5. EMULSÕES
É a mistura entre dois líquidos imiscíveis em que um deles (a
fase dispersa) encontra-se na forma de finos glóbulos no seio
do outro líquido (a fase contínua), formando uma mistura
estável.
Exemplos de emulsões incluem manteiga e margarina,
maionese, café expresso e alguns cosméticos. As emulsões
mais conhecidas consistem de água e óleo.
6. CONTIN.
São sistemas dispersos constituídos de duas fases
líquidas imiscíveis (oleosa e aquosa), onde a fase
dispersa ou interna é finamente dividida e distribuída em
outra fase contínua ou externa. Temos emulsões do tipo
óleo em água (O/A: fase externa aquosa) e água em óleo
(A/O: fase externa oleosa).
8. CONT
São formas farmacêuticas líquidas ou semi-sólidas, de
aspecto cremoso, resultante da dispersão de um líquido
no seio do outro no qual é imiscível a custa de um agente
emulsificante.
As emulsões são formas obtidas pela dispersão mecânica
de líquidos imiscíveis entre si, estabilizadas através do
uso de tensioactivos. Na forma líquida para uso tópico
recebe a
denominação de loção. Para massagem, denomina-se
linimento. Na forma semi-sólida, recebe o nome de
creme.
9. VANTAGENS
Formulação medicamentos hidrossolúveis e lipossolúveis
juntos
Uso oral: permite mascarar sabor desagradável
Permite diminuir irritabilidade dérmica de certos
fármacos
Administração de óleos e gorduras via endovenosa para
nutrição Parenteral
Administração I. V. de fármacos lipossolúveis
10. ESTABILIDADE DAS EMULSÕES
As emulsoes devem manter-se estaveis
durante um prazo mais ou menos longo, apos
a sua preparacao. Contudo por vezes alteram-
se algum tempo depois da sua preparacao.
Existem tres categorias de alteracoes das
emulsoes sem incluir as alteracoes de ordem
microbiana:
11. CONTIN.
Floculacao e formação de crème;
Coalescência e separação das fases;
Alterações físicas e químicas diversas.
12. CONTIN.
Floculaҫão - processo onde colóides saem de suspensão
na forma de agregados, formando partículas maiores,
ditos "flocos" ou "flóculos".
Coalescência - quando em uma mistura multifásica,
ocorre a união de duas ou mais parcelas de uma fase em
prol da formação de uma única (unidade ou parcela).
13. CONTIN.
As emulsões são instáveis termodinamicamente e,
portanto não se formam espontaneamente, sendo
necessário fornecer energia para formá-las através de
agitação, de homogeneizadores, ou de processos de
spray. Com o tempo, as emulsões tendem a retornar
para o estado estável de óleo separado da água.
Os agentes emulsificantes (ou surfactantes) são
substâncias adicionadas às emulsões para aumentar a
sua estabilidade cinética tornando-as razoavelmente
estáveis e homogéneas. Um exemplo de alimento
emulsionado é a maionese, na qual a gema de ovo
contém o fosfolipídeo lecitina que estabiliza a
emulsão do azeite na água.
14. CONT
A estabilidade de uma emulsão depende
essencialmente de três fenómenos: sedimentação,
floculação e quebra da emulsão devido a
coalescência das gotículas dispersas.
A sedimentação resulta de uma diferença de
densidade entre as duas fases e consiste na migração
de uma das substâncias para o topo da emulsão, não
sendo necessariamente acompanhada de floculação
das gotas.
15. CONTIN.
As colisões entre as gotas podem resultar em floculação,
que pode levar a coalescência em glóbulos maiores.
16. CONTIN.
Eventualmente, a fase dispersa pode se tornar a fase
contínua, separada da dispersão média por uma única
interface. O tempo levado para tal separação de fases
pode ser de segundos ou até anos, dependendo da
formulação da emulsão
17. CONT.
Para aumentar a estabilidade cinética das emulsões tornando-
as razoavelmente estáveis, um terceiro componente, o agente
emulsificante, pode ser adicionado. Os materiais mais
eficientes como agentes emulsificantes são os tensioactivos,
alguns materiais naturais e certos sólidos finamente divididos.
Esses materiais formam um filme adsorvido ao redor das
gotas dispersas e ajudam a prevenir a floculação e a
coalescência
18. COMPOSIÇÃO BÁSICA DA EMULSÃO
Fase aquosa
Fase Oleosa
Tensioactivo (Agente emulsificante)
Agentes Antioxidantes
Conservantes
Flavorizantes e Corantes (Emulsões Orais)
19. FASE OLEOSA
Oleos vegetais: soja, amendoim, amêndoas, algodão,
semente de uva, macadâmia, girassol, outros
Ésteres graxos (MIP)
Acidos graxos
Álcoois graxos
Silicones
Ceras de abelhas e carnaúba
20. TENSOACTIVO
O tensoactivo é o agente emulsivo e torna a
emulsão mais estável, pois, interpõe-se entre a fase
dispersa e dispersante, retardando assim, a
separação. O tipo de emulsão é determinado pela
solubilidade do agente emulsificante:
Apresentam a propriedade de reduzir a tensão
superficial da água e de outros líquidos.
