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Linha de Cor:
Raça e Cultura na América
• Linha de cor é uma expressão utilizada para,
simbolicamente, estabelecer divisões entre
grupos étnicos em sociedades em que a cor da
pele é determinante no estabelecimento do
estatuto humano, social e político dos
indivíduos.
• (2)
• A linha da cor estabelece divisões na
sociedade e afeta a forma como os indivíduos
têm acesso à educação, ao emprego, à
habitação, para além de lhes estabelecer, em
termos sociais e humanos, limitações reais,
como a possibilidade de uma menor
mobilidade social e um menor acesso aos seus
direitos fundamentais.
• (3)
• Quase todos os países multiraciais têm distinções
formais, mais ou menos
segregacionistas, relativas à cor da
pele, normalmente classificações de um lado
“negro,” “não branco” ou “de cor.” Na
democracia dos EUA, por exemplo, a ascendência
africana dos indivíduos foi ao longo dos tempos
classificada como “preto,” “negro,” “de cor”
e, hoje em dia “afro-americano.”
• (4)
• “*No Brasil+…si formos auscultar a pulsação mais íntima de
nossa vida social e familiar encontraremos entre nós uma
linha de cor bastante nítida, embora o preconceito não
atinja nunca, entre nós, as vilanias sociais que pratica nas
terras de influência inglesa. (…) O preconceito de cor me
parece incontestável entre nós, porém, na sua
complexidade e esperteza de disfarces…constitucionais,
temos que não confundi-lo com o problema de classe, não
só para não exagerá-lo em sua importância, como para lhe
dar melhor iluminação e não enfraquece-lo em suas provas
legítimas.” *Mário de Andrade, “Linha de Cor,” ESTADO DE
S. PAULO, 29-III-1939]
• (5)
• Com esta declaração, Mário de Andrade questionou a explicação
comum de que o Brasil não se caracteriza abertamente como uma
sociedade racista, segregacionista, por causa da sua história de
miscigenação. Por isso, ele insistiu em afirmar que no Brasil não é
simplesmente um problema de classe, mas também é outro
problema exclusivamente de cor.
• W.E.B DuBois, pensador e historiador afro-americano, altamente
conceituado, insistiu em 1903 que o maior problema do século XX é
oproblema da linha de cor, na África, na Ásia”, no Caribe, e nas
Américas (e não exclusivamente nos EUA).
• (6)
• A história das relações raciais nos EUA é longa e
complexa, mas frequentemente interpretada
superficialmente pela a grande divisão (ou linha de
cor) entre o Sul racista e o Norte liberal, este não
totalmente sem preconceitos, mesmo depois da
Abolição em 1865, proclamada pelo Presidente Lincoln.
Assim, a evolução das relações raciais envolveu o
Norte E o Sul em que, durante a segunda metade do
século XX, alguns indivíduos das duas regiões lutaram
juntos com a finalidade de acabar com a situação
segregacionista do Sul..
• (7)
• Esta luta concreta contra a segregação começou
nos anos 50, depois da Grande Migração (1916-
30) de negros para o Norte e depois da Segunda
Guerra Mundial que incitou mais unidade entre o
povo americano. É interessante notar que a
Grande Migração na verdade mudou o centro da
América Negra do rural para o urbano--as
grandes cidades dinâmicas do norte de Chicago e
New York, onde os negros encontraram
independência e militância.
• (8)
• Antes de falar sobre as mudanças nas relações
raciais nos EUA a partir anos 50, vale a pena fazer
uma pequena parêntese para chamar atenção à
Renascença de Harlem (bairro de NY), um
período de florescimento da cultura negra que se
manifestou entre o fim da Primeira Guerra
Mundial e meados da década de 1930, nos
campos de literatura, musica, arte, e teatro.
• (9)
• Durante a Renascença Harlem, um grupo de escritores
afro-americanos produziu um corpo notável de obras
de poesia, ficção, drama, e ensaio (hoje são muitas
canônicas). A talentosa Nella Larsen, romance PASSING
(1929) e a famosa Zora Neale Hurston. O movimento
inspirou consciência racial e o conceito “De volta `a
Àfrica,” e a integração racial, uma explosão de
música—blues e jazz—i.e. as primeira oportunidades
para expressão grupal e afirmações de auto-
determinação.
