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SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ / SESPI
                               FACULDADE PIAUIENSE - FAP
                               COORDENAÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO




                  TÓPICOS V _ CONTROLADORIA
                            PROF. HENRIQUE MELO




                      APOSTILA



ALUNO: _______________________________________________
TURMA:_______________ BLOCO: ______________




                               PARNAÍBA / PI




Tópicos V – Controladoria                                                1
SUMÁRIO

O Ambiente da Área de Controladoria ........................................................................... 03
Modelo de Gestão e Controle Organizacional ................................................................ 04
Controladoria como órgão fomentador no controle das organizações ........................ 06
A importância do Controller no processo de gestão ........................................................... 08
Prestação de contas do Controller no ambiente corporativo .............................................. 09
Exercícios Propostos ........................................................................................................... 10
Balanced Scorecard (BSC) ................................................................................................ 11
Balanced Scorecard: uma metodologia de gestão em ascensão ..................................... 11
Perspectivas do Balanced Scorecard .................................................................................. 13
   Perspectiva Financeira ................................................................................................... 13
   Perspectiva do Cliente ................................................................................................... 14
   Perspectiva do Processo Interno .................................................................................... 15
   Perspectiva do Aprendizado e Crescimento .................................................................. 15
As Quatro Perspectivas do BSc ........................................................................................... 16
Mapas Estratégicos ............................................................................................................. 17
Objetivos – Indicadores – Metas – Ações ........................................................................... 19
Aplicação prática do Balanced Scorecard .......................................................................... 20
Conclusão ........................................................................................................................... 21
Exercícios Propostos ........................................................................................................... 23
EVA e MVA: Métodos de Avaliação da Performance das Empresas .......................... 23
O Método EVA (Economic Value Added) .......................................................................... 24
Custo de Capital .................................................................................................................. 25
O Método MVA (Market Value Added) ............................................................................. 27
Contribuição que as metodologias EVA e MVA traz para a perspectiva financeira do
Balanced Scorecard ............................................................................................................ 31
Conclusão ........................................................................................................................... 31
Exercícios Propostos ........................................................................................................... 32
Referências ......................................................................................................................... 34




Tópicos V – Controladoria                                                                                                             2
O AMBIENTE DA ÁREA DE CONTROLADORIA

O que caracteriza o controle na organização é a capacidade dos gestores e acionistas da
empresa a integrar os setores e os funcionários em torno das metas e objetivos projetados
pela empresa. O controle organizacional se vincula ao processo de gestão, ou seja, a partir
do planejamento, da execução e controle. Existe outras formas de auxiliar o controle da
gestão, é através de outros controles, como: contábil e financeiro. Esses controles só
funcionaram, se a organização possuir ferramentas que gerem informações importantes e
necessárias aos gestores no controle e nas posteriores tomadas de decisões.

De alguma forma é desafiador para os gestores administrarem cenários onde os negócios
são cada vez mais dinâmicos. Onde os produtos tem ciclos de vida cada vez mais curtos, a
concorrência, a evolução constante da tecnologia, economia volátil, são variáveis que
requerem dos gestores um contínuo estudo e experiência no que tange a função exercida,
corroborando para solucionar os prováveis problemas que possivelmente surgiram em
detrimento das variáveis citadas, impactando positivamente na performance da organização
no que se refere a situação econômico / financeira. Segundo Nascimento e Reginato (2007),
nesse cenário, de forma inequívoca, decidir é a tarefa mais importante em uma organização,
parecendo claro, também, que o nível de sucesso das decisões depende da habilidade do
decisor em desenvolver e analisar as alternativas disponíveis para as soluções dos
problemas.

Com isso entende-se que a área de controladoria tem a função controle interno da empresa,
promovendo de maneira sistêmica o monitoramento das metas e objetivos planejados pela
organização. Sendo assim, é importante investigar e diagnosticar as razões para a
ocorrência de possíveis desvios entre os resultados alcançados e os projetados, indicando se
necessário às correções de rumo, e, principalmente, minimizando o “atrito” para os gestores
das variáveis econômico / financeira, através de informações geradas com eficiência e
coerência em tempo on-line, para que os gestores possam utilizá-las de maneira clara e
objetiva de forma a manter o equilíbrio do processo na gestão.

A controladoria é um órgão fomentador do processo de gestão que utiliza os sistemas de
informações (SIs) para auxiliar o controle e monitoramento das atividades exercidas da
empresa. Para Laudon & Laudon (2004), hoje, todos admitem que conhecer sistemas de
informação é essencial para os administradores, porque a maioria das organizações precisa
deles para sobreviver e prosperar. Segundo Nascimento e Reginato (2006), “as funções da
controladoria são:

   •   Promover a integração entre as áreas, através do suprimento de informações;
   •   Utilizar os sistemas de informação, que devem considerar os preceitos dos modelos
       de decisão, mensuração e informação da empresa;
   •   Subsidiar os gestores com informações que lhes conduzam à melhor escolha entre
       as alternativas possíveis”.




Tópicos V – Controladoria                                                                 3
Constata-se que a influência da controladoria, é determinante para a melhoria dos sistemas
gerenciais, fomentando o desempenho da organização, através do alinhamento e melhor
controle dos departamentos, impactando diretamente no resultado da empresa, no seu
modelo de gestão e na sua perpetuidade. Segundo Oliveira e Ponte (2006), “a missão da
controladoria é zelar pela continuidade da empresa, assegurando seu melhor resultado
econômico”. Para os autores Mosimann e Fisch (1999) e Oliveira et. al (2002) “a missão
da controladoria é otimizar os resultados econômicos da empresa”, corroborando assim
para a sua perpetuidade, por meio da integração dos SIs baseado no modelo de gestão
adotado.

Diante do exposto, percebe-se que a controladoria é responsável pelo controle interno da
empresa, através do processamento de informações contábil-gerencial, ou seja, tais
informações incorporam-se aos SIs que como já foi estudado, são de grande valia no
alinhamento dos processos da gestão e nas tomadas de decisões dos gestores, acarretando
na otimização do desempenho da empresa. Para Figueiredo e Caggiano (2006), “a missão
da controladoria é zelar pela continuidade da empresa, assegurando a otimização do
resultado global [...] tem por finalidade garantir informações adequadas ao processo
decisório, colaborando com os gestores na busca da eficácia gerencial”. Sendo assim, a
controladoria se bem usada é um mecanismo impar e indispensável na consolidação do
modelo de gestão adotado, impactando diretamente no alinhamento e no controle da
organização. Segundo Atkinson et al. (2000), “o processo de monitorar, avaliar e melhorar
o desempenho da empresa para alcançar seus objetivos é normalmente chamado controle
organizacional”. No decorrer de todo processo na organização, a controladoria vai
adicionando e criando valor para os shareholders e stakeholders e gerando informações
necessárias para o crescimento, perpetuidade, rentabilidade e retorno sobre os ativos,
auxiliando a Teoria da Agência em assegurar aos proprietários e gestores a simetria e nas
boas práticas de governança.

MODELO DE GESTÃO E CONTROLE ORGANIZACIONAL

O modelo de gestão denota o comportamento dos membros da organização, através de suas
decisões, na forma de planejamento no que tange ao cenário dos negócios e sobretudo
como o processo interno está sendo trabalhado, ou seja, de que forma está sendo efetuada a
execução das atividades. Para Nascimento e Reginato (2006), modelo de gestão “é um
conjunto de princípios e normas que orientam e facilitam a ação organizacional em cada
fase da gestão para que a empresa alcance os seus objetivos”. Ghemawat (2007), afirma que
um cenário de negócios mapeia a elevação de cada estratégia de acordo com sua
lucratividade econômica. O desafio central da estratégia é direcionar um negócio a um
ponto relativamente alto nesse cenário.

Para que consiga ter um bom controle organizacional, é importante que haja sinergia nas
perspectivas trabalhadas pelo gestor. Com isso a organização estará sempre preparada para
eventuais mudanças que poderão ocorrer no ambiente interno e ou externo. É importante
que a empresa esteja sempre atenta às mudanças, pois, as atividades exercidas na
organização, deverão sofrer processos de melhora, dependendo das condições observadas




Tópicos V – Controladoria                                                               4
no cenário. Os meios que mais sofrem mudança dependo do cenário são: planejamento
estratégico, planejamento operacional, execução e controle.

                           CONTROLE ORGANIZACIONAL

                                     MODELO DE GESTÃO


                              Dimensão de Controle de Gestão
                                   Processo de Gestão

                         Planej.           Planej.      Execução       Controle
                       estratégico       operacional
                                                                                    C
                                                                                    O
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          N                        Gestão Financeira e Contábil                     T
          F                                                                         R
          O                                                                         O
          R             Gestão            Gestão de       Gestão      Controle de   L
          M             Contábil           custos       financeira      ativo       A
          A                                                                         D
          Ç                                                                         O
          Ã                               Processo Interno                          R
          O                                                                         I
                                      Sistema de Controle Interno
                                                                                    A



                              SISTEMA DE INFORMAÇÕES

                                     Sistema de Informação Contábil


       Figura 1: Controle organizacional
       Fonte: Nascimento e Reginato (2006), modificado pelo autor.

Quando o modelo de gestão atende as necessidades estratégicas da empresa, tal modelo de
gestão se torna um diferencial para a organização, agregando valor e criando vantagem para
os gestores, já que o mesmo se alinha a todas as ações organizacionais projetadas com êxito
pela empresa. Segundo Figueiredo e Caggiano (2006), modelo de gestão é um conjunto de
princípios e definições que decorrem de crenças especificas e traduzem o conjunto de
idéias, crenças e valores dos principais executivos, impactando assim todos os demais
subsistemas empresariais. Entende-se então que para se conseguir uma boa prática de
governança é ideal que a organização tenha um modelo de gestão ideal. Com isso surge a
área de Controladoria que tem como característica o monitoramento do controle interno das
empresas. Tal controle interno é a base dos SIs (Sistemas de Informações), que são usados




Tópicos V – Controladoria                                                                5
para fomentar a organização como um todo. Sistemas de Informações coerentes com a
realidade da empresa, são importantes para tomadas de decisões corretas e seguras,
impactando diretamente no controle dos ativos da organização. Segundo Nascimento e
Reginato (2006), o controle organizacional deve ser observado sob a perspectiva de
diferentes dimensões: de gestão; de dados e informações; de controles e procedimentos
internos.

A dimensão de controle de gestão está diretamente ligada à área de controladoria, pois, tal
setor faz as conexões do processo de gestão por meio de informações coerentes obtidas
através de SIs (Sistemas de Informações). Padoveze (2004), define sistema de informação
como “um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados
segundo uma seqüência lógica para o processamento dos dados e tradução em informações,
para com seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos
principais”. Além desses fatores, constata-se também que os SIs são essências para os
gestores nas tomadas de decisão e no controle das ações como um todo dentro da empresa.

Constata-se que as empresas buscam novas formas de conseguir maximizar seu
desempenho, agregar valor e criar vantagem competitiva, sendo assim, elas procuram novas
formas de controle organizacional e a controladoria é um mecanismo que possibilita tal
desempenho, pois além de melhorar o controle na gestão, contribui para melhorar o
processo da informação dentro da empresa, ou seja, alinhando todo o modelo de gestão
adotado como se percebe pela figura 1. Sendo assim, o significado de controle é amplo e
para melhor entendê-lo, deve-se verificar sobre as perspectivas que norteiam tal controle
organizacional, sendo que cada perspectiva citada tem seu grau de importância no contexto
geral da empresa, ou seja, no alinhamento dos processos, nas informações geradas com
segurança, na transparência administrativa no que tange as ações realizadas para obtenção
de resultado.

CONTROLADORIA COMO ÓRGÃO FOMENTADOR NO CONTROLE DAS
ORGANIZAÇÕES

Com a evolução constante do cenário dos negócios, o desafio das organizações crescem
proporcionalmente. Com isso, os acionistas e gestores das organizações tem buscado novas
formas e ou meios de interagir e lidar com essas mudanças afim de conseguir diferenciação
no mercado, maximizar seu market share, maiores rentabilidades, retornos sobre seus
ativos e principalmente sua perpetuidade através de sua consolidação no cenário dos
negócios. A maximização do desempenho organizacional está diretamente ligado ao
modelo de gestão, da otimização dos negócios e estabelecimento de objetivos e metas
coerentes com a realidade da empresa. Então, para que a organização consiga todos seus
objetivos e metas, é de vital importância que a empresa incorpore sistemas de controle
interno que lhe permitam fomentar de maneira decisiva os investimentos em ações futuras.
Crepaldi (2004) afirma que, “é de fundamental importância a utilização de um controle
adequado sobre cada sistema operacional, pois dessa maneira atingem-se os resultados mais
favoráveis com menores desperdícios”.




Tópicos V – Controladoria                                                                6
A controladoria é uma área que auxilia a gestão da organização no alinhamento dos
processos, no controle dos mesmos e nas tomadas de decisões dos gestores. Pode-se
entender que a controladoria é uma ferramenta fomentadora que tem como característica
principal, suprir todas as necessidades da organização e ajudar os gestores a tomarem
decisões coerentes e com um risco mínimo para a empresa no curto, médio ou longo prazo.

Segundo autores como Oliveira et. al (2002), Catelli (1999), Glautier e Underdown (1977),
Aragaki (2002), Catelli e Guerreiro (1999), Siqueira e Soltelinho (2001) apud Ching
(2006), definem a controladoria como uma evolução da contabilidade. Segundo Peleias
(2002), “a controladoria se baseia em principios, procedimentos e métodos oriundos de
outras área de conhecimento, tais como contabilidade, administração, planejamento
estratégico, economia, estatística, psicologia e sistemas. Entende-se que a controladoria é
uma ciência autônoma, ou seja, mesmo utilizando procedimentos contábeis, ela não se
mistura a contabilidade.

A área de controladoria pode se vincular à Teoria da Agência ao fazer o monitoramento dos
SIs e controlar a situação econômica / financeira da organização. Tais informações
relatadas pela área de controladoria serão reportadas aos acionistas para que os mesmos
tenham conhecimento da performance da empresa. Isso fomentará e trará maior
transparência sobre as ações dos gestores, com isso, minimizará a provável assimetria que
existe entre os proprietários e os administradores. Para Jensen e Meckling (1976) apud
Nascimento e Reginato (2006) Teoria da Agência “é a relação na qual se estabelece um
contrato no qual uma ou mais pessoas (principal) engajam outra pessoa (agente) para
desempenhar alguma tarefa em seu favor, envolvendo a delegação de autoridade para a
tomada de decisão pelo agente”.

Pode-se perceber que a controladoria é uma miscelânea de ciências, cujo propósito é
trabalhar o controle interno da organização. Assim sendo, a controladoria, controla,
coordena e participa efetivamente de todo processo de gestão da empresa, como no caso do
planejamento orçamentário, de modo a atingir suas metas propostas e contribuir para que a
organização consiga maximizar seu desempenho. Para Figueiredo e Caggiano (2006), o
processo orçamentário realiza-se no curto prazo, normalmente um ano, e fornece uma
direção dos passos que os gestores devem seguir no período corrente para que os objetivos
organizacionais sejam atingidos. Para Atkinson et al (2000), “a avaliação do desempenho
propicia um vinculo critico entre o planejamento, que identifica os objetivos da empresa e
desenvolve as estratégias e os processos para alcançá-los, e o controle, que faz os membros
da empresa mantê-la no caminho em direção ao alcance de seus objetivos”. Para Hoji
(2004), o planejamento consiste em estabelecer com antecedência as ações a serem
executadas dentro de cenários e condições preestabelecidos, estimando os recursos a serem
utilizados e atribuindo as responsabilidades, para atingir os objetivos fixados.

A controladoria é uma ciência que tem a responsabilidade de alinhar a organização,
elaborar orçamentos, trabalhar atividades, elaborar padrões de controle, alinhar os sistemas
de informações para que trabalhem de maneira sistêmica para atender as necessidades
estratégicas e gerenciais da empresa. Tais sistemas, devem ser capazes de gerar relatórios
gerenciais que possam satisfazer aos gestores, com informações seguras, úteis e em tempo




Tópicos V – Controladoria                                                                 7
real proporcionando maior ênfase e segurança nas tomadas de decisão, operacionais,
gerenciais e ou estratégicas nos ambientes interno e externa da entidade. Padoveze (2005),
afirma que basicamente, a controladoria é a responsável pelo Sistema de Informação
Contábil Gerencial da empresa e sua missão é assegurar o resultado da companhia.




Figura 2. Organograma - Controladoria
Fonte: Crepaldi (2004)

A importância do Controller no processo de gestão

Para Crepaldi (2004), “o Controller é o executivo de normas, controles, metas, objetivos,
orçamentos, contabilidade, finanças e informática [...] envolve-se no planejamento, tomada




Tópicos V – Controladoria                                                               8
de decisão, desenho de sistemas de informações e de sistemas de incentivos e em várias
outras tarefas, além de ajudar gerentes em decisões operacionais. O Controller ocupa uma
posição na equipe que administra a companhia”. Segundo Figueiredo e Caggiano (2006),
“o controller é o gestor encarregado do departamento de Controladoria; seu papel é, por
meio do gerenciamento de um eficiente sistema de informação, zelar pela continuidade da
empresa [...]”. Segundo Oliveira et. al (2002), o controller deve ser um profissional
multifuncional, ou seja, deve acumular experiências nas áreas contábeis, financeiras e
administrativas. Hoji (2004) diz que “a principal função do controller é dar suporte à gestão
dos negócios da empresa, para que esta atinja seus objetivos, por meio de informações
gerenciais geradas em tempo hábil para tomada de decisões, a um custo razoável”.

As empresas buscam cada vez mais diferenciação no mercado, buscando novas estratégias
que propiciem a elas criar vantagem competitiva. Segundo Ghemawat (2007), para obter
vantagem competitiva ou um valor adicionado superior ao das rivais, uma empresa precisa
fazer as coisas de maneira diferente da dela, no dia-a-dia. A estratégia competitiva visa a
estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a
concorrência nas empresas (PORTER, 1989). Com isso, as empresas necessitam de
profissionais qualificados e com experiência nas áreas em que se dispõem a trabalhar. O
profissional da área de Controladoria é o Controller, sendo assim, são exigidos dele para o
desempenho coerente da função os seguintes conhecimentos, segundo Oliveira et. al
(2002):

   •   Contabilidade e finanças;
   •   Sistemas de informações gerenciais;
   •   Tecnologia de informação;
   •   Aspectos legais de negócios e visão empresarial;
   •   Métodos quantitativos;
   •   Processos informatizados da produção de bens e serviços.

Hoje as empresas necessitam de profissionais que atendam a esses requisitos e que sejam
pró-ativos, ou seja, que busquem fomentar o controle da organização no que tange ao
modelo de gestão adotado. A controladoria é um órgão de controle e que desempenha papel
importante nas tomadas de decisão dos gestores e como tal precisa de profissionais
(controllers) que satisfação a essas necessidades. Segundo Atkinson (2000), controller é
“executivo sênior de finanças e contabilidade que prepara e interpreta as informações
financeiras para os administradores, investidores e credores”.

Com a evolução constante do mercado, há uma correlação forte no que tange a evolução
dos profissionais, independente da área em que atue. Os profissionais da Controladoria não
é diferente, pois, para enfrentar os novos desafios do mercado, o controller precisa possuir
além das funções observadas anteriormente, novas habilidade, tais como: práticas
internacionais de negócios, controles orçamentários, planejamento estratégico, além de
tornar-se um profissional de fácil relacionamento e extremamente hábil para vender suas
idéias e conceitos (OLIVEIRA et al, 2002).

Prestação de contas do Controller no ambiente corporativo



Tópicos V – Controladoria                                                                  9
“Há três anos consecutivos a Emerson Electric vem conquistando taxas de crescimento
nas vendas acima de 10% anuais em mercados disputados por intensa concorrência
global. Seu faturamento mundial atingiu no ano passado 11,1 bilhões de dólares.

