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Contextualizando
  Os Lusíadas

   Professora Vanda Barreto
O AUTOR: LUÍS DE CAMÕES
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Professora Vanda Barreto
•Lê atentamente o poema de Almada Negreiros sobre
Camões e averigua quem foi.




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Professora Vanda Barreto
•1524? em Lisboa/ Coimbra/ Alenquer/ Santarém/ Mação/ Belver/ Porto;
   •Origem familiar: aristocracia galega de Camones, Baiona;
   •Provavelmente, estudou em Coimbra;
   •Conflituoso e impetuoso, foi obrigado a emigrar, em 1553, voltando
apenas em 1570;
  •Viveu na Índia, em Ceuta, Macau, Goa e Moçambique;
   •Na viagem de M          acau para Goa, sofre um naufrágio e salva parte
d’Os Lusíadas, nadando apenas com um braço;
  •Voltou a Portugal, pobre;
   •Em 1572, publica Os Lusíadas e recebe de D. sebastião uma tença de
15000 Reais;
   •Obra extensa que inclui, além d’Os Lusíadas, várias rimas (327), peças
de teatro e cartas;
  •Morreu sem glória, nem reconhecimento em 1580.                        4
Professora Vanda Barreto
A ÉPOCA
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Professora Vanda Barreto
Idade Média



Renascimento
Renascimento
                                                       Atitude crítica
                                                        face à Igreja
                                     História e      (Lutero, Erasmo)
                                     Literatura      Apelo ao regresso     Imprensa (difusão
                                  (divulgação de           à pureza         do conhecimento
                                     relatos de          evangélica           e das ideias)
                                      viagens/         (Reforma) e a
                                  historiografia/         uma livre
                                  Fernão Mendes      interpretação das                    Desenvolvimento
                                 Pinto, Damião de         escrituras                      da medicina e do
                Educação (rutura     Góis, …)
                 com a filosofia                                                          conhecimento do
                  escolástica e                                                            corpo humano
               apelo ao completo
                desenvolvimento
                  do corpo e da                                                                  Novos ideais
                     mente)                                                                       culturais e
                                               Descobrimentos                                      políticos
                                                                                                 (Maquiavel,
                  Humanismo                                                                        Galileu,
                                                                                                  Copérnico)

                                                                                           Novos métodos
                      Novas técnicas
                                                                                           de investigação
                      (construção de
                                                                                              científica
                      embarcações e
                                                                                             baseados na
                       instrumentos
                                                                                           observação e na
                         náuticos)
                                                                                             experiência
                                                                              Sociedade
                                                                           agrária, baseada
                                                                            na troca direta/
                                       Classicismo       Fauna, flora,        Sociedade
                                                          geografia,          mercantil e
                                                                                                                7
                                                      astronomia, novas       capitalista
                                                      civilizações, usos
                                                          e costumes

Professora Vanda Barreto
Explica por palavras tuas a frase seguinte:
MOTIVAÇÕES DA OBRA
                           9
Professora Vanda Barreto
Recuperaçã
                                                     o dos
                                                   modelos
                                                   clássicos:
                                                   EPOPEIA




                                              a                 im Con
                                     t   in h                     p o sc
                                                                     r t â iê n
                                 o                                po ncia cia d
                              da
                          a in o                                 HU rtugu dos a
                        ém feit                                     MA es fei
                     gu                                                   N I S e s: t os
              Ni n                                                             MO


                                                                                            10
Professora Vanda Barreto
Garcia de Resende: “os feitos dos portugueses não são divulgados como seriam se gente
doutra nação os fizera.“ (1516)


      Gil Vicente: lembra que, “embora todos queiram a fama (franceses, italianos,
      castelhanos…), ela será portuguesa.” (1520)


         António Ferreira (1528-1569): "sejam cantados / Altos reis, altos feitos", com
         "lira nova", "tantas / Portuguesas conquistas e vitórias“


         Fernão Lopes de Castanheda salienta a necessidade de se escrever a história dos
         feitos na Índia para que não se percam. (1551)


      João de Barros: “no acto de encomendar as cousas à custodia das letras… a nação
      portuguesa é tão descuidada de si quão pronta e diligente em feitos.” (1552)


