3º Bloco 2 FormaçãO EconôMica E Social Brasileira Fernando Niedersberg
1. FORMAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL Professores: José Carlos Ruy Carlos Fernando Niedersberg
2. “ História é a biografia de uma nação” Gramsci A história do Brasil vista sob a perspectiva nacional e de classe é muito recente. As primeiras interpretações marxistas são da década de 20 do século XX
4. Marxismo + Brasil – Debates Caio Prado Júnior Capitalismo desde sempre, considera a fase mercantil de acúmulo de capital como sendo capitalista. Nélson Werneck Sodré Tenta enquadrar o Brasil no modelo proposto pela I.C.; foi feudal e escravista desde a origem Jacob Gorender Modo de produção escravista - Influência externa condicionante mas relacionada dialeticamente com a dinâmica interna.
5. Ao invés da história em “ciclos”, a história dos modos de produção. Um olhar popular ao invés do olhar das elites. Necessidade de despir a camisa de força que os modelos representam
6. A chegada dos portugueses - expansão comercial da Europa - luta com os turcos dificulta as rotas comerciais com o Oriente - luta de classe em Portugal – aristocracia x burguesia comercial Nesta época Portugal era um dos primeiros Estados Nacionais da Europa
7. As etapas da história Historiografia convencional Três períodos: Colônia, Império, República Problemas: 1. Não considera o período pré colonial de 1500 a 1530 :2. Encara a história como a sucessão das formas institucionais de governo 3. Não considera (nem reconhece) a história como sucessão dos modos de produção . Uma visão baseada no materialismo histórico Uma hipótese: no Brasil inicialmente houve o modo de produção escravista, cuja desagregação gerou o capitalismo dependente; com um período de transição entre os dois modos de produção Vantagens: 1. Corresponde ao movimento real da sociedade 2. Visão integrada dos processos sociais, econômicos e políticos, favorecendo a compreensão da dinâmica interna da sociedade, articulada com os efeitos da dominação externa 3. Coloca a luta de classes no centro da avaliação do processo histórico, e encara o processo político institucional como decorrência dela
10. A primeira e mais longeva experiência com a mão de obra escrava de origem africana é a da produção de açúcar A exploração do trabalho escravo proporcionava um lucro 40 vezes seu custo e manutenção Por volta de 1560 já haviam 62 engenhos em funcionamento
11. A presença holandesa A Holanda tem um importante papel no financiamento do empreendimento e na comercialização do açúcar na Europa - Sua renda era maior do que a própria produção. - Durante os séculos XVI e XVII a empresa açucareira brasileira foi a maior do mundo.
12. Domínio holandês no Nordeste - De 1630 a 1654 Batalha dos Guararapes (1649) - Expulsão dos invasores -Fernandes Vieira (senhor de engenho) -Henrique Dias (negro) -Felipe Camarão (índio)
16. Sabedoria Popular “ Não se pesca mais de rede não se pode mais pescá qui já se sabe da nutiça que os inglês comprou o má”
17. Os escravos na mineração A distribuição dos lotes era proporcional ao número de escravos que o minerador possuísse Quem tivesse mais de 12 escravos recebia uma “data inteira” (cerca de 3 mil metros quadrados) Quem tinha menos de doze escravos recebia apenas uma pequena parcela .
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20. Revolta dos Alfaiates Revolta dos Alfaiates, Bahia (1798) - também chamada de Conjuração Baiana. Ativa participação de camadas populares - Liderada por artesãos como João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira, Lucas Dantas e Luís Gonzaga - eram pretos, mestiços, índios, pobres em geral, além de soldados e religiosos Justamente por possuir uma composição social mais abrangente com participação popular, pretendia uma república, a abolição da escravatura. Repressão – os líderes foram enforcados, mas os intelectuais foram absolvidos .
21. O “sentido” da colonização (Caio Prado) A região dominada (colônia) tem produção complementar em relação à metrópole dominante: fornecer matéria prima para a indústria, ou produtos primários para o comércio. A colônia deve servir de mercado consumidor da metrópole. Esta visão predomina na historiografia brasileira a partir de Caio Prado Júnior
22. Novos Paradigmas Estudos mais recentes (Ciro Flamarion, Jacob Gorender, João Fragoso entre outros) constatam uma realidade era mais complexa e dinâmica. Mercado interno e acumulação de local de capital Se fortalecem a partir da mineração, interiorização da ocupação territorial, aparecimento de cidades importantes, controle do tráfico de escravos por luso-brasileiros, comércio interno, produção para o abastecimento das cidades. Exemplo: comerciantes do RJ financiaram a expulsão dos holandeses de Angola (1648)
23. As contradições no império português Padre Antônio Vieira (1641) O Brasil é uma parte de um todo e não é a menor. Alguns ministros de vossa majestade não vem buscar nosso bem, mas nossos bens.
