjeiras, Arrozal, Bráulia, Marota, Bode-Lagarto-Gavião,
Mundé, Carnaíba de Baixo e Carnaíba de Cima, este último reunindo o Trecho Velho e
o Trecho Novo (Bica e Cabra).
Do total das 67 amostras coletadas na região supracitada, 49 foram de flogopititos, 15
dos serpentinitos e 3 do granitóide. Para mostrar os resultados analíticos, será feita uma
abordagem separada por litologia.
4.1.1 Geoquímica dos Flogopititos
Foi realizada uma varredura para 32 elementos nas 49 amostras coletadas, através do
método de Plasma ICP – Digestão Multiácida, e os resultados obtidos se encontram na
Tabela 01, em anexo. Conforme pode ser observado na referida tabela, os valores mais
significativos foram para os elementos Ba, Be, Co, Cr, Li, Mo, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr.
Deste modo, estes resultados analíticos serão enfatizados nos subitens seguintes, de
modo sucinto, para posteriormente serem discutidos em maiores detalhes. Os valores
obtidos para os flogopititos são cotejados com os teores médios admitidos para as
rochas graníticas, para as rochas ultramáficas e, também, para a crosta terrestre (Fonte:
Levinson, 1980 apud Licht et al., 2007), visto que esses flogopititos são considerados
como produtos da interação de frações pegmatíticas com os serpentinitos.
Foto 01 – Fotomosaico tirada numa visada de norte para sul, a partir de Carnaíba de Cima, mostrando, ao fundo, o Povoado de
Carnaíba de Baixo. A linha vermelha tracejada delimita, grosso modo, as litologias referentes aos quartzitos do Grupo
Jacobina, o qual impõe um relevo positivo, e o Granito de Carnaíba, ocupando a baixada topográfica.
Carnaíba de
Baixo
Quartzitos do
Gr. Jacobina
Granito de
Carnaíba
26
Distribuição do Bário nos Flogopititos de Carnaíba
O bário é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 425
ppm, sendo que nas rochas ultramáficas a sua média é em torno de 2 ppm e nas rochas
graníticas 600 ppm. Os teores obtidos, quando comparados com os valores de
background da crosta terrestre e das rochas graníticas, não se mostram tão expressivos,
contudo praticamente todas as amostras, exceto a LN-020C, apresentaram teores bem
mais elevados do que o teor médio admitido para as rochas ultramáficas.
27
Distribuição do Berílio nos Flogopititos de Carnaíba
O berílio também é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é
de 2,8 ppm, não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teor
em torno de 5 ppm nos granitos (Levinson, op.cit.). Todos os resultados obtidos
mostraram valores bem acima do background estabelecido tanto para a crosta terrestre,
como para os granitos. Algumas amostras chegaram a apresentar valores cerca de
cinquenta vezes maior do que os valores de referência supracitados, o que ratifica a sua
mineralização na região amostrada.
28
Distribuição do Cobalto nos Flogopititos de Carnaíba
O cobalto é um elemento siderófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 25
ppm, sendo que nas rochas ultramáficas o seu valor médio é de 150 ppm e nas rochas
graníticas 1 ppm. Os resultados analíticos mostram que os valores encontram-se bem
acima dos teores admitidos tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas
graníticas, porém abaixo dos valores de background estabelecidos para as rochas
ultramáficas.
29
Distribuição do Cromo nos Flogopititos de Carnaíba
O cromo é um elemento litófilo e a sua concentração média na crosta terrestre é de 100
ppm, com as rochas ultramáficas tendo, em média, 2.000 ppm e os granitos 4 ppm.
Deste modo, os valores obtidos para todas as amostras, exceto a amostra LN-025B,
encontram-se bem acima dos valores médios encontrados nos granitos e na crosta
terrestre, contudo, abaixo do valor médio admitido para as rochas ultramáficas. Somente
a amostra LN-022D obteve uma concentração condizente com o teor médio das rochas
ultramáficas.
30
Distribuição do Lítio nos Flogopititos de Carnaíba
O lítio é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 20 ppm,
não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teores em torno
de 30 ppm nas rochas graníticas. As amostras analisadas revelaram teores bem acima do
background tanto da crosta terrestre, quanto das rochas graníticas, sendo que todos os
resultados apontaram que os teores estão, no mínimo, dez vezes acima dos referidos
valores de referência, podendo atingir, como no caso da amostra LN-011B, com 4025
ppm, mais de mil vezes estes valores de background.
31
Distribuição do Molibdênio nos Flogopititos de Carnaíba
O molibdênio é um elemento siderófilo e a sua concentração média na crosta terrestre é
de 1,5 ppm, enquanto que nas rochas ultramáficas é de 0,3 ppm e nas rochas graníticas 2
ppm. Ao observar o gráfico de distribuição deste elemento na área, é possível verificar
que muitas destas amostras apresentaram valores bem acima dos backgrounds
estabelecidos, notadamente a amostra LN-010B, com concentração acima de 700 ppm.
32
Distribuição do Níquel nos Flogopititos de Carnaíba
O níquel é um elemento siderófilo e sua concentração na crosta terrestre é de 75 ppm,
enquanto que nas rochas ultramáficas é de 2000 ppm e nas rochas graníticas é de 0,5
ppm. Os resultados analíticos demonstram que as concentrações deste elemento, para
todas as amostras, estão bem acima dos valores médios estabelecidos para a crosta
terrestre, assim como para as rochas graníticas, contudo estes valores estão abaixo dos
teores propostos para as rochas ultramáficas.
33
Distribuição do Escândio nos Flogopititos de Carnaíba
O escândio é um elemento litófilo e sua concentração média na crosta terrestre é de 16
ppm, sendo que nas rochas ultramáficas os valores médios encontrados são da ordem de
10 ppm e nas rochas graníticas 5 ppm. Os resultados analíticos mostram que existem,
grosso modo, duas populações presentes na área de trabalho, uma em que os valores
obtidos encontram-se entre 5 e 10 ppm, logo variando entre os teores médios
estabelecidos para as rochas graníticas e ultramáficas, respectivamente, e outra
população em que os teores giram acima dos 15 ppm, valor médio da crosta terrestre.
Vale ressaltar a concentração deste elemento para a amostra LN-016B, a qual
apresentou um teor de 36 ppm, que equivale a mais de duas vezes o valor de
background estabelecido para a crosta terrestre.
34
Distribuição do Estrôncio nos Flogopititos de Carnaíba
O estrôncio, assim como o escândio, é um elemento litófilo, cuja concentração média na
crosta terrestre é de 375 ppm, nas rochas ultramáficas é de 1 ppm e nos granitos 285
ppm. Apesar dos valores obtidos estarem bem abaixo das concentrações médias
estabelecidas para a crosta terrestre e para as rochas graníticas, os mesmos se mostram
bem superiores à concentração média das rochas ultramáficas. Todas as amostras
apresentaram teores, pelo menos dez vezes maiores do que o valor de background
admitido para as rochas ultramáficas, com destaque para a amostra LN-023B, a qual
apresentou um teor de 101 ppm, cerca de cem vezes maior do que o referido valor
padrão.
35
Distribuição do Vanádio nos Flogopititos de Carnaíba
O vanádio é mais um representante litófilo e sua concentração média na crosta terrestre
é de 135 ppm, nas rochas ultramáficas o valor médio é de 50 ppm e nas rochas
graníticas é de 20 ppm. Todas as amostras analisadas demonstraram valores bem acima
do background estabelecido para as rochas graníticas, a maioria com valores acima da
concentração média nas rochas ultramáficas e doze amostras com valores maiores do
que os admitidos como teor médio para a crosta terrestre.
36
Distribuição do Zinco nos Flogopititos de Carnaíba
O zinco é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 70 ppm,
nas rochas ultramáficas os teores são de 50 ppm e nas rochas graníticas 40 ppm. Todas
as amostras apresentaram valores bem acima dos teores médios estabelecidos tanto para
as rochas ultramáficas, quanto para as rochas graníticas, assim como do valor médio
admitido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que as amostras LN-011B, LN-022B e
LN-022D apresentaram teores mais de dez vezes maiores que os valores de background
estabelecidos para a crosta terrestre.
37
Distribuição do Zircônio nos Flogopititos de Carnaíba
O zircônio é um elemento litófilo, sendo a sua concentração média na crosta terrestre
em torno de 165 ppm, nas rochas ultramáficas com valores de 50 ppm e nos granitos
180 ppm. Todos os valores obtidos estão bem abaixo dos teores médios tanto para as
rochas graníticas, quanto para a crosta terrestre. Dentre estes valores, a maioria
apresentou valor abaixo, também, dos teores médios admitidos para as rochas
ultramáficas, contudo pode-se observar que as amostras LN-016A, LN-018A, LN-020A
e a LN-020C superaram o referido valor de background.
38
Conforme já citado anteriormente, além da varredura de 32 elementos, realizada através
do método Plasma ICP – Digestão Multiácida para todas as amostras de flogopititos,
foram selecionadas 25 destas para serem analisadas, também, através dos métodos que
constam na Tabela 02, em anexo. Contudo, foram separados os dados referentes aos
resultados analíticos dos elementos maiores, expressos na forma de óxidos, os quais
estão expostos na Tabela 4.1 e serão comparados com os teores médios obtidos nos
peridotitos (Fonte: Nockolds, 1964 apud Wedepohl, 1969) e nos granitos (Fonte: Ronov
& Yaroshevskii, 1967 apud Licht et al, 2007), para serem discutidos em seguida.
Os resultados analíticos expostos na tabela acima mostram que alguns elementos
merecem ser relevados, seja por seus teores estarem bem acima dos valores de
referência (Al2O3, Fe203 e K2O), ou por estarem bem abaixo destes (SiO2, Na2O, TiO2 e
CaO). Sendo assim, todas as amostras analisadas apresentaram teores de Fe2O3 bem
superiores aos valores de referência, chegando a ter amostras em que esses teores
superaram o background em mais cinco vezes, a exemplo da amostra LN-016B, com
um teor de 14,2%, enquanto a amostra que apresentou a menor concentração foi a LN-
003A, com 5,53%, o que representa mais que o dobro dos valores de background. Para
o K2O, todas as amostras analisadas obtiveram teores superiores aos valores de
referência, com destaque para as amostras LN-011A, LN-011B e LN-022B, nas quais
foram verificados os maiores teores dentre o universo de amostras, todas com 10,2%, o
que representa mais que o triplo do background do granito. O elemento Al2O3
apresentou dez amostras que obtiveram teores acima dos valores de referência e 15
Peridotito Granito LN-001A LN-002A LN-003A LN-004A LN-005B LN-006B LN-008B LN-009C LN-010B LN-011A LN-011B LN-012A
SiO2 % 43,54 66,1 43 49,3 63,6 41,4 42,1 42 42,4 42 42,3 42,9 43,1 40
Al2O3 % 3,99 15,2 12,1 8,04 5,95 14,9 14,5 14 14,5 14,7 16,2 23,8 16,7 17,5
Fe2O3 % 2,51 2 6,63 6,93 5,56 7,95 6,97 8,16 7,95 8,72 9,37 7,75 7,21 9,59
FeO % 9,84 2,7 1,42 0,71 2,19 2,64 1,58 2,78 2,57 3 3,12 1,85 1,44 1,7
MgO % 34,02 2 25,7 26 17,3 22,6 23,2 22,6 21,8 22 19 12,1 19,9 18,3
MnO % 0,21 0,1 0,14 0,11 0,09 0,18 0,1 0,12 0,21 0,14 0,31 0,35 0,41 0,37
CaO % 3,46 3,5 0,1 0,4 0,69 0,18 0,33 0,29 0,11 0,07 0,31 0,12 0,13 1,08
Na2O % 0,56 3,12 0,211 0,193 0,124 0,169 0,215 0,276 0,205 0,243 0,192 0,361 0,244 0,182
K2O % 0,25 3,24 9,03 5,61 3,57 10 9,86 9,52 9,7 9,66 9,83 10,2 10,2 10,1
TiO2 % 0,81 0,6 0,13 0,08 0,18 0,16 0,14 0,28 0,15 0,14 0,52 0,19 0,09 0,35
P2O5 % 0,05 0,28 0,057 <0,01 0,013 0,13 0,175 0,031 0,073 0,055 0,159 0,093 0,103 0,735
Peridotito LN-014B LN-015A LN-016B LN-017B LN-018B LN-019A LN-019B LN-020B LN-020C LN-021A LN-022B LN-023A LN-024B
SiO2 % 43,54 41 40,9 41,3 45,8 45,7 49,1 48,9 41 41,9 39,8 42 39,5 42,8
Al2O3 % 3,99 15,3 16 17 12,3 11,7 9,87 8,6 15 12,6 16,8 16,9 17 14
Fe2O3 % 2,51 10 10 14,2 9,15 10,8 9,66 10,2 14,5 13,9 12,3 8,07 13,6 6,94
FeO % 9,84 4,21 3,57 7,3 4,09 5,96 4,22 4,11 10,59 9,25 5,58 1,56 6,35 1,56
MgO % 34,02 20,2 20 14,6 21,6 17,8 18,2 19 16,6 17,4 19,3 18,7 16,7 23,8
MnO % 0,21 0,26 0,19 0,35 0,13 0,13 0,18 0,24 0,12 0,16 0,19 0,37 0,16 0,14
CaO % 3,46 0,51 2,45 0,94 1,34 2,26 3,97 4,85 0,48 2,61 0,03 0,92 <0,01 0,08
Na2O % 0,56 0,316 0,42 0,646 0,109 0,667 0,167 0,329 0,296 0,201 0,098 0,194 0,099 0,31
K2O % 0,25 9,51 9,36 9,19 8,14 5,31 6,02 4,44 8,38 7,11 9,44 10,2 9,51 9,94
TiO2 % 0,81 0,46 0,33 0,73 0,24 0,36 0,31 0,28 0,45 0,37 0,43 0,19 0,9 0,11
P2O5 % 0,05 0,357 0,481 0,463 0,049 0,06 0,021 0,054 0,098 0,055 0,014 0,685 0,037 0,024
Tabela 4.1 - Resultados analíticos dos elementos maiores - Flogopititos - Canaíba / Pindobaçu
39
amostras cujos teores são maiores que o background estabelecido para os peridotitos e
menores que a dos granitos, podendo-se destacar a amostra LN-011A, que apresentou o
maior teor de todos para este elemento, com 23,8%. Dentre os elementos que
expressaram teores abaixo dos valores de referência, a SiO2 teve 19 amostras em que os
teores ficaram abaixo tanto do background dos peridotitos quanto dos granitos,
enquanto nas outras 6 amostras analisadas esses teores giraram acima do background
dos peridotitos e abaixo dos granitos, com destaque para amostra LN-003A, com um
teor de 63,6%, o maior valor registrado. A análise para o CaO mostrou que quase todas
as amostras estão com teores abaixo dos valores de referência, exceto as amostras LN-
019A e LN-019B, as quais demonstraram teores acima dos backgrounds tanto dos
peridotitos quanto dos granitos, com 3,97 e 4,85%, respectivamente. Para os elementos
Na2O e TiO2, quase todas as amostras aduziram teores abaixo dos valores de referência,
contudo, para o sódio, as amostras LN-016B e LN-018B revelaram teores acima do
background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 0,646 e 0,667%, respectivamente
e, para o titânio, a amostra LN-016B exprimiu um teor acima do background do granito
e abaixo do peridotitos, com 0,73%. Os demais elementos constantes na Tabela 4.1
obtiveram teores dentro dos limites dos valores de referência. O FeO teve 11 amostras
em que os teores ficaram abaixo dos valores de referência, 13 amostras onde os teores
foram superiores ao background dos granitos e abaixo dos peridotitos e apenas uma
amostra, a LN-020B, onde o teor obtido foi superior aos valores de referência, com
10,59%. O MnO foi um dos elementos que apresentaram as maiores flutuações de
teores, com 2 amostras abaixo dos valores de referência, 13 amostras cujos teores
ficaram acima do background dos granitos e abaixo dos peridotitos e 10 amostras acima
dos valores de referência. O P2O5 também apresentou grandes oscilações quanto aos
teores, onde 8 amostras exprimiram teores abaixo dos valores de referência, 12 amostras
obtiveram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos e 5
amostras com teores superiores aos referidos valores de referência. Já o MgO, todas as
amostras analisadas apresentaram teores mais elevados que o background dos granitos e
inferiores aos peridotitos.
