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A Nossa Língua
Professora Vanda Barreto
Conceitos: Linguagem e Língua
• Linguagem
• meio e processo de comunicação entre seres humanos, animais ou máquinas.
• Língua Verbal
• meio de comunicação através do qual os seres humanos partilham
informação, saúdam, perguntam, prometem, etc., de uma forma sistemática e
convencional, recorrendo a sinais sonoros ou gráficos.
• Língua
• sistema de representação constituído por palavras e pelas regras que as
combinam em frases, usado pelos falantes de uma comunidade linguística como
principal meio de comunicação oral ou escrito.
2Professora Vanda Barreto
Conceitos: Comunidade e Falante
• Falante
• utilizador de uma língua.
• Comunidade Linguística
• conjunto de falantes que utilizam uma mesma língua para comunicarem
entre si;
• a comunidade linguística dos falantes de língua portuguesa é hoje
composta por mais de 250 milhões de pessoas. Mapa da Lusofonia
• Competência Linguística
• é a capacidade intuitiva que o falante tem para usar a sua língua e que
decorre do processo natural de aquisição da linguagem.
• Competência Comunicativa
• capacidade que um falante tem de produzir e receber mensagens e de
adequar o seu discurso aos diferentes contextos.
• Competência Metalinguística
• capacidade que um falante tem para refletir sobre os mecanismos da
gramática da língua que habitualmente usa de modo intuitivo.
3Professora Vanda Barreto
Mapa da Lusofonia
4Professora Vanda Barreto
Conceitos: Estatuto das Línguas
• Língua Oficial
• aquela que é usada obrigatoriamente pelos cidadãos no contactos com a
administração do país onde residem;
• a língua oficial nem sempre coincide com a língua nacional.
• Língua Materna
• aquela com que um recém-nascido entra primeiramente em contacto, no
seu ambiente familiar e com a qual faz a aprendizagem da fala.
• Língua Segunda (=não materna)
• é aquela que, depois da sua língua materna, o falante aprende e usa na
comunidade em que está inserido;
• o português é a língua segunda dos imigrantes radicados em Portugal e de
muitos habitantes de países africanos de língua oficial portuguesa que têm
outras línguas maternas.
• Língua Estrangeira
• é a língua não materna, habitualmente aprendida em contexto escolar.
5Professora Vanda Barreto
Variação Linguística
• Uma língua pode apresentar variação em função de diversos
fatores:
• do espaço: Variação diatópica
• do meio social: Variação diastrática
• da situação discursiva: Variação diafásica
• do tempo: Variação diacrónica
6Professora Vanda Barreto
Variação Diatópica do Português
• dia (grego dia = através de)
• tópica (grego tópos = lugar)
• Todas as línguas incorporam margens de variação. Estas variações
são maiores quanto maior for o número de falantes e mais alargada a
sua dispersão geográfica.
• O português falado em Portugal apresenta variações no Minho, no
Algarve, no Alentejo, na Madeira e nos Açores, por exemplo.
• Por outro lado, o português de Portugal não é exatamente igual ao
Português do Brasil.
7Professora Vanda Barreto
Variação Diatópica do Português
• A língua apresenta variedades geográficas que diferem de região para
região, dentro do mesmo país. As suas especificidades podem
manifestar-se ao nível da pronúncia, da entoação, do vocabulário e da
sintaxe.
Professora Vanda Barreto 8
Região do país Exemplo Significado
Norte fino copo de cerveja
Centro bica café
Madeira lambeca sorvete
Açores trincar o pé pisar o pé
Normalização Linguística
“É o processo segundo o qual uma variedade da língua é
adotada como língua padrão, tornando-se a variedade
aconselhada em situações institucionais de uso da língua.
A padronização de uma língua é implementada pelos governos
através da oficialização de normas ortográficas, lexicais e
sintáticas, visando promover uma língua tendencialmente nivelada
e unificada.
O sistema de ensino é o veículo de transmissão e controlo da
língua padrão, também difundida pelos meios de comunicação.”
DOMÍNIOS, Gramática da Língua Portuguesa
Professora Vanda Barreto 9
Variedades do Português
• Ao longo da sua história, os falantes do português entraram em
contacto com outras línguas, daí resultando diferentes variedades
da nossa língua:
• variedade europeia
• variedade brasileira
• variedades africanas
• variedade timorense
10Professora Vanda Barreto
Professora Vanda Barreto 11
Mapa dos Descobrimentos Portugueses
Variedade Europeia
• É o português falado em Portugal continental e nos arquipélagos
da Madeira e dos Açores.
• Considera a variedade dos falantes cultos de Lisboa, como língua
padrão.
• O português europeu é regulado pela Academia de Ciências de
Lisboa.
12Professora Vanda Barreto
Características do Português Europeu
Professora Vanda Barreto 13
Características Exemplos
Colocação do pronome pessoal depois do verbo Ele disse-me a verdade.
Uso da preposição “a” + infinito Ela está a ler um livro.
Uso de preposições O João foi ao médico.
Uso da 2ª pessoa do singular em registo
informal (tu)
Tu queres lanchar cá?
Vocabulário e expressões próprios Autocarro
Ortografia cómico
Dialetos de Portugal
• 1. Dialetos portugueses insulares
açorianos.
• 8. Dialetos portugueses insulares
madeirenses.
• 4. e 10. Dialetos portugueses
setentrionais: dialetos transmontanos e
alto-minhoto.
• 9. 6. 5. Dialetos portugueses setentrionais:
dialetos baixo-minhotos-durienses-beirões.
• 7. Dialetos portugueses centro-
meridionais: dialetos do centro litoral.
• 2. e 3. Dialetos portugueses centro-
meridionais: dialetos do centro interior e do
centro interior e do sul.
14Professora Vanda Barreto
Variedade Brasileira
• É o português falado no
Brasil.
• Considera a variedade dos
falantes cultos do Rio de
Janeiro e de S, Paulo como
língua padrão.
Professora Vanda Barreto 15
Características do Português do Brasil
Professora Vanda Barreto 16
Características Exemplos
Colocação do pronome pessoal antes do verbo Ele me disse a verdade.
