2. Métodos de Identificação
São métodos analíticos de natureza qualitativa,
destinados à confirmação da identidade da matériaprima ou de determinado componente (ex. princípio
ativo) de um produto.
A validade desses ensaios depende, basicamente,
da sua especificidade ou seletividade.
Podem ser classificados em físicos ou químicos, ou
ainda como métodos instrumentais ou clássicos.
Independente do método utilizado, um ensaio de
identificação deve ser específico e confiável, de
baixo custo e de fácil realização.
Considerando que o fármaco é o principio ativo do
medicamento, sua identificação é um quesito básico
para eficácia e segurança do produto.
Uma vez que existe ainda o risco de adulteração de
matérias-primas e excipientes por outros de menor
custo que, embora de características semelhantes,
poderão acarretar em problemas potenciais de
formulação.
3. Métodos clássicos de Identificação
Os métodos clássicos de identificação são
baseados em reações químicas de grupos funcionais
importantes em insumos farmacêuticos.
Esses ensaios não são confirmatórios, mas sim
eliminatórios, já que várias substâncias podem
apresentar
grupos
funcionais
em
comum.
Apresentam
como principal vantagem a
possibilidade de, dependendo da seletividade da
reação, serem aplicados à identificação de
fármacos, tanto matérias-primas, quanto em
medicamentos (produto acabado).
Apresentam como vantagem imediata a redução
do custo com instrumentação.
Como
desvantagem
apresentam
menor
sensibilidade e o fato de que não são aplicáveis a
misturas de fármacos com grupos comuns.
As reações químicas úteis em ensaios clássicos de
identificação devem ser perceptíveis a olho nú,
sejam com mudança de cor (formação de produto
colorido ou desaparecimento de cor do analito ou
reagente), formação de precipitado ou produção de
gás.
4. EX. de matérias-primas em que se empregam
reações químicas para identificação;
Insumo
Método químico
AAS
Desenvolve cor violeta com
FeCl3
Produz precipitado cinza com IV, PF, RO
AgNO3
Ácido
ascórbico
Método
físico
IV
Lidocaína
Solução etanólica produz
precipitado verde com CoCl2
IV, PF
Metronidazol
Adicionar a 10mg, 10mg de IV, PF
zinco em pó em meio HCL
25% e aqueçer em banhomaria por 5 minutos, refriar
e adicionar 0,5mL de nitrito
de sódio. Remover o excesso
de
nitrito
com
ácido
sulfamico
5%.
Adicionar
0,5mL da solução resultante
à mistura 0,5mL de 2-naftol
e 2mL de NaOH 8%. Um cor
laranja
avermelhada
é
produzida.
5. Reações de identificação para ânions comuns
Acetato
Benzoato
Bicarbonato
Borato
Brometo
Reações de identificação para cátions comuns
Alumínio
Bário
Cálcio
Ferro
Lítio
Reações de identificação para grupos orgânicos
comuns
Acetila
Ácido carboxílico
Alcalóide
Amidas primárias
6. Teste de solubilidade
O teste de solubilidade, embora seja baseado na
constante físico-química de solubilidade (Ks) e nas
reações químicas, apresenta, como os demais
métodos clássicos de identificação, o fato de
também não exigir instrumentação analítica.
No que se refere a identificação o teste de
solubilidade é válido como ensaio complementar de
identidade. Em contrapartida, apresenta utilidade
também como ensaio qualitativo e preditivo, na
avaliação do grau de pureza de matérias-primas (teor
de substâncias solúveis e insolúveis).
A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser
dividida em duas categorias principais: a solubilidade
na qual uma reação química é a força motriz, por
exemplo, a reação ácido-base, e a solubilidade na qual
envolve apenas a simples miscibilidade.
A avaliação da solubilidade de produtos acabados é
um parâmetro de grande relevância no controle de
qualidade especialmente, de formas farmacêuticas
sólidas. Entretanto nesses casos, o propósito é
contribuir para o estudo de dissolução de formas
farmacêuticas, avaliando sua equivalência.
7. Análise organoléptica
A descrição de aspectos físicos da matériaprima, tais como forma e tamanho de cristais ou
partículas
amorfas,
granulometria,
cor,
consistência e odor, está presente em todas as
monografias.
A análise visual se torna o primeiro teste de
identificação empregado no controle de
qualidade de matérias-primas.
No que diz respeito a medicamento, a análise
visual é um ensaio de qualidade cuja finalidade
principal é avaliar a integridade física e estética
do produto.
As análises organolépticas são provas
analíticas básicas necessárias para o início da
identificação de um fármaco, ou excipiente mas
estas não são conclusivas, sendo necessários
outros testes concomitantemente.
8. Métodos instrumentais na identificação de
medicamentos
Os métodos instrumentais são ensaios físicos de
identificação, os quais podem ser baseados em espectros,
cromatogramas ou medidas diretas de propriedades
físico-químicas, dependendo da variada complexidade da
instrumentação utilizada. Apresentam como grande
vantagem a sensibilidade e reprodutibilidade, sendo o
custo inerente ao equipamento a principal desvantagem.
Os métodos baseados em espectros são em geral
confirmatórios, podendo-se dizer até que os espectros
seriam a impressão digital de uma dada substância.
Existem ainda os métodos físicos baseados em medidas
simples e diretas de propriedades físico-química, tais
como: Determinação do índice de refração, Determinação
da rotação óptica, Determinação de pH. Esses métodos
quando comparados aos espectrômetros apresentam
vantagens em relação ao custo, no entanto são limitados a
identificação de matérias-primas puras.
Os métodos cromatográficos, dada a inerente
capacidade de separação destaca-se como grande
vantagem a possibilidade de sua aplicação, tanto nas
provas de identidade de matérias-primas, quanto do
produto na identificação de fármacos em produto
acabado.