Ainda na Tabela 02, em anexo, além dos elementos maiores, pode-se apontar os
relevantes resultados analíticos referentes aos elementos F, Cs e Rb, que serão ora
apresentados. O flúor, que é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta
terrestre é de 625 ppm, nas rochas ultramáficas de 100 ppm e nas rochas graníticas de
40
735 ppm, foi analisado através do método Eletrodo de Ion Específico, e os resultados
analíticos para todas as amostras apresentaram teores muito acima dos valores de
referência supracitados, cujo valor mínimo obtido foi de 4618 ppm e o valor máximo de
49128 ppm, e a média dos valores em torno de 26799 ppm, o que representa mais que
trinta e seis vezes o valor de background admitido para os granitos. O césio, elemento
litófilo, o qual apresenta uma concentração média na crosta terrestre em torno de 3 ppm,
não obtendo valores de referência para as rochas ultramáficas e com concentrações em
torno de 5 ppm nos granitos, para todas as amostras analisadas apresentou teores acima
do limite de detecção do método, que foi o de Fluorescência de Raios-X, atingindo
valores acima dos 200 ppm. Já o rubídio, elemento litófilo, também analisado através do
método de Fluorescência de Raios-X, cuja concentração média na crosta terrestre 990
ppm, não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teores de
150 ppm nos granitos, apresentou um valor mínimo de 257 ppm e um valor máximo de
2941 ppm, obtendo um valor médio de 1404 ppm, teor este bem acima dos valores de
referência estimados para a crosta terrestre e para os granitos.
Para concluir a caracterização geoquímica dos flogopititos de Carnaíba, foram
selecionadas 12 amostras para serem analisadas, através do método Absorção Atômica –
Fire Assay, para os elementos Au, Pd e Pt, cujos resultados estão expressos na Tabela
4.2.
Au Pd Pt
ppb ppb ppb
LN-002A f logopit it o <5 <5 <5
LN-004A f logopit it o <5 <5 <5
LN-004B f logopit it o t alcif icado <5 <5 <5
LN-006B f logopit it o <5 <5 <5
LN-009C f logopit it o 9 <5 <5
LN-011B f logopit it o t alcif icado <5 <5 <5
LN-012A f logopit it o <5 <5 <5
LN-014B f logopit it o <5 <5 <5
LN-015A f logopit it o 35 <5 <5
LN-020B f logopit it o <5 <5 <5
LN-020C f logopit it o t alcif icado 8 <5 6
LN-022B f logopit it o <5 <5 <5
LN-024B f logopit it o <5 <5 11
Tabela 4.2 - Resultados Analíticos dos elementos ultra-traço - Flogopititos - Carnaíba/ Pindobaçu
Sample ID Tipo de Rocha
Absorção Atômica / Fire Assay
41
Como pode ser observado, os resultados mostraram que somente quatro amostras
obtiveram teores acima dos valores mínimos de detecção. A amostra LN-009C
apresentou o teor de 9 ppb e a amostra LN-015A um valor de 35 ppb para o Au, a LN-
024B, um teor de 11 ppb para a Pt e, por fim, a amostra LN-020C, apresentou valores
em torno de 8 ppb para o Au e 6 ppb para a Pt.
4.1.2 Geoquímica dos Serpentinitos
Com o intuito de verificar o comportamento geoquímico das rochas que representam o
protólito dos flogopititos, ou seja, das rochas que foram poupadas do processo
metassomático decorrente da colocação do granito de Carnaíba, processo este que
resultou na geração dos flogopititos, foi realizada uma varredura para 32 elementos nas
15 amostras de serpentinitos coletadas, através do método de Plasma ICP – Digestão
Multiácida, e os resultados obtidos se encontram na Tabela 03, em anexo.
A tabela supracitada demonstra que os valores mais relevantes foram para os elementos
Ba, Be, Co, Cr, Cu, Li, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr. Assim, nos subitens seguintes estes
resultados analíticos serão abordados, de forma descritiva, para posteriormente serem
discutidos em maiores detalhes. Do mesmo modo que foi feito na exposição dos dados
analíticos obtidos para os flogopititos, os dados referentes aos serpentinitos serão
cotejados com os teores médios estabelecidos para as rochas graníticas, para as rochas
ultramáficas e para a crosta terrestre (Fonte: Levinson, op.cit.).
42
Distribuição do Bário nos Serpentinitos de Carnaíba
Todos os resultados apontam que as concentrações deste elemento estão bem abaixo dos
valores médios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas
graníticas, contudo, quando comparados com o background das rochas ultramáficas, os
valores apresentam-se acima do padrão admitido. Dentre os resultados obtidos, é
possível verificar que a amostra LN-015C se destacou bastante com relação às demais,
atingindo teores cerca de vinte e cinco vezes o valor admitido como background para as
rochas ultramáficas.
43
Distribuição do Berílio nos Serpentinitos de Carnaíba
A maioria dos resultados apresentou valores bem próximos aos admitidos para as rochas
graníticas, exceto as amostras LN-004C, LN-006A e LN-010A, as quais não mostraram
concentrações deste elemento e a amostra LN-015C, a qual apontou um valor mais de
dez vezes maior do que o admitido para as rochas graníticas.
44
Distribuição do Cobalto nos Serpentinitos de Carnaíba
Todas as amostras analisadas apresentaram valores bem maiores do que os admitidos
como padrão tanto para a crosta terrestre, quanto o valor médio estabelecido para as
rochas graníticas. Entretanto, estes valores encontram-se um pouco abaixo do que o
background firmado para as rochas ultramáficas.
45
Distribuição do Cromo nos Serpentinitos de Carnaíba
Os resultados obtidos demonstram que todas as amostram apresentaram teores muito
superiores ao estabelecido como background das rochas graníticas, sendo a maioria
delas, exceto a LN-015C, também com valores bem maiores do que o valor médio
admitido para a crosta terrestre. Por outro lado, quase todas as amostras, exceto a LN-
001B, obtiveram teores um pouco abaixo dos admitidos como background para as
rochas ultramáficas.
46
Distribuição do Cobre nos Serpentinitos de Carnaíba
A distribuição deste elemento se mostra bem irregular, de modo que as amostras LN-
004B, LN-021B e LN-024C não apresentaram teores relevantes do mesmo, nas
amostras LN-004C, LN006A, LN-009B e LN016C as concentrações ficaram
enquadradas no padrão de ocorrência deste elemento para as rochas ultramáficas e
graníticas, e o restante das amostras com teores mais próximos ao teor médio
estabelecido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que as amostras LN-015C e LN-022C
foram as que apresentaram os teores mais discrepantes, corroborando com a
constatação, em campo, da possível ocorrência de sulfeto observado
macroscopicamente.
47
Distribuição do Lítio nos Serpentinitos de Carnaíba
A sua distribuição também se encontra bastante irregular, de forma que na amostra LN-
004C ficou abaixo do limite de detecção, nas amostras LN-001B, LN-006A, LN-009B,
LN-014C e LN-016C os teores ficaram bem próximos dos valores médios estabelecidos
para a crosta terrestre e para as rochas graníticas, enquanto que nas amostras restantes
estes teores foram superados com valores bem acima dos estabelecidos, com destaque
para a amostra LN-015C, cujo teor superou cerca de dez vezes o valor de background
estabelecido para as rochas graníticas.
48
Distribuição do Níquel nos Serpentinitos de Carnaíba
Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras, exceto a LN-015C,
apresentam teores bem mais elevados do que os estabelecidos para a crosta terrestre,
assim como para as rochas graníticas, com valores que muito se aproximam ao valor de
background para as rochas ultramáficas.
49
Distribuição do Escândio nos Serpentinitos de Carnaíba
A maioria das amostras apresentou teor dentro dos valores estabelecidos como
background para as rochas ultramáficas e graníticas, assim como para a crosta terrestre,
excetuando-se a amostra LN-015C, a qual apresentou teor bastante discrepante das
demais amostras, atingindo quase três vezes o valor médio admitido para a crosta
terrestre.
50
Distribuição do Estrôncio nos Serpentinitos de Carnaíba
Deste modo, ao observar os resultados obtidos, é possível verificar que todas as
amostras apresentaram teores acima do background estabelecido para as rochas
ultramáficas, contudo bem menores do que os teores médios admitidos para a crosta
terrestre e para as rochas graníticas. Mais uma vez a amostra LN-015C apresentou um
teor bem discrepante das demais amostras em tela, atingindo cerca de cento e vinte
vezes o valor de background admitido para as rochas ultramáficas.
51
Distribuição do Vanádio nos Serpentinitos de Carnaíba
Os resultados analíticos mostram que a maioria das amostras apresentou concentrações
entre 50 e 100 ppm, ou seja, bem acima do teor médio estabelecido para as rochas
graníticas, com valores próximos ou um pouco maior que o valor de background
admitido para as rochas ultramáficas e menores do que o teor médio deste elemento na
crosta terrestre. Contudo, mais uma vez, a amostra LN-015C apresentou um teor bem
superior ao encontrado para as demais amostras.
52
Distribuição do Zinco nos Serpentinitos de Carnaíba
A maioria das amostras apresentou teores entre os valores padrões estabelecidos para a
crosta terrestre, as rochas ultramáficas e graníticas. Mas as amostras LN-002B, LN-
007A, LN-014D, LN-016C, LN-021B, LN-022C e LN-024C obtiveram valores de
concentração em zinco bem maiores do que os valores de background supracitados,
especialmente as amostras LN-007A e LN-021B, as quais apresentaram valores cerca de
três vezes maiores do que o valor médio estabelecido para a crosta terrestre.
53
Distribuição do Zircônio nos Serpentinitos de Carnaíba
Os resultados analíticos demonstram que a maioria das amostras não apresentou teores
acima do limite de detecção e as que apresentaram, os valores estão bem abaixo dos
valores médios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas
ultramáficas e graníticas. Porém a amostra LN-015C demonstrou um valor muito
discrepante das demais, contudo, ainda assim, abaixo dos valores de background
supracitados.
A caracterização geoquímica dos serpentinitos levou em conta não só a varredura para
os 32 elementos, através do método Plasma ICP – Digestão Multiácida, como também,
para 7 amostras, foi realizada uma análise através de diferentes métodos, cujos
resultados estão expostos na Tabela 04, em anexo. Dos resultados constantes nessa
referida tabela, foram selecionados os dados referentes aos elementos maiores,
expressos na forma de óxidos, para serem agora expostos e, posteriormente, discutidos.
Os valores obtidos para esses elementos maiores estão representados na Tabela 4.3,
abaixo.
54
Os resultados analíticos dos elementos maiores demonstram que a maioria destes
encontra-se com valores abaixo dos teores médios estabelecidos tanto para as rochas
peridotíticas, quanto para as rochas graníticas. Esses elementos são: SiO2, Al2O3, CaO,
Na2O, K2O, TiO2 e P2O5. Para o silício, quase todas as amostras apresentaram teores
abaixo dos valores de referência, exceto as amostras LN-004B, LN-015C e LN-024C, as
quais obtiveram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com
52,9%, 46,7% e 46,2%, respectivamente. Para a alumina, também foram encontrados
teores abaixo dos valores de referência para grande parte das amostras analisadas,
contudo as amostras LN-009B e LN-015C apresentaram teores acima do background
dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 4,37% e 14,8%, respectivamente. Para os
elementos CaO, Na2O, TiO2 e P2O5, todas as amostras exprimiram teores abaixo dos
valores de referência, exceto a amostra LN-015C, a qual obteve teores mais elevados,
configurando-se numa discrepância com relação às demais. O potássio obteve um
comportamento muito similar ao da sílica, cuja maioria das amostras apresentou teores
abaixo dos valores de referência, exceto, também, as amostras LN-004B, LN-015C e
LN-024C, que aduziram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos
granitos, com 1,6%, 0,81% e maior que 1%, respectivamente. O Fe2O3 foi o único
elemento que todas as amostras apresentaram teores acima dos limites de referência. O
FeO, o MgO e o MnO foram elementos em que os teores encontrados, para a maioria
das amostras, encontram-se no intervalo dos valores de referência, ou seja, acima do
background dos granitos e abaixo dos peridotitos.
Na Tabela 04, em anexo, além de constar os elementos maiores, também é possível
apontar resultados relevantes para os elementos F, Cs e Rb. O flúor apresentou como
menor valor a concentração de 472 ppm e o maior valor 24143 ppm, obtendo, então um
Peridotito Granito LN-001B LN-004B LN-004C LN-009B LN-014C LN-015C LN-024C
SiO2 % 43,54 66,1 41 52,9 39,5 40,7 40,4 46,7 46,2
Al2O3 % 3,99 15,2 3,42 2,18 2,24 4,37 3,05 14,8 3,34
Fe2O3 % 2,51 2 10,6 7,17 10,2 9,87 8,96 14,8 7,85
FeO % 9,84 2,7 5,74 1,86 2,37 3,56 4,46 5,57 2,99
MgO % 34,02 2 35,3 28,3 35,1 32,9 32,9 8,36 30,7
MnO % 0,21 0,1 0,17 0,07 0,15 0,13 0,13 0,2 0,2
CaO % 3,46 3,5 0,92 1,36 0,73 2,2 2,45 8,25 1,78
Na2O % 0,56 3,12 0,025 0,069 <0,013 0,022 0,015 >1 0,101
K2O % 0,25 3,24 0,025 1,6 <0,012 0,032 0,053 0,81 >1
TiO2 % 0,81 0,6 0,11 0,07 0,09 0,17 0,09 1,4 0,11
P2O5 % 0,05 0,28 0,011 0,01 0,013 0,019 0,015 0,146 0,015
Tabela 4.3 - Resultados analíticos dos elementos maiores - Serpentinitos - Carnaíba/Pindobaçu
55
teor médio de 8404 ppm, valor este que supera o background estabelecido para os
granitos em mais de onze vezes. O césio expressou quatro amostras com valores abaixo
do limite de detecção do método empregado, que é de 50 ppm, e o maior valor obtido
foi acima do limite máximo de detecção, que é de 200 ppm, conferindo um valor médio
de 99 ppm, que representa quase vinte vezes o valor de background estabelecido para as
rochas graníticas. Já o rubídio, apresentou como menor o teor o valor de 13 ppm e como
maior teor o valor de 407 ppm, consolidando um valor médio de 129 ppm, que é abaixo
dos valores de referência admitidos tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas
graníticas.
Para concluir o levantamento geoquímico dos serpentinitos da região de Carnaíba,
foram selecionadas 4 amostras desta rocha para serem analisadas quanto aos elementos
Au, Pd e Pt. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 4.4, abaixo.
Conforme mostra a tabela, o único resultado relevante foi para a amostra LN-015C, a
qual demonstrou teor de 6 ppb para a Pt, o que não pode ser considerado como anomalia
geoquímica, tendo em vista que o background desse elemento para as rochas
ultramáficas é de 20 ppb.
4.2 Caracterização Geoquímica da região de Socotó-Campo Formoso
A realização da amostragem no âmbito do Garimpo de Socotó (Foto 02) foi bastante
prejudicada pelo fato do abandono das frentes de serviços no local. Somente alguns
poucos garimpeiros permaneceram na região e as informações acerca das outras grunas
desativadas, como profundidade e tempo de serviço, por exemplo, não eram possíveis
de serem obtidas. As vias de acesso locais se encontram em estado bastante degradado e
o comércio local também sofre com a evasão.
Au Pd Pt
ppb ppb ppb
LN-001B serpent init o <5 <5 <5
LN-009B serpent init o <5 <5 <5
LN-014C serpent init o <5 <5 <5
LN-015C serpent init o <5 <5 6
Tabela 4.4 - Resultados Analíticos dos elementos ultra-traço - Serpentinitos - Carnaíba/ Pindobaçu
Sample ID Tipo de Rocha
Absorção Atômica / Fire Assay
56
Deste modo, foram selecionados quatro pontos de coleta na área (Figura 11), onde se
obteve 14 amostras para o encaminhamento das análises químicas. Os resultados
analíticos serão apresentados separadamente, de acordo com a diferente litologia
abordada, para posteriormente serem confrontados e discutidos.
4.2.1 Geoquímica dos Flogopititos
Do mesmo modo que para as demais amostras, foi realizada uma varredura de 32
elementos, através do método de Pasma ICP – Digestão Multiácida, das 9 amostras de
flogopititos coletadas nas frentes de serviço do Garimpo de Socotó. Os resultados
analíticos obtidos se encontram na Tabela 05, em anexo. Somente os resultados mais
significativos serão abordados nos subitens seguintes, com ênfase para os seguintes
elementos: Ba, Be, Co, Cr, Li, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr. Assim como foi feito para as
amostras do distrito de Carnaíba, os teores obtidos para o distrito de Socotó serão
cotejados com os valores de referência das rochas ultramáficas, das rochas graníticas e
da crosta terrestre, cujos backgrounds para cada elemento estão expostos na descrição
dos resultados analíticos dos flogopititos de Carnaíba.
