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DANILO JOVÊ CESAR GONZALEZ
A DIVINIZAÇÃO DO MITO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E ARTE
CURSO DE ARTES VISUAIS
Campo Grande - MS
2010
DANILO JOVÊ CESAR GONZALEZ
A DIVINIZAÇÃO DO MITO
Relatório Científico submetido à
apresentação da Banca
Examinadora como exigência parcial
para a obtenção do grau de Bacharel
em Artes Visuais, elaborado sob a
orientação da Profª. Drª. Carla Maria
Buffo de Cápua
Campo Grande
2010
DANILO JOVÊ CESAR GONZALEZ
A DIVINIZAÇÃO DO MITO
Dissertação apresentada ao Curso de
Artes Visuais – Bacharelado, da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito
parcial à obtenção da graduação do grau de
Bacharel em Artes Visuais.
Campo Grande, MS, ____ de ______________de 2010
COMISSÃO EXAMINADORA
Profª. Drª Maria Carla Buffo de Capúa
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
______________________________________________________
Profª. Drª Eluiza Bortolotto Hizzi
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
______________________________________________________
Profª. Mscª. Venise Paschoal de Melo
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
As guerreiras de minha vida, minha avó Flora e minha mãe Denise,
obrigado por toda a dedicação em minha formação.
E para Fernando, o meu leal companheiro.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho não foi feito individualmente; muitas pessoas
ajudaram de uma forma ou outra, seja na parte prática, na teórica ou até
mesmo na psicológica; aqui presto a todos os meus sinceros agradecimentos.
Em primeiro lugar à minha familia; eles que aguentaram o
cheiro de massa plástica, o amarggedon que causei no quintal, toda a poeira,
o meu estresse e, principalmente, por terem financiado este meu louco projeto.
Um agradecimento especial à minha mãe Denise, que com sua aptidão
intelecutal constantemente sentou ao meu lado, corrigiu, opinou e me ajudou
com a parte teórica do trabalho; à minha avó Flora, sem a qual nada disso teria
sido possível e, também, por toda a ajuda que me deu com as esculturas; ao
meu irmão Rodrigo que deu literalmente uma força e, claro, o maior de todos
os obrigados para minha prima Renata, que se submeteu a ser enfaixada
completamente para que uma das minhas peças fosse concretizada e que
além de toda a tortura momentanêa com o gesso, depois ainda teve a maior
difiiculdade para remover a vaselina de seu corpo.
Ao meu companheiro de todas as horas Fernando Jubila que,
além de seu apoio e incentivo quando me encontrava desiludido e arrependido
por ter escolhido este projeto tão ambicioso, sempre estava ao meu lado
auxiliando-me de alguma maneira, por ter cuidado da parte elétrica deste
trabalho, montando e comprando o matérial necessário, além de ter ajudado a
lixar as peças, mesmo sendo alérgico a poeira e odiando o cheiro de massa
plástica.
A todos os meus amigos, entre eles Gabriel e Tarcísio, sempre
muito empolgados. Este sentimento de euforia, por partes deles com minhas
obras, acabava por me motivar a continuar fazendo o meu melhor; ao Kaio
Ratier e à Justyne Cadamuro, por terem doado um pouco de seu tempo e
ajudado com a fôrma mais complicada de nossas vidas. Ao Lucas Santos que
vetorizou e imprimiu os adesivos usados na escultura da Amy Winehouse. E à
Carol Knöner, pelo melhor presente que alguém poderia me dar, luvas
cirúrgicas, que protegeram minhas mãos da massa plástica.
À minha amiga e tutora Alexandra Zucarelli, que me motivou
desde o começo e admirou tudo o que eu produzi em todos esses dez anos de
convivência, graças a ela me apaixonei pelas Artes.
Ao técnico Jucelino com quem dividi a marcenaria durante
todos esses mêses, ele que sempre foi muito atencioso e prestativo, ajudando
em todo o processo de construção; como gosto de dizer: “Jucelino você deveria
ser um acessório e todos deverian ter um em casa, eu queria no mínimo dois”.
Ao querido e adorado Mestre Adilson, que sempre estava
presente quebrando um galho, sempre ajudando a transportar objetos pesados
ou hidratando a argila.
A todos os professores que estiveram envolvidos de alguma
forma; agradeço à Eluiza e à Venise por participarem da banca, por suas idéias
e correções, um grande obrigado pelo seu tempo.
À professora Carla de Cápua com quem mantive um
relacionamento intenso entre aluno e professora, ela que durante estes quatro
anos me ensinou muito mais do que era proposto em sala de aula, sempre
dedicada, atenciosa, prestativa e muito preocupada, aposto inclusive que a
deixei algumas noites sem dormir por conta deste trabalho. Obrigado por toda a
sua orientação, por seus ensinamentos e por ter despertado o amor que sinto
pela escultura, graças a isso consegui muitos trabalhos na área.
“Me amem nem que seja pelos meus cabelos louros.”
Marilyn Monroe
RESUMO
Denominado A Divinização do Mito, este trabalho de conclusão de curso
envolve a linguagem artística escultura integrada a uma instalação. Como
temática abordará a reflexão sobre a influência da mídia na sociedade no
processo de divinização de pessoas em evidência no meio artístico, sem
questionar os valores éticos, morais e sociais representados e assumidos por
elas, apresentando um foco capitalista que se evidencia em uma sociedade de
consumo. Esta influência midiática na divinização de personalidades tem ação
e reflexo direto na repercussão de costumes, hábitos e demais contextos
culturais, criando por trás um culto às celebridades, estas veneradas por seus
fãs.
Palavras Chave: Escultura – Mídia – Divinização – Mito – Instalação.
ABSTRACT
Called The Deification of the Myth, the completion of course work involves the
sculpture as an artistic language in an integrated installation. How to address
the search for thematic discussion on the influence of media the deification of
people in evidence in the social environment, without questioning the ethical,
moral and social represented and undertaken by them in a capitalist focus that
is evident in a consumer society. This media influence in deification of
personalities has action and reflection direct effect of the customs, habits and
other cultural contexts, creating a cult of celebrity, these revered by his fans.
Keywords: Sculpture - Media - Deification - Myth - Installation.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................10
2- O CULTO............................................................................................12
2.1- O Divino......................................................................................12
2.1- O Mito.........................................................................................13
2.2- O Poder da Imagem...................................................................15
2.3– Mídia e Manipulação.................................................................18
2.4- A Polêmica como Forma de Divulgação....................................21
2.5– Influências Históricas.................................................................26
3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................................32
3.1 A Construção de Amy Winehouse...............................................32
3.2 A construção de Lady Gaga........................................................41
3.3 Sistema Elétrico...........................................................................52
3.4 Análise das Obras........................................................................53
CONCLUSÃO..........................................................................................58
REFERÊNCIAS.......................................................................................59
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 1 MARILYN MONROE............................................................................................15
FIG.2 FIGURA DA CAVERNA DE LASCAUX................................................................16
FIG.3 O MILAGRE DOS PÃES E DOS PEIXES............................................................17
FIG.4 SERGINHO EX BBB.............................................................................................21
FIG.5 LINDSAY LOHAN PRESA....................................................................................22
FIG.6 AMY WINEHOUSE CORRENDO DE SUTIÃ EM UM
PARQUE DE LONDRES................................................................................................23
FIG.7 BRITNEY SPEARS E MADONA BEIJO NO VMA 2003.......................................24
FIG.8 LADY GAGA NO VMA 2010 VESTIDA DE CARNE.............................................25
FIG.9 CLIPE BAD ROMANCE NO YOUTUBE MAIS DE 281 MILHÕES DE
VISUALIZAÇÕES...........................................................................................................26
FIG.10 ANDY WARHOL – MARILYN MONROE …………………..………..…………….27
FIG.11 GIAN LORENZO BERNINI – O ÊXTASE DE STA TEREZA ……………………28
FIG.12 ST. STANISLAS KOTSKA ON HIS DEATHBED - PIERRE LEGROS THE
YOUNGER……….…………………………………………………………………………….29
FIG.13 BRUCE MUNRO - FIELD OF LIGHT………………………………………………30
FIG.14 BRUCE MUNRO – HARVEY NICHOLS ..…………………………………………31
FIG.15 AMY WINEHOUSE EM SHOW……………………………………………………..32
FIG.16 ANTES E DEPOIS DE AMY WINEHOUSE........................................................33
FIG.17 ESBOÇO............................................................................................................34
FIG.18 ESTRUTURA DE FERRO DE CONSTRUÇÃO..................................................34
FIG.19 ESTRUTURA DE FERRO COM JORNAL..........................................................35
FIG.20 ESTRUTURA DE FERRO ENSACADA.............................................................35
FIG.21 INICIO DA MODELAGEM..................................................................................36
FIG.22 CONTINUAÇÃO DA MODELAGEM...................................................................36
FIG.23 ROSTO DEFORMADO.......................................................................................37
FIG.24 TRABALHANDO NO ROSTO.............................................................................37
FIG.25 MODELAGEM FINALIZADA...............................................................................38
FIG.26 INÍCIO DA FORMA.............................................................................................38
FIG.27 CONFECÇÃO DA FÔRMA.................................................................................39
FIG.28 FÔRMA FINALIZADA.........................................................................................40
FIG.29 PREENCHENDO A FÔRMA COM MASSA PLÁSTICA.....................................40
FIG.30 PARTES DA ESCULTURA.................................................................................41
FIG.31 ESCULTURA EM PROCESSO DE ACABAMENTO..........................................41
FIG.32 STEFANI JOANNE ANGELINA GERMANOTTA
ANTES DE SER LADY GAGA........................................................................................42
FIG.33 SANDRO BOTTICELLI – O NASCIMENTO DE VÊNUS....................................43
FIG.34 FIGURINOS DE LADY GAGA............................................................................43
FIG.35 INÍCIO DA SEGUNDA FORMA..........................................................................44
FIG.36 RECORTANDO O GESSO.................................................................................45
FIG.37 INICIO DA MODELAGEM DO BUSTO DA LADY GAGA...................................45
FIG.38 LADY GAGA NO GRAMMY 2010......................................................................46
FIG.39 MODELAGEM FINALIZADA...............................................................................46
FIG.40 DESTRUINDO A FÔRMA PERDIDA..................................................................47
FIG.41 PARTES DA ESCULTURA.................................................................................47
FIG.42 MONTAGEM DA ESCULTURA..........................................................................48
FIG.43 UNINDO O CORPO COM A CABEÇA...............................................................48
FIG.44 ALEXANDER MCQUEEN – SAPATO ARMADILLO..........................................49
FIG.45 SAPATO E CAIXA DE ISOPOR........................................................................49
FIG.46 SUSTENTAÇÃO DA CONCHA..........................................................................50
FIG.47 MODELAGEM FINALIZADA E FÔRMA DIVIDIDA.............................................51
FIG.48 PRIMEIRA PARTE DA FÔRMA FINALIZADA....................................................51
FIG.49 AMY WINEHOUSE PULA MURO PARA FUGIR DOS PAPARAZIS.................54
FIG.50 DETALHE DA OBRA OPACIDADE DE UMA ESTRELA
........................................................................................................................................54
FIG.51 UH LADY GAGA!................................................................................................56
10
1. INTRODUÇÃO
Ser eternizado, divinizado, idolatrado, estes são os desejos da
maioria dos “mortais” que buscam os seus quinze minutos de fama e tentam
torná-los presentes na memória da sociedade.
A busca por esta glória eterna tem acontecido de duas
maneiras preponderantes: pela religião ou pela mídia. No sentido religioso,
associa-se a divindade, à moral, à semelhança com o ideal de ser supremo a
quem chamamos de Deus. A religião torna imortal pelo heroísmo, amor, ou
martírio em nome da moral e dos bons costumes.
A mídia contemporânea faz o caminho contrário: eterniza
aquele que mais “caos”, polêmica e escândalo provoca socialmente. Por
talento artístico ou por simples motivação de euforia, tem-se os mais diversos e
espetaculares fenômenos midiáticos.
A mídia, no entanto, não leva em consideração o exemplo
moral necessário, nem a virtude, nem as boas ações ao eternizar o “boom” do
momento, que será copiados por milhares de crianças, jovens e adultos, que
reproduzirão suas atitudes – corretas ou não – o reflexo dessa informação.
A interação entre sujeito e discurso midiático estabelece a
possibilidade de contato com diversos estilos de vida que podem ser
reproduzidos em individualidades sociais. Ao confrontar com essa diversidade
sociocultural, o sujeito é apresentado a uma nova realidade que poderá operar
na construção da sua identidade; pois, ao mesmo tempo em que a mídia
individualiza modos de vida e comportamento, ela aproxima mundos distintos,
unindo esses sentimentos isolados e transformando-os em sentidos coletivos.
O modo de vida e os hábitos comportamentais, principalmente
dos adolescentes, produziram um novo tipo de consumo cultural globalizado e
repetido em todas as classes sociais.
Todos aqueles que são atingidos pelos meios de comunicação
acabam contribuindo para este culto imposto pela mídia, seja por ampliarem a
11
divulgação, repassando para um número maior de indivíduos, seja pela
curiosidade que resulta em uma pesquisa a respeito de um determinado
assunto ou pessoa, seja pela ironia e o sarcasmo que são constantemente
utilizados para ridicularizar pessoas e situações. A mídia é como se fosse um
motor que move os desejos e anseios das pessoas comuns e os superstars
seriam o combustível deste motor que é consumido ferozmente.
Neste sentido, este trabalho justifica-se pelo poder de sedução
exercido pela mídia e por suas personalidades na sociedade globalizada, pelo
fortalecimento existente no interesse na imagem a ser divulgada para a
sociedade e na busca incessante em encontrar-se em evidência.
O objetivo é criar uma reflexão sobre como a mídia tem o poder
de divinizar pessoas em evidência e, através de uma linguagem artística,
pretende-se evidenciar os “divinizados” e suas atitudes.
Com base nessa pesquisa foram selecionadas duas
personalidades polêmicas, são elas Amy Winehouse e Lady Gaga; ambas
foram convertidas em esculturas em tamanho real. A escultura neste trabalho
está envolvida em uma instalação.
Este trabalho está dividido em dois capítulos. No primeiro é
desenvolvido o conceito de divino, cuja definição é comparada ao modo como
a mídia a descaracteriza e transforma um simples mortal em um deus. O
segundo capítulo trata da metodologia, do processo de criação das esculturas,
execução, materiais e técnicas utilizadas. É feita também uma analise poética
das obras.
12
2. O CULTO
2.1O Divino
A temática deste estudo aborda a divinização de pessoas em
evidencia na sociedade; assim, tornou-se necessário pensar sobre o que é “ser
divino”? O que torna algo divino? Para responder estas perguntas inicia-se esta
pesquisa buscando uma compreensão do termo e a apropriação deste
conceito pelo homem, que durante os séculos interpretou a imagem e a palavra
“de Deus” em sua sociedade inserindo-a em sua cultura.
Ao pensar na origem do significado da palavra Divino,
transcende-se a necessidade de buscar a sua origem etimológica, faz-se
necessário um estudo mais profundo para que se compreenda o sentido que
é ser divino.
O latim Deus e divus, assim como o grego διϝος = "divino"
descendem do Proto-Indo-Europeu*deiwos = "divino", mesma raiz
que Dyēus, a divindade principal do panteão indo-europeu,
igualmente cognato do grego Ζευς (Zeus). Na era clássica do latim o
vocábulo era uma referência generalizante a qualquer figura
endeusada e adorada pelos pagãos. (WIKIPÉDIA s/d)
Como se pode ler a cima, se encontra como sinônimo do
siginificado de divino tudo que é relativo a Deus, a ser perfeito, maravilhoso.
Pode-se pressupor, então, que ao ser classificada como divino, a criatura
equipara-se a “Deus”, assumindo a supremacia e a perfeição como
características próprias e individuais.
O pensamento racional busca trazer a compreensão desse
fenômeno para a análise à luz da realidade contemporânea através de análises
filosóficas que possam explicitar os sentidos e significados do que é ser divino.
A investigação filosófica sobre o divino é, antes de tudo, uma
continuidade da compreensão e explicação mítica do mundo, onde, por traz da
realidade fenomênica, estaria a ordem no nível simbólico de tudo o que existe.
O mito, do grego mythos (μυψοω) visa sempre compreender e
explicar o mundo numa tal ordem e unidade que todas as coisas ganham
sentido e significado enquanto mundo organizado e pensado (PASSOS, 2004)
13
Reunindo essas definições é possível outrogar este caráter divino às
minhas obras.
2.2 O Mito
Segundo Corte (1958), a palavra mito provém do verbo grego
“mutheo”, que significa conto. O mito é uma narração. Pretende narrar, quer a
composição do mundo divino, quer as façanhas dos heróis ou a linguagem dos
animais.
São narrativas fascinantes, porém absurdas para quem quiser
enxergar nelas algo palpável e “real”. E não adianta procurar nessas
histórias verdades científicas, pois ao fazê-lo, perderão toda sua
beleza e fascínio. (SALIS, 2003, p. 13)
O mito tem a sua origem na mais profunda imaginação
humana, nada mais é que uma representação fantástica da realidade, mas que
é julgada exata. São histórias criadas pelos homens e contadas pelos próprios,
em busca da verdade e do sentido. Assim, precisamos entender quem somos e
o significado das coisas.
O mito é uma forma do sentido. Uma das primeiras formas do
primeiro sentido, da primeira grande narrativa que o homem se deu. A
definição aristotélica do homem como um animal político é apressada
ou secundária. O homem é, antes de mais nada um animal que se
conta histórias, é isso que o diferencia entre as espécies. Um animal
que se conta várias historias. (COELHO, 2007, p. 15 )
Desde os primeiros vestígios da humanidade há registros na
crença do misticismo. Alves (2003) afirma que o homem faz cultura a fim de
criar os objetos do seu desejo, ou seja, para desvendar o desconhecido o
homem explora a imaginação e cria uma série de explicações para o universo
que o rodeia, justificando seus anseios, seus desejos e fetiches.
