Pretende-se, no desenvolvimento desta dissertação, inserir-se no contexto de um Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE – para a bacia hidrográfica de Entre Ribeiros (Noroeste de Minas Gerais), desenvolvendo uma metodologia passível de aplicação em outras bacias hidrográficas. Com isso, procura-se contribuir para o aprimoramento das técnicas de Zoneamento Ambiental, assim como fornecer subsídios para uma melhor organização do espaço na bacia hidrográfica em estudo. Além disso, insere-se no campo de desenvolvimento científico das orientações da Agenda 21 (BRASIL, 2000; 2004) relacionadas à utilização de Indicadores Ambientais e Zoneamentos Ecológico-Econômicos, possibilitando o acompanhamento efetivo dos ambientes através de contínuos temporais e espaciais. Desenvolve-se, como principal produto desta dissertação, uma análise comparada que torne possível, de maneira consistente, apresentar as possibilidades de zoneamento dos impactos ambientais sobre solos, recursos hídricos e biológicos, lançando mão do sensoriamento remoto e hidrologia, de maneira direcionada às atividades econômicas em seus diferenciados passivos ambientais. A partir de uma prospecção das atividades produtivas locais da Bacia Hidrográfica de Entre-Ribeiros, e dos dados geográficos disponíveis, formaliza-se um corpo lógico de procedimentos para o zoneamento da dinâmica espaço-temporal das atividades agro-silvo-pastoris e seus impactos econômicos e ambientais.
Frentes Agrícolas de Irrigação e Zoneamento Ecológico-Econômico
1. FRENTES AGRÍCOLAS DE
IRRIGAÇÃO e ZONEAMENTO
ECOLÓGICO-ECONÔMICO:
Estudo de caso da Bacia de Entre-Ribeiros - MG
Mestrando: Vitor Vieira Vasconcelos
Orientador: Prof. Dr. Renato Moreira Hadad
Co-orientador: Prof. Dr. Paulo Pereira Martins Junior
Fevereiro de 2010
Pontifícia Universidade Católica – MG
Programa de Pós-graduação em Geografia
Tratamento da Informação Espacial
Evolução do Pensamento Geográfico
3. Objetivos
Objetivo Geral:
Pesquisar a interação entre os sistemas agrícolas modernos e o
meio ambiente, com estudo de caso sobre a Bacia de Entre-
Ribeiros-MG.
Objetivos Específicos
1) Zoneamento Agro-Econômico da ocupação e vegetação da
bacia em períodos históricos diferenciados.
2) Estudos hidrológicos e de irrigação sobre Entre-Ribeiros, e suas
alterações nas últimas décadas.
3) Estudo sobre os impactos ecológicos e econômicos da
ocupação agropecuária na bacia hidrográfica
4. Fundamentação Teórica
• Pierre Monbeig
– Ligação entre a Escola Francesa e o estudo
das frentes agrícola brasileiras.
– Paisagem agrícola como complexo dinâmico.
– Relações funcionais do complexo agrícola
com as demais atividades econômicas.
5. Fundamentação Teórica
• Estudo contemporâneo das Frentes
Agrícolas no Sudeste:
– Sobreposição de ciclos históricos de ocupação.
– Difusão espacial de inovações produtivas.
– Forte influência da iniciativa privada.
6. Fundamentação Teórica
• Economia Ecológica e Zoneamento
Ecológico-Econômico (ZEE)
• Adaptações metodológicas interescalares:
– Ciclo hidrológico e processo ecológicos
em bacias hidrográficas.
– Dinâmica temporal.
7. Metodologia
1 - Zoneamento Histórico Agro-econômico da Bacia de
Entre-Ribeiros
– Revisão das pesquisas historiográficas.
– Imagens Landsat de 1975-1989-2008.
• Análise de reflectância por ajuste de Histograma (RGB)
• Para-redução de bandas dos sensores espectrais:
– Análise de Componentes Principais.
– Tasseled Cap.
– Consistência com estudos de uso do solo e dados de campo.