Uso frequente do gerúndio Ele está lendo um livro.
Uso de preposições O João foi no médico.
Uso da 3ª pessoa do singular em registo informal
(você)
Você quer lanchar cá?
Vocabulário e expressões próprios Ônibus (=autocarro)
Ortografia cômico
Variedades Africanas
Professora Vanda Barreto 17
Características Exemplos
Colocação do pronome pessoal antes do verbo Ele me disse a verdade.
Não concordância do sujeito com predicado Você foste sozinha?
Uso de preposições O João foi no médico.
Pronome pessoal “lhe” como CD A avó viu-lhe na praça.
Marca do plural nos determinantes Ele magoou os pé.
Vocabulário e expressões próprios Machimbombo (=autocarro)
Variação Diastrática
• dia (grego dia = através de)
• estrática (grego stratu = estrato)
• Quando as diferenças na comunicação resultam de fatores
como a classe social, a idade, a origem étnica ou o nível de
instrução, designam-se por variedades sociais ou variação
diastrática.
18Professora Vanda Barreto
Registo técnico
Uso de terminologia específica e rigorosa relativa a
determinada profissão e usada nesse contexto.
Gíria
Uso de vocabulário e expressões próprios de
determinados grupos.
Calão
Uso de termos grosseiros, normalmente provenientes
de uma população com um nível sociocultural inferior.
Variação Diafásica
• dia (grego dia = através de)
• fásica (grego phásis = expressão)
• Quando as diferenças na comunicação resultam da situação
em que se encontra o falante, diz-se que as variações são
situacionais ou diafásicas.
• Um falante proficiente deve ser capaz de adequar o seu
registo de língua às diferentes situações de comunicação em
que interage:
• situação formal: implica um registo cuidado, de acordo com a
exigências dos diversos interlocutores;
• situação informal: admite um registo de língua mais espontâneo, menos
controlado.
19Professora Vanda Barreto
Variação Diafásica
20Professora Vanda Barreto
Registo cuidado
Caracteriza-se por um vocabulário cuidado e frases bem
construídas. É mais usado em situações formais
(discursos, conferências, crónicas...).
Registo corrente
Caracteriza-se por um vocabulário de fácil compreensão,
claro e correto. É o mais usado diariamente (rádio. TV,
conversas...).
Registo familiar
Caracteriza-se por um vocabulário menos variado, mas de
fácil compreensão, claro e espontâneo. É o mais usado
diariamente entre a família e os amigos.
Registo popular
Caracteriza-se por um vocabulário mais pobre, simples e
espontâneo, denotando muitas vezes pouca instrução por
parte dos seus falantes. É, porém, muito expressivo.
Registo literário
É utilizado principalmente pelos poetas e escritores que
empregam ao seu registo musicalidade, rima e palavras
com diferentes sentidos.
Ex.: “Ervas trémulas dançavam à menor brisa.”
(Sophia Andresen)
Variação Diacrónica do Português
• dia (grego dia = através de)
• crónica (grego kronos = tempo)
• A variação diacrónica ou histórica é o conjunto de mudanças
verificadas numa língua ao longo da sua história.
Uma língua muda através dos tempos garantindo uma continuidade
e, ao mesmo tempo, uma inovação, que permita preencher novas
necessidades comunicativas dos falantes.
21Professora Vanda Barreto
Cronologia do Português
Pré- românico Românico
Período de
transição
Galaico-
português
Português
Antigo
Português
Clássico
Português
Contemporâneo
Séc.II ac/ I ac Séc. I ac/ IX Séc. IX/XI Séc. XI/XII Séc. XII/XV
Séc.
XVI/XVIII Séc. XIX/XXI
Grandes
migrações de
povos indo-
europeus de
leste para
oeste.
Um destes
povos, os
Celtas,
estabelece-se
na PI.
A sua língua e a
sua cultura
entram em
contacto com
as já existentes:
218 ac:
romanos
409/711
germânicos.
711mouros
Durante 10
séculos fala-se
o romance.
O romance é
uma variante
do latim,
introduzido
pelos romanos.
Alguns termos
galaico-
portugueses
surgem nos
textos latinos,
mas o galaico-
português é
sobretudo
falado na
região da
Lusitânia.
Com a
Reconquista
Cristã (1000-
1249), o
Galaico-
português
consolida-se
como língua
falada e escrita
na Lusitânia.
Desta época
são os
cancioneiros
medievais.
Diapositivo 9
Época em que
o português se
“independiza”
do galaico-
português.
1296, D.Dinis
decreta que os
documentos
oficiais
passassem a
ser escritos em
português e
não em latim.
Surgem as
primeiras
gramáticas
da língua
portuguesa e
o primeiro
dicionário
português-
latim e latim-
português.
Camões
António
Ferreira
Sá de
Miranda
Padre
António
Vieira
Fase do
português
europeu, escrito e
falado, a partir do
século XIX até à
atualidade.
22Professora Vanda Barreto
As primeiras manifestações da literatura portuguesa são em verso, datam do séc.
XII e estão reunidas em três coletâneas: o Cancioneiro da Ajuda (séc.
XIII), o Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional (sendo
estes cópias de textos mais tardios).
No mundo nom me sei parelha
mentre me for como me vai,
ca ja moiro por vós e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia.
Mao dia me levantei
que vos entom non vi fea!