O sagrado não é uma eficácia inerente às coisas. Ao contrário, coisas
e gestos se tornam religiosos quando os homens batizam como tais.
A religião nasce com o poder que os homens têm de dar nomes às
coisas, fazendo uma discriminação entre coisas de importância
secundária e coisas nas quais seu destino, sua vida e sua morte se
dependuram. (ALVES 2003, p. 24)
14
Cria-se uma teia de símbolos como canções, cultos,
edificações, decorações, entre outros diversos e diferentes tipos de adorações.
Essas manifestações por parte dos fiéis servem para venerar sua fé ao seu
Deus. Segundo Alves (2003), é ao invisivel que a linguagem religiosa se refere
ao mencionar o céu e o inferno, os milagres e qualquer coisa que nutra a
mente humana e questiona se algum dia alguém já viu algumas das entidades
veneradas. Obviamente a resposta a essa pergunta é não, são adoradas
imagens com a incerteza de sua autenticação, porém com a satisfação do
sobrenatural que saceia a sua imaginação.
Uma pedra não é imaginária, é visível, concreta. Como tal, nada tem
de religioso. Mas no momento em que alguém lhe dá o nome de altar,
ela passa a ser circundada de uma aura misteriosa, e aos olhos da fé
podem vislumbrar conexões invisíveis que a ligam ao mundo da
graça divina. E ali se fazem orações e se oferecem sacrificios.
(ALVES 2003, p. 26)
Pode-se afirmar, assim, que nesta perspectiva qualquer objeto,
pessoa, local poderá ser divinizado, capaz de produzir eventos sobrenaturais
que o relacionam às esferas superiores míticas.
Este conceito religioso se enquadra na proposta do trabalho,
visto que fãs das celebridades em evidência na mídia hoje acabam venerando-
as, de uma forma tão intensa, que estas acabam se tornando “Deuses” aos
olhos de seus seguidores. Atualmente as redes sociais como o Orkut1
, por
exemplo, acabam por reunir um aglomerado de fiéis, que assim como em um
culto religioso se reúnem para discutir e idolatrar seu ídolo.
Na atual sociedade são chamados de mitos aqueles que
conseguem se consagrar e destacar-se perante a divulgação da força
midiática, permanecendo na mídia por longos períodos. Marilyn Monroe, por
exemplo, após o suposto suicídio se consagrou como um ícone e sua imagem
e nome são sinônimos de lucros, objetos ou registros da atriz são vendidos
constantemente, como ressalta o site Correio do Brasil (2010), no qual
encontramos matérias com títulos como: “Marilyn Monroe ainda dá lucro”,
1
O Orkut é uma rede social filiada ao Google, criada em 24 de Janeiro de 2004 com o objetivo
de ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos.
15
“Fotos inéditas de Marilyn Monroe são colocadas à venda”, “Sepultura acima
de Marilyn Monroe é vendida por US$ 4,6 milhões”.
A tecnologia empregada nas mídias contemporâneas tem
assegurado esta permanência no culto às personalidades, destacando-se a
utilização da imagem nesta divulgação e propagação da força mitológica de
determinadas personalidades, eternizando o ser em evidência.
Fig 1. Marilyn Monroe
Fonte: (http://www.fullissue.com/index.php/marilyn-monroe-biography-
1926%E2%80%931962.html)
2.3O Poder da Imagem
Desde os primeiros vestígios do homem são encontradas
manifestações religiosas sendo representadas através de pinturas, esculturas e
arquiteturas. A imagem assume ao longo do contexto sócio-histórico o papel de
comunicação, funcionando também como uma linguagem a ser interpretada ao
longo dos tempos.
Segundo Gombrich (1999), pinturas e estátuas, em outras
palavras, são usadas para realizar trabalho e magia e não como algo bonito
para ser contemplado.
16
O homem pré-histórico utilizava-se destes artificios; a imagem
para eles não era apenas uma representação bidimensional, mas era rodeada
de uma áura mística, com poderes capazes de interferir na realidade. Servindo
assim de legado para as gerações futuras.
Para as civilizações antigas as imagens eram utilizadas como
representações do sagrado. Nesta época uma representação pictórica também
era rodeada de aura mística e adorá-la seria como idolatrar a figura original.
Em todas as partes do mundo, médicos-feiticeiros, pajés ou bruxos
tentaram praticar a magia de uma forma ou outra; fizeram pequenas
imagens de um inimigo e perfuraram o coração do maltratado
boneco, ou o queimaram, na esperança de que o inimigo sofresse
com isso. (GOMBRICH, 1999, p. 40)
A representação através da imagem expressa os sentimentos,
desejos e anseios de determinada pessoa ou sociedade em torno de um outro
ser ou objeto, alvo de bons ou maus sentimentos. Desta forma inicia-se a
ligação com o invisivel materializado naquela representação.
Fig.2 Figura da Caverna de Lascaux, França, c.15000-10000 a.C
Fonte (http://www.usp.br)
A imagem não representava apenas aspectos utilitários como
ensino, mas como perpetuação de uma fé materializada. Assim, o retratado era
a confirmação do real visível.
17
[...] as imagens não eram apenas úteis de um ponto de vista didático
– as imagens eram acima de tudo, sagradas. [...] “Se Deus, em Sua
misericórdia, pôde revelar-se aos olhos dos mortais na natureza
humana do Cristo”, argumentavam eles, “por que não estaria também
disposto a manifestar-se em suas imagens? Não adoramos essas
imagens por si mesmas, como faziam os pagãos. Adoramos Deus e
os santos através das imagens”. (GOMBRICH, 1999, p. 138)
Fig. 3 O milagre dos Pães e dos Peixes, c. 520 d.C
Mosaico; basílica de Santo Apolinário, o Novo, Ravena
Fonte: (GOMBRICH, 1999, p. 137)
Conforme a sociedade foi evoluindo surgiram diferentes tipos
de utilidade para a imagem; e uma de suas novas finalidades surgiu com a
Publicidade. Segundo Santos (2005, 17), a publicidade é todo o processo de
planejamento, criação, produção, veiculação e avaliação de anúncios pagos e
assinados por organizações específicas (públicas, privadas ou do terceiro
setor).
[...] A publicidade entrou nas publicações no terceiro quarto do século
XIX, como um hóspede tímido, confinado em seus aposentos, mais
tolerado do que bem-vindo. Nos anos de 1890, os editores
descobriram que esse hóspede, além de estar pagando as próprias
contas, pagava todas as despesas do estabelecimento inteiro. O
hóspede tornou-se, então, um importante membro da casa – alguém
com voz para dizer como a casa deveria ser administrada. (Peterson,
1979, 57. Original em inglês). (SANTOS, 2005, p. 33).
Como forma de manipulação a publicidade utiliza a propaganda
para influenciar o espectador; ainda segundo Santos (2005), a propaganda visa
mudar a atitude das pessoas em relação a uma crença, a uma doutrina ou a
uma ideologia. Ela visa uma mudança do público em relação a uma ideia.
18
Nos dias atuais, estamos cada vez mais expostos às imagens
saturadas de mensagens impostas pela mídia. A imagem nunca teve tanto
poder como agora, além dos meios tradicionais como a televisão e o rádio,
agora é possível atingir um número maior de pessoas com a Internet.
Esta força publicitária se dá em razão do tipo de sociedade que
vivemos, uma sociedade do consumo, baseada no capitalismo e na
globalização.
2.4Mídia e Manipulação
A sociedade de consumo atualmente sofre uma influência da
mídia de maneira intensa, valorizando o imaginário construído pela notícia, sem
questionar valores éticos, talentos, gestos humanitários e sociais.
Bougnoux (1999) concorda que a invenção dos tipos móveis
por Gutenberg – em meados de 1450 – acelerou a difusão dos livros; e que o
acesso direto dos leitores a múltiplas mensagens teria favorecido, assim, a
cisão protestante, mas afirma também, que teria favorecido o espírito do livre
julgar, preparando o terreno para a propagação do racionalismo e a filosofia
das luzes.
Com o advento da televisão esse acesso à informação e às
novidades sociais e culturais se disseminou de uma maneira mais efetiva, em
menor tempo e maior amplitude.
A Internet, por sua vez, multiplicou essa velocidade de
informação e acesso a fatos, eventos e todos os aspectos que representam
uma sociedade que vive de forma intensa e transformadora.
A comunicação audiovisual não é mais um simples
mecanismo informativo, não é mais um simples meio de comunicação onde se
mostra o que aconteceu. Segundo Fisher (2001, p. 18), é “uma instância da
cultura que deseja oferecer mais do que informação, lazer e entretenimento”;
mostra-se como instrumento de comunicação que está acima do bem e do mal,
como se fosse imune a críticas.
19
Estes aspectos influenciam o contexto cultural em suas mais
variadas formas de manifestação, associando à arte e às personalidades os
fatos evidenciados e divulgados, de maneira a ser parte da sociedade, ditando
novos valores éticos e estéticos.
Os meios de comunicação refazem o mundo à sua maneira,
idealizam o mundo, pois algo inviável na realidade pode ser possível na
televisão. A pós-modernidade é um mundo criado pelos signos. Compramos
algo não pelo seu poder de uso, mas por causa do status; as pessoas
passaram a ser pelo que vestem.
A produção e o próprio consumo são programados na pós-
modernidade, o que aumenta o desempenho e facilita a vida. É preciso
qualidade e tecnologia para se poupar tempo e dinheiro; por isso há tecnologia
no cotidiano. As pessoas são bombardeadas por informação e isso provoca
efeitos culturais, políticos, sociais, afetivos.
A moda e a publicidade erotizam o dia-a-dia com fantasias e
proporcionando desejos de posse. Formando-se então o circuito: informação –
estilização – erotização – personalização. Com tantas facilidades no dia-a-dia,
a pessoa se despolitiza. A sua participação com grandes temas e a pessoa
pode ser várias coisas ao mesmo tempo (vegetariano, programador, budista,
etc)
Atualmente a mídia tem referenciado determinados
personagens e fatos que passam a ser cultuados pela sociedade, influenciando
as pessoas a se retratarem com base e estilizarem estilos de vida que não são
os seus; quando assumem este papel divinizando os seus ídolos.
Uma forte influencia em alguns setores das novas gerações, cuja
nova consciência se manifestava no desejo de suprimir os valores
culturais estabelecidos, a hierarquia social e a tutela moral. Elvis
Presley e James Dean, ícones dos anos 50 da juventude,
estabeleceram uma emancipação sexual, liberando culto a aqueles
que fixavam no cinema da época. (OSTERWOLD, 2007, p. 7)
Para o autor (op cit), a comprometida politização da juventude
e sua crítica ao sistema capitalista se submeteram a discussões de novas
formas de vida e estruturas culturais e sociais alternativas. Estes conceitos de
ideologias alternativas conduziram a novas modas e a efeitos de expressão
inusitados.
20
Com os sites de relacionamento se tornou possível para
aqueles que antes eram anônimos, se transformarem celebridades; como disse
Andy Warhol “um dia todos serão famosos por 15 minutos”.
Antes da fama, Warhol cravou uma frase histórica: “no futuro, todos
teremos os nossos quinze minutos de fama” (a frase recebe outras
traduções como “no futuro, toda a gente será célebre durante quinze
minutos” ou “no futuro todo mundo será famoso por quinze minutos”).
(VELOSO, 2009, p. 1)
Segundo Veloso (2009), a melhor interpretação para a sua
frase é que haveria um dia em que a fama estaria ao alcance do popular, do
povo. Pode ser que a sua previsão seja que a fama seria massificada, diluída,
acessível a todos.
Hoje, a internet populariza quem o quiser. Expor uma fotografia, uma
fala, um texto, não é mais privilégio. É da massa. No bom sentido de
ser acessível a muitos. Canais de televisão procuram por pessoas
chorando, trabalhando, nas ruas. Expõem populares em situações
caseiras. Os filmes mostram a periferia e suas pessoas como se
essas fossem personagens. As ruas estão vigiadas por câmeras. Nos
jornais já se publicam pessoas construindo brilho, não necessária e
previamente brilhantes. Até eu publico e tenho página na internet. De
fato, o acesso à fama já é para todos. (VELOSO, 2009, p. 2).
O ex BBB (Big Brother Brasil) Serginho é um exemplo de
celebridade que ganhou fama através da Internet; antes de ir para o reality
show era conhecido como Sr Orgastic, o seu “fotolog2
” era um dos mais
acessados do país, sua conta no twitter3
(/orgastic_desire) possui 420.069
seguidores (acessado 15/09/2010).
2
Um flog (também fotolog, fotoblog ou fotoblogue) é um registo publicado na Web com fotos
colocadas em ordem cronológica, ou apenas inseridas pelo autor sem ordem, de forma
parecida com um blog.
3
Twitter (pronuncia-se "tuíter") é uma rede social e servidor para microblogging que permite
aos usuários que enviem e recebam atualizações pessoais de outros contatos (em textos de
até 140 caracteres, conhecidos como "tweets"), por meio do website do serviço, por SMS e por
softwares específicos de gerenciamento.
21
Fig.4 Serginho ex BBB
Fonte: EGO (http://ego.globo.com/)
2.5A Polêmica como Forma de Divulgação
É comum artistas terem seus altos e baixos; muitas vezes
estão no auge de sua carreira, mas sua vida pessoal está um caos. Este
“pandemônio” acaba se tornando um entretenimento para as mídias, que
perseguem e expõem a vida dessas pessoas ao público; assim essas
polêmicas pessoais acabam rendendo ao artista um número maior de fãs. Ao
vivenciar situações ruins seu nome circula mais na Internet, a venda de seus
álbuns cresce, o número de pessoas em suas comunidades aumenta, como
também o número de seguidores no twitter. Este artista acaba sendo cultuado
não pelo seu trabalho, mas sim por suas polêmicas.
Como um exemplo recente há o caso da atriz/cantora Lindsay
Lohan, que se encontra em uma fase turbulenta, com problemas financeiros,
uso abusivo de álcool e drogas. A situação de Lindsay chegou a um extremo
tal, que no dia 20 de junho de 2010 foi decretada a sua prisão.
22
Fig.5 Lindsay Lohan presa
Fonte: EGO (http://ego.globo.com/)
A atriz que vivia uma fase decadente em sua carreira voltou ao
auge, surgiram comunidades, camisetas com a frase “Free Lindsay” (Libertem
Lindsay); em seu perfil no twitter (/lindsaylohan) ela compartilhou a seguinte
frase: “Orange is the new black” (Laranja é o novo preto), referente à roupa
usada na prisão americana; e esta frase ganhou vários retweets. Após ter
cumprido a pena se internou em uma clinica de reabilitação.
Divindade, estrelato e em terceiro lugar, qual é a seguinte categoria?
O que vem depois do estrelato? A caída. – Andy Warhol
(OSTERWOLD, 2007, p. 12)
Durante sua internação várias noticias com seu nome
começaram a circular. Segundo a revista “In Touch”, “Lilo” está lucrando
bastante com a repercussão de seu caso e já teria assinado contratos para
trabalhar depois que deixar a clínica de reabilitação onde está internada.
Lindsay tem recebido ofertas milionárias para quando sair da clínica.
Os diretores estão entusiasmados com um possível retorno dela e ela
está sendo muito mais cotada para entrevistas e ensaios do que
antes de ser presa. Ela estava desesperada por dinheiro e agora está
vendo essa situação como uma oportunidade para reverter isso. Ela
espera ganhar o máximo de dinheiro possível e está considerando
todas as ofertas que surgem, contou uma fonte à publicação. (EGO,
2010, p. 1)
Assim como Lindsay Lohan, Amy Winehouse teve sua vida
invadida e exposta pelos paparazzis por problemas drogas, por seu
23
relacionamento complicado e por sua aparência física, que cada vez está mais
frágil.
Seu drama pessoal acabou se tornando uma comédia pela
mídia, que publica imagens da cantora com caretas, em situações
constrangedoras, fugindo dos fotógrafos que a perseguiam.
O interesse pela autodestruição de Amy Winehouse era tanto
que, inclusive, foi criado um site para apostar quando ela morreria.
A maior febre do momento é o site
www.whenwillamywinehousedie.com (em tradução livre: quando Amy
Winehouse vai morrer?). Até esta terça-feira, 22.190 pessoas já
haviam feito suas apostas sobre a data e a hora possíveis de Amy
bater as botas. Quem vier a acertar o momento fúnebre fatura um
tocador de música eletrônica iPod, modelo “touch”. Que tal? (O
GLOBO, 2010, p. 1)
Fig.6 Amy Winehouse correndo de sutiã em um parque de Londres
Fonte: EGO (http://ego.globo.com/)
As polêmicas não fazem parte apenas da vida pessoal
daqueles que a utilizam, mas também atua em seus trabalhos.
Desde o VMA4
de 2003, quando Madonna, Britney Spears e
Christina Aguilera trocaram beijos na apresentação, lançou-se uma tendência
entre várias cantoras que começaram a utilizar em suas performances atitudes
4
MTV Video Music Awards premiação para os melhores vídeos do ano.
24
lésbicas; duas mulheres sempre foram fetiches masculinos e rendem um lucro
enorme.
Fig.7 Britney Spears e Madona beijo no VMA 2003
Fonte: EGO (http://ego.globo.com/)
O beijo entre duas mulheres é tão polêmico que até virou
canção na voz de Kate Perry, I Kissed a Girl, que traz nos seus versos: “Eu
beijei uma garota e gostei do gosto do seu brilho de cereja, eu espero que meu
namorado não fique chateado”.