Quartzitos
Gr. Jacobina
Gnaisses/Migmatitos do
embasamento com enclaves
máficos-ultramáficos
Foto 02: Fotomosaico tirada numa visada de oeste para leste, mostrando os rejeitos de uma frente de serviço no
Garimpo de Socotó. A linha tracejada vermelha ao fundo, ilustra a delimitação dos quartzitos do Grupo Jacobina,
ocupando o alto topográfico e os gnaisses e migmatitos, que abrigam enclaves máficos-ultramáficos, ocupando a
porção mais arrasada topograficamente.
57
Distribuição do Bário nos Flogopititos de Socotó
Os resultados obtidos demonstram que todas as amostras apresentaram valores bem
acima do teor médio deste elemento para as rochas ultramáficas. Contudo estas
amostras apresentaram valores abaixo dos teores médios do bário para a crosta terrestre,
exceto a amostra LN-029D, a qual superou esse background, quase chegando a atingir o
valor médio deste elemento para os granitos.
58
Distribuição do Berílio nos Flogopititos de Socotó
Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras se encontram com valores
bem acima dos teores médios da crosta terrestre, assim como das rochas graníticas.
Dentre as amostras, destaca-se a LN-028A, a qual demonstrou um teor vinte vezes
maior do que o estabelecido como background para as rochas graníticas.
59
Distribuição do Cobalto nos Flogopititos de Socotó
Todas as amostras analisadas apresentaram teores bem maiores do que os valores de
background estabelecidos para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Contudo
estes valores ainda se encontram mais baixos do que o valor médio estimado para as
rochas ultramáficas.
60
Distribuição do Cromo nos Flogopititos de Socotó
Do mesmo modo que se comportou a concentração do elemento cobalto, o cromo
também apresentou teores bem mais elevados do que os teores médios estabelecidos
tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas graníticas, entretanto abaixo do valor
de background firmado para as rochas ultramáficas.
61
Distribuição do Lítio nos Flogopititos de Socotó
Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras apresentaram teores
disparadamente mais altos do que os valores de background estabelecidos para a crosta
terrestre, assim como para as rochas graníticas. A discrepância entre os valores obtidos
e os valores de referência é tal, que, na amostra LN-029C, o teor atingido chega a ser
mais de cinquenta vezes maior do que o background estabelecido para os granitos.
62
Distribuição do Níquel nos Flogopititos de Socotó
Os resultados analíticos obtidos para o elemento níquel, seguiram o mesmo
comportamento dos elementos cromo e cobalto, ou seja, todas as amostram
apresentaram valores de concentração muito superiores aos admitidos como background
para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Mas esses valores ficaram abaixo da
metade do valor médio estabelecido para as rochas ultramáficas.
63
Distribuição do Escândio nos Flogopititos de Socotó
Os resultados obtidos demonstram que todas as amostras apresentaram valores maiores
do que os valores médios admitidos para as rochas ultramáficas e graníticas, contudo
somente as amostras LN-026A, LN-027C, LN-029C e LN-029D também apresentaram
teores maiores do que o background estabelecido para a crosta terrestre.
64
Distribuição do Estrôncio nos Flogopititos de Socotó
A distribuição deste elemento mostra que todas as amostras obtiveram valores bem
abaixo dos teores médios estabelecidos tanto para a crosta terrestre quanto para as
rochas graníticas. Mas, quando esses valores são comparados com o background
admitido para as rochas ultramáficas, verifica-se que os mesmos o superam em todas as
amostras, com destaque para a amostra LN-029D, a qual apresentou um valor de
concentração quase que cinquenta vezes maior do que o teor médio das ultramáficas.
65
Distribuição do Vanádio nos Flogopititos de Socotó
Todas as amostras apresentaram valores acima dos teores médios para as rochas
ultramáficas e graníticas, mas somente a amostra LN-029D apresentou teores acima do
background estabelecido para a crosta terrestre.
66
Distribuição do Zinco nos Flogopititos de Socotó
Todas as amostras apresentaram teores bem maiores do que os valores médios
estabelecidos para as rochas ultramáficas e graníticas e somente as amostras LN-027A e
LN-027D apresentaram teores abaixo do background admitido para a crosta terrestre.
Vale ressaltar que a amostra LN-029C apresentou um teor cerca de duas vezes superior
ao teor médio estimado para a crosta terrestre.
67
Distribuição do Zircônio nos Flogopititos de Socotó
Todos os resultados analíticos apontam que os teores para todas as amostras estão bem
abaixo do que os valores de referência utilizados para a crosta terrestre, assim como
para as rochas ultramáficas e graníticas.
Das nove amostras verificadas através da varredura para 32 elementos, foram
selecionadas quatro, para serem analisadas através de diferentes métodos cujos
resultados encontram-se na Tabela 07, em anexo. Dos valores obtidos na referida tabela,
separou-se os dados dos elementos maiores, expressos na forma de óxidos, os quais
estão expostos na Tabela 4.5 abaixo, e comentados em seguida.
Características geoquímicas, petrográficas e metalogenéticas dos flogopititos de carnaíba e socotó, bahia
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Características geoquímicas, petrográficas e metalogenéticas dos flogopititos de carnaíba e socotó, bahia

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS E METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE CARNAÍBA E SOCOTÓ, BAHIA Salvador 2011
  • 2. LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS E METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE CARNAÍBA E SOCOTÓ, BAHIA Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Prof. José Haroldo da Silva Sá Salvador 2011
  • 3. TERMO DE APROVAÇÃO LEONARDO AQUINO PIRES NÁPRAVNÍK Salvador, 8 de julho de 2011 CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS, PETROGRÁFICAS E METALOGENÉTICAS DOS FLOGOPITITOS DE CARNAÍBA E SOCOTÓ, BAHIA Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: José Haroldo da Silva Sá - Orientador Livre Docente e Doutor em Geologia pela USP UFBA Ermesto Alves da Silva Bacharel em Geologia pela UFPE Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Olga Maria Fragueiro Otero Doutora em Geologia pela UFBA UFBA
  • 4. AGRADECIMENTOS Agradeço, especialmente, a vovô Nelson (in memoriam), vovó Célia e minha mãe Virgínia, pelo apoio incondicional em todos os momentos e por sempre acreditarem e investirem em meu potencial, a meus tios Fernando, Júnior, Ilma, Sílvia, Mariana, Maria Clara, Olga e Abdias por todo incentivo e confiança. A meus primos Matheus, Fernanda e Maurício. A Liliana Coelho (Lily), uma pessoa muito especial que apareceu em minha vida. Ao meu orientador e amigo, professor Haroldo Sá, uma pessoa e profissional que desde sempre admirei, muito obrigado pela sua inestimável paciência e incentivo, os quais foram fundamentais para que eu pudesse chegar à conclusão desse trabalho. A CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, por todo suporte oferecido para a realização deste trabalho, desde a disponibilização de veículo para a etapa de campo, as confecções das lâminas petrográficas e os subsídios para a realização das análises químicas. Em especial ao geólogo Ernesto Alves, que ao longo desses anos vêm proporcionando esse tipo de apoio aos estudantes formandos do IGeo-UFBA. Ao motorista, Sr. Joel, pelo companheirismo na etapa de campo. Aos funcionários Rosa Amélia, Teresa Cristina e Val, pela atenção concedida. Aos amigos e colegas do Instituto de Geociências: André Souza, Lucas Nery, Tiago Ximenes, Thiago Novaes, Cristiano Muller, Marcos (Bento), Luciano (Careca), Eder Medeiros, Zilda Gomes, Lucas Phidalelpho, Eduardo, Guilherme Gonçalves (Guiga), Davidson Queiroz, Mileno Loula, Alice (Felícia), Talita Fernandes, Naedja, Alex Moura e todos aqueles que sempre acreditaram em mim. Aos funcionários Deraldo, Alberto, André, Dona Lala, Mércia, Lídia, Dona Naná, Carlos Bossal, Jairo e Marcelinho. Aos professores Aroldo Misi, Osmário Leite, Paulo Avanzo, Geraldo Leahy, Facelúcia, Lamarck (in memoriam), Olga Otero (pela paciência nas correções desse trabalho), Iracema Reimão, Heraldo Peixoto, Tânia, Reginaldo Alves, Augusto Pedreira, Vilson Marques, Vilton, Hernani (pelo apoio na Difratometria de Raio-X), Telésforo Martinez e todos aqueles que tiveram papel fundamental na construção do meu conhecimento geológico.
  • 5. “Todos estes que aí estão Atravancando o meu caminho, Eles passarão. Eu passarinho!” Mário Quintana
  • 6. RESUMO Este trabalho apresenta os resultados obtidos na caracterização petrográfica, geoquímica e metalogenética realizada para os flogopititos dos distritos garimpeiros de Carnaíba- Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso, localizados na porção centro-norte da Serra de Jacobina, no estado da Bahia. Os flogopititos são rochas derivadas dos serpentinitos, em decorrência da ação hidrotermal promovida pelos fluidos finais de corpos graníticos que se colocaram no final do Paleoproterozóico. A petrografia apontou que os flogopititos são constituídos, predominantemente, pela mica flogopita, acompanhada, em quantidades variáveis, de anfibólio, quartzo, dolomita, fluorita, turmalina e berilo, ocorrendo como acessórios a titanita, o espinélio e o zircão, além de minerais opacos. Os serpentinitos encaixantes apresentaram, além da serpentinita que o caracteriza, grande quantidade de talco e, subordinadamente, fluorita, quartzo, plagioclásio, flogopita/clorita, dolomita e opacos. A caracterização geoquímica permitiu verificar que houve o aporte dos elementos traço Ba, Be, Li, Sc, Sr, F, Cs e Rb nos flogopititos de ambas as áreas estudadas, e uma depleção para os elementos Co, Cr, Ni e V. Em relação aos elementos maiores, foi notado o acréscimo nos teores de Al2O3, Fe2O3, FeO, K2O, TiO2 e P2O5 e uma defasagem nos teores de MgO, CaO e Na2O. Quanto aos elementos escassos, somente três amostras do distrito de Carnaíba apresentaram teores acima do background para o elemento Au, contudo não configurando anomalias de grande expressão. Os elevados teores de potássio sugerem que os flogopititos sejam uma potencial fonte deste elemento, o qual é indispensável na agroindústria, contudo a estrutura do mineral que o comporta é bastante fechada, não permitindo a sua rápida liberação e comprometendo a sua utilização em culturas de curto ciclo. Palavras-Chave: Flogopititos; Hidrotermalismo; Fontes Alternativas de Potássio
  • 7. SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 1 1.1 OBJETIVOS........................................................................................................................ 2 1.2 MÉTODOS DE TRABALHO ............................................................................................ 3 2- ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ........................................................................................... 4 2.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ........................................................................... 4 2.2 GEOMORFOLOGIA ......................................................................................................... 5 2.3 CLIMA................................................................................................................................ 6 2.4 HIDROGRAFIA ................................................................................................................ 6 2.5 VEGETAÇÃO .................................................................................................................... 8 3-GEOLOGIA ............................................................................................................................. 9 3.1 GEOLOGIA REGIONAL................................................................................................... 9 3.1.1 Complexo Mairi .................................................................................................... 11 3.1.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso............................................. 11 3.1.3 Greenstone Belt de Mundo Novo.......................................................................... 11 3.1.4 Grupo Jacobina...................................................................................................... 12 3.1.5 Granitos Intrusivos ................................................................................................ 13 3.1.6 Grupo Una............................................................................................................. 13 3.1.7 Coberturas Cenozóicas.......................................................................................... 14 3.2 GEOLOGIA LOCAL........................................................................................................ 15 3.2.1 Geologia da Região de Carnaíba........................................................................... 16 3.2.1.1 Complexo Gnáissico Migmatítitico............................................................... 17 3.2.1.2 Greenstone Belt de Mundo Novo.................................................................. 17 3.2.1.3 Grupo Jacobina.............................................................................................. 17 3.2.1.4 Granitos Intrusivos ........................................................................................ 18 3.2.1.5 Sedimentos Terciários-Quaternários ............................................................. 18 3.2.2 Geologia da Região de Socotó .............................................................................. 19 3.2.2.1 Complexo Gnáissico Migmatítitco................................................................ 20
  • 8. 3.2.2.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso..................................... 20 3.2.2.3 Grupo Jacobina.............................................................................................. 20 3.2.2.4 Granito de Campo Formoso .......................................................................... 20 3.2.2.5 Grupo Una Indiferenciado............................................................................. 21 4-CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA .............................................................................. 22 4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA REGIÃO DE CARNAÍBA-PINDOBAÇU 25 4.1.1 Geoquímica dos Flogopititos................................................................................. 25 4.1.2 Geoquímica dos Serpentinitos............................................................................... 41 4.2 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA REGIÃO DE SOCOTÓ-C.FORMOSO ..... 55 4.2.1 Geoquímica dos Flogopititos................................................................................. 56 4.2.2 Geoquímica dos Serpentinitos............................................................................... 69 4.3 RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÕES .................................................................. 82 5-CARACTERÍSTICAS PETROGRÁFICAS ....................................................................... 89 5.1 FLOGOPITITOS DE CARNAÍBA E DE SOCOTÓ........................................................ 89 5.2 SERPENTINITOS DE CARNAÍBA E DE SOCOTÓ...................................................... 97 6-FLOGOPITITOS E O SEU POTENCIAL COMO FONTE DE POTÁSSIO ............... 101 7-CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 106 8-REFERÊNCIAS................................................................................................................... 109 9-ANEXOS .............................................................................................................................. 113
  • 9.   LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 – Mapa de Localização da cidade de Pindobaçu ..................................................... 4 FIGURA 02 – Mapa de Localização da cidade de Campo Formoso ........................................... 4 FIGURA 03 – Principais vias de acesso ligando a capital Salvador à cidade de Campo Formoso ....................................................................................................................................................... 5 FIGURA 04 – Mapa de localização da Bacia do Itapicuru no estado da Bahia........................... 7 FIGURA 05 – Esboço do Craton do São Francisco e suas Faixas Marginais.............................. 9 FIGURA 06 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso........... 10 FIGURA 07 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso........... 15 FIGURA 08 – Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba ......................................... 16 FIGURA 09 – Mapa geológico simplificado da região de Socotó............................................. 19 FIGURA 10 – Mapa geológico simplificado do perímetro da Reserva Legal de Garimpo – Carnaíba, constando os pontos de coleta..................................................................................... 22 FIGURA 11 – Mapa geológico simplificado da região de Campo Formoso, constando os pontos de coleta realizados no Garimpo de Socotó ................................................................................ 23 FIGURA 12 – Gráfico de distribuição dos Elementos Terras Raras nos flogopititos (em azul) e nos serpentinitos (em vermelho), tanto em Carnaíba quanto em Socotó. ................................... 88 FIGURA 13 – Difratometria de Raios-X da amostra LN-001C, demonstrando a predominância da flogopita e alguns vestígios de anfibólios............................................................................... 96 FIGURA 14 – Difratometria de Raios-X da amostra LN-023A, demonstrando a presença da flogopita ...................................................................................................................................... 96
  • 10. LISTA DE FOTOS FOTO 01 - Fotomosaico tirada numa visada de norte para sul, a partir de Carnaíba de Cima, mostrando, ao fundo, o Povoado de Carnaíba de Baixo ............................................................. 25 FOTO 02 - Fotomosaico tirada numa visada de oeste para leste, mostrando os rejeitos de uma frente de serviço no Garimpo de Socotó ..................................................................................... 56 FOTO 03 - Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extração de esmeralda nos garimpos de Carnaíba-Pindobaçu..................................................................................104 FOTO 04 - Pilha de rejeito (flogopititos) decorrente da extração de esmeralda nos garimpos de Socotó-Campo Formoso ...........................................................................104 LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS FOTOMICROGRAFIA 01 - Textura lepidoblástica impressa pela orientação das flogopitas, as quais perfazem mais de 90% da rocha. Amostra LN-020B ...................................................... 89 FOTOMICROGRAFIA 02 - Textura lepidoblástica impressa pela orientação das flogopitas. Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socotó..................................................................... 90 FOTOMICROGRAFIA 03 - Textura nematolepidoblástica marcada pela presença do anfibólio em meio às flogopitas. Amostra LN-003B, coletada no distrito de Carnaíba.............. 90 FOTOMICROGRAFIA 04 - Textura nematolepidoblástica marcada pela presença do anfibólio em meio às flogopitas. Amostra LN-027B, coletada no distrito de Socotó................. 90 FOTOMICROGRAFIA 05 - Presença do anfibólio antofilita, o qual, por vezes, apresenta-se talcificado. Amostra LN-003B, coletada no distrito de Carnaíba. ............................................. 91 FOTOMICROGRAFIA 06 - Presença de piroxênio (augita) ao lado de cristal de fluorita, truncando a orientação impressa pelas flogopitas. Amostra LN-014A, coletada no distrito de Carnaíba ...................................................................................................................................... 92 FOTOMICROGRAFIA 07 - Presença de cristais de dolomita em meio às flogopitas e o quartzo. Amostra LN-019A, coletada no distrito de Carnaíba.................................................... 92 FOTOMICROGRAFIA 08 - Corte basal de cristal de turmalina, truncando a orientação estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-019A, coletada no distrito de Carnaíba ................. 93 FOTOMICROGRAFIA 09 - Aglomerado de turmalinas em meio às flogopitas. Amostra LN- 026A, coletada no distrito de Socotó. ........................................................................................ 93
