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CORPO PARA MOSTRAR:
O AUTORRETRATO NAS REDES SOCIAIS
Luciana Aparecida de Miranda1
Mestranda em Desenho, Cultura e Interatividade/ UEFS
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB
E-mail: lucianaamiranda@hotmail.com
Resumo: Captar imagens autorretratistas com câmeras digitais e em seguida postá-las em
redes sociais tem se tornado prática comum entre os usuários destes tipos de sites. Desse
modo, a ideia central desse estudo é, a partir das fotografias autorretratistas, discutir o lugar
ocupado pelo corpo/objeto na atualidade. Refletindo, inclusive, as ideias que esses sujeitos
possuem quanto à sua corporeidade.
Palavras-chave: Corpo, Autorretrato, Autoimagem, Redes sociais.
1. INTRODUÇÃO
Discutir sobre as fotografias autorretratistas, postadas em sites de relacionamento, é um modo
de buscar compreender como se dá na atualidade a relação autorretrato/autoimagem e a forma
como a dinâmica da superexposição por meio digital vem influenciando comportamentos.
Além disso, refletir sobre o autorretratismo é pensar sobre a relação que o indivíduo tem com
seu corpo, no momento em que ator e autor da cena fotográfica se fundem no instante do clic.
Pensar sobre como esses sujeitos posam para suas câmeras e a necessidade de se mostrar em
rede, para serem observados e julgados, é tentar entender o modo como as relações são
estabelecidas na atual conjuntura.
Dessa maneira, nesse artigo (que é parte resultante das primeiras reflexões e observações
acerca do tema da dissertação: “Eu meu fotógrafo: o boom do autorretrato na era digital”)
busca-se, a partir de três usuários de sites de relacionamento, entender de que modo eles se
1
	
  Orientadora: Profa. Dra. Lílian Miranda Bastos Pacheco.
enxergam, veem seus corpos e qual a finalidade de publicarem seus autorretratos em redes
online.
Para tanto, além de um estudo iconográfico dos autorretratos, elencando aspectos referentes,
sobretudo ao gestual, contidos nas fotografias, esta análise tem ênfase no discurso dos sujeitos
da pesquisa, ou seja, é através da junção do que pode ser visto de forma imediata nas
fotografias aliado às narrativas dos sujeitos, que se constitui esse trabalho.
2. AS REDES SOCIAIS
Se no surgimento dos primeiros computadores (Inglaterra, 1945) e nas décadas posteriores,
este era entendido como uma máquina potencial para fins militares e depois para fins laborais:
“A informática servia aos cálculos científicos, às estatísticas dos Estados e das grandes
empresas ou a tarefas pesadas de gerenciamento” (LÉVY, 1999, p. 31), nos tempos atuais, os
computadores e, sobretudo, a internet logo nos remete à ideia de comunicação.
Desse modo, pensar na comunicação por meio da internet, nos últimos tempos, é pensar nas
redes sociais. Essa nova modalidade de comunicação vem ganhando cada vez mais
representatividade, desde a primeira década do século XXI. As inter-relações suscitadas pela
internet demonstram um modelo sem precedentes de exposição e divulgação de ideias para
alcance em massa. As formas de se comunicar nesse período pós-moderno, como sendo a era
da globalização, tem tomado contornos cada vez mais horizontais. A respeito da globalização,
Hall (2006, p. 67) afirma que:
A globalização se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que
atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e
organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo em
realidade e em experiência, mais interconectado.
Nesse movimento de globalização, as redes sociais ou sites de relacionamento, como a própria
denominação sugere, são espaços de interagir, de se relacionar. Territórios de fluxos
constantes, de troca de informações e ideias.
Para além disso, as redes sociais são espaços de subjetividades, em que os usuários se
socializam de forma dinâmica com a possibilidade de se reinventar. Criam-se como querem
ser vistos, transformam-se do modo que acham conveniente. A maneira como esse sujeito se
representa está diretamente ligada com as expectativas daqueles que fazem parte da sua rede.
