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PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE
Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC.
O DESENVOLVIMENTO HUMANO
É necessário que o profissional da saúde domine alguns conhecimentos sobre o
desenvolvimento humano, pois esse profissional tem um importante papel na promoção e
manutenção desse processo, “atuando de forma significativa junto à família que é a unidade
básica de assistência à saúde para (...) [o paciente], seja no seu cotidiano (na escola, em
atendimentos ambulatoriais de rotina etc.) ou no contexto hospitalar” 1
(ALMEIDA, 2008, p. 31),
quando o indivíduo adoece.
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO2
O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento
orgânico e é entendido como um processo de evolução das capacidades do ser humano em
“realizar funções cada vez mais complexas” (ALMEIDA, 2008, p. 31).
O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo
aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade
mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas elas, estando
plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspec-
tos da inteligência, vida afetiva e relações sociais.
Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda vida. Por exemplo, a
motivação está presente como desencadeadora da ação, seja por necessidades fisiológicas,
seja por necessidades afetivas ou intelectuais. Essas estruturas mentais que permanecem
garantem a continuidade do desenvolvimento. Outras estruturas são substituídas a cada nova
fase da vida do indivíduo. Por exemplo, a moral da obediência da criança pequena é
substituída pela autonomia moral do adolescente ou, outro exemplo, a noção de que o objeto
existe só quando a criança o vê (antes dos 2 anos) é substituída, posteriormente, pela
capacidade de atribuir ao objeto sua conservação, mesmo quando ele não está presente no
seu campo visual.
A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
A criança não é um adulto em miniatura. Ao contrário, apresenta características próprias
de sua idade. Compreender isso é compreender a importância do estudo do desenvolvimento
humano. Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de perceber,
compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária, isto é, existe uma
assimilação progressiva do meio ambiente, que implica uma acomodação das estruturas
mentais a este novo dado do mundo exterior.
Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de uma
faixa etária, permitindo-nos reconhecer as individualidades, o que nos torna mais aptos para a
observação e interpretação dos comportamentos.
Todos esses aspectos levantados têm importância para (...) [as mais diversas áreas do
conhecimento]. Planejar o que e como (...) [atender/orientar] implica saber quem é o (...)
[paciente]. Por exemplo, a linguagem que usamos com a criança de 4 anos não é a mesma
que usamos com um jovem de 14 anos.
E, finalmente, estudar o desenvolvimento humano significa descobrir que ele é
determinado pela interação de vários fatores.
OS FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO
Vários fatores indissociados e em permanente interação afetam todos os aspectos do
desenvolvimento. São eles:
• Hereditariedade - a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou
não desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência.
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No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, dependendo
das condições do meio que encontra.
• Crescimento orgânico - refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a
estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo
que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança, quando
começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando esta criança estava no berço com
alguns dias de vida.
• Maturação neurofisiológica - é o que torna possível determinado padrão de
comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. Para
segurar o lápis e manejá-lo como nós, é necessário um desenvolvimento neurológico que a
criança de 2, 3 anos não tem. Observe como ela segura o lápis.
• Meio - o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de
comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma
criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de
sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma escada, porque
esta situação pode não ter feito parte de sua experiência de vida.
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
O desenvolvimento humano deve ser entendido como uma globalidade, mas, para efeito
de estudo, tem sido abordado a partir de quatro aspectos básicos:
• Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação
neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo.
Exemplo: a criança leva a chupeta à boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta
dos 7 meses, porque já coordena os movimentos das mãos.
• Aspecto intelectual - é a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a
criança de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo
de um móvel ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário.
• Aspecto afetivo-emocional - é o modo particular de o indivíduo integrar as suas
experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha que
sentimos em algumas situações, o medo em outras, a alegria de rever um amigo querido.
• Aspecto social - é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que
envolvem outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, é possível
observar algumas que espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que permane-
cem sozinhas.
Se analisarmos melhor cada um desses exemplos, vamos descobrir que todos os outros
aspectos estão presentes em cada um dos casos. E é sempre assim. Não é possível encontrar
um exemplo "puro", porque todos estes aspectos relacionam-se permanentemente. Por
exemplo, uma criança tem dificuldades de aprendizagem, repete o ano, vai-se tornando cada
vez mais "tímida" ou "agressiva", com poucos amigos e, um dia, descobre-se que as difi-
culdades tinham origem em uma deficiência auditiva. Quando isso é corrigido, todo o quadro
reverte-se. A história pode, também, não ter um final feliz, se os danos forem graves.
Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que esses
quatro aspectos são indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é,
estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A Psicanálise, por
exemplo, estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo-emocional, isto é, do
desenvolvimento da sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual.
É preciso ressaltar que, para entender o comportamento de um indivíduo particular, em qualquer etapa do
seu desenvolvimento, é necessário conhecer não apenas as mudanças cognitivas, sociais, emocionais e
biológicas que ocorrem, mas também qual o impacto que cada uma delas pode ter sobre todas as outras. O
desenvolvimento é um processo unitário e individual (CÓRIA-SABINI, 2004, p. 18). 3
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PERÍODOS DO DESENVOLVIMENTO:
A maioria dos estudiosos sobre o desenvolvimento concorda que o desenvolvimento se
processa por etapas em que mudanças ocorrem em várias dimensões. Essa concordância
possibilita que sejam criadas condições ideais para o aparecimento de certas condutas. “São
pontos formais ou informais na vida social. Por exemplo, lojas e restaurantes se utilizam
desses pontos de referência para atingir determinado público que lhes interessa, ou seja, uma
faixa etária específica” (CÓRIA-SABINI, 2004, p. 18) 4
.
Assim, a existência humana é dividida em fases ou períodos que possibilitam a
estipulação de um sistema de comportamento para cada uma dela. Na nossa sociedade os
períodos do desenvolvimento são:
• Pré-natal: da concepção até o nascimento.
• Infância: do nascimento aos 12 anos.
• Adolescência: dos 13 aos 18 anos.
• Adulto jovem: período dos 18 aos 40 anos.
• Adulto intermediário/meia-idade: dos 40 aos 65 anos.
• Adulto idoso/terceira idade/senescência: a partir dos 65 anos.
REPERCUSSÕES EMOCIONAIS DA DOENÇA:5
• NA INFÂNCIA
a) Ansiedade relacionada à separação.
O lactente, o infante e o pré-escolar são muito sensíveis à separação dos seus pais.
Quando isso acontece, eles costumam apresentar reações que são agrupadas em três fases:
• protesto: a criança chora, grita, procura pelos pais e agarra-se a eles, evitando o
contato com outras pessoas.
• desespero: torna-se retraída, deprimida e menos ativa, desinteressa-se por brincar,
alimentar-se ou interagir com outras pessoas.
• desligamento ou negação: aparentemente ajustada à perda, interessando-se mais
pelo ambiente, pelo brincar, os relacionamentos estabelecidos são superficiais, perdendo a
preferência pelos pais e não se importando com sua presença, numa tentativa de desligar-se
deles para não sofrer com a sua ausência. É o estágio mais grave e de difícil reversão.
b) Perda do controle.
A quebra na rotina diária da criança e o fato de ser cuidada por diferentes pessoas
provocam uma diminuição do senso de controle sobre o ambiente, dificultando o
desenvolvimento da confiança.
O infante tende a reagir a tudo que o impeça de exercer o seu egocentrismo, por meio de
manifestações de negativismo (acessos de raiva, birra, resistência e não-cooperação com as
atividades propostas).
Alterações nas rotinas e nos rituais comprometem o senso de expectativa e
previsibilidade, e a principal manifestação é a regressão, que se intensifica para todas as áreas
do desenvolvimento, caso a perda da autonomia se prolongue.
A doença e a hospitalização são vistas como punição, fazendo-a sentir vergonha, culpa e
medo. Torna-se mais dependente dos adultos, inclusive para as atividades de autocuidado,
tendo que permanecer em repouso ou mover-se em cadeira de rodas ou maca. As possi-
3
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bilidades de escolha sobre o que será feito com ele são limitadas, ameaçando diretamente sua
segurança. As manifestações principais são o tédio, a depressão, a hostilidade e a frustração.
c) Medo da dor e da lesão corporal.