8. Metodologia
2 - Estudos Hidrológicos sobre Entre-Ribeiros e
Avaliação do Impacto do Uso Consuntivo
– Avaliação dos Estudos de Vazão Não-Regionalizada.
Regionalizada.
– Análise dos dados de eficiência, uso e perda de
recursos hídricos em irrigação na bacia hidrográfica.
– Estimativa do impacto ambiental da irrigação nos
sistemas hídricos.
3 - Estudo dos processos ambientais e econômicos
da ocupação de Entre-Ribeiros
11. • Até 1970 – Vazio populacional e pecuária extensiva
• Década de 1970 – Incentivos Públicos de Ocupação
• Década de 1980 – Projetos de Irrigação
• Década de 1990 – Endividamento
• Década de 2000 – Refinanciamento, novo
maquinário e aumento de produção
História de Ocupação da Bacia de
Entre-Ribeiros:
12. Área irrigada por pivôs centrais em Entre Ribeiros.
Localização: 46º19’11”S 17º03’17”W
13. Vazões médias mensais e anuais de retirada pela irrigação na bacia do Paracatu,
no período de 1970 e 1996. Estimativa por Rodriguez e outros (2004, p. 52).
16. Ecossistema de campo aberto, do bioma Cerrado, em Entre-Ribeiros. Autor: Luciano Alvarenga, 2008, CETEC.
17. Exemplo do ecossistema de veredas na Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros. (ANDRADE, 2007, p. 86; MARTINS
JUNIOR et al., 2002-2006).
18. Floresta tropical caducifólia (Mata Seca), razoavelmente bem preservada. Localização: 16º 51’ 27”S 46º 55’33”W
(MARTINS JUNIOR et al., 2002-2006).
19. Matas Ciliares do Ribeirão Entre-Ribeiros. (ANDRADE, 2007, p. 77; MARTINS JUNIOR et al., 2002-2006).
20. Exemplo típico de uma área cultivada irrigada por pivô central na foz do Ribeirão Entre Ribeiros. (ANDRADE,
2007, p. 105; MARTINS JUNIOR et al., 2002-2006).
21. Loteamento de Reforma Agrária, Projeto de Assentamento Belo Vale. Plantação de abacaxi com vista de
uma das casas ao fundo. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA /FUNARBE, 2006, p. 45)
22. Aspecto de lote com áreas onde houve desmatamento e posterior abandono, com regeneração natural da
vegetação. Projeto de Assentamento XV de Novembro. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA/
FUNARBE, 2005d, p. 30).
23. Aspecto do relevo ondulado (ao fundo) com pastagem de braquiária e, ao fundo, a floresta tropical
caducifólia. Projeto de Assentamento Belo Vale. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA/FUNARBE,
2003, p. 14).
24. Entrada de uma plantação de Eucaliptos na Bacia de Entre-Ribeiros, Fazenda Fortaleza. Localização: 16º 57’
32”S 46º 48’ 16”W (MARTINS JUNIOR et al., 2002-2006)
26. Avaliação dos produtos de
Sensoriamento Remoto
Técnica Utilizada Avaliação
Composição RGB • Melhor para comparação entre
imagens de épocas diferentes
• Explicação física da refletância
• Flexibilidade na troca de bandas
• Limite de três bandas por
visualização
Análise de Componentes Principais
(ACP)
• Melhor técnica para analisar
heterogeneidade espacial na
mesma imagem
• Não tão boa para analisar imagens
de épocas diferentes
Tassseled Cap • Boa para analisar heterogeneidade
espacial na mesma imagem
• Boa para comparação entre
imagens de épocas diferentes
• Explicação física indireta da
refletância
37. Eficiência de Irrigação
Indicador Eficiência
Geral (Brasil) 60 a 90%
Regionalização –
Paracatu (FAO)
70%
Dados experimentais 41,6 a 45,24% (média de 43,81%)
Dados de campo 28 a 47% (média de 38,75%)
38. Exemplo de um dos extensos canais de irrigação no Vale de Entre Ribeiros.
Localização: 46º19’11”S 17º03’17”W
39. Uso de Água por Hectare de
Agricultura Irrigada
Ano Volume derivado
total (m3)
Área Irrigada
(ha)
Uso de água por hectare
(m3ha-1ano-1)
1997 14.117.323 2.343 6.025,32
1998 23.744.618 2.365 10.040,01
1999 22.383.753 2.389 9.369,51
2000 18.053.636 2.434 7.417,27
Média 19.574.833 2.383 8.213,03
Fonte: Cálculo a partir dos dados de Brito, Bastings e Bortolozzo (2003, p. 296-297).
