O documento descreve a obra "Singularidades de uma rapariga loura" de Eça de Queirós. A história segue Macário, um jovem que se apaixona por Luísa mas abandona o casamento quando descobre que ela é cleptomaníaca. A narrativa constrói personagens complexos como Macário, o ingênuo romântico, e Luísa, vítima do determinismo psicológico. A obra combina elementos do Romantismo e Realismo em uma critica da sociedade portuguesa do século 19.
2. José maria Eça de Queiroz foi um
importante romancista português do
século XIX. Nasceu em 25 de Novembro,
de 1845, na cidade portuguesa de póvoa
de varzim. Em 1866 formou-se em direito
na universidade de Coimbra e trabalhou
como administrador municipal no
município de leiria e também como cônsul
de Portugal na Inglaterra. Algumas
características comuns em seus romances,
como, por exemplo, abordagem de temas
cotidianos, descrição de locais e
comportamento de pessoas, pessimismo,
ironia e humor. Eça de Queiroz morreu
na cidade de paris em 1900.
3. Macário era um homem de 22 anos, guarda-livros de um armazém
de panos do tio Francisco, solteirão, na cidade de lisboa no ano de
1823. A serenidade deste jovem aplicado e comportado que ainda
não conhecera os prazeres do sexo é perturbada quando vê uma
loira muito bonita de 20 anos chamada Luísa Vilaça. Após 5 dias de
tímido flerte, Macário se apaixona pela jovem de cabelos loiros que
nas tardes se debruçava na janela. Após alguns encontros, Macário
decide casar-se com Luísa e comunica a sua decisão ao seu tio que
não aceitou a ideia. O jovem Macário perdeu o seu emprego com o
seu tio e desesperado aceitou partir para cabo verde para trabalhar
e até arrecadou uma pequena fortuna para se casar.
4. Mas ao chegar a Lisboa, o amigo que lhe arrumou emprego no cabo verde
pediu para que Macário fosse fiador de uma grande quantia e foge com o
dinheiro. Macário fica mais uma vez na miséria. Quando decide voltar
novamente para cabo verde em busca de trabalho, vai visitar o seu tio
Francisco que inesperadamente muda de ideias a seu respeito e aceita o
casamento de Macário com Luísa voltando a dar-lhe emprego. Marcado o dia
do matrimónio, Macário leva a noiva a fazer compras e esta rouba um anel
com duas pérolas. O empregado da joalheria colhe o flagrante do furto e
Macário sem perder a calma pede desculpas e paga o anel roubado. Chegando
na esquina, o jovem abandona Luísa, chamando-lhe de ladra e no dia seguinte
parte para a província.
5. A narrativa constrói personagens de uma forma marcante
com uma coerência psicológica invejável.
Luísa Vilaça– Traços físicos: Era uma loira esbelta.
Psicológicos: sofre diretamente a ação do determinismo: é
portadora de uma doença de ordem psíquica (cleptomania).
Macário - descrição do personagem em dois momentos:
Macário jovem – romântico, ingênuo. A fragilidade e estupidez
do romântico Macário é gritante não compreende a doença de
sua noiva, confunde cleptomaníaco com ladra, ameaça a moça à
policia, quando deveria procurar –lhe um psicanalista.
Macário velho -(condenado a uma perpétua e infeliz solidão –
Luísa era o motivo de sua realização existencial).
Tio Francisco - O tio Francisco é qualificado como um velho
autoritário e tirânico, solteirão e misógino. Ele exerce a função
de ajudante do protagonista com relação ao seu processo
profissional e económico, mas de oponente relativamente ao
casamento de Macário com Luísa
6. -> Pagamento do anel
Chamada de atenção do ourives
para o que havia acontecido
(roubo)
-> Discussão
-> Macário assume o
“esquecimento”
-> Já na rua a discussão entre
Macário de Luísa atinge o ponto de
ruptura.
-> Macário não casa com uma
ladra. (O Realismo sobrepõe-se ao
Romantismo)
7. No caso do narrador de
Singularidades de uma
rapariga loura, estamos
diante de um narrador
homodiegético e o narrador
é personagem (o leitor vai
tomar conhecimento da
história ficcional do
personagem Macário
através de um narrador
que fala na primeira
pessoa).
8. O Romantismo na obra:
-> No momento da paixão de Macário por Luísa;
-> Na perseverança em querer casar com ela, mesmo contrariando o seu tio e protector,
assumindo todos os riscos de uma mudança de vida verdadeiramente radical;
- No sofrimento que acompanhará Macário, provavelmente até ao fim da sua vida.
O Realismo na obra:
-> Na forma como Macário parte para a nova vida, ou seja, tenta resolver o problema que o
seu tio lhe coloca nas mãos, pondo a render as suas capacidades intelectuais e físicas;
-> Não aceitando Luísa como esposa, depois da terrível descoberta, mesmo sabendo que a
iria amar para sempre;
-> O apelo aos valores ético, morais e comportamentais saem reforçados no homem em que
Macário se torna, à imagem do seu tio Francisco.
Em Portugal, as semelhanças entre Realismo e Naturalismo eram muito fortes. O principal
representante do Realismo português foi Eça de Queirós, com a publicação do conto
Singularidades duma rapariga loira que, na opinião de Fialho de Almeida, foi a primeira
narrativa realista escrita em português