• Bebê: responde de forma generalizada à dor, com rigidez muscular, agitação e
retração reflexa da área estimulada, chorando alto e exibindo expressão facial de dor.
• Criança pequena: apresenta intensa reação emocional e resistência física a qualquer
experiência dolorosa real ou imaginária; torna-se capaz de verbalizar o que sente e localizar a
dor, apontando para uma área específica, mas ainda não consegue descrever o tipo e a
intensidade da dor.
• Idade escolar: demonstra grande interesse por sua saúde ou doença, tolera bem a
realização de procedimentos invasivos, teme menos a dor e resiste melhor a ela empregando
métodos para enfrentar o desconforto, como enrijecer o corpo e cerrar os punhos ou os dentes.
Intervenções do profissional de saúde
É importante que o profissional de saúde, compreenda o impacto que a doença e a
hospitalização exercem sobre a vida da criança e as repercussões que acarretam em cada
estágio do desenvolvimento infantil.
Ao considerar esses aspectos no atendimento à criança e à sua família, o profissional
pode direcionar suas intervenções para minimizar o estresse vivenciado por ambos e otimizar,
ao máximo, as oportunidades de promoção do desenvolvimento da criança doente.
Dentre as questões que permeiam a atuação profissional junto à criança hospitalizada, é
preciso considerar, além das necessidades relacionadas à própria doença, aquelas que ela
manifesta habitualmente em casa e as que continuam precisando ser atendidas no hospital.
Brincar é uma dessas necessidades que, se não suprida adequadamente, pode levar a
manifestações comportamentais, como:
• alterações no apetite e no sono;
• irritabilidade;
• falta de adequação social;
• piora do rendimento escolar, entre outros.
Além do mais, o brinquedo é um importante instrumento de comunicação com a criança,
pois possibilita que ela transmita o que sente e pensa, e contribui para o trabalho do
profissional que pode oferecer-lhe informações sobre o que acontecerá com ela.
O brinquedo também contribui para o estabelecimento de um relacionamento de
confiança com a criança, pois ela tende a procurar a pessoa com quem brinca quando
necessita de ajuda. Algumas estratégias relacionadas ao brincar são propostas a seguir, com a
intenção de propiciar recreação, estimular o desenvolvimento e transmitir informações durante
a hospitalização.
• Planejar atividades lúdicas e de recreação, considerando as limitações impostas pela
doença e enfatizando as habilidades que se destacam, de forma a contribuir para elevar a
auto-estima da criança. Avaliar a real necessidade de repouso, pois a restrição dos seus
movimentos gera ansiedade e estresse.
• Planejar os cuidados a serem prestados, de forma a evitar interrupções no horário de
recreação.
• Planejar atividades de estimulação, considerando as habilidades ainda não dominadas
pela criança no estágio de desenvolvimento em que se encontra. Orientar os pais e incentivá-
los a realizar as atividades propostas para estimular as diferentes áreas do desenvolvimento.
• Incentivar a participação da criança nos procedimentos, transformando, sempre que
possível, as atividades em brincadeira.
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• Estimular a criança a trazer seu brinquedo preferido para o hospital.
• Preparar a criança antes da realização de procedimentos hospitalares, de acordo com
o estágio de desenvolvimento: o uso do brinquedo terapêutico tem se mostrado bastante
efetivo, especialmente para pré-escolares, mas também para crianças maiores e escolares.
Outro aspecto que parece fundamental é propiciar condições para que o relacionamento
entre a criança e seus pais seja fortalecido. Uma estratégia considerada importante para
alcançar esse intento é mantê-los juntos durante toda a hospitalização.
Os pais precisam de apoio para que consigam se sentir fortalecidos e transmitir confiança
ao filho. E o profissional pode intervir de maneira substancial, tendo em vista que suas
atribuições lhe dão inúmeras oportunidades de estar mais próximo da criança e seus pais.
Para atuar de maneira efetiva junto à criança e à sua família, a atitude do profissional é
fundamental. Ele precisa transmitir confiança para que consiga estabelecer um relacionamento
de confiança com ambos. Um clima amistoso e de respeito deve existir sempre, desde o
momento da admissão no hospital.
• NA ADOLESCÊNCIA6
Adolescência, do latim adolescere (crescer), é uma fase da vida que pode ser definida
em sua dimensão psicobiológica e em sua dimensão histórica, política, econômica, social e
cultural.
Nesse período de desenvolvimento, ocorrem mudanças fisiológicas, psicológicas e
sociais que separam a criança do adulto, prolongando-se dos aos 20 anos incompletos,
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ou dos 12 aos 18 anos, de acordo com o
Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil.
Segundo a MS, essa fase tem como características as mudanças físicas aceleradas e o
aparecimento das características da puberdade, especialmente as psicossociais e as
cognitivas. Essas alterações surgem influenciadas por fatores hereditários, ambientais,
nutricionais e psicológicos, já que o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial do
adolescente ocorre de forma entrelaçada, em que cada um deles afeta os outros.
De modo geral, os adolescentes são relativamente saudáveis. Problemas de saúde
normalmente ocorrem por causa dos seguintes fatores: estilo de vida perigoso ou sedentário,
pobreza, violência, acidentes automobilísticos, depressão, transtornos alimentares, consumo
de drogas, alcoolismo e doenças sexualmente transmissíveis. Nessa fase, as glândulas
sebáceas aumentam sua produtividade, o que resulta em erupções cutâneas e acne.
Obesidade ou anorexia e gravidez não planejada também são situações indesejáveis na
adolescência. Entretanto, a hospitalização não é uma situação freqüente nesse período de
vida.
À medida que a adolescência tem sido considerada um período psicologicamente
complexo, alguns fatores típicos deste período parecem ser acentuados e até agravados
quando associados a uma doença.
Em qualquer idade é comum aparecerem incertezas e medos em relação à doença e ao
seu prognóstico, mas especialmente para o adolescente a angústia é maior. A independência e
a autonomia são seus grandes desafios e, no momento da doença, ele se vê ameaçado a
perder a independência já conquistada. Aumenta a dependência dos pais e o sentimento de
controle vital que havia iniciado, o que provoca muitas vezes raiva, desconfiança e não-
cooperação. Freqüentemente durante o adoecer, ocorrerão outras preocupações além da
doença propriamente dita, como preocupações com os estudos, distância do seu grupo de
amigos, rompimento com o objeto amoroso, dúvidas sobre as perspectivas futuras, efeitos
colaterais das drogas, imagem corporal, sexualidade, dúvidas em relação ao tratamento e
restrições de lazer.
Adolescentes com uma doença são, muitas vezes, estigmatizados. Ao estarem enfermos
e podendo haver mudanças, tanto no seu estilo de vida como na sua aparência (que nessa
fase é muito valorizada), ele pode ser visto como muito diferente do grupo de pares e se isolar
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ou ser marginalizado pelo grupo. Eventualmente, durante o tratamento, ele terá algumas
limitações e mudanças nem sempre bem-aceitas por seus pares. Em casos assim, o
diagnóstico de uma doença traz uma série de mudanças para o paciente adolescente e sua
família. É comum ocorrerem alterações de comportamento e a procura de formas adequadas
de adaptação a esse momento.
A morte é reconhecida como ato final e irrevogável, mas o egocentrismo adolescente leva
a uma descrença da possibilidade da própria morte.
Intervenções do profissional de saúde
A relação entre o (...) [profissional de saúde], o paciente e os familiares envolve
interações peculiares entre pessoas em posições diferentes. Os conceitos relativos ao adoecer
são diferentes entre a equipe de saúde e o paciente. Se para a equipe de saúde a doença é
uma situação de normalidade, provida de conceitos técnicos que representam socialmente sua
atuação profissional, para o paciente é uma situação excepcional, sem nenhuma motivação
profissional ou social, além de ser fonte de sofrimento e significados simbólicos que ficam fora
de uma compreensão científica da doença.