Um discurso é formado, mantido ou modificado a depender das suas interações. Os perfis
pessoais nessas redes são elaborados para mostrar e convencer. Isto é a essência dessas
vitrines humanas, discursos identitários revelados (ou inventados) para serem vistos:
A identidade está profundamente envolvida no processo de representação. Assim, a
moldagem e remoldagem de relações espaço-tempo no interior de diferentes
sistemas de representação têm efeitos profundos sobre a forma como as identidades
são localizadas e representadas. (HALL, 2006, p.71)
As redes sociais proporcionam interlocuções comunicativas de modo imediato, nesse
movimento de incorporação de múltiplas identidades pessoais, vê-se então, um processo
efêmero, característico da maioria das relações via internet.
Os indivíduos interligados por esses sites de relacionamento vivem uma realidade virtual de
trocas com aqueles que, via regra, sentem algum tipo de afinidade ou possuem algum tipo de
ligação extrainternet. Entretanto, perde-se a dimensão da comunidade virtual, favorecido pelo
modo como esses sites se constituem, como redes complexas de inter-relação, em que os
sujeitos se ligam uns aos outros numa dimensão inimaginável, no momento em que sites,
como o Facebook, promovem as relações entre seus usuários como teias interligadas,
limitadas ou não por tênues linhas de “privacidade”.
Para Harris (1989, apud SANTOS, 2001, p. 42), uma comunidade “não se refere muito a um
grupo específico de pessoas fisicamente reunidas, mas unidas em certos hábitos que eles tem
em comum”. De acordo com esse conceito, as redes sociais constituem uma comunidade,
visto que a maioria dos usuários se agrupa dessa forma.
É desse movimento coletivo no ciberespaço que esses indivíduos constroem suas narrativas
identitárias, entram num processo simbiótico físico-real com a realidade virtual através de
suas postagens. Assim: “uma emoção posta em palavras ou desenhos pode ser mais
facilmente compartilhada. O que era interno e privado, torna-se externo e público” (LÉVY,
1996, p.73). Essa é, sem dúvida alguma, uma das características mais significativas da era
digital.
3. O AUTORRETRATO NAS REDES SOCIAIS
As redes sociais, como já foi dito, tem se tornado um meio cada vez mais eficaz de se mostrar
e, para tanto, um elemento adquire suma importância nesse processo: a fotografia. Pois, como
bem afirma Sontag (1981, p. 3): “A humanidade permanece irremediavelmente presa dentro
da caverna de Platão, regalando-se ainda, como é velho hábito, com meras imagens de
realidade”. Ou seja, as imagens, e nesse caso a fotografia, favorecem esse “regalo”, ver o que
capta a câmera e a ideia de verossimilhança produzida por ela gera uma certa forma de
encantamento.
Quanto à noção de fotografia, enquanto real ou figurativa, muito já foi discutido, por
exemplo, por Manguel (2001, p. 92):
Ao contrário da fotografia, o mundo não tem moldura; o olho divaga e pode
apreender aquilo que está além das margens. Conhecemos os limites do documento
fotográfico, sabemos que ele mostra apenas aquilo que o fotógrafo quis enquadrar e
aquilo que determinada luz e sombra lhe permitem revelar.
Ainda assim, de modo geral, as pessoas ao verem uma fotografia, logo fazem uma conexão
direta com o real. Estar belo na fotografia e ser belo na realidade física.
Se se seguir os exemplos da indústria midiática, em que:
O investimento publicitário se concentra, assim, no processo de personalização e,
em nome da busca do corpo perfeito, do modelo ideal, todas as artimanhas são
admitidas, como fragmentar imagens, isolar determinadas partes físicas e remontá-
las livremente. Muitas vezes o cânone é truque, montagem, simulacro. Cada
profissional cede a imagens de uma parte do seu corpo, justamente a considerada
mais bela, para que a imagem de um ser insuperável possa ser montada e produzida.
(COUTO, 2000, p. 144)
As pessoas se modelam para serem vistas de acordo com os modelos apregoados, sobretudo,
pela publicidade. Para alcançar a aparência física ideal lançam mão de variadas estratégias.
Da aquisição de itens efêmeros, como as roupas ditas “da moda”, ao uso de toda sorte de
cosméticos, a procedimentos estéticos e cirúrgicos mais variados possíveis. Sem esquecer,
entretanto, da manipulação de suas fotografias a serem postadas na internet. E se: “Toda
fotografia (ampliada, cortada, tirada de determinado ângulo, iluminada de certa forma) cita a
realidade de maneira deturpada” (MANGUEL, 2001, p. 93), com as novas tecnologias, com
softwares de manipulação fotográfica, como o photoshop, a distância entre o sujeito físico-
real e aquele que aparece na fotografia, sobretudo nos álbuns online, é cada vez maior.
