O documento descreve um projeto de revitalização de um conjunto de edifícios históricos no bairro Floresta em Porto Alegre. O projeto pretende preservar as fachadas originais dos edifícios e adaptar seu uso interno a demandas contemporâneas, com novas estruturas que ampliam as áreas úteis. O conjunto abrigará usos mistos de comércio, serviços e habitação.
3. VILA FLORES
projeto de adequacao de conjunto na r. hoffman x r. sao carlos · bairro floresta · porto alegre · rs
4. contexto urbano
O conjunto está localizado no Bairro Floresta também
chamado 4º Distrito de Porto Alegre, próximo a região
central da cidade. Via principal do aeroporto para o centro, proporciona às empresas da região e aos seus moradores facilidades no manejo e logística. Suas principais
avenidas, a Farrapos, a Cristóvão Colombo, a São Pedro
e a Rua Voluntários da Pátria interligam o bairro com o
centro e os demais bairros limítrofes, como o Moinhos de
Vento, Higienópolis e São Geraldo.
Trata-se de um bairro que, até ao final da Revolução
Farroupilha (1845), não passava de uma área de chácaras.
A construção de um hospital em 1849, a Casa de Saúde
Bela Vista (atualmente o Hospital Militar), a abertura da
rua da Floresta em 1857, atual Av. Cristóvão Colombo
e a inauguração da linha dos bondes de tração elétrica
(1909), que passava nas proximidades do bairro, são determinantes para o desenvolvimento urbano da região e o
início de sua industrialização. Logo vieram as cervejarias
Bopp, Sasse, Ritter e Cia. Ltda., a Cervejaria Brahma, e o
seu contingente cosmopolita que habitaria o bairro. As
indústrias atraíram primeiramente os alemães, juntandose a eles os italianos, poloneses, árabes e, em menor
escala, os espanhóis, austríacos e israelitas. Destaca-se
a presença de muitos portugueses e o fato de que em
uma mesma quadra do bairro, conviviam moradores de
diversas etnias.
Atualmente, o bairro Floresta dialoga com a transição
de usos sobre as formas (património construído) ali existentes, que estimulam e relacionam novas forças de serviços, comerciais e residenciais, com galpões industriais
e edifícios históricos. A migração de muitas empresas de
médio porte já contribuem de forma significativa para a
revitalização da região, com importante papel de interligação com os bairros tradicionais da cidade.
Foto aerea de Porto
Alegre situando o
conjunto no
bairro Floresta.
5. p aeroporto
P/ SÃO GERALDO
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FLORESTA
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P/ AUXILIADORA
rodoviaria
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MOINHOS DE VENTO
P/ CENTRO
P/ INDEPÊNDENCIA
6. complexo arquitetonico
Situado na Rua São Carlos, nº 753, 759 e 765, esquina
com a Rua Hoffmann, nº 477 e 459, o conjunto, construído
entre os anos 1925 e 1928 é um complexo arquitetônico
formado por 3 edificações totalizando 2.332 m2 de área
construída em um terreno de 1.415 m2:
1. edifício de 3 pavimentos na Rua São Carlos – total
área construída: 1.041 m2
2. edifício de 3 pavimentos na Rua Hoffman – total
área construída: 1.115 m2
3. galpão térreo de 176 m2
O empreendimento foi realizado pelo doutor Oscar
Bastian Pinto e o projeto arquitetônico pelo engenheiroarquiteto José Franz Seraph Lutzenberger, alemão chegado
a Porto Alegre no ano de 1920 que teve importantes
contribuições para a arquitetura da cidade, entre elas a
Igreja São José, o Palácio do Comércio e o Orfanato Pão
dos Pobres. O conjunto teve seu uso até então destinado
a “casas de aluguel” para pessoas e famílias que vinham
habitar o Bairro Floresta, em franca expansão industrial
na época da construção do empreendimento. No piso
térreo, predominou o uso comercial e alguns serviços que
se aproveitavam da localização na esquina da quadra.
Atualmente em processo de restauro, vale notar que a
fachada das edificações voltadas para a rua se encontram
em excelentes condições, preservando as características
da arquitetura original. Um detalhe notável nos edifícios
é a utilização de bay-windows, afim de destacar a esquina dos predios, solução muito comum na arquitetura
alemã do final do século XX. Em contrapartida, as fachadas posteriores, voltadas para o pátio, foram bastante
modificadas pelos diferentes inquilinos ao longo dos
anos, fator este determinante nas decisões de projeto a
cerca dos novos elementos construídos que contrastam e
valorizam as carcterísticas originais da edificação.
Aquarela do projeto
original do edifício na
rua São Carlos.
7.
8.
9. Esquina das ruas
Hoffman e São
Carlos. O pátio interno
atualmente, e detalhe
da porta de acesso
aos pavimentos
superiores. Nesta
página, detalhe da
bay-window.