A centenária companhia completa uma carreira de 40 anos ininterruptos de geração de
lucros e dividendos crescentes. Fabricante de produtos pouco glamourosos em termos de
marketing – compressores de geladeira a equipamentos para ar-condicionado, motores e
ferramentas elétricas -, a Emerson detém há anos níveis de produção superiores aos dos
concorrentes japoneses.

É fácil? Pense, por um instante, nas dimensões da companhia. Ela opera no melhor estilo
confederativo. Possui 54 divisões que produzem e comercializam acima de 100.000 itens.
Emprega 82.000 funcionários, distribuídos por uma centena de países. Cada divisão possui
seu próprio presidente.

São números que, à primeira vista, podem sugerir um mamute que cresce de forma
desordenada. Longe disso.

Raras empresas no mundo prosperam de forma tão organizada. Planejamento é, na
Emerson, uma prática seguida com fervor quase religioso.

Qual é o pressuposto disso? ‘A experiência nos diz que se a administração se concentra
nos dados fundamentais e faz follow-ups constantes, não há razão para que não possamos
obter lucro ano após ano’ diz o principal executivo – CEO – da empresa.

Todos os meses, seus executivos devem enviar um relatório operacional atualizado ao CEO
que sumariza os resultados de cada divisão. A cada trimestre, os presidentes das divisões
se reúnem para discutir como alocar de forma adequada os recursos da companhia.

Além disso, uma vez por ano cada um deles é submetido a uma sabatina com duração de
dois dias. Nessas ocasiões, os presidentes divisionais são questionados sobre como
alcançar as vendas projetadas para os próximos cinco anos, sobre programas de redução
de custo e sobre aqueles detalhes decisivos que fazem deslanchar uma operação.

Há algo mais que faz diferença na Emerson. Quando as metas são aprovadas, não há
desculpa para que deixem de ser implementadas. Ocorre que os próprios presidentes
divisionais que as concebem são responsáveis pela sua execução. Por seu desempenho à
frente dos projetos é que são avaliados e bonificados.

Essa visão implica envolvimento pessoal, disciplina e persistência”.

Exercícios Propostos

1. O órgão Controladoria é de linha ou de assessoria? Participa ativamente das decisões da
Alta Administração?




Tópicos V – Controladoria                                                              10
2. Quais os princípios norteadores da ação do Controller que são observados nas empresas?
3. A Controladoria, como ramo do conhecimento, possui contribuições de diversas ciências.
Cite e justifique a contribuição de outras ciências na área de Controladoria.
4. Qual o papel da Controladoria no processo decisório na organização?
5. Como a Controladoria utiliza os Sistemas de Informação no processo de gestão?

BALANCED SCORECARD (BSC)

Balanced Scorecard: uma metodologia de gestão em ascensão

A Administração Contemporânea impactada por novas tecnologias, grandes desafios para
manutenção de liderança de mercado busca através de seus Gestores descobrir novas
maneira de conseguir vantagem competitiva. Qual é a mais nova metodologia adotada que
possibilita aos gestores obterem isso? Qual a mais nova tendência no mercado mundial
sobre a gestão estratégica empresarial a ser estudada e adotada para maximizar o
desempenho e os ganhos das empresas? É sabido que acima de tudo o que os gestores
querem é saber como conseguir uma aplicação rápida, com custo / beneficio satisfatório em
suas empresas desse modelo de gestão novo. Toda estratégia representa uma forma
coerente de se obter vantagem competitiva no mercado, a fim de superar obstáculos para o
alcance das metas projetadas para o futuro e obter melhores ganhos e retorno sobre o
capital investido independente do ramo de atividade em que a organização atue. Mintzberg
(2001) afirma que estratégia é o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas,
e seqüência de ações de uma organização em um todo coerente.

É importante que o processo de formulação estratégica seja feito de maneira clara e objetiva
a fim de que toda a organização tenha o conhecimento e educação continua necessária para
que a estratégia adotada dê certo. Importante salientar que os sistemas dentro da
organização tem que estar integrados em objetos iguais, só assim obterão o resultado
esperado. Tal resultado está diretamente relacionado com sua estratégia, pois, tendo uma
estratégia bem formulada, alinhada e integrada será determinante para criar vantagem
competitiva no negócio. Segundo Mintzberg (2001), uma estratégia bem-formulada ajuda a
ordenar e alocar os recursos de uma organização para uma postura singular e viável [...].
Quando se cria alguma estratégia para uma possível defesa e firmação de posição, a
organização identifica fatores internos fortes que são usados como diferencial ao ambiente
externo e os processos internos com potencial suficiente para criar vantagem competitiva. É
importante salientar que os recursos humanos, a TI (Tecnologia de Informação) e os custos
são diferenciais como processos internos, então, a estratégia adotada pela organização,
deverá focar e ser direcionada para tais processos para um melhor rendimento. Segundo
Porter (1999), ao perceberem que os rivais estão utilizando a informação para desenvolver a
vantagem competitiva, eles reconhecem a necessidade de se envolverem diretamente na
gestão da nova tecnologia.

Mais o que é ter vantagem competitiva? Pode-se dizer que vantagem competitiva é uma
forma de agregar valor à organização, obter e estabelecer uma posição satisfatória no
mercado, trazendo e proporcionando as organizações lucros, rentabilidade e retorno sobre
os investimentos feitos durante determinado período. Segundo Ghemawat (2000), para se




Tópicos V – Controladoria                                                                11
obter uma vantagem competitiva ou um valor agregado superior aos dos rivais, uma
empresa precisa fazer as coisas de maneira diferente delas no dia-a-dia. Uma das formas de
se obter vantagem, incorporando valor à empresa é trabalhando com modelos de gestão em
ascensão no mercado. Atualmente, um desses modelos que se destacam é o Balanced
Scorecard. No inicio da década de 1990, surgiu o Balanced Scorecard, que tem como
objetivo integrar e mensurar o longo prazo com indicadores abrangentes. Esse modelo de
gestão conhecida pela sigla BSc, foi desenvolvida e criada por Robert Kaplan, professor de
desenvolvimento de liderança da Harvard Business School e David Norton co-fundador da
empresa de consultoria Renaissance Solutions. Tal pesquisa para o desenvolvimento dessa
metodologia de gestão foi desenvolvida pela firma de consultoria KPMG. O resultado da
pesquisa foi um artigo publicado pela Harvard Business Review (“The Balanced
Scorecard”) no ano de 1993 na edição de janeiro-fevereiro. Tal artigo repassou a seguinte
mensagem aos gestores: “O que você mensurar, conseguira ter”. Bem como nesse artigo os
autores propuseram trabalhar com quatro perspectivas: a financeira, a de clientes, a de
processos internos e de aprendizado e crescimento.

Para Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecard é para os executivos, uma ferramenta
completa que traduz a visão e a estratégia da empresa num conjunto coerente de medidas de
desempenho. Mas o que é medir? Bem, a palavra medir em administração é tão velha
quanto os negócios, e desde então vem se perpetuando em mensurar valores apenas no
curto prazo. O Balanced Scorecard trabalha focado no longo prazo, e na maioria das vezes
os gestores não tem como medir o que acontece no longo prazo, então, o que não pode ser
mensurado não é gerenciado. O Balanced Scorecard como um modelo de gestão integrado,
trabalha com sistemas de indicadores de desempenho financeiros e não-financeiros que
medem e gerenciam o comportamento da organização a curto e longo prazo. De acordo
com Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecard preserva os indicadores financeiros
como a síntese final do desempenho gerencial e organizacional, mas incorpora um conjunto
de medidas mais genérico e integrado que vincula o desempenho sob a ótica dos clientes,
processo internos, funcionários e sistemas ao sucesso financeiro alongo prazo.

Com a publicação do primeiro livro “A Estratégia em Ação”, em 1996, Kaplan e Norton
introduziram o conceito de causa e efeito. Pode-se entender que causa e efeito se relaciona
com relações de hipóteses do tipo “se-então”, por exemplo: se os clientes estão satisfeitos
com a qualidade do produto e serviço, então a empresa obterá maior retorno sobre as
vendas.

O Balanced Scorecard é um modelo de gestão que traduz e comunica a missão, visão e a
estratégia adotada pela empresa através de vários indicadores, na forma de quatro
perspectivas que se integram num processo de causa e efeito. Segundo Kaplan e Norton
(2006), cada uma dessas quatro perspectivas é interligada por uma cadeia de relações de
causa e efeito. Para Kaplan e Norton (1997), a cadeia de causa e efeito deve permear todas
as quatro perspectivas de um BSc, identificado um potencial indicador a ser incluído no
BSc da empresa, deverá ser avaliado se ele possui relação de causa e efeito nas várias
perspectivas do BSc.




Tópicos V – Controladoria                                                               12
Pode-se entender que o BSc está estruturado a partir de quatro perspectivas básicas
integradas: perspectiva financeira, perspectiva do cliente, perspectiva dos processos
internos e perspectiva de aprendizado e crescimento. O que faz com que o BSc seja um
diferencial como sistema gerencial? É pelo fato de que com a metodologia aplicada no
BSc, a missão e a visão da organização precisam ser mensuradas em objetivos e metas que
reflitam o verdadeiro interesse e as expectativas dos stakeholders e da estratégia adotada
pela empresa, ou seja, os objetivos e metas do scorecard derivam da visão e da estratégia da
empresa.

Perspectivas do Balanced Scorecard

O BSC foi criado inicialmente para ser um painel de indicadores através do qual seria
possível aos executivos e acionistas acompanhar não apenas o desempenho financeiro da
empresa, mas também outros indicadores como percepção de valor gerado aos clientes,
desempenho de processo operacionais e o crescimento intelectual e motivacional de seus
recursos humanos. Tais perspectivas partem do principio administrativo que avaliam o
ambiente interno e externo da empresa. O que ficou claro com o tempo, porém, é que ele
poderia ir muito além disso, transformando-o em um potente recurso para alinhamento
tático às diretrizes estratégicas.

                             VARIÁVEIS AMBIENTAIS
Ambiente Interno: - Motivação dos empregados.           Capital ou Ativo intangível
                     - Processos internos: Treinamento,
                     educação e saúde.
                     - Produtos e serviços de alta
                     qualidade.
                     - Pesquisa de novos produtos.
Ambiente Externo - Satisfação dos clientes.             Capital ou Ativo intangível
                     - Atendimento à comunidade.
Fonte: Figueiredo e Caggiano (2006).

Dessa forma, o BSC é uma ferramenta para se organizar um determinado conjunto de
objetivos em cadeia de geração de valor. Esse conjunto organizado de objetivos é chamado
de “mapa estratégico”. Segundo Figueiredo e Caggiano (2006), o Balanced Scorecard pode
ser entendido como um conjunto de indicadores que proporciona aos gerentes uma visão
rápida e abrangente de toda a empresa. Assim, os objetivos dos mapas estratégicos devem
ser agrupados em quatro categorias, ou perspectivas:

Perspectiva Financeira

Mensura e descreve os resultados finais da estratégia em termos financeiros tradicionais,
através de índices econômico-financeiros que poderão ser tirados das demonstrações
contábeis, sendo assim, o objetivo de se trabalhar com a perspectiva financeira é de mostrar
como as informações contidas nas demonstrações contábeis / financeiras podem ser
organizadas em indicadores capazes de fornecer a organização informações do seu
desempenho financeiro. Então, os indicadores serão divididos pelo seu desempenho ou




Tópicos V – Controladoria                                                                13
seja: índices de solvência, de atividade, alavancagem financeira e rentabilidade. Para Reis
(2003), as demonstrações contábeis consistem num conjunto de demonstrativos previstos
em lei, elaborados no encerramento do exercício social. Segundo Ross, Westerfield e
Jordan (2002), “relação determinada a partir das demonstrações financeiras de uma
empresa e utilizadas para fins de comparação”. Braga (1995), afirma que “com uma dúzia
de índices pode-se fazer um bom diagnóstico sobre a situação econômico-financeira da
empresa, desde que os mesmos sejam corretamente interpretados no seu conjunto e
avaliados mediante o confronto com outros índices da própria empresa ocorridos no
passado e com os índices de seus concorrentes diretos e do agregado do ramo do setor”.

As demonstrações financeiras individualmente não são capazes de fornecer informações
importantes no que tange ao desempenho da empresa, mas se alinhadas forneceram as
informações que serão usadas para agregar valor à organização. Serão usados os
indicadores de: rentabilidade (receita bruta, lucro bruto, lucro liquido, ROA, ROE, capital
de giro líquido), solvência (liquidez geral, liquidez corrente), alavancagem financeira
(endividamento geral), e Atividade (giro do ativo). Eles apontam concretamente se a
estratégia traçada e implementada está ou não produzindo os resultados desejados pelos
gestores e/ou acionistas, na busca da maximização de mercado, ou seja, no aumento de seu
market share. Segundo Ross et al (2002), a administração precisa avaliar continuamente o
desempenho da empresa, e as demonstrações financeiras fornecem informações úteis. Para
Kaplan e Norton (1997) apud Nascimento e Reginato (2007) a perspectiva financeira
trabalha com três estágios: crescimento, sustentação e colheita, sendo assim, cabe a área de
controladoria auxiliar na identificação da fase em que a organização se encontra e a partir
disso auxiliar os gestores a definirem as principais estratégias e, também, indicar como
devem ser implementadas e, por conseguinte, controladas.

                      Quadro 1. Medição da perspectiva financeira.
      Fases            Aumento e Mix de         Redução de              Utilização dos
                             Receita          custos/Aumento                 ativos
                                             de produtividade
Crescimento            - aumento da taxa                              - investimento;
                       de vendas por                                  -     pesquisa  e
                       segmento;            Receita/funcionário       desenvolvimento
                       - percentual de
                       receita.
Sustentação            -     seleção     de - custos x custos         - índices de capital
                       clientes;            dos concorrentes;         de giro;
                       - lucratividade por - taxas de redução         -      taxas     de
                       clientes e linhas de de custos;                utilização      dos
                       produtos;            - despesas indiretas      ativos
                       - percentuais de
                       receita.
Colheita               - lucratividade      - custos unitários        - retorno;
                                                                      - rendimento
Fonte: Nascimento e Reginato (2007).




Tópicos V – Controladoria                                                                14
Perspectiva do Cliente

O propósito da perspectiva do cliente no artigo é identificar as melhores formas de agregar
valor aos clientes, ou seja, como a organização deve competir para criar valor aos seus
consumidores. Sendo assim é coerente dizer que as organizações devem focar em
estratégias coerentes que possam satisfazer os clientes proporcionando melhores margens
de lucro e maximização de mercado. Então, a perspectiva do cliente leva a analisar o
desempenho da organização na ótica do cliente. Os consumidores possuem interesses
muitas vezes diversos dos gestores e é fundamental avaliar se eles de fato valorizam a
empresa e percebem que suas necessidades sendo satisfatoriamente atendidas. Segundo
Kaplan e Norton (1997), a perspectiva do cliente permite que os executivos identifiquem os
segmentos de clientes e mercados nos quais a unidade de negócios competirá e as medidas
do desempenho da unidade nesses segmentos-alvo. Segundo Nascimento e Reginato
(2007), a área de controladoria, dentro de uma visão sistêmica e por meio de seus
mecanismos de controle organizacionais, tem a incumbência de analisar todos os
indicadores referentes à perspectiva de clientes, com a finalidade de obter informações
pertinentes ao andamento dos negócios, sempre comparado se a situação atual, decorrente
das atuações de cada área,está em concordância com os planos traçados pela administração.

Perspectiva do Processo Interno

Aborda os processos críticos da criação de valor e para a realização dos objetivos dos
stakeholders e shareholders. É importante que a organização crie formas para mensurar,
avaliar e analisar o desempenho do ciclo dos processos, ou seja a cadeia de valor da
empresa. Sendo assim, essa perspectiva precisa ser cuidadosamente planejada, pois é nela
que se concentram os indicadores críticos relacionados com a estratégia. Kaplan e Norton
(1997) afirma que “os executivos identificam os processos internos críticos nos quais a
empresa deve alcançar a excelência”. Entende-se que a controladoria tem o papel de
monitoramento ininterrupto dos processos internos da empresa, para que os mesmos se
desenvolvam eficientemente. Para Nascimento e Reginato (2007), além da atuação dessa
área, responsável pelo controle organizacional, como já visto, a empresa deve ter um
sistema de informações flexível e consistente e um sistema robusto de controles internos
para que os processos fluam a favor dos propósitos da empresa.

Perspectiva do Aprendizado e Crescimento

Nos últimos anos, temos vivido muitas mudanças, mas, uma das principais foi no
pensamento gerencial, ou seja, tal pensamento transformou o papel dos usuários, que
passaram de simples provedores de força física para geradores de dados e os mesmos em
informações. Portanto, tal perspectiva do aprendizado e crescimento, procura abordar a
mobilização dos ativos intangíveis em torno da estratégia. Nessa perspectiva, destacam-se
a gestão de recursos humanos, gerentes, supervisores, funcionários etc, de forma a mantê-
los capacitados e motivados para que sejam atingidos os objetivos propostos.

Assim sendo, uma empresa concentrada em determinado segmento, como, por exemplo,
investidora no meio ambiente, pode criar uma perspectiva especifica para tal (perspectiva




Tópicos V – Controladoria                                                               15
do meio ambiente). Além disso, as empresas poderão utilizar perspectivas como renovação
e desenvolvimento, recursos humanos, comunidade, entre outras, cabendo avaliar a
necessidade de cada uma (NASCIMENTO e REGINATO, 2007).

As quatro perspectivas do BSc

Abaixo, apresenta-se as quatro perspectivas do BSC e sua relação com outros aspectos. Em
tese, os mapas estratégicos do BSC podem ter mais de quatro perspectivas, algumas
empresas de fato criam novas perspectivas em função de suas especificidades. Todavia, é
altamente improvável que as quatro perspectivas clássicas não sejam suficientes para
atender a demanda da grande maioria das organizações, assim não é recomendável utilizar
uma estrutura diferente da apresentação.

                 Quadro 2. As quatro perspectivas do BSc
PERSPECTIVAS   OBJETIVO              O QUE SE                          PERGUNTA
                                     DESEJA                            CRITICA
                                     ALCANÇAR
Perspectiva    Geração de Valor aos Define como                        Quais são as
Financeira     Gestores              alcançar a                        expectativas de
                                     rentabilidade, o                  nossos gestores, em
                                     retorno e o lucro                 termos de
                                     desejados pelos                   desempenho
                                     gestores.                         financeiro?
Perspectiva do Geração de valor ao Estabelece as                       Para atingir nosso
Cliente        cliente               condições que criarão             objetivos financeiros,
                                     valor ao cliente                  como criamos valor
                                                                       para os clientes?
Perspectiva Interna        Processo Internos    Identifica os processo Em que processos
                           Estratégicos         que transformarão os devemos ser
                                                ativos intangíveis em excelentes para
                                                resultados para os     satisfazer nossos
                                                clientes e gestores.   clientes e gestores?
Perspectiva de             Ativos intangíveis   Determina os ativos Como alinhamos
Aprendizado e              (recursos humanos)   intangíveis a serem    nossos ativos
Crescimento                                     alinhados e            intangíveis – pessoas,
                                                integrados para criar sistemas e cultura
                                                valor.                 para melhorar os
                                                                       processo críticos?
Fonte: feito pelo autor.




Tópicos V – Controladoria                                                                 16
COMO A EMPRESA FAZ A LIGAÇÃO E MENSURAÇÃO
                   COMO A EMPRESA FAZ A LIGAÇÃO E MENSURAÇÃO
                            NAS QUATRO PERSPECTIVAS
                            NAS QUATRO PERSPECTIVAS


                                                             FINANÇAS
                                                           (+)            retorno do
                                                  lucros              capital empregado
                                                             despesas           (-)
                                                             operacionais

                                   CLIENTES
                          satisfação do cliente


                                                      PROCESSO INTERNO
                                                                         retrabalho




                                      INFRA ESTRUTURA
                            moral dos                 sugestões dos
                            empregados                empregados
                                                             (+)                          15


Fonte: Crepaldi (2004).

