O documento descreve as principais secreções do sistema gastrointestinal, incluindo a salivar, gástrica e pancreática. A secreção salivar contém enzimas e sais minerais que iniciam a digestão. A secreção gástrica contém HCl, pepsinogênio e muco produzidos por células específicas. A secreção pancreática inclui enzimas digestivas e componentes aquosos regulados pela secretina e colecistocinina.
1. Fisiologia do Sistema
Gastrointestinal
Secreções salivar, gástrica e pancreática
Vanessa Cunha
2. Secreção Salivar
Componentes: proteínas de ação enzimática e
sais minerais.
Secreção proteica:
1) Secreção serosa: pouca mucina, rica em alfa-
amilase salivar e lipase (glândulas parótida e
submandibular).
2) Secreção mucosa: rica em mucina, função de
proteção e lubrificação da mucosa (glândulas
sublingual e submandibular).
3) Secreção de íons.
3. Glândulas salivares - Adenômeros
Funções:
1) Muco: gustação (solubilização dos alimentos estimula as
papilas gustativas), limpeza (remove restos de alimentos que
se alojam entre os dentes), ação tamponante (devido ao seu
pH básico, protege a mucosa contra alimentos ácidos e os
dentes contra os produtos ácidos da fermentação bacteriana),
entre outros.
2) Enzimas:
Enzimas Função
Lisozima Promove a lise das paredes das
bactérias
Lactoferrina Substância quelante de ferro, impede a
proliferação de bactérias dependente
desse íon
Imunoglobulina A Ativa contra vírus e bactérias
Alfa-amilase salivar Inicia a digestão de carboidratos
Lipase lingual Inicia a digestão de gorduras
4. Composição Eletrolítica
Os ácinos, células epiteliais glandulares,
produzem a saliva que, ao ser produzida, possui
composição de íons igual ao do plasma
sanguíneo. Entretanto, ao passar pelos ductos,
sofre alterações: reabsorvem sódio e secretam
potássio ao passo que reabsorvem cloreto e
secretam bicabornato.
Assim, a saliva torna-se hipotônica em relação ao
plasma sanguíneo.
5. Tipos de Glândulas Salivares
Acinosas: poucos ductos, rica em enzimas.
Exemplo: parótida.
Tuboacinosas: presença de ductos e ácidos.
Exemplos: sublingual e submandibular.
Obs: A glândula submandibular é responsável por
maior parte da produção de saliva.
6. Controle da Secreção Salivar
É realizada pelo sistema nervoso autônomo,
através da acetilcolina, norepinefrina, VIP, ATP e
substância P, aumentando a secreção das
enzimas e o fluxo da saliva.
Esses mediadores podem se ligar aos seus
respectivos receptores, ativando-os, o que induz
o PKC a estimular o IP3 que se liga aos estoques
de cálcio, esvaziando-os. Ao fazer isso, há um
excesso de cálcio na célula, o que provoca a
exocitose de vesículas contendo a lipase e alfa-
amilase salivar.
7. Secreção Gástrica
Secreções: HCl, pepsinogênio, fator intrínseco e
muco.
Pepsinogênio: é a enzima (pepsina) na forma
inativa; em pH ácido, a pepsina cliva o
pepsinogênio, ativando-o.
Fator intrínseco: ajuda na absorção de vitamina
B12, pois se liga a essa vitamina e permite que
ela seja absorvida no epitélio intestinal – já que
seus receptores encontram-se no íleo.
8. Células responsáveis pela secreção
gástrica
Tipos de células Função
Parietais ou oxínticas Produzem HCl
Células mucosas cervicais Produzem muco. São células
mais superficiais.
Células principais ou zimogênicas Produzem pepsinogênio no antro
ou pépticas e no corpo.
Células pilóricas Secretam gastrina, pepsinogênio
e pouco muco.
Obs: A parede gástrica é protegida por um “gel” que contém mucina
e bicarbonato, chamada barreira mucosa gástrica.
9. Secreção de HCl
O H+ provém da reação: CO2+H2O – HCO3- + H+
que é catalisada pela anidrase carbônica. O H+ é
secretado para a luz gástrica em troca de K+
através da H+/K+ ATPase. O HCO3- resultante é
absorvido pelo plasma em troca de Cl-. Dessa
forma, o H+ pode reagir com o Cl- na luz gástrica.