Entendendo isso, o cuidado do (..) [profissional de saúde] com relação ao adolescente
deve contemplar não somente os aspectos técnicos, mas também suas necessidades físicas,
emocionais e sociais. Por meio de estratégias adequadas, é possível minimizar o estresse
causado pelos procedimentos e pela própria hospitalização. Como estratégias, podem-se
utilizar formas lúdicas ou meios de comunicação adequados para informar e orientar os
adolescentes antes dos procedimentos e acerca do seu diagnóstico, permitindo, assim, o alívio
de ansiedades e medos.
Além disso, é importante criar um ambiente onde o adolescente sinta certa familiaridade,
por meio de espaços em estilo jovem e com espaço de lazer para que ele possa ter acesso às
atividades comuns a essa faixa etária, como computador, videogames e outros. É muito
importante incentivar a presença de pais, irmãos e colegas durante a internação hospitalar,
para que o convívio familiar e social não seja tão modificado nesse momento de internação.
A escolarização e os relacionamentos sociais são também fatores importantes na etapa
de desenvolvimento em que se encontram os adolescentes. A doença e o tratamento podem
interferir na freqüência às aulas, o que pode dificultar sua adaptação escolar. Nesse sentido,
família, escola e hospital devem estabelecer diálogos e dar condições para que a continuidade
da escolarização seja preservada. Algumas intervenções têm sido desenvolvidas como as
classes hospitalares, o que favorece a aceitação e a reintegração do aluno, de forma a facilitar
seu retorno à escola, sem prejuízo às atividades curriculares.
Respeitar a necessidade de privacidade física é necessário, pois nessa fase surgem a
vergonha e o embaraço quanto à exposição do corpo, o que representa uma ameaça à
sexualidade nascente.
Por fim, as decisões devem ser compartilhadas com o adolescente e não somente com
os pais, encorajando o autocuidado e a autonomia tanto quanto possível. Muitas vezes é
preciso auxiliar esses familiares em suas dificuldades no lidar com o adolescente em
momentos críticos, como na doença.
• NA FASE ADULTA
Se quisermos prestar uma assistência de saúde individualizada, precisamos conhecer e
considerar as fases do desenvolvimento humano nos aspectos físico, cognitivo, psicossocial e
psicossexual, e ainda atentar para as peculiaridades de cada fase.
No caso do indivíduo adulto, precisamos lembrar que existem as fases do adulto jovem,
adulto intermediário e adulto idoso e que existem momentos delicados nesse período:
casamento, separação, gestação, chegada de filhos, responsabilidades como líder da família,
responsabilidades financeiras com familiares (filhos, pais, avós), convívio social, opção sexual,
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vida profissional ativa, desemprego ou alterações no emprego por doença, acidente e
capacidade alterada de execução do trabalho, entre inúmeros outros.
Quando o indivíduo adoece, o momento que o paciente vive influencia nas suas
respostas e, por conseqüência, nas ações do (..) [profissional de saúde].
Assim, alterações físicas, especialmente as relacionadas à mobilidade e alterações na
aparência física, são importantes para a avaliação do potencial de cuidados individuais pelo (..)
[profissional de saúde]. O adulto pode ressentir uma grande cicatriz ou uma deformação
aparente mais que em outra época de vida, por conta do sentido de atratividade perante outros
e, em particular, diante do parceiro sexual.
A esfera do desenvolvimento psicossocial inclui a família, as atividades sociais e
profissionais que normalmente acompanham esse período específico da vida e tem uma
enorme importância. A internação interrompe o dia-a-dia cheio de atividades e
responsabilidades e influencia enormemente na disposição e no humor do paciente.
Alterações cognitivas na idade adulta, como a capacidade de resolução de problemas e a
capacidade intelectual, têm implicações no modo como os (..) [profissionais de saúde] ensinam
aos doentes os cuidados de saúde. Quando o conhecimento tácito do paciente é considerado,
uma posição proativa costuma acontecer. Caso contrário, o paciente assume uma posição
defensiva.
A sexualidade difere ao longo da vida e pode ser ameaçada por certas situações de
doença; especialmente o homem preocupa-se enormemente nessa situação. Já entre as
alterações espirituais, ao longo dos anos, se eleva a capacidade de encontrar significado na
vida e aceitar o seu fim inevitável. O conceito de morte é revisto pela antecipação e preparação
para a morte dos pais.
O desenvolvimento não acontece independentemente, pois as alterações estão ligadas
entre si e podem influenciar-se mutuamente. Uma perspectiva de desenvolvimento dá aos (..)
[profissionais de saúde] uma série de orientações que nos ajudam a entender as muitas
alterações que ocorrem durante a vida adulta.
Nessa idade, quando os objetivos e as expectativas são abortados por doença ou
incapacidade, surgem os momentos de crise. Essa crise afeta membros da família, além do
indivíduo, podendo exigir também adaptação por parte desses. Quando o estresse é intenso, a
capacidade de resolução dos problemas pode estar diminuída. Nesse momento, o (..)
[profissional de saúde] pode ajudar o indivíduo e a família a tomar determinadas decisões,
oferecendo informações e encaminhando para recursos que ajudarão a ir ao encontro das suas
necessidades, enquanto promove e mantém a independência, facilitando a participação da
pessoa no planejamento dos cuidados e na tomada de decisões.
Esses dados são importantes porque fornecem indicações para a compreensão dos
fatores que podem afetar a reação do indivíduo ao estresse, assim como os sentimentos e as
atitudes acerca da recuperação e do potencial de adaptação de cada indivíduo a essa situação.
São essas informações que vão influenciar no relacionamento entre (..) [profissional de saúde]
e paciente e que irão subsidiar uma assistência com base científica, o que nos torna
"apropriadores" desse conhecimento.
Intervenções do profissional de saúde
É importante o conhecimento sobre o crescimento e o desenvolvimento humano em
termos gerais e também é importante saber que cada indivíduo tem sua peculiaridade e suas
necessidades próprias, o que solicita uma assistência de saúde individualizada. Quando
falamos em uma assistência de saúde individualizada, estamos falando de uma abordagem
bastante abrangente. Os profissionais de saúde (...) [dispendem muito tempo do dia] com o
paciente. É preciso escutá-lo, entendê-lo e indicar como deve proceder no próprio cuidar.
O (..) [profissional de saúde] pode ajudar por meio de intervenções sobre assuntos que
lhe competem ou pode ainda realizar encaminhamentos a profissionais especializados, de
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acordo com a necessidade apresentada por cada paciente, para que ele tenha suas
necessidades individuais atendidas.
Para isso, o (..) [profissional de saúde] precisa conhecer muito bem a instituição em que
trabalha e os recursos disponíveis para o atendimento ao paciente. Por exemplo, conhecer os
serviços disponíveis para atendimento ao paciente de maneira geral, como: serviço de
psicologia (se pode ser oferecido ao paciente e seus familiares), serviço social (se atendem ao
paciente e à família e o que pode ser oferecido), serviço de transporte, serviços de
acompanhamento, como ambulatório ou unidades básicas de saúde, serviço de reabilitação e
terapia ocupacional, serviço jurídico etc.
A compreensão de como o adulto aprende auxilia o profissional quando este desenvolve
planos de instrução e orientação para o paciente. O processo de ensino deve fornecer ao
paciente o máximo de informação necessária para que ele coopere com o curso prescrito. O
profissional deve estar disponível para responder às perguntas, à medida que o adulto faça
opções. Deve, ainda, encorajar as funções que podem ser mantidas no hospital, como tomar
decisões.
Pelo fato de o adulto estar continuamente evoluindo e adaptando-se a mudanças em
casa, no trabalho e na vida pessoal, o processo para tomar decisões deve ser idealmente
flexível. Quanto mais seguro o adulto for em seus papéis, mais flexível e aberto será a
mudanças e ao enfrentamento dos conflitos que a doença sobrepõe aos já existentes.