Mapas Estratégicos

O Mapa Estratégico do BSC, deve demonstrar como a organização pretende mobilizar seus
ativos intangíveis (pessoas, sistema, cultura), de forma que possam se concentrar em
processos estratégicos de geração de valor e que isso possa ser concretamente percebido e
apreciados pelos clientes. O resultado financeiro esperado pelos gestores nada mais é do
que uma conseqüência positiva de tudo isso Os mapas estratégicos devem, dessa forma,
reunir um determinado conjunto de objetivos, agrupados nas quatro perspectivas
(Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento). Importante frisar
que é preciso ter muita clareza na definição dos objetivos, observando especialmente quatro
aspectos fundamentais:

   •   Definir poucos objetivos – importante para a empresa, para que possamos criar um
       foco ter mais clareza em suas estratégias;
   •   Escolher objetivos que possam ser medidos – não se pode melhorar o que não se
       pode medir;
   •   Não confundir objetivos com ações – objetivos medem resultados e ações são
       movimentos ou coisas que devem ser feitas;
   •   O mapa deve refletir a estratégia – a leitura de um mapa deve deixar claramente
       explicitada qual estratégia está sendo adotada pela organização.




Tópicos V – Controladoria                                                                      17
Contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico da região, visando atender às demandas e as necessidades
                                       de nossos clientes, advindas do processo de transformação da sociedade.

                                 Paixão pelo tipo de organização que                                                 Criar valor superior para os gestores
                                     estamos construindo juntos
 Financeira




                                   Crescimento da receita                              Aumentar o retorno sobre                             Rentabilidade
                                                                                          os investimentos
Clientes




                         Fidelização do cliente                       Desenvolver relacionamentos duradouros, com                                 Valor percebido
                                                                      ênfase à qualidade do produto e respeito ao cliente.                         pelo cliente




                                Penetrar                           Oferecer soluções                          Cumprir exigências e                  Sempre melhorar a
                         estrategicamente em                          inovadoras                              superar expectativas                  qualidade de nossos
                           novos mercados                                                                                                                 produtos
Processos
 internos




                                                                     Compreender melhor nossos clientes e mercado



                                                            Viabilizar a estratégia por meio de plataforma de tecnologia (TI)
Pessoas motivadas
   e preparadas




                          Domínio de novas competências                            Comportamento empreendedor                          Construir uma cultura de alto
                                                                                          (funcionários)                                desempenho orientada para
                                                                                                                                                resultados



                                                  Nossos valores essenciais são o fundamento de tudo que fazemos


                          Figura 3. Exemplo de Mapa estratégico. Fonte: feito pelo autor.

                          Observando a Figura 3, constata-se que as setas indicativas que ligam as perspectivas e seus
                          objetivos representam a relação de causa e efeito, ou seja, o “se” e o “então”. Por exemplo,
                          “se a organização compreender melhor os clientes e o mercado, então, cumprirá as
                          exigências e superará expectativas”; “se desenvolver relacionamentos duradouros com
                          ênfase na qualidade do produto e respeito ao clientes, então, aumentará o retorno o retorno
                          sobre os investimentos”. Assim sendo, ocorre para cada uma relação de causa e efeito e
                          com isso percebe-se que o mapa estratégico está todo alinhado, ou seja, em uma cadeia,
                          onde os objetivos impactam um no outro.

                          Para Nascimento e Reginato (2007), a controladoria participa de cada fase de definição e
                          implementação do BSc, desde o delineamento dos objetivos até o controle de todas as
                          perspectivas, comparando se o que foi definido no scorecard está sendo assimilado por
                          todos e conseqüentemente executado de forma consistente, considerando-se as expectativas




                           Tópicos V – Controladoria                                                                                                    18
retratadas no modelo de gestão, procurando, por meio dessa metodologia, manter a
                  harmonia sistêmica a fim de que a empresa perpetue.

                  Objetivos – Indicadores – Metas - Ações

                  Segundo Kaplan e Norton (1997:21), medir é importante: “O que não é medido não é
                  gerenciado”. Assim, uma vez estabelecidos os indicadores, é fundamental determinar como
                  será mensurado o seu atingimento. È importante determinar as metas para cada indicador.

                  È importante salientar, para que as metas sejam atingidas a contento, é preciso que sejam
                  planejadas as ações a serem implementadas As metas não serão atingidas se não houver
                  participação direta de todos os colaboradores/equipes da organização, em torno de
                  iniciativas coerentes e estrategicamente bem elaboradas.
                                                                                       A Perspectiva Financeira indica se
                                                                                       a estratégia de uma empresa e sua
                                                                                       implementação estão gerando valor
                                        Visão e Missão                                 econômico agregado para os
                                                                                       acionistas e demais stakeholders.

                                                                                                   A Perspectiva Cliente avalia se a
                                                                                                   proposição de valor para os
                                          Perspectiva Financeira                                   segmentos-alvo de clientes está
                               Objetivos Medidas       Metas       Indicadores                     sendo concretizada.
                                                                                                                A Perspectiva do Aprendizado e
                                                                                                                Crescimento indica qual é o valor
                                                  Perspectiva do Cliente                                        do empregado em razão de sua
                                        Objetivos Medidas        Metas      Indicadores                         capacidade de aprender, criar e
                                                                                                                compartilhar conhecimentos e como
                                                                                                                suas competências contribuem para
                                                    Perspectiva dos Processos Internos de Negócios              a geração de valor de forma
                                                 Objetivos Medidas          Metas        Indicadores            integrada, em todas as perspectivas
A Perspectiva dos Processos                                                                                     do Balanced Scorecard.
Internos indica que processos
internos são críticos para a geração de                        Perspectiva de Aprendizagem e Conhecimento
valor percebido pelo cliente e para                           Objetivos Medidas            Metas     Indicadores
aumentar a riqueza do acionista.


                  Figura 4. O desdobramento dos objetivos estratégicos nas perspectivas de valor.
                  Fonte: Herrero Filho (2005:212), adaptado pelo autor.

                                       Quadro 3. Objetivos – Indicadores – Metas - Ações
                                     OBJETIVO                       • AUMENTAR O NÚMERO DE CLIENTES
                                                                                  DA ORGANIZAÇÃO
                                    INDICADOR                                 •   NÚMERO DE CLIENTES NO ANO
                                      META                                    •   CRESCER 20%
                                      AÇÕES                                   •   ORGANIZAR    O   PROCESSO   DE
                                                                                  RELACIONAMENTO              DA
                                                                                  ORGANIZAÇÃO       COM     SEUS
                                                                                  PARCEIROS
                                                                              •   ENVOLVER     COM     DINAMISMO
                                                                                  DIRETORES E GERENTES NA BUSCA




                   Tópicos V – Controladoria                                                                                19
DE NOVOS CLIENTES PARA A
                                                     EMRPESA
                                                 •   CRIAR UMA POLITICA DE BOM
                                                     RELACIONAMENTO    COM    OS
                                                     CLIENTES NOVOS, PARA QUE SE
                                                     CONSIGA A FIDELIZAÇÃO DOS
                                                     MESMOS.
Fonte: feito pelo autor.

Aplicação prática do Balanced Scorecard

Grandes empresas mundiais, como a Sears, a Shell, a ABB, a Móbil, a General Motors, e
alguns bancos, como o Chemical Bank e o J.P. Morgan Chase, vêm sendo administrados
com base no método de Kaplan e Norton.

A revista Exame de 7 de março de 2001 publicou o artigo. “Tintim por tintim”. Tal
pesquisa enfatizou as 500 maiores empresas brasileira, constatou-se que 20 empresas
pesquisadas já haviam aderido ao BSC.

A subsidiária da Alcoa, líder mundial no setor de alumínio, é uma delas. Na Alcoa, a
remuneração variável de seus funcionários está ligada ao cumprimento dos objetivos
descritos no mapa estratégico.

Outras empresas citadas no artigo são: a Monsanto, a Suzano, uma das maiores fabricantes
brasileiras de papel e celulose, e a Embrapa, estatal que se dedica à pesquisa no setor
agropecuário.

Para facilitar o entendimento quanto à utilização do BSC na prática empresarial, passa-se a
comentar sobre o caso da Embrapa, utilizando o artigo citado. Nessa empresa, existia uma
gestão estratégica que não saía do papel, sendo que o BSC começou a ser implantado em
1997.

A empresa vinha sendo pressionada pelo governo a prestar um serviço de maior qualidade,
com custos menores. Para atender a tais objetivos estratégicos, suas pesquisas deveriam ser
orientadas para atender às demandas de mercado e, sempre que possível, se transformar em
fontes de receitas.

Para iniciar a implantação do BSC na Embrapa, foi escolhida uma de suas 40 unidades de
negócios, que foi a de agroindústria de alimentos, com sede no Rio de Janeiro. Essa
unidade de negócios reunia as características que facilitaram o desenvolvimento do projeto,
tais como: era pequena, com apenas 140 funcionários.

Uma das primeiras providências foi reunir 50 desses profissionais para traduzir a missão da
unidade numa estratégia clara e focada. Por exemplo, foram abandonadas pesquisas
envolvendo o mercado de trigo, sendo o foco então dirigido para o desenvolvimento de
produtos que levassem praticidade ao consumidor final, como saladas e frutas já lavadas e
embaladas. A próxima etapa da implantação do BSC foi a construção do chamado “mapa



Tópicos V – Controladoria                                                               20
estratégico”, para destaque de todos os objetivos essências à concretização da estratégia da
unidade, bem como a relação entre eles e os parâmetros para a avaliação constante dos
resultados alcançados. Foi definido que seriam utilizados no máximo três indicadores de
desempenho para cada objetivo.

Conclusão

Em suma, segundo Nascimento e Reginato (2007), o Balanced Scorecard (BSC) é um
sistema gerencial que conduz e implementa de forma a efetivar a estratégia, ou seja, a
implementação de ações, além de organizar o processo de mudança competitiva,
conduzindo a organização desde o desempenho atual até a obtenção dos resultados
esperados e dos objetivos estratégicos definidos. Para que isso aconteça deve ter o apoio
eficiente das áreas, dos gestores e sistema como um todo.
                                Esclarecendo e Traduzindo a Visão, a
                                 Esclarecendo e Traduzindo a Visão, a
                                Missão e a Estratégia.
                                 Missão e a Estratégia.
                                •• Esclarecendo a Visão
                                   Esclarecendo a Visão
                                  Estabelecendo o Consenso
                                   Estabelecendo o Consenso

       Comunicando e
        Comunicando e                                                   Feedback e Aprendizado
                                                                         Feedback e Aprendizado
       Estabelecendo
        Estabelecendo                                                   Estratégico.
                                                                         Estratégico.
       Vinculações.
        Vinculações.                                                    •• Articulando a visão
                                                                           Articulando a visão
       •• Comunicando e
           Comunicando e                                                compartilhada
                                                                         compartilhada
       educando
        educando                                                          Fornecendo feedback
                                                                           Fornecendo feedback
         Estabelecendo metas
          Estabelecendo metas
                                               Balanced                 estratégico
                                                                         estratégico
         Integrando
          Integrando                           Scorecard                  Facilitando a revisão e
                                                                           Facilitando a revisão e
       recompensas a medidas
        recompensas a medidas                                           o aprendizado
                                                                         o aprendizado
       de desempenho e
        de desempenho e                                                 estratégico
                                                                         estratégico
       performance.
        performance.



                                Planejamento e Estabelecimento de
                                 Planejamento e Estabelecimento de
                                Metas.
                                 Metas.
                                •• Estabelecendo metas
                                   Estabelecendo metas
                                  Alinhando iniciativas estratégicas
                                   Alinhando iniciativas estratégicas
                                  Alocando recursos e atividades
                                   Alocando recursos e atividades
                                  Estabelecendo pontos de referência
                                   Estabelecendo pontos de referência


Figura 5. O Balanced Scorecard como Sistema Gerencial.
Fonte: Kaplan e Norton (1997), adaptado pelo autor.

Com isso, a assunto visto neste tópico pode ter como área de apoio, para a as definição,
elaboração, implementação e seu controle a controladoria, que, por sua vez, pode se apoiar
em eficientes sistemas sistemas de informações e de controles internos para realizar essas
atividades a fim de atingir os objetivos preestabelecidos pela administração.

Entende-se que a utilização do BSc representa para as organizações o alinhamento e
mensuração da própria estratégia (Balanced Scorecard) adotada pela empresa, afim de que
consiga convergir os esforços em resultados e retornos satisfatórios para os gestores.

Com isso, a abordagem deste tópico procurou enfatizar que a metodologia do BSc pode se
apresentar como uma ferramenta consistente e contributivo para o adequado desempenho e
controle da organização.




Tópicos V – Controladoria                                                                            21
Fonte: Crepaldi (2004).




Tópicos V – Controladoria   22
Exercícios Propostos

1. Qual o objetivo gerencial do Balanced Scorecard?
2. O Balanced Scorecard é um sistema inovador de gerenciamento que analisa o
desempenho das unidades de negócio sob quatro perspectivas; quais são elas?
3. O que são “Mapas Estratégicos”?


EVA e MVA: MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA PERFORMANCE DAS EMPRESAS

A maximização da riqueza, principal função dos administradores, decorre da capacitação de
os gestores gerirem de forma eficaz os fatores de produção, em especial os fatores de
produção, o capital da empresa, próprio e de terceiros. Sob esse aspecto, o capital de
terceiros tradicionalmente tem sido contemplado no que tange à geração de riqueza para os
acionistas, não acontecendo, todavia, o mesmo em relação ao capital dos acionistas, ou ao
capital próprio (NASCIMENTO e REGINATO, 2007).

O EVA (economic value added) e o MVA (market value added), são métodos que são
usados para avaliar se os gestores estão gerindo de forma correta os recursos investidos
pelos acionistas. Tanto o EVA como o MVA são medidas de desempenho que possibilitam
aos executivos, acionistas e investidores terem uma nítida visão acerca da rentabilidade do
capital investido na organização. Segundo Nascimento e Reginato (2007), pode-se, assim,
definir uma parcela do ganho adicional à remuneração dos executivos como incentivo para
que eles busquem maximizar a riqueza dos acionistas, minimizando, com isso, os custos de
agência.

As metodologias EVA e MVA procuram corrigir o conflito de agência e conseqüentemente
minimizar seus custos, induzindo o gestor a agir como acionista, ou seja, tomando decisões
de investimento mais coerentes com a realidade do mercado. Os métodos EVA e MVA,
servem de vinculo entre o planejamento, a execução e o controle, transformando-se em
indicadores financeiros que permitam que os gestores monitorem os resultados econômicos
da empresa, ou seja, verificando se os objetivos e metas que foram traçados anteriormente
estão em conformidade com o planejado pela gestão.

É com base nesse foco, que será trabalhado as duas metodologias sob a ótica da
controladoria, pois, os dois métodos são ferramentas que são usadas para monitorar o
sistema empresa e de avaliar o desempenho econômico/financeiro da organização. Buscará
averiguar se o que foi projetado realmente ocorreu eficazmente, metas foram executadas
com êxito, bem como apontando as possíveis correções em caso de desajustes de rumo.

É preciso que os gestores administrem bem o valor da empresa, e com isso, os gestores
precisam ser capazes de visualizar o mercado, ou seja, o cenários dos negócios, com seu
feeling e uma visão aguçada de 360 graus, com isso será capaz de criar novas oportunidades
para agregar valor a empresa. De forma igual, é necessário desenvolver em toda a




Tópicos V – Controladoria                                                               23
organização uma filosofia voltada à mencionada administração do valor, e isso provém do
modelo de gestão adotado e disseminado entre os membros da empresa.

Entende-se que a necessidade de agregar valor a empresa, especialmente pelo acionista, não
é alusiva apensas quando o cenário dos negócios for propicio ou exigir, mas tal prática deve
ser sistêmica e ser iniciativa de todos os stakeholders que compõe direta ou indiretamente a
organização.

Existem muitas formas de se avaliar valor em se tratando de organizações, porém, a
metodologia EVA e MVA são especificas para auxiliar os gestores nas tomadas de
decisões. Tais decisões corroboraram para que a empresa agregue valor, criando vantagem
competitiva e diferenciação no mercado. As metodologias adotadas também impactaram
positivamente na área de controladoria, como uma alternativa de monitoramento do
desempenho da organização.

O método EVA (Economic Value Added)

Segundo Crepaldi (2004), o EVA foi criado com a finalidade de avaliar se, a cada ano, a
empresa está ganhando dinheiro suficiente para pagar o custo do capital que administra.
Portanto, o conceito básico é o de calcular a remuneração mínima exigida pelos acionistas e
abatê-la do lucro apurado da empresa. Para Oliveira et. al (2002), “é a medida de
desempenho ligada diretamente à criação de riqueza ao acionista. É o indicador para a
tomada de decisão para a criação de valores para o dono do capital.

De forma mais objetiva é o lucro líquido operacional depois dos impostos (NOPAT – Net
Operating Profit After Taxes) deduzido do custo de capital de terceiros e do custo de capital
próprio.

Se o cálculo do EVA for negativo, a empresa, naquele ano, está destruindo o capital do
acionista. Com isso, o EVA consiste na diferença entre o lucro líquido operacional da
empresa após o imposto de renda e o custo anual total do capital.

EVA = Resultado Operacional após imposto – (Capital x Custo do Capital)

O EVA não é mais do que o resultado operacional após impostos, menos o custo de
oportunidade de todo o capital investido na empresa. Visto de outra forma, o EVA é o
montante remanescente entre o resultado verificado e a taxa de retorno mínima exigida
pelos investidores, face a alternativa de investimento noutros ativos de risco semelhante. O
EVA é considerado por muitos como a forma mais perfeita de medir a performance
econômica em determinado período, traduzindo os resultados verificados numa óptica
contábil numa realidade econômica.

EVA = (Rentabilidade do investimento – Custo do Capital) x Capital investido
O EVA tem grande vantagem de ser um indicador conceitualmente simples e fácil de
compreender, pelo menos ligadas a finanças, uma vez que se resume a uma relação entre
resultado operacional e o custo do capital investido. Para achar o resultado operacional



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depois dos impostos, haverá que efetuar alguns ajustamentos aos valores obtidos (estes
ajustamentos podem variar de empresa para empresa) de forma a corrigir eventuais
distorções contábeis. Para determinar o montante de capital, haverá que adicionar ao valor
contábil do capital próprio todos os diferentes tipos de dívida, efetuando igualmente outros
ajustamentos adicionais considerandos relevantes. O passo seguinte é determinar o custo do
capital e finamente efetuar a subtração entre as duas rubricas apuradas.

Custo de Capital

O custo do capital é o retorno exigido pelos fornecedores do mesmo, refletindo desse modo
não só o fator temporal do valor do dinheiro, mas também a compensação pelo risco
assumindo, pelo que quanto maior o risco, maior será o custo do capital. Estando o valor do
EVA diretamente relacionado com a utilização do capital, significa que os gestores têm de
se preocupar não só com os ativos mas também com os proveitos produzidos pelos ativos, o
que os obriga a deter uma compreensão mais correta do trade-off entre os ativos.

Dessas considerações depreende-se que uma variável fundamental para se chegar ao valor
econômico adicionado é o custo médio ponderado de capital (CPMC), definido segundo
Assaf Neto, como sendo “o Custo de Capital que equivale aos retornos exigidos pelos
credores de empresa (capital de terceiros, bônus e debenturistas) e por seus proprietários”.

