O documento discute a abordagem semiótica da cultura proposta por Iuri Lótman. Ele define cultura como um conjunto de informações não-hereditárias acumuladas e transmitidas por sociedades. Lótman argumenta que objetos culturais carregam significados e que diferentes culturas possuem códigos distintos para modelizar o mundo. Ele ilustra essas ideias comparando os códigos culturais medieval e renascentista.
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
Análise de Lótman sobre tipos culturais
1. Baseado em
texto de Iuri
Lótman
Semiótica russa
SOBRE O PROBLEMA DA
TIPOLOGIA DA CULTURA
2. • Texto discute estudo de fenômenos culturais com recursos da Semiótica.
• Primeira providência teórica: definir os termos “cultura” e “semiótica”. A
que o autor se refere quando usa esses termos?
• Cultura: conjunto de informações não-hereditárias que as diversas
coletividades da sociedade humana acumulam, conservam e transmitem.
3. • Cultura associada à informação.
• Mesmo os objetos destinados a fins práticos carregam informação.
• Monumentos de cultura têm finalidades práticas, mas carregam
informações de suas experiências de trabalho.
• Pirâmide interessava ao Egito Antigo como um templo, e para o
historiador, como um objeto revelador da cultura daquele tempo.
4. • Instrumentos da cultura material pertencem à cultura na medida em que
estão impregnados de informações sobre a sociedade que os empregou.
• Concepção de cultura permite duas atitudes possíveis:
• - exame de etapas isoladas da cultura;
• - exame da cultura como um todo, constituindo um texto aberto unitário.
5. • Lótman recupera contribuições de Jakobson, estabelecendo sua
aplicabilidade em outros fenômenos de comunicação e outras
possibilidades além da língua natural.
• Autor reaproveita as noções de código e mensagem, pensadas para a
língua natural. Código: estrutura e material da língua utilizado para a
comunicação. Mensagem: conteúdo de informação numa ação de
comunicação.
6. Nas estruturas de comunicação, o código é a moldura
estrutural que fornece as condições para que se efetue
a mensagem. Na língua portuguesa, seria a estrutura
gramatical que permite que uma frase qualquer faça
sentido.
Nos textos culturais, segundo Lótman, também haveria
uma estrutura equivalente: haveria códigos culturais
(conjuntos de determinações específicas de uma
determinada cultura) e “mensagens culturais” (textos de
cultura, realização das informações culturais em forma
definida).
7. Lótman distingue estrutura dos conteúdos culturais da
estrutura da língua natural na qual são enunciados.
Distingue também o sistema teoricamente reconstruído da
cultura da realização desse sistema nas mais diversas
manifestações (analogamente à distinção entre língua e
fala).
Informações culturais envolvem, portanto, informações de
conteúdo e códigos sociais, que permitem expressar essas
informações por meio de determinados signos, tornados
patrimônios das comunidades humanas.
11. Noção de modelização: modo como um texto reproduz um determinado
modelo de mundo por meio de recursos semióticos.
Uma informação de conteúdo em línguas distintas recebe soluções
distintas de modelização.
Modelização primária: língua natural.
Modelização secundária: sistemas de cultura.
12. • A Lótman interessa a cultura como hierarquia de códigos historicamente
formada: “Cada tipo de codificação da informação histórico-cultural está
ligado às formas radicais da autoconsciência social, da organização das
coletividades e da auto-organização da personalidade”.
• Interesse de Lótman: descrição dos tipos de códigos culturais. Seria como
a “gramática da língua da cultura”.
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17. • Caminho teórico da proposta de Lótman:
• - descrição dos códigos culturais (a partir dos quais se formam as línguas
naturais);
• - descrição das características comparativas dos códigos culturais;
• - determinação dos universais das culturas humanas;
• - construção do sistema da cultura da humanidade.
18. • Códigos culturais são de grande complexidade, mais complexos que as
línguas naturais.
• Textos culturais podem ser examinados:
• - como textos únicos, com códigos únicos;
• - como conjuntos de textos, com códigos múltiplos.
• Códigos múltiplos podem se apresentar de duas formas:
• - totalmente decifráveis por meio de um código geral;
• - decifráveis por códigos diversos em um nível, mas por um único sistema
de signos em outro nível.
19. Se dois códigos culturais diferentes são decifráveis, em algum nível, por
algum sistema de signos, são variantes de um sistema invariante.
Monges e cavaleiros têm normas ideais de comportamento diferentes,
até opostas. Mas ambos fazem parte do sistema cultural medieval
(sistema codificador invariante).
20. Fatores complicadores da hierarquia de códigos
culturais:
- um mesmo tipo cultural pode ser interpretado de
formas diferentes por diferentes setores da cultura;
- textos culturais possuem grande mobilidade
semântica, pois a estrutura de códigos de uma
cultura sempre pode ser interpretada pela estrutura
de códigos de outra cultura similar ou
completamente alheia.
21. - todo texto cultural, no nível da realização, consiste na unificação de
vários sistemas. Portanto, nenhum código pode decifrar com absoluta
precisão o momento da realização.
- código da época é predominante, mas há outros, que devem ser
compatíveis com ele. Pesquisador deve determinar dominância e
compatibilidade.
22. Edificação da cultura sobre língua natural é
parâmetro essencial para sua compreensão.
Lótman compara dois tipos culturais, o medieval e o
renascentista.
Tipo medieval: tudo é significativo. Cada pequeno
objeto material (hóstia, por exemplo) pode refletir o
todo (a Divindade). Daí o princípio da interpretação
dos textos sempre como alegóricos ou simbólicos, e
a importância da exegese.
23. Para o tipo medieval, um objeto só tem valor social
quando tem valor enquanto signo cultural no
sistema de códigos estabelecido, com fortes
vínculos religiosos.
Objetos recebiam adoração de segundo grau, isto é,
eram adorados como parte da divindade e na
medida em que seus conteúdos enquanto signos
eram sagrados. A divindade, por sua vez, recebia
adoração de primeiro grau.
24. Tipo renascentista é construído com características
opostas enquanto código cultural.
Organização da cultura estabelecia oposição entre o
natural e o não natural, com maior valorização do
primeiro.
As coisas em si, realidades imediatas (felicidade física,
trabalho, alimento), são valorizadas, e as
representações sígnicas são vistas como ficções,
inferiores (dinheiro, tradições, honrarias).
25. Palavras são consideradas mentiras, por sua
característica prototípica de signos. Assim, os signos
culturais e sociais de linguagem são desvalorizados,
considerados distanciamentos da realidade. Mundo
social é visto como hipócrita.
Dualidade da visão renascentista estabelece, para a
“língua” da cultura, a noção de norma e infração
(acidente, “fala”). Para o tipo medieval, não haveria,
culturalmente, ocasião da infração. Não haveria,
portanto, “fala” da cultura.
26. História da cultura pode ser vista como série paradigmática.
“Cada tipo estrutural de cultura dará sua relação com o signo, a
semioticidade e outros problemas da organização linguística”.
Semiótica pode ser resultado do código cultural de nossa época.
27. LÓTMAN, I. Sobre o problema da tipologia da cultura. In: SCHNAIDERMAN,
B. (org.) Semiótica russa. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.