• (10)
• O autor W.E.B. Du Bois introduziu o conceito
da dupla consciência, i.e., do negro ser duas
pessoas—duas almas, dois pensamentos, dois
tipos de inquietação, dois ideais em combate
dentro de um corpo negro: sujeito/objeto.(11)
• A Harlem Renaissance, originalmente conhecida como
O Novo Movimento Negro representava um
desabrochar literário e intelectual que promoveu uma
nova identidade cultural negra; era um período de
formação espiritual apesar de ainda existirem racismo
e poucas oportunidades econômicas. E a expressão
criativa e estética era um dos poucos caminhos para
reafirmar o seu orgulho cultural. Entre 1920-
1930, 750,000 afro-americanos deixaram o Sul para o
Norte à procura de mais oportunidades e um ambiente
mais tolerante. O bairro de Harlem, NYC, de 3 milhas
quadradas e com 175,000 de habitantes negros se
tornou a maior concentração de negros do mundo.(15)
• Em 1955, Rosa Parks, costureira e ativista no
movimento de direitos civis para todos, é hoje em dia
reconhecida como “a Primeira Dama do Movimento
de Direitos Civis” e também “Mãe do Movimento à
Liberdade,”porque um dia ela recusou oferecer o seu
assento/lugar (na secção do onibus reservada para
negros) a um homem branco que estava em pé e por
isso foi presa. No dia seguinte gente das igrejas locais
para negros boicotaram os onibus da cidade de
Montgomery, AL. Simbolicamente, este evento
mostrou o poder da ação coletiva e logo depois
também chamou atenção à participação do jovem
Martin Luther King Jr. de 27 anos. (17)
• Em 1954 O Tribunal Supremo tinha declarado
unanimamente, numa decisão histórica
(Brown vs Board of Education), que o sistema
de segregação no Sul era inconstitucional. Isto
significou que depois de 20 anos de lutas
legais promovido pela NAACP, esta decisão
ordenou a desegregação das escolas públicas
na América.
• (23)
• Como era de esperar esta decisão encontrou
muita oposição e mesmo depois de muita
confrontação ainda em 1960 todas as escolas
públicas mantiveram segregação em três estados
sulistas. Mas aos poucos, o movimento de
direitos civis com os seus protestos promovido
pela classe média atraiu muitos negros da classe
baixa também. Este movimento ofereceu à
população negra um enfoque coerente e um
desabafo público. O governo federal apoiou
ilimitadamente este movimento—Kennedy e
Johnson. (24)
• E em 1964 O Ato de Direitos Civis despedaçou as defesas
legais de segregação e com isto surgiram novas agências
como a Comissão para Igualdade na Oportunidade de
Emprego. O Departamento Federal de Educação criou
programas para ajudar escolas a realizar os seus planos
para desegregação. O conceito de educação integrada
ganhou amplo apoio do públicou. E o número de oficiais
negros eleitos nos Estados do Sul cresceu de 70 em 1965
até 1,600 em 1975.
• E na segunda metade dos anos 1970s muitos negros
fizeram parte de uma migração de regresso ao Sul porque o
custo de vida era mais barato ali e por cima encontraram
um melhor clima de afabilidade e segurança pessoal na
região de onde tinha fugido anos atrás. (25)
• O movimento de direitos civis expandiu e
conseguiu muitos avanços mas em 1968 com
o assassinato de Martin Luther King, o
movimento ficou menos coeso e o programa
político dos negros mudou numa cultura
americana que exibia a afluência que não
chegavam a todos.
• (26)
• Ao mesmo tempo outra grande migração para o
Norte resultou numa expansão de muitos
bairros/guetos negros nas grandes cidades (inner
cities) que virou uma espécie de
“hipersegregação” e provocou alienação e
impotência sócio-política. Engendrou muitos
tumultos urbanos—entre 1965-69: 250 mortos e
83,000 presos. Estas ações nunca manifestaram
diretamente violência contra os brancos. Foi
violência contra o sistema. “Poder Negro”/Black
Power e Malcolm X radicalizaram muitos jovens
ativistas do movimento de direitos civis. (27)
Foram
• No meio de tudo isto, havia uma continuidade
inescapável na luta para direitos civis. Agências
executivas e tribunais federais continuaram a avançar
para implementar soluções ou remédios raciais. E
liberalismo racial ainda estava no ascendente e até
meados da década de 1970 a igualdade econômica e
educacional entre as raças avançou. Porém, sabemos
que houve, entre os avanços, muitos reveses que
revelaram que o racismo continuava em muitos setores
e apesar dos sucessos da classe média afro-
americana, os negros da classe baixa não superaram os
problemas de desemprego, enquanto o índice dos da
mesma classe branca era de dois a um. (29)
• Não temos o tempo para descrever à evolução caótica
e assimétrica da história espiral das relações raciais dos
anos 80 até os nossos dias mas queria sublinhar o
começo da luta histórica, muitas vezes violenta, desde
os anos 50, com a finalidade de chamar atenção ao
fato que aqueles anos de luta produziram ganhos e
perdas. Se caracterizamos esta história como espiral,
temos que entender que com cada avanço importante,
alguns elementos deste progresso foram perdidos até
outro espiral subir.