CPMC é expresso pela fórmula:

CPMC = CP ÷ (CP + CT) * Rcp + CT ÷ (CP + CT) * Rct * (1 – IR)

Onde:

CP = Volume de Capital Próprio = Patrimônio Líquido
CT = Volume de Capital de Terceiros = Exigível Longo Prazo
Rcp = Custo do Capital Próprio = nível de retorno do acionista
Rct = Custo do Capital de Terceiros
IR = Alíquota de Imposto de Renda da Empresa

Cálculo do EVA

Contabilmente: Uma das maneiras de se calcular o EVA é a partir do Demonstrativo de
Resultado padrão, conforme indicado a seguir:

(+) Receita Operacional
(-) Custos e Despesas Operacionais
(=) Lucro Operacional
(-) Imposto de Renda
(=) Lucro Operacional após IR (NOPAT)
(-) Custo de Capital de Terceiros
(=) Lucro Líquido do Exercício
(-) Custo do Capital Próprio



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(=) EVA

Financeiramente, pode-se calcular o EVA pela expressão matemática:

EVA = (R – C) * Capital Investido

Onde:

R = Taxa de Retorno esperada
C = Custo de Capital (CPMC)

ou

EVA = ROI x Investimento – CPMC x Investimento

ou

EVA = Lucro Contábil Ajustado – Custo de Capital x Nível de Investimento

ou

EVA = NOPAT – Custo do Capital

Onde:

NOPAT = lucro operacional líquido após os impostos

O EVA, enquanto indicador de performance, pode ser utilizado ao nível de toda a empresa
para medida da performance geral, ou de uma unidade de negócio, departamento, divisão,
projeto de investimento etc. Uma das utilizações mais freqüentes é para o estabelecimento
de métodos de compensação de executivos.

Em síntese, o EVA tem ganho crescente importância para as empresas enquanto medida de
avaliação de performance e de controle de gestão. Em face de ênfase colocada no capital e
especialmente na correta alocação dos custos inerentes ao mesmo a seus devidos
utilizadores, o EVA tem-se revelado como excelente indicador. Importa, no entanto, ter
presente que, para sua correta implementação, é necessário perceber não só os conceitos
que lhes são subjacentes, mas também a situação específica de cada empresa ou unidade de
negócio.

Visto não haver qualquer evidência de que a utilização de um método garanta melhores
resultados do que todos os outros, recomenda-se o uso simultâneo de vários métodos de
avaliação, uma vez que a utilização de um só método de avaliação de performance
financeira não garante que apuremos os valores mais corretos. Assim, será importante que o
EVA passe a fazer parte das ferramentas de todas as empresas, uma vez que este indicador




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lhes permitirá ver claramente a relação estratégicas de nível operacional e de investimento,
bem como a avaliação retrospectiva da performance alcançada.

Conforme dito anteriormente, o EVA está diretamente relacionado com o valor de mercado
de uma empresa. Se o resultado econômico for superior ao custo do capital, existe criação
de valor; para resultados inferiores, destruição de valor.

O método MVA (Market Value Added)

O MVA representa a diferença entre o preço atual das ações no mercado acionário e o valor
investido pelos acionistas no negócio. Apura a diferença entre o valor total de mercado da
empresa e o capital nela investido, ou seja, é a diferença entre o cash-in (o que foi
investido, contemplando todas as formas de financiamento) e o cash-out (o que os
investidores poderiam obter se vendessem a empresa atualmente).

O EVA é uma medida estática da performance passada, já o MVA busca avaliar o valor
econômico da empresa de acordo como o potencial de resultados futuros.

O MVA é também considerado uma medida do valor presente da empresa. Ainda segundo
Al Ehbar, o MVA é o montante acumulado pelo qual a empresa valorizou ou desvalorizou a
riqueza dos acionistas. Reflete como a empresa investiu capital no passado e como investirá
novos capitais no futuro.

MVA = Valor Total de Mercado – Capital Investido
MVA = Valor de Mercado do Capital – Valor Contábil do Capital

Assumindo que o valor de mercado e contábil da dívida são equivalentes, então o MVA é a
diferença entre os valores de mercado do capital da empresa. O MVA permite apurar o
valor que foi adicionado ou subtraído do investimento efetuado pelos acionistas. O sucesso
de uma empresa na criação de MVA depende da taxa de retorno dos investimentos quando
comparada com seu custo de capital. O mesmo se passa com o EVA, pelo que EVA
positivos implicam MVA positivos e vice-versa. Desse modo, então podemos redefinir o
MVA como o valor atual de todos os EVA futuros.

Por exemplo:

              Item               20x6       20x7     Diferença
Valor Contábil do Capital         3.700      4.000         300
Valor Contábil da Dívida          5.300      5.500         200
Total do Capital Investido        9.000      9.500         500
Valor de Mercado do Capital      12.000     15.000       3.000
Valor de Mercado da Empresa      17.300     20.500       3.200
Market Value Added MVA            8.300     11.000       2.700




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Conforme se constata, a relação existente entre o EVA e o MVA tem implicações na
avaliação da empresa. Rearranjando as equações mencionadas, permite-nos encontrar uma
definição para o valor da empresa:

Valor de Mercado da Empresa = Valor do Capital Investido + Valor Atual do EVA de
Projetos Atuais + Valor Atual do EVA de Projetos Futuros

Ou

Valor de Mercado do Capital = Valor Contábil do Capital + Valor Atual do EVA Futuro

Cálculo do MVA

A representação matemática do MVA é dada por:

MVA = EVA1 ÷ (1 + CPMC)1 + EVA2 ÷ (1 + CPMC)2 + ... EVAn ÷ (1 + CPMC)n

ou seja, é o desconto ao valor presente dos EVA futuros, à taxa de custo médio ponderado
de capital da empresa.

Exemplo Prático de Aplicação do EVA e MVA

Para melhor compreensão dos conceitos de EVA e MVA, tomemos como exemplo uma
empresa com os seguintes relatórios contábeis:

                  Balanço Patrimonial 31-12-2.0X2
               Ativo                         Passivo
Circulante                50.000 Circulante             50.000
Caixa                      5.000 Financiamento          50.000
Estoque                   45.000

Permanente              100.000 Patrimônio Líquido     100.000
Imobilizado             100.000 Capital                100.000
Total                   150.000 Total                  150.000

          DRE - 2.0X2
Receita Bruta            206.250
CMV                     (100.000)
Lucro Bruto              106.250
Desp. Comercial          (30.000)
Desp. Administrativa     (40.000)
Depreciação              (10.000)
Desp. Financeira          (1.250)
Lucro Operacional         25.000
IR (20%)                  (5.000)
Lucro Líquido             20.000

Dessa forma,



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Passivo Total = 150.000, sendo,
Financiamento (capital de terceiros) = 50.000, representando 33,33%
Patrimônio Líquido (capital próprio) = 100.000, representando 66,66%

Supondo que o custo de o custo de cada fonte de financiamento seja:

Capital de terceiros = 2,5%
Capital próprio = 5,0%

Podemos, com essas informações, encontrar o CMPC, conforme abaixo:
CPMC = % Capital terceiros x custo x (1 – IR) + % Capital próprio x custo
CPMC = 33,33% x 2,5% x (1 – 20%) + 66,66% x 5,0%
CPMC = 0,6667% + 3,3333%
CPMC = 4,0%

Encontrando o CMPC, devemos encontrar o ROI (Retorno sobre Investimento) da empresa,
segundo a fórmula abaixo:

ROI = Lucro Líquido ÷ Investimentos
(*)
   O Lucro Operacional, neste caso, deve ser ajustado, não considerando a despesa
financeira, pois esta é a remuneração do capital de terceiros, e este índice avalia a
capacidade de geração de resultado independente da forma de financiamento adotada.

Portanto,

ROI = 20.000 ÷ 150.000
ROI = 13,33%

Com base nestas informações, podemos encontrar o EVA da empresa, como segue:

EVA = ROI x Investimento – CPMC x Investimento
EVA = (13,33% x 150.000) – (150.000 x 4,0%)
EVA = 20.000 – 6.000
EVA = 14.000

Com isso, chegamos a um EVA para essa empresa de 14.000, podendo concluir que ela está
criando valor para seus acionistas, ou seja, os remunera além do retorno por eles esperado.

Mas sem considerar o fato de estar remunerando os shareholders acima de suas
expectativas, existem outros fatores importantes na adoção deste método de avaliação.

Uma empresa que utiliza o conceito de EVA passa a adotar como filosofia e objetivo a
obtenção dos maiores níveis possíveis de lucro, empregando o mínimo de capital. Isso
acontece devido ao fato de que no momento em que os funcionários passam a ser




Tópicos V – Controladoria                                                               29
remunerados, não através de índices de lucro, mas pelo valor agregado em relação ao
investimento realizado, os funcionários passam a levar em conta o montante de
investimento como fator determinante em sua premiação (o que não acontece com
avaliações em que se considera apenas o lucro ou variações do seu montante).

Esse tipo de filosofia difundida entre funcionários de uma empresa é de fundamental
importância para o acionista, pois ela é coincidente com seus interesses.

O que se pode esperar dos colaboradores para os quais esse conceito esteja arraigado é que
procurem racionalizar processos e que surja aversão a investimentos desnecessários ou que
não tragam o retorno mínimo esperado.

Por fim, investidores passam a contar com o método de comparação entre diferentes
negócios, pois seu cálculo já leva em consideração o risco; isso através do custo de cada
fonte de capital. Nesse caso, uma empresa que apresente maior risco irá apresentar maiores
taxas de captação e de custo de capital próprio, o que elevará o CMPC e assim diminuirá o
EVA.

Apesar das vantagens do EVA, esta é uma medida dirigida ao passado, uma vez que tem
como base de avaliação resultados já ocorridos.

Por esse motivo, o MVA aparece como fator importante para avaliação de empresas, pois é
calculado por resultados esperados no futuro.

Utilizando-se do exemplo anterior, vamos supor que a empresa tenha um tempo
determinado de duração de cinco anos e que todo o resultado apurado em cada exercício
seja distribuído, mantendo-se assim o investimento constante.

Além disso, sua projeção de resultados seria como a apresentada a seguir:

                                         DRE
                                   2.0X2     2.0X3     2.0X4     2.0X5     2.0X6
Receita Bruta                     216.250   226.250   236.250   246.250   256.250
CMV                              (105.000) (110.000) (115.000) (120.000) (125.000)
Lucro Bruto                       111.250   116.250   121.250   126.250   131.250
Desp. Comercial                   (30.000) (30.000) (30.000) (30.000) (30.000)
Desp. Administrativa              (40.000) (40.000) (40.000) (40.000) (40.000)
Depreciação                       (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) (10.000)
Desp. Financeira                    (1.250)   (1.250)   (1.250)   (1.250)   (1.250)
Lucro Operacional                  30.000    35.000    40.000    45.000    50.000
IR (20%)                            (6.000)   (7.000)   (8.000)   (9.000) (10.000)
Lucro Líquido                      24.000    28.000    32.000    36.000    40.000
Custo do Capital Próprio            (5.000)   (5.000)   (5.000)   (5.000)   (5.000)
EVA                                19.000    23.000    27.000    31.000    35.000

Assim, podemos calcular o MVA desta empresa, como:




Tópicos V – Controladoria                                                              30
MVA = EVA1 ÷ (1 + CPMC)1 + EVA2 ÷ (1 + CPMC)2 + EVA3 ÷ (1 + CPMC)3 + EVA4 ÷
(1 + CPMC)4 + EVA5 ÷ (1 + CPMC)5

MVA = 19.000 ÷ (1,04)1 + 23.000 ÷ (1,04)2 + 27.000 ÷ (1,04)3 + 31.000 ÷ (1,04)4 + 35.000
÷ (1,04)5

MVA = 18.269 + 21.265 + 24.003 + 26.499 + 28.767

MVA = 118.803

Portanto, pelo MVA, a empresa é totalmente viável, desde que as premissas adotadas
aconteçam.

Contribuição que as metodologias EVA e MVA traz para a perspectiva financeira do
Balanced Scorecard

Segundo Herrero Filho (2005), em primeiro lugar, ressalta a responsabilidade do diretor e
da equipe do Balanced Scorecard em selecionar os objetivos da perspectiva financeira.
Como esses objetivos estão ligados às outras perspectivas (do cliente, dos processos
internos e da aprendizagem e crescimento) por meio de relações de causa e efeito, um erro
de avaliação na escolha dos objetivos pode comprometer o sucesso do projeto.

Em segundo lugar, os objetivos não-financeiro em si do Balanced Scorecard, como, por
exemplo, a satisfação dos clientes, a diferenciação de produtos, a inovação e os
investimentos na infra-estrutura de tecnologia da informação, devem ser avaliados pela sua
contribuição ao aumento do valor econômico agregado.

Em terceiro lugar, na escolha dos objetivos financeiros, os profissionais envolvidos no
projeto do Balanced Scorecard precisam ter clareza de que há três formas de gerar valor
econômico:

   •   Aumentando a taxa de retorno da base de capital investido, por meio de ganhos de
       produtividade e sem alocar mais capital no negócio. Esta situação reflete a
       estratégia em curso na empresa;
   •   Investido capital adicional em projetos que apresentem um retorno superior ao do
       custo do capital. Esta situação é (ou deveria ser) o resultado da priorização das
       iniciativas do projeto do Balanced Scorecard;
   •   Reduzindo ou descontinuando operações em que o capital investido apresente
       retornos muito abaixo dos objetivos. Essa situação revela perda de vantagem
       competitiva da empresa e a necessidade de reestruturação de seus negócios.

Conclusão

Segundo Nascimento e Reginato (2007), os métodos EVA e MVA, que estão voltados à
apuração e à avaliação da criação de valor na organização, podem ser um meio eficaz para
a avaliação de desempenho organizacional. A utilização de ambos os métodos será positiva



Tópicos V – Controladoria                                                              31
e contributiva se o modelo de gestão adotado na organização permitir e facilitar esse
processo e se isso ficar claro em seu planejamento.

Para que seja agregado algum valor para a empresa, os gestores devem pensar e agir como
se fossem os donos do negócio ou acionistas, e devem ser compensados pelos desempenho
adequado de suas funções.

O EVA é capaz de revelar inúmeras oportunidades de ganhos econômicos, como gestão de
risco, escolha da melhor estrutura de capital, entre outras, de forma simplista, que podem
não ser vislumbradas por outros métodos de avaliação. Por sua vez, o MVA consegue
medir o reconhecimento do mercado em relação aos esforços conquistados pela
organização.

Em suma, segundo Crepaldi (2004), em contraste com as medidas de cunho
fundamentalmente econômico, os indicadores EVA e MVA são particularmente atrativos
não só por refletirem os aspectos econômicos do projeto, mas também por levar em conta
os aspectos financeiros, tais como alavancagem financeira associada a dada estrutura de
capital. Desse modo, esses métodos de avaliação inserem-se como importantes
instrumentos auxiliares no planejamento baseado na criação de valor ao acionista.

Exercícios Propostos

Exercício 1

Não são poucas as vezes que profissionais se utilizam da expressão Valor Agregado para
definir ou conceituar algo abstrato, para definir algo que exige alta inspiração e
criatividade. Não é totalmente verdadeira esta afirmação, pois grande parte dos problemas
de um negócio pode ser resolvido cientificamente, ou seja, por meio de métodos
consagrados. São os casos do Custo-Valor ou do Valor Agregado de Gerenciamento, da
Análise do Valor ou da Engenharia do Valor, do Valor de Mercado Agregado (MVA) e o
Valor Econômico Agregado (EVA).

Qual a finalidade e a utilidade maior da aplicação e do estudo do EVA?

a. ( ) Comparar o Retorno do Ativo Operacional Líquido com o Custo Médio Ponderado
do Capital (CMPC);
b. ( ) Comparar o Retorno do Ativo Operacional Líquido com o Custo Médio Ponderado
dos Capitais de Terceiros (CCT);
c. ( ) Comparar o Valor Patrimonial Corrente com o Valor de Mercado Corrente das ações
da empresa;
d. ( ) Comparar o Valor Patrimonial Corrente, acrescido do potencial de lucro dos
próximos exercícios, com o Valor de Mercado Corrente das ações da empresa;
e. (    ) Comparar o Valor Patrimonial Corrente, acrescido do potencial de risco dos
próximos exercícios, com o Valor de Mercado Corrente das ações da empresa.

Exercício 2




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Suponha-se uma situação em que o lucro operacional líquido da empresa fosse de $ 250, o
capital e o C*(custo de oportunidade arbitrado pelo investidor) 15%. O valor calculado do
EVA seria:

Exercício 3

Com relação ao Exercício 2, imagine-se que, em decorrência de ganhos de produtividade,
ou de eficiência administrativa, o lucro aumentado de $ 250 para $ 300,00. Qual o cálculo
do EVA?

Exercício 4

Suponha agora em que o NOPAT seja de $ 450, o custo $ 2.000 e o C*(custo de
oportunidade arbitrado pelo investidor) 20%. O valor calculado do EVA seria:

Exercício 5

Suponha-se que uma empresa investiu $ 100 milhões em outra de risco similar, há cinco
anos. Se o custo do capital próprio é de 12%, isso implica em uma expectativa de renda de
12% ao ano, ou seja, ao final dos cinco anos, o investidor esperaria:

Exercício 6
Uma empresa emitiu os seguintes relatórios contábeis:

                 Balanço Patrimonial 31-12-2.0X2
              Ativo                         Passivo
Circulante               51.000 Circulante               51.000
Caixa                     6.000 Financiamento            51.000
Estoque                  45.000

Permanente              100.000 Patrimônio Líquido      100.000
Imobilizado             100.000 Capital                 100.000
Total                   151.000 Total                   151.000
          DRE - 2.0X2
Receita Bruta            200.000
CMV                     (100.000)
Lucro Bruto              100.000
Desp. Comercial          (30.000)
Desp. Administrativa     (40.000)
Depreciação              (10.000)
Desp. Financeira          (1.250)
Lucro Operacional         18.750
IR (20%)                  (5.000)
Lucro Líquido             13.750
Supondo que o custo de o custo de cada fonte de financiamento seja:

Capital de terceiros = 2,5%




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Capital próprio = 4,0%

Pede-se:
   a) Calcule o CPMC;
   b) Calcule o ROI;
   c) Calcule o EVA;

Vamos supor que a empresa tenha um tempo determinado de duração de cinco anos e que
todo o resultado apurado em cada exercício seja distribuído, mantendo-se assim o
ainvestimento constante.

Além disso, sua projeção de resultados seria como a apresentada a seguir:
                                         DRE
                                   2.0X2     2.0X3     2.0X4     2.0X5     2.0X6
Receita Bruta                     200.000   225.000   230.000   250.000   256.000
CMV                              (105.000) (110.000) (115.000) (120.000) (125.000)
Lucro Bruto                        95.000   115.000   115.000   130.000   131.000
Desp. Comercial                   (30.000) (30.000) (30.000) (30.000) (30.000)
Desp. Administrativa              (40.000) (40.000) (40.000) (40.000) (40.000)
Depreciação                       (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) (10.000)
Desp. Financeira                    (1.250)   (1.250)   (1.250)   (1.250)   (1.250)
Lucro Operacional                  13.750    33.750    33.750    48.750    49.750
IR (20%)                            (2.750)   (6.750)   (6.750)   (9.750)   (9.950)
Lucro Líquido                      11.000    27.000    27.000    39.000    39.800
Custo do Capital Próprio            (5.000)   (5.000)   (5.000)   (5.000)   (5.000)
EVA                                  6.000   22.000    22.000    34.000    34.800

   d) Calcule o MVA.

Exercício 7

Digamos que um investidor tem $ 50.000,00 disponível, sendo duas as opções de
investimento:

   •   Poderia investir no mercado financeiro e ganharia 10% ao ano; ou
   •   Abrir um pequeno negócio.

Escolheu a segunda opção, que, após um ano, apresentou o seguinte resultado.

                              DRE ($)
Receita operacional líquida                                  120.000
Despesas operacionais                                       (110.000)
Lucro operacional                                             10.000
Impostos (40%)                                                (4.000)
Lucro operacional líquido depois dos impostos (Nopat)          6.000

Pede-se:




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Qual o valor econômico agregado disponível ao investidor?