• NA SENESCÊNCIA
O adoecer na velhice pode ter muitos significados para diferentes indivíduos. Pode
representar a causa de um sofrimento psíquico intenso que provoca um estado psicológico
patológico ou a possibilidade da aceitação dos seus limites como ser humano. A partir daí,
torna-se possível conviver de forma mais realista com o seu momento de vida, sem exigir o
impossível, mas viver dentro do possível.
Muitas vezes, os indivíduos vivenciam o adoecimento como um repentino corte na sua
vida, como uma mudança abrupta no seu cotidiano, em que ele já não tem certeza de muitas
coisas e, sobretudo, porque o seu presente começa a ser como que controlado por uma equipe
de saúde e não por ele mesmo. Isso para o idoso pode ser vivenciado com muito sofrimento e
colocar em questão a ameaça de perda de sua autonomia e independência. Esses medos
podem deixar o idoso muito frágil e levá-lo a uma crise psicológica durante o momento da
doença.
O fato de o idoso se expor a um ambiente desconhecido, com pessoas desconhecidas,
pode produzir sentimentos de ameaça à sua segurança e à sua integridade física e mental. Em
razão disso, o idoso pode manifestar atitudes retaliadoras ou até mesmo agressivas, recusar a
execução de procedimentos de enfermagem, deixar de se alimentar ou impedir ou não realizar
a própria higiene corporal, negligenciando seu autocuidado.
Essas atitudes podem indicar um sentimento de insegurança e insatisfação, tanto no
processo de hospitalização como em situações de extremo sentimento de exclusão social, com
afastamento do ambiente em que vive, como o próprio trabalho e as atividades de lazer.
Intervenções do profissional de saúde
A identificação das necessidades do idoso demanda do (..) [profissional de saúde] uma
visão e compreensão sobre o processo de envelhecimento do ser humano como período da
vida, acumulativo e temporal, cujas repercussões emocionais na velhice podem ser reflexos de
um fenômeno mais amplo e dinâmico, no qual se somam fatores biológicos, psicossociais e
culturais, resultantes da condição de pluralidade na relação do indivíduo com o meio ambiente
ao qual pertence.
Nessa perspectiva plural de ser humano em processo de envelhecimento, o (..)
[profissional de saúde] visualiza o idoso inter-relacionado com seu contexto afetivo e cultural,
no qual ele vivencia mudanças e demandas de cuidado variáveis de acordo com a experiência
8
PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE
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de vida e com as respostas individuais. Assim, não há como constar nesse capítulo fórmulas
ou receitas que possam limitar o universo das intervenções (...).
Dessa forma, o (..) [profissional de saúde] deve estar atento às mudanças ocorridas no
idoso - nos aspectos da afetividade, da cognição e na forma como ele expressa sua
sexualidade e espiritualidade. Deve avaliar o nível de autoconceito e auto-estima, interligando
essas informações à possibilidade de efeitos colaterais de medicamentos que podem mascarar
ou intensificar alterações no seu comportamento.
(...)
Olhar o envelhecimento dentro de um processo que não seja unicamente biológico, mas
cultural, possibilita uma flexibilidade para entender que ele é construído e influenciado pelo
modo de vida, organização social, religião, linguagem, pensamentos e outros componentes,
numa dinâmica de estímulos interligados: "as circunstâncias favorecedoras da senescência têm
a ver com fatores genéticos, estilo de vida, trabalho, ambiente e condicionantes
biopsicossociais que concorrem para um envelhecimento com melhor ou pior qualidade de
vida".
No que se refere aos profissionais de (...) [saúde] que lidam com o idoso, é importante
lembrar que a quebra do preconceito tem significados relevantes, pois a presença desses pode
prejudicar e limitar a avaliação multidimensional do geronte, reafirmando condições de
incapacidade e dependência e "impedindo que eles possam desenvolver o seu potencial
máximo".
(...) olhar o envelhecimento como evento puramente biológico natural e, portanto, aceito
naturalmente pode ser uma barreira para que se perceba a diferença entre o processo de
senescência e o de senilidade, o que provavelmente causará dificuldades na identificação dos
problemas apresentados pelos idosos.
Nesse aspecto, é importante rever os critérios na avaliação do idoso, considerando-se
que, como processo biológico, envelhecer é diferente de ficar doente. As alterações ocorridas
nesse processo devem ser respeitadas e atenciosamente acompanhadas, especialmente no
que se refere à caracterização do que é normal ou patológico.
A senescência ou eugeria é compreendida como fator anatômico e funcional que sofre o
reflexo do modo de vida de cada indivíduo, ao passo que senilidade ou patogeria estaria ligada
às diversas alterações que podem se manifestar no idoso e causar-lhe desequilíbrio, aqui
entendidos como doenças.
Ao (..) [profissional de saúde] cabe o discernimento em identificar situações
comportamentais indicadoras de doenças neurológicas, como demências, quadros
sinalizadores de depressão, risco de suicídio ou mesmo de sua exposição a situações de
maus-tratos. Diferenciar aspectos comportamentais de processo adaptativo ao envelhecimento
de um processo de senilidade, torna valiosa e acurada a avaliação do (..) [profissional de
saúde].
Direcionada ao aspecto de atendimento às necessidades psicossociais, a assistência de
saúde pode ser focada em quatro importantes direções: no controle e na prevenção de
situações de estresse, no estímulo à auto-estima do idoso, na compreensão de sua
sexualidade e no favorecimento de suas necessidades espirituais.
Nesse caso, cabe ao (..) [profissional de saúde] desenvolver uma percepção a respeito
dos desejos, das aspirações e das motivações como fonte de vida para a pessoa idosa,
associando uma infinidade de possibilidades de intervenções de (...) [saúde], sejam elas nos
âmbitos da prevenção, da educação ou do cuidado assistencial.
Assumir uma postura que permita o diálogo e estimule a participação dos idosos no
processo decisório sobre os cuidados (...) oferecidos representa reconhecer o idoso com
respeito e dignidade.
9
PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE
Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC.
Diagnosticadas alterações comportamentais, o (..) [profissional de saúde] procura
direcionar estratégias que visem diminuir e satisfazer a necessidade de segurança do idoso.
Uma das técnicas utilizadas é o acolhimento, momento em que o (..) [profissional de saúde]
recebe o idoso sob seus cuidados e fornece informação quanto à equipe (...) que cuidará dele,
aos procedimentos que serão realizados, explicando as rotinas da instituição e a possibilidade
de adequação às suas necessidades individuais.
Entre as informações fornecidas durante o acolhimento podem ser contempladas: planta
física, iluminação, acessos para realização de suas necessidades fisiológicas, comunicação
com o meio interno e externo e com o serviço de (...) [saúde] por meio de campainhas e
telefone, e horários das refeições e de visitas. Deve-se recomendar a permanência de um
acompanhante e/ou familiar junto ao idoso, direito esse previsto pelo Estatuto do Idoso.
Quando se fala em apoio emocional ao idoso, muitas vezes, torna-se vago o modo como
é direcionada essa proposta ou plano assistencial de (...) saúde. Esse apoio pode representar
desde ações simples, como ajudá-lo e encorajá-lo a caminhar, a mudar de posição, a subir um
degrau de escada, a alimentar-se, até um apoio espiritual, com palavras de carinho, de afeto,
favorecendo um encontro com sua comunidade religiosa, ou mesmo uma leitura, ou uma
presença silenciosa.
O apoio da família surge como fator importante para a qualidade de vida na velhice. Um
sentimento de segurança na família demonstrada por meio de apoio pode ser interpretado
como se fosse resultado de um reconhecimento, produzido a partir de uma relação de
amizade, solidariedade e amor entre seus membros. Nessa etapa da vida, a família funciona
como se fosse o alicerce de emoções e de vínculos sociais entre o idoso e o mundo.
Considerar todo esse contexto afetivo significa proporcionar uma assistência (...) em saúde ao
binômio "idoso e família", compreendendo sua importância para a qualidade de vida do
geronte.