A música ficou dois meses no topo da parada dos Estados Unidos –
e ganhou inimigos. Os moralistas a odeiam porque estaria levando
as moças para o mau caminho. A comunidade gay torce o nariz
porque Katy a teria composto para faturar alguns trocados, e não em
nome da causa lésbica (o que ela não é). (MARTINS, 2008, p. 1).
Outra maneira de causar um impacto com a mídia é através da
exuberância; o exagero é um tema insaciável para o público, a sociedade está
sempre disposta a um novo choque.
Desde o surgimento de Lady Gaga, por exemplo, somos
constantemente impressionados com suas atitudes e vestuário, porém ela nem
sempre foi do jeito que é.
25
Fig.8 Lady Gaga no VMA 2010 vestida de carne
Fonte: EGO (http://ego.globo.com/)
Talento não é tudo, quando iniciou sua carreira com um visual
menos chamativo e sem polêmicas, Stefani (seu nome de nascença) não
obteve sucesso em sua carreira, foi preciso criar um diferencial. Agora com um
visual surrealista, com clipes com um tempo de duração maior do que o
normal, exploração abusiva da sexualidade e após assumir sua bissexualidade,
a cantora embala numa carreira bem sucedida.
Somando todas as visualizações de seus clipes (Poker Face,
Bad Romance e Just Dance) no Youtube5
ultrapassam 1 bilhão de
visualizações, tornando-se a primeira artista a atingir tal marca.
Segundo o site Visible Measures, especializado em medição de
visualizações de vídeos na internet, a cantora Lady Gaga é a primeira
artista a atingir um bilhão de visualizações na rede. (G1, 2010, p. 1).
5
YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em
formato digital
26
Fig.9 Clipe Bad Romance no Youtube mais de 281 milhões de visualizações
Fonte: Print Screen próprio
Após a exposição desses fatos, pode-se afirmar que, por mais
decadente ou esquecido que esteja determinado artista, ao gerar polêmicas
volta com tudo ao topo das paradas; ou, se ainda enfrenta o anonimato,
usando este mesmo artifício ele se destaca.
O conceito deste trabalho se inspira nessa manipulação da
mídia que se alimenta de escândalos e os introduz ao público, o qual, por sua
vez, reage a estas atitudes, cultuando aqueles que as praticam.
2.6Influências Históricas
Para desenvolver este trabalho foram utilizadas algumas
referências, tanto visuais como conceituais. A temática da Pop Art se faz
presente no conceito deste trabalho, pois trata da sociedade de consumo e de
sua relação com a mídia.
27
A pop art se apóia na mídia, utilizando os mitos da vida que se
utilizam da cultura de consumo, cultuando estrelas e outros símbolos
de sofrimento da época, por meio de rostos maquiados e
embelezados proporcionando os ícones dos anos 60, compensando a
frustração e insignificância do consumidor que se asfixia no
anonimato. (OSTERWOLD, 2007, p. 11)
As obras de Andy Warhol inspiraram o desenvolvimento
prático deste trabalho, pois ele utilizava em suas criações as personalidades da
época, aquelas mais polêmicas, belas e que estavam no auge de sua carreira.
Ao retratar ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley,
Liz Taylor, Marlon Brando e, sua favorita, Marilyn Monroe, Warhol
mostrava o quanto personalidades públicas são figuras impessoais e
vazias; mostrava isso associando a técnica com que reproduzia estes
retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho manual.
(WIKIPEDIA, 2008, p. 1)
Fig.10 Andy Warhol - Marilyn Monroe, 1967.
Serigrafia sobre papel 91,4 x 91,4 cm.
Fonte: (OSTERWOLD, 2007)
A marca maior dos retratos dos famosos é o contorno de
lábios, cabelo e sobrancelhas em tons exageradamente fortes, transparecendo
a idéia de glamour e sexualidade.
O retrato de Marilyn Monroe mostra a artista na mesma forma de uma
lata das suas sopas, em prova inequívoca de que via a fama ou os
famosos também como algo tão passageiro ou necessariamente
reciclável como o material com o qual se faz uma lata: um alumínio,
um latão, uma folha de flandres. (VELOSO, 2009, p. 1).
28
Quanto à parte estética do trabalho, a principal influência na
escultura foram as obras do artista barroco Gian Lorenzo Bernini. Segundo
Gombrich (1999, 440) Bernini rejeitou deliberadamente todas as limitações e
levou-nos a um extremo de emoção que os artistas haviam até então evitado.
As expressões de suas esculturas são de uma realismo
impressionante, como é possível observar na obra O êxtase de Santa Tereza
(Fig. 11).
Fig.11 Gian Lorenzo Bernini – O êxtase de Sta Tereza. 1645 – 52
Mármore, altura 350 cm; Capela Cornano, igreja de Sta Maria della Vittoria, Roma
Fonte: (GOMBRICH, 1999, p. 439)
Nesta obra, segundo Gombrich (1999, p. 438), vemos Santa
Tereza sendo arrebatada para os céus numa nuvem, em direção a caudais de
luz que jorram do céu na forma de raios dourados, e um anjo que se aproxima
dociemente enquanto a santa está desfalecida em êxtase.
A expressão da santa foi algo que me fascinou desde a
primeira vez que vi esta obra e foi algo que pretendi que estivesse presente em
meu trabalho.
Nesta obra, Bernini faz uma mescla de materiais de uma forma
sutil, há vários tipos de pedra na composição, mas pouco perceptível.
29
Este grupo consiste em uma variedade cuidadosamente articulada de
pedras, obtidas das antigas ruínas de Roma (cerda de vinte tipos
diferentes incluindo jaspe, brecha, alabastro, lápis-lazúli, mármore
vermelho da França e preto da Bélgica), que vão constituir um teatro
da salvação. (DUBY, 2006, p. 734).
Outro artista que mesclava materiais em suas esculturas é
Pierre Legros the Youger, como pode ser observado na Fig. 12, no forte
contraste entre o mármore policromo e o jaspe.
Fig 12 Pierre Legros the Younger - St. Stanislas Kotska on his Deathbed (Santo Stanislas
Kotska em seu leito de morte), 1702 – 1703.
Polychrome marble and jasper.
Convent of Sant´Andrea al Quirinale, Rome
Fonte: (DUBY, 2006, p. 752)
Esse trabalho de conclusão de curso não se limita apenas ao
uso das linguagens artísticas tradicionais, mas amplia seu foco para a
linguagem contemporânea. A intenção não é só mesclar os materiais, mas
também as linguagens.
As mudanças decorrentes do abandono de técnicas tradicionais como
a pintura, o desenho, a escultura, o afastamento da idéia de arte
como mercadoria, a reavaliação dos conceitos artísticos fundados na
representação de formas, no belo, na subjetividade, na
individualidade e na artistificação dos meios, deixam seu lugar para
novas formas de produção de arte. (DOMINGUES, 1997, p. 17)
Instalação e escultura têm muito em comum, ambas exploram
o espaço tridimensional, entretanto, não de maneira idêntica. A escultura é
30
limitada a uma determinada área no espaço enquanto que a instalação explora
não apenas o espaço, mas também o espectador.
A escultura usa o espaço tridimensional, mas raramente oferece um
espaço para ser habitado, numa relação dentro e fora. Portanto, a
instalação expande as questões da escultura. Não se trata somente
de ocupar uma determinada área do espaço como as peças
escultóricas, mas de apropriar-se de uma arquitetura, chamando a
atenção para o lugar que é transformado. O grande cubo que envolve
o corpo do visitante é manipulado para se tornar um espaço de
experiências estéticas. (DOMINGUES, 1993, p. 137)
Como a arte e as tecnologias estão convergindo, fez-se
necessário acompanhar este desenvolvimento e acrescentar ao trabalho algum
apetrecho tecnológico, dando às obras um caráter contemporâneo maior.
Os artistas ligados a centros avançados de pesquisa ou isoladamente
assumem a ruptura com a arte do passado, num cenário dominado
pela arte da participação, da interação, da comunicação planetária,
colocando-se em novos circuitos não mais limitados à arte como
objeto ou valor de culto, mas enfatizando, sobretudo, seu poder de
comunicação. (DOMINGUES, 1997, p. 17-18)
Os mecanismos escolhidos para incrementarem as obras foram
as lâmpadas estrobos; estas disparam vários flashes por minuto e rodeiam as
esculturas, numa metáfora aos flashes dos paparazzis que disparam
continuamente ao redor das celebridades.
Fig.13 Bruce Munro – Field of Light.
Fonte: (http://www.brucemunro.co.uk/field.asp)
31
Bruce Munro é a referência utilizada quanto ao uso da
iluminação. O mais famoso de seus trabalhos é o Field of Light (Campo de Luz)
(Fig.13). Segundo o site pessoal do artista (www.brucemunro.co.uk) a
instalação abrange uma área de 60 x 20 metros com 24, 000 metros de cabos
de fibra ótica.
Fig.14 Bruce Munro – Harvey Nichols
Fonte: (http://www.brucemunro.co.uk/)
Após este estudo das referências conceituais, históricas e
estéticas, que embasaram este trabalho, foi possível desenvolver a produção
poética e prática, conforme explicado no próximo capítulo.
32
2– PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
Neste capítulo, será demonstrada toda a elaboração prática
deste trabalho e sendo ilustrado com várias fotografias do processo criativo,
desde o inicio da modelagem, a elaboração da fôrma, a construção com a
massa plástica e o acabamento. Sendo também mencionadas as dificuldades
encontradas durante a jornada de trabalho, além de conter o resultado final e a
análise das obras.
2.1 – A Construção de Amy Winehouse
Para a primeira peça decidiu-se fazer uma escultura
representando a cantora Amy Winehouse. Esta escolha foi devido à temática
deste trabalho questionar a divinização de pessoas em evidência e de esta
cantora estar sempre em evidência e envolvida em pôlemicas com drogas e
álcool.
Fig.15 Amy Winehouse em show
Fonte: (www.g1.com.br)
Amy Winehouse é um exemplo claro do que foi afirmado no
primeiro capítulo sobre o poder da mídia e a polêmica na forma de divulgação.
33
No inicio de sua carreira em, 2004, quando lançou seu primeiro album e se
comportava dentro dos padrões considerados normais pela sociedade, ela não
foi reconhecida. Porém, após seu envolvimento com drogas e escândalos
contínuos, além de sua nova aparência mais magra, com visual retrô e com
muitas tatuagens (Fig. 16), a sua pessoa e a sua imagem foram divinizadas
pela mídia.
Fig.16 Antes e Depois de Amy Winehouse
Fonte: (www.g1.com.br)
Como referência para a escultura me inspirei na obra O êxtase
de Santa Tereza, de Bernini, que foi baseada no relato da própria santa
espanhola Teresa (Fig. 11, p.20) sobre sua experiência mística, um momento
de êxtase celeste, quando um anjo trepassou-lhe o coração com uma candente
flecha de ouro, enchendo-a de dor e, ao mesmo tempo, de incomensurável
bem-aventurança (Gombrich, 1999, 438). Como já foi dito anteriormente, a
expressão da santa foi algo que me facinou desde a primeira vez em que vi
esta obra e foi algo que eu pretendi que estivesse presente em meu trabalho.
A intenção da obra Opacidade de uma estrela, desenvolvida na
parte prática deste estudo, é representar um suposto momento em que Amy
Winehouse entra em um estado de êxtase, e prazer. Para isso foi preciso fazer,
inicialmente, um estudo. Além do esboço da peça (Fig. 17), foi preciso utilizar
34
medidas de uma pessoa real, para que a escultura não ficasse
desproporcional.
Fig.17 Esboço
Fonte: Fotografia própria
Após este primeiro estudo, o passo seguinte, prático, foi utilizar
arame de construção para criar uma sustentação para a argila (Fig. 18).
Primeiramente, foi feito o que viria a ser o tronco da escultura, depois os
membros foram soldados ao suporte. Finalizado o processo e aprovada esta
estrutura, ela foi fixada com pregos na madeira.
Fig.18 Estrutura de ferro de construção
Fonte: Fotografia Própria
O próximo passo foi, com jornal e durex transparente, criar
volume (Fig. 19); este procedimento, além de economizar a argila, ajuda o ferro
a sustentá-la.
35
Fig.19 Estrutura de ferro com jornal
Fonte: Fotografia Própria
A próxima etapa foi encapar com plástico a estrutura já coberta
com jornal, o que contribui para que a argila seque mais rápido; ambos (jornal e
argila) não podem entrar em contato e o plástico acaba sendo um material
apropriado para interferir neste encontro (Fig. 20).
Fig.20 Estrutura de ferro ensacada
Fonte: Fotografia própria
Depois de finalizar todos estes procedimentos, a sustentação
estava pronta para receber a argila. No primeiro dia de trabalho já foi possível
dar uma boa forma à escultura (Fig. 21).
36
Fig.21 Inicio da modelagem (1º dia de trabalho com a argila)
Fonte: Fotografia própria
O processo de modelagem foi longo e com muitas dificuldades
e adaptações. No decorrer do processo de criação percebeu-se que a escultura
estava muito próxima da base, então decidiu-se erguê-la pela cabeça,
utilizando uma madeira retangular de aproximadamente 4 cm de expessura
(Fig.22).
Além disso, a argila das costas não estava fixando-se
regularmente, caía da estrutura. Para resolver este problema foi colocado
isopor nesta região para ajudar a sustentar a argila (Fig 22.).
Fig.22 Continuação da Modelagem
Fonte: Fotografia própria
Com o decorrer do desenvolvimento da peça, percebeu-se que
o rosto estava muito inclinado para a direita e chato, sem “maçãs”, maxilar,
testa, queixo; e o rosto estava desproporcional ao resto do corpo, pois estava
37
muito largo, devido ao fato de a posição não ser muito favorável à modelagem
(Fig. 23). Decidiu-se então, utilizando o fio de nylon, recortar a face da
escultura e modelá-la em um ângulo melhor (Fig. 24).
Fig.23 Rosto deformado
Fonte: Fotografia própria
Ao fazer esta separação foi possivel concluir a modelagem do
rosto e da cabeça. Através das fotografias (Fig 23 e 26) é possível fazer uma
comparação entre o antes e o depois e concluir o quanto foi necessária a
separação das partes.
Fig.24 Trabalhando no rosto
Fonte: Fotografia própria
38
Com a modelagem concluída (Fig. 25) foi preciso fazer uma
preparação para a fôrma6
de gesso. Primeiramente, foi preciso deixar a argila
lisa para que viesse a facilitasse o acabamento futuro da peça.
Fig.25 Modelagem finalizada
Fonte: Fotografia própria
Após alisar a argila, foram usadas folhas de acetato para fazer
as divisões da fôrma (Fig. 26); e foi preciso fazer uma caixa (Fig. 27) para que
o gesso segurasse a argila das costas, a qual, devido ao peso, não conseguia
manter-se sustentada. A madeira foi encapada com saco plástico para que o
gesso não grudasse; e a madeira foi fixada com prego na base, também de
madeira.
Depois, com argila foram vedados os vãos. Foi adicionado
isopor às folhas de acetato para que ajudar a sustentar o gesso.
6
(MICHAELIS, 2008, p. 396) Modelo, molde de qualquer coisa
39
Fig.26 Início da forma
Fonte: Fotografia própria
Para fazer a fôrma foi necessário chamar mais duas pessoas
para ajudar, pois era muito trabalho para uma única pessoa, por isso recorri à
Justyne e ao Kaio ambos recém formados no curso de Artes Visuais (Fig. 27).
Mesmo com três pessoas fazendo a fôrma foi preciso dois dias para finalizar.
Fig.27 Confecção da fôrma
Fonte: Fotografia própria
Primeiro foi feita a fôrma das costas, fazendo uma caixa na
parte de baixo; quando o gesso secou foi passado vaselina na parte de cima e
feita a fôrma do rosto e do tronco. E, por fim, as pernas foram dividas em duas
partes. Ao total a fôrma foi dividida em oito partes (Fig. 28, 29 e 30).
40
Fig.28 Fôrma finalizada
Fonte: Fotografia própria
Algumas partes da fôrma ficaram muito finas e quebraram
quando esta foi aberta; para consertá-la utilizei ataduras de gesso e, em
seguida, reforcei com mais gesso.
Fig.29 Preenchendo a fôrma com Massa Plástica
Fonte: Fotografia própria
A técnica utilizada foi a da fôrma perdida, que tem esse nome
porque é possível retirar apenas uma peça e, durante o processo de extração,
a fôrma é destruida.
Devido ao peso e à dificuldade que seria manusear a fôrma
inteira, decidiu-se preecher com massa plástica todas as suas partes, a seguir
quebrar as formas e, por fim, juntar as partes de massa plástica. Esta decisão
41
trouxe conseqüências no acabamento, pois as emendas ficaram grotescas e
difíceis de consertar.
Fig.30 Partes da escultura
Fonte: Fotografia própria
Com todas as partes unidas inicou-se o acabamento e o
processo de mesclar o cabelo com outro tom de massa plástica a preta (Fig
21).
Fig.31 Escultura em processo de acabamento
Fonte: Fotografia própria
2.2 A Construção de Lady Gaga
A segunda personalidade escolhida para ser confeccionada em
uma peça foi a cantora Lady Gaga (Fig. 32). Sua escolha se deve ao fato de
esta personalidade estar sempre envolvida em polêmicas.
42
Como foi dito no capitulo anterior, Stefani não obteve
reconhecimento em sua carreira, foi preciso criar um personagem mais ousado
para que as mídias se voltassem a ela; assim sua carreira como Lady Gaga
estourou.