• Podemos dizer que apesar das contradições,
controvérsias, desigualdade, e injustiças, algum avanço
para igualdade racial continuava a sobreviver.(30)
• Para ilustrar esta história espiral na luta de igualdade
racial, gostaria de dar enfoque ao movimento de “ação
afirmativa” porque reconheço que hoje em dia no
Brasil existem programas em algumas universidades
que estão tentando estabelecer processos para ajudar
estudantes de ascendência africana a adquirir recursos
educativos para eles entrarem na universidade.
• O conceito de “ação afirmativa” começou nos anos 60
nos EUA e ganhou aceitação ou aprovação pública
durante uma época em que o público em geral
manifestava uma certa aquiescência/assentimento em
contraste com a oposição vocal durante as décadas de
80, 90 e o ínício do século XXI. (31)
• A grande diferença na implementação de Ação
Afirmativa como uma política governmental nos anos
60 foi o fato que aumentou o poder judicial com o
efeito que juizes e tribunais emitiram ordens para
corrigir qualquer infração contra direitos desiguais.
Assim, juizes e litigantes perseguiram incessantemente
direitos iguais para indivíduos e uma variedade de
grupos excluídos ou vitimizados. O resultado foi um
processo em que a palavra “preferência” evocava
controvérsia, raiva e injustiça. E nos nossos dias
continuam os protestos durante a política de um
Presidente Negro como Obama.
• (32)
• Nos EUA, o ímpeto para instituir AA assenta no
conceito de emendar/reparar as desvantagens
associadas com a flagrante discriminação
histórica e também prevenir discriminação contra
pessoas no trabalho e na educação na base de
cor, religião, sexo ou origem nacional. Além
disto, existe o desejo de assegurar que
instituições públicas como
universidades, hospitais e a polícia sejam mais
representativos das populações que eles servem.
• (33)
• A grande controvérsia contra AA surgiu com as cotas raciais
para admissão na faculdade que muitos interpretaram
como discriminação reversa e que muitos consideram
inconstitucionais. Este termo (AA) foi empregado em 1961
para descrever a política do governo perante agências
governmentais que contratam pessoas. Presidente
Kennedy administrou sob mandato a Ordem Executiva que
empregados governamentais sejam tratados iguais sem
consideração à sua raça, crença, cor or origem nacional. E
mais tarde Presidente Johnson declarou que “não
procuramos somente liberdade, mas sim oportunidade
(portas e janelas de oportunidade); não somente eqüidade
legal mas sim habilidade humana.
• (34)
• Em 1978 O Tribunal Supremo declarou que
“diversidade” na educação superior para
minorias mal representadas constitui um
“interesse compulsório” e confirmou que raça
poderia ser um dos fatores no processo de
admitir estudantes numa faculdade.
• (35)
• Na sua história de 50 anos, AA, no meio das prós e contras,
a maioria da população considera AA um sistema
imperfeito mas ao mesmo tempo um remédio necessário
para curar uma doença social persistente, intratável. A
crítica contra AA é fraca porque se assenta pesadamente
em mitos e malentendimentos.
• Na verdade 70% dos americanos estão a favor de AA para
ajudar negros, mulheres e outras minorias atingirem
melhores empregos e educação O que o público opõe são
as cotas, as excepções e discriminação reversa. Isto é, sem
julgar os méritos dos outros candidatos.
• (37)
• AA nunca foi uma proposta para curar tudo
relacionado à desigualdade. O seu objetivo se
dirigia especificamente a combater discriminação
no emprego e na universidade. Para avaliar o
valor de AA é preciso perguntar se no meio da
ausência de reformas sociais capitais, será que
AA ajuda a combater a injustiça contínua causada
pela discriminação? A documentação da
pesquisa revela indubitavelmente que, sim,
ajuda.