As pessoas impulsionadas por variados estímulos se metamorfoseiam afim da criação do
corpo ideal, o corpo-objeto para ser exibido, admirado e cultuado. Para Couto (2000, p. 136):
Nesse cenário, o homem deste fim de século vive um misto de insatisfação e
contentamento na tarefa de sempre reelaborar a aparência e os dispositivos
performáticos do seu corpo. Essa adequação aos modelos é simultaneamente
prazerosa e angustiante e faz parte da estratégia da normalização do corpo.
Ter (mostrar) esse corpo “normalizado”, numa sociedade imagética imediatista, para ser
tomado como belo, tem que ser visto ainda como potente, saudável e, por que não dizer,
jovem?
Assim, utilizando todas as estratégias possíveis, os indivíduos vivem num constante processo
de mutação em busca do modelo ideal:
Não devemos omitir que em simultâneo com a função de personificação, o
narcisismo realiza uma missão de normalização do corpo: o interesse febril que
temos pelo corpo não é de modo algum espontâneo e “livre”, obedece a imperativos
sociais [...].
O narcisismo joga e ganha em todos os tabuleiros, funcionando ao mesmo tempo
como operador de desestandartização e estandartização, sem que esta última
funcione jamais como tal, mas como sujeição às exigências mínimas da
personalização: a normalização pós-moderna apresenta-se sempre como único meio
do indivíduo ser realmente ele próprio, jovem, esbelto, dinâmico. (LIPOVETSKY,
s/d, p. 59-60)
Esse processo de personificação, saindo da esfera físico-real, chega à vida virtual. Os
autorretratos digitais, espelhos dos modernos narcisos são elementos de grande valia no
processo de figuração do indivíduo nos álbuns online das redes sociais.
Essas fotos são criadas e manipuladas para que os indivíduos, através da linguagem
conotativa da fotografia, se criem do modo muito menos como são e muito mais como
gostariam de ser vistos, pois, como afirma Deleuze (1988, p. 15-16) “o mundo moderno é dos
simulacros [...], todas as identidades são apenas simuladas, produzidas com ‘efeito’ ótico por
um jogo mais profundo, que é o da diferença e da repetição”.
A repetição referida é fator comum no que se relaciona às fotografias digitais. Com as
câmeras contemporâneas, a possibilidade de clics por minuto se dá numa escala muito maior
que suas precedentes e, aliado a isso, a possibilidade de ver como ficou a fotografia, instantes
após ser efetuada, sem que para isso seja preciso dispor de tempo elevado e custo financeiro,
aumenta sua descartabilidade, pois, não gostando do registro feito, é só apagar a imagem que
fora refletida.
Essa descartabilidade da fotografia tem contribuído cada vez mais para que o ato de se
fotografar torne-se um processo “mecânico”. Muitas das fotografias autorretratistas nos sites
de relacionamento são tiradas com a finalidade de serem expostas justamente para o público
que tem livre acesso a seu(s) perfil(is), enquanto vitrines humanas, essas redes são territórios
de se representar.
4. CORPOS AUTORRETRATADOS
Captar fotografias para postar em sites de relacionamento tem se tornado prática comum entre
muitos usuários de redes sociais, já que esses espaços online se constituem como locais
propícios para a exibição. Sendo assim, os usuários se reinventam a partir das fotografias
postadas em seus álbuns virtuais, sobretudo os autorretratos, em que, sem os olhos do outro
(fotógrafo) o sujeito pode posar de modo mais “livre” diante do obturador.
Essa liberdade aparente na fabricação do eu, entretanto, atende a imperativos camuflados, o
sujeito se retrata e se põe a júri do olhar daqueles que participam da sua rede ou não, a
depender das “configurações de privacidade” escolhidas pelo usuário, que vão desde a
liberdade total para “visitas” a seu perfil, até a “amigos” limitados. Tomaremos como
exemplo o entrevistado A:
Foto A (Entrevistado A)
“Sempre tiro foto sorrindo, as pessoas costumam elogiar as fotos em que estou assim... Antes
não ficava muito bem, sorria com a boca escancarada. Agora não! Sempre um sorriso meio
de lado, inclinando a cabeça. Todo mundo gosta! Às vezes tento sorrir assim no dia a dia.”