Fig.32 Stefani Joanne Angelina Germanotta antes de ser Lady Gaga
FONTE: (http://km-stressnet.blogspot.com)
A ideia para essa obra foi inspirada na pintura o Nascimento de
Vênus, de Sandro Botticelli (Fig. 33), por ser um dos registros mais famosos de
uma cena mitológica grega e por retratar o nascimento deslumbrante de uma
musa.
Segundo o que conta Hesíodo, Afrodite (Vênus) surgiu da
espuma (aphros) do mar fecundado pelos genitais de Urano, castrado pelo filho
Cronos (MAGALHÃES, 2007)
Assim ocorreu com Lady Gaga, que praticamente surgiu do
nada e tornou-se a figura mais conhecida e comentada do ano de 2009.
43
Fig. 33 Sandro Botticelli – O Nascimento de Vênus
Fonte: MAGALHÃES, 2007
Por Lady Gaga ter um gosto extravagante (Fig. 34), seria
possível colocá-la sobre uma concha, como a da famosa cena do quadro de
Botticelli, sem que ficasse exagerado, pois a cantora é constantemente
observada em figurinos bizarros.
Fig.34 Figurinos de Lady Gaga
Fonte: (http://the-famefactory.blogspot.com/)
Para realizar a montagem desta escultura, foi utilizada uma
técnica diferente da usada na confecção da escultura da Amy Winehouse,
devido à falta de tempo e à dificuldade que seria modelar e fazer a fôrma de
uma nova peça.
44
A técnica utilizada consiste em usar uma pessoa para molde; e
para isso foi escolhida a minha prima Renata, pois ela possui praticamente as
mesmas proporções que a Lady Gaga.
Primeiramente o corpo da modelo foi preparado, foi passada
vaselina para que o gesso não grudasse e seus cabelos foram colocados
dentro de uma touca. Após essa preparação, o passo seguinte foi envolver
todo o corpo dela com ataduras de gesso, como é um trabalho muito longo e
difícil, tive a ajuda da minha avó Flora (Fig. 35).
Fig.35 Início da segunda forma
Fonte: Fotografia própria
Após três horas seguidas de trabalho, o corpo da modelo
estava todo recoberto de gesso. Foi preciso esperar alguns minutos para que o
gesso secasse e fosse possível retirá-lo de seu corpo. Foi utilizada uma
tesoura para cortar o gesso e dividí-lo em partes, para em seguida essas
serem fundidas em massa plástica (Fig. 36).
45
Fig.36 Recortando o gesso
Fonte: Fotografia própria
A fôrma do corpo estava pronta, foi preciso apenas modelar o
rosto da escultura para que ficasse parecida com a Lady Gaga. Para manter as
mesmas proporções foi utilizada a fôrma do rosto, essa parte da fôrma foi
revestida com argila e, em seguida, a argila foi retirada e colocada na estrutura
para modelagem da cabeça (Fig. 37).
Fig.37 Inicio da Modelagem do Busto da Lady Gaga
Fonte: Fotografia Própria
O cabelo de Lady Gaga foi inspirado no visual que ela usou na
cerimônia do Grammy 2010 (Fig. 38).
46
Fig.38 Lady Gaga no Grammy 2010
Fonte: www.g1.com.br
O rosto de Lady Gaga não ficou reconhecível, pois a cantora
geralmente utiliza acessórios que escondem seu rosto, por isso fez-se
necessário acrescentar óculos, para que ficasse mais fiel à sua imagem
original.
Fig.39 Modelagem finalizada
Fonte: Fotografia Própria
Com a modelagem do rosto finalizada, foi feita uma fôrma de
gesso perdida, a mesma técnica utilizada na escultura da Amy Winehouse (Fig.
40).
47
Fig.40 Destruindo a fôrma perdida
Fonte: Fotografia própria
Com o rosto finalizado, as atenções foram voltadas para o
corpo. Assim como a escultura da Amy Winehouse, as partes do corpo foram
separadas, preenchidas com massa plástica e, por fim, a fôrma foi destruída
(Fig. 40 e 41).
Fig.41 Partes da escultura
Fonte: Fotografia própria
Com todas as partes fundidas e livres da fôrma, a próxima
etapa foi juntá-las, e assim formar o corpo da escultura. Comparada com a
outra peça esta gerou menos dificuldades. Algumas partes ficaram defeituosas
devido à atadura de gesso ter sido fixada de maneira errada, mas foram
facilmente consertadas.
48
Fig.42 Montagem da escultura
Fonte: Fotografia própria
Com o tronco formado foi possível fixar a cabeça (Fig. 43); para
maior segurança e resistência foram colocados ferros de construção no interior
da peça e foram presos à massa plástica, e o cabelo foi prolongado, servindo
como reforço. O corpo e a cabeça não se casaram como o pretendido e, para
resolver esse empecilho, foi utilizado jornal para criar volume e, logo em
seguida, aplicar massa plástica. Essa solução, além de resolver o problema,
também economizou massa plástica.
Fig.43 Unindo o corpo com a cabeça
Fonte: Fotografia própria
Durante a montagem da peça, foi descoberto que, misturando
poeira à massa plástica esta ficava mais pastosa, facilitando neste processo,
pois o material fixava-se com mais facilidade.
49
Com o corpo, a cabeça e todos os membros unidos, iniciou-se
o processo de acabamento.
A proposta da escultura era de que fosse nua e, cobrindo seu
corpo estaria uma mangueira de Leds; mas, por sentir que a escultura ficaria
desvalorizada descalça, tornou-se necessário produzir um sapato, inspirado
pelo Clipe Bad Romance, em que Lady Gaga usa um armadillo desenhado pelo
estilista Alexander MCqueen. Este sapato foi inspirado em uma espécie de tatu
chamada armadillo como daí o nome do sapato.
Fig 44 Alexander MCqueen – Sapato armadillo
Fonte: (http://eh-sexybaby.blogspot.com/2010/06/alexander-mcqueen.html)
Para fazer este sapato foi utilizada a técnica da fôrma
tasselada, inicialmente o sapato foi modelado em argila e, quando a argila
secou, foi passada goma laca arábica para impermeabilizar a peça (Fig. 45).
Fig. 45 Sapato e caixa de isopor.
Fonte: Fotografia própria.
50
Em seguida, utilizando as medidas da peça, foi montada uma
caixa de isopor, acrescentando cinco centímetros em cada lado (Fig. 45). Feito
isso se deu início à montagem da fôrma.
A técnica empregada consiste em fazer uma fôrma como uma
caixa com várias divisões; em seguida juntar todas as partes e preencher a
fôrma. Essa técnica possibilita a reprodução de várias peças, e por o sapato
não ter distinção de pé esquerdo e direito, essa fôrma seria útil para a
reprodução de um par.
Após as peças terem sido fundidas em massa plástica, foi
dado início ao processo de acabamento, em seguida foi anexado ao sapato um
ferro para formar o salto alto; com o sapato pronto ele foi unido ao corpo. E
assim finalizada a montagem da escultura da Lady Gaga.
A escultura não conseguiria se sustentar por si só; utilizando
dos conhecimentos dos antigos escultores, fez-se necessário criar algo que a
ajudasse manter o equilíbrio.
A concha do mito de Vênus desempenhou esse papel de
estabilização. Para criar essa peça foi necessário fazer uma estrutura que
sustentasse a argila, e o material utilizado foi o ferro de construção. Após ter
criado essa armação, o próximo passo foi prepará-la revestindo-a com jornal e
em seguida ensacando-a (Fig. 46).
Fig.46 Sustentação da concha
Fonte: Fotografia própria
51
Após ter realizado todos esses procedimentos a armação
estava preparada para receber a argila; a forma da peça é muito simples, o que
facilitou a modelagem. Em apenas um dia estava praticamente pronta (Fig. 47).
O único problema enfrentado nessa produção foi a falta de
argila; para superar este obstáculo, sem precisar de maior quantidade de
material, decidiu-se primeiro modelar a parte da frente e, em seguida, fazer a
fôrma; feito isso, retirar a argila e utilizar essa mesma argila para modelar a
parte de trás.
Fig.47 Modelagem finalizada e fôrma dividida
Fonte: Fotografia própria
A fôrma foi dividida em oito partes, quatro na parte da frente e
mais quatro na parte de trás. Depois de desenformar a peça, algumas partes
da fôrma ficaram frágeis e acabaram quebrando, o conserto foi simples,
juntando as partes quebradas, colando-as com atadura de gesso e reforçando-
as com gesso.
.
Fig.48 Primeira parte da fôrma finalizada
Fonte: Fotografia própria
52
Com a fôrma finalizada (Fig. 48) o próximo passo foi prepara –
lá para receber o material definitivo, primeiro foi necessário juntar todas as
peças e, em seguida, vedá-las com gesso, pois como o gesso que foi
despejado na fôrma era muito líquido para não criar bolhas, havia a
possibilidade de vazar, então foi preciso tomar essa precaução.
Com a fôrma vedada, o passo seguinte foi passar um
desmoldante, neste caso a vaselina, feito isso, o gesso foi despejado. Com o
material seco a fôrma foi destruída e a peça retirada, e foi dado início ao
acabamento.
Com o acabamento finalizado, a concha foi unida à “Lady
Gaga” e assim encerrada a montagem dessa peça.
2.3 Sistema Elétrico
Foram utilizados alguns apetrechos eletrônicos para
incrementar as obras, e as deixarem com um caráter mais contemporâneo,
assim como foi dito no capítulo anterior. Para representarem metaforicamente
os paparazzi, foram utilizadas lâmpadas strubles, que disparam flashes
continuamente. Em cada escultura foi elaborada uma maneira própria para este
complemento.
Como material utilizado foi escolhido o cano PVC, devido ao
fato de ser leve, não havendo assim risco de cair, e por esconder a fiação em
seu interior. Para a escultura da Amy Winehouse foi elaborado um móbile que
ficaria suspenso sobre a obra.
Foi adquirido um cano de 100 mm de diâmetro de e 2 metros
de altura; este cano foi dividido em duas partes, cada uma com 1 metro de
altura. Após essa divisão foram utilizados os bocais para os posicionar nesta
estrutura e medir a distância entre cada um. Medido o próximo passo foi utilizar
uma broca e furar o local onde cada um ficaria.
Enquanto que, para a escultura da “Lady Gaga” foi
desenvolvido dois suportes cilíndricos que ficam a frente da escultura. Para
53
isso foi utilizado um cano de PVC de 2 metro de altura e diâmetro de 100 cm,
este cano foi partido em dois de 1 metro cada um, em seguida, foram
instalados os bocais e rosqueados as lâmpadas strubles.
Com as duas estruturas prontas, foi possível pintá-las de preto
e, em seguida, fazer toda a instalação elétrica, por fim juntá-las ao restante das
obras.
2.4 Análise Das Obras
Como já foi dito, o conceito deste trabalho questiona a maneira
como a mídia tem o poder de divinizar pessoas em evidência. Estas
personalidades, na maior parte das vezes, estão envolvidas em escândalos e
acabam sendo cultuadas pela massa. Além de todo este culto, ainda há sátiras
com a situação vivida. Ao se envolver em situações polêmica isto rende a
essas pessoas uma divulgação enorme e gratuita.
As peças representam os artistas e, ao mesmo tempo,
remetem a cenas divinas mundialmente conhecidas o êxtase de Santa Tereza
e o Nascimento de Vênus; a idéia foi substituir a figura principal e, em seu
lugar, colocar artistas polêmicos, de tamanho natural. As esculturas ocas
contemplam a questão conceitual; essas grandes estruturas ocas, são como os
mitos cada uma dessas personalidades, além da aparência não há nada. As
duas peças apresentadas, ainda, constroem um contraste entre a decadência e
o auge do sucesso.
A primeira obra foi nomeada de Opacidade de uma estrela,
pois seu talento é esquecido, sendo prioritárias as constantes situações vividas
pela cantora, como estar embriaga ou sobre influência de substâncias
químicas, inclusive em seus shows, quando de tão bêbada chega a cair, para
de cantar e agride seus fãs. Sua vida se transformou em um espetáculo para a
mídia, que a persegue em busca de novas situações que possam virar notícias.
54
Fig. 49 Amy Winehoue pula muro para fugir dos paparazzi
FONTE: (http://www.femininaplural.com/)
Por estar constantemente alcoolizada e drogada, falta apenas
entrar em um êxtase; e foi a partir deste pensamento que a ideia teve origem e
subseqüente desenvolvimento, inspirado pelo Êxtase de Santa Tereza (Fig. 11,
p. 27).
Fig. 50 Detalhe da obra Opacidade de uma estrela
Fonte: Fotografia própria
Nesta obra Amy Winehouse se encontra em uma posição
curvada, resultado de uma sensação que a levou a se deitar. A ideia é registrar
o momento em que ela entra em êxtase e não o decorrer dessa sensação; por
isso a posição desconfortável, como se este momento tivesse sido registrado
em uma fotografia.
55
A expressão da escultura, a maneira como suas pernas estão
posicionadas, enquanto sua mão desliza sobre seu corpo, remetem ao prazer;
porém sua mão direita está grotesca e demonstra agonia, criando um paralelo
entre a satisfação momentânea das substâncias alucinógenas e o mal posterior
que estas causam.
O corpo da escultura é representado debilitado; as pernas, por
exemplo, são finas, e a escultura inteira está mal acabada, como se estivesse
acabado de sair da fôrma; há marcas da lixas, não houve preocupação com o
acabamento, os sapatos não foram finalizados e, ainda, há ausência do salto e
a escultura está suja. Tudo isto é intencional, pois demonstra a decadência
vivida por Amy Winehouse. Para criar visualmente um desgaste maior, a
escultura foi deixada em um lugar aberto, para que assim pudesse sofrer danos
do tempo, sendo assim, a e peça tomou sol, chuva, ventos empoeirados.
Suspensos sobre a escultura estão os paparazzi,
representados metaforicamente pelos flashes; eles estão sobre ela, rodeando-a
como se fossem urubus, fotografando a situação em que a cantora se encontra
para, em seguida, distribuir esses registros pelos meios de comunicação, o
que, em seguida, lhe permite ser idolatrada pela massa, como uma figura
divina.
Enquanto a primeira obra demonstra a decadência e o drama
pessoal, a segunda representa o oposto, o glamour, o esplendor, o auge do
sucesso e as polêmicas como forma de divulgação.
56
Fig. 51 Detalhe da Obra Uh Lady Gaga!
Fotografia própria
Denominada Uh Lady Gaga!, esta obra é inspirada no quadro
renascentista de Botticelli O nascimento de Vênus. A idéia é representar a
cantora como uma deusa, vestida com seu visual excêntrico, porém soberba. E
como Lady Gaga abusa do luxo e da sexualidade, nada melhor do que a
caracterizar como a deusa da beleza, do amor e da sedução.
A posição da escultura é semelhante da Vênus de Botticelli,
porém ambas as posições se diferenciam nas aberturas das pernas, pois a
idéia é a de que Lady Gaga fique mais provocativa, abusando da sexualidade.
Outra indução deste apelo sexual é que, enquanto a Vênus utiliza o cabelo
para tampar suas partes íntimas Lady Gaga está exposta como se fosse se
tocar sexualmente com seus dedos.
O Cabelo da escultura é inspirado em Andy Warhol, que
destacava os de seus retratados em tons exageradamente fortes, e também na
própria Lady Gaga, que utilizou uma tonalidade mais gritante em seus cabelos
(Fig.38, p. 44); assim a escultura possui as pontas pintadas de amarelo
cádmio. Outra observação sobre o cabelo, é que a raiz está com um visual
mais comportado, com um acabamento melhor e uma cor discreta, enquanto
que as pontas estão rebeldes, esvoaçantes, com um mau acabamento; além
da cor, pois a intenção foi criar um penteado mais ousado e conceitual, destes
presentes em editorias de moda.
57
A concha representa metaforicamente a fama e Lady Gaga, a
pérola deste sucesso, a concha está danificada, pois a fama é uma estrutura
de fios tênues, de tal forma que esta se torna leve e, ao mesmo tempo
consolidada, estes fios tênues, no entanto, podem se romper devido a sutileza
com que é elaborado. E uma vez rompidos podem novamente se unir, dando
origem a uma estrutura ainda totalitária e consistente, sendo assim, uma
celebridade decadente pode voltar ao auge em questão de segundos.
Os paparazzi nessa obra, diferententemente da outra escultura
não a rodeiam como se quisessem um pedaço desta personalidade, mas estão
atentos a sua ousadia e prontos para fotografá-la.
58
CONCLUSÃO
Ao finalizar este trabalho, que associa a pesquisa e a prática
da escultura, evidencia-se a força e o poder da mídia na divinização de um
mito. A criação de um ser considerado divino passa por etapas que vão desde
o silencio da preparação de estratégias, até o barulhento mundo do glamour e
mesmo da decadência que podem envolver uma “estrela” em ascensão ou em
declínio.
Conclui-se que é possível em uma linguagem metafórica
associar o divino ao profano em se tratando de mitos e divindades. Tal fato
está presente desde os primórdios da sociedade humana.
Todo o aprendizado adquirido durante os quatro anos de
graduação foram utilizados no desenvolvimento deste trabalho, sem dúvida
alguma esse aprendizado serviu de preparação para a realização destas obras.
Foi possível crescer e superar os limites vivenciados durante o
processo prático, e foram muitas as dificuldades enfrentadas. Todas as etapas
exigiram uma grande atenção e muita paciência, mas o resultado valeu a pena.
59
REFERÊNCIAS
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1999.
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São Paulo, Editora Palas Athenas, 1990.
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FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão & Educação, Fruir e Pensar a
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60
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MAGALHÃES. Roberto Carvalho de. O grande livro da mitologia: a
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<http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2008/06/24/site_que_faz_banco_de_ap
ostas_para_morte_de_amy_winehouse_sucesso-546950365.asp>.