  • 11. FOTOMICROGRAFIA 10 - Veio de quartzo disposto concordantemente com a orientação estabelecida pelas flogopitas. Amostra LN-026A, coletada no distrito de Socotó .................... 94 FOTOMICROGRAFIA 11 - Presença da fluorita em meio às flogopitas. Amostra LN-014A, coletada no distrito de Carnaíba.................................................................................................. 94 FOTOMICROGRAFIA 12 - Cristais anédricos de berilo em meio às flogopitas. Amostra LN- 026A, coletada no distrito de Socotó .......................................................................................... 95 FOTOMICROGRAFIA 13 - Textura nematoblástica impressa pela presença de cristais de anfibólio e serpentinita. Amostra LN-001B, coletada no distrito de Carnaíba ........................... 97 FOTOMICROGRAFIA 14 - Textura nematolepidoblástica ocasionada pela presença de flogopita em meio a serpentinita ................................................................................................ 97 FOTOMICROGRAFIA 15 - Cristais aciculares e radiais de antigorita. Amostra LN-004C, coletada no distrito de Carnaíba.................................................................................................. 98 FOTOMICROGRAFIA 16 - Porfiroblasto de dolomita mantendo contato irregular com as serpentinitas circundantes. Amostra LN-010A, coletada no distrito de Carnaíba ...................... 99 FOTOMICROGRAFIA 17 - Porfiroblasto de fluorita mantendo contato reto a irregular com as serpentinitas e talco circundantes. Amostra LN-021B, coletada no distrito de Carnaíba ...... 99 FOTOMICROGRAFIA 18 - Presença de minerais opacos submilimétricos, predominantemente, anédricos. Amostra LN-026C, coletada no distrito de Socotó ............... 100 FOTOMICROGRAFIA 19 - Lâmina da amostra LN-015C, a qual demonstra características petrográficas totalmente diferente das demais amostras de serpentinitos, se tratando de um anfibolito .................................................................................................................................. 100
  • 12. LISTA DE TABELAS TABELA 4.1 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Flogopititos - Carnaíba/Pindobaçu ................................................................................................................... 38 TABELA 4.2 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Flogopititos – Carnaíba/Pindobaçu ................................................................................................................... 40 TABELA 4.3 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Serpentinitos – Carnaíba / Pindobaçu................................................................................................................................... 54 TABELA 4.4 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Serpentinitos – Carnaíba / Pindobaçu................................................................................................................................... 55 TABELA 4.5 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Flogopititos – Socotó / Campo Formoso...................................................................................................................................... 68 TABELA 4.6 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Flogopititos – Socotó / Campo Formoso...................................................................................................................................... 69 TABELA 4.7 – Resultados analíticos dos elementos maiores – Serpentinitos – Socotó / Campo Formoso...................................................................................................................................... 81 TABELA 4.8 – Resultados analíticos dos elementos escassos – Serpentinitos – Socotó / Campo Formoso...................................................................................................................................... 82 TABELA 4.9 – Valores médios dos elementos traço - Flogopititos – Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso........................................................................................................... 83 TABELA 4.10 – Valores médios dos elementos traço – Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso........................................................................................................... 83 TABELA 4.11 – Valores médios dos elementos maiores - Flogopititos – Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso....................................................................................................... 85 TABELA 4.12 - Valores médios dos elementos maiores - Serpentinitos – Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso....................................................................................................... 85 TABELA 4.13 – Valores médios dos elementos Flúor, Césio e Rubídio – Flogopititos & Serpentinitos - Carnaíba / Pindobaçu & Socotó / Campo Formoso............................................ 86 TABELA 6.1 – Resultados analíticos para os elementos maiores nos Flogopititos de Carnaíba & Socotó................................................................................................................................... 102
  • 13. 1 1 INTRODUÇÃO A serra de Jacobina constitui uma importante província metalogenética do Estado da Bahia, encerrando uma série de depósitos minerais, dentre estes o ouro associado às rochas metassedimentares do Grupo Jacobina, o cromo atrelado ao Complexo Máfico- Ultramáfico de Campo Formoso, o manganês que ocorre nas sequências metavulcanossedimentares do Complexo Itapicuru, a barita encaixada nos metassedimentos da Unidade Itapura, além da esmeralda que vem sendo lavrada em caráter de garimpo nas regiões de Pindobaçu-Carnaíba e Campo Formoso-Socotó. Somados aos depósitos supracitados pode-se apontar, também, uma série de ocorrências minerais de menor expressão, como, por exemplo, cristal de rocha, ametista, apatita, caulim, dentre outras. As referidas ocorrências de esmeralda na porção norte da serra de Jacobina, em especial no povoado de Carnaíba, município de Pindobaçu, foram descobertas no ano de 1963 (Santana & Moreira, 1980), promovendo, então, um grande adensamento populacional na região, que no auge de sua exploração, ao final da década de 1970, chegou a abrigar cerca de 15 mil habitantes que se espalharam nas circunvizinhanças, formando os outros núcleos de produção da gema, conhecidos como Carnaíba de Cima, Bode-Lagarto- Gavião, Arrozal, Bráulia e Marota, os quais, em 1978, foram englobados pelo Departamento Nacional de Produção Mineral-DNPM numa área legal de garimpo, com 3.692 hectares (Moreira & Silva, 2006). Naquela época, a produção anual da gema na região era de, aproximadamente, 31.000 quilogramas, representando 25% do valor total das exportações brasileiras de pedras preciosas brutas e lapidadas, excluindo-se o diamante, movimentando o montante de 5 milhões de dólares anuais, garantindo à Bahia o status de maior produtor de esmeraldas no país (Moreira & Silva, op.cit.). Na década de 1980 foram descobertas novas ocorrências de esmeraldas em Socotó, município de Campo Formoso, culminando numa evasão da região de Carnaíba e, consequentemente, uma forte queda na sua produção. Ainda na década de 1980, outras ocorrências descobertas, desta vez nos estados de Goiás e Minas Gerais, decretaram de vez a decadência da produção de esmeralda na região de Carnaíba. Contudo, a partir de 1991, houve uma retomada das atividades, com um número reduzido de frentes de serviços e um maior aporte financeiro e técnico, resultando numa otimização da
  • 14. 2 produção e o aprofundamento das cavas, que antes não passavam dos 60 metros de profundidade, agora chegando a atingir os 120 metros. Apesar das transações em torno da gema terem gerado uma receita considerável para os envolvidos no negócio, muito pouco ou quase nada foi investido no sentido de buscar um melhor entendimento do modo de ocorrência da gema, da sua gênese e perspectivas de aumento da produção, assim como da melhoria nas condições de trabalho. Os esforços nesse sentido partiram através de ações governamentais, principalmente por meio da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM, a qual desde a década de 1970 desenvolve trabalhos de investigação geológica na região, resultando na elaboração de mapas e perfis geológicos, além de relatórios técnicos descrevendo a situação das áreas em exploração e apontando novas áreas com potencial produtivo. Vale ressaltar, também, os trabalhos acadêmicos que foram desenvolvidos, sobretudo os de Griffon et al. (1967) e Rudowiski (1989). Com o intuito de contribuir para o conhecimento geológico da região de Carnaíba e Socotó, o presente trabalho, que representa uma parceria entre a Universidade Federal da Bahia e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, apresentará os resultados do levantamento geoquímico e petrográfico realizado com as rochas portadoras de esmeralda, assim como das rochas encaixantes. 1.1 Objetivos Tendo em vista as bibliografias que abordam a área em apreço, apontando como responsável pela mineralização da esmeralda, a interação entre os granitoides paleoproterozóicos e as rochas máficas-ultramáficas, processo este que promoveu um intenso hidrotermalismo, com a geração dos flogopititos portadores da gema, neste trabalho buscar-se-á verificar o grau de interação geoquímico entre as rochas envolvidas no referido processo, através da análise do hidrotermalito. Ou seja, de posse dos resultados analíticos dos flogopititos, verificar-se-á qual foi o aporte geoquímico de elementos tipicamente provenientes dos granitos, assim como quais os elementos inerentes às rochas máficas-ultramáficas que permaneceram com as concentrações originais, tendo como background os resultados analíticos dos serpentinitos (encaixantes) poupados do processo hidrotermal em tela. Complementarmente, a análise
  • 15. 3 petrográfica permitirá a constatação das possíveis transformações mineralógicas decorrentes das alterações químicas. Por fim, será abordada de maneira preliminar a possibilidade do aproveitamento do flogopitito como potencial fonte de potássio para a agroindústria. 1.2 Métodos de Trabalho O trabalho foi desenvolvido, basicamente, em quatro etapas, a saber: i) levantamento do acervo bibliográfico, momento em que foram reunidos e confrontados todos os dados tocantes à área de trabalho, principalmente os relatórios técnicos elaborados pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM, especialmente as publicações referentes à Série Arquivos Abertos números 9 e 25 (Santana et.al., 1995 e Moreira & Silva, op.cit., respectivamente), o Projeto Esmeralda (Santana & Moreira, op.cit.), o Projeto Carnaíba, 1ª e 2ª etapas, (Santana, 1981), o Projeto Avaliação das Mineralizações de Esmeralda de Carnaíba (Moreira & Silva, op.cit.), além de trabalhos acadêmicos, sobretudo a Tese de Doutoramento de Rudowiski, defendida em 1989; ii) levantamento de campo, o qual teve a duração de 10 dias, envolvendo visitas às frentes de serviço dos garimpos enquadrados na Reserva Legal de Carnaíba, além dos serviços do Garimpo de Socotó, com a coleta de amostras de rochas portadoras de esmeralda e, também, das suas encaixantes (estéreis), com o devido controle da profundidade em que foram extraídas, georreferenciamento dos pontos de coleta, registros fotográficos e entrevistas com os garimpeiros; iii) caracterização geoquímica e petrográfica, quando, em posse dos resultados analíticos e das lâminas delgadas, foram gerados gráficos da distribuição dos elementos químicos e a sua espacialização em planta, através de mapas, assim como a análise petrográfica em microscópio eletrônico, verificando-se, deste modo, a trama mineralógica das rochas mineralizadas e das suas encaixantes, e, por fim; iv) elaboração do relatório final, contemplando os resultados obtidos e as considerações acerca do objetivo proposto.
  • 16. 4 2 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS Para levar em efeito os objetivos propostos, foram selecionadas duas áreas distintas (Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso), distantes entre si cerca de 50 km na direção norte-sul, localizadas na porção norte da serra de Jacobina, ambas produtoras de esmeralda. 2.1 Localização e Vias de Acesso As duas áreas em tela estão localizadas na porção centro-norte do Estado da Bahia (Figuras 01 e 02). As principais vias de acesso, partindo da capital Salvador, se faz através da BR-324, percorrendo cerca de 112 km até a cidade de Feira de Santana, a partir de onde é adotada a BR-116, num pequeno trecho de, aproximadamente, 20 km, onde volta a ser adotada a BR-324 até a cidade de Capim Grosso, num percurso de 102 km, por onde se segue no sentido norte, através da BR-407 até a cidade de Senhor do Bonfim, percorrendo-se 106 km, e, por fim, adota-se a BA-131 até a cidade de Campo Formoso, totalizando um percurso de 412 km (Figura 03). A partir de Campo Formoso, são adotados dois caminhos diferentes até as áreas de trabalho: i) para Socotó, segue-se através de estrada não pavimentada, num percurso de 10 km para norte de Campo Figura 01: Mapa de localização da cidade de Pindobaçu. Fonte: Wikipédia, 2010. Figura 02: Mapa de localização da cidade de Campo Formoso. Fonte: Wikipédia, 2010.
  • 17. 5 Formoso, e; ii) para Carnaíba, adotando-se a BA-131 até a cidade de Pindobaçu, de onde é tomada estrada não pavimentada até o povoado de Carnaíba, num percurso de 32 km para sul de Campo Formoso. 2.2 Geomorfologia A região que comporta a Serra de Jacobina é composta por cinco domínios geomorfológicos distintos, os quais foram definidos através de trabalhos de fotointerpretação, sustentados pelas atividades de campo, realizados pelos estudantes da Universidade Federal da Bahia, sob a orientação dos professores Antônio Marcos e Flávio Sampaio, sendo sumarizados em: i) Relevo Montanhoso, o qual possui um controle litológico e estrutural bem evidente, com os topos em torno de 1.100 metros de altitude, sustentados por quartzitos, e os vales bastante profundos e estreitos, devido à presença de rochas de baixa resistência intempérica/erosiva, proporcionando desníveis de até 500 metros; ii) Cristas Residuais, apresentando um alinhamento N-S e E-W impresso pela presença de veios de quartzo de grande magnitude; iii) Relevo Ondulado, cujos topos são arredondados, às vezes com formato “meia laranja”, com cotas variando entre 400 e 900 metros, predominando nos domínios onde afloram os granitóides; iv) Depósitos de Tálus, caracterizado pela presença de um material totalmente imaturo, composto por uma mistura de detritos de dimensões e composições Figura 03: Principais vias de acesso ligando a capital Salvador à cidade de Campo Formoso. Fonte: Google Maps, 2010.
  • 18. 6 variadas, angulosos, provenientes das regiões serranas, logo ocorrendo nas margens dos dois primeiros domínios supracitados, e; v) Planícies Aluvionares, na qual predomina o modelado de acumulação, sendo desenvolvidas nas várzeas susceptíveis à inundações em épocas de chuva e ao longo das drenagens perenes, quando estas atingem um nível de energia mais baixo. 2.3 Clima O clima da região é profundamente afetado pela disparidade geomorfológica ali presente, de modo que a existência de cotas em torno de 1.400 metros nas porções serranas em contraste com cotas de 350 metros nas planícies aluviais, condicionou a predominância de dois domínios climáticos que, de acordo com a classificação climática de Koppen & Geiger (1928), são: i) Cfa, temperado e úmido, predominando na serra de Jacobina, entre as cidades de Jacobina e Jaguarari, além da sua porção ocidental, caracterizado por temperaturas oscilando entre os 18° e 34° C, com verões quentes e sem estação seca, cujos meses mais quentes são dezembro e janeiro e os mais frios entre junho e agosto, e a pluviosidade variando entre 600 e 900 mm, distribuídas em todo ano, com uma maior intensidade entre novembro/janeiro e março/abril, e; ii)Bsh, semi- árido quente, típicos de região de caatinga e do agreste, com uma estação chuvosa irregular entre os meses de outubro e abril, com temperaturas médias em torno dos 27° C, cujo mês mais quente (dezembro ou janeiro) atinge os 34° C e o mais frio (julho) 22° C e pluviosidade oscilando entre 400 e 500 mm anuais, distribuídas entre os meses de novembro a março. 2.4 Hidrografia A área de estudo faz parte da bacia do rio Itapicuru (Figura 04), mais precisamente na região do Alto do Itapicuru, o qual drena uma área de, aproximadamente, 36.440 km2 , cujas nascentes ocorrem na região de Campo Formoso, Antônio Gonçalves e Jacobina apresentando importantes drenagens, dentre estas, o rio Itapicuru-Açu, o rio Aipim e o rio da Fumaça (SEI, 1994f). O rio Itapicuru-Açu faz divisa a sul com os municípios de Saúde e Ponto Novo e a oeste com os municípios de Mirangaba e Antônio Gonçalves, sendo que no extremo noroeste do município de Pindobaçu este rio é denominado de riacho da Madalena, possuindo um caráter intermitente, fluindo inicialmente de nordeste
  • 19. 7 para sudoeste e, após receber contribuições de drenagens provenientes do município de Antônio Gonçalves, passa a fluir no sentido norte-sul até a foz do rio Sambaíba, este último proveniente do município de Mirangaba, passando, então, a fluir na direção leste com um caráter perene. Já o rio Aipim ocorre no limite entre os municípios de Pindobaçu e Antônio Gonçalves, fluindo inicialmente para leste, com caráter intermitente, passando, posteriormente, a fluir no sentido sudeste, até a divisa com Filadélfia, onde assume o caráter perene até desembocar no rio Itapicuru-Açu. O rio da Fumaça corre de noroeste para sudeste e é um dos principais afluentes da margem esquerda do rio Itapicuru-Açu no município de Pindobaçu, o qual percorre cerca de 350 km até alcançar o litoral ao norte de Salvador, onde apresenta vazão de 14 m3 /s. Figura 04: Mapa de localização da Bacia do Itapicuru no Estado da Bahia. Fonte: SRH, 2002.