Nota-se que, em todo o trecho exposto, a preocupação com o julgamento dos outros se faz
presente. O entrevistado prepara seu corpo para agradar àqueles que o observarão. Condiciona
seu gesto (sorriso) no cotidiano de modo a parecer sempre semelhante ao que agrada em suas
fotografias, com a finalidade de ser aprovado por seus “amigos” virtuais e/ou físico-reais.
Pois: “Aprendemos a ver a nós mesmos fotograficamente: considerar uma pessoa atraente
significa avaliar quão bem ela estaria na fotografia” (SONTAG, 1981, p. 83).
Percebe-se ainda que quando A afirma: “Às vezes tento sorrir assim no dia a dia”, ocorre uma
transposição da imagem virtual do ser eu, para sua vida físico-real, ou seja, o indivíduo
condiciona-se em consequência da aprovação dos que o observam em rede. A realidade
físico-real e a virtual se fundem.
Dentro dessa mesma perspectiva, a entrevistada B afirma:
Foto B (Entrevistada B)
“Sou gordinha e gosto sempre de parecer mais magra nas fotos. Por isso escolho
o ângulo certo e depois mexo nela. Se ainda assim não ficar boa, apago logo e
tiro outra até ficar do jeito que eu quero. Se alguém me achar bonita na foto,
vai me achar bonita quando se lembrar de mim. Vai ficar com aquela imagem
gravada na mente. Ainda bem que todo mundo diz que sou fotogênica.”
Para a entrevistada, a fotografia tem um papel decisivo no modo como vai ser lembrada pelas
pessoas e, para tanto, escolhe minuciosamente, como vai ficar sua imagem nos autorretratos.
Outro ponto que merece destaque em seu depoimento, é quando B diz: “Ainda bem que todo
mundo diz que sou fotogênica”, ou seja, ela se sente aliviada e segura por aparentar uma
beleza que a fotogenia sugere. Entretanto, para Aumont (2002, p. 309), ser fotogênico remete
à ideia de que :
[...] sempre como um pequeno milagre, uma fotografia que revelará algo que não se
perceba – e que nunca se teria percebido sem ela. É hoje, sem dúvida, a definição
mais corrente da fotogenia, como esse milagre da fotografia; é nela que se pensa
quando se diz que alguém “é fotogênico” – o que significa simplesmente que ele (a)
é mais bonito (a) “em fotografia do que ao natural, que a foto mostra um encanto
eventualmente ausente na pessoa real”.
Sendo assim, a fotogenia contida nos autorretratos servem, antes de mais nada, como um
elemento envaidecedor nos indivíduos. Estes, nem chegam a refletir sobre o encantamento
que pode lhes faltar “ao natural”, debruçam-se sobre o moderno “espelho de Narciso” (a
fotografia) e deixam-se seduzir pelo que aparentam ser.
Seguindo também essa mesma lógica, tem-se o entrevistado C, que fez a seguinte afirmação:
Foto C (Entrevistado C)
“Gosto de olhar minhas fotos. Sempre tiro fotos do meu corpo. Acho ele atraente.
Não sou gordo, nem magro, sou normal![...] Na verdade mesmo, queria ser um
pouco mais fortinho. Ter músculos definidos, barriga definida. Mas vou entrar
na academia e deixar meu corpo do jeito que eu quero.”
Nota-se no entrevistado um misto de vaidade e descontentamento, sentimentos comflituosos
no mesmo indivíduo quanto à sua imagem. Em tempo que apregoa a normalização do seu
corpo (se dizendo normal, diferente dos gordos e magros), fala do desejo de moldar o corpo
na academia. Esta surge como redentora das imperfeições. Moldar o corpo é a “palavra de
ordem” na contemporaneidade. E faz parte do discurso dicotômico daqueles que gostam de se
exibir. De acordo com Couto (2000, p. 139):
A efervescência dos discursos que evocamas reclamações e insatisfações com o
corpo é acompanhada de inúmeras especulações e expectativas, que vagueiam
alegres pelas consciências, sobre as possibilidades de aperfeiçoamento físico. Isso
aignifica dizer que o rol dos lamentos não ameaça desmoronar negativamente sobre
os sujeitos. As reclamações são as molas estratégicas que impulsionam os indivíduos
do descontentamento ao fascínio de moldarem-se segundo os novos signos em vigor.