Damião de Góis: “falta passar muitos feitos do passado a “escritura, mãe de eterna
memória.”(1567)
ESTRUTURA
                           12
Professora Vanda Barreto
Estrutura Externa
• Dividido em 10 partes – CANTOS
• Constituído por 1102 estrofes (média de 110 estrofes por canto)
• Canto mais longo: X (156 estrofes)
• Estrofes: OITAVAS (8 versos cada)
• Versos DECASSÍLABOS ou HEROICOS (acento rítmico nas 6ª e
  10ª sílabas)
• Rima: CRUZADA no 6 primeiros versos
                                            abababcc
        EMPARELHADA nos últimos 2
Estrutura Externa
As armas e os barões assinalados      a
Que da ocidental praia Lusitana       b
Por mares nunca dantes navegados      a
Passaram ainda além da Tabropana,     b   A-s ar-ma-s e os- ba-rõe-s a-ssi-na-la-dos
E em perigos e guerras esforçados     a   Que-da o-ci-den-tal-prai-a -Lu-si-ta-na
Mais do que prometia a força humana   b   Por mares nunca dantes navegados
Entre gente remota edificaram         c   Passaram ainda além da Tabropana,
Novo reino que tanto sublimaram       c   E em perigos e guerras esforçados
                                          Mais do que prometia a força humana
                                          Entre gente remota edificaram
                                          Novo reino que tanto sublimaram
Estrutura Interna
• Camões obedece às regras do género épico

    • Proposição (parte de um discurso, ou de um poema épico, na qual se
         apresenta o tema que se pretende desenvolver)


    • Invocação (súplica do poeta a uma divindade, a uma musa, para pedir
      inspiração)


    • Narração (in media res)
      • histórica/ profecias e sonhos
      • da viagem


    • O Maravilhoso (deuses da Antiguidade)
Estrutura Interna
• Camões introduz aspetos que não aparecem nas epopeias
  clássicas:

  • Dedicatória (a D. Sebastião)

  • O herói coletivo (em vez do individual)
OS LUSÍADAS,
        DE LUÍS DE CAMÕES



CANTOS EM ESTUDO
                           18
Professora Vanda Barreto
O que vamos ler e analisar
Proposição (Canto I – est.1 a 3)
                          • Proposição?

• [Retórica] Parte de um discurso na qual se expõe o assunto que se
      pretende provar, estabelecer, discutir, etc. (Dic. Priberam)

                  • Camões propõe-se fazer algo

                       • O quê? Vamos ler!

                    • Glorificar os Portugueses
Proposição (Canto I – est.1 a 3)
• Expressões do texto que o demonstram:

• “as armas e os barões assinalados” (est.1, v.1)

• “as memórias gloriosas/daqueles reis” (est.2, v.1-2)

• “aqueles que se vão da lei da Morte libertando” (est.2, v.5-6)

• “o peito ilustre lusitano” (est.3, v.5)
Proposição (Canto I – análise da est.1)
 As armas e os barões assinalados
 Os guerreiros e os navegadores /ilustres e famosos
 Que da Ocidental praia Lusitana,                 Perífrase
                                                  Sinédoque: todo/parte
                      Portugal
 Por mares nunca de antes navegados,
 Passaram ainda além da Taprobana,
                             Ilha de Ceilão = Sri Lanka    Diapositivo 23



 Em perigos e guerras esforçados,
 Mais do que prometia a força humana,                 Hipérbole
 Entre gente remota edificaram
 Novo Reino, que tanto sublimaram;
 O Império do Oriente, a Índia / engrandeceram
Proposição (Canto I – análise da est.2)
 E também as memórias gloriosas
 Daqueles reis que foram dilatando      espalhando/ expandindo