Paio Soares de Taveirós, «Cantiga da
Garvaia» - (1.ª estrofe)
23Professora Vanda Barreto
Contacto entre Línguas
Línguas de
substrato
Línguas dos
povos que
habitavam a PI
antes da invasão
romana
(iberos, celtas, fe
nícios e gregos)
Língua de estrato
Latim popular
(a nossa língua deriva
fundamentalmente do
latim popular, trazido
pelos romanos- séc. III)
Língua de
superstrato
Língua dos
visigodos- séc.V
(língua que veio
depois, mas que
não se sobrepôs
à existente)
Língua de
adstrato
Língua árabe
(língua que
coexistiu com a
existente)
Professora Vanda Barreto 24
Braga, Viseu, Tejo,
bruxa, chaparro,
esquerdo, sapo, ...
elmo, estribo, guerra,
luva, orgulho, raça,
Ricardo, ... e os pontos
cardeais (200 palavras)
Algumas palavras de
origem árabe
Algumas palavras de origem árabe
• Açafrão (azzafaran, amarelo)
Achaque (ashshaka,
enfermidade)
Açoite (assaut)
Açougue (assok)
Açude (assudd)
Açúcar (assukar deriva do
Sanscrito çarkara, grãos de
areia)
Alcachofra (Alkharshof, fruto
do cardo manso)
Alcalóide (palavra composta:
Árab.alcali + Grego eîdos,
forma)
Alcateia (alkataia, rebanho)
Álcool (alkohul, coisa subtil)
Alcorão (Alkuran, a leitura)
Alcova (al-qabu, quarto lateral)
Alecrim (aliklil)
Alface: al-khaç
Alfaiate: al-khayyât
Alfândega: alfunduq
Alfazema: al-khuzâma
Algarismo
Álgebra
Algodão (alkutun)
Alicate (allikkát, tenaz)
Almanaque (almanakh)
Almofada (almukhadda de
khadd, face)
Almoxarife
Azeite
Azeitona
Azulejo
Café
Cáfila
Califa
Califado
Ceifa
Ceroulas
Chafariz
Cherne
Chifra
Cifra
Damasco
Garrafa (garrafâ, frasco
bojudo)
Javali (jabali)
Laranja (naranj deriva do
Persa naräng)
Laranjeira (naranj deriva do
Persa naräng)
Limão (laimun deriva do Persa
limun)
Limoeiro (laimun deriva do
Persa limun)
Masmorra (matmura, celeiro
subterrâneo)
Matraca (mitraka)
Nora (na'ûra)
Oxalá (in sha allah ou
inshallah, se Deus quiser)
Safra (safaria, estação da
colheita)
Tambor (tanbur deriva do
Persa dänbära, cítara)
Xadrez (xatranj deriva do
Sânscrito xaturanga, que
consta de quatro membros)
Xarope (sharab, bebida,
poção)
Xaveco (xabbak, pequeno
navio de três mastros e velas
latinas)
Xeque
São cerca de 1000,
as palavras de origem árabe.
Professora Vanda Barreto 25
Etimologia
• Disciplina que estuda a evolução de cada palavra, ao longo das
diversas fases da história da língua, até chegar ao seu étimo, ou
seja, à palavra que lhe deu origem.
• Étimo é a forma mais antiga de uma palavra:
• palatiu > paaço > paço
• palatiu é a palavra latina para,
primeiramente, monte palatino,
depois, palácio dos césares
e, mais tarde, palácio.
• A base etimológica do português é, sobretudo; o latim. Contudo , a
nossa língua tem também outras origens, ou seja, incorpora étimos
celtas, germânicos, árabes, entre outros.
Professora Vanda Barreto 26
Genealogia Linguística
• Família de Línguas
• grupos de línguas que provêm da mesma língua-mãe.
• Indo-Europeu
• língua que deu origem a vários ramos linguísticos
• o itálico, o grego, o germânico, o celta, o eslavo, ...
• que, por sua vez, deram origem a novas famílias.
Professora Vanda Barreto 27
Professora Vanda Barreto 28
Família Indo-Europeia
Professora Vanda Barreto 29
Parentescos...
Professora Vanda Barreto 30
Família das Línguas Românicas
Professora Vanda Barreto 31
Ao conjunto das línguas derivadas do latim vulgar dá-se o
nome de família das línguas românicas.
O latim vulgar era o latim falado pelo
povo, soldados, comerciantes e colonos romanos, misturado com
os diferentes falares locais.
Fazem parte desta família de línguas o português, o
galego, o castelhano, o catalão, o francês, o provençal, o
italiano, o sardo e o romeno.
Palavras divergentes/convergentes
• Palavras divergentes
• aquelas que têm formas diferentes, mas um étimo comum:
Professora Vanda Barreto 32
Étimo latino Formas populares Formas eruditas
macula > mancha, mágoa, malha mácula
palatiu > paço palácio
solitariu > solteiro solitário
parabola > palavra parábola
O mesmo étimo deu origem a
palavras diferentes na nossa
língua.
Palavras divergentes/convergentes
• Palavras convergentes
• aquelas que têm a mesma forma, mas étimos diferentes:
Professora Vanda Barreto 33
Étimo
latino
Palavras convergentes
sanum > são (adjetivo = saudável)
sanctu > são (nome/adjetivo = santo)
sunt > são (verbo ser)
Étimo
latino
Palavras
convergentes
vanu >
vão (nome/adjetivo =
vazio/oco)
vadunt > vão (verbo ir)
Étimo
latino
Palavras
convergentes
rivu > rio (nome)
rideo > rio (verbo rir)
Étimo
latino
Palavras
convergentes
filu > fio (nome)
fido > fio (verbo fiar)
Sons, Fonemas e Grafemas
• Fonema = som
• Grafema = letra
• Nem sempre há uma relação direta entre grafema e
fonema.
• Por vezes,
• um fonema é representado por duas letras: ch;
• um mesmo fonema corresponde a diferentes grafemas: ch/x;
• um grafema corresponde a mais do que um fonema: s (casa/ saco).
Professora Vanda Barreto 34
Alfabeto Fonético Internacional
“Na grafia de qualquer língua, a uma letra não corresponde sempre o mesmo som e
um som não é representado sempre pela mesma letra.
Por outro lado, num determinado alfabeto (como o latino que é o utilizado por
muitas línguas, como as românicas e as germânicas) a mesma letra pode corresponder
a sons diferentes em diferentes línguas.
Esta variação levou à criação de alfabetos fonéticos que permitem descrever de
forma não ambígua cada fonema e possibilitam, a quem não conheça determinada
língua, saber como se pronunciam os sons de uma palavra quando transcritos
foneticamente.