  • 20. 8 2.5 Vegetação A região em tela pode ser dividida em cinco unidades de vegetação, segundo o levantamento realizado pelos alunos da Universidade Federal da Bahia, durante o mapeamento multitemático orientado pelos professores Antônio Marcos e Flávio Sampaio, as quais serão sumarizadas a seguir: i) Floresta Estacional Decidual, caracterizada principalmente por apresentar uma vegetação arbórea fechada com altura média de 15 a 25 metros e arbustiva, estando assentada nos litotipos – quartzitos, filitos e formações ferríferas - do Complexo Itapicuru e sobre os sedimentos de leques coluvionares, ambos apresentando solo areno-argiloso e cotas que variam de 500 a 850m, sendo a mais densa vegetação da área, de extrema importância, pelo fato de conter os deslizamentos de terra nas encostas, além de ajudar a proliferar a biota local; ii) Mata de Galeria, apresenta características fisionômicas similares às encontradas na Floresta Estacional Decidual, entretanto de ocorrência restrita, limitada aos vales longitudinais e em alguns vales transversais, condicionadas pela presença dos solos argilosos provenientes do intemperismo/pedogênese das rochas máficas-ultramáficas; iii) Mata Ciliar, fortemente controlada pela presença das drenagens, ocupando as suas margens, em cotas em torno de 550 metros, caracterizada por apresentar vegetação arbustiva arbórea de pequenas arvoretas que chegam, no máximo, a 5 metros; iv) Cerrado/Caatinga, ocorrendo em cotas que variam de 580 a 660 metros, é caracterizada principalmente por apresentar uma vegetação arbustiva arbórea, com altura que varia de 4 a 12 metros, restritas aos solos areno-argilosos provenientes das rochas graníticas, e, por fim; v) Caatinga, tratando-se de uma variedade de Cerrado gramíneo-lenhoso, também conhecida como gerais, geralmente associada aos quartzitos do Grupo Jacobina, dando origem a um solo areno-quartzoso e caracterizada por apresentar uma vegetação de gramíneas pouco expressivas intercalada por locais desprovidos de vegetação.
  • 21. 9 3 GEOLOGIA 3.1 Geologia Regional A geologia da região em tela está inserida no contexto do Cráton do São Francisco, o qual foi pioneiramente descrito por Almeida (1977), tratando-se de uma entidade geotectônica estabilizada durante o Paleoproterozóico, após o evento orogenético responsável pela amalgamação de quatro peleocontinentes que o integram - Bloco Gavião, Bloco Jequié, Bloco Serrinha, encerrando o paleooceano Itabuna-Salvador- Curaçá – (Barbosa & Sabaté, 2003), e que teve os seus limites redefinidos pela orogênese Brasiliana, cujas faixas móveis apresentam-se contornando-o (Figura 05). A colisão de placas supracitada promoveu a estruturação de um grande lineamento, denominado Lineamento Contendas-Jacobina, o qual se estende por mais de 600 km, aproximadamente N-S, sendo interpretados como uma geossutura que limita os blocos arqueanos envolvidos no evento. Figura 05: Esboço do Cráton do São Francisco e suas Faixas Marginais. Modificado de Alkimin et al. (1996).
  • 22. 10 Deste modo, as unidades litológicas presentes na região em foco compõem o Bloco Gavião, sendo representadas por gnaisses, granitos indivisos, anfibolitos, metaultramáficas e metassedimentares do Complexo Mairi, uma associação de rochas máficas-ultramáficas, referentes ao Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso, uma sequência vulcanossedimentar do tipo greenstone belt, denominada de Greenstone Belt de Mundo Novo, a sequência metassedimentar do Grupo Jacobina e os granitóides decorrentes da fase final da colisão Paleoproterozóica, ou seja, da fase de colapso orogenético. Além das unidades supracitadas, as quais compõem o embasamento Arqueano-Paleoproterozóico, é possível apontar a cobertura plataformal Neoproterozóica, representada pelo Grupo Una e a cobertura Cenozóica, representada pela Formação Caatinga e as coberturas detríticas indiferenciadas (Figura 06). Figura 06: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Campo Formoso (adaptado de CPRM-CBPM, 2000).
  • 23. 11 A seguir será feita uma descrição sumarizada das principais Unidades Litológicas que integram a geologia da região e que estão representadas no mapa da Figura 06. 3.1.1 Complexo Mairi Compreende terrenos TGG’s (tonalito-granodiorito-granitos) migmatizados e gnaissificados, remanescentes isolados de seqüências supracrustais representadas por quartzitos e formações ferríferas, além de estreitos corpos de rochas máfica- ultramáficas, sendo todo o pacote polideformado e metamorfisado em fácies anfibolito. Datações através do método Rb-Sr forneceram idades em torno de 2,66 Ga (Sato, 1986 apud Mascarenhas et al., 1998). 3.1.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso Este complexo foi inicialmente definido por Couto et. al. (1978) e consiste numa grande intrusão diferenciada, com aproximadamente 40 quilômetros de comprimento e 1,2 quilômetro de espessura, composta por uma associação de serpentinitos, talco- cloritaxistos, talco-tremolitaxistos e anfibolitos, provenientes de alterações hidrotermais resultantes da interação entre seus protólitos peridotíticos e piroxeníticos com os granitóides paleoproterozóicos. Toda a sequência apresenta-se intensamente deformada pelas falhas de empurrão, cujo transporte tectônico aponta, a grosso modo, para o sentido W, colocando-a sobre o embasamento arqueano e desmembrando-a em fatias, dificultando, deste modo, a sua reconstituição estratigráfica e sua variação lateral. Contudo, Thayer (1970 apud Couto et al. 1978), com base em parâmetros fornecidos pelo padrão das camadas de cromitito estratiforme presentes neste complexo, inferiu que as porções mediana e superior desta sequência foram erodidas e que sua espessura original era de 4 quilômetros. Topitsch (1993) estimou sua idade, com base em comparações com intrusões máficas-ultramáficas de mesma natureza que ocorrem em outros crátons (Austrália Ocidental e Zimbabwe), como arqueana (~ 2,5-2,7 Ga). 3.1.3 Greenstone Belt de Mundo Novo Trata-se de uma sequência vulcanossedimentar orientada, aproximadamente, na direção N-S, ocorrendo entre as cidades de Rui Barbosa e Juazeiro, inicialmente definida nas
  • 24. 12 cidades de Mundo Novo e Piritiba por Mascarenhas & Silva (1994), os quais estabeleceram a sua estratigrafia como composta, da base para o topo, por: i) anfibolitos, cuja geoquímica apontou uma filiação toleítica tipo MORB; ii) tremolititos e metaultramafitos com prováveis protólitos komatiíticos (Topitsch, 1993); (iii) metavulcânicas máficas compostas por metabasaltos, por vezes, apresentando estruturas tipo pillow lava (Roig et al., 1992), cujos padrões de ETR apontam semelhanças aos toleítos de back-arc; (iv) metavulcânica félsica de filiação calcialcalina; (v) rochas metassedimentares representadas por pelitos, arcóseos e grauvacas equilibradas em condições de metamorfismo de fácies xisto verde a anfibolito. Estudos geocronológicos realizados por Peucat et al. (2002 apud Leite, 2002), utilizando o método U-Pb SHRIMP em zircões obtidos em rochas metavulcânicas félsicas, atestam idade de 3,3 Ga. Posteriormente, Mascarenhas et al. (1998) incluiu nesta sequência as rochas metassedimentares correspondentes as formações Bananeiras e Cruz das Almas (Leo et al., 1964) e o Complexo Saúde (Couto et al., 1978; Melo et al., 1995). 3.1.4 Grupo Jacobina Esta unidade representa parte do registro de uma bacia sedimentar, metamorfisada e deformada, cujas dimensões aproximadas são de 300 km de extensão e uma largura variável, atingindo, no máximo, 20 km. Encontra-se orientada segundo a direção N-S e exibe forte mergulho para E. Zonas de cisalhamento dúcteis de transpressão e transcorrência foram responsáveis pelo imbricamento tectônico, que, por vezes, colocam esta sequência empilhada sobre os ortognaisses a oeste e sob os paragnaisses a leste. Em decorrência das inúmeras controvérsias acerca do empilhamento estratigráfico desta unidade, será, aqui, admitida a estratigrafia proposta por Mascarenhas et.al. (1992), que comporta, da base para o topo, cinco unidades litoestratigráficas, a saber: i) Formação Serra do Córrego, a qual é composta por intercalações de quartzitos e metaconglomerados, estes últimos portadores de mineralizações auríferas, oligomíticos, embora se apresentem texturalmente imaturos, arredondados a subangulosos, por vezes estirados; ii) Formação Rio do Ouro, mantendo um contato gradacional com a unidade sotoposta, composto por quartzitos finos a médios, de coloração variando entre verde (quando em presença da fucsita) e branco, apresentando níveis delgados e descontínuos de metaconglomerado em sua base e com estruturas primárias preservadas (estratificações cruzadas e marcas onduladas assimétricas) indicando que o sentido das
  • 25. 13 paleocorrentes foram de E para W; iii) Formação Cruz das Almas, composta por uma associação ritmicamente intercalada de clorita xistos, quartzo-sericita xistos, filonitos, filitos e metarenitos, muito bem representada na porção noroeste de Pindobaçu; iv) Formação Serra do Meio, com ocorrências na borda leste do Grupo Jacobina, principalmente nas cidades de Jacobina, Pindobaçu e Jaguarari, sendo composta por alternâncias de quartzitos/metarenitos brancos com níveis decimétricos de andaluzita xistos, normalmente exibindo estruturas primárias, tais quais estratificações plano- paralelas, cruzadas de pequeno a médio porte do tipo espinha-de-peixe, gradando, em direção ao topo, para estratificações cruzadas do tipo hummocky, e, completando a sequência; v) Formação Serra da Paciência, também constituída por metarenitos e quartzitos, restrita a porção centro-norte da Serra de Jacobina e nas imediações de Pindobaçu. 3.1.5 Granitos Intrusivos Tratam-se de maciços das mais variadas dimensões, em geral, leucocráticos, compostos predominantemente por quartzo, feldspato, biotita, moscovita e, por vezes, granada, de textura porfirítica a homogênea, por vezes apresentando orientação impressa pelo fluxo magmático e/ou milonitização. Dentre esses granitos, os mais importantes na área de trabalho são o de Campo Formoso e o de Carnaíba, os quais serão detalhados mais adiante, no capítulo referente à Geologia Local. Contudo também é possível apontar a ocorrência dos granitos associados ao Complexo Saúde e ao Grupo Jacobina, exibindo fácies mais aluminosas, contendo fases com moscovita e silimanita (Rudowiski 1989; Leite, 2002) e outros granitos peraluminosos, que ocorrem na região, conhecidos como: Flamengo, Jaguarari, Brejão das Grotas e Mirangaba. Esses granitos foram gerados ao final do Ciclo Paleoproterozóico, (~2.0-1.9 Ga, idade obtida por Sabaté et al., op.cit.), segundo Rudowiski (op.cit.). 3.1.6 Grupo Una Esta unidade representa as coberturas plataformais neoproterozóicas, as quais recobriram uma grande extensão areal, abrangendo os estados da Bahia e Minas Gerais, interpretadas como um mar de águas rasas e quentes decorrentes de um período de deglaciação. Deste modo, na base, é composto pela Formação Bebedouro, de possível
  • 26. 14 origem glacial, constituído por diamictitos com seixos de gnaisses, granitos, quartzitos, siltitos e calcários, por vezes apresentando formato de “ferro de engomar”, imersos em matriz fina, as quais gradam para arenitos e grauvacas no topo. Também é possível verificar a presença de ardósias contendo seixos pingados. A Formação Salitre ocorre no topo deste grupo e consiste em rochas carbonáticas e pelíticas, dentre estas calcilutitos e calcarenitos finos com intercalações dolomíticas e finas lâminas pelitico- carbonática. Subordinadamente ocorrem metadolomitos, metargilitos calcíferos, margas e metarenitos, sendo esse pacote interpretado como de origem marinha rasa, decorrente de uma elevação eustática a nível global. 3.1.7 Coberturas Cenozoicas As coberturas mais representativas na área de trabalho são representadas pelas formações Caatinga e Capim Grosso. A primeira é composta por brechas calcíferas com seixos de calcário cinza e calcrete/travertinocalcários, interpretados como resultado do retrabalhamento (dissolução e reprecipitação) das rochas da Formação Salitre, em consequência dos processos da dinâmica superficial, ocorrendo, geralmente, nas depressões topográficas e ao longo de estruturas como falhas e fraturas, apresentando-se horizontalizadas a subhorizontalidas. A segunda, eminentemente detrítica, é constituída predominantemente por sedimentos areno-argilosos, embora ocorram níveis conglomeráticos em sua base, com granodecrescência ascendente, apresentando coloração creme a marrom avermelhada, também restrita às porções topograficamente planas e com cotas baixas, por vezes desenvolvendo morrotes de topo aplainado, interpretadas como depósitos de fluxo fluvial sob um clima árido.