 A Fé, o Império e as terras viciosas       gentios
                                            Metonímia: continente/conteúdo
 De África e de Ásia andaram devastando;
 E aqueles que por obras valerosas os que pela sua ação
                                      meritória individual
 Se vão da lei da morte libertando, merecem ser recordados
                                       Hipérbole
 Cantando espalharei por toda a parte,
 Se a tanto me ajudar o engenho e a arte. engenho = talento, habilidade
                                               arte = eloquência, “arte de
                                               dizer”
Proposição (Canto I – análise da est.3)
                                       Grego = Ulisses em Odisseia/Homero
 Cessem do sábio Grego e do Troiano    Troiano = Eneias em Eneida/ Virgílio
                                       Antonomásia
 as navegações grandes que fizeram;   Alexandre Magno = Rei da Macedónia
 Cale-se de Alexandro e de Trajano    que conquistou a Grécia, o Egito, o
                                      Próximo e o Médio Oriente
 A fama das vitórias que tiveram;     Trajano = Imperador romano
 Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
                                            Neptuno = Deus do Mar
 A quem Neptuno e Marte obedeceram.         Marte= Deus da Guerra
 Cesse tudo o que a Musa antiga canta,    Musa antiga = poesia
                                          Perífrase
 Que outro valor mais alto se alevanta.
Consolidando a análise da Proposição
• Faz o levantamento dos adjetivos que nestas 3 estâncias conotam
  positivamente os Portugueses:

“barões assinalados” (est.1, v.1)
“memórias gloriosas/daqueles reis” (est.2, v.1-2)
“aqueles que por obras valerosas” (est.2, v.5)
“o peito ilustre lusitano” (est.3, v.5)

A     utilização de adjetivos valorativos ajuda a       enaltecer
    condignamente os Portugueses
               CARACTERÍSTICA DAS EPOPEIAS
Consolidando a análise da Proposição
            “Cessem do sábio Grego e do Troiano”
Porque se faz referência a Ulisses e a Eneias, os melhores dos
  melhores?
Camões manda calar/deixar de falar das suas viagens, das vitórias
  de Alexandre e de Trajano e da poesia da antiguidade:
                     Cessem/Cale-se/ Cesse
                            Porquê?

Porque nós somos ainda melhores que os melhores, as nossas
  viagens são mais épicas e as nossas vitórias mais notáveis.
            “Que outro valor mais alto se alevanta”
Consolidando a análise da Proposição
             “Canto o peito ilustre dos Lusitanos”
Porque não cantar um mão ou um pé? Porquê o coração?

Coração = parte do corpo considerada como tendo a capacidade de
 iniciativa e o ânimo/ o mesmo que coragem e valor

           “A quem Neptuno e Marte obedeceram”
Dois deuses que pertencem à “nobreza” do Olimpo.
Porquê obedeceriam aos Portugueses?
Para enaltecer a grandeza dos Portugueses = característica da
  EPOPEIA
Consolidando a análise da Proposição

                                  da Ocidental praia Lusitana saíram
              Plano da viagem              os navegadores


                                    os reis que dilataram a fé e o
              Plano da História                Império
Os Lusíadas
                                  Marte e Neptuno vergam-se face
                 Plano do            ao valor dos portugueses
                Maravilhoso

                                     eu canto o peito ilustre dos ...
               Plano do Poeta          cantando eu espalharei...
VALORES
                           29
Professora Vanda Barreto
Antonomásia
• Substituição de um nome próprio por um epiteto (alcunha que
  atribui uma qualidade) ou por outro nome próprio que atribua
  uma propriedade:

• “Cessem do sábio Grego e do Troiano”

Emprega a naturalidade de Ulisses e de Eneias em vez dos seus
 nomes próprios

Expressividade: reforçar o valor mais alto dos Portugueses,
 relativamente aos heróis da antiguidade
Perífrase
• Utilizar várias palavras podendo dizer apenas uma:

• “Ocidental praia Lusitana” / “Musa antiga”

         Portugal               poesia

Expressividade: Sublinhar o facto de terem sido os Portugueses a
  iniciar os Descobrimentos/ reforçar a superioridade dos
  Portugueses
Sinédoque
• Transferência do significado de uma palavra para outra, baseada
  numa relação entre a parte e o todo ou entre o todo e a parte, o
  que permite referir o todo por uma das suas partes ou vice versa:

• “praia”

         refere Portugal inteiro, não apenas a praia do Restelo,
         ou seja,
          refere a parte (praia) pelo todo (Portugal)