O sistema de transcrição fonética mais usado é o Alfabeto Fonético Internacional
(AFI), criado em 1888 pela Associação Internacional de Fonética. ”
Professora Vanda Barreto 35
Alfabeto Fonético Internacional
Professora Vanda Barreto 36
Vogais Orais
[i] vi ['vi]
[e] vê ['ve]
[ɛ] pé ['pɛ]
[a] pá ['pa]
[ɐ] para [pɐɾɐ]
[ɛ] de
[ɔ] sol ['sɔl]
[o] pôr, sou ['poɾ, 'so]
[u] tu ['tu]
Alfabeto Fonético Internacional
Professora Vanda Barreto 37
Vogais Nasais
[ĩ] sim ['sĩ]
[e͂] pente
[ɐ͂] romã, banco [ʀu'mɐ͂, 'bɐ͂ku]
[õ] põe, ponte
[ũ] atum [ɐ'tũ]
Semivogais ou glides orais e nasais
[j] pai ['paj] mãe
[w] pau ['paw] ] cão ]
Alfabeto Fonético Internacional
Professora Vanda Barreto 38
Consoantes
[p] pá ['pa]
[b] bem
[t] tu ['tu]
[d] dou ['do]
[k] cacto ['katu]
[g] gato ['gatu]
[f] fé ['fɛ]
[v] vê ['ve]
[s] sabe, passo, caça ['sabɨ, 'pasu, 'kasɐ]
[z] casa, azar ['kazɐ, ɐ'zaɾ]
[ʃ] chave
[ʒ] já ['ʒa]
[m] mão ]
[n] não ]
[ɲ] venho ['vɐɲu]
[l] lá ['la]
[ʎ] valha ['vaʎɐ]
[ɾ] caro ['kaɾu]
[ʀ] carro ['kaʀu]
Aparelho Fonador Humano
Professora Vanda Barreto 39
Fonética Articulatória
Professora Vanda Barreto 40
Ponto de Articulação
Modo de Articulação
Oclusivas
Fricativas Laterais Vibrantes
Orais Nasais
Bilabiais
Vozeada b m
Não-Vozeada p
Labio-Dentais
Vozeada v
Não-Vozeada f
Apico-Dentais
Vozeada d z
Não-Vozeada t s
Alveolares
Vozeada n l ɾ
Não-Vozeada
Palatais
Vozeada ɲ ʒ ʎ
Não-Vozeada ʃ
Velares
Vozeada
Vozeada g ʀ
Não-Vozeada k
Processos Fonológicos
• São as modificações sofridas pelos fonemas ao longo da história de
uma língua.
• No caso português, as causas para estas modificações podem ter sido
a influência das línguas de substrato e de superstrato.
• Poe exemplo:
• do latim para o galaico-português, ocorreram duas transformações
fonológicas, que ainda hoje diferenciam o português de outras línguas
românicas:
• a queda do /n/ e do /l/ intervocálicos latinos
luna > lua
malu > mau
• a transformação dos grupos iniciais latinos /pl/, /cl/ e /fl/ em [ʃ]
pluvia > chuva
clave > chave
flagare > cheirar
Professora Vanda Barreto 41
Processos Fonológicos
• Podemos distinguir três tipos de processos fonológicos:
• por inserção de segmentos
• em posição inicial da palavra - PROTESE
• em posição medial da palavra - EPÊNTESE
• em posição final da palavra – PARAGOGE
• por supressão de segmentos
• em posição inicial da palavra - AFÉRESE
• em posição medial da palavra - SÍNCOPE
• em posição final da palavra – APÓCOPE
• por alteração de segmentos
• ASSIMILAÇÃO
• DISSIMILAÇÃO
• NASALIZAÇÃO
• DITONGAÇÃO
• REDUÇÃO VOCÁLICA
• CRASE
• METÁTESE
Professora Vanda Barreto 42
Processos Fonológicos por Inserção de Segmentos
Quando um novo som passa a ser articulado numa palavra:
• em posição inicial da palavra – PROTESE
• speculu > espelho
• calacare > calcar > acalcar
• em posição medial da palavra – EPÊNTESE
• humile > humilde
• vino > vio > vinho
• Em posição final da palavra – PARAGOGE
• ante > antes
Professora Vanda Barreto 43
Processos Fonológicos por Supressão de Segmentos
Quando um novo som deixa de ser articulado numa palavra:
• em posição inicial da palavra – AFÉRESE
• acumen > gume
• atonitu > tonto
• em posição medial da palavra – SÍNCOPE
• generu > genro
• veritate > verdade
• atonitu > tonto
• Em posição final da palavra – APÓCOPE
• crudele > cruel
• cruce > cruz
Professora Vanda Barreto 44
Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos
Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe
estão próximos.
• ASSIMILAÇÃO
• um fonema torna igual a si um outro que lhe está próximo (assimilação total)
nostru > nosso ipse > esse
• um fonema torna semelhante a si um outro que lhe está próximo (assimilação
parcial)
chamam-lo > chamam-no
Assimilação parcial progressiva: o /m/ tornou o /l/ também som nasal.
Professora Vanda Barreto 45
Neste caso a assimilação é
progressiva, porque ocorre da
esquerda para a direita.
Assimilação regressiva, da
direita para a esquerda.
Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos
Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe
estão próximos.
• DISSIMILAÇÃO
• um fonema é alterado, para evitar a semelhança com outro que lhe é contíguo ou
não.
calamellu > caramelo anima > an’ma > alma
memorare > nembrar > lembrar
Professora Vanda Barreto 46
Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos
Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe
estão próximos.
• NASALIZAÇÃO
• processo no qual uma vogal oral adquire nasalidade.
manum > manu > mão fine > fim
mihi > mim
Professora Vanda Barreto 47
Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos
Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe
estão próximos.
• DITONGAÇÃO
• processo no qual uma vogal origina, antes ou depois dela, o aparecimento de
uma semivogal, formando um ditongo.
arena > area > areia vena > vea > veia
sinu > seo > seio
Professora Vanda Barreto 48
Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos
Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe
estão próximos.
• REDUÇÃO VOCÁLICA
• processo no qual uma vogal enfraquece em posição átona.
bolo > bolinho medo > medroso
mata > matagal
Professora Vanda Barreto 49
Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos
Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe
estão próximos.