  • 27. 15 3.2 Geologia Local Uma vez apresentadas as características geológicas comuns às duas áreas de trabalho – Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso – neste item serão expostas as peculiaridades de cada uma destas, de forma sucinta, buscando-se demonstrar as principais unidades litoestratigráficas destes dois sítios. A Figura 07, abaixo, mostra as áreas supracitadas que serão descritas neste item. Figura 07: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba e Socotó (Rudowiski, 1989). Socotó Carnaíba
  • 28. 16 3.2.1 Geologia da Região de Carnaíba-Pindobaçu Tendo em vista que a maior parte do trabalho se desenvolveu na região de Carnaíba, onde foi feito um maior número de coletas de amostras para análise química e petrográfica, esta área será a primeira a ser abordada e a Figura 08, abaixo, representa um detalhamento da sua geologia. A região de Carnaíba é caracterizada pela presença de rochas arqueanas a paleoproterozóicas do Complexo Gnáissico-Migmatítico, do Greenstone Belt de Mundo Figura 08: Mapa geológico simplificado da região de Carnaíba (Moreira et al., 2006). Granito de Mirangaba Granito de Angico Granito de Carnaíba
  • 29. 17 Novo, do Grupo Jacobina e Granitos Intrusivos, formando uma estrutura antiforme, cujo núcleo é ocupado pelo granito de Carnaíba e rochas do Complexo Gnáissico- Migmatítico. A seguir será feita uma breve descrição das Unidades supracitadas, pois algumas destas já foram mencionadas no item referente à Geologia Regional. 3.2.1.1 Complexo Gnáissico-Migmatítico Como pode ser observada no mapa apresentado na Figura 08, esta unidade ocupa a porção NW e parte da porção central e centro-sul da área, sendo representada por rochas tonalito-trondhjemito-granodiorito (TTG), de idade em torno de 3.3 Ga (U-Pb SHRIMP em zircões) as quais são interpretadas como resultado de fusão de basaltos toleíticos, formando, então, uma das crostas continentais mais precoces da Bahia (Barbosa & Sabaté, 2003). Estas rochas estão equilibradas em fácies anfibolito, apresentando-se ora foliada, ora isotrópica, por vezes migmatizadas. 3.2.1.2 Greenstone Belt de Mundo Novo Esta sequência vulcanossedimentar, de idade arqueana, congrega, segundo Mascarenhas & Silva (op.cit.), uma série de rochas, tais quais formações ferríferas e manganesíferas, quartzitos, filitos, metagrauvacas, metacherts, calcissilicáticas, afibolitos, dentre outras. Contudo, na região de Carnaíba, conforme mapa da Figura 08, esta unidade é representada por fatias tectônicas de rochas máficas-ultramáficas, dispostas em faixas alongadas, com largura máxima em torno de 200 metros, encaixadas ao longo dos planos de acamadamento dos quartzitos pertencentes ao Grupo Jacobina e, também, no embasamento, além de ocorrerem como enclaves, a exemplo do corpo ameboide do garimpo do Bode, em meio ao granito de Carnaíba (Moreira & Silva, op cit.). 3.2.1.3 Grupo Jacobina Na região de Carnaíba, Moreira & Silva (op cit.) descreveram o Grupo Jacobina, de idade paleoproterozóica, subdividindo-o em duas seqüências, a saber: i) Formação Rio do Ouro, ocorrendo tanto na zona de charneira, como no flanco leste da estrutura antiformal, sendo constituída por um metaconglomerado basal e quartzitos de coloração branca ou verde (presença de fucsita), os quais são as principais encaixantes dos corpos
  • 30. 18 máficos-ultramáficos portadores de mineralizações, e; ii) Grupo Jacobina Indiviso, o qual tangencia a periferia do antiforme de Carnaíba, composto por quartzitos, xistos, filitos, filonitos e cloritaxistos. 3.2.1.4 Granitos Intrusivos Conforme o mapa exposto na Figura 08, é possível verificar a presença de três corpos graníticos. O primeiro, ocorrendo na porção SW do mapa, denominado de Granito de Mirangaba, o segundo, localizado a NNW do mapa, é conhecido como o Granito de Angico e o terceiro e principal corpo é o Granito de Carnaíba, o qual ocupa a porção central da estrutura antiformal. Este último corpo, segundo Rudowski (op.cit.), constitui uma série magmática que evoluiu de granito a duas micas para granito com moscovita e granada e cuja existência de saltos nos teores de Be, Rb, Si e K na transição entre estes granitos, significa que houve desmistura de uma fase fluida de magma, o que permitiu a extração dos referidos elementos do banho silicático e a abertura de fraturas nas encaixantes. 3.2.1.5 Sedimentos Terciário-Quaternários Restritos a uma pequena porção localizada no extremo NW da área do mapa, tratam-se de sedimentos inconsolidados, compostos por argilas, areias e cascalhos relacionados à superfície de erosão Velhas.
  • 31. 19 3.2.2 Geologia da Região de Socotó-Campo Formoso Localizada cerca de 50 km a norte de Carnaíba, a região de Socotó, município de Campo Formoso, também foi objeto de estudo do presente trabalho e a sua geologia será descrita seguindo o mapa geológico abaixo (Figura 09). A região de Socotó é composta por rochas arqueanas, paleoproterozóicas e neoproterozóicas, representadas pelo Complexo Gnáissico-Migmatítico, o Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso, o Grupo Jacobina, o Granito de Campo Formoso e o Grupo Una, o quais serão detalhados a seguir. Figura 09: Mapa geológico simplificado da região de Socotó (adaptado de Rudowiski, 1989).
  • 32. 20 3.2.2.1 Complexo Gnáissico-Migmatítico Ocupa uma grande extensão no mapa apresentado na Figura 09, ocorrendo em sua porção central e centro-norte, além de uma pequena porção no extremo sudoeste. Trata- se dos mesmos tonalito-trondhjemito-granodioritos (TTG) que ocorrem na região de Carnaíba, de idade arqueana, foliados ou isotrópicos e por vezes migmatizado. 3.2.2.2 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso As rochas deste complexo ocorrem na porção norte do mapa, no contato entre os gnaisses migmatíticos e o Grupo Jacobina e na porção sul, no contato entre o Granito de Campo Formoso e o Grupo Jacobina. São as rochas portadoras de mineralização de cromo. Segundo Topitsch (op.cit.) são de idade Arqueana, entre 2.5 e 2.7 Ga, pois ocorrem como xenólitos no Granito de Campo Formoso, além da presença de cromita detrítica nos quartzitos basais do Complexo Itapicuru. 3.2.2.3 Grupo Jacobina Com grande expressão no mapa geológico apresentado na Figura 08, se alonga desde a porção nordeste até o sudeste, acompanhando o contorno do Granito de Campo Formoso. É composta pela Formação Rio do Ouro, a qual exibe um metaconglomerado basal sobreposto por quartzitos e o Grupo Jacobina Indiferenciado, composto por uma associação de quartzitos, xistos, filitos, filonitos e cloritaxistos. 3.2.2.4 Granito de Campo Formoso Trata-se de um batólito com dimensões aproximadas de 25 km na direção N-S e 20 km na E-W, de forma elíptica, que, segundo Rudowski (op.cit.), foi originado a partir de intrusões polifásicas constituídas de granitos a duas micas (biotita e moscovita), granitos a moscovita-granada e aplopegmatitos. O mesmo autor admite duas séries não comagmáticas, evoluindo de granito a duas micas a granito a moscovita-granada, com uma série precoce (a qual sofreu um processo de contaminação de Mg, Ni, Co, Cr e V), em posição periférica, e uma série tardia, formando o núcleo do maciço, sendo que, em cada série, a evolução da composição química das rochas e dos minerais (em particular
  • 33. 21 biotita e granada) pode ser descrita como resultado de um processo de cristalização fracionada e de processo de mistura entre um líquido silicático e um cumulático, próximo de um cumulato total, na maioria dos casos. Seus contatos com as rochas encaixantes se dão de forma intrusiva, com exceção da sua porção oeste, onde este é mascarado pela cobertura neoproterozóica, cujo contato é de caráter erosivo. O contato deste corpo granítico, ao longo do limite sul, com o Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso, é caracterizado por um nível de anfibolito a hornblenda-quartzo-plagioclásio-esfênio e epídoto, sobre o qual se desenvolve uma biotita castanha, interpretada como resultante de um metamorfismo potássico de contato. É possível observar, no setor nordeste do maciço, a presença de mega-xenólitos de quartzito verde (com presença de fucsita), interpretados como “roof pendents” no granito (Rudowski, op.cit.). Rudowski (op.cit.) conseguiu individualizar duas unidades principais nesse corpo granítico, o que lhe confere um caráter concêntrico, sendo que na porção mais externa (periférica) ocorrem as fácies g1 e g1’’ e, na porção interna, a principal, ocorre a fácies g2. Os contatos intrusivos entre estas fácies são de difícil detecção em campo, contudo, ao analisar alguns afloramentos-chave, além de enclaves e filões graníticos, o autor supracitado conseguiu recompor a história evolutiva deste corpo, reconstituindo a cronologia relativa das diferentes intrusões em duas gerações, que são: i) uma primeira geração de granito a duas micas g1, g1’ e g1’’ e uma primeira geração de granito a granada g1G, g1G’ e aplopegmatitos, e; ii) uma segunda geração de granito a duas micas g2 seguido de uma segunda geração de granito a granada g2G e aplopegmatitos. 3.2.2.5 Grupo Una Indiferenciado Abrange a porção oeste do mapa da Figura 09, se estendendo até o extremo noroeste, e trata-se de uma cobertura plataformal neoproterozóica, representada pela Formação Bebedouro na base, a qual é interpretada como deposição em ambiente glacial, e a Formação Salitre no topo, esta decorrente de deposição em ambiente marinho raso. Esta Unidade está indiferenciada no referido mapa.
  • 34. 22 4 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA Para levar em efeito o objetivo proposto, foram coletadas em campo 81 amostras de rocha, de 29 pontos distintos, sendo 25 pontos inseridos na Reserva Legal de Garimpo, na região de Carnaíba-Pindobaçu (Figura 10) e 4 pontos no Garimpo de Socotó-Campo Formoso (Figura 11). Do total das 81 amostras, 67 foram coletadas no perímetro da Reserva Legal de Garimpo, em Carnaíba-Pindobaçu e 14 amostras foram adquiridas no Garimpo de Socotó, em Campo Formoso. As referidas amostras foram encaminhadas para o Laboratório da Geosol, empresa que realizou as análises químicas das mesmas. Figura 10: Mapa geológico simplificado do perímetro da Reserva Legal de Garimpo-Carnaíba, constando os pontos de amostragem. Modificado de Moreira & Silva (2006).
  • 35. 23 Todas as amostras foram analisadas através do método Plasma ICP / Digestão Multiácida, donde foi feita uma varredura para os seguintes elementos: Ag, Al, As, Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, La, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, Sb, Sc, Sn, Sr, Ti, V, W, Y, Zn e Zr. Deste universo de amostras, foram selecionadas 32 da região de Carnaíba-Pindobaçu e 6 amostras do Garimpo de Socotó-Campo Formoso, para serem LN-026 LN-027 LN-028 LN-029 Figura 11: Mapa geológico simplificado da região de Campo Formoso, constando os pontos de amostragem realizados no garimpo de Socotó. Modificado de Rudowiski (1989). Garimpo de Socotó
  • 36. 24 analisadas através do método de Fluorescência de Raios-X os seguintes elementos: SiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, TiO2, P2O5, MnO, K2O, Ba, Cl, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb, S, Sc, Sn, Sr, Ta, Th, U, V, Y, ZR e W. Também, essas mesmas 38 amostras, foram analisadas através do método de Absorção Atômica / Solubilização Total para os elementos Na2O e K2O, através do Método Clássico (Titulação) o óxido FeO, através do método Eletrodo de Ion Específico o elemento F e, através do método Plasma ICP / Troca Iônica os elementos La, Ce, Nd, Sm, Eu, Gd, Dy, Hb, Er, Yb e Lu. Por fim, do total das amostras coletadas, foram selecionadas 17 amostras provenientes da região de Carnaíba-Pindobaçu e 4 amostras do Garimpo de Socotó-Campo Formoso para serem analisadas através do método Absorção Atômica / Fire Assay os elementos Au, Pd e Pt. Em posse dos resultados analíticos, neste item serão discutidos os valores obtidos e a sua distribuição em planta, buscando um maior entendimento da área em apreço, de modo a verificar o grau de interação geoquímico entre as rochas envolvidas no processo de metassomatismo. Ou seja, conforme já mencionado no item que expôs os objetivos do presente trabalho, verificar-se-á qual foi o aporte geoquímico dos elementos provenientes dos granitóides paleoproterozóicos que intrudiram as rochas máficas- ultramáficas em ambas as áreas de trabalho (Carnaíba-Pindobaçu e Socotó-Campo Formoso), assim como quais elementos pertinentes às referidas rochas máficas- ultramáficas permaneceram com as concentrações originais, através do estudo dos flogopititos gerados em tal processo, tendo como background os valores obtidos para os serpentinitos poupados do processo supracitado. Com o intuito de facilitar a exposição dos dados, os mesmos serão apresentados separadamente, primeiro abordando a região de Carnaíba-Pindobaçu, pela maior expressividade de amostras coletadas e, posteriormente, a região de Socotó-Campo Formoso. Por fim, os dados serão confrontados, buscando averiguar as diferenças e similaridades da ação do processo hidrotermal em ambas as áreas contempladas neste trabalho.
  • 37. 25 4.1 Caracterização Geoquímica da região de Carnaíba-Pindobaçu Os trabalhos de amostragem se concentraram na área da Reserva Legal de Garimpo, a qual abarca os garimpos Laranjeiras, Arrozal, Bráulia, Marota, Bode-Lagarto-Gavião, Mundé, Carnaíba de Baixo e Carnaíba de Cima, este último reunindo o Trecho Velho e o Trecho Novo (Bica e Cabra). Do total das 67 amostras coletadas na região supracitada, 49 foram de flogopititos, 15 dos serpentinitos e 3 do granitóide. Para mostrar os resultados analíticos, será feita uma abordagem separada por litologia. 4.1.1 Geoquímica dos Flogopititos Foi realizada uma varredura para 32 elementos nas 49 amostras coletadas, através do método de Plasma ICP – Digestão Multiácida, e os resultados obtidos se encontram na Tabela 01, em anexo. Conforme pode ser observado na referida tabela, os valores mais significativos foram para os elementos Ba, Be, Co, Cr, Li, Mo, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr. Deste modo, estes resultados analíticos serão enfatizados nos subitens seguintes, de modo sucinto, para posteriormente serem discutidos em maiores detalhes. Os valores obtidos para os flogopititos são cotejados com os teores médios admitidos para as rochas graníticas, para as rochas ultramáficas e, também, para a crosta terrestre (Fonte: Levinson, 1980 apud Licht et al., 2007), visto que esses flogopititos são considerados como produtos da interação de frações pegmatíticas com os serpentinitos. Foto 01 – Fotomosaico tirada numa visada de norte para sul, a partir de Carnaíba de Cima, mostrando, ao fundo, o Povoado de Carnaíba de Baixo. A linha vermelha tracejada delimita, grosso modo, as litologias referentes aos quartzitos do Grupo Jacobina, o qual impõe um relevo positivo, e o Granito de Carnaíba, ocupando a baixada topográfica. Carnaíba de Baixo Quartzitos do Gr. Jacobina Granito de Carnaíba
  • 38. 26 Distribuição do Bário nos Flogopititos de Carnaíba O bário é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 425 ppm, sendo que nas rochas ultramáficas a sua média é em torno de 2 ppm e nas rochas graníticas 600 ppm. Os teores obtidos, quando comparados com os valores de background da crosta terrestre e das rochas graníticas, não se mostram tão expressivos, contudo praticamente todas as amostras, exceto a LN-020C, apresentaram teores bem mais elevados do que o teor médio admitido para as rochas ultramáficas.
  • 39. 27 Distribuição do Berílio nos Flogopititos de Carnaíba O berílio também é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 2,8 ppm, não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teor em torno de 5 ppm nos granitos (Levinson, op.cit.). Todos os resultados obtidos mostraram valores bem acima do background estabelecido tanto para a crosta terrestre, como para os granitos. Algumas amostras chegaram a apresentar valores cerca de cinquenta vezes maior do que os valores de referência supracitados, o que ratifica a sua mineralização na região amostrada.
  • 40. 28 Distribuição do Cobalto nos Flogopititos de Carnaíba O cobalto é um elemento siderófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 25 ppm, sendo que nas rochas ultramáficas o seu valor médio é de 150 ppm e nas rochas graníticas 1 ppm. Os resultados analíticos mostram que os valores encontram-se bem acima dos teores admitidos tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas graníticas, porém abaixo dos valores de background estabelecidos para as rochas ultramáficas.
  • 41. 29 Distribuição do Cromo nos Flogopititos de Carnaíba O cromo é um elemento litófilo e a sua concentração média na crosta terrestre é de 100 ppm, com as rochas ultramáficas tendo, em média, 2.000 ppm e os granitos 4 ppm. Deste modo, os valores obtidos para todas as amostras, exceto a amostra LN-025B, encontram-se bem acima dos valores médios encontrados nos granitos e na crosta terrestre, contudo, abaixo do valor médio admitido para as rochas ultramáficas. Somente a amostra LN-022D obteve uma concentração condizente com o teor médio das rochas ultramáficas.
  • 42. 30 Distribuição do Lítio nos Flogopititos de Carnaíba O lítio é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 20 ppm, não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teores em torno de 30 ppm nas rochas graníticas. As amostras analisadas revelaram teores bem acima do background tanto da crosta terrestre, quanto das rochas graníticas, sendo que todos os resultados apontaram que os teores estão, no mínimo, dez vezes acima dos referidos valores de referência, podendo atingir, como no caso da amostra LN-011B, com 4025 ppm, mais de mil vezes estes valores de background.
  • 43. 31 Distribuição do Molibdênio nos Flogopititos de Carnaíba O molibdênio é um elemento siderófilo e a sua concentração média na crosta terrestre é de 1,5 ppm, enquanto que nas rochas ultramáficas é de 0,3 ppm e nas rochas graníticas 2 ppm. Ao observar o gráfico de distribuição deste elemento na área, é possível verificar que muitas destas amostras apresentaram valores bem acima dos backgrounds estabelecidos, notadamente a amostra LN-010B, com concentração acima de 700 ppm.