São as regras elementares do jogo imperativo da restruturação pessoal.
Uma das consequências do processo de superexposição da imagem é a busca incansável pelo
corpo “perfeito”. E, para alcançá-lo, vários sacrifícios são efetuados. Para muitos, tudo é
válido. Todos os limites podem ser transponíveis. O que vale é estar bem na foto.
5. CONCLUSÕES
Discutir os processos de reificação da imagem fotográfica aliado à dinâmica da
superexposição é de suma relevância na contemporaneidade, já que essa prática tem sido cada
vez mais expressiva. É a partir das redes sociais, como espaços de fluxos contínuos, que os
indivíduos se reinventam para verem e, sobretudo, serem vistos.
Nesse contexto, o modo dinâmico, próprio das relações via internet, resultam num processo
ímpar de exibição de imagens. São novos modelos de sociabilização que fundem realidade
física e virtual, fazendo com que seus limites sejam, cada dia, mais tênues.
Portanto, refletir sobre as relações estabelecidas em rede e o modo como a imagem (nesse
caso a fotográfica) ocupam um lugar significativo nesses modelos de relações é pensar,
sobretudo, em qual a atuação dos sujeitos nas redes sociais no momento em que objetificam
seu corpo para expor nessas vitrines humanas.
6. REFERÊNCIAS
AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas: Papirus, 2002.
COUTO, Edvaldo. O homem satélite: estética e mutações do corpo na sociedade tecnológica.
Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2000.
DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1988.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP e A, 2006.
LÉVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
LIPOVETSKY, Gilles. A era do vazio: ensaio sobre o individualismo contemporâneo. Lisboa:
Relógio D’água, s/d.
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo, SP:
Companhia das Letras, 2001.
SANTOS, Gildásio M. dos. A realidade virtual. Campo Grande: UCDB, 2001.
SONTAG, Susan. Ensaios sobre fotografia. Rio de Janeiro: Arbor, 1981.

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O autorretrato nas redes e a construção da autoimagem

  • 1. CORPO PARA MOSTRAR: O AUTORRETRATO NAS REDES SOCIAIS Luciana Aparecida de Miranda1 Mestranda em Desenho, Cultura e Interatividade/ UEFS Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB E-mail: lucianaamiranda@hotmail.com Resumo: Captar imagens autorretratistas com câmeras digitais e em seguida postá-las em redes sociais tem se tornado prática comum entre os usuários destes tipos de sites. Desse modo, a ideia central desse estudo é, a partir das fotografias autorretratistas, discutir o lugar ocupado pelo corpo/objeto na atualidade. Refletindo, inclusive, as ideias que esses sujeitos possuem quanto à sua corporeidade. Palavras-chave: Corpo, Autorretrato, Autoimagem, Redes sociais. 1. INTRODUÇÃO Discutir sobre as fotografias autorretratistas, postadas em sites de relacionamento, é um modo de buscar compreender como se dá na atualidade a relação autorretrato/autoimagem e a forma como a dinâmica da superexposição por meio digital vem influenciando comportamentos. Além disso, refletir sobre o autorretratismo é pensar sobre a relação que o indivíduo tem com seu corpo, no momento em que ator e autor da cena fotográfica se fundem no instante do clic. Pensar sobre como esses sujeitos posam para suas câmeras e a necessidade de se mostrar em rede, para serem observados e julgados, é tentar entender o modo como as relações são estabelecidas na atual conjuntura. Dessa maneira, nesse artigo (que é parte resultante das primeiras reflexões e observações acerca do tema da dissertação: “Eu meu fotógrafo: o boom do autorretrato na era digital”) busca-se, a partir de três usuários de sites de relacionamento, entender de que modo eles se 1  Orientadora: Profa. Dra. Lílian Miranda Bastos Pacheco.