REFERÊNCIAS

ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YOUNG, S. Mark.
Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas,
1995.
CHING, Hong Yuh. A influência da controladoria estratégica no desempenho e criação de
valor da empresa. Salvador: EnANPAD, 2006.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: teoria e prática. São Paulo: Atlas,
2004.
FIGUEIREDO, Sandra e CAGGIANO, Paulo César. Controladoria: teoria e prática. São
Paulo: Atlas, 2006.
FILHO, Emílio Herreno. Balanced Scorecard e a gestão estratégica: uma abordagem
prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
GECON / Armando Catelli (coordenador). Controladoria: uma abordagem da gestão
econômica. São Paulo: Atlas, 1999.
GHEMAWAT, Pankaj. A estratégia e o cenário dos negócios. Porto Alegre: Bookman,
2007.
HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas,
2004.
KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. Rio
de Janeiro: Elsevier, 1997.
LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistema de Informação Gerenciais:
administrando a empresa digital. São Paulo: Prenhall, 2004.
MELO, Henrique. Balanced scorecard: uma metodologia de gestão em ascensão parte I.
Net. Cobertura on-line. Disponível em: http://www.phb.fap.com.br           Acesso em:
21.jan.2008.
MELO, Henrique. Controladoria como órgão fomentador e gerador de informações nas
organizações. Net. Cobertura on-line. Disponível em: http://www.phb.fap.com.br Acesso
em: 21.jan.2008.
MOSIMANN, Clara Pellegrinello e FISCH, Sílvio. Controladoria: seu papel na
administração de empresas. São Paulo: Atlas, 1999.
NASCIMENTO, Auster Moreira e REGINATO, Luciane. Controladoria: um enfoque na
eficácia organizacional. São Paulo: Atlas, 2007.
NASCIMENTO, Auster Moreira e REGINATO, Luciane. Controladoria: um enfoque na
eficácia organizacional. São Paulo: Atlas, 2006.
OLIVEIRA, Líliam Rodrigues de.; PONTE, Vera Maria Rodrigues. O papel da
controladoria nos fundos de pensão. Fortaleza: RCC – Revista Contemporânea de
Contabilidade, 2006.
OLIVEIRA, Luís Martins de.; PEREZ JR, José Hernandez.; SILVA, Carlos Alberto dos
Santos. Controladoria estratégica. São Paulo: Atlas, 2002.
PADOVEZE, Clóvis Luiz. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação
contábil. São Paulo: Atlas, 2004.




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PADOVEZE, Clóvis Luiz. Controladoria avançada. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2005.
PELEIAS, Ivam Ricardo. Controladoria: gestão eficaz utilizando padrões. São Paulo:
Saraiva, 2002.
PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho
superior. Rio de Janeiro. Campus, 1989.
REIS, Arnaldo Carlos de Rezende. Demonstrações contábeis: Estrutura e análise. São
Paulo: Saraiva, 2003.
ROSS, Stephen A; WESTERFIELD, Randolph W; JORDAN, Bradford D. Princípios de
Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2002.




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Gestão e Controle com BSC e EVA