  • 44. 32 Distribuição do Níquel nos Flogopititos de Carnaíba O níquel é um elemento siderófilo e sua concentração na crosta terrestre é de 75 ppm, enquanto que nas rochas ultramáficas é de 2000 ppm e nas rochas graníticas é de 0,5 ppm. Os resultados analíticos demonstram que as concentrações deste elemento, para todas as amostras, estão bem acima dos valores médios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas graníticas, contudo estes valores estão abaixo dos teores propostos para as rochas ultramáficas.
  • 45. 33 Distribuição do Escândio nos Flogopititos de Carnaíba O escândio é um elemento litófilo e sua concentração média na crosta terrestre é de 16 ppm, sendo que nas rochas ultramáficas os valores médios encontrados são da ordem de 10 ppm e nas rochas graníticas 5 ppm. Os resultados analíticos mostram que existem, grosso modo, duas populações presentes na área de trabalho, uma em que os valores obtidos encontram-se entre 5 e 10 ppm, logo variando entre os teores médios estabelecidos para as rochas graníticas e ultramáficas, respectivamente, e outra população em que os teores giram acima dos 15 ppm, valor médio da crosta terrestre. Vale ressaltar a concentração deste elemento para a amostra LN-016B, a qual apresentou um teor de 36 ppm, que equivale a mais de duas vezes o valor de background estabelecido para a crosta terrestre.
  • 46. 34 Distribuição do Estrôncio nos Flogopititos de Carnaíba O estrôncio, assim como o escândio, é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 375 ppm, nas rochas ultramáficas é de 1 ppm e nos granitos 285 ppm. Apesar dos valores obtidos estarem bem abaixo das concentrações médias estabelecidas para a crosta terrestre e para as rochas graníticas, os mesmos se mostram bem superiores à concentração média das rochas ultramáficas. Todas as amostras apresentaram teores, pelo menos dez vezes maiores do que o valor de background admitido para as rochas ultramáficas, com destaque para a amostra LN-023B, a qual apresentou um teor de 101 ppm, cerca de cem vezes maior do que o referido valor padrão.
  • 47. 35 Distribuição do Vanádio nos Flogopititos de Carnaíba O vanádio é mais um representante litófilo e sua concentração média na crosta terrestre é de 135 ppm, nas rochas ultramáficas o valor médio é de 50 ppm e nas rochas graníticas é de 20 ppm. Todas as amostras analisadas demonstraram valores bem acima do background estabelecido para as rochas graníticas, a maioria com valores acima da concentração média nas rochas ultramáficas e doze amostras com valores maiores do que os admitidos como teor médio para a crosta terrestre.
  • 48. 36 Distribuição do Zinco nos Flogopititos de Carnaíba O zinco é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 70 ppm, nas rochas ultramáficas os teores são de 50 ppm e nas rochas graníticas 40 ppm. Todas as amostras apresentaram valores bem acima dos teores médios estabelecidos tanto para as rochas ultramáficas, quanto para as rochas graníticas, assim como do valor médio admitido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que as amostras LN-011B, LN-022B e LN-022D apresentaram teores mais de dez vezes maiores que os valores de background estabelecidos para a crosta terrestre.
  • 49. 37 Distribuição do Zircônio nos Flogopititos de Carnaíba O zircônio é um elemento litófilo, sendo a sua concentração média na crosta terrestre em torno de 165 ppm, nas rochas ultramáficas com valores de 50 ppm e nos granitos 180 ppm. Todos os valores obtidos estão bem abaixo dos teores médios tanto para as rochas graníticas, quanto para a crosta terrestre. Dentre estes valores, a maioria apresentou valor abaixo, também, dos teores médios admitidos para as rochas ultramáficas, contudo pode-se observar que as amostras LN-016A, LN-018A, LN-020A e a LN-020C superaram o referido valor de background.
  • 50. 38 Conforme já citado anteriormente, além da varredura de 32 elementos, realizada através do método Plasma ICP – Digestão Multiácida para todas as amostras de flogopititos, foram selecionadas 25 destas para serem analisadas, também, através dos métodos que constam na Tabela 02, em anexo. Contudo, foram separados os dados referentes aos resultados analíticos dos elementos maiores, expressos na forma de óxidos, os quais estão expostos na Tabela 4.1 e serão comparados com os teores médios obtidos nos peridotitos (Fonte: Nockolds, 1964 apud Wedepohl, 1969) e nos granitos (Fonte: Ronov & Yaroshevskii, 1967 apud Licht et al, 2007), para serem discutidos em seguida. Os resultados analíticos expostos na tabela acima mostram que alguns elementos merecem ser relevados, seja por seus teores estarem bem acima dos valores de referência (Al2O3, Fe203 e K2O), ou por estarem bem abaixo destes (SiO2, Na2O, TiO2 e CaO). Sendo assim, todas as amostras analisadas apresentaram teores de Fe2O3 bem superiores aos valores de referência, chegando a ter amostras em que esses teores superaram o background em mais cinco vezes, a exemplo da amostra LN-016B, com um teor de 14,2%, enquanto a amostra que apresentou a menor concentração foi a LN- 003A, com 5,53%, o que representa mais que o dobro dos valores de background. Para o K2O, todas as amostras analisadas obtiveram teores superiores aos valores de referência, com destaque para as amostras LN-011A, LN-011B e LN-022B, nas quais foram verificados os maiores teores dentre o universo de amostras, todas com 10,2%, o que representa mais que o triplo do background do granito. O elemento Al2O3 apresentou dez amostras que obtiveram teores acima dos valores de referência e 15 Peridotito Granito LN-001A LN-002A LN-003A LN-004A LN-005B LN-006B LN-008B LN-009C LN-010B LN-011A LN-011B LN-012A SiO2 % 43,54 66,1 43 49,3 63,6 41,4 42,1 42 42,4 42 42,3 42,9 43,1 40 Al2O3 % 3,99 15,2 12,1 8,04 5,95 14,9 14,5 14 14,5 14,7 16,2 23,8 16,7 17,5 Fe2O3 % 2,51 2 6,63 6,93 5,56 7,95 6,97 8,16 7,95 8,72 9,37 7,75 7,21 9,59 FeO % 9,84 2,7 1,42 0,71 2,19 2,64 1,58 2,78 2,57 3 3,12 1,85 1,44 1,7 MgO % 34,02 2 25,7 26 17,3 22,6 23,2 22,6 21,8 22 19 12,1 19,9 18,3 MnO % 0,21 0,1 0,14 0,11 0,09 0,18 0,1 0,12 0,21 0,14 0,31 0,35 0,41 0,37 CaO % 3,46 3,5 0,1 0,4 0,69 0,18 0,33 0,29 0,11 0,07 0,31 0,12 0,13 1,08 Na2O % 0,56 3,12 0,211 0,193 0,124 0,169 0,215 0,276 0,205 0,243 0,192 0,361 0,244 0,182 K2O % 0,25 3,24 9,03 5,61 3,57 10 9,86 9,52 9,7 9,66 9,83 10,2 10,2 10,1 TiO2 % 0,81 0,6 0,13 0,08 0,18 0,16 0,14 0,28 0,15 0,14 0,52 0,19 0,09 0,35 P2O5 % 0,05 0,28 0,057 <0,01 0,013 0,13 0,175 0,031 0,073 0,055 0,159 0,093 0,103 0,735 Peridotito LN-014B LN-015A LN-016B LN-017B LN-018B LN-019A LN-019B LN-020B LN-020C LN-021A LN-022B LN-023A LN-024B SiO2 % 43,54 41 40,9 41,3 45,8 45,7 49,1 48,9 41 41,9 39,8 42 39,5 42,8 Al2O3 % 3,99 15,3 16 17 12,3 11,7 9,87 8,6 15 12,6 16,8 16,9 17 14 Fe2O3 % 2,51 10 10 14,2 9,15 10,8 9,66 10,2 14,5 13,9 12,3 8,07 13,6 6,94 FeO % 9,84 4,21 3,57 7,3 4,09 5,96 4,22 4,11 10,59 9,25 5,58 1,56 6,35 1,56 MgO % 34,02 20,2 20 14,6 21,6 17,8 18,2 19 16,6 17,4 19,3 18,7 16,7 23,8 MnO % 0,21 0,26 0,19 0,35 0,13 0,13 0,18 0,24 0,12 0,16 0,19 0,37 0,16 0,14 CaO % 3,46 0,51 2,45 0,94 1,34 2,26 3,97 4,85 0,48 2,61 0,03 0,92 <0,01 0,08 Na2O % 0,56 0,316 0,42 0,646 0,109 0,667 0,167 0,329 0,296 0,201 0,098 0,194 0,099 0,31 K2O % 0,25 9,51 9,36 9,19 8,14 5,31 6,02 4,44 8,38 7,11 9,44 10,2 9,51 9,94 TiO2 % 0,81 0,46 0,33 0,73 0,24 0,36 0,31 0,28 0,45 0,37 0,43 0,19 0,9 0,11 P2O5 % 0,05 0,357 0,481 0,463 0,049 0,06 0,021 0,054 0,098 0,055 0,014 0,685 0,037 0,024 Tabela 4.1 - Resultados analíticos dos elementos maiores - Flogopititos - Canaíba / Pindobaçu
  • 51. 39 amostras cujos teores são maiores que o background estabelecido para os peridotitos e menores que a dos granitos, podendo-se destacar a amostra LN-011A, que apresentou o maior teor de todos para este elemento, com 23,8%. Dentre os elementos que expressaram teores abaixo dos valores de referência, a SiO2 teve 19 amostras em que os teores ficaram abaixo tanto do background dos peridotitos quanto dos granitos, enquanto nas outras 6 amostras analisadas esses teores giraram acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com destaque para amostra LN-003A, com um teor de 63,6%, o maior valor registrado. A análise para o CaO mostrou que quase todas as amostras estão com teores abaixo dos valores de referência, exceto as amostras LN- 019A e LN-019B, as quais demonstraram teores acima dos backgrounds tanto dos peridotitos quanto dos granitos, com 3,97 e 4,85%, respectivamente. Para os elementos Na2O e TiO2, quase todas as amostras aduziram teores abaixo dos valores de referência, contudo, para o sódio, as amostras LN-016B e LN-018B revelaram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 0,646 e 0,667%, respectivamente e, para o titânio, a amostra LN-016B exprimiu um teor acima do background do granito e abaixo do peridotitos, com 0,73%. Os demais elementos constantes na Tabela 4.1 obtiveram teores dentro dos limites dos valores de referência. O FeO teve 11 amostras em que os teores ficaram abaixo dos valores de referência, 13 amostras onde os teores foram superiores ao background dos granitos e abaixo dos peridotitos e apenas uma amostra, a LN-020B, onde o teor obtido foi superior aos valores de referência, com 10,59%. O MnO foi um dos elementos que apresentaram as maiores flutuações de teores, com 2 amostras abaixo dos valores de referência, 13 amostras cujos teores ficaram acima do background dos granitos e abaixo dos peridotitos e 10 amostras acima dos valores de referência. O P2O5 também apresentou grandes oscilações quanto aos teores, onde 8 amostras exprimiram teores abaixo dos valores de referência, 12 amostras obtiveram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos e 5 amostras com teores superiores aos referidos valores de referência. Já o MgO, todas as amostras analisadas apresentaram teores mais elevados que o background dos granitos e inferiores aos peridotitos. Ainda na Tabela 02, em anexo, além dos elementos maiores, pode-se apontar os relevantes resultados analíticos referentes aos elementos F, Cs e Rb, que serão ora apresentados. O flúor, que é um elemento litófilo, cuja concentração média na crosta terrestre é de 625 ppm, nas rochas ultramáficas de 100 ppm e nas rochas graníticas de
  • 52. 40 735 ppm, foi analisado através do método Eletrodo de Ion Específico, e os resultados analíticos para todas as amostras apresentaram teores muito acima dos valores de referência supracitados, cujo valor mínimo obtido foi de 4618 ppm e o valor máximo de 49128 ppm, e a média dos valores em torno de 26799 ppm, o que representa mais que trinta e seis vezes o valor de background admitido para os granitos. O césio, elemento litófilo, o qual apresenta uma concentração média na crosta terrestre em torno de 3 ppm, não obtendo valores de referência para as rochas ultramáficas e com concentrações em torno de 5 ppm nos granitos, para todas as amostras analisadas apresentou teores acima do limite de detecção do método, que foi o de Fluorescência de Raios-X, atingindo valores acima dos 200 ppm. Já o rubídio, elemento litófilo, também analisado através do método de Fluorescência de Raios-X, cuja concentração média na crosta terrestre 990 ppm, não possuindo valores de referência para as rochas ultramáficas e com teores de 150 ppm nos granitos, apresentou um valor mínimo de 257 ppm e um valor máximo de 2941 ppm, obtendo um valor médio de 1404 ppm, teor este bem acima dos valores de referência estimados para a crosta terrestre e para os granitos. Para concluir a caracterização geoquímica dos flogopititos de Carnaíba, foram selecionadas 12 amostras para serem analisadas, através do método Absorção Atômica – Fire Assay, para os elementos Au, Pd e Pt, cujos resultados estão expressos na Tabela 4.2. Au Pd Pt ppb ppb ppb LN-002A f logopit it o <5 <5 <5 LN-004A f logopit it o <5 <5 <5 LN-004B f logopit it o t alcif icado <5 <5 <5 LN-006B f logopit it o <5 <5 <5 LN-009C f logopit it o 9 <5 <5 LN-011B f logopit it o t alcif icado <5 <5 <5 LN-012A f logopit it o <5 <5 <5 LN-014B f logopit it o <5 <5 <5 LN-015A f logopit it o 35 <5 <5 LN-020B f logopit it o <5 <5 <5 LN-020C f logopit it o t alcif icado 8 <5 6 LN-022B f logopit it o <5 <5 <5 LN-024B f logopit it o <5 <5 11 Tabela 4.2 - Resultados Analíticos dos elementos ultra-traço - Flogopititos - Carnaíba/ Pindobaçu Sample ID Tipo de Rocha Absorção Atômica / Fire Assay
  • 53. 41 Como pode ser observado, os resultados mostraram que somente quatro amostras obtiveram teores acima dos valores mínimos de detecção. A amostra LN-009C apresentou o teor de 9 ppb e a amostra LN-015A um valor de 35 ppb para o Au, a LN- 024B, um teor de 11 ppb para a Pt e, por fim, a amostra LN-020C, apresentou valores em torno de 8 ppb para o Au e 6 ppb para a Pt. 4.1.2 Geoquímica dos Serpentinitos Com o intuito de verificar o comportamento geoquímico das rochas que representam o protólito dos flogopititos, ou seja, das rochas que foram poupadas do processo metassomático decorrente da colocação do granito de Carnaíba, processo este que resultou na geração dos flogopititos, foi realizada uma varredura para 32 elementos nas 15 amostras de serpentinitos coletadas, através do método de Plasma ICP – Digestão Multiácida, e os resultados obtidos se encontram na Tabela 03, em anexo. A tabela supracitada demonstra que os valores mais relevantes foram para os elementos Ba, Be, Co, Cr, Cu, Li, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr. Assim, nos subitens seguintes estes resultados analíticos serão abordados, de forma descritiva, para posteriormente serem discutidos em maiores detalhes. Do mesmo modo que foi feito na exposição dos dados analíticos obtidos para os flogopititos, os dados referentes aos serpentinitos serão cotejados com os teores médios estabelecidos para as rochas graníticas, para as rochas ultramáficas e para a crosta terrestre (Fonte: Levinson, op.cit.).
  • 54. 42 Distribuição do Bário nos Serpentinitos de Carnaíba Todos os resultados apontam que as concentrações deste elemento estão bem abaixo dos valores médios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas graníticas, contudo, quando comparados com o background das rochas ultramáficas, os valores apresentam-se acima do padrão admitido. Dentre os resultados obtidos, é possível verificar que a amostra LN-015C se destacou bastante com relação às demais, atingindo teores cerca de vinte e cinco vezes o valor admitido como background para as rochas ultramáficas.
  • 55. 43 Distribuição do Berílio nos Serpentinitos de Carnaíba A maioria dos resultados apresentou valores bem próximos aos admitidos para as rochas graníticas, exceto as amostras LN-004C, LN-006A e LN-010A, as quais não mostraram concentrações deste elemento e a amostra LN-015C, a qual apontou um valor mais de dez vezes maior do que o admitido para as rochas graníticas.
  • 56. 44 Distribuição do Cobalto nos Serpentinitos de Carnaíba Todas as amostras analisadas apresentaram valores bem maiores do que os admitidos como padrão tanto para a crosta terrestre, quanto o valor médio estabelecido para as rochas graníticas. Entretanto, estes valores encontram-se um pouco abaixo do que o background firmado para as rochas ultramáficas.