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PASSOS, José Davi. A investigação filosófica do divino: um problema nos
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61
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out. 2010
WIKIPÉDIA. Pop Art. Dez.2008. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Pop_art>. Acessado em 29/09/2010

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Gonzalez; danilo jovê cesar a divinização do mito

  • 1. DANILO JOVÊ CESAR GONZALEZ A DIVINIZAÇÃO DO MITO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E ARTE CURSO DE ARTES VISUAIS Campo Grande - MS 2010
  • 2. DANILO JOVÊ CESAR GONZALEZ A DIVINIZAÇÃO DO MITO Relatório Científico submetido à apresentação da Banca Examinadora como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Artes Visuais, elaborado sob a orientação da Profª. Drª. Carla Maria Buffo de Cápua Campo Grande 2010
  • 3. DANILO JOVÊ CESAR GONZALEZ A DIVINIZAÇÃO DO MITO Dissertação apresentada ao Curso de Artes Visuais – Bacharelado, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito parcial à obtenção da graduação do grau de Bacharel em Artes Visuais. Campo Grande, MS, ____ de ______________de 2010 COMISSÃO EXAMINADORA Profª. Drª Maria Carla Buffo de Capúa Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ______________________________________________________ Profª. Drª Eluiza Bortolotto Hizzi Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ______________________________________________________ Profª. Mscª. Venise Paschoal de Melo Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • 4. As guerreiras de minha vida, minha avó Flora e minha mãe Denise, obrigado por toda a dedicação em minha formação. E para Fernando, o meu leal companheiro.
  • 5. AGRADECIMENTOS Este trabalho não foi feito individualmente; muitas pessoas ajudaram de uma forma ou outra, seja na parte prática, na teórica ou até mesmo na psicológica; aqui presto a todos os meus sinceros agradecimentos. Em primeiro lugar à minha familia; eles que aguentaram o cheiro de massa plástica, o amarggedon que causei no quintal, toda a poeira, o meu estresse e, principalmente, por terem financiado este meu louco projeto. Um agradecimento especial à minha mãe Denise, que com sua aptidão intelecutal constantemente sentou ao meu lado, corrigiu, opinou e me ajudou com a parte teórica do trabalho; à minha avó Flora, sem a qual nada disso teria sido possível e, também, por toda a ajuda que me deu com as esculturas; ao meu irmão Rodrigo que deu literalmente uma força e, claro, o maior de todos os obrigados para minha prima Renata, que se submeteu a ser enfaixada completamente para que uma das minhas peças fosse concretizada e que além de toda a tortura momentanêa com o gesso, depois ainda teve a maior difiiculdade para remover a vaselina de seu corpo. Ao meu companheiro de todas as horas Fernando Jubila que, além de seu apoio e incentivo quando me encontrava desiludido e arrependido por ter escolhido este projeto tão ambicioso, sempre estava ao meu lado auxiliando-me de alguma maneira, por ter cuidado da parte elétrica deste trabalho, montando e comprando o matérial necessário, além de ter ajudado a lixar as peças, mesmo sendo alérgico a poeira e odiando o cheiro de massa plástica. A todos os meus amigos, entre eles Gabriel e Tarcísio, sempre muito empolgados. Este sentimento de euforia, por partes deles com minhas obras, acabava por me motivar a continuar fazendo o meu melhor; ao Kaio Ratier e à Justyne Cadamuro, por terem doado um pouco de seu tempo e ajudado com a fôrma mais complicada de nossas vidas. Ao Lucas Santos que vetorizou e imprimiu os adesivos usados na escultura da Amy Winehouse. E à Carol Knöner, pelo melhor presente que alguém poderia me dar, luvas cirúrgicas, que protegeram minhas mãos da massa plástica.
  • 6. À minha amiga e tutora Alexandra Zucarelli, que me motivou desde o começo e admirou tudo o que eu produzi em todos esses dez anos de convivência, graças a ela me apaixonei pelas Artes. Ao técnico Jucelino com quem dividi a marcenaria durante todos esses mêses, ele que sempre foi muito atencioso e prestativo, ajudando em todo o processo de construção; como gosto de dizer: “Jucelino você deveria ser um acessório e todos deverian ter um em casa, eu queria no mínimo dois”. Ao querido e adorado Mestre Adilson, que sempre estava presente quebrando um galho, sempre ajudando a transportar objetos pesados ou hidratando a argila. A todos os professores que estiveram envolvidos de alguma forma; agradeço à Eluiza e à Venise por participarem da banca, por suas idéias e correções, um grande obrigado pelo seu tempo. À professora Carla de Cápua com quem mantive um relacionamento intenso entre aluno e professora, ela que durante estes quatro anos me ensinou muito mais do que era proposto em sala de aula, sempre dedicada, atenciosa, prestativa e muito preocupada, aposto inclusive que a deixei algumas noites sem dormir por conta deste trabalho. Obrigado por toda a sua orientação, por seus ensinamentos e por ter despertado o amor que sinto pela escultura, graças a isso consegui muitos trabalhos na área.
  • 7. “Me amem nem que seja pelos meus cabelos louros.” Marilyn Monroe
  • 8. RESUMO Denominado A Divinização do Mito, este trabalho de conclusão de curso envolve a linguagem artística escultura integrada a uma instalação. Como temática abordará a reflexão sobre a influência da mídia na sociedade no processo de divinização de pessoas em evidência no meio artístico, sem questionar os valores éticos, morais e sociais representados e assumidos por elas, apresentando um foco capitalista que se evidencia em uma sociedade de consumo. Esta influência midiática na divinização de personalidades tem ação e reflexo direto na repercussão de costumes, hábitos e demais contextos culturais, criando por trás um culto às celebridades, estas veneradas por seus fãs. Palavras Chave: Escultura – Mídia – Divinização – Mito – Instalação.
  • 9. ABSTRACT Called The Deification of the Myth, the completion of course work involves the sculpture as an artistic language in an integrated installation. How to address the search for thematic discussion on the influence of media the deification of people in evidence in the social environment, without questioning the ethical, moral and social represented and undertaken by them in a capitalist focus that is evident in a consumer society. This media influence in deification of personalities has action and reflection direct effect of the customs, habits and other cultural contexts, creating a cult of celebrity, these revered by his fans. Keywords: Sculpture - Media - Deification - Myth - Installation.
  • 10. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................10 2- O CULTO............................................................................................12 2.1- O Divino......................................................................................12 2.1- O Mito.........................................................................................13 2.2- O Poder da Imagem...................................................................15 2.3– Mídia e Manipulação.................................................................18 2.4- A Polêmica como Forma de Divulgação....................................21 2.5– Influências Históricas.................................................................26 3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................................32 3.1 A Construção de Amy Winehouse...............................................32 3.2 A construção de Lady Gaga........................................................41 3.3 Sistema Elétrico...........................................................................52 3.4 Análise das Obras........................................................................53 CONCLUSÃO..........................................................................................58 REFERÊNCIAS.......................................................................................59
  • 11. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIG. 1 MARILYN MONROE............................................................................................15 FIG.2 FIGURA DA CAVERNA DE LASCAUX................................................................16 FIG.3 O MILAGRE DOS PÃES E DOS PEIXES............................................................17 FIG.4 SERGINHO EX BBB.............................................................................................21 FIG.5 LINDSAY LOHAN PRESA....................................................................................22 FIG.6 AMY WINEHOUSE CORRENDO DE SUTIÃ EM UM PARQUE DE LONDRES................................................................................................23 FIG.7 BRITNEY SPEARS E MADONA BEIJO NO VMA 2003.......................................24 FIG.8 LADY GAGA NO VMA 2010 VESTIDA DE CARNE.............................................25 FIG.9 CLIPE BAD ROMANCE NO YOUTUBE MAIS DE 281 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES...........................................................................................................26 FIG.10 ANDY WARHOL – MARILYN MONROE …………………..………..…………….27 FIG.11 GIAN LORENZO BERNINI – O ÊXTASE DE STA TEREZA ……………………28 FIG.12 ST. STANISLAS KOTSKA ON HIS DEATHBED - PIERRE LEGROS THE YOUNGER……….…………………………………………………………………………….29 FIG.13 BRUCE MUNRO - FIELD OF LIGHT………………………………………………30 FIG.14 BRUCE MUNRO – HARVEY NICHOLS ..…………………………………………31 FIG.15 AMY WINEHOUSE EM SHOW……………………………………………………..32 FIG.16 ANTES E DEPOIS DE AMY WINEHOUSE........................................................33 FIG.17 ESBOÇO............................................................................................................34 FIG.18 ESTRUTURA DE FERRO DE CONSTRUÇÃO..................................................34 FIG.19 ESTRUTURA DE FERRO COM JORNAL..........................................................35 FIG.20 ESTRUTURA DE FERRO ENSACADA.............................................................35 FIG.21 INICIO DA MODELAGEM..................................................................................36 FIG.22 CONTINUAÇÃO DA MODELAGEM...................................................................36 FIG.23 ROSTO DEFORMADO.......................................................................................37 FIG.24 TRABALHANDO NO ROSTO.............................................................................37 FIG.25 MODELAGEM FINALIZADA...............................................................................38 FIG.26 INÍCIO DA FORMA.............................................................................................38 FIG.27 CONFECÇÃO DA FÔRMA.................................................................................39 FIG.28 FÔRMA FINALIZADA.........................................................................................40 FIG.29 PREENCHENDO A FÔRMA COM MASSA PLÁSTICA.....................................40 FIG.30 PARTES DA ESCULTURA.................................................................................41
  • 12. FIG.31 ESCULTURA EM PROCESSO DE ACABAMENTO..........................................41 FIG.32 STEFANI JOANNE ANGELINA GERMANOTTA ANTES DE SER LADY GAGA........................................................................................42 FIG.33 SANDRO BOTTICELLI – O NASCIMENTO DE VÊNUS....................................43 FIG.34 FIGURINOS DE LADY GAGA............................................................................43 FIG.35 INÍCIO DA SEGUNDA FORMA..........................................................................44 FIG.36 RECORTANDO O GESSO.................................................................................45 FIG.37 INICIO DA MODELAGEM DO BUSTO DA LADY GAGA...................................45 FIG.38 LADY GAGA NO GRAMMY 2010......................................................................46 FIG.39 MODELAGEM FINALIZADA...............................................................................46 FIG.40 DESTRUINDO A FÔRMA PERDIDA..................................................................47 FIG.41 PARTES DA ESCULTURA.................................................................................47 FIG.42 MONTAGEM DA ESCULTURA..........................................................................48 FIG.43 UNINDO O CORPO COM A CABEÇA...............................................................48 FIG.44 ALEXANDER MCQUEEN – SAPATO ARMADILLO..........................................49 FIG.45 SAPATO E CAIXA DE ISOPOR........................................................................49 FIG.46 SUSTENTAÇÃO DA CONCHA..........................................................................50 FIG.47 MODELAGEM FINALIZADA E FÔRMA DIVIDIDA.............................................51 FIG.48 PRIMEIRA PARTE DA FÔRMA FINALIZADA....................................................51 FIG.49 AMY WINEHOUSE PULA MURO PARA FUGIR DOS PAPARAZIS.................54 FIG.50 DETALHE DA OBRA OPACIDADE DE UMA ESTRELA ........................................................................................................................................54 FIG.51 UH LADY GAGA!................................................................................................56
  • 13. 10 1. INTRODUÇÃO Ser eternizado, divinizado, idolatrado, estes são os desejos da maioria dos “mortais” que buscam os seus quinze minutos de fama e tentam torná-los presentes na memória da sociedade. A busca por esta glória eterna tem acontecido de duas maneiras preponderantes: pela religião ou pela mídia. No sentido religioso, associa-se a divindade, à moral, à semelhança com o ideal de ser supremo a quem chamamos de Deus. A religião torna imortal pelo heroísmo, amor, ou martírio em nome da moral e dos bons costumes. A mídia contemporânea faz o caminho contrário: eterniza aquele que mais “caos”, polêmica e escândalo provoca socialmente. Por talento artístico ou por simples motivação de euforia, tem-se os mais diversos e espetaculares fenômenos midiáticos. A mídia, no entanto, não leva em consideração o exemplo moral necessário, nem a virtude, nem as boas ações ao eternizar o “boom” do momento, que será copiados por milhares de crianças, jovens e adultos, que reproduzirão suas atitudes – corretas ou não – o reflexo dessa informação. A interação entre sujeito e discurso midiático estabelece a possibilidade de contato com diversos estilos de vida que podem ser reproduzidos em individualidades sociais. Ao confrontar com essa diversidade sociocultural, o sujeito é apresentado a uma nova realidade que poderá operar na construção da sua identidade; pois, ao mesmo tempo em que a mídia individualiza modos de vida e comportamento, ela aproxima mundos distintos, unindo esses sentimentos isolados e transformando-os em sentidos coletivos. O modo de vida e os hábitos comportamentais, principalmente dos adolescentes, produziram um novo tipo de consumo cultural globalizado e repetido em todas as classes sociais. Todos aqueles que são atingidos pelos meios de comunicação acabam contribuindo para este culto imposto pela mídia, seja por ampliarem a
  • 14. 11 divulgação, repassando para um número maior de indivíduos, seja pela curiosidade que resulta em uma pesquisa a respeito de um determinado assunto ou pessoa, seja pela ironia e o sarcasmo que são constantemente utilizados para ridicularizar pessoas e situações. A mídia é como se fosse um motor que move os desejos e anseios das pessoas comuns e os superstars seriam o combustível deste motor que é consumido ferozmente. Neste sentido, este trabalho justifica-se pelo poder de sedução exercido pela mídia e por suas personalidades na sociedade globalizada, pelo fortalecimento existente no interesse na imagem a ser divulgada para a sociedade e na busca incessante em encontrar-se em evidência. O objetivo é criar uma reflexão sobre como a mídia tem o poder de divinizar pessoas em evidência e, através de uma linguagem artística, pretende-se evidenciar os “divinizados” e suas atitudes. Com base nessa pesquisa foram selecionadas duas personalidades polêmicas, são elas Amy Winehouse e Lady Gaga; ambas foram convertidas em esculturas em tamanho real. A escultura neste trabalho está envolvida em uma instalação. Este trabalho está dividido em dois capítulos. No primeiro é desenvolvido o conceito de divino, cuja definição é comparada ao modo como a mídia a descaracteriza e transforma um simples mortal em um deus. O segundo capítulo trata da metodologia, do processo de criação das esculturas, execução, materiais e técnicas utilizadas. É feita também uma analise poética das obras.
  • 15. 12 2. O CULTO 2.1O Divino A temática deste estudo aborda a divinização de pessoas em evidencia na sociedade; assim, tornou-se necessário pensar sobre o que é “ser divino”? O que torna algo divino? Para responder estas perguntas inicia-se esta pesquisa buscando uma compreensão do termo e a apropriação deste conceito pelo homem, que durante os séculos interpretou a imagem e a palavra “de Deus” em sua sociedade inserindo-a em sua cultura. Ao pensar na origem do significado da palavra Divino, transcende-se a necessidade de buscar a sua origem etimológica, faz-se necessário um estudo mais profundo para que se compreenda o sentido que é ser divino. O latim Deus e divus, assim como o grego διϝος = "divino" descendem do Proto-Indo-Europeu*deiwos = "divino", mesma raiz que Dyēus, a divindade principal do panteão indo-europeu, igualmente cognato do grego Ζευς (Zeus). Na era clássica do latim o vocábulo era uma referência generalizante a qualquer figura endeusada e adorada pelos pagãos. (WIKIPÉDIA s/d) Como se pode ler a cima, se encontra como sinônimo do siginificado de divino tudo que é relativo a Deus, a ser perfeito, maravilhoso. Pode-se pressupor, então, que ao ser classificada como divino, a criatura equipara-se a “Deus”, assumindo a supremacia e a perfeição como características próprias e individuais. O pensamento racional busca trazer a compreensão desse fenômeno para a análise à luz da realidade contemporânea através de análises filosóficas que possam explicitar os sentidos e significados do que é ser divino. A investigação filosófica sobre o divino é, antes de tudo, uma continuidade da compreensão e explicação mítica do mundo, onde, por traz da realidade fenomênica, estaria a ordem no nível simbólico de tudo o que existe. O mito, do grego mythos (μυψοω) visa sempre compreender e explicar o mundo numa tal ordem e unidade que todas as coisas ganham sentido e significado enquanto mundo organizado e pensado (PASSOS, 2004)
  • 16. 13 Reunindo essas definições é possível outrogar este caráter divino às minhas obras. 2.2 O Mito Segundo Corte (1958), a palavra mito provém do verbo grego “mutheo”, que significa conto. O mito é uma narração. Pretende narrar, quer a composição do mundo divino, quer as façanhas dos heróis ou a linguagem dos animais. São narrativas fascinantes, porém absurdas para quem quiser enxergar nelas algo palpável e “real”. E não adianta procurar nessas histórias verdades científicas, pois ao fazê-lo, perderão toda sua beleza e fascínio. (SALIS, 2003, p. 13) O mito tem a sua origem na mais profunda imaginação humana, nada mais é que uma representação fantástica da realidade, mas que é julgada exata. São histórias criadas pelos homens e contadas pelos próprios, em busca da verdade e do sentido. Assim, precisamos entender quem somos e o significado das coisas. O mito é uma forma do sentido. Uma das primeiras formas do primeiro sentido, da primeira grande narrativa que o homem se deu. A definição aristotélica do homem como um animal político é apressada ou secundária. O homem é, antes de mais nada um animal que se conta histórias, é isso que o diferencia entre as espécies. Um animal que se conta várias historias. (COELHO, 2007, p. 15 ) Desde os primeiros vestígios da humanidade há registros na crença do misticismo. Alves (2003) afirma que o homem faz cultura a fim de criar os objetos do seu desejo, ou seja, para desvendar o desconhecido o homem explora a imaginação e cria uma série de explicações para o universo que o rodeia, justificando seus anseios, seus desejos e fetiches. O sagrado não é uma eficácia inerente às coisas. Ao contrário, coisas e gestos se tornam religiosos quando os homens batizam como tais. A religião nasce com o poder que os homens têm de dar nomes às coisas, fazendo uma discriminação entre coisas de importância secundária e coisas nas quais seu destino, sua vida e sua morte se dependuram. (ALVES 2003, p. 24)
  • 17. 14 Cria-se uma teia de símbolos como canções, cultos, edificações, decorações, entre outros diversos e diferentes tipos de adorações. Essas manifestações por parte dos fiéis servem para venerar sua fé ao seu Deus. Segundo Alves (2003), é ao invisivel que a linguagem religiosa se refere ao mencionar o céu e o inferno, os milagres e qualquer coisa que nutra a mente humana e questiona se algum dia alguém já viu algumas das entidades veneradas. Obviamente a resposta a essa pergunta é não, são adoradas imagens com a incerteza de sua autenticação, porém com a satisfação do sobrenatural que saceia a sua imaginação. Uma pedra não é imaginária, é visível, concreta. Como tal, nada tem de religioso. Mas no momento em que alguém lhe dá o nome de altar, ela passa a ser circundada de uma aura misteriosa, e aos olhos da fé podem vislumbrar conexões invisíveis que a ligam ao mundo da graça divina. E ali se fazem orações e se oferecem sacrificios. (ALVES 2003, p. 26) Pode-se afirmar, assim, que nesta perspectiva qualquer objeto, pessoa, local poderá ser divinizado, capaz de produzir eventos sobrenaturais que o relacionam às esferas superiores míticas. Este conceito religioso se enquadra na proposta do trabalho, visto que fãs das celebridades em evidência na mídia hoje acabam venerando- as, de uma forma tão intensa, que estas acabam se tornando “Deuses” aos olhos de seus seguidores. Atualmente as redes sociais como o Orkut1 , por exemplo, acabam por reunir um aglomerado de fiéis, que assim como em um culto religioso se reúnem para discutir e idolatrar seu ídolo. Na atual sociedade são chamados de mitos aqueles que conseguem se consagrar e destacar-se perante a divulgação da força midiática, permanecendo na mídia por longos períodos. Marilyn Monroe, por exemplo, após o suposto suicídio se consagrou como um ícone e sua imagem e nome são sinônimos de lucros, objetos ou registros da atriz são vendidos constantemente, como ressalta o site Correio do Brasil (2010), no qual encontramos matérias com títulos como: “Marilyn Monroe ainda dá lucro”, 1 O Orkut é uma rede social filiada ao Google, criada em 24 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos.
