O documento descreve a biografia e o trabalho do cientista Gregory Bateson, um pioneiro da cibernética e da teoria dos sistemas. Bateson criticou o pensamento dualista cartesiano e desenvolveu uma abordagem holística e ecológica da mente, vista como imanente à natureza. Ele defendia que a integração entre homem e natureza só é possível através da arte, do sagrado e da experiência da "mente ecológica".
2. Biografia de Gregory Bateson
1904 Nasce en Grantchester, Reino Unido. O filho do distinto genetista William
Bateson.
Estuda biología, psiquiatría, antropología, ciencias sociales, filosofía e
cibernética entre otros.
1935 casa-se com a antropóloga Margaret Mead.
1939 Vai para os Estados Unidos onde vive pelo resto de sua vida.
1942 Participa das conferências Macy sobre cibernética, que teve a presença de
Warren McCulloch, Norbert Wiener, John von Neumann, entre outros.
1949 Trabalha em Langley-Porter Clinic de Sao Francisco como investigador em
psiquiatria e comunicações.
1959 Trabalha na Mental Research Institute de Palo Alto, onde aplica conceitos
de cibernética a personas con alcoolismo e esquizofrenia.
1964 Vai para o Hawai, trabaja como chefe do departamento de biología do
Oceanic Institute de Waimanalo.
1972 Professor de antropología y etnografía en la Universidad de California.
1978 Trabalha na Esalen Institute da California.
1980 Morre em San Francisco, EE.UU.
3. Seu trabalho é um empreendimento militante por uma
transformação cultural.
A idéia é que as pessoas sejam levadas a reflexão a fim
de remover as “patologias civilizatórias” e a “perversão
epistemológicas” em nossos hábitos cognitivos.
Seu enfoque inspira-se na observação transdisciplinar,
pois seu pensamento desloca-se em diferentes
disciplinas;
Contrariando a fragmentação e especialização do
conhecimento, o pensamento de Bateson situa-se nos
consfins do pensamento aberto, global, holístico.
4. O MÉTODO BATESONIANO
Bateson aponta para relações entre fenômenos e processos
que analisa;
Seu pensamento está situado no paradigma sistêmico e o
método aplicado por ele ficou conhecido como método
abdutivo (reflexivo):
é um método criativo que busca conectar através de
analogias formais todos os eventos que caem em seu campo
de observação. A metáfora e o lúdico devem ser componentes
fundamentais desta reflexão.
CAPRA diz que o modo de pensar Batesoniano é
holográfico;
5. A maneira através da qual, desta vez, adquirimos
“conhecimentos ou informações” origina-se, sempre,
insistirá Bateson, da “observação e da experimentação”
(ou de uma experiência). O ser humano somente pode
adquirir conhecimentos através dos seus órgãos
sensoriais ou através de seus próprios experimentos.
De tal modo que não se pode falar de uma
Epistemologia que não seja, por necessidade, vinculada
e atrelada a um constante e prévio trabalho de
observação.
6. RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO:
os objetos devem ceder espaços paras as relações
Padrão deve ser a base de todas as relações
A meta principal é descobrir o padrão que une
1950, "DOUBLE BIND" , o "dupla imposição) ou duplo
vínculo. Se trata da descrição de uma situação na qual
o individuo é submetido a uma dupla imposição
contraditória de maneira que, se obedece a uma,
automaticamente transgride a outra.
7. No estudo da epistemologia, destacava
o papel da metáfora no mundo vivo:
OS HOMENS SÃO
MORTAIS,
SOCRATES É HOMEM,
LOGO, SOCRATES É
MORTAL;
OS HOMENS SÃO
MORTAIS;
O CAPIM SÃO
MORTAIS.
LOGO, OS HOMENS
SÃO CAPIM;
8. Conceito de mente
Característica sistêmicas das coisas vivas, concebia
princípios de organizações essencialmente mentais, ou
seja, a imanência da mente à matéria em todos os seres
vivos.
A MENTE está em toda a parte do mundo vivo e é um
sistêmico relacionamento entre todas as partes do mundo
desde o microscópico habitante das células biológicas até a
totalidade dos grandes ecossistemas.