10. o projeto
Este projeto tem como ambição a revitalização dos
edifícios e adaptação de seu uso a uma demanda
contemporânea. Vemos a intervenção como um grande
potencial para melhoria da região e manutenção da
memória e do patrimônio material de Porto Alegre.
Para isso o tomamos como premissa de projeto o
restauro das fachadas externas, bem como as baywindows e das aberturas originais de madeira. O objetivo é
ter a conformação da quadra, os acessos e passeios, assim
como havia pensado o arquiteto Joseph Lutzenberger,
aproveitando a boa orientação, insolação e ventilação.
A modificação ocorre na face interna, onde uma nova
estrutura organiza as plantas dos pavimentos e suporta
as infraestruturas ao novo uso do complexo.
Nas fachadas internas dos dois edifícios, no alinhamento dos núcleos hidráulicos, pensamos uma nova
estrutura metálica que parasita os prédios. Essa estrutura
com fechamentos em vidro e madeira soma metragem as
áreas molhadas e cria espaços de convívio, fundamental
para a nova organização da planta.
A principal função desta construção é garantir o
bom funcionamento das infraestruturas: água, esgoto,
descidas pluviais, energia, gás, aproveitamento de
água de chuva e sol. A intervenção estabelece uma
nova prumada externa que garante o abastecimento de
água e luz a uma demanda maior e mais moderna do
que o previsto em 1928 quando o prédio foi concebido.
Considera-se o aproveitamento de água da chuva, e
aquecimento de água por placas solares, armazenamento
de águas cinzas para suprir usos como irrigação dos
jardins e abastecimento dos vasos sanitários.
No térreo, a nova estrutura funciona como uma marquise para um passeio coberto de galeria que convida
as pessoas a ingressarem no conjunto.
Ao lado, imagem da
rua São Carlos e o
acesso principal à
praça do conjnto.
14. planta térreo - acessos
planta térreo - usos
Térreo - galeria
Valorizando o passeio publico, o pátio interno se torna
uma extensão da rua. O térreo é uma galeria comercial
com lojas voltadas para esse pátio . O Galpão no fundo
adquire então uma função diferenciada de serviço ao
usuário: um restaurante, um café, uma sala de exposição
ou sala de eventos.
Os acessos para pedestre são nas extremidades dos
edifícios e na entrada centralizada entre o edifício da rua
São Carlos e o edifício da rua Hoffman. Para o acesso de
automóveis, em caso de emergência e carga e descarga
foi projetado um portão na extremidade do conjunto.
Ed. São Carlos - salas comerciais, trabalho
A planta tipo do Edifício São Carlos é adaptada para
comportar salas comerciais. A nova estrutura amplia os
núcleos molhados (banheiros e copa) e cria zonas de convivência organizando a circulação interna. O pavimento
tem área total de 240m2 considerando área comum de
45m2 (copa, banheiros e varanda) e pode ser compartimentado em salas menores.
15. O acesso dos andares é feito pelas caixas de escadas
que dão para rua e são de uso exclusivo dos condôminos
e eventuais clientes.
Ed. Hoffman - habitação, morada
Levando em conta o caráter original concebido ao edifício
e valorizando a vitalidade do conjunto com a multiplicidade de usos, destina-se o programa dos pavimentos superiores do Ed. Hoffmann à habitação. Uma flexibilidade
concebida às plantas permitem diferentes possibilidades
de locação, seja para o aluguel tradicional, com variação
de metragem dos apartamentos, ou para um aluguel temporário, com células menores no pavimento intercaladas
com áreas comuns.
Para isso é preciso fazer algumas adaptações para
atender a demanda atual. Aberturas de vãos nas paredes
permite a criação de espaços mais integrados. Cozinhas
e banheiros ganham área com a nova estrutura que forma
uma grande varanda que contempla o pátio e suas atividades. O acesso dos moradores continua exclusivo e independente dos usos do térreo, pela rua Hoffman.
planta pav. tipo - acessos
planta pav. tipo - usos
26. quadro de areas
ÁREA DO TERRENO: 1.415 m2
TOTAL CONSTRUÍDO ATUAL: 2.332 m2
ed. São Carlos: 1.041 m2
ed. Hoffman: 1.115 m2
galpão: 176 m2
TOTAL A CONSTRUIR: 272 m2
estruturas parasitas: 196 m2
anexo galpão: 76 m2
TOTAL ÁREA CONSTRUÍDA: 2.604 m2
TOTAL ÁREA ÚTIL: 2.122 m2
ed. São Carlos: 890 m2
ed. Hoffman: 998 m2
galpão+ anexo: 234 m2
T.0. (taxa e ocupação): 70%
C.A. (coeficiente de aproveitamento): 1,84
Taxa de permeabilidade: 56% (80 m2)
Perspectiva da
circulação horizontal
do edifício São
Carlos. Detalhe para
a nova área comum
favorecida pela
nova estrutura.