• (38)
• Porém séculos de racismo e sexismo não foram eradicados
apesar dos avanços ganhos pelo movimento de direitos
civis. Janelas de oportunidades só foram parcialmente
abertas até agora. Precisa-se mais do que nunca da AA.
• Para usar uma metáfora esportiva, podemos aludir a um
campo de corrida em que supostamente o corredor mais
rápido vai ganhar. Críticos contra AA dizem que alguns
atletas são favorecidos com “head start”/vantagens.
Porém, AA não se trata de avançar/favorecer alguns
corredores, mas sim reparar/concertar as pistas/faixas
danificadas e simultaneamente abolir os obstáculos que
bloqueiam o caminho para oportunidade e sucesso que
somente alguns corredores enfrentam.
• (39)
• Políticas que promovem inclusão como AA são
desenhados para igualar as condições de uma
corrida frequentemente injusta e dar a todos
uma chance bem justa para competir.
• O apoio para AA entre o público norteamericano
cresceu substancialmente nos anos mais recentes
de 58% em 1995 a 70% em 2007. Esta estatística
confirma os positivos da AA.
• (40)
• Sem uma oportunidade especial para poder
entrar no sistema sócio-econômico, grupos
desvantajosos nunca teriam sido capazes de
poder superar o “handicap” *desvantagem]
que foi forçado neles e criado pelas
prioridades exclusivas e injustas da sua
cultura.
• (41)
• O Foro de Política Afro-Americana (AAPF) ainda
acredita que AA tem que se funicionar na base de
manter uma consciência racial para poder eliminar os
obstáculos responsáveis que bloqueiam o caminho
para inumeráveis pessoas de cor de todas as classes.
• Também se diz que AA é responsável pela criação de
uma classe média afro-americana construída por
muita gente que era da classe baixa e que AA não
favorece somente indivíduos de cor das classes altas e
médias.
• (42)
• Desde que assumiu o poder, Barack Obama tem
tentado equilibrar crença em política universal,
uma que não se baseia principalmente em
questões raciais e os desafios étnicos de ser o
primeiro presidente negro dos EUA.
• Porém, os seus adversários e muitos intelectuais
e legisladores negros o culpam por não fazer de
sua presidência uma ferramenta mais agressiva
contra a disparidade racial.
• (43)
• Obama governa uma Casa Branca que
constantemente visa a unidade inter-racial. Ele
promove uma política inclusiva destinada a
ajudar americanos de todas origens.
• Ele já declarou publicamente:
• “Não sou o presidente dos Estados Unidos dos
negros. Sou o presidente dos Estados Unidos da
América.”
• (44)
• Segundo os seus assessores, Obama possui uma
missão: o de mudar estereótipos sobre negros;
que, segundo a sua esposa Michelle, ele queria
concorrer à presidência para mudar a percepção
das crianças sobre o que era possível.
• Obama fica emocionado com a maneira com que
outros negros que superaram obstáculos de raça
se comportaram.
• (45)
• Uma destas pessoas é Ruby Bridges Hall, quando
ela apareceu para ver o famoso pintura/retrato
que Norman Rockwell fez dela indo para escola, e
que Obama havia pendurado do lado de fora do
Salão Oval. O quadro mostra Ruby com 6 anos de
idade, em um vestido branco, andando
calmamente para dentro da escola, e, ao mesmo
tempo, vê-se um tomate e um insulto escrito na
parede atrás dela.
• (46)
• O presidente perguntou a Ruby, que hoje tem 58
anos, como ela conseguiu ser tão corajosa tão
nova, e disse que às vezes ele presencia suas
próprias filhas olhando para o retrato/quadro.
• Ele lhe disse : “Realmente acho que elas se veem
em você.”
• “Ruby respondeu: “Fazer o trabalho que fazemos
pode ser algo bastante solitário.” E continuou:
“Senti que ele me entendeu porque, de certa
maneira, pertencemos ao mesmo clube.”
• (49)
• Para concluir, desejo voltar à visão de W.E.B Du Bois e
os seus comentários sobre a linha de cor porque quase
no fim da sua vida e depois de ter visitado três vezes o
gueto judeu de Warsaw, ele percebeu que
discriminação não é somente uma questão de negro
contra branco. “Muito além das linhas de cor, a
questão de raça e discriminação tem a ver com
paradigmas culturais, ensino pervertido, e ódio e
preconceito humano que atingiu todos os tipos de
pessoas e causou maldade sem fim a todos.”