  • 2. enxergam, veem seus corpos e qual a finalidade de publicarem seus autorretratos em redes online. Para tanto, além de um estudo iconográfico dos autorretratos, elencando aspectos referentes, sobretudo ao gestual, contidos nas fotografias, esta análise tem ênfase no discurso dos sujeitos da pesquisa, ou seja, é através da junção do que pode ser visto de forma imediata nas fotografias aliado às narrativas dos sujeitos, que se constitui esse trabalho. 2. AS REDES SOCIAIS Se no surgimento dos primeiros computadores (Inglaterra, 1945) e nas décadas posteriores, este era entendido como uma máquina potencial para fins militares e depois para fins laborais: “A informática servia aos cálculos científicos, às estatísticas dos Estados e das grandes empresas ou a tarefas pesadas de gerenciamento” (LÉVY, 1999, p. 31), nos tempos atuais, os computadores e, sobretudo, a internet logo nos remete à ideia de comunicação. Desse modo, pensar na comunicação por meio da internet, nos últimos tempos, é pensar nas redes sociais. Essa nova modalidade de comunicação vem ganhando cada vez mais representatividade, desde a primeira década do século XXI. As inter-relações suscitadas pela internet demonstram um modelo sem precedentes de exposição e divulgação de ideias para alcance em massa. As formas de se comunicar nesse período pós-moderno, como sendo a era da globalização, tem tomado contornos cada vez mais horizontais. A respeito da globalização, Hall (2006, p. 67) afirma que: A globalização se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo em realidade e em experiência, mais interconectado. Nesse movimento de globalização, as redes sociais ou sites de relacionamento, como a própria denominação sugere, são espaços de interagir, de se relacionar. Territórios de fluxos constantes, de troca de informações e ideias. Para além disso, as redes sociais são espaços de subjetividades, em que os usuários se socializam de forma dinâmica com a possibilidade de se reinventar. Criam-se como querem ser vistos, transformam-se do modo que acham conveniente. A maneira como esse sujeito se representa está diretamente ligada com as expectativas daqueles que fazem parte da sua rede. Um discurso é formado, mantido ou modificado a depender das suas interações. Os perfis
  • 3. pessoais nessas redes são elaborados para mostrar e convencer. Isto é a essência dessas vitrines humanas, discursos identitários revelados (ou inventados) para serem vistos: A identidade está profundamente envolvida no processo de representação. Assim, a moldagem e remoldagem de relações espaço-tempo no interior de diferentes sistemas de representação têm efeitos profundos sobre a forma como as identidades são localizadas e representadas. (HALL, 2006, p.71) As redes sociais proporcionam interlocuções comunicativas de modo imediato, nesse movimento de incorporação de múltiplas identidades pessoais, vê-se então, um processo efêmero, característico da maioria das relações via internet. Os indivíduos interligados por esses sites de relacionamento vivem uma realidade virtual de trocas com aqueles que, via regra, sentem algum tipo de afinidade ou possuem algum tipo de ligação extrainternet. Entretanto, perde-se a dimensão da comunidade virtual, favorecido pelo modo como esses sites se constituem, como redes complexas de inter-relação, em que os sujeitos se ligam uns aos outros numa dimensão inimaginável, no momento em que sites, como o Facebook, promovem as relações entre seus usuários como teias interligadas, limitadas ou não por tênues linhas de “privacidade”. Para Harris (1989, apud SANTOS, 2001, p. 42), uma comunidade “não se refere muito a um grupo específico de pessoas fisicamente reunidas, mas unidas em certos hábitos que eles tem em comum”. De acordo com esse conceito, as redes sociais constituem uma comunidade, visto que a maioria dos usuários se agrupa dessa forma. É desse movimento coletivo no ciberespaço que esses indivíduos constroem suas narrativas identitárias, entram num processo simbiótico físico-real com a realidade virtual através de suas postagens. Assim: “uma emoção posta em palavras ou desenhos pode ser mais facilmente compartilhada. O que era interno e privado, torna-se externo e público” (LÉVY, 1996, p.73). Essa é, sem dúvida alguma, uma das características mais significativas da era digital. 3. O AUTORRETRATO NAS REDES SOCIAIS As redes sociais, como já foi dito, tem se tornado um meio cada vez mais eficaz de se mostrar e, para tanto, um elemento adquire suma importância nesse processo: a fotografia. Pois, como bem afirma Sontag (1981, p. 3): “A humanidade permanece irremediavelmente presa dentro da caverna de Platão, regalando-se ainda, como é velho hábito, com meras imagens de