Expressividade: dar ênfase ao facto de terem sido os Portugueses
 a iniciar as viagens dos Descobrimentos
Hipérbole
• Consiste no exagero da realidade:

• “Mais do que permitia a força humana”
• se a força humana não o permitisse, não teria sido feito
• Expressividade: realçar o valor dos portugueses



• Se vão da lei da morte libertando
• Ninguém escapa à morte
• Expressividade: reforçar a ideia de que nunca serão esquecidos
Metonímia
• Consiste em designar uma realidade por um termo cujo
  significado aponta para outra realidade próxima:

“as terras viciosas/De África e de Ásia andaram devastando”

         os povos pagãos (designam-se os povos pelos lugares)

Expressividade: destacar a ação dos reis que propagaram a
 religião cristã pelo mundo

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Contextualizando os lusiadas

  • 1. Contextualizando Os Lusíadas Professora Vanda Barreto
  • 2. O AUTOR: LUÍS DE CAMÕES 2 Professora Vanda Barreto
  • 3. •Lê atentamente o poema de Almada Negreiros sobre Camões e averigua quem foi. 3 Professora Vanda Barreto
  • 4. •1524? em Lisboa/ Coimbra/ Alenquer/ Santarém/ Mação/ Belver/ Porto; •Origem familiar: aristocracia galega de Camones, Baiona; •Provavelmente, estudou em Coimbra; •Conflituoso e impetuoso, foi obrigado a emigrar, em 1553, voltando apenas em 1570; •Viveu na Índia, em Ceuta, Macau, Goa e Moçambique; •Na viagem de M acau para Goa, sofre um naufrágio e salva parte d’Os Lusíadas, nadando apenas com um braço; •Voltou a Portugal, pobre; •Em 1572, publica Os Lusíadas e recebe de D. sebastião uma tença de 15000 Reais; •Obra extensa que inclui, além d’Os Lusíadas, várias rimas (327), peças de teatro e cartas; •Morreu sem glória, nem reconhecimento em 1580. 4 Professora Vanda Barreto
  • 5. A ÉPOCA 5 Professora Vanda Barreto
  • 7. Renascimento Atitude crítica face à Igreja História e (Lutero, Erasmo) Literatura Apelo ao regresso Imprensa (difusão (divulgação de à pureza do conhecimento relatos de evangélica e das ideias) viagens/ (Reforma) e a historiografia/ uma livre Fernão Mendes interpretação das Desenvolvimento Pinto, Damião de escrituras da medicina e do Educação (rutura Góis, …) com a filosofia conhecimento do escolástica e corpo humano apelo ao completo desenvolvimento do corpo e da Novos ideais mente) culturais e Descobrimentos políticos (Maquiavel, Humanismo Galileu, Copérnico) Novos métodos Novas técnicas de investigação (construção de científica embarcações e baseados na instrumentos observação e na náuticos) experiência Sociedade agrária, baseada na troca direta/ Classicismo Fauna, flora, Sociedade geografia, mercantil e 7 astronomia, novas capitalista civilizações, usos e costumes Professora Vanda Barreto
  • 8. Explica por palavras tuas a frase seguinte:
  • 9. MOTIVAÇÕES DA OBRA 9 Professora Vanda Barreto
  • 10. Recuperaçã o dos modelos clássicos: EPOPEIA a im Con t in h p o sc r t â iê n o po ncia cia d da a in o HU rtugu dos a ém feit MA es fei gu N I S e s: t os Ni n MO 10 Professora Vanda Barreto
  • 11. Garcia de Resende: “os feitos dos portugueses não são divulgados como seriam se gente doutra nação os fizera.“ (1516) Gil Vicente: lembra que, “embora todos queiram a fama (franceses, italianos, castelhanos…), ela será portuguesa.” (1520) António Ferreira (1528-1569): "sejam cantados / Altos reis, altos feitos", com "lira nova", "tantas / Portuguesas conquistas e vitórias“ Fernão Lopes de Castanheda salienta a necessidade de se escrever a história dos feitos na Índia para que não se percam. (1551) João de Barros: “no acto de encomendar as cousas à custodia das letras… a nação portuguesa é tão descuidada de si quão pronta e diligente em feitos.” (1552) Damião de Góis: “falta passar muitos feitos do passado a “escritura, mãe de eterna memória.”(1567)