  • 18. 15 “Fotos inéditas de Marilyn Monroe são colocadas à venda”, “Sepultura acima de Marilyn Monroe é vendida por US$ 4,6 milhões”. A tecnologia empregada nas mídias contemporâneas tem assegurado esta permanência no culto às personalidades, destacando-se a utilização da imagem nesta divulgação e propagação da força mitológica de determinadas personalidades, eternizando o ser em evidência. Fig 1. Marilyn Monroe Fonte: (http://www.fullissue.com/index.php/marilyn-monroe-biography- 1926%E2%80%931962.html) 2.3O Poder da Imagem Desde os primeiros vestígios do homem são encontradas manifestações religiosas sendo representadas através de pinturas, esculturas e arquiteturas. A imagem assume ao longo do contexto sócio-histórico o papel de comunicação, funcionando também como uma linguagem a ser interpretada ao longo dos tempos. Segundo Gombrich (1999), pinturas e estátuas, em outras palavras, são usadas para realizar trabalho e magia e não como algo bonito para ser contemplado.
  • 19. 16 O homem pré-histórico utilizava-se destes artificios; a imagem para eles não era apenas uma representação bidimensional, mas era rodeada de uma áura mística, com poderes capazes de interferir na realidade. Servindo assim de legado para as gerações futuras. Para as civilizações antigas as imagens eram utilizadas como representações do sagrado. Nesta época uma representação pictórica também era rodeada de aura mística e adorá-la seria como idolatrar a figura original. Em todas as partes do mundo, médicos-feiticeiros, pajés ou bruxos tentaram praticar a magia de uma forma ou outra; fizeram pequenas imagens de um inimigo e perfuraram o coração do maltratado boneco, ou o queimaram, na esperança de que o inimigo sofresse com isso. (GOMBRICH, 1999, p. 40) A representação através da imagem expressa os sentimentos, desejos e anseios de determinada pessoa ou sociedade em torno de um outro ser ou objeto, alvo de bons ou maus sentimentos. Desta forma inicia-se a ligação com o invisivel materializado naquela representação. Fig.2 Figura da Caverna de Lascaux, França, c.15000-10000 a.C Fonte (http://www.usp.br) A imagem não representava apenas aspectos utilitários como ensino, mas como perpetuação de uma fé materializada. Assim, o retratado era a confirmação do real visível.
  • 20. 17 [...] as imagens não eram apenas úteis de um ponto de vista didático – as imagens eram acima de tudo, sagradas. [...] “Se Deus, em Sua misericórdia, pôde revelar-se aos olhos dos mortais na natureza humana do Cristo”, argumentavam eles, “por que não estaria também disposto a manifestar-se em suas imagens? Não adoramos essas imagens por si mesmas, como faziam os pagãos. Adoramos Deus e os santos através das imagens”. (GOMBRICH, 1999, p. 138) Fig. 3 O milagre dos Pães e dos Peixes, c. 520 d.C Mosaico; basílica de Santo Apolinário, o Novo, Ravena Fonte: (GOMBRICH, 1999, p. 137) Conforme a sociedade foi evoluindo surgiram diferentes tipos de utilidade para a imagem; e uma de suas novas finalidades surgiu com a Publicidade. Segundo Santos (2005, 17), a publicidade é todo o processo de planejamento, criação, produção, veiculação e avaliação de anúncios pagos e assinados por organizações específicas (públicas, privadas ou do terceiro setor). [...] A publicidade entrou nas publicações no terceiro quarto do século XIX, como um hóspede tímido, confinado em seus aposentos, mais tolerado do que bem-vindo. Nos anos de 1890, os editores descobriram que esse hóspede, além de estar pagando as próprias contas, pagava todas as despesas do estabelecimento inteiro. O hóspede tornou-se, então, um importante membro da casa – alguém com voz para dizer como a casa deveria ser administrada. (Peterson, 1979, 57. Original em inglês). (SANTOS, 2005, p. 33). Como forma de manipulação a publicidade utiliza a propaganda para influenciar o espectador; ainda segundo Santos (2005), a propaganda visa mudar a atitude das pessoas em relação a uma crença, a uma doutrina ou a uma ideologia. Ela visa uma mudança do público em relação a uma ideia.
  • 21. 18 Nos dias atuais, estamos cada vez mais expostos às imagens saturadas de mensagens impostas pela mídia. A imagem nunca teve tanto poder como agora, além dos meios tradicionais como a televisão e o rádio, agora é possível atingir um número maior de pessoas com a Internet. Esta força publicitária se dá em razão do tipo de sociedade que vivemos, uma sociedade do consumo, baseada no capitalismo e na globalização. 2.4Mídia e Manipulação A sociedade de consumo atualmente sofre uma influência da mídia de maneira intensa, valorizando o imaginário construído pela notícia, sem questionar valores éticos, talentos, gestos humanitários e sociais. Bougnoux (1999) concorda que a invenção dos tipos móveis por Gutenberg – em meados de 1450 – acelerou a difusão dos livros; e que o acesso direto dos leitores a múltiplas mensagens teria favorecido, assim, a cisão protestante, mas afirma também, que teria favorecido o espírito do livre julgar, preparando o terreno para a propagação do racionalismo e a filosofia das luzes. Com o advento da televisão esse acesso à informação e às novidades sociais e culturais se disseminou de uma maneira mais efetiva, em menor tempo e maior amplitude. A Internet, por sua vez, multiplicou essa velocidade de informação e acesso a fatos, eventos e todos os aspectos que representam uma sociedade que vive de forma intensa e transformadora. A comunicação audiovisual não é mais um simples mecanismo informativo, não é mais um simples meio de comunicação onde se mostra o que aconteceu. Segundo Fisher (2001, p. 18), é “uma instância da cultura que deseja oferecer mais do que informação, lazer e entretenimento”; mostra-se como instrumento de comunicação que está acima do bem e do mal, como se fosse imune a críticas.
  • 22. 19 Estes aspectos influenciam o contexto cultural em suas mais variadas formas de manifestação, associando à arte e às personalidades os fatos evidenciados e divulgados, de maneira a ser parte da sociedade, ditando novos valores éticos e estéticos. Os meios de comunicação refazem o mundo à sua maneira, idealizam o mundo, pois algo inviável na realidade pode ser possível na televisão. A pós-modernidade é um mundo criado pelos signos. Compramos algo não pelo seu poder de uso, mas por causa do status; as pessoas passaram a ser pelo que vestem. A produção e o próprio consumo são programados na pós- modernidade, o que aumenta o desempenho e facilita a vida. É preciso qualidade e tecnologia para se poupar tempo e dinheiro; por isso há tecnologia no cotidiano. As pessoas são bombardeadas por informação e isso provoca efeitos culturais, políticos, sociais, afetivos. A moda e a publicidade erotizam o dia-a-dia com fantasias e proporcionando desejos de posse. Formando-se então o circuito: informação – estilização – erotização – personalização. Com tantas facilidades no dia-a-dia, a pessoa se despolitiza. A sua participação com grandes temas e a pessoa pode ser várias coisas ao mesmo tempo (vegetariano, programador, budista, etc) Atualmente a mídia tem referenciado determinados personagens e fatos que passam a ser cultuados pela sociedade, influenciando as pessoas a se retratarem com base e estilizarem estilos de vida que não são os seus; quando assumem este papel divinizando os seus ídolos. Uma forte influencia em alguns setores das novas gerações, cuja nova consciência se manifestava no desejo de suprimir os valores culturais estabelecidos, a hierarquia social e a tutela moral. Elvis Presley e James Dean, ícones dos anos 50 da juventude, estabeleceram uma emancipação sexual, liberando culto a aqueles que fixavam no cinema da época. (OSTERWOLD, 2007, p. 7) Para o autor (op cit), a comprometida politização da juventude e sua crítica ao sistema capitalista se submeteram a discussões de novas formas de vida e estruturas culturais e sociais alternativas. Estes conceitos de ideologias alternativas conduziram a novas modas e a efeitos de expressão inusitados.
  • 23. 20 Com os sites de relacionamento se tornou possível para aqueles que antes eram anônimos, se transformarem celebridades; como disse Andy Warhol “um dia todos serão famosos por 15 minutos”. Antes da fama, Warhol cravou uma frase histórica: “no futuro, todos teremos os nossos quinze minutos de fama” (a frase recebe outras traduções como “no futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos” ou “no futuro todo mundo será famoso por quinze minutos”). (VELOSO, 2009, p. 1) Segundo Veloso (2009), a melhor interpretação para a sua frase é que haveria um dia em que a fama estaria ao alcance do popular, do povo. Pode ser que a sua previsão seja que a fama seria massificada, diluída, acessível a todos. Hoje, a internet populariza quem o quiser. Expor uma fotografia, uma fala, um texto, não é mais privilégio. É da massa. No bom sentido de ser acessível a muitos. Canais de televisão procuram por pessoas chorando, trabalhando, nas ruas. Expõem populares em situações caseiras. Os filmes mostram a periferia e suas pessoas como se essas fossem personagens. As ruas estão vigiadas por câmeras. Nos jornais já se publicam pessoas construindo brilho, não necessária e previamente brilhantes. Até eu publico e tenho página na internet. De fato, o acesso à fama já é para todos. (VELOSO, 2009, p. 2). O ex BBB (Big Brother Brasil) Serginho é um exemplo de celebridade que ganhou fama através da Internet; antes de ir para o reality show era conhecido como Sr Orgastic, o seu “fotolog2 ” era um dos mais acessados do país, sua conta no twitter3 (/orgastic_desire) possui 420.069 seguidores (acessado 15/09/2010). 2 Um flog (também fotolog, fotoblog ou fotoblogue) é um registo publicado na Web com fotos colocadas em ordem cronológica, ou apenas inseridas pelo autor sem ordem, de forma parecida com um blog. 3 Twitter (pronuncia-se "tuíter") é uma rede social e servidor para microblogging que permite aos usuários que enviem e recebam atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como "tweets"), por meio do website do serviço, por SMS e por softwares específicos de gerenciamento.
  • 24. 21 Fig.4 Serginho ex BBB Fonte: EGO (http://ego.globo.com/) 2.5A Polêmica como Forma de Divulgação É comum artistas terem seus altos e baixos; muitas vezes estão no auge de sua carreira, mas sua vida pessoal está um caos. Este “pandemônio” acaba se tornando um entretenimento para as mídias, que perseguem e expõem a vida dessas pessoas ao público; assim essas polêmicas pessoais acabam rendendo ao artista um número maior de fãs. Ao vivenciar situações ruins seu nome circula mais na Internet, a venda de seus álbuns cresce, o número de pessoas em suas comunidades aumenta, como também o número de seguidores no twitter. Este artista acaba sendo cultuado não pelo seu trabalho, mas sim por suas polêmicas. Como um exemplo recente há o caso da atriz/cantora Lindsay Lohan, que se encontra em uma fase turbulenta, com problemas financeiros, uso abusivo de álcool e drogas. A situação de Lindsay chegou a um extremo tal, que no dia 20 de junho de 2010 foi decretada a sua prisão.
  • 25. 22 Fig.5 Lindsay Lohan presa Fonte: EGO (http://ego.globo.com/) A atriz que vivia uma fase decadente em sua carreira voltou ao auge, surgiram comunidades, camisetas com a frase “Free Lindsay” (Libertem Lindsay); em seu perfil no twitter (/lindsaylohan) ela compartilhou a seguinte frase: “Orange is the new black” (Laranja é o novo preto), referente à roupa usada na prisão americana; e esta frase ganhou vários retweets. Após ter cumprido a pena se internou em uma clinica de reabilitação. Divindade, estrelato e em terceiro lugar, qual é a seguinte categoria? O que vem depois do estrelato? A caída. – Andy Warhol (OSTERWOLD, 2007, p. 12) Durante sua internação várias noticias com seu nome começaram a circular. Segundo a revista “In Touch”, “Lilo” está lucrando bastante com a repercussão de seu caso e já teria assinado contratos para trabalhar depois que deixar a clínica de reabilitação onde está internada. Lindsay tem recebido ofertas milionárias para quando sair da clínica. Os diretores estão entusiasmados com um possível retorno dela e ela está sendo muito mais cotada para entrevistas e ensaios do que antes de ser presa. Ela estava desesperada por dinheiro e agora está vendo essa situação como uma oportunidade para reverter isso. Ela espera ganhar o máximo de dinheiro possível e está considerando todas as ofertas que surgem, contou uma fonte à publicação. (EGO, 2010, p. 1) Assim como Lindsay Lohan, Amy Winehouse teve sua vida invadida e exposta pelos paparazzis por problemas drogas, por seu
  • 26. 23 relacionamento complicado e por sua aparência física, que cada vez está mais frágil. Seu drama pessoal acabou se tornando uma comédia pela mídia, que publica imagens da cantora com caretas, em situações constrangedoras, fugindo dos fotógrafos que a perseguiam. O interesse pela autodestruição de Amy Winehouse era tanto que, inclusive, foi criado um site para apostar quando ela morreria. A maior febre do momento é o site www.whenwillamywinehousedie.com (em tradução livre: quando Amy Winehouse vai morrer?). Até esta terça-feira, 22.190 pessoas já haviam feito suas apostas sobre a data e a hora possíveis de Amy bater as botas. Quem vier a acertar o momento fúnebre fatura um tocador de música eletrônica iPod, modelo “touch”. Que tal? (O GLOBO, 2010, p. 1) Fig.6 Amy Winehouse correndo de sutiã em um parque de Londres Fonte: EGO (http://ego.globo.com/) As polêmicas não fazem parte apenas da vida pessoal daqueles que a utilizam, mas também atua em seus trabalhos. Desde o VMA4 de 2003, quando Madonna, Britney Spears e Christina Aguilera trocaram beijos na apresentação, lançou-se uma tendência entre várias cantoras que começaram a utilizar em suas performances atitudes 4 MTV Video Music Awards premiação para os melhores vídeos do ano.
  • 27. 24 lésbicas; duas mulheres sempre foram fetiches masculinos e rendem um lucro enorme. Fig.7 Britney Spears e Madona beijo no VMA 2003 Fonte: EGO (http://ego.globo.com/) O beijo entre duas mulheres é tão polêmico que até virou canção na voz de Kate Perry, I Kissed a Girl, que traz nos seus versos: “Eu beijei uma garota e gostei do gosto do seu brilho de cereja, eu espero que meu namorado não fique chateado”. A música ficou dois meses no topo da parada dos Estados Unidos – e ganhou inimigos. Os moralistas a odeiam porque estaria levando as moças para o mau caminho. A comunidade gay torce o nariz porque Katy a teria composto para faturar alguns trocados, e não em nome da causa lésbica (o que ela não é). (MARTINS, 2008, p. 1). Outra maneira de causar um impacto com a mídia é através da exuberância; o exagero é um tema insaciável para o público, a sociedade está sempre disposta a um novo choque. Desde o surgimento de Lady Gaga, por exemplo, somos constantemente impressionados com suas atitudes e vestuário, porém ela nem sempre foi do jeito que é.