A rede comunicacional que unifica organismos,
organizações humanas e e ecossitemas BATESON chama
de “cola”.
Esta síntese não era mecânica nem sobrenatural
9. EM BUSCA PELA INTEGRAÇÃO
A mente é ligada a estética porque é uma ferramenta
para sobrevivência, pois usa respostas positivas e
negativas para identificar saúde de outras partes do
sistema, dos quais nós mesmos somos partes.
O engajamento estético pode se dar através da arte e
da contemplação da natureza e do belo.
irá proporcionar a graça e permitir nossa reintegração
dentro da ecologia do mundo. Isto vai depender de
como processamos a compreensão da mente na sua
sistêmica relação dentro da comunidade biótica;
10. A verdadeira experiência do sagrado não se dá
necessariamente através de uma religião, mas através
de forma de integração do homem com a natureza
prestando-lhe referencia, amor e respeito.
O único processo social capaz de substituir o
consumista, agressivo e sedento de poder,será a de uma
dinâmica psicológica voltada para a natureza sagrada
da ecologia total: uma abordagem religiosa da
valorização da Terra. O religioso estaria ligado a idéia
de religar, reunir e não de uma instituição religiosa
especifica.
11. MENTE ECOLÓGICA E A CRÍTICA A
MODERNIDADE
BATESON CRITICA O PENSAMENTO DUALISTA
CARTESIANO: A SEPARAÇÃO MENTE-CORPO
REJEITA A IDEÍA DE UM SELF ISOLADO DO
MUNDO
SUA REFLEXÃO SE DÁ EM TORNO DA MENTE
ECOLÓGICA, INTERATIVA E HOLOGRÁFICA E NÃO
ATRAVÉS DO ESTUDO DA CONSCIÊNCIA, POIS
ESTA É SELETIVA E FRAGMENTÁRIA.
A FINALIDADE DA CIÊNCIA ESTARIA EM PROPOR
UMA UNIDADE SAGRADA DA BIOSFERA.
12. COMO SE APROPRIAR DESTA TEORIA NA
GEOGRAFIA DAS REPRESENTAÇÕES?
INTEGRAÇÃO DO PROJETO/HIPOTESES C A TEORIA DE BATESON:
A INTEGRAÇÃO SEGUNDO BATESON DEVE SER PENSADA COMO A CAPACIDADE
EM PERCEBER A MENTE NÃO COMO UM PROCESSO SEPARADO DA NATUREZA
MAS UNIDO A ELA. QUANTO MAIOR A SEPARAÇÃO ENTRE RAZAO MODERNA E A
NATUREZA, MENOR É A CAPCIDADE DE UM CIRCULO VIRTUOSO ENTRE HOMEM
E NATUREZA,
SEGUNDO BATESON ESTA INTEGRAÇÃO É PERMITIDA NÃO PELA CIENCIA E SIM
PELA ARTE E PELO SAGRADO.
O SAGRADO SERIA UMA EXPERIENCIA DE TOTALIDADE, ESTE REENCONTRO DO
HOMEM PELA TOTALIDADE É DENOMINADO PELO AUTOR COMO A
EXPERIENCIA DA GRAÇA.
ESTA INTEGRAÇÃO ATRAVES DO SAGRADO NAÕ É RESULTADO DE UMA
RELIGIÃO,NEM UMA APORIA NA CRENÇA EM DEUS, MAS É UMA EXPERIENCIA.
ESTA EXPERIENCIA DO SAGRADO COMO TOTALIDADE, DO HOMEM COM A
NATUREZA E DO HOMEM COM O ESPAÇO (IMAGO-MUNDI ELIADE) PODE SE DAR
ATRAVES DA arte e do sagrado
POR SYA CAPACIDADE CRUADORA E CRIATIVA (REUNIFICAÇÃO DO RES
COGITANS C O RES-EXTENSA) DESCONSTRUÇÃO DO HOMEM UIDIMENSIONAL
(MARCUSE) OU ATRAVÉS DAS EXPERIENCIAS MISTICO-RELIGIOSAS NÃO
RACIONAIS (TRANSES RELIOSAS ATRAVÉS DOS RITOS OU ATRAVÉS DO YOGA).
