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DIJK, Teun A. Van. Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2008
ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURO
O texto a ser resenhado chama-se Análise Crítica do Discurso (ACD), este está
dentro do livro Discurso e Poder de Teun A. Van Dijk e a tradução foi feita pela
Editora Contexto.
Teun A. Van Dijk é um estudioso do discurso, que foi professor da Universidade
de Amsterdam até 2004 e atualmente é professor da Universidade de Barcelona. Desde
a década de 80 estuda a reprodução do racismo nos discursos, as notícias da imprensa,
as ideologias, o conhecimento e o contexto no discurso. Recebeu dois títulos Honoris
Causa, possui um site com vários artigos relacionados a texto e discurso e hoje
encontra-se trabalhando para o lançamento de seu livro novo: Discurso e Conhecimento.
Para o autor a ACD é “(...) um tipo de investigação analítica discursiva que
estuda principalmente o modo como o abuso de poder, a dominação e a desigualdade
são representados, reproduzidos e combatidos por textos orais e escritos no contexto
social e político.” ( p. 113)
Surgida como reação às reviravoltas de paradigmas de 60 e 80 do século
passado, para o autor do texto, a ACD vem não como uma escola de teóricos, mas sim
uma forma de abordagem analítica e crítica que se opunha a desigualdade social. Essa
investigação crítica é reveladora, principalmente, de problemas sociais, estruturas de
discurso, relações de poder, dominação, entre outros.
Para resumir os pressupostos da ACD o autor utiliza uma citação de Fairclough e
Wodak( 1997:271-80), muito interessante que é a seguinte: “1) A ACD aborda
problemas sociais, 2) As relações de poder são discursivas, 3) O discurso constitui a
sociedade e a cultura, 4) O discurso realiza um trabalho ideológico, 5) O discurso é
histórico, 6) A relação entre texto e sociedade é mediada, 7) A análise do discurso é
interpretativa e explanatória, 8) O discurso é uma forma de ação social.”
De acordo com o autor, a ACD utiliza “(...) noções como “ poder, dominação,
hegemonia, ideologia, classe, gênero, raça, discriminação, interesses, reprodução,
instituições, estrutura social e ordem social(...)”. A noção mais cara à ACD é a relação
de poder, o discurso do poder. Para o autor, o controle do poder dá-se através do
discurso que circula em uma determinada esfera social, por isso ele chama de poder
social.( p.116); ou seja, quem tem um discurso ideológico de poder e o fala para mais
pessoas terá o controle mental e estrutural do poder, isso, desde que seja levado em
conta o contexto de produção desse discurso de poder.
A manutenção do poder e seu controle dão-se através de construções discursivas
ideológicas e da própria aceitação, pois o autor retoma Foucault e diz que aceitar e
consentir também são formas de manifestação do poder. Quanto a isso o autor diz ainda:
“ Em síntese, fechando o círculo discurso-poder, isso significa que aqueles grupos que
controlam o discurso mais influente também possuem mais chances de controlar as
mentes e as ações de outros”(p.117).
Para o autor o controle da mente dá-se através do discurso elaborado por aqueles
que possuem um lugar social prestigiado, no que se refere ao “argumento de
notoriedade”; ou seja, devido a posição ocupada, o indivíduo é capaz de manipular o
poder através do discurso, uma vez que este será hegemônico e dominará o pensamento
daqueles que o reconhecem como portador do discurso da verdade.
Durante seu texto o autor cita exemplos interessantes de novas pesquisas da
ACD, no que diz respeito à relação entre poder- texto- discurso, velada por uma
ideologia na qual se manipula uma informação ou comunicação através de implícitos.
Esses exemplos são tais como: desigualdade entre gêneros, discurso midiático, discurso
político, etnocentrismo, anti-semitismo, nacionalismo, racismo, entre outros.
Todas essas novas pesquisas, na visão do autor, evidenciam o papel do discurso
na (re) produção da desigualdade social, ou seja, nas diferentes esferas de poder social.
De acordo com este, o discurso é condicionado por uma instituição ou por uma esfera de
poder justificada por uma posição social. Nota-se então ponto comum entre Louis
Athusser e Van Dijk, no momento em que os dois pensam em um aparelho
ideológico( Instituição) que reproduz um discurso de poder hegemônico em relação aos
outros e que condiciona formas de dominação e alienação das massas.
Decorre disso então a função primordial da ACD. Segundo o autor, esta deve,
por obrigação, estudar a materialidade do texto como um campo de batalhas
ideológicas, carregadas de discursos de poder que vivem em conflito na busca de uma
hegemonia que serve para o controle da mente de quem lê.
Enfim o texto de Van Dijk mostra de uma maneira geral a relação entre a
materialização da ideologia e do discurso de poder a partir da linguagem. Esse teórico
apresenta com esse texto, a perspectiva de análise da Análise Crítica do Discurso,
mostrando o quanto de elementos se manifestam a partir do texto. Ao contrário dos
estruturalistas que buscavam apenas a materialidades do texto, o autor preocupou-se
nesse texto em explicar a importância do estudo do contexto político, social e ideológico
para a compreensão do próprio sentido do texto como uma manifestação de um discurso
de poder que se apresente hegemônico para o contexto estabelecido.
O texto discutido é material chave para todos os profissionais da área de letras,
acadêmicos e professores, que desejam conhecer mais sobre esse modelo de análise, que
se mostra como uma abordagem muito interessante para os estudos do século XXI, já
que neste, a luta pela igualdade social e pelo reconhecimento cultural desenvolve-se de
uma maneira muito atrofiada. O autor mesmo afirma que essa teoria tem que servir a
sociedade, por isso fazendo pesquisas nessa área com certeza contribuiremos para o
diminuição desse discurso ideológico hegemônico que apenas produz e reproduz a
desigualdade social e isso vai se atenuando.