• CRASE
• contração ou fusão de duas vogais numa só.
a +a = à legere > leer > ler
sedere > seer > ser
Professora Vanda Barreto 50
Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos
Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe
estão próximos.
• METÁTESE
• troca de lugares entre fonemas ou de sílabas no interior de uma palavra.
semper > sempre merulu > melro
Professora Vanda Barreto 51
Bibliografia
• DOMÌNIOS, Gramática da Língua Portuguesa, 3º ciclo e
secundário, Plátano Editora
• www.escolavirtual.pt
• Alfabeto Fonético Internacional. In Infopédia [Em linha]. Porto:
Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-12-03].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$alfabeto-
fonetico-internacional>.
• http://cvc.instituto-camoes.pt/cpp/acessibilidade/capitulo2_1.html
Professora Vanda Barreto 52

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A Nossa Língua: Conceitos Fundamentais sobre Linguagem, Comunidade Linguística e Variação

  • 2. Conceitos: Linguagem e Língua • Linguagem • meio e processo de comunicação entre seres humanos, animais ou máquinas. • Língua Verbal • meio de comunicação através do qual os seres humanos partilham informação, saúdam, perguntam, prometem, etc., de uma forma sistemática e convencional, recorrendo a sinais sonoros ou gráficos. • Língua • sistema de representação constituído por palavras e pelas regras que as combinam em frases, usado pelos falantes de uma comunidade linguística como principal meio de comunicação oral ou escrito. 2Professora Vanda Barreto
  • 3. Conceitos: Comunidade e Falante • Falante • utilizador de uma língua. • Comunidade Linguística • conjunto de falantes que utilizam uma mesma língua para comunicarem entre si; • a comunidade linguística dos falantes de língua portuguesa é hoje composta por mais de 250 milhões de pessoas. Mapa da Lusofonia • Competência Linguística • é a capacidade intuitiva que o falante tem para usar a sua língua e que decorre do processo natural de aquisição da linguagem. • Competência Comunicativa • capacidade que um falante tem de produzir e receber mensagens e de adequar o seu discurso aos diferentes contextos. • Competência Metalinguística • capacidade que um falante tem para refletir sobre os mecanismos da gramática da língua que habitualmente usa de modo intuitivo. 3Professora Vanda Barreto
  • 5. Conceitos: Estatuto das Línguas • Língua Oficial • aquela que é usada obrigatoriamente pelos cidadãos no contactos com a administração do país onde residem; • a língua oficial nem sempre coincide com a língua nacional. • Língua Materna • aquela com que um recém-nascido entra primeiramente em contacto, no seu ambiente familiar e com a qual faz a aprendizagem da fala. • Língua Segunda (=não materna) • é aquela que, depois da sua língua materna, o falante aprende e usa na comunidade em que está inserido; • o português é a língua segunda dos imigrantes radicados em Portugal e de muitos habitantes de países africanos de língua oficial portuguesa que têm outras línguas maternas. • Língua Estrangeira • é a língua não materna, habitualmente aprendida em contexto escolar. 5Professora Vanda Barreto
  • 6. Variação Linguística • Uma língua pode apresentar variação em função de diversos fatores: • do espaço: Variação diatópica • do meio social: Variação diastrática • da situação discursiva: Variação diafásica • do tempo: Variação diacrónica 6Professora Vanda Barreto
  • 7. Variação Diatópica do Português • dia (grego dia = através de) • tópica (grego tópos = lugar) • Todas as línguas incorporam margens de variação. Estas variações são maiores quanto maior for o número de falantes e mais alargada a sua dispersão geográfica. • O português falado em Portugal apresenta variações no Minho, no Algarve, no Alentejo, na Madeira e nos Açores, por exemplo. • Por outro lado, o português de Portugal não é exatamente igual ao Português do Brasil. 7Professora Vanda Barreto
  • 8. Variação Diatópica do Português • A língua apresenta variedades geográficas que diferem de região para região, dentro do mesmo país. As suas especificidades podem manifestar-se ao nível da pronúncia, da entoação, do vocabulário e da sintaxe. Professora Vanda Barreto 8 Região do país Exemplo Significado Norte fino copo de cerveja Centro bica café Madeira lambeca sorvete Açores trincar o pé pisar o pé
  • 9. Normalização Linguística “É o processo segundo o qual uma variedade da língua é adotada como língua padrão, tornando-se a variedade aconselhada em situações institucionais de uso da língua. A padronização de uma língua é implementada pelos governos através da oficialização de normas ortográficas, lexicais e sintáticas, visando promover uma língua tendencialmente nivelada e unificada. O sistema de ensino é o veículo de transmissão e controlo da língua padrão, também difundida pelos meios de comunicação.” DOMÍNIOS, Gramática da Língua Portuguesa Professora Vanda Barreto 9
  • 10. Variedades do Português • Ao longo da sua história, os falantes do português entraram em contacto com outras línguas, daí resultando diferentes variedades da nossa língua: • variedade europeia • variedade brasileira • variedades africanas • variedade timorense 10Professora Vanda Barreto
  • 11. Professora Vanda Barreto 11 Mapa dos Descobrimentos Portugueses
  • 12. Variedade Europeia • É o português falado em Portugal continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. • Considera a variedade dos falantes cultos de Lisboa, como língua padrão. • O português europeu é regulado pela Academia de Ciências de Lisboa. 12Professora Vanda Barreto