  • 28. 25 Fig.8 Lady Gaga no VMA 2010 vestida de carne Fonte: EGO (http://ego.globo.com/) Talento não é tudo, quando iniciou sua carreira com um visual menos chamativo e sem polêmicas, Stefani (seu nome de nascença) não obteve sucesso em sua carreira, foi preciso criar um diferencial. Agora com um visual surrealista, com clipes com um tempo de duração maior do que o normal, exploração abusiva da sexualidade e após assumir sua bissexualidade, a cantora embala numa carreira bem sucedida. Somando todas as visualizações de seus clipes (Poker Face, Bad Romance e Just Dance) no Youtube5 ultrapassam 1 bilhão de visualizações, tornando-se a primeira artista a atingir tal marca. Segundo o site Visible Measures, especializado em medição de visualizações de vídeos na internet, a cantora Lady Gaga é a primeira artista a atingir um bilhão de visualizações na rede. (G1, 2010, p. 1). 5 YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital
  • 29. 26 Fig.9 Clipe Bad Romance no Youtube mais de 281 milhões de visualizações Fonte: Print Screen próprio Após a exposição desses fatos, pode-se afirmar que, por mais decadente ou esquecido que esteja determinado artista, ao gerar polêmicas volta com tudo ao topo das paradas; ou, se ainda enfrenta o anonimato, usando este mesmo artifício ele se destaca. O conceito deste trabalho se inspira nessa manipulação da mídia que se alimenta de escândalos e os introduz ao público, o qual, por sua vez, reage a estas atitudes, cultuando aqueles que as praticam. 2.6Influências Históricas Para desenvolver este trabalho foram utilizadas algumas referências, tanto visuais como conceituais. A temática da Pop Art se faz presente no conceito deste trabalho, pois trata da sociedade de consumo e de sua relação com a mídia.
  • 30. 27 A pop art se apóia na mídia, utilizando os mitos da vida que se utilizam da cultura de consumo, cultuando estrelas e outros símbolos de sofrimento da época, por meio de rostos maquiados e embelezados proporcionando os ícones dos anos 60, compensando a frustração e insignificância do consumidor que se asfixia no anonimato. (OSTERWOLD, 2007, p. 11) As obras de Andy Warhol inspiraram o desenvolvimento prático deste trabalho, pois ele utilizava em suas criações as personalidades da época, aquelas mais polêmicas, belas e que estavam no auge de sua carreira. Ao retratar ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley, Liz Taylor, Marlon Brando e, sua favorita, Marilyn Monroe, Warhol mostrava o quanto personalidades públicas são figuras impessoais e vazias; mostrava isso associando a técnica com que reproduzia estes retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho manual. (WIKIPEDIA, 2008, p. 1) Fig.10 Andy Warhol - Marilyn Monroe, 1967. Serigrafia sobre papel 91,4 x 91,4 cm. Fonte: (OSTERWOLD, 2007) A marca maior dos retratos dos famosos é o contorno de lábios, cabelo e sobrancelhas em tons exageradamente fortes, transparecendo a idéia de glamour e sexualidade. O retrato de Marilyn Monroe mostra a artista na mesma forma de uma lata das suas sopas, em prova inequívoca de que via a fama ou os famosos também como algo tão passageiro ou necessariamente reciclável como o material com o qual se faz uma lata: um alumínio, um latão, uma folha de flandres. (VELOSO, 2009, p. 1).
  • 31. 28 Quanto à parte estética do trabalho, a principal influência na escultura foram as obras do artista barroco Gian Lorenzo Bernini. Segundo Gombrich (1999, 440) Bernini rejeitou deliberadamente todas as limitações e levou-nos a um extremo de emoção que os artistas haviam até então evitado. As expressões de suas esculturas são de uma realismo impressionante, como é possível observar na obra O êxtase de Santa Tereza (Fig. 11). Fig.11 Gian Lorenzo Bernini – O êxtase de Sta Tereza. 1645 – 52 Mármore, altura 350 cm; Capela Cornano, igreja de Sta Maria della Vittoria, Roma Fonte: (GOMBRICH, 1999, p. 439) Nesta obra, segundo Gombrich (1999, p. 438), vemos Santa Tereza sendo arrebatada para os céus numa nuvem, em direção a caudais de luz que jorram do céu na forma de raios dourados, e um anjo que se aproxima dociemente enquanto a santa está desfalecida em êxtase. A expressão da santa foi algo que me fascinou desde a primeira vez que vi esta obra e foi algo que pretendi que estivesse presente em meu trabalho. Nesta obra, Bernini faz uma mescla de materiais de uma forma sutil, há vários tipos de pedra na composição, mas pouco perceptível.
  • 32. 29 Este grupo consiste em uma variedade cuidadosamente articulada de pedras, obtidas das antigas ruínas de Roma (cerda de vinte tipos diferentes incluindo jaspe, brecha, alabastro, lápis-lazúli, mármore vermelho da França e preto da Bélgica), que vão constituir um teatro da salvação. (DUBY, 2006, p. 734). Outro artista que mesclava materiais em suas esculturas é Pierre Legros the Youger, como pode ser observado na Fig. 12, no forte contraste entre o mármore policromo e o jaspe. Fig 12 Pierre Legros the Younger - St. Stanislas Kotska on his Deathbed (Santo Stanislas Kotska em seu leito de morte), 1702 – 1703. Polychrome marble and jasper. Convent of Sant´Andrea al Quirinale, Rome Fonte: (DUBY, 2006, p. 752) Esse trabalho de conclusão de curso não se limita apenas ao uso das linguagens artísticas tradicionais, mas amplia seu foco para a linguagem contemporânea. A intenção não é só mesclar os materiais, mas também as linguagens. As mudanças decorrentes do abandono de técnicas tradicionais como a pintura, o desenho, a escultura, o afastamento da idéia de arte como mercadoria, a reavaliação dos conceitos artísticos fundados na representação de formas, no belo, na subjetividade, na individualidade e na artistificação dos meios, deixam seu lugar para novas formas de produção de arte. (DOMINGUES, 1997, p. 17) Instalação e escultura têm muito em comum, ambas exploram o espaço tridimensional, entretanto, não de maneira idêntica. A escultura é
  • 33. 30 limitada a uma determinada área no espaço enquanto que a instalação explora não apenas o espaço, mas também o espectador. A escultura usa o espaço tridimensional, mas raramente oferece um espaço para ser habitado, numa relação dentro e fora. Portanto, a instalação expande as questões da escultura. Não se trata somente de ocupar uma determinada área do espaço como as peças escultóricas, mas de apropriar-se de uma arquitetura, chamando a atenção para o lugar que é transformado. O grande cubo que envolve o corpo do visitante é manipulado para se tornar um espaço de experiências estéticas. (DOMINGUES, 1993, p. 137) Como a arte e as tecnologias estão convergindo, fez-se necessário acompanhar este desenvolvimento e acrescentar ao trabalho algum apetrecho tecnológico, dando às obras um caráter contemporâneo maior. Os artistas ligados a centros avançados de pesquisa ou isoladamente assumem a ruptura com a arte do passado, num cenário dominado pela arte da participação, da interação, da comunicação planetária, colocando-se em novos circuitos não mais limitados à arte como objeto ou valor de culto, mas enfatizando, sobretudo, seu poder de comunicação. (DOMINGUES, 1997, p. 17-18) Os mecanismos escolhidos para incrementarem as obras foram as lâmpadas estrobos; estas disparam vários flashes por minuto e rodeiam as esculturas, numa metáfora aos flashes dos paparazzis que disparam continuamente ao redor das celebridades. Fig.13 Bruce Munro – Field of Light. Fonte: (http://www.brucemunro.co.uk/field.asp)
  • 34. 31 Bruce Munro é a referência utilizada quanto ao uso da iluminação. O mais famoso de seus trabalhos é o Field of Light (Campo de Luz) (Fig.13). Segundo o site pessoal do artista (www.brucemunro.co.uk) a instalação abrange uma área de 60 x 20 metros com 24, 000 metros de cabos de fibra ótica. Fig.14 Bruce Munro – Harvey Nichols Fonte: (http://www.brucemunro.co.uk/) Após este estudo das referências conceituais, históricas e estéticas, que embasaram este trabalho, foi possível desenvolver a produção poética e prática, conforme explicado no próximo capítulo.
  • 35. 32 2– PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS Neste capítulo, será demonstrada toda a elaboração prática deste trabalho e sendo ilustrado com várias fotografias do processo criativo, desde o inicio da modelagem, a elaboração da fôrma, a construção com a massa plástica e o acabamento. Sendo também mencionadas as dificuldades encontradas durante a jornada de trabalho, além de conter o resultado final e a análise das obras. 2.1 – A Construção de Amy Winehouse Para a primeira peça decidiu-se fazer uma escultura representando a cantora Amy Winehouse. Esta escolha foi devido à temática deste trabalho questionar a divinização de pessoas em evidência e de esta cantora estar sempre em evidência e envolvida em pôlemicas com drogas e álcool. Fig.15 Amy Winehouse em show Fonte: (www.g1.com.br) Amy Winehouse é um exemplo claro do que foi afirmado no primeiro capítulo sobre o poder da mídia e a polêmica na forma de divulgação.
  • 36. 33 No inicio de sua carreira em, 2004, quando lançou seu primeiro album e se comportava dentro dos padrões considerados normais pela sociedade, ela não foi reconhecida. Porém, após seu envolvimento com drogas e escândalos contínuos, além de sua nova aparência mais magra, com visual retrô e com muitas tatuagens (Fig. 16), a sua pessoa e a sua imagem foram divinizadas pela mídia. Fig.16 Antes e Depois de Amy Winehouse Fonte: (www.g1.com.br) Como referência para a escultura me inspirei na obra O êxtase de Santa Tereza, de Bernini, que foi baseada no relato da própria santa espanhola Teresa (Fig. 11, p.20) sobre sua experiência mística, um momento de êxtase celeste, quando um anjo trepassou-lhe o coração com uma candente flecha de ouro, enchendo-a de dor e, ao mesmo tempo, de incomensurável bem-aventurança (Gombrich, 1999, 438). Como já foi dito anteriormente, a expressão da santa foi algo que me facinou desde a primeira vez em que vi esta obra e foi algo que eu pretendi que estivesse presente em meu trabalho. A intenção da obra Opacidade de uma estrela, desenvolvida na parte prática deste estudo, é representar um suposto momento em que Amy Winehouse entra em um estado de êxtase, e prazer. Para isso foi preciso fazer, inicialmente, um estudo. Além do esboço da peça (Fig. 17), foi preciso utilizar
  • 37. 34 medidas de uma pessoa real, para que a escultura não ficasse desproporcional. Fig.17 Esboço Fonte: Fotografia própria Após este primeiro estudo, o passo seguinte, prático, foi utilizar arame de construção para criar uma sustentação para a argila (Fig. 18). Primeiramente, foi feito o que viria a ser o tronco da escultura, depois os membros foram soldados ao suporte. Finalizado o processo e aprovada esta estrutura, ela foi fixada com pregos na madeira. Fig.18 Estrutura de ferro de construção Fonte: Fotografia Própria O próximo passo foi, com jornal e durex transparente, criar volume (Fig. 19); este procedimento, além de economizar a argila, ajuda o ferro a sustentá-la.
  • 38. 35 Fig.19 Estrutura de ferro com jornal Fonte: Fotografia Própria A próxima etapa foi encapar com plástico a estrutura já coberta com jornal, o que contribui para que a argila seque mais rápido; ambos (jornal e argila) não podem entrar em contato e o plástico acaba sendo um material apropriado para interferir neste encontro (Fig. 20). Fig.20 Estrutura de ferro ensacada Fonte: Fotografia própria Depois de finalizar todos estes procedimentos, a sustentação estava pronta para receber a argila. No primeiro dia de trabalho já foi possível dar uma boa forma à escultura (Fig. 21).
  • 39. 36 Fig.21 Inicio da modelagem (1º dia de trabalho com a argila) Fonte: Fotografia própria O processo de modelagem foi longo e com muitas dificuldades e adaptações. No decorrer do processo de criação percebeu-se que a escultura estava muito próxima da base, então decidiu-se erguê-la pela cabeça, utilizando uma madeira retangular de aproximadamente 4 cm de expessura (Fig.22). Além disso, a argila das costas não estava fixando-se regularmente, caía da estrutura. Para resolver este problema foi colocado isopor nesta região para ajudar a sustentar a argila (Fig 22.). Fig.22 Continuação da Modelagem Fonte: Fotografia própria Com o decorrer do desenvolvimento da peça, percebeu-se que o rosto estava muito inclinado para a direita e chato, sem “maçãs”, maxilar, testa, queixo; e o rosto estava desproporcional ao resto do corpo, pois estava
  • 40. 37 muito largo, devido ao fato de a posição não ser muito favorável à modelagem (Fig. 23). Decidiu-se então, utilizando o fio de nylon, recortar a face da escultura e modelá-la em um ângulo melhor (Fig. 24). Fig.23 Rosto deformado Fonte: Fotografia própria Ao fazer esta separação foi possivel concluir a modelagem do rosto e da cabeça. Através das fotografias (Fig 23 e 26) é possível fazer uma comparação entre o antes e o depois e concluir o quanto foi necessária a separação das partes. Fig.24 Trabalhando no rosto Fonte: Fotografia própria
  • 41. 38 Com a modelagem concluída (Fig. 25) foi preciso fazer uma preparação para a fôrma6 de gesso. Primeiramente, foi preciso deixar a argila lisa para que viesse a facilitasse o acabamento futuro da peça. Fig.25 Modelagem finalizada Fonte: Fotografia própria Após alisar a argila, foram usadas folhas de acetato para fazer as divisões da fôrma (Fig. 26); e foi preciso fazer uma caixa (Fig. 27) para que o gesso segurasse a argila das costas, a qual, devido ao peso, não conseguia manter-se sustentada. A madeira foi encapada com saco plástico para que o gesso não grudasse; e a madeira foi fixada com prego na base, também de madeira. Depois, com argila foram vedados os vãos. Foi adicionado isopor às folhas de acetato para que ajudar a sustentar o gesso. 6 (MICHAELIS, 2008, p. 396) Modelo, molde de qualquer coisa
  • 42. 39 Fig.26 Início da forma Fonte: Fotografia própria Para fazer a fôrma foi necessário chamar mais duas pessoas para ajudar, pois era muito trabalho para uma única pessoa, por isso recorri à Justyne e ao Kaio ambos recém formados no curso de Artes Visuais (Fig. 27). Mesmo com três pessoas fazendo a fôrma foi preciso dois dias para finalizar. Fig.27 Confecção da fôrma Fonte: Fotografia própria Primeiro foi feita a fôrma das costas, fazendo uma caixa na parte de baixo; quando o gesso secou foi passado vaselina na parte de cima e feita a fôrma do rosto e do tronco. E, por fim, as pernas foram dividas em duas partes. Ao total a fôrma foi dividida em oito partes (Fig. 28, 29 e 30).
  • 43. 40 Fig.28 Fôrma finalizada Fonte: Fotografia própria Algumas partes da fôrma ficaram muito finas e quebraram quando esta foi aberta; para consertá-la utilizei ataduras de gesso e, em seguida, reforcei com mais gesso. Fig.29 Preenchendo a fôrma com Massa Plástica Fonte: Fotografia própria A técnica utilizada foi a da fôrma perdida, que tem esse nome porque é possível retirar apenas uma peça e, durante o processo de extração, a fôrma é destruida. Devido ao peso e à dificuldade que seria manusear a fôrma inteira, decidiu-se preecher com massa plástica todas as suas partes, a seguir quebrar as formas e, por fim, juntar as partes de massa plástica. Esta decisão
  • 44. 41 trouxe conseqüências no acabamento, pois as emendas ficaram grotescas e difíceis de consertar. Fig.30 Partes da escultura Fonte: Fotografia própria Com todas as partes unidas inicou-se o acabamento e o processo de mesclar o cabelo com outro tom de massa plástica a preta (Fig 21). Fig.31 Escultura em processo de acabamento Fonte: Fotografia própria 2.2 A Construção de Lady Gaga A segunda personalidade escolhida para ser confeccionada em uma peça foi a cantora Lady Gaga (Fig. 32). Sua escolha se deve ao fato de esta personalidade estar sempre envolvida em polêmicas.
  • 45. 42 Como foi dito no capitulo anterior, Stefani não obteve reconhecimento em sua carreira, foi preciso criar um personagem mais ousado para que as mídias se voltassem a ela; assim sua carreira como Lady Gaga estourou. Fig.32 Stefani Joanne Angelina Germanotta antes de ser Lady Gaga FONTE: (http://km-stressnet.blogspot.com) A ideia para essa obra foi inspirada na pintura o Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli (Fig. 33), por ser um dos registros mais famosos de uma cena mitológica grega e por retratar o nascimento deslumbrante de uma musa. Segundo o que conta Hesíodo, Afrodite (Vênus) surgiu da espuma (aphros) do mar fecundado pelos genitais de Urano, castrado pelo filho Cronos (MAGALHÃES, 2007) Assim ocorreu com Lady Gaga, que praticamente surgiu do nada e tornou-se a figura mais conhecida e comentada do ano de 2009.
  • 46. 43 Fig. 33 Sandro Botticelli – O Nascimento de Vênus Fonte: MAGALHÃES, 2007 Por Lady Gaga ter um gosto extravagante (Fig. 34), seria possível colocá-la sobre uma concha, como a da famosa cena do quadro de Botticelli, sem que ficasse exagerado, pois a cantora é constantemente observada em figurinos bizarros. Fig.34 Figurinos de Lady Gaga Fonte: (http://the-famefactory.blogspot.com/) Para realizar a montagem desta escultura, foi utilizada uma técnica diferente da usada na confecção da escultura da Amy Winehouse, devido à falta de tempo e à dificuldade que seria modelar e fazer a fôrma de uma nova peça.