Sua molécula apresenta um componente hidrofílico
(polar) e lipofílico (apolar).
21. TENSOACTIVO
Se o agente emulsificante é mais solúvel na água
(hidrofílico, a água será a fase contínua, se formará
emulsão do tipo O/A).
Se o agente emulsificante é mais solúvel na óleo
(lipofílico, o óleo será a fase contínua, se formará
emulsão do tipo A/O).
22. CONT.
Agentes de detergência ou limpeza;
Emulsionantes;
Agentes de tratamento, condicionamento ou
sobreengordurante;
Agentes espumantes;
Agentes de viscosidade ou de espessamento da formulação;
Agentes de redução de irritação de pele e olhos.
23. TENSOACTIVOS PODEM SER CLASSIFICADOS
Aniônico
Fornece íons orgânicos carregados
negativamente.
Apresentam um óptimo poder de detergência e
espuma.
Ex: Sabões de ácidos graxos, Lauril sulfato de
sódio, Alquil éter sulfonatos
24. NÃO IÓNICOS
Em solução aquosa não sofrem ionização,
não possuem carga.
Aplicação em emulsionantes para cremes,
loções, óleos de banho, auxiliar de
espessamento para xampus.
Ex: Mono e diestearato de etilenoglicol,
Lanolina etoxiladas, Ésteres de sorbitan,
óxidos de amina graxa e outros.
25. CATIÔNICOS
Ao se ionizar em solução aquosa, fornece
íons orgânicos carregados positivamente.
São incompatíveis com aniônicos, não
toleram água dura, íons ferro e metais
pesados.
São usados na preparação de condicionadores
e como agentes bactericidas em sabonetes.
Ex: Compostos quartenários de amónios,
Polímeros quartenários (Cloreto de
benazalconio)
26. ANFÓTEROS
Possuem grupos funcionais com carácter aniônico e catiônico.
Ex: Anfótero betaínicotaína (betaína de coco) - Tem aplicação com
co-tensoativo para aumento da espuma, viscosidade e redução da
irritação
dos xampus, sabonetes líquidos e loções higenizantes.
Ex: Anfótero imidazolínico (ácidos graxos de coco) - Tem
propriedades de suavidade da pele e
olhos. Aplicação em xampus e sabonetes infantis.
27. SELECÇÃO E USO DE TENSOACTIVO
Detergência
É um processo complexo que implica na
umectação de um substrato (pele ou cabelo), na
eliminação das sujidades
Umectância
Todos os agentes tensoactivos possuem certa
propriedade umectante
Emulsificante
Um bom agente emulsificante requer uma unidade
hidrofóbica ligeiramente maior que a de um
umectante.
28. SELECÇÃO E USO DE TENSOACTIVO
Solubilização
Todos os agentes tensoactivos acima de sua
concentracao. Micelar possuem propriedades
solubilizantes. Ex: Incorporar um
componente orgânico insolúvel em um
produto transparente, como um xampu
29. MICELA
Após uma certa concentração, as moléculas
de tensoactivo, na solução, passam a se
agregar sob a forma de micelas. São as
micelas os “entes” da solução responsáveis
pela catálise micelar e pela solubilização da
gorduras
30. OS SEGUINTES FACTORES FAVORECEM A
ESTABILIDADE DE EMULSÕES:
Tensão superficial baixa: a adsorção de surfactantes nas interfaces
óleo-água diminui a energia interfacil, facilitando o desenvolvimento
e aumentando a estabilidade das grandes áreas interfaciais
associadas com as emulsões;
Filme interfacial mecanicamente forte e elástico: a estabilidade
das emulsões é favorecida pela protecção mecânica dada pelo filme
adsorvido ao redor da gota. A elasticidade do filme também é
importante para permitir a recuperação após distúrbios locais;
31. CONT.
Repulsão das duplas camadas eléctricas: a
repulsão entre as partículas diminui os choques
evitando a floculação. Quando agentes
emulsificantes iônicos são usados, a repulsão da
dupla camada eléctrica lateral pode prevenir a
formação de filmes compactos. O efeito de
expansão dos filmes pode ser minimizado usando
uma mistura de um filme iônico com um não-iônico
e/ou aumentando a concentração electrolítica na
fase aquosa;
Volume pequeno da fase dispersa: favorece a
formação de gotículas pequenas;
32. CONT.
Gotículas pequenas: gotas grandes são
menos estáveis devido a sua menor razão de
área/volume, que aumentam a tendência da
gota crescer;
Viscosidade alta: diminui as colisões
retardando a floculação e sedimentação.