  • 13. Características do Português Europeu Professora Vanda Barreto 13 Características Exemplos Colocação do pronome pessoal depois do verbo Ele disse-me a verdade. Uso da preposição “a” + infinito Ela está a ler um livro. Uso de preposições O João foi ao médico. Uso da 2ª pessoa do singular em registo informal (tu) Tu queres lanchar cá? Vocabulário e expressões próprios Autocarro Ortografia cómico
  • 14. Dialetos de Portugal • 1. Dialetos portugueses insulares açorianos. • 8. Dialetos portugueses insulares madeirenses. • 4. e 10. Dialetos portugueses setentrionais: dialetos transmontanos e alto-minhoto. • 9. 6. 5. Dialetos portugueses setentrionais: dialetos baixo-minhotos-durienses-beirões. • 7. Dialetos portugueses centro- meridionais: dialetos do centro litoral. • 2. e 3. Dialetos portugueses centro- meridionais: dialetos do centro interior e do centro interior e do sul. 14Professora Vanda Barreto
  • 15. Variedade Brasileira • É o português falado no Brasil. • Considera a variedade dos falantes cultos do Rio de Janeiro e de S, Paulo como língua padrão. Professora Vanda Barreto 15
  • 16. Características do Português do Brasil Professora Vanda Barreto 16 Características Exemplos Colocação do pronome pessoal antes do verbo Ele me disse a verdade. Uso frequente do gerúndio Ele está lendo um livro. Uso de preposições O João foi no médico. Uso da 3ª pessoa do singular em registo informal (você) Você quer lanchar cá? Vocabulário e expressões próprios Ônibus (=autocarro) Ortografia cômico
  • 17. Variedades Africanas Professora Vanda Barreto 17 Características Exemplos Colocação do pronome pessoal antes do verbo Ele me disse a verdade. Não concordância do sujeito com predicado Você foste sozinha? Uso de preposições O João foi no médico. Pronome pessoal “lhe” como CD A avó viu-lhe na praça. Marca do plural nos determinantes Ele magoou os pé. Vocabulário e expressões próprios Machimbombo (=autocarro)
  • 18. Variação Diastrática • dia (grego dia = através de) • estrática (grego stratu = estrato) • Quando as diferenças na comunicação resultam de fatores como a classe social, a idade, a origem étnica ou o nível de instrução, designam-se por variedades sociais ou variação diastrática. 18Professora Vanda Barreto Registo técnico Uso de terminologia específica e rigorosa relativa a determinada profissão e usada nesse contexto. Gíria Uso de vocabulário e expressões próprios de determinados grupos. Calão Uso de termos grosseiros, normalmente provenientes de uma população com um nível sociocultural inferior.
  • 19. Variação Diafásica • dia (grego dia = através de) • fásica (grego phásis = expressão) • Quando as diferenças na comunicação resultam da situação em que se encontra o falante, diz-se que as variações são situacionais ou diafásicas. • Um falante proficiente deve ser capaz de adequar o seu registo de língua às diferentes situações de comunicação em que interage: • situação formal: implica um registo cuidado, de acordo com a exigências dos diversos interlocutores; • situação informal: admite um registo de língua mais espontâneo, menos controlado. 19Professora Vanda Barreto
  • 20. Variação Diafásica 20Professora Vanda Barreto Registo cuidado Caracteriza-se por um vocabulário cuidado e frases bem construídas. É mais usado em situações formais (discursos, conferências, crónicas...). Registo corrente Caracteriza-se por um vocabulário de fácil compreensão, claro e correto. É o mais usado diariamente (rádio. TV, conversas...). Registo familiar Caracteriza-se por um vocabulário menos variado, mas de fácil compreensão, claro e espontâneo. É o mais usado diariamente entre a família e os amigos. Registo popular Caracteriza-se por um vocabulário mais pobre, simples e espontâneo, denotando muitas vezes pouca instrução por parte dos seus falantes. É, porém, muito expressivo. Registo literário É utilizado principalmente pelos poetas e escritores que empregam ao seu registo musicalidade, rima e palavras com diferentes sentidos. Ex.: “Ervas trémulas dançavam à menor brisa.” (Sophia Andresen)
  • 21. Variação Diacrónica do Português • dia (grego dia = através de) • crónica (grego kronos = tempo) • A variação diacrónica ou histórica é o conjunto de mudanças verificadas numa língua ao longo da sua história. Uma língua muda através dos tempos garantindo uma continuidade e, ao mesmo tempo, uma inovação, que permita preencher novas necessidades comunicativas dos falantes. 21Professora Vanda Barreto
  • 22. Cronologia do Português Pré- românico Românico Período de transição Galaico- português Português Antigo Português Clássico Português Contemporâneo Séc.II ac/ I ac Séc. I ac/ IX Séc. IX/XI Séc. XI/XII Séc. XII/XV Séc. XVI/XVIII Séc. XIX/XXI Grandes migrações de povos indo- europeus de leste para oeste. Um destes povos, os Celtas, estabelece-se na PI. A sua língua e a sua cultura entram em contacto com as já existentes: 218 ac: romanos 409/711 germânicos. 711mouros Durante 10 séculos fala-se o romance. O romance é uma variante do latim, introduzido pelos romanos. Alguns termos galaico- portugueses surgem nos textos latinos, mas o galaico- português é sobretudo falado na região da Lusitânia. Com a Reconquista Cristã (1000- 1249), o Galaico- português consolida-se como língua falada e escrita na Lusitânia. Desta época são os cancioneiros medievais. Diapositivo 9 Época em que o português se “independiza” do galaico- português. 1296, D.Dinis decreta que os documentos oficiais passassem a ser escritos em português e não em latim. Surgem as primeiras gramáticas da língua portuguesa e o primeiro dicionário português- latim e latim- português. Camões António Ferreira Sá de Miranda Padre António Vieira Fase do português europeu, escrito e falado, a partir do século XIX até à atualidade. 22Professora Vanda Barreto