  • 12. ESTRUTURA 12 Professora Vanda Barreto
  • 13. Estrutura Externa • Dividido em 10 partes – CANTOS • Constituído por 1102 estrofes (média de 110 estrofes por canto) • Canto mais longo: X (156 estrofes) • Estrofes: OITAVAS (8 versos cada) • Versos DECASSÍLABOS ou HEROICOS (acento rítmico nas 6ª e 10ª sílabas) • Rima: CRUZADA no 6 primeiros versos abababcc EMPARELHADA nos últimos 2
  • 14. Estrutura Externa As armas e os barões assinalados a Que da ocidental praia Lusitana b Por mares nunca dantes navegados a Passaram ainda além da Tabropana, b A-s ar-ma-s e os- ba-rõe-s a-ssi-na-la-dos E em perigos e guerras esforçados a Que-da o-ci-den-tal-prai-a -Lu-si-ta-na Mais do que prometia a força humana b Por mares nunca dantes navegados Entre gente remota edificaram c Passaram ainda além da Tabropana, Novo reino que tanto sublimaram c E em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana Entre gente remota edificaram Novo reino que tanto sublimaram
  • 15. Estrutura Interna • Camões obedece às regras do género épico • Proposição (parte de um discurso, ou de um poema épico, na qual se apresenta o tema que se pretende desenvolver) • Invocação (súplica do poeta a uma divindade, a uma musa, para pedir inspiração) • Narração (in media res) • histórica/ profecias e sonhos • da viagem • O Maravilhoso (deuses da Antiguidade)
  • 16.
  • 17. Estrutura Interna • Camões introduz aspetos que não aparecem nas epopeias clássicas: • Dedicatória (a D. Sebastião) • O herói coletivo (em vez do individual)
  • 18. OS LUSÍADAS, DE LUÍS DE CAMÕES CANTOS EM ESTUDO 18 Professora Vanda Barreto
  • 19. O que vamos ler e analisar
  • 20. Proposição (Canto I – est.1 a 3) • Proposição? • [Retórica] Parte de um discurso na qual se expõe o assunto que se pretende provar, estabelecer, discutir, etc. (Dic. Priberam) • Camões propõe-se fazer algo • O quê? Vamos ler! • Glorificar os Portugueses
  • 21. Proposição (Canto I – est.1 a 3) • Expressões do texto que o demonstram: • “as armas e os barões assinalados” (est.1, v.1) • “as memórias gloriosas/daqueles reis” (est.2, v.1-2) • “aqueles que se vão da lei da Morte libertando” (est.2, v.5-6) • “o peito ilustre lusitano” (est.3, v.5)
  • 22. Proposição (Canto I – análise da est.1) As armas e os barões assinalados Os guerreiros e os navegadores /ilustres e famosos Que da Ocidental praia Lusitana, Perífrase Sinédoque: todo/parte Portugal Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Ilha de Ceilão = Sri Lanka Diapositivo 23 Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, Hipérbole Entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; O Império do Oriente, a Índia / engrandeceram
  • 23. Proposição (Canto I – análise da est.2) E também as memórias gloriosas Daqueles reis que foram dilatando espalhando/ expandindo A Fé, o Império e as terras viciosas gentios Metonímia: continente/conteúdo De África e de Ásia andaram devastando; E aqueles que por obras valerosas os que pela sua ação meritória individual Se vão da lei da morte libertando, merecem ser recordados Hipérbole Cantando espalharei por toda a parte, Se a tanto me ajudar o engenho e a arte. engenho = talento, habilidade arte = eloquência, “arte de dizer”
  • 24. Proposição (Canto I – análise da est.3) Grego = Ulisses em Odisseia/Homero Cessem do sábio Grego e do Troiano Troiano = Eneias em Eneida/ Virgílio Antonomásia as navegações grandes que fizeram; Alexandre Magno = Rei da Macedónia Cale-se de Alexandro e de Trajano que conquistou a Grécia, o Egito, o Próximo e o Médio Oriente A fama das vitórias que tiveram; Trajano = Imperador romano Que eu canto o peito ilustre Lusitano, Neptuno = Deus do Mar A quem Neptuno e Marte obedeceram. Marte= Deus da Guerra Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Musa antiga = poesia Perífrase Que outro valor mais alto se alevanta.