  • 1. SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ / SESPI FACULDADE PIAUIENSE - FAP COORDENAÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO TÓPICOS V _ CONTROLADORIA PROF. HENRIQUE MELO APOSTILA ALUNO: _______________________________________________ TURMA:_______________ BLOCO: ______________ PARNAÍBA / PI Tópicos V – Controladoria 1
  • 2. SUMÁRIO O Ambiente da Área de Controladoria ........................................................................... 03 Modelo de Gestão e Controle Organizacional ................................................................ 04 Controladoria como órgão fomentador no controle das organizações ........................ 06 A importância do Controller no processo de gestão ........................................................... 08 Prestação de contas do Controller no ambiente corporativo .............................................. 09 Exercícios Propostos ........................................................................................................... 10 Balanced Scorecard (BSC) ................................................................................................ 11 Balanced Scorecard: uma metodologia de gestão em ascensão ..................................... 11 Perspectivas do Balanced Scorecard .................................................................................. 13 Perspectiva Financeira ................................................................................................... 13 Perspectiva do Cliente ................................................................................................... 14 Perspectiva do Processo Interno .................................................................................... 15 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento .................................................................. 15 As Quatro Perspectivas do BSc ........................................................................................... 16 Mapas Estratégicos ............................................................................................................. 17 Objetivos – Indicadores – Metas – Ações ........................................................................... 19 Aplicação prática do Balanced Scorecard .......................................................................... 20 Conclusão ........................................................................................................................... 21 Exercícios Propostos ........................................................................................................... 23 EVA e MVA: Métodos de Avaliação da Performance das Empresas .......................... 23 O Método EVA (Economic Value Added) .......................................................................... 24 Custo de Capital .................................................................................................................. 25 O Método MVA (Market Value Added) ............................................................................. 27 Contribuição que as metodologias EVA e MVA traz para a perspectiva financeira do Balanced Scorecard ............................................................................................................ 31 Conclusão ........................................................................................................................... 31 Exercícios Propostos ........................................................................................................... 32 Referências ......................................................................................................................... 34 Tópicos V – Controladoria 2
  • 3. O AMBIENTE DA ÁREA DE CONTROLADORIA O que caracteriza o controle na organização é a capacidade dos gestores e acionistas da empresa a integrar os setores e os funcionários em torno das metas e objetivos projetados pela empresa. O controle organizacional se vincula ao processo de gestão, ou seja, a partir do planejamento, da execução e controle. Existe outras formas de auxiliar o controle da gestão, é através de outros controles, como: contábil e financeiro. Esses controles só funcionaram, se a organização possuir ferramentas que gerem informações importantes e necessárias aos gestores no controle e nas posteriores tomadas de decisões. De alguma forma é desafiador para os gestores administrarem cenários onde os negócios são cada vez mais dinâmicos. Onde os produtos tem ciclos de vida cada vez mais curtos, a concorrência, a evolução constante da tecnologia, economia volátil, são variáveis que requerem dos gestores um contínuo estudo e experiência no que tange a função exercida, corroborando para solucionar os prováveis problemas que possivelmente surgiram em detrimento das variáveis citadas, impactando positivamente na performance da organização no que se refere a situação econômico / financeira. Segundo Nascimento e Reginato (2007), nesse cenário, de forma inequívoca, decidir é a tarefa mais importante em uma organização, parecendo claro, também, que o nível de sucesso das decisões depende da habilidade do decisor em desenvolver e analisar as alternativas disponíveis para as soluções dos problemas. Com isso entende-se que a área de controladoria tem a função controle interno da empresa, promovendo de maneira sistêmica o monitoramento das metas e objetivos planejados pela organização. Sendo assim, é importante investigar e diagnosticar as razões para a ocorrência de possíveis desvios entre os resultados alcançados e os projetados, indicando se necessário às correções de rumo, e, principalmente, minimizando o “atrito” para os gestores das variáveis econômico / financeira, através de informações geradas com eficiência e coerência em tempo on-line, para que os gestores possam utilizá-las de maneira clara e objetiva de forma a manter o equilíbrio do processo na gestão. A controladoria é um órgão fomentador do processo de gestão que utiliza os sistemas de informações (SIs) para auxiliar o controle e monitoramento das atividades exercidas da empresa. Para Laudon & Laudon (2004), hoje, todos admitem que conhecer sistemas de informação é essencial para os administradores, porque a maioria das organizações precisa deles para sobreviver e prosperar. Segundo Nascimento e Reginato (2006), “as funções da controladoria são: • Promover a integração entre as áreas, através do suprimento de informações; • Utilizar os sistemas de informação, que devem considerar os preceitos dos modelos de decisão, mensuração e informação da empresa; • Subsidiar os gestores com informações que lhes conduzam à melhor escolha entre as alternativas possíveis”. Tópicos V – Controladoria 3
  • 4. Constata-se que a influência da controladoria, é determinante para a melhoria dos sistemas gerenciais, fomentando o desempenho da organização, através do alinhamento e melhor controle dos departamentos, impactando diretamente no resultado da empresa, no seu modelo de gestão e na sua perpetuidade. Segundo Oliveira e Ponte (2006), “a missão da controladoria é zelar pela continuidade da empresa, assegurando seu melhor resultado econômico”. Para os autores Mosimann e Fisch (1999) e Oliveira et. al (2002) “a missão da controladoria é otimizar os resultados econômicos da empresa”, corroborando assim para a sua perpetuidade, por meio da integração dos SIs baseado no modelo de gestão adotado. Diante do exposto, percebe-se que a controladoria é responsável pelo controle interno da empresa, através do processamento de informações contábil-gerencial, ou seja, tais informações incorporam-se aos SIs que como já foi estudado, são de grande valia no alinhamento dos processos da gestão e nas tomadas de decisões dos gestores, acarretando na otimização do desempenho da empresa. Para Figueiredo e Caggiano (2006), “a missão da controladoria é zelar pela continuidade da empresa, assegurando a otimização do resultado global [...] tem por finalidade garantir informações adequadas ao processo decisório, colaborando com os gestores na busca da eficácia gerencial”. Sendo assim, a controladoria se bem usada é um mecanismo impar e indispensável na consolidação do modelo de gestão adotado, impactando diretamente no alinhamento e no controle da organização. Segundo Atkinson et al. (2000), “o processo de monitorar, avaliar e melhorar o desempenho da empresa para alcançar seus objetivos é normalmente chamado controle organizacional”. No decorrer de todo processo na organização, a controladoria vai adicionando e criando valor para os shareholders e stakeholders e gerando informações necessárias para o crescimento, perpetuidade, rentabilidade e retorno sobre os ativos, auxiliando a Teoria da Agência em assegurar aos proprietários e gestores a simetria e nas boas práticas de governança. MODELO DE GESTÃO E CONTROLE ORGANIZACIONAL O modelo de gestão denota o comportamento dos membros da organização, através de suas decisões, na forma de planejamento no que tange ao cenário dos negócios e sobretudo como o processo interno está sendo trabalhado, ou seja, de que forma está sendo efetuada a execução das atividades. Para Nascimento e Reginato (2006), modelo de gestão “é um conjunto de princípios e normas que orientam e facilitam a ação organizacional em cada fase da gestão para que a empresa alcance os seus objetivos”. Ghemawat (2007), afirma que um cenário de negócios mapeia a elevação de cada estratégia de acordo com sua lucratividade econômica. O desafio central da estratégia é direcionar um negócio a um ponto relativamente alto nesse cenário. Para que consiga ter um bom controle organizacional, é importante que haja sinergia nas perspectivas trabalhadas pelo gestor. Com isso a organização estará sempre preparada para eventuais mudanças que poderão ocorrer no ambiente interno e ou externo. É importante que a empresa esteja sempre atenta às mudanças, pois, as atividades exercidas na organização, deverão sofrer processos de melhora, dependendo das condições observadas Tópicos V – Controladoria 4
  • 5. no cenário. Os meios que mais sofrem mudança dependo do cenário são: planejamento estratégico, planejamento operacional, execução e controle. CONTROLE ORGANIZACIONAL MODELO DE GESTÃO Dimensão de Controle de Gestão Processo de Gestão Planej. Planej. Execução Controle estratégico operacional C O I N N Gestão Financeira e Contábil T F R O O R Gestão Gestão de Gestão Controle de L M Contábil custos financeira ativo A A D Ç O Ã Processo Interno R O I Sistema de Controle Interno A SISTEMA DE INFORMAÇÕES Sistema de Informação Contábil Figura 1: Controle organizacional Fonte: Nascimento e Reginato (2006), modificado pelo autor. Quando o modelo de gestão atende as necessidades estratégicas da empresa, tal modelo de gestão se torna um diferencial para a organização, agregando valor e criando vantagem para os gestores, já que o mesmo se alinha a todas as ações organizacionais projetadas com êxito pela empresa. Segundo Figueiredo e Caggiano (2006), modelo de gestão é um conjunto de princípios e definições que decorrem de crenças especificas e traduzem o conjunto de idéias, crenças e valores dos principais executivos, impactando assim todos os demais subsistemas empresariais. Entende-se então que para se conseguir uma boa prática de governança é ideal que a organização tenha um modelo de gestão ideal. Com isso surge a área de Controladoria que tem como característica o monitoramento do controle interno das empresas. Tal controle interno é a base dos SIs (Sistemas de Informações), que são usados Tópicos V – Controladoria 5
  • 6. para fomentar a organização como um todo. Sistemas de Informações coerentes com a realidade da empresa, são importantes para tomadas de decisões corretas e seguras, impactando diretamente no controle dos ativos da organização. Segundo Nascimento e Reginato (2006), o controle organizacional deve ser observado sob a perspectiva de diferentes dimensões: de gestão; de dados e informações; de controles e procedimentos internos. A dimensão de controle de gestão está diretamente ligada à área de controladoria, pois, tal setor faz as conexões do processo de gestão por meio de informações coerentes obtidas através de SIs (Sistemas de Informações). Padoveze (2004), define sistema de informação como “um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma seqüência lógica para o processamento dos dados e tradução em informações, para com seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos principais”. Além desses fatores, constata-se também que os SIs são essências para os gestores nas tomadas de decisão e no controle das ações como um todo dentro da empresa. Constata-se que as empresas buscam novas formas de conseguir maximizar seu desempenho, agregar valor e criar vantagem competitiva, sendo assim, elas procuram novas formas de controle organizacional e a controladoria é um mecanismo que possibilita tal desempenho, pois além de melhorar o controle na gestão, contribui para melhorar o processo da informação dentro da empresa, ou seja, alinhando todo o modelo de gestão adotado como se percebe pela figura 1. Sendo assim, o significado de controle é amplo e para melhor entendê-lo, deve-se verificar sobre as perspectivas que norteiam tal controle organizacional, sendo que cada perspectiva citada tem seu grau de importância no contexto geral da empresa, ou seja, no alinhamento dos processos, nas informações geradas com segurança, na transparência administrativa no que tange as ações realizadas para obtenção de resultado. CONTROLADORIA COMO ÓRGÃO FOMENTADOR NO CONTROLE DAS ORGANIZAÇÕES Com a evolução constante do cenário dos negócios, o desafio das organizações crescem proporcionalmente. Com isso, os acionistas e gestores das organizações tem buscado novas formas e ou meios de interagir e lidar com essas mudanças afim de conseguir diferenciação no mercado, maximizar seu market share, maiores rentabilidades, retornos sobre seus ativos e principalmente sua perpetuidade através de sua consolidação no cenário dos negócios. A maximização do desempenho organizacional está diretamente ligado ao modelo de gestão, da otimização dos negócios e estabelecimento de objetivos e metas coerentes com a realidade da empresa. Então, para que a organização consiga todos seus objetivos e metas, é de vital importância que a empresa incorpore sistemas de controle interno que lhe permitam fomentar de maneira decisiva os investimentos em ações futuras. Crepaldi (2004) afirma que, “é de fundamental importância a utilização de um controle adequado sobre cada sistema operacional, pois dessa maneira atingem-se os resultados mais favoráveis com menores desperdícios”. Tópicos V – Controladoria 6
  • 7. A controladoria é uma área que auxilia a gestão da organização no alinhamento dos processos, no controle dos mesmos e nas tomadas de decisões dos gestores. Pode-se entender que a controladoria é uma ferramenta fomentadora que tem como característica principal, suprir todas as necessidades da organização e ajudar os gestores a tomarem decisões coerentes e com um risco mínimo para a empresa no curto, médio ou longo prazo. Segundo autores como Oliveira et. al (2002), Catelli (1999), Glautier e Underdown (1977), Aragaki (2002), Catelli e Guerreiro (1999), Siqueira e Soltelinho (2001) apud Ching (2006), definem a controladoria como uma evolução da contabilidade. Segundo Peleias (2002), “a controladoria se baseia em principios, procedimentos e métodos oriundos de outras área de conhecimento, tais como contabilidade, administração, planejamento estratégico, economia, estatística, psicologia e sistemas. Entende-se que a controladoria é uma ciência autônoma, ou seja, mesmo utilizando procedimentos contábeis, ela não se mistura a contabilidade. A área de controladoria pode se vincular à Teoria da Agência ao fazer o monitoramento dos SIs e controlar a situação econômica / financeira da organização. Tais informações relatadas pela área de controladoria serão reportadas aos acionistas para que os mesmos tenham conhecimento da performance da empresa. Isso fomentará e trará maior transparência sobre as ações dos gestores, com isso, minimizará a provável assimetria que existe entre os proprietários e os administradores. Para Jensen e Meckling (1976) apud Nascimento e Reginato (2006) Teoria da Agência “é a relação na qual se estabelece um contrato no qual uma ou mais pessoas (principal) engajam outra pessoa (agente) para desempenhar alguma tarefa em seu favor, envolvendo a delegação de autoridade para a tomada de decisão pelo agente”. Pode-se perceber que a controladoria é uma miscelânea de ciências, cujo propósito é trabalhar o controle interno da organização. Assim sendo, a controladoria, controla, coordena e participa efetivamente de todo processo de gestão da empresa, como no caso do planejamento orçamentário, de modo a atingir suas metas propostas e contribuir para que a organização consiga maximizar seu desempenho. Para Figueiredo e Caggiano (2006), o processo orçamentário realiza-se no curto prazo, normalmente um ano, e fornece uma direção dos passos que os gestores devem seguir no período corrente para que os objetivos organizacionais sejam atingidos. Para Atkinson et al (2000), “a avaliação do desempenho propicia um vinculo critico entre o planejamento, que identifica os objetivos da empresa e desenvolve as estratégias e os processos para alcançá-los, e o controle, que faz os membros da empresa mantê-la no caminho em direção ao alcance de seus objetivos”. Para Hoji (2004), o planejamento consiste em estabelecer com antecedência as ações a serem executadas dentro de cenários e condições preestabelecidos, estimando os recursos a serem utilizados e atribuindo as responsabilidades, para atingir os objetivos fixados. A controladoria é uma ciência que tem a responsabilidade de alinhar a organização, elaborar orçamentos, trabalhar atividades, elaborar padrões de controle, alinhar os sistemas de informações para que trabalhem de maneira sistêmica para atender as necessidades estratégicas e gerenciais da empresa. Tais sistemas, devem ser capazes de gerar relatórios gerenciais que possam satisfazer aos gestores, com informações seguras, úteis e em tempo Tópicos V – Controladoria 7
  • 8. real proporcionando maior ênfase e segurança nas tomadas de decisão, operacionais, gerenciais e ou estratégicas nos ambientes interno e externa da entidade. Padoveze (2005), afirma que basicamente, a controladoria é a responsável pelo Sistema de Informação Contábil Gerencial da empresa e sua missão é assegurar o resultado da companhia. Figura 2. Organograma - Controladoria Fonte: Crepaldi (2004) A importância do Controller no processo de gestão Para Crepaldi (2004), “o Controller é o executivo de normas, controles, metas, objetivos, orçamentos, contabilidade, finanças e informática [...] envolve-se no planejamento, tomada Tópicos V – Controladoria 8
  • 9. de decisão, desenho de sistemas de informações e de sistemas de incentivos e em várias outras tarefas, além de ajudar gerentes em decisões operacionais. O Controller ocupa uma posição na equipe que administra a companhia”. Segundo Figueiredo e Caggiano (2006), “o controller é o gestor encarregado do departamento de Controladoria; seu papel é, por meio do gerenciamento de um eficiente sistema de informação, zelar pela continuidade da empresa [...]”. Segundo Oliveira et. al (2002), o controller deve ser um profissional multifuncional, ou seja, deve acumular experiências nas áreas contábeis, financeiras e administrativas. Hoji (2004) diz que “a principal função do controller é dar suporte à gestão dos negócios da empresa, para que esta atinja seus objetivos, por meio de informações gerenciais geradas em tempo hábil para tomada de decisões, a um custo razoável”. As empresas buscam cada vez mais diferenciação no mercado, buscando novas estratégias que propiciem a elas criar vantagem competitiva. Segundo Ghemawat (2007), para obter vantagem competitiva ou um valor adicionado superior ao das rivais, uma empresa precisa fazer as coisas de maneira diferente da dela, no dia-a-dia. A estratégia competitiva visa a estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência nas empresas (PORTER, 1989). Com isso, as empresas necessitam de profissionais qualificados e com experiência nas áreas em que se dispõem a trabalhar. O profissional da área de Controladoria é o Controller, sendo assim, são exigidos dele para o desempenho coerente da função os seguintes conhecimentos, segundo Oliveira et. al (2002): • Contabilidade e finanças; • Sistemas de informações gerenciais; • Tecnologia de informação; • Aspectos legais de negócios e visão empresarial; • Métodos quantitativos; • Processos informatizados da produção de bens e serviços. Hoje as empresas necessitam de profissionais que atendam a esses requisitos e que sejam pró-ativos, ou seja, que busquem fomentar o controle da organização no que tange ao modelo de gestão adotado. A controladoria é um órgão de controle e que desempenha papel importante nas tomadas de decisão dos gestores e como tal precisa de profissionais (controllers) que satisfação a essas necessidades. Segundo Atkinson (2000), controller é “executivo sênior de finanças e contabilidade que prepara e interpreta as informações financeiras para os administradores, investidores e credores”. Com a evolução constante do mercado, há uma correlação forte no que tange a evolução dos profissionais, independente da área em que atue. Os profissionais da Controladoria não é diferente, pois, para enfrentar os novos desafios do mercado, o controller precisa possuir além das funções observadas anteriormente, novas habilidade, tais como: práticas internacionais de negócios, controles orçamentários, planejamento estratégico, além de tornar-se um profissional de fácil relacionamento e extremamente hábil para vender suas idéias e conceitos (OLIVEIRA et al, 2002). Prestação de contas do Controller no ambiente corporativo Tópicos V – Controladoria 9
  • 10. “Há três anos consecutivos a Emerson Electric vem conquistando taxas de crescimento nas vendas acima de 10% anuais em mercados disputados por intensa concorrência global. Seu faturamento mundial atingiu no ano passado 11,1 bilhões de dólares. A centenária companhia completa uma carreira de 40 anos ininterruptos de geração de lucros e dividendos crescentes. Fabricante de produtos pouco glamourosos em termos de marketing – compressores de geladeira a equipamentos para ar-condicionado, motores e ferramentas elétricas -, a Emerson detém há anos níveis de produção superiores aos dos concorrentes japoneses. É fácil? Pense, por um instante, nas dimensões da companhia. Ela opera no melhor estilo confederativo. Possui 54 divisões que produzem e comercializam acima de 100.000 itens. Emprega 82.000 funcionários, distribuídos por uma centena de países. Cada divisão possui seu próprio presidente. São números que, à primeira vista, podem sugerir um mamute que cresce de forma desordenada. Longe disso. Raras empresas no mundo prosperam de forma tão organizada. Planejamento é, na Emerson, uma prática seguida com fervor quase religioso. Qual é o pressuposto disso? ‘A experiência nos diz que se a administração se concentra nos dados fundamentais e faz follow-ups constantes, não há razão para que não possamos obter lucro ano após ano’ diz o principal executivo – CEO – da empresa. Todos os meses, seus executivos devem enviar um relatório operacional atualizado ao CEO que sumariza os resultados de cada divisão. A cada trimestre, os presidentes das divisões se reúnem para discutir como alocar de forma adequada os recursos da companhia. Além disso, uma vez por ano cada um deles é submetido a uma sabatina com duração de dois dias. Nessas ocasiões, os presidentes divisionais são questionados sobre como alcançar as vendas projetadas para os próximos cinco anos, sobre programas de redução de custo e sobre aqueles detalhes decisivos que fazem deslanchar uma operação. Há algo mais que faz diferença na Emerson. Quando as metas são aprovadas, não há desculpa para que deixem de ser implementadas. Ocorre que os próprios presidentes divisionais que as concebem são responsáveis pela sua execução. Por seu desempenho à frente dos projetos é que são avaliados e bonificados. Essa visão implica envolvimento pessoal, disciplina e persistência”. Exercícios Propostos 1. O órgão Controladoria é de linha ou de assessoria? Participa ativamente das decisões da Alta Administração? Tópicos V – Controladoria 10
  • 11. 2. Quais os princípios norteadores da ação do Controller que são observados nas empresas? 3. A Controladoria, como ramo do conhecimento, possui contribuições de diversas ciências. Cite e justifique a contribuição de outras ciências na área de Controladoria. 4. Qual o papel da Controladoria no processo decisório na organização? 5. Como a Controladoria utiliza os Sistemas de Informação no processo de gestão? BALANCED SCORECARD (BSC) Balanced Scorecard: uma metodologia de gestão em ascensão A Administração Contemporânea impactada por novas tecnologias, grandes desafios para manutenção de liderança de mercado busca através de seus Gestores descobrir novas maneira de conseguir vantagem competitiva. Qual é a mais nova metodologia adotada que possibilita aos gestores obterem isso? Qual a mais nova tendência no mercado mundial sobre a gestão estratégica empresarial a ser estudada e adotada para maximizar o desempenho e os ganhos das empresas? É sabido que acima de tudo o que os gestores querem é saber como conseguir uma aplicação rápida, com custo / beneficio satisfatório em suas empresas desse modelo de gestão novo. Toda estratégia representa uma forma coerente de se obter vantagem competitiva no mercado, a fim de superar obstáculos para o alcance das metas projetadas para o futuro e obter melhores ganhos e retorno sobre o capital investido independente do ramo de atividade em que a organização atue. Mintzberg (2001) afirma que estratégia é o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas, e seqüência de ações de uma organização em um todo coerente. É importante que o processo de formulação estratégica seja feito de maneira clara e objetiva a fim de que toda a organização tenha o conhecimento e educação continua necessária para que a estratégia adotada dê certo. Importante salientar que os sistemas dentro da organização tem que estar integrados em objetos iguais, só assim obterão o resultado esperado. Tal resultado está diretamente relacionado com sua estratégia, pois, tendo uma estratégia bem formulada, alinhada e integrada será determinante para criar vantagem competitiva no negócio. Segundo Mintzberg (2001), uma estratégia bem-formulada ajuda a ordenar e alocar os recursos de uma organização para uma postura singular e viável [...]. Quando se cria alguma estratégia para uma possível defesa e firmação de posição, a organização identifica fatores internos fortes que são usados como diferencial ao ambiente externo e os processos internos com potencial suficiente para criar vantagem competitiva. É importante salientar que os recursos humanos, a TI (Tecnologia de Informação) e os custos são diferenciais como processos internos, então, a estratégia adotada pela organização, deverá focar e ser direcionada para tais processos para um melhor rendimento. Segundo Porter (1999), ao perceberem que os rivais estão utilizando a informação para desenvolver a vantagem competitiva, eles reconhecem a necessidade de se envolverem diretamente na gestão da nova tecnologia. Mais o que é ter vantagem competitiva? Pode-se dizer que vantagem competitiva é uma forma de agregar valor à organização, obter e estabelecer uma posição satisfatória no mercado, trazendo e proporcionando as organizações lucros, rentabilidade e retorno sobre os investimentos feitos durante determinado período. Segundo Ghemawat (2000), para se Tópicos V – Controladoria 11