9. Identificação via análise de gráficos instrumentais
métodos baseados em espectros
Entre os métodos instrumentais destacam-se
aqueles cuja interpretação dos resultados se dá por
meio de análise de gráficos. Esses métodos
apresentam maior poder conclusivo, pois não se
obtém uma única medida de interação matériaenergia, mas sim, de forma quase simultânea, várias.
Ex. de gráficos instrumentais:
Espectros na região do UV-Visível e infravermelho;
Curvas Calorimétricas (DTG e DSC);
Espectros de massa;
RMN;
10. Identificação através das medidas de constantes físicoquímicas
Os compostos podem ser identificados por meio de suas
propriedades físico-químicas (ponto de fusão, ponto de
ebulição, densidade, viscosidade relativa, índice de
refração
e outros.
Determinação do ponto de fusão
O ponto de fusão é uma análise indicativa de pureza e
identificação de compostos, pois cada substância, por sua
estrutura
química, apresenta uma faixa de fusão
característica.
Logo a presença de qualquer outra
substancia vai alterar o resultado.
O ponto de fusão é uma das propriedades físicas de
suma importância na área farmacêutica, principalmente
para a avaliação de matérias-primas sólidas utilizada na
industria de medicamentos e / ou farmácias de
manipulação.
A validade da determinação do ponto de fusão como ensaio
de identificação é aumentada quando se utiliza a técnica da
comparação com o padrão.
A presença de impurezas usualmente tende a alargar a
faixa de fusão, e, em determinados casos pode causar uma
redução significativa do ponto de fusão.
11. Uma das grandes vantagens da aplicação do ponto de
fusão na Identificação de matérias-primas está na
simplicidade e rapidez do ensaio bem como o baixo
custo.
Determinação do índice de refração
O principio do método se baseia na diferença que se
pode observar na direção de propagação de um feixe de
luz entre diferentes meios transparentes.
Utilizado na identificação de matérias-primas liquidas.
Destaca-se pela rapidez, facilidade de operação, que
aliado ao baixo consumo de amostras, justifica seu
emprego em ensaios de identificação e pureza.
Podem determinar quantitativamente a força e a
pureza das soluções ou proporções que esses líquidos
são misturados.
Determinação da rotação óptica: rotação especifica
A base da polarimetria está no fato de que para
algumas substancias a extensão dos processos de
absorção e reflexão difere para a luz polarizada de
sentidos opostos( esquerda ou direita). Essas
substancias são chamada de opticamente ativas e podem
ser identificadas pela determinação do poder rotatório.
12. Alem da utilidade em ensaios de identificação, a
polarimetria é útil para avaliar pureza e valor
terapêutico de fármacos quirais, já que estes
apresentam,
frequentemente
diferenças
consideráveis no que diz respeito a atividade
biológica. De um modo geral as substâncias levógiras
são mais ativas do que o correspondente dextrógiro.
Determinação de pH
A determinação de pH em produtos acabados é
muito útil como ensaio de qualidade, já que diz
respeito à biocompatibilidade, estabilidade e
biodisponibilidade.
Como ensaio de identificação pode ser utilizada no
controle de qualidade de matérias-primas.
Várias monografias de matérias-primas indicam
faixas de pH para soluções de pH de amostras
preparadas conforme a concentração especificada.
Ex.
Acido ascórbico 5% _______ pH: 2,1-2,6
Crospovidona 1% __________ pH: 5,0-8,0
Nistatina 3% ____________ pH: 6,0-8,0
13. Identificação com base na análise de Cromatogramas
A aplicação primária da cromatografia líquida de coluna
está na separação de substancias, cujas características de
polaridade e/ou peso molecular são distintas.
Essa separação ocorre em função das diferentes
afinidades que as diferentes substâncias tem por uma fase
móvel e outra estacionária. Essa afinidade diferenciadas
podem ser exploradas para fins diversos, especialmente
identificação.
A passagem do analito pela coluna cromatográfica leva
um determinado tempo para correr. Em cromatografia,
esse tempo é chamado de tempo de retenção (tr). Em
cromatografia em placa o que é medido é a distância
percorrida pelo analito chamado de distancia de retenção.
O tempo de retenção e a distancia esta relacionado,
principalmente, com o tipo e a intensidade das interações
do analito com a fase estacionaria.
O tempo de retenção e a distancia de retenção estão
intimamente relacionados com a estrutura química do
analito, com os grupos de interação da fase estacionária e
com as características químicas da fase móvel.
Como é o conjunto das relações físico-químicas da fase
móvel, fase estacionária e analito que promovem o tempo
de retenção e a distancia de retenção de um analito, são
considerados ate certo ponto como a impressão digital de
um determinado composto.
14. Se as condições físicas (temperatura, viscosidade,
pressão e outros) e químicas (grupos de interação,
concentração, composição), tanto da fase móvel como
da fase estacionária, forem sempre as mesmas, o Tr
e dr, de um analito devem ser teoricamente, sempre
os mesmos.
Dessa forma é possível identificar compostos
desconhecidos pela comparação do tempo de
retenção e distancia de retenção com o Tr e dr
apresentados por padrões.
A CLAE constitui a técnica analítica mais
empregada em controle de qualidade pelas industrias
farmacêuticas. Suas aplicações em ensaios de
potencia de produtos ultrapassa 90% das
monografias descritas na farmacopéia americana.
Outro emprego importante da CLAE é a analise de
impurezas orgânicas.
Em contrapartida no que diz respeito a ensaios de
identificação, o uso da CLAE já não é tão grande,
pois existem técnicas satisfatórias de menos custo.
Nesse contexto os cromatogramas obtidos no
ensaios de doseamento, são, por vezes aproveitados
como ensaios de identificação complementares.