• (51)

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Quebradas   (aula 30 de abril 2013)Quebradas   (aula 30 de abril 2013)
Quebradas (aula 30 de abril 2013)
 

Raça e Cultura na História dos EUA

  • 1. Linha de Cor: Raça e Cultura na América
  • 2. • Linha de cor é uma expressão utilizada para, simbolicamente, estabelecer divisões entre grupos étnicos em sociedades em que a cor da pele é determinante no estabelecimento do estatuto humano, social e político dos indivíduos. • (2)
  • 3. • A linha da cor estabelece divisões na sociedade e afeta a forma como os indivíduos têm acesso à educação, ao emprego, à habitação, para além de lhes estabelecer, em termos sociais e humanos, limitações reais, como a possibilidade de uma menor mobilidade social e um menor acesso aos seus direitos fundamentais. • (3)
  • 4. • Quase todos os países multiraciais têm distinções formais, mais ou menos segregacionistas, relativas à cor da pele, normalmente classificações de um lado “negro,” “não branco” ou “de cor.” Na democracia dos EUA, por exemplo, a ascendência africana dos indivíduos foi ao longo dos tempos classificada como “preto,” “negro,” “de cor” e, hoje em dia “afro-americano.” • (4)
  • 5. • “*No Brasil+…si formos auscultar a pulsação mais íntima de nossa vida social e familiar encontraremos entre nós uma linha de cor bastante nítida, embora o preconceito não atinja nunca, entre nós, as vilanias sociais que pratica nas terras de influência inglesa. (…) O preconceito de cor me parece incontestável entre nós, porém, na sua complexidade e esperteza de disfarces…constitucionais, temos que não confundi-lo com o problema de classe, não só para não exagerá-lo em sua importância, como para lhe dar melhor iluminação e não enfraquece-lo em suas provas legítimas.” *Mário de Andrade, “Linha de Cor,” ESTADO DE S. PAULO, 29-III-1939] • (5)
  • 6. • Com esta declaração, Mário de Andrade questionou a explicação comum de que o Brasil não se caracteriza abertamente como uma sociedade racista, segregacionista, por causa da sua história de miscigenação. Por isso, ele insistiu em afirmar que no Brasil não é simplesmente um problema de classe, mas também é outro problema exclusivamente de cor. • W.E.B DuBois, pensador e historiador afro-americano, altamente conceituado, insistiu em 1903 que o maior problema do século XX é oproblema da linha de cor, na África, na Ásia”, no Caribe, e nas Américas (e não exclusivamente nos EUA). • (6)
  • 7. • A história das relações raciais nos EUA é longa e complexa, mas frequentemente interpretada superficialmente pela a grande divisão (ou linha de cor) entre o Sul racista e o Norte liberal, este não totalmente sem preconceitos, mesmo depois da Abolição em 1865, proclamada pelo Presidente Lincoln. Assim, a evolução das relações raciais envolveu o Norte E o Sul em que, durante a segunda metade do século XX, alguns indivíduos das duas regiões lutaram juntos com a finalidade de acabar com a situação segregacionista do Sul.. • (7)
  • 8. • Esta luta concreta contra a segregação começou nos anos 50, depois da Grande Migração (1916- 30) de negros para o Norte e depois da Segunda Guerra Mundial que incitou mais unidade entre o povo americano. É interessante notar que a Grande Migração na verdade mudou o centro da América Negra do rural para o urbano--as grandes cidades dinâmicas do norte de Chicago e New York, onde os negros encontraram independência e militância. • (8)
  • 9. • Antes de falar sobre as mudanças nas relações raciais nos EUA a partir anos 50, vale a pena fazer uma pequena parêntese para chamar atenção à Renascença de Harlem (bairro de NY), um período de florescimento da cultura negra que se manifestou entre o fim da Primeira Guerra Mundial e meados da década de 1930, nos campos de literatura, musica, arte, e teatro. • (9)
  • 10. • Durante a Renascença Harlem, um grupo de escritores afro-americanos produziu um corpo notável de obras de poesia, ficção, drama, e ensaio (hoje são muitas canônicas). A talentosa Nella Larsen, romance PASSING (1929) e a famosa Zora Neale Hurston. O movimento inspirou consciência racial e o conceito “De volta `a Àfrica,” e a integração racial, uma explosão de música—blues e jazz—i.e. as primeira oportunidades para expressão grupal e afirmações de auto- determinação. • (10)
  • 11. • O autor W.E.B. Du Bois introduziu o conceito da dupla consciência, i.e., do negro ser duas pessoas—duas almas, dois pensamentos, dois tipos de inquietação, dois ideais em combate dentro de um corpo negro: sujeito/objeto.(11)