  • 23. As primeiras manifestações da literatura portuguesa são em verso, datam do séc. XII e estão reunidas em três coletâneas: o Cancioneiro da Ajuda (séc. XIII), o Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional (sendo estes cópias de textos mais tardios). No mundo nom me sei parelha mentre me for como me vai, ca ja moiro por vós e ai! mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia. Mao dia me levantei que vos entom non vi fea! Paio Soares de Taveirós, «Cantiga da Garvaia» - (1.ª estrofe) 23Professora Vanda Barreto
  • 24. Contacto entre Línguas Línguas de substrato Línguas dos povos que habitavam a PI antes da invasão romana (iberos, celtas, fe nícios e gregos) Língua de estrato Latim popular (a nossa língua deriva fundamentalmente do latim popular, trazido pelos romanos- séc. III) Língua de superstrato Língua dos visigodos- séc.V (língua que veio depois, mas que não se sobrepôs à existente) Língua de adstrato Língua árabe (língua que coexistiu com a existente) Professora Vanda Barreto 24 Braga, Viseu, Tejo, bruxa, chaparro, esquerdo, sapo, ... elmo, estribo, guerra, luva, orgulho, raça, Ricardo, ... e os pontos cardeais (200 palavras) Algumas palavras de origem árabe
  • 25. Algumas palavras de origem árabe • Açafrão (azzafaran, amarelo) Achaque (ashshaka, enfermidade) Açoite (assaut) Açougue (assok) Açude (assudd) Açúcar (assukar deriva do Sanscrito çarkara, grãos de areia) Alcachofra (Alkharshof, fruto do cardo manso) Alcalóide (palavra composta: Árab.alcali + Grego eîdos, forma) Alcateia (alkataia, rebanho) Álcool (alkohul, coisa subtil) Alcorão (Alkuran, a leitura) Alcova (al-qabu, quarto lateral) Alecrim (aliklil) Alface: al-khaç Alfaiate: al-khayyât Alfândega: alfunduq Alfazema: al-khuzâma Algarismo Álgebra Algodão (alkutun) Alicate (allikkát, tenaz) Almanaque (almanakh) Almofada (almukhadda de khadd, face) Almoxarife Azeite Azeitona Azulejo Café Cáfila Califa Califado Ceifa Ceroulas Chafariz Cherne Chifra Cifra Damasco Garrafa (garrafâ, frasco bojudo) Javali (jabali) Laranja (naranj deriva do Persa naräng) Laranjeira (naranj deriva do Persa naräng) Limão (laimun deriva do Persa limun) Limoeiro (laimun deriva do Persa limun) Masmorra (matmura, celeiro subterrâneo) Matraca (mitraka) Nora (na'ûra) Oxalá (in sha allah ou inshallah, se Deus quiser) Safra (safaria, estação da colheita) Tambor (tanbur deriva do Persa dänbära, cítara) Xadrez (xatranj deriva do Sânscrito xaturanga, que consta de quatro membros) Xarope (sharab, bebida, poção) Xaveco (xabbak, pequeno navio de três mastros e velas latinas) Xeque São cerca de 1000, as palavras de origem árabe. Professora Vanda Barreto 25
  • 26. Etimologia • Disciplina que estuda a evolução de cada palavra, ao longo das diversas fases da história da língua, até chegar ao seu étimo, ou seja, à palavra que lhe deu origem. • Étimo é a forma mais antiga de uma palavra: • palatiu > paaço > paço • palatiu é a palavra latina para, primeiramente, monte palatino, depois, palácio dos césares e, mais tarde, palácio. • A base etimológica do português é, sobretudo; o latim. Contudo , a nossa língua tem também outras origens, ou seja, incorpora étimos celtas, germânicos, árabes, entre outros. Professora Vanda Barreto 26
  • 27. Genealogia Linguística • Família de Línguas • grupos de línguas que provêm da mesma língua-mãe. • Indo-Europeu • língua que deu origem a vários ramos linguísticos • o itálico, o grego, o germânico, o celta, o eslavo, ... • que, por sua vez, deram origem a novas famílias. Professora Vanda Barreto 27
  • 31. Família das Línguas Românicas Professora Vanda Barreto 31 Ao conjunto das línguas derivadas do latim vulgar dá-se o nome de família das línguas românicas. O latim vulgar era o latim falado pelo povo, soldados, comerciantes e colonos romanos, misturado com os diferentes falares locais. Fazem parte desta família de línguas o português, o galego, o castelhano, o catalão, o francês, o provençal, o italiano, o sardo e o romeno.
  • 32. Palavras divergentes/convergentes • Palavras divergentes • aquelas que têm formas diferentes, mas um étimo comum: Professora Vanda Barreto 32 Étimo latino Formas populares Formas eruditas macula > mancha, mágoa, malha mácula palatiu > paço palácio solitariu > solteiro solitário parabola > palavra parábola O mesmo étimo deu origem a palavras diferentes na nossa língua.
  • 33. Palavras divergentes/convergentes • Palavras convergentes • aquelas que têm a mesma forma, mas étimos diferentes: Professora Vanda Barreto 33 Étimo latino Palavras convergentes sanum > são (adjetivo = saudável) sanctu > são (nome/adjetivo = santo) sunt > são (verbo ser) Étimo latino Palavras convergentes vanu > vão (nome/adjetivo = vazio/oco) vadunt > vão (verbo ir) Étimo latino Palavras convergentes rivu > rio (nome) rideo > rio (verbo rir) Étimo latino Palavras convergentes filu > fio (nome) fido > fio (verbo fiar)
  • 34. Sons, Fonemas e Grafemas • Fonema = som • Grafema = letra • Nem sempre há uma relação direta entre grafema e fonema. • Por vezes, • um fonema é representado por duas letras: ch; • um mesmo fonema corresponde a diferentes grafemas: ch/x; • um grafema corresponde a mais do que um fonema: s (casa/ saco). Professora Vanda Barreto 34
  • 35. Alfabeto Fonético Internacional “Na grafia de qualquer língua, a uma letra não corresponde sempre o mesmo som e um som não é representado sempre pela mesma letra. Por outro lado, num determinado alfabeto (como o latino que é o utilizado por muitas línguas, como as românicas e as germânicas) a mesma letra pode corresponder a sons diferentes em diferentes línguas. Esta variação levou à criação de alfabetos fonéticos que permitem descrever de forma não ambígua cada fonema e possibilitam, a quem não conheça determinada língua, saber como se pronunciam os sons de uma palavra quando transcritos foneticamente. O sistema de transcrição fonética mais usado é o Alfabeto Fonético Internacional (AFI), criado em 1888 pela Associação Internacional de Fonética. ” Professora Vanda Barreto 35