  • 12. obter uma vantagem competitiva ou um valor agregado superior aos dos rivais, uma empresa precisa fazer as coisas de maneira diferente delas no dia-a-dia. Uma das formas de se obter vantagem, incorporando valor à empresa é trabalhando com modelos de gestão em ascensão no mercado. Atualmente, um desses modelos que se destacam é o Balanced Scorecard. No inicio da década de 1990, surgiu o Balanced Scorecard, que tem como objetivo integrar e mensurar o longo prazo com indicadores abrangentes. Esse modelo de gestão conhecida pela sigla BSc, foi desenvolvida e criada por Robert Kaplan, professor de desenvolvimento de liderança da Harvard Business School e David Norton co-fundador da empresa de consultoria Renaissance Solutions. Tal pesquisa para o desenvolvimento dessa metodologia de gestão foi desenvolvida pela firma de consultoria KPMG. O resultado da pesquisa foi um artigo publicado pela Harvard Business Review (“The Balanced Scorecard”) no ano de 1993 na edição de janeiro-fevereiro. Tal artigo repassou a seguinte mensagem aos gestores: “O que você mensurar, conseguira ter”. Bem como nesse artigo os autores propuseram trabalhar com quatro perspectivas: a financeira, a de clientes, a de processos internos e de aprendizado e crescimento. Para Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecard é para os executivos, uma ferramenta completa que traduz a visão e a estratégia da empresa num conjunto coerente de medidas de desempenho. Mas o que é medir? Bem, a palavra medir em administração é tão velha quanto os negócios, e desde então vem se perpetuando em mensurar valores apenas no curto prazo. O Balanced Scorecard trabalha focado no longo prazo, e na maioria das vezes os gestores não tem como medir o que acontece no longo prazo, então, o que não pode ser mensurado não é gerenciado. O Balanced Scorecard como um modelo de gestão integrado, trabalha com sistemas de indicadores de desempenho financeiros e não-financeiros que medem e gerenciam o comportamento da organização a curto e longo prazo. De acordo com Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecard preserva os indicadores financeiros como a síntese final do desempenho gerencial e organizacional, mas incorpora um conjunto de medidas mais genérico e integrado que vincula o desempenho sob a ótica dos clientes, processo internos, funcionários e sistemas ao sucesso financeiro alongo prazo. Com a publicação do primeiro livro “A Estratégia em Ação”, em 1996, Kaplan e Norton introduziram o conceito de causa e efeito. Pode-se entender que causa e efeito se relaciona com relações de hipóteses do tipo “se-então”, por exemplo: se os clientes estão satisfeitos com a qualidade do produto e serviço, então a empresa obterá maior retorno sobre as vendas. O Balanced Scorecard é um modelo de gestão que traduz e comunica a missão, visão e a estratégia adotada pela empresa através de vários indicadores, na forma de quatro perspectivas que se integram num processo de causa e efeito. Segundo Kaplan e Norton (2006), cada uma dessas quatro perspectivas é interligada por uma cadeia de relações de causa e efeito. Para Kaplan e Norton (1997), a cadeia de causa e efeito deve permear todas as quatro perspectivas de um BSc, identificado um potencial indicador a ser incluído no BSc da empresa, deverá ser avaliado se ele possui relação de causa e efeito nas várias perspectivas do BSc. Tópicos V – Controladoria 12
  • 13. Pode-se entender que o BSc está estruturado a partir de quatro perspectivas básicas integradas: perspectiva financeira, perspectiva do cliente, perspectiva dos processos internos e perspectiva de aprendizado e crescimento. O que faz com que o BSc seja um diferencial como sistema gerencial? É pelo fato de que com a metodologia aplicada no BSc, a missão e a visão da organização precisam ser mensuradas em objetivos e metas que reflitam o verdadeiro interesse e as expectativas dos stakeholders e da estratégia adotada pela empresa, ou seja, os objetivos e metas do scorecard derivam da visão e da estratégia da empresa. Perspectivas do Balanced Scorecard O BSC foi criado inicialmente para ser um painel de indicadores através do qual seria possível aos executivos e acionistas acompanhar não apenas o desempenho financeiro da empresa, mas também outros indicadores como percepção de valor gerado aos clientes, desempenho de processo operacionais e o crescimento intelectual e motivacional de seus recursos humanos. Tais perspectivas partem do principio administrativo que avaliam o ambiente interno e externo da empresa. O que ficou claro com o tempo, porém, é que ele poderia ir muito além disso, transformando-o em um potente recurso para alinhamento tático às diretrizes estratégicas. VARIÁVEIS AMBIENTAIS Ambiente Interno: - Motivação dos empregados. Capital ou Ativo intangível - Processos internos: Treinamento, educação e saúde. - Produtos e serviços de alta qualidade. - Pesquisa de novos produtos. Ambiente Externo - Satisfação dos clientes. Capital ou Ativo intangível - Atendimento à comunidade. Fonte: Figueiredo e Caggiano (2006). Dessa forma, o BSC é uma ferramenta para se organizar um determinado conjunto de objetivos em cadeia de geração de valor. Esse conjunto organizado de objetivos é chamado de “mapa estratégico”. Segundo Figueiredo e Caggiano (2006), o Balanced Scorecard pode ser entendido como um conjunto de indicadores que proporciona aos gerentes uma visão rápida e abrangente de toda a empresa. Assim, os objetivos dos mapas estratégicos devem ser agrupados em quatro categorias, ou perspectivas: Perspectiva Financeira Mensura e descreve os resultados finais da estratégia em termos financeiros tradicionais, através de índices econômico-financeiros que poderão ser tirados das demonstrações contábeis, sendo assim, o objetivo de se trabalhar com a perspectiva financeira é de mostrar como as informações contidas nas demonstrações contábeis / financeiras podem ser organizadas em indicadores capazes de fornecer a organização informações do seu desempenho financeiro. Então, os indicadores serão divididos pelo seu desempenho ou Tópicos V – Controladoria 13
  • 14. seja: índices de solvência, de atividade, alavancagem financeira e rentabilidade. Para Reis (2003), as demonstrações contábeis consistem num conjunto de demonstrativos previstos em lei, elaborados no encerramento do exercício social. Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2002), “relação determinada a partir das demonstrações financeiras de uma empresa e utilizadas para fins de comparação”. Braga (1995), afirma que “com uma dúzia de índices pode-se fazer um bom diagnóstico sobre a situação econômico-financeira da empresa, desde que os mesmos sejam corretamente interpretados no seu conjunto e avaliados mediante o confronto com outros índices da própria empresa ocorridos no passado e com os índices de seus concorrentes diretos e do agregado do ramo do setor”. As demonstrações financeiras individualmente não são capazes de fornecer informações importantes no que tange ao desempenho da empresa, mas se alinhadas forneceram as informações que serão usadas para agregar valor à organização. Serão usados os indicadores de: rentabilidade (receita bruta, lucro bruto, lucro liquido, ROA, ROE, capital de giro líquido), solvência (liquidez geral, liquidez corrente), alavancagem financeira (endividamento geral), e Atividade (giro do ativo). Eles apontam concretamente se a estratégia traçada e implementada está ou não produzindo os resultados desejados pelos gestores e/ou acionistas, na busca da maximização de mercado, ou seja, no aumento de seu market share. Segundo Ross et al (2002), a administração precisa avaliar continuamente o desempenho da empresa, e as demonstrações financeiras fornecem informações úteis. Para Kaplan e Norton (1997) apud Nascimento e Reginato (2007) a perspectiva financeira trabalha com três estágios: crescimento, sustentação e colheita, sendo assim, cabe a área de controladoria auxiliar na identificação da fase em que a organização se encontra e a partir disso auxiliar os gestores a definirem as principais estratégias e, também, indicar como devem ser implementadas e, por conseguinte, controladas. Quadro 1. Medição da perspectiva financeira. Fases Aumento e Mix de Redução de Utilização dos Receita custos/Aumento ativos de produtividade Crescimento - aumento da taxa - investimento; de vendas por - pesquisa e segmento; Receita/funcionário desenvolvimento - percentual de receita. Sustentação - seleção de - custos x custos - índices de capital clientes; dos concorrentes; de giro; - lucratividade por - taxas de redução - taxas de clientes e linhas de de custos; utilização dos produtos; - despesas indiretas ativos - percentuais de receita. Colheita - lucratividade - custos unitários - retorno; - rendimento Fonte: Nascimento e Reginato (2007). Tópicos V – Controladoria 14
  • 15. Perspectiva do Cliente O propósito da perspectiva do cliente no artigo é identificar as melhores formas de agregar valor aos clientes, ou seja, como a organização deve competir para criar valor aos seus consumidores. Sendo assim é coerente dizer que as organizações devem focar em estratégias coerentes que possam satisfazer os clientes proporcionando melhores margens de lucro e maximização de mercado. Então, a perspectiva do cliente leva a analisar o desempenho da organização na ótica do cliente. Os consumidores possuem interesses muitas vezes diversos dos gestores e é fundamental avaliar se eles de fato valorizam a empresa e percebem que suas necessidades sendo satisfatoriamente atendidas. Segundo Kaplan e Norton (1997), a perspectiva do cliente permite que os executivos identifiquem os segmentos de clientes e mercados nos quais a unidade de negócios competirá e as medidas do desempenho da unidade nesses segmentos-alvo. Segundo Nascimento e Reginato (2007), a área de controladoria, dentro de uma visão sistêmica e por meio de seus mecanismos de controle organizacionais, tem a incumbência de analisar todos os indicadores referentes à perspectiva de clientes, com a finalidade de obter informações pertinentes ao andamento dos negócios, sempre comparado se a situação atual, decorrente das atuações de cada área,está em concordância com os planos traçados pela administração. Perspectiva do Processo Interno Aborda os processos críticos da criação de valor e para a realização dos objetivos dos stakeholders e shareholders. É importante que a organização crie formas para mensurar, avaliar e analisar o desempenho do ciclo dos processos, ou seja a cadeia de valor da empresa. Sendo assim, essa perspectiva precisa ser cuidadosamente planejada, pois é nela que se concentram os indicadores críticos relacionados com a estratégia. Kaplan e Norton (1997) afirma que “os executivos identificam os processos internos críticos nos quais a empresa deve alcançar a excelência”. Entende-se que a controladoria tem o papel de monitoramento ininterrupto dos processos internos da empresa, para que os mesmos se desenvolvam eficientemente. Para Nascimento e Reginato (2007), além da atuação dessa área, responsável pelo controle organizacional, como já visto, a empresa deve ter um sistema de informações flexível e consistente e um sistema robusto de controles internos para que os processos fluam a favor dos propósitos da empresa. Perspectiva do Aprendizado e Crescimento Nos últimos anos, temos vivido muitas mudanças, mas, uma das principais foi no pensamento gerencial, ou seja, tal pensamento transformou o papel dos usuários, que passaram de simples provedores de força física para geradores de dados e os mesmos em informações. Portanto, tal perspectiva do aprendizado e crescimento, procura abordar a mobilização dos ativos intangíveis em torno da estratégia. Nessa perspectiva, destacam-se a gestão de recursos humanos, gerentes, supervisores, funcionários etc, de forma a mantê- los capacitados e motivados para que sejam atingidos os objetivos propostos. Assim sendo, uma empresa concentrada em determinado segmento, como, por exemplo, investidora no meio ambiente, pode criar uma perspectiva especifica para tal (perspectiva Tópicos V – Controladoria 15
  • 16. do meio ambiente). Além disso, as empresas poderão utilizar perspectivas como renovação e desenvolvimento, recursos humanos, comunidade, entre outras, cabendo avaliar a necessidade de cada uma (NASCIMENTO e REGINATO, 2007). As quatro perspectivas do BSc Abaixo, apresenta-se as quatro perspectivas do BSC e sua relação com outros aspectos. Em tese, os mapas estratégicos do BSC podem ter mais de quatro perspectivas, algumas empresas de fato criam novas perspectivas em função de suas especificidades. Todavia, é altamente improvável que as quatro perspectivas clássicas não sejam suficientes para atender a demanda da grande maioria das organizações, assim não é recomendável utilizar uma estrutura diferente da apresentação. Quadro 2. As quatro perspectivas do BSc PERSPECTIVAS OBJETIVO O QUE SE PERGUNTA DESEJA CRITICA ALCANÇAR Perspectiva Geração de Valor aos Define como Quais são as Financeira Gestores alcançar a expectativas de rentabilidade, o nossos gestores, em retorno e o lucro termos de desejados pelos desempenho gestores. financeiro? Perspectiva do Geração de valor ao Estabelece as Para atingir nosso Cliente cliente condições que criarão objetivos financeiros, valor ao cliente como criamos valor para os clientes? Perspectiva Interna Processo Internos Identifica os processo Em que processos Estratégicos que transformarão os devemos ser ativos intangíveis em excelentes para resultados para os satisfazer nossos clientes e gestores. clientes e gestores? Perspectiva de Ativos intangíveis Determina os ativos Como alinhamos Aprendizado e (recursos humanos) intangíveis a serem nossos ativos Crescimento alinhados e intangíveis – pessoas, integrados para criar sistemas e cultura valor. para melhorar os processo críticos? Fonte: feito pelo autor. Tópicos V – Controladoria 16
  • 17. COMO A EMPRESA FAZ A LIGAÇÃO E MENSURAÇÃO COMO A EMPRESA FAZ A LIGAÇÃO E MENSURAÇÃO NAS QUATRO PERSPECTIVAS NAS QUATRO PERSPECTIVAS FINANÇAS (+) retorno do lucros capital empregado despesas (-) operacionais CLIENTES satisfação do cliente PROCESSO INTERNO retrabalho INFRA ESTRUTURA moral dos sugestões dos empregados empregados (+) 15 Fonte: Crepaldi (2004). Mapas Estratégicos O Mapa Estratégico do BSC, deve demonstrar como a organização pretende mobilizar seus ativos intangíveis (pessoas, sistema, cultura), de forma que possam se concentrar em processos estratégicos de geração de valor e que isso possa ser concretamente percebido e apreciados pelos clientes. O resultado financeiro esperado pelos gestores nada mais é do que uma conseqüência positiva de tudo isso Os mapas estratégicos devem, dessa forma, reunir um determinado conjunto de objetivos, agrupados nas quatro perspectivas (Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento). Importante frisar que é preciso ter muita clareza na definição dos objetivos, observando especialmente quatro aspectos fundamentais: • Definir poucos objetivos – importante para a empresa, para que possamos criar um foco ter mais clareza em suas estratégias; • Escolher objetivos que possam ser medidos – não se pode melhorar o que não se pode medir; • Não confundir objetivos com ações – objetivos medem resultados e ações são movimentos ou coisas que devem ser feitas; • O mapa deve refletir a estratégia – a leitura de um mapa deve deixar claramente explicitada qual estratégia está sendo adotada pela organização. Tópicos V – Controladoria 17
  • 18. Contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico da região, visando atender às demandas e as necessidades de nossos clientes, advindas do processo de transformação da sociedade. Paixão pelo tipo de organização que Criar valor superior para os gestores estamos construindo juntos Financeira Crescimento da receita Aumentar o retorno sobre Rentabilidade os investimentos Clientes Fidelização do cliente Desenvolver relacionamentos duradouros, com Valor percebido ênfase à qualidade do produto e respeito ao cliente. pelo cliente Penetrar Oferecer soluções Cumprir exigências e Sempre melhorar a estrategicamente em inovadoras superar expectativas qualidade de nossos novos mercados produtos Processos internos Compreender melhor nossos clientes e mercado Viabilizar a estratégia por meio de plataforma de tecnologia (TI) Pessoas motivadas e preparadas Domínio de novas competências Comportamento empreendedor Construir uma cultura de alto (funcionários) desempenho orientada para resultados Nossos valores essenciais são o fundamento de tudo que fazemos Figura 3. Exemplo de Mapa estratégico. Fonte: feito pelo autor. Observando a Figura 3, constata-se que as setas indicativas que ligam as perspectivas e seus objetivos representam a relação de causa e efeito, ou seja, o “se” e o “então”. Por exemplo, “se a organização compreender melhor os clientes e o mercado, então, cumprirá as exigências e superará expectativas”; “se desenvolver relacionamentos duradouros com ênfase na qualidade do produto e respeito ao clientes, então, aumentará o retorno o retorno sobre os investimentos”. Assim sendo, ocorre para cada uma relação de causa e efeito e com isso percebe-se que o mapa estratégico está todo alinhado, ou seja, em uma cadeia, onde os objetivos impactam um no outro. Para Nascimento e Reginato (2007), a controladoria participa de cada fase de definição e implementação do BSc, desde o delineamento dos objetivos até o controle de todas as perspectivas, comparando se o que foi definido no scorecard está sendo assimilado por todos e conseqüentemente executado de forma consistente, considerando-se as expectativas Tópicos V – Controladoria 18
  • 19. retratadas no modelo de gestão, procurando, por meio dessa metodologia, manter a harmonia sistêmica a fim de que a empresa perpetue. Objetivos – Indicadores – Metas - Ações Segundo Kaplan e Norton (1997:21), medir é importante: “O que não é medido não é gerenciado”. Assim, uma vez estabelecidos os indicadores, é fundamental determinar como será mensurado o seu atingimento. È importante determinar as metas para cada indicador. È importante salientar, para que as metas sejam atingidas a contento, é preciso que sejam planejadas as ações a serem implementadas As metas não serão atingidas se não houver participação direta de todos os colaboradores/equipes da organização, em torno de iniciativas coerentes e estrategicamente bem elaboradas. A Perspectiva Financeira indica se a estratégia de uma empresa e sua implementação estão gerando valor Visão e Missão econômico agregado para os acionistas e demais stakeholders. A Perspectiva Cliente avalia se a proposição de valor para os Perspectiva Financeira segmentos-alvo de clientes está Objetivos Medidas Metas Indicadores sendo concretizada. A Perspectiva do Aprendizado e Crescimento indica qual é o valor Perspectiva do Cliente do empregado em razão de sua Objetivos Medidas Metas Indicadores capacidade de aprender, criar e compartilhar conhecimentos e como suas competências contribuem para Perspectiva dos Processos Internos de Negócios a geração de valor de forma Objetivos Medidas Metas Indicadores integrada, em todas as perspectivas A Perspectiva dos Processos do Balanced Scorecard. Internos indica que processos internos são críticos para a geração de Perspectiva de Aprendizagem e Conhecimento valor percebido pelo cliente e para Objetivos Medidas Metas Indicadores aumentar a riqueza do acionista. Figura 4. O desdobramento dos objetivos estratégicos nas perspectivas de valor. Fonte: Herrero Filho (2005:212), adaptado pelo autor. Quadro 3. Objetivos – Indicadores – Metas - Ações OBJETIVO • AUMENTAR O NÚMERO DE CLIENTES DA ORGANIZAÇÃO INDICADOR • NÚMERO DE CLIENTES NO ANO META • CRESCER 20% AÇÕES • ORGANIZAR O PROCESSO DE RELACIONAMENTO DA ORGANIZAÇÃO COM SEUS PARCEIROS • ENVOLVER COM DINAMISMO DIRETORES E GERENTES NA BUSCA Tópicos V – Controladoria 19
  • 20. DE NOVOS CLIENTES PARA A EMRPESA • CRIAR UMA POLITICA DE BOM RELACIONAMENTO COM OS CLIENTES NOVOS, PARA QUE SE CONSIGA A FIDELIZAÇÃO DOS MESMOS. Fonte: feito pelo autor. Aplicação prática do Balanced Scorecard Grandes empresas mundiais, como a Sears, a Shell, a ABB, a Móbil, a General Motors, e alguns bancos, como o Chemical Bank e o J.P. Morgan Chase, vêm sendo administrados com base no método de Kaplan e Norton. A revista Exame de 7 de março de 2001 publicou o artigo. “Tintim por tintim”. Tal pesquisa enfatizou as 500 maiores empresas brasileira, constatou-se que 20 empresas pesquisadas já haviam aderido ao BSC. A subsidiária da Alcoa, líder mundial no setor de alumínio, é uma delas. Na Alcoa, a remuneração variável de seus funcionários está ligada ao cumprimento dos objetivos descritos no mapa estratégico. Outras empresas citadas no artigo são: a Monsanto, a Suzano, uma das maiores fabricantes brasileiras de papel e celulose, e a Embrapa, estatal que se dedica à pesquisa no setor agropecuário. Para facilitar o entendimento quanto à utilização do BSC na prática empresarial, passa-se a comentar sobre o caso da Embrapa, utilizando o artigo citado. Nessa empresa, existia uma gestão estratégica que não saía do papel, sendo que o BSC começou a ser implantado em 1997. A empresa vinha sendo pressionada pelo governo a prestar um serviço de maior qualidade, com custos menores. Para atender a tais objetivos estratégicos, suas pesquisas deveriam ser orientadas para atender às demandas de mercado e, sempre que possível, se transformar em fontes de receitas. Para iniciar a implantação do BSC na Embrapa, foi escolhida uma de suas 40 unidades de negócios, que foi a de agroindústria de alimentos, com sede no Rio de Janeiro. Essa unidade de negócios reunia as características que facilitaram o desenvolvimento do projeto, tais como: era pequena, com apenas 140 funcionários. Uma das primeiras providências foi reunir 50 desses profissionais para traduzir a missão da unidade numa estratégia clara e focada. Por exemplo, foram abandonadas pesquisas envolvendo o mercado de trigo, sendo o foco então dirigido para o desenvolvimento de produtos que levassem praticidade ao consumidor final, como saladas e frutas já lavadas e embaladas. A próxima etapa da implantação do BSC foi a construção do chamado “mapa Tópicos V – Controladoria 20
  • 21. estratégico”, para destaque de todos os objetivos essências à concretização da estratégia da unidade, bem como a relação entre eles e os parâmetros para a avaliação constante dos resultados alcançados. Foi definido que seriam utilizados no máximo três indicadores de desempenho para cada objetivo. Conclusão Em suma, segundo Nascimento e Reginato (2007), o Balanced Scorecard (BSC) é um sistema gerencial que conduz e implementa de forma a efetivar a estratégia, ou seja, a implementação de ações, além de organizar o processo de mudança competitiva, conduzindo a organização desde o desempenho atual até a obtenção dos resultados esperados e dos objetivos estratégicos definidos. Para que isso aconteça deve ter o apoio eficiente das áreas, dos gestores e sistema como um todo. Esclarecendo e Traduzindo a Visão, a Esclarecendo e Traduzindo a Visão, a Missão e a Estratégia. Missão e a Estratégia. •• Esclarecendo a Visão Esclarecendo a Visão Estabelecendo o Consenso Estabelecendo o Consenso Comunicando e Comunicando e Feedback e Aprendizado Feedback e Aprendizado Estabelecendo Estabelecendo Estratégico. Estratégico. Vinculações. Vinculações. •• Articulando a visão Articulando a visão •• Comunicando e Comunicando e compartilhada compartilhada educando educando Fornecendo feedback Fornecendo feedback Estabelecendo metas Estabelecendo metas Balanced estratégico estratégico Integrando Integrando Scorecard Facilitando a revisão e Facilitando a revisão e recompensas a medidas recompensas a medidas o aprendizado o aprendizado de desempenho e de desempenho e estratégico estratégico performance. performance. Planejamento e Estabelecimento de Planejamento e Estabelecimento de Metas. Metas. •• Estabelecendo metas Estabelecendo metas Alinhando iniciativas estratégicas Alinhando iniciativas estratégicas Alocando recursos e atividades Alocando recursos e atividades Estabelecendo pontos de referência Estabelecendo pontos de referência Figura 5. O Balanced Scorecard como Sistema Gerencial. Fonte: Kaplan e Norton (1997), adaptado pelo autor. Com isso, a assunto visto neste tópico pode ter como área de apoio, para a as definição, elaboração, implementação e seu controle a controladoria, que, por sua vez, pode se apoiar em eficientes sistemas sistemas de informações e de controles internos para realizar essas atividades a fim de atingir os objetivos preestabelecidos pela administração. Entende-se que a utilização do BSc representa para as organizações o alinhamento e mensuração da própria estratégia (Balanced Scorecard) adotada pela empresa, afim de que consiga convergir os esforços em resultados e retornos satisfatórios para os gestores. Com isso, a abordagem deste tópico procurou enfatizar que a metodologia do BSc pode se apresentar como uma ferramenta consistente e contributivo para o adequado desempenho e controle da organização. Tópicos V – Controladoria 21
  • 22. Fonte: Crepaldi (2004). Tópicos V – Controladoria 22