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Resenha dijk

  • 1. DIJK, Teun A. Van. Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2008 ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURO O texto a ser resenhado chama-se Análise Crítica do Discurso (ACD), este está dentro do livro Discurso e Poder de Teun A. Van Dijk e a tradução foi feita pela Editora Contexto. Teun A. Van Dijk é um estudioso do discurso, que foi professor da Universidade de Amsterdam até 2004 e atualmente é professor da Universidade de Barcelona. Desde a década de 80 estuda a reprodução do racismo nos discursos, as notícias da imprensa, as ideologias, o conhecimento e o contexto no discurso. Recebeu dois títulos Honoris Causa, possui um site com vários artigos relacionados a texto e discurso e hoje encontra-se trabalhando para o lançamento de seu livro novo: Discurso e Conhecimento. Para o autor a ACD é “(...) um tipo de investigação analítica discursiva que estuda principalmente o modo como o abuso de poder, a dominação e a desigualdade são representados, reproduzidos e combatidos por textos orais e escritos no contexto social e político.” ( p. 113) Surgida como reação às reviravoltas de paradigmas de 60 e 80 do século passado, para o autor do texto, a ACD vem não como uma escola de teóricos, mas sim uma forma de abordagem analítica e crítica que se opunha a desigualdade social. Essa investigação crítica é reveladora, principalmente, de problemas sociais, estruturas de discurso, relações de poder, dominação, entre outros. Para resumir os pressupostos da ACD o autor utiliza uma citação de Fairclough e Wodak( 1997:271-80), muito interessante que é a seguinte: “1) A ACD aborda problemas sociais, 2) As relações de poder são discursivas, 3) O discurso constitui a sociedade e a cultura, 4) O discurso realiza um trabalho ideológico, 5) O discurso é histórico, 6) A relação entre texto e sociedade é mediada, 7) A análise do discurso é interpretativa e explanatória, 8) O discurso é uma forma de ação social.” De acordo com o autor, a ACD utiliza “(...) noções como “ poder, dominação, hegemonia, ideologia, classe, gênero, raça, discriminação, interesses, reprodução,
  • 2. instituições, estrutura social e ordem social(...)”. A noção mais cara à ACD é a relação de poder, o discurso do poder. Para o autor, o controle do poder dá-se através do discurso que circula em uma determinada esfera social, por isso ele chama de poder social.( p.116); ou seja, quem tem um discurso ideológico de poder e o fala para mais pessoas terá o controle mental e estrutural do poder, isso, desde que seja levado em conta o contexto de produção desse discurso de poder. A manutenção do poder e seu controle dão-se através de construções discursivas ideológicas e da própria aceitação, pois o autor retoma Foucault e diz que aceitar e consentir também são formas de manifestação do poder. Quanto a isso o autor diz ainda: “ Em síntese, fechando o círculo discurso-poder, isso significa que aqueles grupos que controlam o discurso mais influente também possuem mais chances de controlar as mentes e as ações de outros”(p.117). Para o autor o controle da mente dá-se através do discurso elaborado por aqueles que possuem um lugar social prestigiado, no que se refere ao “argumento de notoriedade”; ou seja, devido a posição ocupada, o indivíduo é capaz de manipular o poder através do discurso, uma vez que este será hegemônico e dominará o pensamento daqueles que o reconhecem como portador do discurso da verdade. Durante seu texto o autor cita exemplos interessantes de novas pesquisas da ACD, no que diz respeito à relação entre poder- texto- discurso, velada por uma ideologia na qual se manipula uma informação ou comunicação através de implícitos. Esses exemplos são tais como: desigualdade entre gêneros, discurso midiático, discurso político, etnocentrismo, anti-semitismo, nacionalismo, racismo, entre outros. Todas essas novas pesquisas, na visão do autor, evidenciam o papel do discurso na (re) produção da desigualdade social, ou seja, nas diferentes esferas de poder social. De acordo com este, o discurso é condicionado por uma instituição ou por uma esfera de poder justificada por uma posição social. Nota-se então ponto comum entre Louis Athusser e Van Dijk, no momento em que os dois pensam em um aparelho ideológico( Instituição) que reproduz um discurso de poder hegemônico em relação aos outros e que condiciona formas de dominação e alienação das massas. Decorre disso então a função primordial da ACD. Segundo o autor, esta deve, por obrigação, estudar a materialidade do texto como um campo de batalhas ideológicas, carregadas de discursos de poder que vivem em conflito na busca de uma hegemonia que serve para o controle da mente de quem lê.
  • 3. Enfim o texto de Van Dijk mostra de uma maneira geral a relação entre a materialização da ideologia e do discurso de poder a partir da linguagem. Esse teórico apresenta com esse texto, a perspectiva de análise da Análise Crítica do Discurso, mostrando o quanto de elementos se manifestam a partir do texto. Ao contrário dos estruturalistas que buscavam apenas a materialidades do texto, o autor preocupou-se nesse texto em explicar a importância do estudo do contexto político, social e ideológico para a compreensão do próprio sentido do texto como uma manifestação de um discurso de poder que se apresente hegemônico para o contexto estabelecido. O texto discutido é material chave para todos os profissionais da área de letras, acadêmicos e professores, que desejam conhecer mais sobre esse modelo de análise, que se mostra como uma abordagem muito interessante para os estudos do século XXI, já que neste, a luta pela igualdade social e pelo reconhecimento cultural desenvolve-se de uma maneira muito atrofiada. O autor mesmo afirma que essa teoria tem que servir a sociedade, por isso fazendo pesquisas nessa área com certeza contribuiremos para o diminuição desse discurso ideológico hegemônico que apenas produz e reproduz a desigualdade social e isso vai se atenuando.