  • 36. Alfabeto Fonético Internacional Professora Vanda Barreto 36 Vogais Orais [i] vi ['vi] [e] vê ['ve] [ɛ] pé ['pɛ] [a] pá ['pa] [ɐ] para [pɐɾɐ] [ɛ] de [ɔ] sol ['sɔl] [o] pôr, sou ['poɾ, 'so] [u] tu ['tu]
  • 37. Alfabeto Fonético Internacional Professora Vanda Barreto 37 Vogais Nasais [ĩ] sim ['sĩ] [e͂] pente [ɐ͂] romã, banco [ʀu'mɐ͂, 'bɐ͂ku] [õ] põe, ponte [ũ] atum [ɐ'tũ] Semivogais ou glides orais e nasais [j] pai ['paj] mãe [w] pau ['paw] ] cão ]
  • 38. Alfabeto Fonético Internacional Professora Vanda Barreto 38 Consoantes [p] pá ['pa] [b] bem [t] tu ['tu] [d] dou ['do] [k] cacto ['katu] [g] gato ['gatu] [f] fé ['fɛ] [v] vê ['ve] [s] sabe, passo, caça ['sabɨ, 'pasu, 'kasɐ] [z] casa, azar ['kazɐ, ɐ'zaɾ] [ʃ] chave [ʒ] já ['ʒa] [m] mão ] [n] não ] [ɲ] venho ['vɐɲu] [l] lá ['la] [ʎ] valha ['vaʎɐ] [ɾ] caro ['kaɾu] [ʀ] carro ['kaʀu]
  • 40. Fonética Articulatória Professora Vanda Barreto 40 Ponto de Articulação Modo de Articulação Oclusivas Fricativas Laterais Vibrantes Orais Nasais Bilabiais Vozeada b m Não-Vozeada p Labio-Dentais Vozeada v Não-Vozeada f Apico-Dentais Vozeada d z Não-Vozeada t s Alveolares Vozeada n l ɾ Não-Vozeada Palatais Vozeada ɲ ʒ ʎ Não-Vozeada ʃ Velares Vozeada Vozeada g ʀ Não-Vozeada k
  • 41. Processos Fonológicos • São as modificações sofridas pelos fonemas ao longo da história de uma língua. • No caso português, as causas para estas modificações podem ter sido a influência das línguas de substrato e de superstrato. • Poe exemplo: • do latim para o galaico-português, ocorreram duas transformações fonológicas, que ainda hoje diferenciam o português de outras línguas românicas: • a queda do /n/ e do /l/ intervocálicos latinos luna > lua malu > mau • a transformação dos grupos iniciais latinos /pl/, /cl/ e /fl/ em [ʃ] pluvia > chuva clave > chave flagare > cheirar Professora Vanda Barreto 41
  • 42. Processos Fonológicos • Podemos distinguir três tipos de processos fonológicos: • por inserção de segmentos • em posição inicial da palavra - PROTESE • em posição medial da palavra - EPÊNTESE • em posição final da palavra – PARAGOGE • por supressão de segmentos • em posição inicial da palavra - AFÉRESE • em posição medial da palavra - SÍNCOPE • em posição final da palavra – APÓCOPE • por alteração de segmentos • ASSIMILAÇÃO • DISSIMILAÇÃO • NASALIZAÇÃO • DITONGAÇÃO • REDUÇÃO VOCÁLICA • CRASE • METÁTESE Professora Vanda Barreto 42
  • 43. Processos Fonológicos por Inserção de Segmentos Quando um novo som passa a ser articulado numa palavra: • em posição inicial da palavra – PROTESE • speculu > espelho • calacare > calcar > acalcar • em posição medial da palavra – EPÊNTESE • humile > humilde • vino > vio > vinho • Em posição final da palavra – PARAGOGE • ante > antes Professora Vanda Barreto 43
  • 44. Processos Fonológicos por Supressão de Segmentos Quando um novo som deixa de ser articulado numa palavra: • em posição inicial da palavra – AFÉRESE • acumen > gume • atonitu > tonto • em posição medial da palavra – SÍNCOPE • generu > genro • veritate > verdade • atonitu > tonto • Em posição final da palavra – APÓCOPE • crudele > cruel • cruce > cruz Professora Vanda Barreto 44
  • 45. Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe estão próximos. • ASSIMILAÇÃO • um fonema torna igual a si um outro que lhe está próximo (assimilação total) nostru > nosso ipse > esse • um fonema torna semelhante a si um outro que lhe está próximo (assimilação parcial) chamam-lo > chamam-no Assimilação parcial progressiva: o /m/ tornou o /l/ também som nasal. Professora Vanda Barreto 45 Neste caso a assimilação é progressiva, porque ocorre da esquerda para a direita. Assimilação regressiva, da direita para a esquerda.
  • 46. Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe estão próximos. • DISSIMILAÇÃO • um fonema é alterado, para evitar a semelhança com outro que lhe é contíguo ou não. calamellu > caramelo anima > an’ma > alma memorare > nembrar > lembrar Professora Vanda Barreto 46
  • 47. Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe estão próximos. • NASALIZAÇÃO • processo no qual uma vogal oral adquire nasalidade. manum > manu > mão fine > fim mihi > mim Professora Vanda Barreto 47
  • 48. Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe estão próximos. • DITONGAÇÃO • processo no qual uma vogal origina, antes ou depois dela, o aparecimento de uma semivogal, formando um ditongo. arena > area > areia vena > vea > veia sinu > seo > seio Professora Vanda Barreto 48
  • 49. Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe estão próximos. • REDUÇÃO VOCÁLICA • processo no qual uma vogal enfraquece em posição átona. bolo > bolinho medo > medroso mata > matagal Professora Vanda Barreto 49
  • 50. Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe estão próximos. • CRASE • contração ou fusão de duas vogais numa só. a +a = à legere > leer > ler sedere > seer > ser Professora Vanda Barreto 50
  • 51. Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que lhe estão próximos. • METÁTESE • troca de lugares entre fonemas ou de sílabas no interior de uma palavra. semper > sempre merulu > melro Professora Vanda Barreto 51
  • 52. Bibliografia • DOMÌNIOS, Gramática da Língua Portuguesa, 3º ciclo e secundário, Plátano Editora • www.escolavirtual.pt • Alfabeto Fonético Internacional. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-12-03]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$alfabeto- fonetico-internacional>. • http://cvc.instituto-camoes.pt/cpp/acessibilidade/capitulo2_1.html Professora Vanda Barreto 52