  • 23. Exercícios Propostos 1. Qual o objetivo gerencial do Balanced Scorecard? 2. O Balanced Scorecard é um sistema inovador de gerenciamento que analisa o desempenho das unidades de negócio sob quatro perspectivas; quais são elas? 3. O que são “Mapas Estratégicos”? EVA e MVA: MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA PERFORMANCE DAS EMPRESAS A maximização da riqueza, principal função dos administradores, decorre da capacitação de os gestores gerirem de forma eficaz os fatores de produção, em especial os fatores de produção, o capital da empresa, próprio e de terceiros. Sob esse aspecto, o capital de terceiros tradicionalmente tem sido contemplado no que tange à geração de riqueza para os acionistas, não acontecendo, todavia, o mesmo em relação ao capital dos acionistas, ou ao capital próprio (NASCIMENTO e REGINATO, 2007). O EVA (economic value added) e o MVA (market value added), são métodos que são usados para avaliar se os gestores estão gerindo de forma correta os recursos investidos pelos acionistas. Tanto o EVA como o MVA são medidas de desempenho que possibilitam aos executivos, acionistas e investidores terem uma nítida visão acerca da rentabilidade do capital investido na organização. Segundo Nascimento e Reginato (2007), pode-se, assim, definir uma parcela do ganho adicional à remuneração dos executivos como incentivo para que eles busquem maximizar a riqueza dos acionistas, minimizando, com isso, os custos de agência. As metodologias EVA e MVA procuram corrigir o conflito de agência e conseqüentemente minimizar seus custos, induzindo o gestor a agir como acionista, ou seja, tomando decisões de investimento mais coerentes com a realidade do mercado. Os métodos EVA e MVA, servem de vinculo entre o planejamento, a execução e o controle, transformando-se em indicadores financeiros que permitam que os gestores monitorem os resultados econômicos da empresa, ou seja, verificando se os objetivos e metas que foram traçados anteriormente estão em conformidade com o planejado pela gestão. É com base nesse foco, que será trabalhado as duas metodologias sob a ótica da controladoria, pois, os dois métodos são ferramentas que são usadas para monitorar o sistema empresa e de avaliar o desempenho econômico/financeiro da organização. Buscará averiguar se o que foi projetado realmente ocorreu eficazmente, metas foram executadas com êxito, bem como apontando as possíveis correções em caso de desajustes de rumo. É preciso que os gestores administrem bem o valor da empresa, e com isso, os gestores precisam ser capazes de visualizar o mercado, ou seja, o cenários dos negócios, com seu feeling e uma visão aguçada de 360 graus, com isso será capaz de criar novas oportunidades para agregar valor a empresa. De forma igual, é necessário desenvolver em toda a Tópicos V – Controladoria 23
  • 24. organização uma filosofia voltada à mencionada administração do valor, e isso provém do modelo de gestão adotado e disseminado entre os membros da empresa. Entende-se que a necessidade de agregar valor a empresa, especialmente pelo acionista, não é alusiva apensas quando o cenário dos negócios for propicio ou exigir, mas tal prática deve ser sistêmica e ser iniciativa de todos os stakeholders que compõe direta ou indiretamente a organização. Existem muitas formas de se avaliar valor em se tratando de organizações, porém, a metodologia EVA e MVA são especificas para auxiliar os gestores nas tomadas de decisões. Tais decisões corroboraram para que a empresa agregue valor, criando vantagem competitiva e diferenciação no mercado. As metodologias adotadas também impactaram positivamente na área de controladoria, como uma alternativa de monitoramento do desempenho da organização. O método EVA (Economic Value Added) Segundo Crepaldi (2004), o EVA foi criado com a finalidade de avaliar se, a cada ano, a empresa está ganhando dinheiro suficiente para pagar o custo do capital que administra. Portanto, o conceito básico é o de calcular a remuneração mínima exigida pelos acionistas e abatê-la do lucro apurado da empresa. Para Oliveira et. al (2002), “é a medida de desempenho ligada diretamente à criação de riqueza ao acionista. É o indicador para a tomada de decisão para a criação de valores para o dono do capital. De forma mais objetiva é o lucro líquido operacional depois dos impostos (NOPAT – Net Operating Profit After Taxes) deduzido do custo de capital de terceiros e do custo de capital próprio. Se o cálculo do EVA for negativo, a empresa, naquele ano, está destruindo o capital do acionista. Com isso, o EVA consiste na diferença entre o lucro líquido operacional da empresa após o imposto de renda e o custo anual total do capital. EVA = Resultado Operacional após imposto – (Capital x Custo do Capital) O EVA não é mais do que o resultado operacional após impostos, menos o custo de oportunidade de todo o capital investido na empresa. Visto de outra forma, o EVA é o montante remanescente entre o resultado verificado e a taxa de retorno mínima exigida pelos investidores, face a alternativa de investimento noutros ativos de risco semelhante. O EVA é considerado por muitos como a forma mais perfeita de medir a performance econômica em determinado período, traduzindo os resultados verificados numa óptica contábil numa realidade econômica. EVA = (Rentabilidade do investimento – Custo do Capital) x Capital investido O EVA tem grande vantagem de ser um indicador conceitualmente simples e fácil de compreender, pelo menos ligadas a finanças, uma vez que se resume a uma relação entre resultado operacional e o custo do capital investido. Para achar o resultado operacional Tópicos V – Controladoria 24
  • 25. depois dos impostos, haverá que efetuar alguns ajustamentos aos valores obtidos (estes ajustamentos podem variar de empresa para empresa) de forma a corrigir eventuais distorções contábeis. Para determinar o montante de capital, haverá que adicionar ao valor contábil do capital próprio todos os diferentes tipos de dívida, efetuando igualmente outros ajustamentos adicionais considerandos relevantes. O passo seguinte é determinar o custo do capital e finamente efetuar a subtração entre as duas rubricas apuradas. Custo de Capital O custo do capital é o retorno exigido pelos fornecedores do mesmo, refletindo desse modo não só o fator temporal do valor do dinheiro, mas também a compensação pelo risco assumindo, pelo que quanto maior o risco, maior será o custo do capital. Estando o valor do EVA diretamente relacionado com a utilização do capital, significa que os gestores têm de se preocupar não só com os ativos mas também com os proveitos produzidos pelos ativos, o que os obriga a deter uma compreensão mais correta do trade-off entre os ativos. Dessas considerações depreende-se que uma variável fundamental para se chegar ao valor econômico adicionado é o custo médio ponderado de capital (CPMC), definido segundo Assaf Neto, como sendo “o Custo de Capital que equivale aos retornos exigidos pelos credores de empresa (capital de terceiros, bônus e debenturistas) e por seus proprietários”. CPMC é expresso pela fórmula: CPMC = CP ÷ (CP + CT) * Rcp + CT ÷ (CP + CT) * Rct * (1 – IR) Onde: CP = Volume de Capital Próprio = Patrimônio Líquido CT = Volume de Capital de Terceiros = Exigível Longo Prazo Rcp = Custo do Capital Próprio = nível de retorno do acionista Rct = Custo do Capital de Terceiros IR = Alíquota de Imposto de Renda da Empresa Cálculo do EVA Contabilmente: Uma das maneiras de se calcular o EVA é a partir do Demonstrativo de Resultado padrão, conforme indicado a seguir: (+) Receita Operacional (-) Custos e Despesas Operacionais (=) Lucro Operacional (-) Imposto de Renda (=) Lucro Operacional após IR (NOPAT) (-) Custo de Capital de Terceiros (=) Lucro Líquido do Exercício (-) Custo do Capital Próprio Tópicos V – Controladoria 25
  • 26. (=) EVA Financeiramente, pode-se calcular o EVA pela expressão matemática: EVA = (R – C) * Capital Investido Onde: R = Taxa de Retorno esperada C = Custo de Capital (CPMC) ou EVA = ROI x Investimento – CPMC x Investimento ou EVA = Lucro Contábil Ajustado – Custo de Capital x Nível de Investimento ou EVA = NOPAT – Custo do Capital Onde: NOPAT = lucro operacional líquido após os impostos O EVA, enquanto indicador de performance, pode ser utilizado ao nível de toda a empresa para medida da performance geral, ou de uma unidade de negócio, departamento, divisão, projeto de investimento etc. Uma das utilizações mais freqüentes é para o estabelecimento de métodos de compensação de executivos. Em síntese, o EVA tem ganho crescente importância para as empresas enquanto medida de avaliação de performance e de controle de gestão. Em face de ênfase colocada no capital e especialmente na correta alocação dos custos inerentes ao mesmo a seus devidos utilizadores, o EVA tem-se revelado como excelente indicador. Importa, no entanto, ter presente que, para sua correta implementação, é necessário perceber não só os conceitos que lhes são subjacentes, mas também a situação específica de cada empresa ou unidade de negócio. Visto não haver qualquer evidência de que a utilização de um método garanta melhores resultados do que todos os outros, recomenda-se o uso simultâneo de vários métodos de avaliação, uma vez que a utilização de um só método de avaliação de performance financeira não garante que apuremos os valores mais corretos. Assim, será importante que o EVA passe a fazer parte das ferramentas de todas as empresas, uma vez que este indicador Tópicos V – Controladoria 26
  • 27. lhes permitirá ver claramente a relação estratégicas de nível operacional e de investimento, bem como a avaliação retrospectiva da performance alcançada. Conforme dito anteriormente, o EVA está diretamente relacionado com o valor de mercado de uma empresa. Se o resultado econômico for superior ao custo do capital, existe criação de valor; para resultados inferiores, destruição de valor. O método MVA (Market Value Added) O MVA representa a diferença entre o preço atual das ações no mercado acionário e o valor investido pelos acionistas no negócio. Apura a diferença entre o valor total de mercado da empresa e o capital nela investido, ou seja, é a diferença entre o cash-in (o que foi investido, contemplando todas as formas de financiamento) e o cash-out (o que os investidores poderiam obter se vendessem a empresa atualmente). O EVA é uma medida estática da performance passada, já o MVA busca avaliar o valor econômico da empresa de acordo como o potencial de resultados futuros. O MVA é também considerado uma medida do valor presente da empresa. Ainda segundo Al Ehbar, o MVA é o montante acumulado pelo qual a empresa valorizou ou desvalorizou a riqueza dos acionistas. Reflete como a empresa investiu capital no passado e como investirá novos capitais no futuro. MVA = Valor Total de Mercado – Capital Investido MVA = Valor de Mercado do Capital – Valor Contábil do Capital Assumindo que o valor de mercado e contábil da dívida são equivalentes, então o MVA é a diferença entre os valores de mercado do capital da empresa. O MVA permite apurar o valor que foi adicionado ou subtraído do investimento efetuado pelos acionistas. O sucesso de uma empresa na criação de MVA depende da taxa de retorno dos investimentos quando comparada com seu custo de capital. O mesmo se passa com o EVA, pelo que EVA positivos implicam MVA positivos e vice-versa. Desse modo, então podemos redefinir o MVA como o valor atual de todos os EVA futuros. Por exemplo: Item 20x6 20x7 Diferença Valor Contábil do Capital 3.700 4.000 300 Valor Contábil da Dívida 5.300 5.500 200 Total do Capital Investido 9.000 9.500 500 Valor de Mercado do Capital 12.000 15.000 3.000 Valor de Mercado da Empresa 17.300 20.500 3.200 Market Value Added MVA 8.300 11.000 2.700 Tópicos V – Controladoria 27
  • 28. Conforme se constata, a relação existente entre o EVA e o MVA tem implicações na avaliação da empresa. Rearranjando as equações mencionadas, permite-nos encontrar uma definição para o valor da empresa: Valor de Mercado da Empresa = Valor do Capital Investido + Valor Atual do EVA de Projetos Atuais + Valor Atual do EVA de Projetos Futuros Ou Valor de Mercado do Capital = Valor Contábil do Capital + Valor Atual do EVA Futuro Cálculo do MVA A representação matemática do MVA é dada por: MVA = EVA1 ÷ (1 + CPMC)1 + EVA2 ÷ (1 + CPMC)2 + ... EVAn ÷ (1 + CPMC)n ou seja, é o desconto ao valor presente dos EVA futuros, à taxa de custo médio ponderado de capital da empresa. Exemplo Prático de Aplicação do EVA e MVA Para melhor compreensão dos conceitos de EVA e MVA, tomemos como exemplo uma empresa com os seguintes relatórios contábeis: Balanço Patrimonial 31-12-2.0X2 Ativo Passivo Circulante 50.000 Circulante 50.000 Caixa 5.000 Financiamento 50.000 Estoque 45.000 Permanente 100.000 Patrimônio Líquido 100.000 Imobilizado 100.000 Capital 100.000 Total 150.000 Total 150.000 DRE - 2.0X2 Receita Bruta 206.250 CMV (100.000) Lucro Bruto 106.250 Desp. Comercial (30.000) Desp. Administrativa (40.000) Depreciação (10.000) Desp. Financeira (1.250) Lucro Operacional 25.000 IR (20%) (5.000) Lucro Líquido 20.000 Dessa forma, Tópicos V – Controladoria 28
  • 29. Passivo Total = 150.000, sendo, Financiamento (capital de terceiros) = 50.000, representando 33,33% Patrimônio Líquido (capital próprio) = 100.000, representando 66,66% Supondo que o custo de o custo de cada fonte de financiamento seja: Capital de terceiros = 2,5% Capital próprio = 5,0% Podemos, com essas informações, encontrar o CMPC, conforme abaixo: CPMC = % Capital terceiros x custo x (1 – IR) + % Capital próprio x custo CPMC = 33,33% x 2,5% x (1 – 20%) + 66,66% x 5,0% CPMC = 0,6667% + 3,3333% CPMC = 4,0% Encontrando o CMPC, devemos encontrar o ROI (Retorno sobre Investimento) da empresa, segundo a fórmula abaixo: ROI = Lucro Líquido ÷ Investimentos (*) O Lucro Operacional, neste caso, deve ser ajustado, não considerando a despesa financeira, pois esta é a remuneração do capital de terceiros, e este índice avalia a capacidade de geração de resultado independente da forma de financiamento adotada. Portanto, ROI = 20.000 ÷ 150.000 ROI = 13,33% Com base nestas informações, podemos encontrar o EVA da empresa, como segue: EVA = ROI x Investimento – CPMC x Investimento EVA = (13,33% x 150.000) – (150.000 x 4,0%) EVA = 20.000 – 6.000 EVA = 14.000 Com isso, chegamos a um EVA para essa empresa de 14.000, podendo concluir que ela está criando valor para seus acionistas, ou seja, os remunera além do retorno por eles esperado. Mas sem considerar o fato de estar remunerando os shareholders acima de suas expectativas, existem outros fatores importantes na adoção deste método de avaliação. Uma empresa que utiliza o conceito de EVA passa a adotar como filosofia e objetivo a obtenção dos maiores níveis possíveis de lucro, empregando o mínimo de capital. Isso acontece devido ao fato de que no momento em que os funcionários passam a ser Tópicos V – Controladoria 29
  • 30. remunerados, não através de índices de lucro, mas pelo valor agregado em relação ao investimento realizado, os funcionários passam a levar em conta o montante de investimento como fator determinante em sua premiação (o que não acontece com avaliações em que se considera apenas o lucro ou variações do seu montante). Esse tipo de filosofia difundida entre funcionários de uma empresa é de fundamental importância para o acionista, pois ela é coincidente com seus interesses. O que se pode esperar dos colaboradores para os quais esse conceito esteja arraigado é que procurem racionalizar processos e que surja aversão a investimentos desnecessários ou que não tragam o retorno mínimo esperado. Por fim, investidores passam a contar com o método de comparação entre diferentes negócios, pois seu cálculo já leva em consideração o risco; isso através do custo de cada fonte de capital. Nesse caso, uma empresa que apresente maior risco irá apresentar maiores taxas de captação e de custo de capital próprio, o que elevará o CMPC e assim diminuirá o EVA. Apesar das vantagens do EVA, esta é uma medida dirigida ao passado, uma vez que tem como base de avaliação resultados já ocorridos. Por esse motivo, o MVA aparece como fator importante para avaliação de empresas, pois é calculado por resultados esperados no futuro. Utilizando-se do exemplo anterior, vamos supor que a empresa tenha um tempo determinado de duração de cinco anos e que todo o resultado apurado em cada exercício seja distribuído, mantendo-se assim o investimento constante. Além disso, sua projeção de resultados seria como a apresentada a seguir: DRE 2.0X2 2.0X3 2.0X4 2.0X5 2.0X6 Receita Bruta 216.250 226.250 236.250 246.250 256.250 CMV (105.000) (110.000) (115.000) (120.000) (125.000) Lucro Bruto 111.250 116.250 121.250 126.250 131.250 Desp. Comercial (30.000) (30.000) (30.000) (30.000) (30.000) Desp. Administrativa (40.000) (40.000) (40.000) (40.000) (40.000) Depreciação (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) Desp. Financeira (1.250) (1.250) (1.250) (1.250) (1.250) Lucro Operacional 30.000 35.000 40.000 45.000 50.000 IR (20%) (6.000) (7.000) (8.000) (9.000) (10.000) Lucro Líquido 24.000 28.000 32.000 36.000 40.000 Custo do Capital Próprio (5.000) (5.000) (5.000) (5.000) (5.000) EVA 19.000 23.000 27.000 31.000 35.000 Assim, podemos calcular o MVA desta empresa, como: Tópicos V – Controladoria 30
  • 31. MVA = EVA1 ÷ (1 + CPMC)1 + EVA2 ÷ (1 + CPMC)2 + EVA3 ÷ (1 + CPMC)3 + EVA4 ÷ (1 + CPMC)4 + EVA5 ÷ (1 + CPMC)5 MVA = 19.000 ÷ (1,04)1 + 23.000 ÷ (1,04)2 + 27.000 ÷ (1,04)3 + 31.000 ÷ (1,04)4 + 35.000 ÷ (1,04)5 MVA = 18.269 + 21.265 + 24.003 + 26.499 + 28.767 MVA = 118.803 Portanto, pelo MVA, a empresa é totalmente viável, desde que as premissas adotadas aconteçam. Contribuição que as metodologias EVA e MVA traz para a perspectiva financeira do Balanced Scorecard Segundo Herrero Filho (2005), em primeiro lugar, ressalta a responsabilidade do diretor e da equipe do Balanced Scorecard em selecionar os objetivos da perspectiva financeira. Como esses objetivos estão ligados às outras perspectivas (do cliente, dos processos internos e da aprendizagem e crescimento) por meio de relações de causa e efeito, um erro de avaliação na escolha dos objetivos pode comprometer o sucesso do projeto. Em segundo lugar, os objetivos não-financeiro em si do Balanced Scorecard, como, por exemplo, a satisfação dos clientes, a diferenciação de produtos, a inovação e os investimentos na infra-estrutura de tecnologia da informação, devem ser avaliados pela sua contribuição ao aumento do valor econômico agregado. Em terceiro lugar, na escolha dos objetivos financeiros, os profissionais envolvidos no projeto do Balanced Scorecard precisam ter clareza de que há três formas de gerar valor econômico: • Aumentando a taxa de retorno da base de capital investido, por meio de ganhos de produtividade e sem alocar mais capital no negócio. Esta situação reflete a estratégia em curso na empresa; • Investido capital adicional em projetos que apresentem um retorno superior ao do custo do capital. Esta situação é (ou deveria ser) o resultado da priorização das iniciativas do projeto do Balanced Scorecard; • Reduzindo ou descontinuando operações em que o capital investido apresente retornos muito abaixo dos objetivos. Essa situação revela perda de vantagem competitiva da empresa e a necessidade de reestruturação de seus negócios. Conclusão Segundo Nascimento e Reginato (2007), os métodos EVA e MVA, que estão voltados à apuração e à avaliação da criação de valor na organização, podem ser um meio eficaz para a avaliação de desempenho organizacional. A utilização de ambos os métodos será positiva Tópicos V – Controladoria 31
  • 32. e contributiva se o modelo de gestão adotado na organização permitir e facilitar esse processo e se isso ficar claro em seu planejamento. Para que seja agregado algum valor para a empresa, os gestores devem pensar e agir como se fossem os donos do negócio ou acionistas, e devem ser compensados pelos desempenho adequado de suas funções. O EVA é capaz de revelar inúmeras oportunidades de ganhos econômicos, como gestão de risco, escolha da melhor estrutura de capital, entre outras, de forma simplista, que podem não ser vislumbradas por outros métodos de avaliação. Por sua vez, o MVA consegue medir o reconhecimento do mercado em relação aos esforços conquistados pela organização. Em suma, segundo Crepaldi (2004), em contraste com as medidas de cunho fundamentalmente econômico, os indicadores EVA e MVA são particularmente atrativos não só por refletirem os aspectos econômicos do projeto, mas também por levar em conta os aspectos financeiros, tais como alavancagem financeira associada a dada estrutura de capital. Desse modo, esses métodos de avaliação inserem-se como importantes instrumentos auxiliares no planejamento baseado na criação de valor ao acionista. Exercícios Propostos Exercício 1 Não são poucas as vezes que profissionais se utilizam da expressão Valor Agregado para definir ou conceituar algo abstrato, para definir algo que exige alta inspiração e criatividade. Não é totalmente verdadeira esta afirmação, pois grande parte dos problemas de um negócio pode ser resolvido cientificamente, ou seja, por meio de métodos consagrados. São os casos do Custo-Valor ou do Valor Agregado de Gerenciamento, da Análise do Valor ou da Engenharia do Valor, do Valor de Mercado Agregado (MVA) e o Valor Econômico Agregado (EVA). Qual a finalidade e a utilidade maior da aplicação e do estudo do EVA? a. ( ) Comparar o Retorno do Ativo Operacional Líquido com o Custo Médio Ponderado do Capital (CMPC); b. ( ) Comparar o Retorno do Ativo Operacional Líquido com o Custo Médio Ponderado dos Capitais de Terceiros (CCT); c. ( ) Comparar o Valor Patrimonial Corrente com o Valor de Mercado Corrente das ações da empresa; d. ( ) Comparar o Valor Patrimonial Corrente, acrescido do potencial de lucro dos próximos exercícios, com o Valor de Mercado Corrente das ações da empresa; e. ( ) Comparar o Valor Patrimonial Corrente, acrescido do potencial de risco dos próximos exercícios, com o Valor de Mercado Corrente das ações da empresa. Exercício 2 Tópicos V – Controladoria 32
  • 33. Suponha-se uma situação em que o lucro operacional líquido da empresa fosse de $ 250, o capital e o C*(custo de oportunidade arbitrado pelo investidor) 15%. O valor calculado do EVA seria: Exercício 3 Com relação ao Exercício 2, imagine-se que, em decorrência de ganhos de produtividade, ou de eficiência administrativa, o lucro aumentado de $ 250 para $ 300,00. Qual o cálculo do EVA? Exercício 4 Suponha agora em que o NOPAT seja de $ 450, o custo $ 2.000 e o C*(custo de oportunidade arbitrado pelo investidor) 20%. O valor calculado do EVA seria: Exercício 5 Suponha-se que uma empresa investiu $ 100 milhões em outra de risco similar, há cinco anos. Se o custo do capital próprio é de 12%, isso implica em uma expectativa de renda de 12% ao ano, ou seja, ao final dos cinco anos, o investidor esperaria: Exercício 6 Uma empresa emitiu os seguintes relatórios contábeis: Balanço Patrimonial 31-12-2.0X2 Ativo Passivo Circulante 51.000 Circulante 51.000 Caixa 6.000 Financiamento 51.000 Estoque 45.000 Permanente 100.000 Patrimônio Líquido 100.000 Imobilizado 100.000 Capital 100.000 Total 151.000 Total 151.000 DRE - 2.0X2 Receita Bruta 200.000 CMV (100.000) Lucro Bruto 100.000 Desp. Comercial (30.000) Desp. Administrativa (40.000) Depreciação (10.000) Desp. Financeira (1.250) Lucro Operacional 18.750 IR (20%) (5.000) Lucro Líquido 13.750 Supondo que o custo de o custo de cada fonte de financiamento seja: Capital de terceiros = 2,5% Tópicos V – Controladoria 33
  • 34. Capital próprio = 4,0% Pede-se: a) Calcule o CPMC; b) Calcule o ROI; c) Calcule o EVA; Vamos supor que a empresa tenha um tempo determinado de duração de cinco anos e que todo o resultado apurado em cada exercício seja distribuído, mantendo-se assim o ainvestimento constante. Além disso, sua projeção de resultados seria como a apresentada a seguir: DRE 2.0X2 2.0X3 2.0X4 2.0X5 2.0X6 Receita Bruta 200.000 225.000 230.000 250.000 256.000 CMV (105.000) (110.000) (115.000) (120.000) (125.000) Lucro Bruto 95.000 115.000 115.000 130.000 131.000 Desp. Comercial (30.000) (30.000) (30.000) (30.000) (30.000) Desp. Administrativa (40.000) (40.000) (40.000) (40.000) (40.000) Depreciação (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) (10.000) Desp. Financeira (1.250) (1.250) (1.250) (1.250) (1.250) Lucro Operacional 13.750 33.750 33.750 48.750 49.750 IR (20%) (2.750) (6.750) (6.750) (9.750) (9.950) Lucro Líquido 11.000 27.000 27.000 39.000 39.800 Custo do Capital Próprio (5.000) (5.000) (5.000) (5.000) (5.000) EVA 6.000 22.000 22.000 34.000 34.800 d) Calcule o MVA. Exercício 7 Digamos que um investidor tem $ 50.000,00 disponível, sendo duas as opções de investimento: • Poderia investir no mercado financeiro e ganharia 10% ao ano; ou • Abrir um pequeno negócio. Escolheu a segunda opção, que, após um ano, apresentou o seguinte resultado. DRE ($) Receita operacional líquida 120.000 Despesas operacionais (110.000) Lucro operacional 10.000 Impostos (40%) (4.000) Lucro operacional líquido depois dos impostos (Nopat) 6.000 Pede-se: Tópicos V – Controladoria 34
  • 35. Qual o valor econômico agregado disponível ao investidor? REFERÊNCIAS ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YOUNG, S. Mark. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995. CHING, Hong Yuh. A influência da controladoria estratégica no desempenho e criação de valor da empresa. Salvador: EnANPAD, 2006. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2004. FIGUEIREDO, Sandra e CAGGIANO, Paulo César. Controladoria: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2006. FILHO, Emílio Herreno. Balanced Scorecard e a gestão estratégica: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. GECON / Armando Catelli (coordenador). Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. São Paulo: Atlas, 1999. GHEMAWAT, Pankaj. A estratégia e o cenário dos negócios. Porto Alegre: Bookman, 2007. HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2004. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistema de Informação Gerenciais: administrando a empresa digital. São Paulo: Prenhall, 2004. MELO, Henrique. Balanced scorecard: uma metodologia de gestão em ascensão parte I. Net. Cobertura on-line. Disponível em: http://www.phb.fap.com.br Acesso em: 21.jan.2008. MELO, Henrique. Controladoria como órgão fomentador e gerador de informações nas organizações. Net. Cobertura on-line. Disponível em: http://www.phb.fap.com.br Acesso em: 21.jan.2008. MOSIMANN, Clara Pellegrinello e FISCH, Sílvio. Controladoria: seu papel na administração de empresas. São Paulo: Atlas, 1999. NASCIMENTO, Auster Moreira e REGINATO, Luciane. Controladoria: um enfoque na eficácia organizacional. São Paulo: Atlas, 2007. NASCIMENTO, Auster Moreira e REGINATO, Luciane. Controladoria: um enfoque na eficácia organizacional. São Paulo: Atlas, 2006. OLIVEIRA, Líliam Rodrigues de.; PONTE, Vera Maria Rodrigues. O papel da controladoria nos fundos de pensão. Fortaleza: RCC – Revista Contemporânea de Contabilidade, 2006. OLIVEIRA, Luís Martins de.; PEREZ JR, José Hernandez.; SILVA, Carlos Alberto dos Santos. Controladoria estratégica. São Paulo: Atlas, 2002. PADOVEZE, Clóvis Luiz. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. São Paulo: Atlas, 2004. Tópicos V – Controladoria 35
  • 36. PADOVEZE, Clóvis Luiz. Controladoria avançada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. PELEIAS, Ivam Ricardo. Controladoria: gestão eficaz utilizando padrões. São Paulo: Saraiva, 2002. PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro. Campus, 1989. REIS, Arnaldo Carlos de Rezende. Demonstrações contábeis: Estrutura e análise. São Paulo: Saraiva, 2003. ROSS, Stephen A; WESTERFIELD, Randolph W; JORDAN, Bradford D. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2002. Tópicos V – Controladoria 36