Alice, uma menina de 10 anos que vive em um mundo feliz, conhece Dorinha, uma menina pobre que vende flores na porta de um restaurante. Elas se tornam amigas, e Alice aprende que a felicidade não depende de posses materiais. Anos depois, quando Alice é pediatra, reencontra Dorinha, que agora é enfermeira no mesmo hospital.
3. Alice tem dez anos e sua vida sempre foi muito boa. Nada faltava para que fosse uma menina realmente feliz: um quarto cheio de brinquedos, casa de boneca no quintal, um cachorrinho de estimação e ela era o xodó da família. E Alice era feliz mesmo. Brincava, ia ao colégio, à aula de balé, viajava e passeava, como passeava! Fazenda, shopping, parques, shows, teatro... Nada faltava pra que ela se divertisse. No colégio era boa aluna, estimada pelos professores e querida pelos colegas de classe.
4. Esse era seu mundo – um mundo feliz, onde todos comiam nas horas certas, dormiam em camas aconchegantes; quando fazia frio se agasalhavam e quando fazia calor tomavam banho de piscina. Problemas? Não havia... Alice sempre ia ao colégio de carro com a mãe e, certo dia pediu que gostaria de ir à pé, afinal, nunca tinha feito isso. Sabia que outras meninas da escola iam todos os dias caminhando e tinha tanta vontade! Tanto fez que a mãe, de mãos dadas, a levou para o colégio . Tudo era tão diferente!
5. No caminho Alice foi observando que as ruas pareciam diferentes e o movimento dos carros, das motos a perturbou um pouco, até ficou com um pouco de medo. Passaram defronte a um restaurante que ela costumava freqüentar com a família e logo o reconheceu. Cumprimentou o segurança que estava na porta e seguiram seu caminho. Saiam, tenho pressa!!!
6. Mas, o que chamou a atenção de Alice foi uma garotinha que estava na calçada do restaurante – era linda, cabelos cacheados um pouco despenteados, a carinha rosada um tanto lambuzada de alguma coisa que ela comeu. Nos braços uma cesta cheia de flores. Alice olhou para a menina e pensou nas flores que tinha no seu jardim e, prestando bem atenção, achou que as flores da menina eram bem mais bonitas. Chegando ao colégio acabou por se esquecer da pequena menina na calçada do restaurante.
7. Nos outros dias, quando ia pra escola, Alice notou que a garota estava sempre na frente do tal restaurante e com sua cesta de flores. Quando chovia, nem sempre ela estava por lá e, se estivesse, estava toda encharcada. Sem saber seu nome, sem saber de onde ela vinha, Alice já sentia por aquela menina muita curiosidade, e resolveu ir conhecê-la. Sua mãe achou uma tremenda bobagem – a menina podia até ser uma pequena ladra... Uma ladra? pensou Alice. Impossível! Ela tem um rosto tão meigo, um olhar tão bondoso! E suas Flores? Tão lindas!
8. Os meses foram passando, passando, Alice indo ao colégio e a pequena na porta do restaurante. Alice resolveu que ia ao encontro da menina, afinal, sua casa ficava perto do restaurante e ela já não era mais um bebezinho que precisava viver pendurada na saia da mãe... Pensado e feito. Na distração das pessoas da casa, Alice saiu e foi para a rua – para ela uma verdadeira proeza, já que nunca havia saído assim sozinha.
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12. Alice perguntou ao segurança do restaurante qual era a hora em que Dorinha chegava – queria lhe fazer uma surpresa. E, quando descobriu, foi a uma floricultura, comprou as flores mais lindas e foi ao local de trabalho de Dorinha. Quando ela chegou e viu a amiga com aquele buquê de flores estranhou e perguntou sorrindo: Ué, vai tomar meu lugar de trabalho?
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14. Combinaram e no dia marcado Alice e sua mãe foram se encontrar com Dorinha e, de carro foram até sua casa. Dorinha estava muito feliz em poder mostrar à amiga sua casa e sua família. A casa era um pequeno casebre na periferia da cidade. Seus pais pessoas que tinham no rosto marcas de sofrimento mas, eram só sorrisos. Seus irmãos, lindas crianças brincando com uma bola que um dia foi colorida e com uma velha boneca. E as flores? Estavam no centro de uma mesa feita de caixotes de madeira, dentro de um vaso lascado.
15. Alice pensou em sua casa, no seu jardim, na sala sempre cheia de flores (que ninguém mais notava), no seu quarto cheio de roupas e brinquedos. Comparou a felicidade de Dorinha com a sua felicidade e percebeu que ela, Dorinha, parecia muito mais feliz com sua vida, com sua família, com sua casa e sentiu-se envergonhada e um pouco triste. Um suco foi servido às visitas e, foi o melhor suco que Alice já havia tomado. Na volta pra casa a mãe de Alice estava silenciosa e com os olhos marejados – ela também tinha tirado uma grande lição daquela visita.
16. Alice e Dorinha continuaram se encontrando e, na volta de umas férias, Alice procurou por Dorinha e teve a informação de que ela não mais apareceu na porta do restaurante. Alice procurou-a na sua casinha, mas ela havia se mudado e ninguém sabia o endereço... Alice ficou desolada! Por onde andaria sua grande amiga??? Por quê desapareceu sem avisar??? Por quê ela, Alice, nunca havia dado seu endereço a Dorinha??? Como viver sem sua companhia, seu sorriso, suas flores???
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18. As duas se reconheceram e entre abraços e lágrimas reataram a amizade, falaram do tempo em que estiveram separadas, e juntas cuidavam de tantas crianças, ricas e pobres, que as procuravam. A amizade, que começou com a curiosidade de Alice, fez com que ela saísse um pouco de seu mundo e conhecesse um outro mundo, também alegre e feliz. E, nesse novo mundo encontrou Dorinha... Flores pras doutoras...
19. Estória criada e formatada por Mima (Wilma) Badan, a Vovó Mima [email_address] Música: Ballerina – Ernesto Cortazar Imagens: da Net (Repasse com os devidos créditos) Para minhas netas com muito amor e carinho.