  • 47. 44 A técnica utilizada consiste em usar uma pessoa para molde; e para isso foi escolhida a minha prima Renata, pois ela possui praticamente as mesmas proporções que a Lady Gaga. Primeiramente o corpo da modelo foi preparado, foi passada vaselina para que o gesso não grudasse e seus cabelos foram colocados dentro de uma touca. Após essa preparação, o passo seguinte foi envolver todo o corpo dela com ataduras de gesso, como é um trabalho muito longo e difícil, tive a ajuda da minha avó Flora (Fig. 35). Fig.35 Início da segunda forma Fonte: Fotografia própria Após três horas seguidas de trabalho, o corpo da modelo estava todo recoberto de gesso. Foi preciso esperar alguns minutos para que o gesso secasse e fosse possível retirá-lo de seu corpo. Foi utilizada uma tesoura para cortar o gesso e dividí-lo em partes, para em seguida essas serem fundidas em massa plástica (Fig. 36).
  • 48. 45 Fig.36 Recortando o gesso Fonte: Fotografia própria A fôrma do corpo estava pronta, foi preciso apenas modelar o rosto da escultura para que ficasse parecida com a Lady Gaga. Para manter as mesmas proporções foi utilizada a fôrma do rosto, essa parte da fôrma foi revestida com argila e, em seguida, a argila foi retirada e colocada na estrutura para modelagem da cabeça (Fig. 37). Fig.37 Inicio da Modelagem do Busto da Lady Gaga Fonte: Fotografia Própria O cabelo de Lady Gaga foi inspirado no visual que ela usou na cerimônia do Grammy 2010 (Fig. 38).
  • 49. 46 Fig.38 Lady Gaga no Grammy 2010 Fonte: www.g1.com.br O rosto de Lady Gaga não ficou reconhecível, pois a cantora geralmente utiliza acessórios que escondem seu rosto, por isso fez-se necessário acrescentar óculos, para que ficasse mais fiel à sua imagem original. Fig.39 Modelagem finalizada Fonte: Fotografia Própria Com a modelagem do rosto finalizada, foi feita uma fôrma de gesso perdida, a mesma técnica utilizada na escultura da Amy Winehouse (Fig. 40).
  • 50. 47 Fig.40 Destruindo a fôrma perdida Fonte: Fotografia própria Com o rosto finalizado, as atenções foram voltadas para o corpo. Assim como a escultura da Amy Winehouse, as partes do corpo foram separadas, preenchidas com massa plástica e, por fim, a fôrma foi destruída (Fig. 40 e 41). Fig.41 Partes da escultura Fonte: Fotografia própria Com todas as partes fundidas e livres da fôrma, a próxima etapa foi juntá-las, e assim formar o corpo da escultura. Comparada com a outra peça esta gerou menos dificuldades. Algumas partes ficaram defeituosas devido à atadura de gesso ter sido fixada de maneira errada, mas foram facilmente consertadas.
  • 51. 48 Fig.42 Montagem da escultura Fonte: Fotografia própria Com o tronco formado foi possível fixar a cabeça (Fig. 43); para maior segurança e resistência foram colocados ferros de construção no interior da peça e foram presos à massa plástica, e o cabelo foi prolongado, servindo como reforço. O corpo e a cabeça não se casaram como o pretendido e, para resolver esse empecilho, foi utilizado jornal para criar volume e, logo em seguida, aplicar massa plástica. Essa solução, além de resolver o problema, também economizou massa plástica. Fig.43 Unindo o corpo com a cabeça Fonte: Fotografia própria Durante a montagem da peça, foi descoberto que, misturando poeira à massa plástica esta ficava mais pastosa, facilitando neste processo, pois o material fixava-se com mais facilidade.
  • 52. 49 Com o corpo, a cabeça e todos os membros unidos, iniciou-se o processo de acabamento. A proposta da escultura era de que fosse nua e, cobrindo seu corpo estaria uma mangueira de Leds; mas, por sentir que a escultura ficaria desvalorizada descalça, tornou-se necessário produzir um sapato, inspirado pelo Clipe Bad Romance, em que Lady Gaga usa um armadillo desenhado pelo estilista Alexander MCqueen. Este sapato foi inspirado em uma espécie de tatu chamada armadillo como daí o nome do sapato. Fig 44 Alexander MCqueen – Sapato armadillo Fonte: (http://eh-sexybaby.blogspot.com/2010/06/alexander-mcqueen.html) Para fazer este sapato foi utilizada a técnica da fôrma tasselada, inicialmente o sapato foi modelado em argila e, quando a argila secou, foi passada goma laca arábica para impermeabilizar a peça (Fig. 45). Fig. 45 Sapato e caixa de isopor. Fonte: Fotografia própria.
  • 53. 50 Em seguida, utilizando as medidas da peça, foi montada uma caixa de isopor, acrescentando cinco centímetros em cada lado (Fig. 45). Feito isso se deu início à montagem da fôrma. A técnica empregada consiste em fazer uma fôrma como uma caixa com várias divisões; em seguida juntar todas as partes e preencher a fôrma. Essa técnica possibilita a reprodução de várias peças, e por o sapato não ter distinção de pé esquerdo e direito, essa fôrma seria útil para a reprodução de um par. Após as peças terem sido fundidas em massa plástica, foi dado início ao processo de acabamento, em seguida foi anexado ao sapato um ferro para formar o salto alto; com o sapato pronto ele foi unido ao corpo. E assim finalizada a montagem da escultura da Lady Gaga. A escultura não conseguiria se sustentar por si só; utilizando dos conhecimentos dos antigos escultores, fez-se necessário criar algo que a ajudasse manter o equilíbrio. A concha do mito de Vênus desempenhou esse papel de estabilização. Para criar essa peça foi necessário fazer uma estrutura que sustentasse a argila, e o material utilizado foi o ferro de construção. Após ter criado essa armação, o próximo passo foi prepará-la revestindo-a com jornal e em seguida ensacando-a (Fig. 46). Fig.46 Sustentação da concha Fonte: Fotografia própria
  • 54. 51 Após ter realizado todos esses procedimentos a armação estava preparada para receber a argila; a forma da peça é muito simples, o que facilitou a modelagem. Em apenas um dia estava praticamente pronta (Fig. 47). O único problema enfrentado nessa produção foi a falta de argila; para superar este obstáculo, sem precisar de maior quantidade de material, decidiu-se primeiro modelar a parte da frente e, em seguida, fazer a fôrma; feito isso, retirar a argila e utilizar essa mesma argila para modelar a parte de trás. Fig.47 Modelagem finalizada e fôrma dividida Fonte: Fotografia própria A fôrma foi dividida em oito partes, quatro na parte da frente e mais quatro na parte de trás. Depois de desenformar a peça, algumas partes da fôrma ficaram frágeis e acabaram quebrando, o conserto foi simples, juntando as partes quebradas, colando-as com atadura de gesso e reforçando- as com gesso. . Fig.48 Primeira parte da fôrma finalizada Fonte: Fotografia própria
  • 55. 52 Com a fôrma finalizada (Fig. 48) o próximo passo foi prepara – lá para receber o material definitivo, primeiro foi necessário juntar todas as peças e, em seguida, vedá-las com gesso, pois como o gesso que foi despejado na fôrma era muito líquido para não criar bolhas, havia a possibilidade de vazar, então foi preciso tomar essa precaução. Com a fôrma vedada, o passo seguinte foi passar um desmoldante, neste caso a vaselina, feito isso, o gesso foi despejado. Com o material seco a fôrma foi destruída e a peça retirada, e foi dado início ao acabamento. Com o acabamento finalizado, a concha foi unida à “Lady Gaga” e assim encerrada a montagem dessa peça. 2.3 Sistema Elétrico Foram utilizados alguns apetrechos eletrônicos para incrementar as obras, e as deixarem com um caráter mais contemporâneo, assim como foi dito no capítulo anterior. Para representarem metaforicamente os paparazzi, foram utilizadas lâmpadas strubles, que disparam flashes continuamente. Em cada escultura foi elaborada uma maneira própria para este complemento. Como material utilizado foi escolhido o cano PVC, devido ao fato de ser leve, não havendo assim risco de cair, e por esconder a fiação em seu interior. Para a escultura da Amy Winehouse foi elaborado um móbile que ficaria suspenso sobre a obra. Foi adquirido um cano de 100 mm de diâmetro de e 2 metros de altura; este cano foi dividido em duas partes, cada uma com 1 metro de altura. Após essa divisão foram utilizados os bocais para os posicionar nesta estrutura e medir a distância entre cada um. Medido o próximo passo foi utilizar uma broca e furar o local onde cada um ficaria. Enquanto que, para a escultura da “Lady Gaga” foi desenvolvido dois suportes cilíndricos que ficam a frente da escultura. Para
  • 56. 53 isso foi utilizado um cano de PVC de 2 metro de altura e diâmetro de 100 cm, este cano foi partido em dois de 1 metro cada um, em seguida, foram instalados os bocais e rosqueados as lâmpadas strubles. Com as duas estruturas prontas, foi possível pintá-las de preto e, em seguida, fazer toda a instalação elétrica, por fim juntá-las ao restante das obras. 2.4 Análise Das Obras Como já foi dito, o conceito deste trabalho questiona a maneira como a mídia tem o poder de divinizar pessoas em evidência. Estas personalidades, na maior parte das vezes, estão envolvidas em escândalos e acabam sendo cultuadas pela massa. Além de todo este culto, ainda há sátiras com a situação vivida. Ao se envolver em situações polêmica isto rende a essas pessoas uma divulgação enorme e gratuita. As peças representam os artistas e, ao mesmo tempo, remetem a cenas divinas mundialmente conhecidas o êxtase de Santa Tereza e o Nascimento de Vênus; a idéia foi substituir a figura principal e, em seu lugar, colocar artistas polêmicos, de tamanho natural. As esculturas ocas contemplam a questão conceitual; essas grandes estruturas ocas, são como os mitos cada uma dessas personalidades, além da aparência não há nada. As duas peças apresentadas, ainda, constroem um contraste entre a decadência e o auge do sucesso. A primeira obra foi nomeada de Opacidade de uma estrela, pois seu talento é esquecido, sendo prioritárias as constantes situações vividas pela cantora, como estar embriaga ou sobre influência de substâncias químicas, inclusive em seus shows, quando de tão bêbada chega a cair, para de cantar e agride seus fãs. Sua vida se transformou em um espetáculo para a mídia, que a persegue em busca de novas situações que possam virar notícias.
  • 57. 54 Fig. 49 Amy Winehoue pula muro para fugir dos paparazzi FONTE: (http://www.femininaplural.com/) Por estar constantemente alcoolizada e drogada, falta apenas entrar em um êxtase; e foi a partir deste pensamento que a ideia teve origem e subseqüente desenvolvimento, inspirado pelo Êxtase de Santa Tereza (Fig. 11, p. 27). Fig. 50 Detalhe da obra Opacidade de uma estrela Fonte: Fotografia própria Nesta obra Amy Winehouse se encontra em uma posição curvada, resultado de uma sensação que a levou a se deitar. A ideia é registrar o momento em que ela entra em êxtase e não o decorrer dessa sensação; por isso a posição desconfortável, como se este momento tivesse sido registrado em uma fotografia.
  • 58. 55 A expressão da escultura, a maneira como suas pernas estão posicionadas, enquanto sua mão desliza sobre seu corpo, remetem ao prazer; porém sua mão direita está grotesca e demonstra agonia, criando um paralelo entre a satisfação momentânea das substâncias alucinógenas e o mal posterior que estas causam. O corpo da escultura é representado debilitado; as pernas, por exemplo, são finas, e a escultura inteira está mal acabada, como se estivesse acabado de sair da fôrma; há marcas da lixas, não houve preocupação com o acabamento, os sapatos não foram finalizados e, ainda, há ausência do salto e a escultura está suja. Tudo isto é intencional, pois demonstra a decadência vivida por Amy Winehouse. Para criar visualmente um desgaste maior, a escultura foi deixada em um lugar aberto, para que assim pudesse sofrer danos do tempo, sendo assim, a e peça tomou sol, chuva, ventos empoeirados. Suspensos sobre a escultura estão os paparazzi, representados metaforicamente pelos flashes; eles estão sobre ela, rodeando-a como se fossem urubus, fotografando a situação em que a cantora se encontra para, em seguida, distribuir esses registros pelos meios de comunicação, o que, em seguida, lhe permite ser idolatrada pela massa, como uma figura divina. Enquanto a primeira obra demonstra a decadência e o drama pessoal, a segunda representa o oposto, o glamour, o esplendor, o auge do sucesso e as polêmicas como forma de divulgação.
  • 59. 56 Fig. 51 Detalhe da Obra Uh Lady Gaga! Fotografia própria Denominada Uh Lady Gaga!, esta obra é inspirada no quadro renascentista de Botticelli O nascimento de Vênus. A idéia é representar a cantora como uma deusa, vestida com seu visual excêntrico, porém soberba. E como Lady Gaga abusa do luxo e da sexualidade, nada melhor do que a caracterizar como a deusa da beleza, do amor e da sedução. A posição da escultura é semelhante da Vênus de Botticelli, porém ambas as posições se diferenciam nas aberturas das pernas, pois a idéia é a de que Lady Gaga fique mais provocativa, abusando da sexualidade. Outra indução deste apelo sexual é que, enquanto a Vênus utiliza o cabelo para tampar suas partes íntimas Lady Gaga está exposta como se fosse se tocar sexualmente com seus dedos. O Cabelo da escultura é inspirado em Andy Warhol, que destacava os de seus retratados em tons exageradamente fortes, e também na própria Lady Gaga, que utilizou uma tonalidade mais gritante em seus cabelos (Fig.38, p. 44); assim a escultura possui as pontas pintadas de amarelo cádmio. Outra observação sobre o cabelo, é que a raiz está com um visual mais comportado, com um acabamento melhor e uma cor discreta, enquanto que as pontas estão rebeldes, esvoaçantes, com um mau acabamento; além da cor, pois a intenção foi criar um penteado mais ousado e conceitual, destes presentes em editorias de moda.
  • 60. 57 A concha representa metaforicamente a fama e Lady Gaga, a pérola deste sucesso, a concha está danificada, pois a fama é uma estrutura de fios tênues, de tal forma que esta se torna leve e, ao mesmo tempo consolidada, estes fios tênues, no entanto, podem se romper devido a sutileza com que é elaborado. E uma vez rompidos podem novamente se unir, dando origem a uma estrutura ainda totalitária e consistente, sendo assim, uma celebridade decadente pode voltar ao auge em questão de segundos. Os paparazzi nessa obra, diferententemente da outra escultura não a rodeiam como se quisessem um pedaço desta personalidade, mas estão atentos a sua ousadia e prontos para fotografá-la.
  • 61. 58 CONCLUSÃO Ao finalizar este trabalho, que associa a pesquisa e a prática da escultura, evidencia-se a força e o poder da mídia na divinização de um mito. A criação de um ser considerado divino passa por etapas que vão desde o silencio da preparação de estratégias, até o barulhento mundo do glamour e mesmo da decadência que podem envolver uma “estrela” em ascensão ou em declínio. Conclui-se que é possível em uma linguagem metafórica associar o divino ao profano em se tratando de mitos e divindades. Tal fato está presente desde os primórdios da sociedade humana. Todo o aprendizado adquirido durante os quatro anos de graduação foram utilizados no desenvolvimento deste trabalho, sem dúvida alguma esse aprendizado serviu de preparação para a realização destas obras. Foi possível crescer e superar os limites vivenciados durante o processo prático, e foram muitas as dificuldades enfrentadas. Todas as etapas exigiram uma grande atenção e muita paciência, mas o resultado valeu a pena.
  • 62. 59 REFERÊNCIAS ALVES, Rubens. O que é Religião? São Paulo, Editora Loyola, 2003. BOUGNOUX, D. Introdução às ciências da comunicação. Bauru, Edusc, 1999. CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito (Tradução de Carlos Felipe Moisés). São Paulo, Editora Palas Athenas, 1990. COELHO, Teixeira, M. et al. A Arte do Mito. São Paulo, Comunique, 2008. CORREIO do Brasil. Marilyn Monroe ainda dá lucro. 28/06/2010. Disponível em <http://correiodobrasil.com.br/marilyn-monroe-ainda-da-lucro/166983/>. Acessado em 29/09/2010. DOMINGUES, Diana. A Arte no século XXI – A Humanização das tecnologias. São Paulo, Editora UNESP, 1995. DUBY, Georges (Tradução do francês Jean-Luc Daval). Sculture – From Antiquity to the Present Day. Editora Taschen – USA-Los Angeles 2006 EGO. Lindsay Lohan lucra com prisão. 13 de ago de 2010. Disponível em: <http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL1613318-9798,00- LINDSAY+LOHAN+LUCRA+COM+PRISAO.html>. Acessado em 29/09/2010. FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão & Educação, Fruir e Pensar a TV. Belo Horizonte, Editora Autêntica, 2001. G1. Lady Gaga é a primeira artista a ter um bilhão de acessos a vídeos na internet. 25 de mar de 2010. Disponível em <http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1544174-7085,00- LADY+GAGA+E+A+PRIMEIRA+ARTISTA+A+TER+UM+BILHAO+DE+ACESS OS+A+VIDEOS+NA+INTER.html>. Acessado em 29/09/2010.
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  • 64. 61 SANTOS, Gilmar. Princípios da Publicidade. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2005. VELOSO, Waldir de Pinho. Por uma fama de 15 minutos. 2009. Disponível em: <http://www.waldirdepinhoveloso.com/artigos/andy.pdf>. Acessado em 14 out. 2010 WIKIPÉDIA. Pop Art. Dez.2008. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pop_art>. Acessado em 29/09/2010