33. CONT.
O tipo de emulsão formada quando dois líquidos
imiscíveis são homogeneizados depende dos volumes
relativos das duas fases e da natureza do agente
emulsificante. Quanto maior for o volume da fase,
maior é a probabilidade do líquido se tornar a fase
contínua. Sabões de metais alcalinos favorecem a
formação de emulsões óleo em água, enquanto que
sabões de metais pesados favorecem a formação de
emulsões água em óleo. Além disso, a fase na qual o
agente emulsificante é mais solúvel tende a ser a fase
contínua.
34. VERIFICAÇÃO DAS EMULSÕES
O controle das emulsões deve ter, especialmente, o controlo e
apreciação de:
Determinação do teor em agua;
Determinação do teor em gordura total;
Determinação do pH
Avaliação da estabilidade;
Determinação da viscosidade;
Determinação do diâmetro das partículas dispersas
35. CLASSIFICAÇÃO DAS EMULSÕES
1.Quanto a carga:
Iônicas +
Não iônicas -
2. Quanto ao tipo de emulsões
Quanto ao tipo de emulsoes podem ser:
a) Quanto à fase interna
A/O (fase interna água/ fase externa óleo)
O/A (fase interna óleo/fase externa água)
Múltiplas O/A/O e A/O/A (fase interna é uma
emulsão)
36. CONT.
b) Quanto ao tamanho da fase interna elas
podem ser:
-Macroemulsões
-leitosas
-gotícula :> 400 nm
-Miniemulsões
-gotícula: 100-400 nm
38. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DAS EMULSÕES
Emulsões orais
As emulsões orais são normalmente emulsões
do tipo O/A.
Utiliza-se com frequência no preparo destas
formulações as gomas ou surfactantes não
iônico como agentes emulsivos.
Exemplos de Emulsões Orais :
- Emulsão com Óleo de Fígado de
Bacalhau
- Emulsão de Óleo Mineral
39. EMULSÕES TÓPICAS (CREMES E LOÇÕES
CREMOSAS)
Os cremes são emulsões O/A ou A/O de alta
viscosidade e constituída de uma fase aquosa e oleosa
homogeneizadas através da utilização de um terceiro
componente que possui afinidade por ambas as fases
(tensoactivo).
Sua aparência geralmente é branca, devido o maior
tamanho dos glóbulos oleosos.
As loções são emulsões O/A ou A/O de média e baixa
viscosidade podendo utilizar além do tensoactivo um
solvente alcoólico.
A aparência das loções pode ser branca
(macroemulsão) ou transparente ( microemulsão)
dependendo do dos glóbulos oleosos emulsionados.
40. CONT.
Emulsões gel
• Creme clássico- 12% ceras;
• Creme gel – 8% ceras;
• Custo menor;
• Confere toque mais suave.
Preparo:
• Preparar o gel aquoso;
• Adicionar 1 a 2% de Microemulsão de silicone;
• Homogeneizar até ocorrer turvação
41. CARACTERÍSTICAS DAS EMULSÕES O/A
Tacto menos oleoso;
Secagem rápida;
Condutividade eléctrica semelhante à fase aquosa;
São coloridas por corantes hidrossolúveis;
Podem formar um espuma branca quando aplicados sobre a
pele;
É obrigatório de uso de conservantes;
Exigem necessariamente a adição de umectantes.
42. NO PREPARO DAS EMULSÕES TÓPICAS DEVEMOS:
Aquecer os componentes hidrossolúveis e
lipossolúveis á uma temperatura em torno de
80º a 85º.
Adicionar uma fase à outra (a fase de maior
quantidade sobre a de menor) agitando até a
formação da emulsão.
Adicionar activos, essências quando a
temperatura esfriar a cerca de 30º.
43. PREPARAÇÃO DAS EMULSOES
Adicionar fase dispersa na fase contínua, sob
agitação
Outros componentes -dissolvidos antes da mistura,
na fase em que são solúveis
Emulsões O/A: -Podem ser obtidas pela técnica
inversa (F.A. add. F. O.)
Componentes oleosos sólidos/semi-sólido
devem ser previamente fundidos
fase aquosa deve ser aquecida na mesma
temperatura
44. CONT.
Ingredientes voláteis -adicionados após
resfriamento da emulsão
Componentes que possam influenciar na
estabilidade - devem ser diluídos ao
máximo/adicionados lentamente
Escolha do equipamento (homogeneizadores,
“mixers”) - depende da intensidade de agitação
requerida para obter o tamanho de partícula
desejável.
45. BIBLIOGRAFIA
PRISTA, Luís Vasco Nogueira; ALVES, António Correia; ett
all; Tecnologia farmacêutica 4a edição; volume 1. editora
fundação Calouste. Portugal. 1996.pg.633
HIR, A. Le. Noções da Farmácia Galénica; 6a edição; André
editora. São Paulo, 1997.pg.176, 269,379, 407, 426.
MINISTERIO DA SAUDE. Tecnologia farmacêutica. Vol.I; 1ª
edição. Maputo. 2011.p.g.36;37.