10. Aspirina e Omeprazol: efeito no trato
gástrico
Aspirina bloqueia a secreção de bicarbonato pela
célula e, por isso, não é aconselhável ingerir
aspirina por longos períodos de tempo, já que
diminui a solução tampão – ou seja, diminui o pH
percebido pelo epitélio da mucosa, podendo
causar obstrução da parede (retirada da barreira
mucosa gástrica)
Omeprazol é um fármaco que impede a secreção
de H+, pois se liga irreversivelmente na bomba
H+/K+ ATPase.
11. Estimuladores/Inibidores da
secreção de HCl
Acetilcolina, gastrina e histamina estimulam a
secreção.
1) Acetilcolina e gastrina promovem cascata de
ativação que estimula o PKC que esvazia os
estoques de Ca²+ fazendo com que tenha muito
cálcio na célula – o que sinaliza secreção de HCl.
2) Histamina: liberada através dos mastócitos, pode
promover a ativação de acetilcolina, gastrina, além
de gerar uma cascata de ativação ligada ao AMPC
e proteína G.
• Inibidores: CCK, EGF, TGF-alfa, prostaglandinas e
somatostatina.
12. Conversão do Pepsinogênio em
Pepsina
As células que produzem o HCl estão localizadas
mais centralmente, ao passo que as células
principais (produtoras de pepsinogênio)
localizam-se mais inferiormente. Assim, quando o
pepsinogênio for liberado, possui maiores
chances de encontrar HCl – o que promove a
clivagem do pepsinogênio em pepsina. E essa
pepsina ajuda a clivar outros pepsinogênios.
13. Regulação de Secreção Gástrica
Fase cefálica: secreção de HCl a partir de
estímulos como paladar (mastigação) e olfatório
(cheiro do alimento); ocorre antes do alimento
chegar ao estômago.
Obs: A acetilcolina é liberada pelo plexo e age
diretamente, aumentando a produção de HCl.
Indiretamente, induzida pela acetilcolina, a
gastrina é secretada, estimulando também a
secreção de HCl.
14. Regulação da Secreção Gástrica
Fase gástrica: a pressão do alimento na parede
do estômago ativa os mecanoceptores que
promovem a secreção de acetilcolina.
A acetilcolina induz diretamente a secreção de
HCl;
A acetilcolina induz a gastrina que potencializa a
secreção de HCl;
A alteração do pH induz a gastrina que promove
a secreção de HCl.
15. Regulação da Secreção Gástrica
Fase intestinal: presença do quimo ácido no duodeno
estimula a secreção de secretina que, além de
contrair o piloro, inibe a secreção de HCl.
A secretina:
1) Inibe as células parietais que inibem a produção de
HCl;
2) Inibe as células G – inibindo a secreção de gastrina,
impedindo a secreção de HCl;
3) Estimula a secreção de somatostatina que inibe a
secreção de HCl.
16. Secreção Pancreática
Secreção endócrina: produzida pelas ilhotas de
Langerhans, secretando insulina (células beta), glucagon
(células alfa) e somatostatina.
Secreção exócrina: componente aquoso e componente
enzimático.
Obs: O componente aquoso é estimulado pela secretina que
induz a secreção do ducto para que a concentração de
bicarbonato seja maior do que do plasma sanguíneo.
Obs²: O componente enzimático é estimulado pela
colecistocinina, que induz os ácinos a secretarem mais
componentes enzimáticos. Além disso, a atividade
passimpática via acetilcolina estimula a secreção
enquanto a atividade simpática a inibe.
17. Composição da Secreção
Pancreática
Componente aquoso: concentração de sódio e
potássio semelhantes as do plasma, bicarbonato
(níveis elevados) e cloro.
Componente enzimático:
Quadro de Enzimas Substrato Ação
Tripsina, quimiotripsina e Proteínas Quebra de ligações
elastase peptídicas
Carboxipeptidases Proteínas Quebra o aminoácido
terminal
Lipases pancreáticas Gorduras Quebra o triacilglicerol
Amilase pancreática Polissacarídeos Quebra em glicose e
maltose
Ribonucleases e Ácidos nucleicos Quebra em nucleotídeos
desoxirribonucleases livres
18. Fases da secreção pancreática
Fase cefálica: secreção com alto teor de proteína
via impulsos vagais gerados por estímulos
visuais, olfatórios e paladar.
Fase gástrica: pequeno volume com elevada
concentração de enzimas via impulsos
vagovagais e gastropancreática, sendo esta
última gerada pela secreção de gastrina pelo
estômago que, pela circulação sanguínea,
estimula a secreção pancreática.
Fase intestinal: o quimo ácido estimula a
secretina no duodeno, responsável por maior
parte da secreção pancreática.