  • 57. 45 Distribuição do Cromo nos Serpentinitos de Carnaíba Os resultados obtidos demonstram que todas as amostram apresentaram teores muito superiores ao estabelecido como background das rochas graníticas, sendo a maioria delas, exceto a LN-015C, também com valores bem maiores do que o valor médio admitido para a crosta terrestre. Por outro lado, quase todas as amostras, exceto a LN- 001B, obtiveram teores um pouco abaixo dos admitidos como background para as rochas ultramáficas.
  • 58. 46 Distribuição do Cobre nos Serpentinitos de Carnaíba A distribuição deste elemento se mostra bem irregular, de modo que as amostras LN- 004B, LN-021B e LN-024C não apresentaram teores relevantes do mesmo, nas amostras LN-004C, LN006A, LN-009B e LN016C as concentrações ficaram enquadradas no padrão de ocorrência deste elemento para as rochas ultramáficas e graníticas, e o restante das amostras com teores mais próximos ao teor médio estabelecido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que as amostras LN-015C e LN-022C foram as que apresentaram os teores mais discrepantes, corroborando com a constatação, em campo, da possível ocorrência de sulfeto observado macroscopicamente.
  • 59. 47 Distribuição do Lítio nos Serpentinitos de Carnaíba A sua distribuição também se encontra bastante irregular, de forma que na amostra LN- 004C ficou abaixo do limite de detecção, nas amostras LN-001B, LN-006A, LN-009B, LN-014C e LN-016C os teores ficaram bem próximos dos valores médios estabelecidos para a crosta terrestre e para as rochas graníticas, enquanto que nas amostras restantes estes teores foram superados com valores bem acima dos estabelecidos, com destaque para a amostra LN-015C, cujo teor superou cerca de dez vezes o valor de background estabelecido para as rochas graníticas.
  • 60. 48 Distribuição do Níquel nos Serpentinitos de Carnaíba Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras, exceto a LN-015C, apresentam teores bem mais elevados do que os estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas graníticas, com valores que muito se aproximam ao valor de background para as rochas ultramáficas.
  • 61. 49 Distribuição do Escândio nos Serpentinitos de Carnaíba A maioria das amostras apresentou teor dentro dos valores estabelecidos como background para as rochas ultramáficas e graníticas, assim como para a crosta terrestre, excetuando-se a amostra LN-015C, a qual apresentou teor bastante discrepante das demais amostras, atingindo quase três vezes o valor médio admitido para a crosta terrestre.
  • 62. 50 Distribuição do Estrôncio nos Serpentinitos de Carnaíba Deste modo, ao observar os resultados obtidos, é possível verificar que todas as amostras apresentaram teores acima do background estabelecido para as rochas ultramáficas, contudo bem menores do que os teores médios admitidos para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Mais uma vez a amostra LN-015C apresentou um teor bem discrepante das demais amostras em tela, atingindo cerca de cento e vinte vezes o valor de background admitido para as rochas ultramáficas.
  • 63. 51 Distribuição do Vanádio nos Serpentinitos de Carnaíba Os resultados analíticos mostram que a maioria das amostras apresentou concentrações entre 50 e 100 ppm, ou seja, bem acima do teor médio estabelecido para as rochas graníticas, com valores próximos ou um pouco maior que o valor de background admitido para as rochas ultramáficas e menores do que o teor médio deste elemento na crosta terrestre. Contudo, mais uma vez, a amostra LN-015C apresentou um teor bem superior ao encontrado para as demais amostras.
  • 64. 52 Distribuição do Zinco nos Serpentinitos de Carnaíba A maioria das amostras apresentou teores entre os valores padrões estabelecidos para a crosta terrestre, as rochas ultramáficas e graníticas. Mas as amostras LN-002B, LN- 007A, LN-014D, LN-016C, LN-021B, LN-022C e LN-024C obtiveram valores de concentração em zinco bem maiores do que os valores de background supracitados, especialmente as amostras LN-007A e LN-021B, as quais apresentaram valores cerca de três vezes maiores do que o valor médio estabelecido para a crosta terrestre.
  • 65. 53 Distribuição do Zircônio nos Serpentinitos de Carnaíba Os resultados analíticos demonstram que a maioria das amostras não apresentou teores acima do limite de detecção e as que apresentaram, os valores estão bem abaixo dos valores médios estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas ultramáficas e graníticas. Porém a amostra LN-015C demonstrou um valor muito discrepante das demais, contudo, ainda assim, abaixo dos valores de background supracitados. A caracterização geoquímica dos serpentinitos levou em conta não só a varredura para os 32 elementos, através do método Plasma ICP – Digestão Multiácida, como também, para 7 amostras, foi realizada uma análise através de diferentes métodos, cujos resultados estão expostos na Tabela 04, em anexo. Dos resultados constantes nessa referida tabela, foram selecionados os dados referentes aos elementos maiores, expressos na forma de óxidos, para serem agora expostos e, posteriormente, discutidos. Os valores obtidos para esses elementos maiores estão representados na Tabela 4.3, abaixo.
  • 66. 54 Os resultados analíticos dos elementos maiores demonstram que a maioria destes encontra-se com valores abaixo dos teores médios estabelecidos tanto para as rochas peridotíticas, quanto para as rochas graníticas. Esses elementos são: SiO2, Al2O3, CaO, Na2O, K2O, TiO2 e P2O5. Para o silício, quase todas as amostras apresentaram teores abaixo dos valores de referência, exceto as amostras LN-004B, LN-015C e LN-024C, as quais obtiveram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 52,9%, 46,7% e 46,2%, respectivamente. Para a alumina, também foram encontrados teores abaixo dos valores de referência para grande parte das amostras analisadas, contudo as amostras LN-009B e LN-015C apresentaram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 4,37% e 14,8%, respectivamente. Para os elementos CaO, Na2O, TiO2 e P2O5, todas as amostras exprimiram teores abaixo dos valores de referência, exceto a amostra LN-015C, a qual obteve teores mais elevados, configurando-se numa discrepância com relação às demais. O potássio obteve um comportamento muito similar ao da sílica, cuja maioria das amostras apresentou teores abaixo dos valores de referência, exceto, também, as amostras LN-004B, LN-015C e LN-024C, que aduziram teores acima do background dos peridotitos e abaixo dos granitos, com 1,6%, 0,81% e maior que 1%, respectivamente. O Fe2O3 foi o único elemento que todas as amostras apresentaram teores acima dos limites de referência. O FeO, o MgO e o MnO foram elementos em que os teores encontrados, para a maioria das amostras, encontram-se no intervalo dos valores de referência, ou seja, acima do background dos granitos e abaixo dos peridotitos. Na Tabela 04, em anexo, além de constar os elementos maiores, também é possível apontar resultados relevantes para os elementos F, Cs e Rb. O flúor apresentou como menor valor a concentração de 472 ppm e o maior valor 24143 ppm, obtendo, então um Peridotito Granito LN-001B LN-004B LN-004C LN-009B LN-014C LN-015C LN-024C SiO2 % 43,54 66,1 41 52,9 39,5 40,7 40,4 46,7 46,2 Al2O3 % 3,99 15,2 3,42 2,18 2,24 4,37 3,05 14,8 3,34 Fe2O3 % 2,51 2 10,6 7,17 10,2 9,87 8,96 14,8 7,85 FeO % 9,84 2,7 5,74 1,86 2,37 3,56 4,46 5,57 2,99 MgO % 34,02 2 35,3 28,3 35,1 32,9 32,9 8,36 30,7 MnO % 0,21 0,1 0,17 0,07 0,15 0,13 0,13 0,2 0,2 CaO % 3,46 3,5 0,92 1,36 0,73 2,2 2,45 8,25 1,78 Na2O % 0,56 3,12 0,025 0,069 <0,013 0,022 0,015 >1 0,101 K2O % 0,25 3,24 0,025 1,6 <0,012 0,032 0,053 0,81 >1 TiO2 % 0,81 0,6 0,11 0,07 0,09 0,17 0,09 1,4 0,11 P2O5 % 0,05 0,28 0,011 0,01 0,013 0,019 0,015 0,146 0,015 Tabela 4.3 - Resultados analíticos dos elementos maiores - Serpentinitos - Carnaíba/Pindobaçu
  • 67. 55 teor médio de 8404 ppm, valor este que supera o background estabelecido para os granitos em mais de onze vezes. O césio expressou quatro amostras com valores abaixo do limite de detecção do método empregado, que é de 50 ppm, e o maior valor obtido foi acima do limite máximo de detecção, que é de 200 ppm, conferindo um valor médio de 99 ppm, que representa quase vinte vezes o valor de background estabelecido para as rochas graníticas. Já o rubídio, apresentou como menor o teor o valor de 13 ppm e como maior teor o valor de 407 ppm, consolidando um valor médio de 129 ppm, que é abaixo dos valores de referência admitidos tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas graníticas. Para concluir o levantamento geoquímico dos serpentinitos da região de Carnaíba, foram selecionadas 4 amostras desta rocha para serem analisadas quanto aos elementos Au, Pd e Pt. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 4.4, abaixo. Conforme mostra a tabela, o único resultado relevante foi para a amostra LN-015C, a qual demonstrou teor de 6 ppb para a Pt, o que não pode ser considerado como anomalia geoquímica, tendo em vista que o background desse elemento para as rochas ultramáficas é de 20 ppb. 4.2 Caracterização Geoquímica da região de Socotó-Campo Formoso A realização da amostragem no âmbito do Garimpo de Socotó (Foto 02) foi bastante prejudicada pelo fato do abandono das frentes de serviços no local. Somente alguns poucos garimpeiros permaneceram na região e as informações acerca das outras grunas desativadas, como profundidade e tempo de serviço, por exemplo, não eram possíveis de serem obtidas. As vias de acesso locais se encontram em estado bastante degradado e o comércio local também sofre com a evasão. Au Pd Pt ppb ppb ppb LN-001B serpent init o <5 <5 <5 LN-009B serpent init o <5 <5 <5 LN-014C serpent init o <5 <5 <5 LN-015C serpent init o <5 <5 6 Tabela 4.4 - Resultados Analíticos dos elementos ultra-traço - Serpentinitos - Carnaíba/ Pindobaçu Sample ID Tipo de Rocha Absorção Atômica / Fire Assay
  • 68. 56 Deste modo, foram selecionados quatro pontos de coleta na área (Figura 11), onde se obteve 14 amostras para o encaminhamento das análises químicas. Os resultados analíticos serão apresentados separadamente, de acordo com a diferente litologia abordada, para posteriormente serem confrontados e discutidos. 4.2.1 Geoquímica dos Flogopititos Do mesmo modo que para as demais amostras, foi realizada uma varredura de 32 elementos, através do método de Pasma ICP – Digestão Multiácida, das 9 amostras de flogopititos coletadas nas frentes de serviço do Garimpo de Socotó. Os resultados analíticos obtidos se encontram na Tabela 05, em anexo. Somente os resultados mais significativos serão abordados nos subitens seguintes, com ênfase para os seguintes elementos: Ba, Be, Co, Cr, Li, Ni, Sc, Sr, V, Zn e Zr. Assim como foi feito para as amostras do distrito de Carnaíba, os teores obtidos para o distrito de Socotó serão cotejados com os valores de referência das rochas ultramáficas, das rochas graníticas e da crosta terrestre, cujos backgrounds para cada elemento estão expostos na descrição dos resultados analíticos dos flogopititos de Carnaíba. Quartzitos Gr. Jacobina Gnaisses/Migmatitos do embasamento com enclaves máficos-ultramáficos Foto 02: Fotomosaico tirada numa visada de oeste para leste, mostrando os rejeitos de uma frente de serviço no Garimpo de Socotó. A linha tracejada vermelha ao fundo, ilustra a delimitação dos quartzitos do Grupo Jacobina, ocupando o alto topográfico e os gnaisses e migmatitos, que abrigam enclaves máficos-ultramáficos, ocupando a porção mais arrasada topograficamente.
  • 69. 57 Distribuição do Bário nos Flogopititos de Socotó Os resultados obtidos demonstram que todas as amostras apresentaram valores bem acima do teor médio deste elemento para as rochas ultramáficas. Contudo estas amostras apresentaram valores abaixo dos teores médios do bário para a crosta terrestre, exceto a amostra LN-029D, a qual superou esse background, quase chegando a atingir o valor médio deste elemento para os granitos.
  • 70. 58 Distribuição do Berílio nos Flogopititos de Socotó Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras se encontram com valores bem acima dos teores médios da crosta terrestre, assim como das rochas graníticas. Dentre as amostras, destaca-se a LN-028A, a qual demonstrou um teor vinte vezes maior do que o estabelecido como background para as rochas graníticas.
  • 71. 59 Distribuição do Cobalto nos Flogopititos de Socotó Todas as amostras analisadas apresentaram teores bem maiores do que os valores de background estabelecidos para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Contudo estes valores ainda se encontram mais baixos do que o valor médio estimado para as rochas ultramáficas.
  • 72. 60 Distribuição do Cromo nos Flogopititos de Socotó Do mesmo modo que se comportou a concentração do elemento cobalto, o cromo também apresentou teores bem mais elevados do que os teores médios estabelecidos tanto para a crosta terrestre, quanto para as rochas graníticas, entretanto abaixo do valor de background firmado para as rochas ultramáficas.
  • 73. 61 Distribuição do Lítio nos Flogopititos de Socotó Os resultados analíticos demonstram que todas as amostras apresentaram teores disparadamente mais altos do que os valores de background estabelecidos para a crosta terrestre, assim como para as rochas graníticas. A discrepância entre os valores obtidos e os valores de referência é tal, que, na amostra LN-029C, o teor atingido chega a ser mais de cinquenta vezes maior do que o background estabelecido para os granitos.
  • 74. 62 Distribuição do Níquel nos Flogopititos de Socotó Os resultados analíticos obtidos para o elemento níquel, seguiram o mesmo comportamento dos elementos cromo e cobalto, ou seja, todas as amostram apresentaram valores de concentração muito superiores aos admitidos como background para a crosta terrestre e para as rochas graníticas. Mas esses valores ficaram abaixo da metade do valor médio estabelecido para as rochas ultramáficas.
  • 75. 63 Distribuição do Escândio nos Flogopititos de Socotó Os resultados obtidos demonstram que todas as amostras apresentaram valores maiores do que os valores médios admitidos para as rochas ultramáficas e graníticas, contudo somente as amostras LN-026A, LN-027C, LN-029C e LN-029D também apresentaram teores maiores do que o background estabelecido para a crosta terrestre.
  • 76. 64 Distribuição do Estrôncio nos Flogopititos de Socotó A distribuição deste elemento mostra que todas as amostras obtiveram valores bem abaixo dos teores médios estabelecidos tanto para a crosta terrestre quanto para as rochas graníticas. Mas, quando esses valores são comparados com o background admitido para as rochas ultramáficas, verifica-se que os mesmos o superam em todas as amostras, com destaque para a amostra LN-029D, a qual apresentou um valor de concentração quase que cinquenta vezes maior do que o teor médio das ultramáficas.
  • 77. 65 Distribuição do Vanádio nos Flogopititos de Socotó Todas as amostras apresentaram valores acima dos teores médios para as rochas ultramáficas e graníticas, mas somente a amostra LN-029D apresentou teores acima do background estabelecido para a crosta terrestre.
  • 78. 66 Distribuição do Zinco nos Flogopititos de Socotó Todas as amostras apresentaram teores bem maiores do que os valores médios estabelecidos para as rochas ultramáficas e graníticas e somente as amostras LN-027A e LN-027D apresentaram teores abaixo do background admitido para a crosta terrestre. Vale ressaltar que a amostra LN-029C apresentou um teor cerca de duas vezes superior ao teor médio estimado para a crosta terrestre.
  • 79. 67 Distribuição do Zircônio nos Flogopititos de Socotó Todos os resultados analíticos apontam que os teores para todas as amostras estão bem abaixo do que os valores de referência utilizados para a crosta terrestre, assim como para as rochas ultramáficas e graníticas. Das nove amostras verificadas através da varredura para 32 elementos, foram selecionadas quatro, para serem analisadas através de diferentes métodos cujos resultados encontram-se na Tabela 07, em anexo. Dos valores obtidos na referida tabela, separou-se os dados dos elementos maiores, expressos na forma de óxidos, os quais estão expostos na Tabela 4.5 abaixo, e comentados em seguida.