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  • 15. • A Harlem Renaissance, originalmente conhecida como O Novo Movimento Negro representava um desabrochar literário e intelectual que promoveu uma nova identidade cultural negra; era um período de formação espiritual apesar de ainda existirem racismo e poucas oportunidades econômicas. E a expressão criativa e estética era um dos poucos caminhos para reafirmar o seu orgulho cultural. Entre 1920- 1930, 750,000 afro-americanos deixaram o Sul para o Norte à procura de mais oportunidades e um ambiente mais tolerante. O bairro de Harlem, NYC, de 3 milhas quadradas e com 175,000 de habitantes negros se tornou a maior concentração de negros do mundo.(15)
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  • 17. • Em 1955, Rosa Parks, costureira e ativista no movimento de direitos civis para todos, é hoje em dia reconhecida como “a Primeira Dama do Movimento de Direitos Civis” e também “Mãe do Movimento à Liberdade,”porque um dia ela recusou oferecer o seu assento/lugar (na secção do onibus reservada para negros) a um homem branco que estava em pé e por isso foi presa. No dia seguinte gente das igrejas locais para negros boicotaram os onibus da cidade de Montgomery, AL. Simbolicamente, este evento mostrou o poder da ação coletiva e logo depois também chamou atenção à participação do jovem Martin Luther King Jr. de 27 anos. (17)
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  • 23. • Em 1954 O Tribunal Supremo tinha declarado unanimamente, numa decisão histórica (Brown vs Board of Education), que o sistema de segregação no Sul era inconstitucional. Isto significou que depois de 20 anos de lutas legais promovido pela NAACP, esta decisão ordenou a desegregação das escolas públicas na América. • (23)
  • 24. • Como era de esperar esta decisão encontrou muita oposição e mesmo depois de muita confrontação ainda em 1960 todas as escolas públicas mantiveram segregação em três estados sulistas. Mas aos poucos, o movimento de direitos civis com os seus protestos promovido pela classe média atraiu muitos negros da classe baixa também. Este movimento ofereceu à população negra um enfoque coerente e um desabafo público. O governo federal apoiou ilimitadamente este movimento—Kennedy e Johnson. (24)
  • 25. • E em 1964 O Ato de Direitos Civis despedaçou as defesas legais de segregação e com isto surgiram novas agências como a Comissão para Igualdade na Oportunidade de Emprego. O Departamento Federal de Educação criou programas para ajudar escolas a realizar os seus planos para desegregação. O conceito de educação integrada ganhou amplo apoio do públicou. E o número de oficiais negros eleitos nos Estados do Sul cresceu de 70 em 1965 até 1,600 em 1975. • E na segunda metade dos anos 1970s muitos negros fizeram parte de uma migração de regresso ao Sul porque o custo de vida era mais barato ali e por cima encontraram um melhor clima de afabilidade e segurança pessoal na região de onde tinha fugido anos atrás. (25)
  • 26. • O movimento de direitos civis expandiu e conseguiu muitos avanços mas em 1968 com o assassinato de Martin Luther King, o movimento ficou menos coeso e o programa político dos negros mudou numa cultura americana que exibia a afluência que não chegavam a todos. • (26)
  • 27. • Ao mesmo tempo outra grande migração para o Norte resultou numa expansão de muitos bairros/guetos negros nas grandes cidades (inner cities) que virou uma espécie de “hipersegregação” e provocou alienação e impotência sócio-política. Engendrou muitos tumultos urbanos—entre 1965-69: 250 mortos e 83,000 presos. Estas ações nunca manifestaram diretamente violência contra os brancos. Foi violência contra o sistema. “Poder Negro”/Black Power e Malcolm X radicalizaram muitos jovens ativistas do movimento de direitos civis. (27)
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  • 29. Foram • No meio de tudo isto, havia uma continuidade inescapável na luta para direitos civis. Agências executivas e tribunais federais continuaram a avançar para implementar soluções ou remédios raciais. E liberalismo racial ainda estava no ascendente e até meados da década de 1970 a igualdade econômica e educacional entre as raças avançou. Porém, sabemos que houve, entre os avanços, muitos reveses que revelaram que o racismo continuava em muitos setores e apesar dos sucessos da classe média afro- americana, os negros da classe baixa não superaram os problemas de desemprego, enquanto o índice dos da mesma classe branca era de dois a um. (29)
