Os Botocudos eram grupos indígenas que habitavam o sudeste do Brasil e se destacavam pelo uso de grandes discos de madeira nos lábios e orelhas. Eles sofreram perseguição e genocídio pelos portugueses entre os séculos XVI e XX, sendo forçados a abandonar seus costumes e adotar a agricultura e o álcool. Atualmente, apenas 99 indivíduos da etnia Krenak, descendentes dos Botocudos, ainda vivem em Minas Gerais.
3. História
•
Quando os primeiros europeus
chegaram ao Brasil, encontraram alguns
grupos indígenas que se destacavam pelo
uso de grandes discos de madeira nos lábios
e nas orelhas. Esses índios viviam em uma
área que ia do sul da Bahia ao sul do Espírito
Santo. Foram chamados inicialmente de
"Aimorés". Depois de algum tempo, devido
ao uso de seus adornos, foram rebatizados
pelos portugueses de "Botocudos".
4. • Os Botocudos não constituíam um grupo indígena único. Eram
índios de diferentes etnias com algumas características em comum:
como o uso dos botoques e o semi-nomadismo. Sobre o genérico
nome "botocudo" eram conhecidos os índios das
etnias Pojixá, Jiporok, Naknenuk, Nakrehé, Etwet, Krenak, entre
outras... Os botocudos foram caçados de forma vil e cruel pelos
portugueses e os únicos sobreviventes são os Krenak, que vivem
hoje no norte de Minas Gerais e não usam mais os antigos
botoques. Os não-índios desencorajavam o uso dos botoques à
medida que iam conquistando esses povos.
• Os ornamentos dos Botocudos eram feitos da madeira extraída da
árvore "Barriguda" (Bombax ventriculosa). Depois de cortada, a
madeira era desidratada no fogo o que a tornava leve e branca. Era
comum que o botoque fosse pintado com riscos
geométricos. Somente os homens esculpiam os botoques, mesmo
aqueles usados pelas mulheres. As orelhas das crianças eram
furadas aos sete anos de idade mais ou menos e os lábios um
pouco mais tarde. Os botoques implantados inicialmente eram
pequenos e aumentavam de tamanho gradativamente.
5. Botocudos e os portugueses
•
•
•
Os chamados botocudos eram considerados muito agressivos e sofreram
perseguição implacável pelo homem branco, desde a sua chegada, no século XVI,
até o início do século XX. Consta que atacavam aldeias dos puris ou goitacases,
seus adversários tradicionais, como também as caravanas de viajantes e as
fazendas de sesmeiros, incendiando o que encontravam no caminho. Segundo
algumas fontes, tinham o costume da antropofagia.
Alguns grupos sobreviveram até o século XX nas matas localizadas entre o rio
Jequitinhonha e o vale do rio Doce, nos Estados da Bahia, de Minas Gerais e do
Espírito Santo. Os remanescentes dos grupos que viviam nos rios Mucuri e
Jequitinhonha foram reunidos na missão de Itambacuri, em Minas Gerais, onde
desapareceram. Os grupos do rio Doce, pacificados em 1911, foram recolhidos a
postos situados no Espírito Santo e em Minas Gerais. “Os botocudos são também
chamados aimorés, boruns ou guerens.
Grandes corredores e guerreiros temíveis foram os responsáveis pelo fracasso das
capitanias de Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo. Sempre foram vizinhos
temidos. Antes do descobrimento do Brasil, haviam desalojado os tupiniquins de
suas terras ao Sul da Bahia. O contato com os brancos nem sempre lhes foi
vantajoso. Aprenderam, por exemplo, a lavrar a terra, mas também aprenderam a
fumar e tornaram-se bebedores habituais de aguardente.
6. Costumes
• As casas, devido às constantes caminhadas dos membros da tribo, eram
de rápida feitura, em geral folhas de palmeiras encostadas aos pares, onde
os poucos utensílios domésticos (vasilhas de taquaraçu para água ou
cachaça) ficavam ao chão, onde também dormiam.
•
A família era poligâmica. O casamento resultava da vontade dos
cônjuges e de seus pais, independente de cerimônia. Dissolvia-se
facilmente. As mulheres e os filhos trabalhavam arduamente e
obedeciam ao marido e ao pai. Além da coleta e da pesca, competia à
mulher a construção da choça e o transporte de volumes, inclusive os
filhos pequenos, carregados às costas ou pelas mãos.
• Quanto à religião, não há muitos registros sobre os seus sistemas de
crenças. Havia entre eles um exorcismo para afastar dos mortos os
demônios (pequenos e grandes) com fogueiras acesas perto do túmulo,
geralmente por parentes. A lua era venerada como Iam.
7. • Até meados do século XIX, foram exclusivamente
caçadores, competindo a pesca e coleta às
mulheres e crianças. No século XVI eram famosos
como «salteadores» de roças dos colonos. A caça
era feita ora isoladamente, ora em grupo, mas
cada grupo tinha uma área especial. O arco e a
flecha eram os instrumentos usados, havendo-os
de três tipos: guerreiro, farpado e para caçar
animais pequenos.
8. 200 anos de guerra contra os
Botocudos
• Em 13 de maio de 1808, exatamente há 200 anos, o príncipe regente dom
João (bisavô da princesa Isabel) assinou uma carta régia mandando “fazer
guerra aos índios botocudos”. O que levou dom João, que fugira de um
conflito europeu, a iniciar uma nova guerra quase imediatamente após
chegar ao Brasil? Quem eram os botocudos, percebidos como
ameaçadores ao ponto de motivarem uma guerra contra eles?pelo
domínio da terra que eles ocupavam. As terras brutas do nordeste de
Minas, então cobertas de mata atlântica verdejante, eram o alvo e o
prêmio para os potugueses. Obviamente, os portugueses venceram a
guerra, usando pólvora e aço. Os índios que sobreviviam eram
escravizados. Também foram usadas armas biológicas -roupas e
cobertores impregnados de vírus de varíola eram deixados na floresta para
uso e contaminação dos índios.
9. Os Botocudos de hoje em dia
• Atualmente todas as populações Aymoré ou
dos Botocudos foram dizimadas, exceto seus
descendentes Krenak. Os Krenak vivem
atualmente no Estado de Minas Gerais e
contam 99 indivíduos.