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25. A história do Brasil foi escrita, em grande medida com o suor o sangue e a luta dos negros. Viva Zumbi dos Palmares
26. Família Real no Brasil Fuga ante a invasão francesa (1808), de Lisboa ao Rio de Janeiro - Abertura dos portos - Liberdade de Imprensa - Algum grau de liberdade industrial, limitada pelos interesses ingleses - Criação de instituições estatais (Banco do Brasil, por exemplo) - Escolas de nível superior
27. Independência Alguns marcos: Inconfidência Mineira (1789) Conjuração Baiana (1798) Revolução Pernambucana (1817) Derrota das forças populares e republicanas Prevalecem os interesses escravistas e agro-exportadores dos latifundiários e dos grandes comerciantes sediados no Rio de Janeiro Início da formação do Estado Escravista, liberal e subordinado, numa conjuntura mundial dominada pela Inglaterra
28. 500 anos de luta... PCdoB “ A conquista da autonomia política não significou, porém, a derrota dos setores agro mercantis, aliados internos da exploração estrangeira, formados durante o período colonial e que lograram dominar o processo de independência, continuando vivos e atuantes à frente da política, da economia e da sociedade. O projeto autonomista de José Bonifácio foi deixado de lado,superado pelo programa dos latifundiários, dos traficantes de escravos (...) o Brasil que emerge dessa derrota é uma monarquia escravista e um baluarte reacionário”
29. O Brasil e as rupturas incompletas As revoluções brasileiras não se completam. Em geral foram iniciadas por correntes políticas radicais, representando os setores médios e as classes populares, sendo rapidamente dominadas e submetidas às direções de correntes moderadas, ligadas as frações dissidentes das próprias classes dominantes. Foi assim na Independência, na abolição, na República e na Revolução de 1930. As classes populares são “enquadradas”, e não há ruptura completa com o poder das antigas classes dominantes, que continuam fazendo parte do pacto de poder que dirige o país.
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33. República Queda da monarquia – derrocada do Estado Escravista Início da formação do Estado Burguês (capitalista) Formata-se a Estrutura Jurídico Política de natureza capitalista. Revolução Política Burguesa
34. O caráter da mudança – burguesa/capitalista, embora nem sempre a burguesia seja agente de sua própria revolução. Burguesia mercantil e financeira; pequena expressão da burguesia industrial A formação da superestrutura (Estado) é condição para implantar completar a transição para o modo de produção capitalista. Premissa básica da igualdade jurídica – tratar de forma igual os diferentes. Direito define a exploração do trabalho como contratual Acesso ao aparelho estado é meritocrático (burocracia) “ Nos processos de transição há uma defasagem por antecipação da EJP sobre a estrutura econômica” – Eric Hobsbawn – Era do Capital
35. Inglaterra – RPB – 1640 – MP – 1840 França – RPB – 1789 – MP – 1880 Alemanha – cerca de 80 anos Quanto mais tardia mais curta a transição entre a RPB e a afirmação da estrutura econômica. No Brasil , toda economia girava em torno da propriedade de escravos. Nem a terra era aceita como hipoteca bancária, só escravos. Havia uma razoável burguesia comercial, mas dependente do escravismo.
36. As classes populares se chocaram com o escravismo e são centrais no processo da RPB. No antigo regime o trabalho em si era degradante. A própria classe média, inclusive intelectualidade não tinha reconhecido seu trabalho. Silva Jardim expressa isso dizendo que luta pela abolição não pelos escravos, mas por si próprio Rapidamente as oligarquias regionais (em especial a paulista) se articulam e tiram o povo de cena
37. Com a República, estavam criadas as condições superestruturais e ideológicas para a ascensão da burguesia industrial, mas ela só vai ocorrer após a revolução de 1930. Só na década de 60 a participação da indústria supera a da agricultura no PIB brasileiro. Golpe de 64 desloca a burguesia industrial, mantendo a burguesia financeira no centro e no comando do bloco no poder – aliança com o imperialismo Industrialização e hegemonia do modo de produção capitalista