  • 25. Consolidando a análise da Proposição • Faz o levantamento dos adjetivos que nestas 3 estâncias conotam positivamente os Portugueses: “barões assinalados” (est.1, v.1) “memórias gloriosas/daqueles reis” (est.2, v.1-2) “aqueles que por obras valerosas” (est.2, v.5) “o peito ilustre lusitano” (est.3, v.5) A utilização de adjetivos valorativos ajuda a enaltecer condignamente os Portugueses CARACTERÍSTICA DAS EPOPEIAS
  • 26. Consolidando a análise da Proposição “Cessem do sábio Grego e do Troiano” Porque se faz referência a Ulisses e a Eneias, os melhores dos melhores? Camões manda calar/deixar de falar das suas viagens, das vitórias de Alexandre e de Trajano e da poesia da antiguidade: Cessem/Cale-se/ Cesse Porquê? Porque nós somos ainda melhores que os melhores, as nossas viagens são mais épicas e as nossas vitórias mais notáveis. “Que outro valor mais alto se alevanta”
  • 27. Consolidando a análise da Proposição “Canto o peito ilustre dos Lusitanos” Porque não cantar um mão ou um pé? Porquê o coração? Coração = parte do corpo considerada como tendo a capacidade de iniciativa e o ânimo/ o mesmo que coragem e valor “A quem Neptuno e Marte obedeceram” Dois deuses que pertencem à “nobreza” do Olimpo. Porquê obedeceriam aos Portugueses? Para enaltecer a grandeza dos Portugueses = característica da EPOPEIA
  • 28. Consolidando a análise da Proposição da Ocidental praia Lusitana saíram Plano da viagem os navegadores os reis que dilataram a fé e o Plano da História Império Os Lusíadas Marte e Neptuno vergam-se face Plano do ao valor dos portugueses Maravilhoso eu canto o peito ilustre dos ... Plano do Poeta cantando eu espalharei...
  • 29. VALORES 29 Professora Vanda Barreto
  • 30.
  • 31. Antonomásia • Substituição de um nome próprio por um epiteto (alcunha que atribui uma qualidade) ou por outro nome próprio que atribua uma propriedade: • “Cessem do sábio Grego e do Troiano” Emprega a naturalidade de Ulisses e de Eneias em vez dos seus nomes próprios Expressividade: reforçar o valor mais alto dos Portugueses, relativamente aos heróis da antiguidade
  • 32. Perífrase • Utilizar várias palavras podendo dizer apenas uma: • “Ocidental praia Lusitana” / “Musa antiga” Portugal poesia Expressividade: Sublinhar o facto de terem sido os Portugueses a iniciar os Descobrimentos/ reforçar a superioridade dos Portugueses
  • 33. Sinédoque • Transferência do significado de uma palavra para outra, baseada numa relação entre a parte e o todo ou entre o todo e a parte, o que permite referir o todo por uma das suas partes ou vice versa: • “praia” refere Portugal inteiro, não apenas a praia do Restelo, ou seja, refere a parte (praia) pelo todo (Portugal) Expressividade: dar ênfase ao facto de terem sido os Portugueses a iniciar as viagens dos Descobrimentos
  • 34. Hipérbole • Consiste no exagero da realidade: • “Mais do que permitia a força humana” • se a força humana não o permitisse, não teria sido feito • Expressividade: realçar o valor dos portugueses • Se vão da lei da morte libertando • Ninguém escapa à morte • Expressividade: reforçar a ideia de que nunca serão esquecidos
  • 35. Metonímia • Consiste em designar uma realidade por um termo cujo significado aponta para outra realidade próxima: “as terras viciosas/De África e de Ásia andaram devastando” os povos pagãos (designam-se os povos pelos lugares) Expressividade: destacar a ação dos reis que propagaram a religião cristã pelo mundo