  • 4. realidade”. Ou seja, as imagens, e nesse caso a fotografia, favorecem esse “regalo”, ver o que capta a câmera e a ideia de verossimilhança produzida por ela gera uma certa forma de encantamento. Quanto à noção de fotografia, enquanto real ou figurativa, muito já foi discutido, por exemplo, por Manguel (2001, p. 92): Ao contrário da fotografia, o mundo não tem moldura; o olho divaga e pode apreender aquilo que está além das margens. Conhecemos os limites do documento fotográfico, sabemos que ele mostra apenas aquilo que o fotógrafo quis enquadrar e aquilo que determinada luz e sombra lhe permitem revelar. Ainda assim, de modo geral, as pessoas ao verem uma fotografia, logo fazem uma conexão direta com o real. Estar belo na fotografia e ser belo na realidade física. Se se seguir os exemplos da indústria midiática, em que: O investimento publicitário se concentra, assim, no processo de personalização e, em nome da busca do corpo perfeito, do modelo ideal, todas as artimanhas são admitidas, como fragmentar imagens, isolar determinadas partes físicas e remontá- las livremente. Muitas vezes o cânone é truque, montagem, simulacro. Cada profissional cede a imagens de uma parte do seu corpo, justamente a considerada mais bela, para que a imagem de um ser insuperável possa ser montada e produzida. (COUTO, 2000, p. 144) As pessoas se modelam para serem vistas de acordo com os modelos apregoados, sobretudo, pela publicidade. Para alcançar a aparência física ideal lançam mão de variadas estratégias. Da aquisição de itens efêmeros, como as roupas ditas “da moda”, ao uso de toda sorte de cosméticos, a procedimentos estéticos e cirúrgicos mais variados possíveis. Sem esquecer, entretanto, da manipulação de suas fotografias a serem postadas na internet. E se: “Toda fotografia (ampliada, cortada, tirada de determinado ângulo, iluminada de certa forma) cita a realidade de maneira deturpada” (MANGUEL, 2001, p. 93), com as novas tecnologias, com softwares de manipulação fotográfica, como o photoshop, a distância entre o sujeito físico- real e aquele que aparece na fotografia, sobretudo nos álbuns online, é cada vez maior. As pessoas impulsionadas por variados estímulos se metamorfoseiam afim da criação do corpo ideal, o corpo-objeto para ser exibido, admirado e cultuado. Para Couto (2000, p. 136): Nesse cenário, o homem deste fim de século vive um misto de insatisfação e contentamento na tarefa de sempre reelaborar a aparência e os dispositivos performáticos do seu corpo. Essa adequação aos modelos é simultaneamente prazerosa e angustiante e faz parte da estratégia da normalização do corpo.
  • 5. Ter (mostrar) esse corpo “normalizado”, numa sociedade imagética imediatista, para ser tomado como belo, tem que ser visto ainda como potente, saudável e, por que não dizer, jovem? Assim, utilizando todas as estratégias possíveis, os indivíduos vivem num constante processo de mutação em busca do modelo ideal: Não devemos omitir que em simultâneo com a função de personificação, o narcisismo realiza uma missão de normalização do corpo: o interesse febril que temos pelo corpo não é de modo algum espontâneo e “livre”, obedece a imperativos sociais [...]. O narcisismo joga e ganha em todos os tabuleiros, funcionando ao mesmo tempo como operador de desestandartização e estandartização, sem que esta última funcione jamais como tal, mas como sujeição às exigências mínimas da personalização: a normalização pós-moderna apresenta-se sempre como único meio do indivíduo ser realmente ele próprio, jovem, esbelto, dinâmico. (LIPOVETSKY, s/d, p. 59-60) Esse processo de personificação, saindo da esfera físico-real, chega à vida virtual. Os autorretratos digitais, espelhos dos modernos narcisos são elementos de grande valia no processo de figuração do indivíduo nos álbuns online das redes sociais. Essas fotos são criadas e manipuladas para que os indivíduos, através da linguagem conotativa da fotografia, se criem do modo muito menos como são e muito mais como gostariam de ser vistos, pois, como afirma Deleuze (1988, p. 15-16) “o mundo moderno é dos simulacros [...], todas as identidades são apenas simuladas, produzidas com ‘efeito’ ótico por um jogo mais profundo, que é o da diferença e da repetição”. A repetição referida é fator comum no que se relaciona às fotografias digitais. Com as câmeras contemporâneas, a possibilidade de clics por minuto se dá numa escala muito maior que suas precedentes e, aliado a isso, a possibilidade de ver como ficou a fotografia, instantes após ser efetuada, sem que para isso seja preciso dispor de tempo elevado e custo financeiro, aumenta sua descartabilidade, pois, não gostando do registro feito, é só apagar a imagem que fora refletida. Essa descartabilidade da fotografia tem contribuído cada vez mais para que o ato de se fotografar torne-se um processo “mecânico”. Muitas das fotografias autorretratistas nos sites de relacionamento são tiradas com a finalidade de serem expostas justamente para o público que tem livre acesso a seu(s) perfil(is), enquanto vitrines humanas, essas redes são territórios de se representar.