10
1
ALMEIDA, Fabiane de A. Psicologia do desenvolvimento: a criança. IN: FARAH, Olga G; SÁ, Ana C. Psicologia
aplicada à enfermagem. Barueri: Manole, 2008.
2
Extraído de: BOCK, Ana M. B. (et al). Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. reform. e ampl.
São Paulo: Saraiva, 2004. p. 98-100.
3
CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Ática, 2004.
4
Idem. p. 18.
5
Extraído e adaptado de: ALMEIDA, Fabiane de A. Psicologia do desenvolvimento: a criança. IN: FARAH, Olga G; SÁ,
Ana C. Psicologia aplicada à enfermagem. Barueri: Manole, 2008. p. 30-59.
6
Idem, p.61-105.

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  • 1. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. O DESENVOLVIMENTO HUMANO É necessário que o profissional da saúde domine alguns conhecimentos sobre o desenvolvimento humano, pois esse profissional tem um importante papel na promoção e manutenção desse processo, “atuando de forma significativa junto à família que é a unidade básica de assistência à saúde para (...) [o paciente], seja no seu cotidiano (na escola, em atendimentos ambulatoriais de rotina etc.) ou no contexto hospitalar” 1 (ALMEIDA, 2008, p. 31), quando o indivíduo adoece. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO2 O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico e é entendido como um processo de evolução das capacidades do ser humano em “realizar funções cada vez mais complexas” (ALMEIDA, 2008, p. 31). O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspec- tos da inteligência, vida afetiva e relações sociais. Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda vida. Por exemplo, a motivação está presente como desencadeadora da ação, seja por necessidades fisiológicas, seja por necessidades afetivas ou intelectuais. Essas estruturas mentais que permanecem garantem a continuidade do desenvolvimento. Outras estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do indivíduo. Por exemplo, a moral da obediência da criança pequena é substituída pela autonomia moral do adolescente ou, outro exemplo, a noção de que o objeto existe só quando a criança o vê (antes dos 2 anos) é substituída, posteriormente, pela capacidade de atribuir ao objeto sua conservação, mesmo quando ele não está presente no seu campo visual. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO A criança não é um adulto em miniatura. Ao contrário, apresenta características próprias de sua idade. Compreender isso é compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano. Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária, isto é, existe uma assimilação progressiva do meio ambiente, que implica uma acomodação das estruturas mentais a este novo dado do mundo exterior. Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de uma faixa etária, permitindo-nos reconhecer as individualidades, o que nos torna mais aptos para a observação e interpretação dos comportamentos. Todos esses aspectos levantados têm importância para (...) [as mais diversas áreas do conhecimento]. Planejar o que e como (...) [atender/orientar] implica saber quem é o (...) [paciente]. Por exemplo, a linguagem que usamos com a criança de 4 anos não é a mesma que usamos com um jovem de 14 anos. E, finalmente, estudar o desenvolvimento humano significa descobrir que ele é determinado pela interação de vários fatores. OS FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO Vários fatores indissociados e em permanente interação afetam todos os aspectos do desenvolvimento. São eles: • Hereditariedade - a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. 1
  • 2. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, dependendo das condições do meio que encontra. • Crescimento orgânico - refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança, quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando esta criança estava no berço com alguns dias de vida. • Maturação neurofisiológica - é o que torna possível determinado padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e manejá-lo como nós, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança de 2, 3 anos não tem. Observe como ela segura o lápis. • Meio - o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma escada, porque esta situação pode não ter feito parte de sua experiência de vida. ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO O desenvolvimento humano deve ser entendido como uma globalidade, mas, para efeito de estudo, tem sido abordado a partir de quatro aspectos básicos: • Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. Exemplo: a criança leva a chupeta à boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta dos 7 meses, porque já coordena os movimentos das mãos. • Aspecto intelectual - é a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo de um móvel ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário. • Aspecto afetivo-emocional - é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha que sentimos em algumas situações, o medo em outras, a alegria de rever um amigo querido. • Aspecto social - é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, é possível observar algumas que espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que permane- cem sozinhas. Se analisarmos melhor cada um desses exemplos, vamos descobrir que todos os outros aspectos estão presentes em cada um dos casos. E é sempre assim. Não é possível encontrar um exemplo "puro", porque todos estes aspectos relacionam-se permanentemente. Por exemplo, uma criança tem dificuldades de aprendizagem, repete o ano, vai-se tornando cada vez mais "tímida" ou "agressiva", com poucos amigos e, um dia, descobre-se que as difi- culdades tinham origem em uma deficiência auditiva. Quando isso é corrigido, todo o quadro reverte-se. A história pode, também, não ter um final feliz, se os danos forem graves. Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que esses quatro aspectos são indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A Psicanálise, por exemplo, estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo-emocional, isto é, do desenvolvimento da sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual. É preciso ressaltar que, para entender o comportamento de um indivíduo particular, em qualquer etapa do seu desenvolvimento, é necessário conhecer não apenas as mudanças cognitivas, sociais, emocionais e biológicas que ocorrem, mas também qual o impacto que cada uma delas pode ter sobre todas as outras. O desenvolvimento é um processo unitário e individual (CÓRIA-SABINI, 2004, p. 18). 3 2
  • 3. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. PERÍODOS DO DESENVOLVIMENTO: A maioria dos estudiosos sobre o desenvolvimento concorda que o desenvolvimento se processa por etapas em que mudanças ocorrem em várias dimensões. Essa concordância possibilita que sejam criadas condições ideais para o aparecimento de certas condutas. “São pontos formais ou informais na vida social. Por exemplo, lojas e restaurantes se utilizam desses pontos de referência para atingir determinado público que lhes interessa, ou seja, uma faixa etária específica” (CÓRIA-SABINI, 2004, p. 18) 4 . Assim, a existência humana é dividida em fases ou períodos que possibilitam a estipulação de um sistema de comportamento para cada uma dela. Na nossa sociedade os períodos do desenvolvimento são: • Pré-natal: da concepção até o nascimento. • Infância: do nascimento aos 12 anos. • Adolescência: dos 13 aos 18 anos. • Adulto jovem: período dos 18 aos 40 anos. • Adulto intermediário/meia-idade: dos 40 aos 65 anos. • Adulto idoso/terceira idade/senescência: a partir dos 65 anos. REPERCUSSÕES EMOCIONAIS DA DOENÇA:5 • NA INFÂNCIA a) Ansiedade relacionada à separação. O lactente, o infante e o pré-escolar são muito sensíveis à separação dos seus pais. Quando isso acontece, eles costumam apresentar reações que são agrupadas em três fases: • protesto: a criança chora, grita, procura pelos pais e agarra-se a eles, evitando o contato com outras pessoas. • desespero: torna-se retraída, deprimida e menos ativa, desinteressa-se por brincar, alimentar-se ou interagir com outras pessoas. • desligamento ou negação: aparentemente ajustada à perda, interessando-se mais pelo ambiente, pelo brincar, os relacionamentos estabelecidos são superficiais, perdendo a preferência pelos pais e não se importando com sua presença, numa tentativa de desligar-se deles para não sofrer com a sua ausência. É o estágio mais grave e de difícil reversão. b) Perda do controle. A quebra na rotina diária da criança e o fato de ser cuidada por diferentes pessoas provocam uma diminuição do senso de controle sobre o ambiente, dificultando o desenvolvimento da confiança. O infante tende a reagir a tudo que o impeça de exercer o seu egocentrismo, por meio de manifestações de negativismo (acessos de raiva, birra, resistência e não-cooperação com as atividades propostas). Alterações nas rotinas e nos rituais comprometem o senso de expectativa e previsibilidade, e a principal manifestação é a regressão, que se intensifica para todas as áreas do desenvolvimento, caso a perda da autonomia se prolongue. A doença e a hospitalização são vistas como punição, fazendo-a sentir vergonha, culpa e medo. Torna-se mais dependente dos adultos, inclusive para as atividades de autocuidado, tendo que permanecer em repouso ou mover-se em cadeira de rodas ou maca. As possi- 3