13. Questão norteadora
Em que medida esta reflexão sobre o sagrado
poderá ser apropriada pela geografia das
representações?
14. A EXPERIENCIA do sagrado é uma vivência de integração, porquê:
Possibilita transcender a dimensão fragmentária da consciência em sua dimensão
egóica. Considerando-se seu caráter ontológico, tal experiência possibilita superar a
condição de “ser no mundo” para uma dimensão ontológica mais profunda em
direção a um “ser integral”, pois a relação entre homem e natureza, passa a se
constituir não como uma relação entre sujeito e objeto, mas uma interação holística e
intersubjetiva (é uma experiência subjetiva de expansão espaço-tempo), contraposta
à experiência da modernidade que é de compressão espaço-tempo
O numinoso é potencialmente uma experiência de êxtase, ao estimular a vivência de
um estado não-ordinário de consciência, o que permite ao sujeito eclipsar diferentes
espaços: o espaço da consciência individual e o espaço do inconsciente coletivo
(JUNG, 2008). Tal processo é erigido através do rito e possui um caráter não-racional
(OTTO, 2007): É UMA EXPERIÊNCIA DA MENTE ECOLÓGICA; (BATESON)
A condição fundamental para a manifestação da experiência do sagrado é a
materialização do espaço do sagrado, ainda que a experiência mística seja uma
experiência desterritorializada. ESTA MATERIALIZAÇÃO SE DÁ NA
PERCEPÇÃO DO PLEROMA-CREATURA, OU INTEGRAÇÃO HOMEM-NATUREZA;(
BATESON)
15. Não há distinção entre espaço imaginário e o espaço do sagrado místico-transcendente
no ato da experiência do numinoso. Há um processo de homogeneização/sincretização
dos territórios enquanto expressão da cultura material e enquanto expressão da cultura
simbólica do sagrado na condição de Imago-mundi.
A experiência religiosa extraordinária em sua dimensão ontológica é irracional (OTTO,
2007), inconsciente (JUNG, 2008), portanto, a-histórica e a-espacial, mas que só podem
ser compreendidas através da reconstrução epistêmico-arqueológica das categorias
espaço-tempo utilizadas pela GEOGRAFIA como saber erudito e como saber científico;
A religiosidade na tradição Ocidental tem mantido um forte viés racionalista, isto é bem
evidente em diferentes vertentes do cristianismo histórico, pelo fato de todos eles, em
menor ou maior grau serem herdeiros da tradição escolástica. As interpretações
teológicas são em parte herdeiras da tradição grega, seja ela decorrente da especulação
filosófica platônica (Santo Agostinho) ou aristotélica (são Tomás de Aquino). Apesar de
caminhos distintos, Agostinho e Aquino buscaram muito mais trilhar os caminhos de
uma ética e moral filosófica, do que transcendê-las em uma experiência não-racional do
sagrado. As religiosidades e espiritualidades orientais consideravam este caminho
igualmente importante, mas compreendiam claramente ser este apenas a metade do
caminho. Tanto os Darshanas hindus com o zen-budismo, e o taoísmo imprimiam as
práticas do silêncio e da meditação como condicionantes da superação dos
tensionamentos dialéticos.
16. .
BATESON, Gregory. steps to an Ecology of mind. London, 1972.
BATESON, G. Mind and Nature: a necessary unit.
BATESON G. El temor de los angeles. Barcelona: Gedisa, 1994.
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CARVALHO, Isabel Cristina Moura; STEIL, Carlos Alberto. A
sacralização da natureza e a naturalização do sagrado: aortes
teóricos para a compreensão dos entrecruzamentos entre saúde,
ecologia e espiritualidade. In: Ambiente&Sociedade.
Campinas, v.12, jul-dez/2008.
Charlton, N - Understanding Gregory Bateson. State University
of New York Press, Albany,2008.