  • 30. • Não temos o tempo para descrever à evolução caótica e assimétrica da história espiral das relações raciais dos anos 80 até os nossos dias mas queria sublinhar o começo da luta histórica, muitas vezes violenta, desde os anos 50, com a finalidade de chamar atenção ao fato que aqueles anos de luta produziram ganhos e perdas. Se caracterizamos esta história como espiral, temos que entender que com cada avanço importante, alguns elementos deste progresso foram perdidos até outro espiral subir. • Podemos dizer que apesar das contradições, controvérsias, desigualdade, e injustiças, algum avanço para igualdade racial continuava a sobreviver.(30)
  • 31. • Para ilustrar esta história espiral na luta de igualdade racial, gostaria de dar enfoque ao movimento de “ação afirmativa” porque reconheço que hoje em dia no Brasil existem programas em algumas universidades que estão tentando estabelecer processos para ajudar estudantes de ascendência africana a adquirir recursos educativos para eles entrarem na universidade. • O conceito de “ação afirmativa” começou nos anos 60 nos EUA e ganhou aceitação ou aprovação pública durante uma época em que o público em geral manifestava uma certa aquiescência/assentimento em contraste com a oposição vocal durante as décadas de 80, 90 e o ínício do século XXI. (31)
  • 32. • A grande diferença na implementação de Ação Afirmativa como uma política governmental nos anos 60 foi o fato que aumentou o poder judicial com o efeito que juizes e tribunais emitiram ordens para corrigir qualquer infração contra direitos desiguais. Assim, juizes e litigantes perseguiram incessantemente direitos iguais para indivíduos e uma variedade de grupos excluídos ou vitimizados. O resultado foi um processo em que a palavra “preferência” evocava controvérsia, raiva e injustiça. E nos nossos dias continuam os protestos durante a política de um Presidente Negro como Obama. • (32)
  • 33. • Nos EUA, o ímpeto para instituir AA assenta no conceito de emendar/reparar as desvantagens associadas com a flagrante discriminação histórica e também prevenir discriminação contra pessoas no trabalho e na educação na base de cor, religião, sexo ou origem nacional. Além disto, existe o desejo de assegurar que instituições públicas como universidades, hospitais e a polícia sejam mais representativos das populações que eles servem. • (33)
  • 34. • A grande controvérsia contra AA surgiu com as cotas raciais para admissão na faculdade que muitos interpretaram como discriminação reversa e que muitos consideram inconstitucionais. Este termo (AA) foi empregado em 1961 para descrever a política do governo perante agências governmentais que contratam pessoas. Presidente Kennedy administrou sob mandato a Ordem Executiva que empregados governamentais sejam tratados iguais sem consideração à sua raça, crença, cor or origem nacional. E mais tarde Presidente Johnson declarou que “não procuramos somente liberdade, mas sim oportunidade (portas e janelas de oportunidade); não somente eqüidade legal mas sim habilidade humana. • (34)
  • 35. • Em 1978 O Tribunal Supremo declarou que “diversidade” na educação superior para minorias mal representadas constitui um “interesse compulsório” e confirmou que raça poderia ser um dos fatores no processo de admitir estudantes numa faculdade. • (35)
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  • 37. • Na sua história de 50 anos, AA, no meio das prós e contras, a maioria da população considera AA um sistema imperfeito mas ao mesmo tempo um remédio necessário para curar uma doença social persistente, intratável. A crítica contra AA é fraca porque se assenta pesadamente em mitos e malentendimentos. • Na verdade 70% dos americanos estão a favor de AA para ajudar negros, mulheres e outras minorias atingirem melhores empregos e educação O que o público opõe são as cotas, as excepções e discriminação reversa. Isto é, sem julgar os méritos dos outros candidatos. • (37)
  • 38. • AA nunca foi uma proposta para curar tudo relacionado à desigualdade. O seu objetivo se dirigia especificamente a combater discriminação no emprego e na universidade. Para avaliar o valor de AA é preciso perguntar se no meio da ausência de reformas sociais capitais, será que AA ajuda a combater a injustiça contínua causada pela discriminação? A documentação da pesquisa revela indubitavelmente que, sim, ajuda. • (38)