  • 4. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. bilidades de escolha sobre o que será feito com ele são limitadas, ameaçando diretamente sua segurança. As manifestações principais são o tédio, a depressão, a hostilidade e a frustração. c) Medo da dor e da lesão corporal. • Bebê: responde de forma generalizada à dor, com rigidez muscular, agitação e retração reflexa da área estimulada, chorando alto e exibindo expressão facial de dor. • Criança pequena: apresenta intensa reação emocional e resistência física a qualquer experiência dolorosa real ou imaginária; torna-se capaz de verbalizar o que sente e localizar a dor, apontando para uma área específica, mas ainda não consegue descrever o tipo e a intensidade da dor. • Idade escolar: demonstra grande interesse por sua saúde ou doença, tolera bem a realização de procedimentos invasivos, teme menos a dor e resiste melhor a ela empregando métodos para enfrentar o desconforto, como enrijecer o corpo e cerrar os punhos ou os dentes. Intervenções do profissional de saúde É importante que o profissional de saúde, compreenda o impacto que a doença e a hospitalização exercem sobre a vida da criança e as repercussões que acarretam em cada estágio do desenvolvimento infantil. Ao considerar esses aspectos no atendimento à criança e à sua família, o profissional pode direcionar suas intervenções para minimizar o estresse vivenciado por ambos e otimizar, ao máximo, as oportunidades de promoção do desenvolvimento da criança doente. Dentre as questões que permeiam a atuação profissional junto à criança hospitalizada, é preciso considerar, além das necessidades relacionadas à própria doença, aquelas que ela manifesta habitualmente em casa e as que continuam precisando ser atendidas no hospital. Brincar é uma dessas necessidades que, se não suprida adequadamente, pode levar a manifestações comportamentais, como: • alterações no apetite e no sono; • irritabilidade; • falta de adequação social; • piora do rendimento escolar, entre outros. Além do mais, o brinquedo é um importante instrumento de comunicação com a criança, pois possibilita que ela transmita o que sente e pensa, e contribui para o trabalho do profissional que pode oferecer-lhe informações sobre o que acontecerá com ela. O brinquedo também contribui para o estabelecimento de um relacionamento de confiança com a criança, pois ela tende a procurar a pessoa com quem brinca quando necessita de ajuda. Algumas estratégias relacionadas ao brincar são propostas a seguir, com a intenção de propiciar recreação, estimular o desenvolvimento e transmitir informações durante a hospitalização. • Planejar atividades lúdicas e de recreação, considerando as limitações impostas pela doença e enfatizando as habilidades que se destacam, de forma a contribuir para elevar a auto-estima da criança. Avaliar a real necessidade de repouso, pois a restrição dos seus movimentos gera ansiedade e estresse. • Planejar os cuidados a serem prestados, de forma a evitar interrupções no horário de recreação. • Planejar atividades de estimulação, considerando as habilidades ainda não dominadas pela criança no estágio de desenvolvimento em que se encontra. Orientar os pais e incentivá- los a realizar as atividades propostas para estimular as diferentes áreas do desenvolvimento. • Incentivar a participação da criança nos procedimentos, transformando, sempre que possível, as atividades em brincadeira. 4
  • 5. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. • Estimular a criança a trazer seu brinquedo preferido para o hospital. • Preparar a criança antes da realização de procedimentos hospitalares, de acordo com o estágio de desenvolvimento: o uso do brinquedo terapêutico tem se mostrado bastante efetivo, especialmente para pré-escolares, mas também para crianças maiores e escolares. Outro aspecto que parece fundamental é propiciar condições para que o relacionamento entre a criança e seus pais seja fortalecido. Uma estratégia considerada importante para alcançar esse intento é mantê-los juntos durante toda a hospitalização. Os pais precisam de apoio para que consigam se sentir fortalecidos e transmitir confiança ao filho. E o profissional pode intervir de maneira substancial, tendo em vista que suas atribuições lhe dão inúmeras oportunidades de estar mais próximo da criança e seus pais. Para atuar de maneira efetiva junto à criança e à sua família, a atitude do profissional é fundamental. Ele precisa transmitir confiança para que consiga estabelecer um relacionamento de confiança com ambos. Um clima amistoso e de respeito deve existir sempre, desde o momento da admissão no hospital. • NA ADOLESCÊNCIA6 Adolescência, do latim adolescere (crescer), é uma fase da vida que pode ser definida em sua dimensão psicobiológica e em sua dimensão histórica, política, econômica, social e cultural. Nesse período de desenvolvimento, ocorrem mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que separam a criança do adulto, prolongando-se dos aos 20 anos incompletos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ou dos 12 aos 18 anos, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil. Segundo a MS, essa fase tem como características as mudanças físicas aceleradas e o aparecimento das características da puberdade, especialmente as psicossociais e as cognitivas. Essas alterações surgem influenciadas por fatores hereditários, ambientais, nutricionais e psicológicos, já que o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial do adolescente ocorre de forma entrelaçada, em que cada um deles afeta os outros. De modo geral, os adolescentes são relativamente saudáveis. Problemas de saúde normalmente ocorrem por causa dos seguintes fatores: estilo de vida perigoso ou sedentário, pobreza, violência, acidentes automobilísticos, depressão, transtornos alimentares, consumo de drogas, alcoolismo e doenças sexualmente transmissíveis. Nessa fase, as glândulas sebáceas aumentam sua produtividade, o que resulta em erupções cutâneas e acne. Obesidade ou anorexia e gravidez não planejada também são situações indesejáveis na adolescência. Entretanto, a hospitalização não é uma situação freqüente nesse período de vida. À medida que a adolescência tem sido considerada um período psicologicamente complexo, alguns fatores típicos deste período parecem ser acentuados e até agravados quando associados a uma doença. Em qualquer idade é comum aparecerem incertezas e medos em relação à doença e ao seu prognóstico, mas especialmente para o adolescente a angústia é maior. A independência e a autonomia são seus grandes desafios e, no momento da doença, ele se vê ameaçado a perder a independência já conquistada. Aumenta a dependência dos pais e o sentimento de controle vital que havia iniciado, o que provoca muitas vezes raiva, desconfiança e não- cooperação. Freqüentemente durante o adoecer, ocorrerão outras preocupações além da doença propriamente dita, como preocupações com os estudos, distância do seu grupo de amigos, rompimento com o objeto amoroso, dúvidas sobre as perspectivas futuras, efeitos colaterais das drogas, imagem corporal, sexualidade, dúvidas em relação ao tratamento e restrições de lazer. Adolescentes com uma doença são, muitas vezes, estigmatizados. Ao estarem enfermos e podendo haver mudanças, tanto no seu estilo de vida como na sua aparência (que nessa fase é muito valorizada), ele pode ser visto como muito diferente do grupo de pares e se isolar 5