40. Estimativa de Uso da Água para
Irrigação em Entre-Ribeiros, para
os anos de 1989 e 2008.
• Uso de água por Hectare
• Área Irrigada em 1989 e 2008
• Vazão Q7,10
Porcentagem de
Uso sobre a vazão
Q7,10 em 1989 e
2008
41. Estimativa de Uso da Água para
Irrigação em Entre-Ribeiros, para
os anos de 1989 e 2008.
Ano Área Irrigada (em ha) Uso de água total
(m3/ano)
Porcentagem de uso
sobre a Q7,10 (em %)
1989 8.390,35 68.910.196,26 37,78
2008 19.118,07 157.017.282,45 86,08
Fonte: Cálculo a partir dos dados de Brito, Bastings e Bortolozzo (2003, p. 296-
297) e Moreira (2006, p. 61).
42. Variação Temporal do Uso da
Água – Anual, Diária e Horária
Gráfico 7: Vazão de retirada (QR, em m3/s) e vazão unitária de retirada ela irrigação (qr, em Ls-1ha-1,),
precipitação (P, em mm/d), precipitação efetiva (Pe, em mm/d) e evapotranspiração da cultura (ETr, em
mm/d) ao longo do ano de 1996 no município de Unaí. Fonte: Rodriguez (2004, p. 54).
43. Hidrograma Médio
VAZÕES MÉDIAS MENSAIS
MÉDIO PARACATU
período 1940 - 1994
0,0
200,0
400,0
600,0
800,0
1000,0
1200,0
out nov dez jan fev mar abr maio jun jul ago set
Meses
Vazões(m³/s)
Gráfico 9: Hidrograma representando as vazões médias mensais no Médio
Paracatu entre 1940 e 1994. (RURALMINAS, 1996).
44. Impactos Ecológicos
e Reflexos Econômicos
(1) desmatamento e fragmentação dos
biomas originais, pelo avanço da
agropecuária
(2) o uso consuntivo de água pela irrigação,
(3) a redução de infiltração da água no solo
por ocupação de zonas de recarga
(4) o impacto da drenagem de veredas,
lagoas marginais e áreas de inundação.
45. Queimadas e retirada da vegetação nativa para produção de carvão em Entre-Ribeiros. Nesta região
foram observados vários fornos de carvoejamento e usos de moto-serra.
Localização 46º49’34”S 16º57’45”W
46. Erosão laminar em área de agricultura de sequeiro abandonada e utilizada para pecuária, na Bacia
de Entre-Ribeiros. Localização: 16º58'15,3"S 46º25'52,0"W
47. Fragmento de Cerrado sem conectividade na região de Paracatu-MG Fonte: IBICT (2008)
48. Exemplo de retirada da vegetação do curso d’água (Mata Ciliar) para dar lugar à pastagem.
49. Exemplo de degradação de um ambiente aquático, no caso uma lagoa marginal represada em Entre-Ribeiros.
50. Barragem construída sobre o ecossistema de Vereda. Percebe-se claramente a descontinuidade e o
comprometimento deste ambiente com a elevação do nível d’água. Localização: 16º57'49,4"S
46º24'23,4"W (MARTINS JUNIOR et al., 2002-2006; ANDRADE, 2007, p. 109).
51. Represamento de um ecossistema de Veredas, causando a morte da vegetação original.
Localização: 16º57'49,4"S 46º24'23,4"W.
52. Conclusões
• Conseqüências da Ocupação Agrícola
– Atendimento à demanda mundial de alimentos e
bioenergia
– Impactos Ambientais
– Externalidades Econômicas
– Custos e limites impostos pelo uso excessivo dos
recursos naturais