  • 39. • Porém séculos de racismo e sexismo não foram eradicados apesar dos avanços ganhos pelo movimento de direitos civis. Janelas de oportunidades só foram parcialmente abertas até agora. Precisa-se mais do que nunca da AA. • Para usar uma metáfora esportiva, podemos aludir a um campo de corrida em que supostamente o corredor mais rápido vai ganhar. Críticos contra AA dizem que alguns atletas são favorecidos com “head start”/vantagens. Porém, AA não se trata de avançar/favorecer alguns corredores, mas sim reparar/concertar as pistas/faixas danificadas e simultaneamente abolir os obstáculos que bloqueiam o caminho para oportunidade e sucesso que somente alguns corredores enfrentam. • (39)
  • 40. • Políticas que promovem inclusão como AA são desenhados para igualar as condições de uma corrida frequentemente injusta e dar a todos uma chance bem justa para competir. • O apoio para AA entre o público norteamericano cresceu substancialmente nos anos mais recentes de 58% em 1995 a 70% em 2007. Esta estatística confirma os positivos da AA. • (40)
  • 41. • Sem uma oportunidade especial para poder entrar no sistema sócio-econômico, grupos desvantajosos nunca teriam sido capazes de poder superar o “handicap” *desvantagem] que foi forçado neles e criado pelas prioridades exclusivas e injustas da sua cultura. • (41)
  • 42. • O Foro de Política Afro-Americana (AAPF) ainda acredita que AA tem que se funicionar na base de manter uma consciência racial para poder eliminar os obstáculos responsáveis que bloqueiam o caminho para inumeráveis pessoas de cor de todas as classes. • Também se diz que AA é responsável pela criação de uma classe média afro-americana construída por muita gente que era da classe baixa e que AA não favorece somente indivíduos de cor das classes altas e médias. • (42)
  • 43. • Desde que assumiu o poder, Barack Obama tem tentado equilibrar crença em política universal, uma que não se baseia principalmente em questões raciais e os desafios étnicos de ser o primeiro presidente negro dos EUA. • Porém, os seus adversários e muitos intelectuais e legisladores negros o culpam por não fazer de sua presidência uma ferramenta mais agressiva contra a disparidade racial. • (43)
  • 44. • Obama governa uma Casa Branca que constantemente visa a unidade inter-racial. Ele promove uma política inclusiva destinada a ajudar americanos de todas origens. • Ele já declarou publicamente: • “Não sou o presidente dos Estados Unidos dos negros. Sou o presidente dos Estados Unidos da América.” • (44)
  • 45. • Segundo os seus assessores, Obama possui uma missão: o de mudar estereótipos sobre negros; que, segundo a sua esposa Michelle, ele queria concorrer à presidência para mudar a percepção das crianças sobre o que era possível. • Obama fica emocionado com a maneira com que outros negros que superaram obstáculos de raça se comportaram. • (45)
  • 46. • Uma destas pessoas é Ruby Bridges Hall, quando ela apareceu para ver o famoso pintura/retrato que Norman Rockwell fez dela indo para escola, e que Obama havia pendurado do lado de fora do Salão Oval. O quadro mostra Ruby com 6 anos de idade, em um vestido branco, andando calmamente para dentro da escola, e, ao mesmo tempo, vê-se um tomate e um insulto escrito na parede atrás dela. • (46)
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  • 49. • O presidente perguntou a Ruby, que hoje tem 58 anos, como ela conseguiu ser tão corajosa tão nova, e disse que às vezes ele presencia suas próprias filhas olhando para o retrato/quadro. • Ele lhe disse : “Realmente acho que elas se veem em você.” • “Ruby respondeu: “Fazer o trabalho que fazemos pode ser algo bastante solitário.” E continuou: “Senti que ele me entendeu porque, de certa maneira, pertencemos ao mesmo clube.” • (49)
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  • 51. • Para concluir, desejo voltar à visão de W.E.B Du Bois e os seus comentários sobre a linha de cor porque quase no fim da sua vida e depois de ter visitado três vezes o gueto judeu de Warsaw, ele percebeu que discriminação não é somente uma questão de negro contra branco. “Muito além das linhas de cor, a questão de raça e discriminação tem a ver com paradigmas culturais, ensino pervertido, e ódio e preconceito humano que atingiu todos os tipos de pessoas e causou maldade sem fim a todos.” • (51)