  • 6. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. ou ser marginalizado pelo grupo. Eventualmente, durante o tratamento, ele terá algumas limitações e mudanças nem sempre bem-aceitas por seus pares. Em casos assim, o diagnóstico de uma doença traz uma série de mudanças para o paciente adolescente e sua família. É comum ocorrerem alterações de comportamento e a procura de formas adequadas de adaptação a esse momento. A morte é reconhecida como ato final e irrevogável, mas o egocentrismo adolescente leva a uma descrença da possibilidade da própria morte. Intervenções do profissional de saúde A relação entre o (...) [profissional de saúde], o paciente e os familiares envolve interações peculiares entre pessoas em posições diferentes. Os conceitos relativos ao adoecer são diferentes entre a equipe de saúde e o paciente. Se para a equipe de saúde a doença é uma situação de normalidade, provida de conceitos técnicos que representam socialmente sua atuação profissional, para o paciente é uma situação excepcional, sem nenhuma motivação profissional ou social, além de ser fonte de sofrimento e significados simbólicos que ficam fora de uma compreensão científica da doença. Entendendo isso, o cuidado do (..) [profissional de saúde] com relação ao adolescente deve contemplar não somente os aspectos técnicos, mas também suas necessidades físicas, emocionais e sociais. Por meio de estratégias adequadas, é possível minimizar o estresse causado pelos procedimentos e pela própria hospitalização. Como estratégias, podem-se utilizar formas lúdicas ou meios de comunicação adequados para informar e orientar os adolescentes antes dos procedimentos e acerca do seu diagnóstico, permitindo, assim, o alívio de ansiedades e medos. Além disso, é importante criar um ambiente onde o adolescente sinta certa familiaridade, por meio de espaços em estilo jovem e com espaço de lazer para que ele possa ter acesso às atividades comuns a essa faixa etária, como computador, videogames e outros. É muito importante incentivar a presença de pais, irmãos e colegas durante a internação hospitalar, para que o convívio familiar e social não seja tão modificado nesse momento de internação. A escolarização e os relacionamentos sociais são também fatores importantes na etapa de desenvolvimento em que se encontram os adolescentes. A doença e o tratamento podem interferir na freqüência às aulas, o que pode dificultar sua adaptação escolar. Nesse sentido, família, escola e hospital devem estabelecer diálogos e dar condições para que a continuidade da escolarização seja preservada. Algumas intervenções têm sido desenvolvidas como as classes hospitalares, o que favorece a aceitação e a reintegração do aluno, de forma a facilitar seu retorno à escola, sem prejuízo às atividades curriculares. Respeitar a necessidade de privacidade física é necessário, pois nessa fase surgem a vergonha e o embaraço quanto à exposição do corpo, o que representa uma ameaça à sexualidade nascente. Por fim, as decisões devem ser compartilhadas com o adolescente e não somente com os pais, encorajando o autocuidado e a autonomia tanto quanto possível. Muitas vezes é preciso auxiliar esses familiares em suas dificuldades no lidar com o adolescente em momentos críticos, como na doença. • NA FASE ADULTA Se quisermos prestar uma assistência de saúde individualizada, precisamos conhecer e considerar as fases do desenvolvimento humano nos aspectos físico, cognitivo, psicossocial e psicossexual, e ainda atentar para as peculiaridades de cada fase. No caso do indivíduo adulto, precisamos lembrar que existem as fases do adulto jovem, adulto intermediário e adulto idoso e que existem momentos delicados nesse período: casamento, separação, gestação, chegada de filhos, responsabilidades como líder da família, responsabilidades financeiras com familiares (filhos, pais, avós), convívio social, opção sexual, 6
  • 7. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. vida profissional ativa, desemprego ou alterações no emprego por doença, acidente e capacidade alterada de execução do trabalho, entre inúmeros outros. Quando o indivíduo adoece, o momento que o paciente vive influencia nas suas respostas e, por conseqüência, nas ações do (..) [profissional de saúde]. Assim, alterações físicas, especialmente as relacionadas à mobilidade e alterações na aparência física, são importantes para a avaliação do potencial de cuidados individuais pelo (..) [profissional de saúde]. O adulto pode ressentir uma grande cicatriz ou uma deformação aparente mais que em outra época de vida, por conta do sentido de atratividade perante outros e, em particular, diante do parceiro sexual. A esfera do desenvolvimento psicossocial inclui a família, as atividades sociais e profissionais que normalmente acompanham esse período específico da vida e tem uma enorme importância. A internação interrompe o dia-a-dia cheio de atividades e responsabilidades e influencia enormemente na disposição e no humor do paciente. Alterações cognitivas na idade adulta, como a capacidade de resolução de problemas e a capacidade intelectual, têm implicações no modo como os (..) [profissionais de saúde] ensinam aos doentes os cuidados de saúde. Quando o conhecimento tácito do paciente é considerado, uma posição proativa costuma acontecer. Caso contrário, o paciente assume uma posição defensiva. A sexualidade difere ao longo da vida e pode ser ameaçada por certas situações de doença; especialmente o homem preocupa-se enormemente nessa situação. Já entre as alterações espirituais, ao longo dos anos, se eleva a capacidade de encontrar significado na vida e aceitar o seu fim inevitável. O conceito de morte é revisto pela antecipação e preparação para a morte dos pais. O desenvolvimento não acontece independentemente, pois as alterações estão ligadas entre si e podem influenciar-se mutuamente. Uma perspectiva de desenvolvimento dá aos (..) [profissionais de saúde] uma série de orientações que nos ajudam a entender as muitas alterações que ocorrem durante a vida adulta. Nessa idade, quando os objetivos e as expectativas são abortados por doença ou incapacidade, surgem os momentos de crise. Essa crise afeta membros da família, além do indivíduo, podendo exigir também adaptação por parte desses. Quando o estresse é intenso, a capacidade de resolução dos problemas pode estar diminuída. Nesse momento, o (..) [profissional de saúde] pode ajudar o indivíduo e a família a tomar determinadas decisões, oferecendo informações e encaminhando para recursos que ajudarão a ir ao encontro das suas necessidades, enquanto promove e mantém a independência, facilitando a participação da pessoa no planejamento dos cuidados e na tomada de decisões. Esses dados são importantes porque fornecem indicações para a compreensão dos fatores que podem afetar a reação do indivíduo ao estresse, assim como os sentimentos e as atitudes acerca da recuperação e do potencial de adaptação de cada indivíduo a essa situação. São essas informações que vão influenciar no relacionamento entre (..) [profissional de saúde] e paciente e que irão subsidiar uma assistência com base científica, o que nos torna "apropriadores" desse conhecimento. Intervenções do profissional de saúde É importante o conhecimento sobre o crescimento e o desenvolvimento humano em termos gerais e também é importante saber que cada indivíduo tem sua peculiaridade e suas necessidades próprias, o que solicita uma assistência de saúde individualizada. Quando falamos em uma assistência de saúde individualizada, estamos falando de uma abordagem bastante abrangente. Os profissionais de saúde (...) [dispendem muito tempo do dia] com o paciente. É preciso escutá-lo, entendê-lo e indicar como deve proceder no próprio cuidar. O (..) [profissional de saúde] pode ajudar por meio de intervenções sobre assuntos que lhe competem ou pode ainda realizar encaminhamentos a profissionais especializados, de 7
  • 8. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. acordo com a necessidade apresentada por cada paciente, para que ele tenha suas necessidades individuais atendidas. Para isso, o (..) [profissional de saúde] precisa conhecer muito bem a instituição em que trabalha e os recursos disponíveis para o atendimento ao paciente. Por exemplo, conhecer os serviços disponíveis para atendimento ao paciente de maneira geral, como: serviço de psicologia (se pode ser oferecido ao paciente e seus familiares), serviço social (se atendem ao paciente e à família e o que pode ser oferecido), serviço de transporte, serviços de acompanhamento, como ambulatório ou unidades básicas de saúde, serviço de reabilitação e terapia ocupacional, serviço jurídico etc. A compreensão de como o adulto aprende auxilia o profissional quando este desenvolve planos de instrução e orientação para o paciente. O processo de ensino deve fornecer ao paciente o máximo de informação necessária para que ele coopere com o curso prescrito. O profissional deve estar disponível para responder às perguntas, à medida que o adulto faça opções. Deve, ainda, encorajar as funções que podem ser mantidas no hospital, como tomar decisões. Pelo fato de o adulto estar continuamente evoluindo e adaptando-se a mudanças em casa, no trabalho e na vida pessoal, o processo para tomar decisões deve ser idealmente flexível. Quanto mais seguro o adulto for em seus papéis, mais flexível e aberto será a mudanças e ao enfrentamento dos conflitos que a doença sobrepõe aos já existentes. • NA SENESCÊNCIA O adoecer na velhice pode ter muitos significados para diferentes indivíduos. Pode representar a causa de um sofrimento psíquico intenso que provoca um estado psicológico patológico ou a possibilidade da aceitação dos seus limites como ser humano. A partir daí, torna-se possível conviver de forma mais realista com o seu momento de vida, sem exigir o impossível, mas viver dentro do possível. Muitas vezes, os indivíduos vivenciam o adoecimento como um repentino corte na sua vida, como uma mudança abrupta no seu cotidiano, em que ele já não tem certeza de muitas coisas e, sobretudo, porque o seu presente começa a ser como que controlado por uma equipe de saúde e não por ele mesmo. Isso para o idoso pode ser vivenciado com muito sofrimento e colocar em questão a ameaça de perda de sua autonomia e independência. Esses medos podem deixar o idoso muito frágil e levá-lo a uma crise psicológica durante o momento da doença. O fato de o idoso se expor a um ambiente desconhecido, com pessoas desconhecidas, pode produzir sentimentos de ameaça à sua segurança e à sua integridade física e mental. Em razão disso, o idoso pode manifestar atitudes retaliadoras ou até mesmo agressivas, recusar a execução de procedimentos de enfermagem, deixar de se alimentar ou impedir ou não realizar a própria higiene corporal, negligenciando seu autocuidado. Essas atitudes podem indicar um sentimento de insegurança e insatisfação, tanto no processo de hospitalização como em situações de extremo sentimento de exclusão social, com afastamento do ambiente em que vive, como o próprio trabalho e as atividades de lazer. Intervenções do profissional de saúde A identificação das necessidades do idoso demanda do (..) [profissional de saúde] uma visão e compreensão sobre o processo de envelhecimento do ser humano como período da vida, acumulativo e temporal, cujas repercussões emocionais na velhice podem ser reflexos de um fenômeno mais amplo e dinâmico, no qual se somam fatores biológicos, psicossociais e culturais, resultantes da condição de pluralidade na relação do indivíduo com o meio ambiente ao qual pertence. Nessa perspectiva plural de ser humano em processo de envelhecimento, o (..) [profissional de saúde] visualiza o idoso inter-relacionado com seu contexto afetivo e cultural, no qual ele vivencia mudanças e demandas de cuidado variáveis de acordo com a experiência 8
  • 9. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. de vida e com as respostas individuais. Assim, não há como constar nesse capítulo fórmulas ou receitas que possam limitar o universo das intervenções (...). Dessa forma, o (..) [profissional de saúde] deve estar atento às mudanças ocorridas no idoso - nos aspectos da afetividade, da cognição e na forma como ele expressa sua sexualidade e espiritualidade. Deve avaliar o nível de autoconceito e auto-estima, interligando essas informações à possibilidade de efeitos colaterais de medicamentos que podem mascarar ou intensificar alterações no seu comportamento. (...) Olhar o envelhecimento dentro de um processo que não seja unicamente biológico, mas cultural, possibilita uma flexibilidade para entender que ele é construído e influenciado pelo modo de vida, organização social, religião, linguagem, pensamentos e outros componentes, numa dinâmica de estímulos interligados: "as circunstâncias favorecedoras da senescência têm a ver com fatores genéticos, estilo de vida, trabalho, ambiente e condicionantes biopsicossociais que concorrem para um envelhecimento com melhor ou pior qualidade de vida". No que se refere aos profissionais de (...) [saúde] que lidam com o idoso, é importante lembrar que a quebra do preconceito tem significados relevantes, pois a presença desses pode prejudicar e limitar a avaliação multidimensional do geronte, reafirmando condições de incapacidade e dependência e "impedindo que eles possam desenvolver o seu potencial máximo". (...) olhar o envelhecimento como evento puramente biológico natural e, portanto, aceito naturalmente pode ser uma barreira para que se perceba a diferença entre o processo de senescência e o de senilidade, o que provavelmente causará dificuldades na identificação dos problemas apresentados pelos idosos. Nesse aspecto, é importante rever os critérios na avaliação do idoso, considerando-se que, como processo biológico, envelhecer é diferente de ficar doente. As alterações ocorridas nesse processo devem ser respeitadas e atenciosamente acompanhadas, especialmente no que se refere à caracterização do que é normal ou patológico. A senescência ou eugeria é compreendida como fator anatômico e funcional que sofre o reflexo do modo de vida de cada indivíduo, ao passo que senilidade ou patogeria estaria ligada às diversas alterações que podem se manifestar no idoso e causar-lhe desequilíbrio, aqui entendidos como doenças. Ao (..) [profissional de saúde] cabe o discernimento em identificar situações comportamentais indicadoras de doenças neurológicas, como demências, quadros sinalizadores de depressão, risco de suicídio ou mesmo de sua exposição a situações de maus-tratos. Diferenciar aspectos comportamentais de processo adaptativo ao envelhecimento de um processo de senilidade, torna valiosa e acurada a avaliação do (..) [profissional de saúde]. Direcionada ao aspecto de atendimento às necessidades psicossociais, a assistência de saúde pode ser focada em quatro importantes direções: no controle e na prevenção de situações de estresse, no estímulo à auto-estima do idoso, na compreensão de sua sexualidade e no favorecimento de suas necessidades espirituais. Nesse caso, cabe ao (..) [profissional de saúde] desenvolver uma percepção a respeito dos desejos, das aspirações e das motivações como fonte de vida para a pessoa idosa, associando uma infinidade de possibilidades de intervenções de (...) [saúde], sejam elas nos âmbitos da prevenção, da educação ou do cuidado assistencial. Assumir uma postura que permita o diálogo e estimule a participação dos idosos no processo decisório sobre os cuidados (...) oferecidos representa reconhecer o idoso com respeito e dignidade. 9
  • 10. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC. Diagnosticadas alterações comportamentais, o (..) [profissional de saúde] procura direcionar estratégias que visem diminuir e satisfazer a necessidade de segurança do idoso. Uma das técnicas utilizadas é o acolhimento, momento em que o (..) [profissional de saúde] recebe o idoso sob seus cuidados e fornece informação quanto à equipe (...) que cuidará dele, aos procedimentos que serão realizados, explicando as rotinas da instituição e a possibilidade de adequação às suas necessidades individuais. Entre as informações fornecidas durante o acolhimento podem ser contempladas: planta física, iluminação, acessos para realização de suas necessidades fisiológicas, comunicação com o meio interno e externo e com o serviço de (...) [saúde] por meio de campainhas e telefone, e horários das refeições e de visitas. Deve-se recomendar a permanência de um acompanhante e/ou familiar junto ao idoso, direito esse previsto pelo Estatuto do Idoso. Quando se fala em apoio emocional ao idoso, muitas vezes, torna-se vago o modo como é direcionada essa proposta ou plano assistencial de (...) saúde. Esse apoio pode representar desde ações simples, como ajudá-lo e encorajá-lo a caminhar, a mudar de posição, a subir um degrau de escada, a alimentar-se, até um apoio espiritual, com palavras de carinho, de afeto, favorecendo um encontro com sua comunidade religiosa, ou mesmo uma leitura, ou uma presença silenciosa. O apoio da família surge como fator importante para a qualidade de vida na velhice. Um sentimento de segurança na família demonstrada por meio de apoio pode ser interpretado como se fosse resultado de um reconhecimento, produzido a partir de uma relação de amizade, solidariedade e amor entre seus membros. Nessa etapa da vida, a família funciona como se fosse o alicerce de emoções e de vínculos sociais entre o idoso e o mundo. Considerar todo esse contexto afetivo significa proporcionar uma assistência (...) em saúde ao binômio "idoso e família", compreendendo sua importância para a qualidade de vida do geronte. 10
  • 11. 1 ALMEIDA, Fabiane de A. Psicologia do desenvolvimento: a criança. IN: FARAH, Olga G; SÁ, Ana C. Psicologia aplicada à enfermagem. Barueri: Manole, 2008. 2 Extraído de: BOCK, Ana M. B. (et al). Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 98-100. 3 CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Ática, 2004. 4 Idem. p. 18. 5 Extraído e adaptado de: ALMEIDA, Fabiane de A. Psicologia do desenvolvimento: a criança. IN: FARAH, Olga G; SÁ, Ana C. Psicologia aplicada à enfermagem. Barueri: Manole, 2008. p. 30-59. 6 Idem, p.61-105.