  • 6. 4. CORPOS AUTORRETRATADOS Captar fotografias para postar em sites de relacionamento tem se tornado prática comum entre muitos usuários de redes sociais, já que esses espaços online se constituem como locais propícios para a exibição. Sendo assim, os usuários se reinventam a partir das fotografias postadas em seus álbuns virtuais, sobretudo os autorretratos, em que, sem os olhos do outro (fotógrafo) o sujeito pode posar de modo mais “livre” diante do obturador. Essa liberdade aparente na fabricação do eu, entretanto, atende a imperativos camuflados, o sujeito se retrata e se põe a júri do olhar daqueles que participam da sua rede ou não, a depender das “configurações de privacidade” escolhidas pelo usuário, que vão desde a liberdade total para “visitas” a seu perfil, até a “amigos” limitados. Tomaremos como exemplo o entrevistado A: Foto A (Entrevistado A) “Sempre tiro foto sorrindo, as pessoas costumam elogiar as fotos em que estou assim... Antes não ficava muito bem, sorria com a boca escancarada. Agora não! Sempre um sorriso meio de lado, inclinando a cabeça. Todo mundo gosta! Às vezes tento sorrir assim no dia a dia.” Nota-se que, em todo o trecho exposto, a preocupação com o julgamento dos outros se faz presente. O entrevistado prepara seu corpo para agradar àqueles que o observarão. Condiciona seu gesto (sorriso) no cotidiano de modo a parecer sempre semelhante ao que agrada em suas fotografias, com a finalidade de ser aprovado por seus “amigos” virtuais e/ou físico-reais. Pois: “Aprendemos a ver a nós mesmos fotograficamente: considerar uma pessoa atraente significa avaliar quão bem ela estaria na fotografia” (SONTAG, 1981, p. 83). Percebe-se ainda que quando A afirma: “Às vezes tento sorrir assim no dia a dia”, ocorre uma transposição da imagem virtual do ser eu, para sua vida físico-real, ou seja, o indivíduo
  • 7. condiciona-se em consequência da aprovação dos que o observam em rede. A realidade físico-real e a virtual se fundem. Dentro dessa mesma perspectiva, a entrevistada B afirma: Foto B (Entrevistada B) “Sou gordinha e gosto sempre de parecer mais magra nas fotos. Por isso escolho o ângulo certo e depois mexo nela. Se ainda assim não ficar boa, apago logo e tiro outra até ficar do jeito que eu quero. Se alguém me achar bonita na foto, vai me achar bonita quando se lembrar de mim. Vai ficar com aquela imagem gravada na mente. Ainda bem que todo mundo diz que sou fotogênica.” Para a entrevistada, a fotografia tem um papel decisivo no modo como vai ser lembrada pelas pessoas e, para tanto, escolhe minuciosamente, como vai ficar sua imagem nos autorretratos. Outro ponto que merece destaque em seu depoimento, é quando B diz: “Ainda bem que todo mundo diz que sou fotogênica”, ou seja, ela se sente aliviada e segura por aparentar uma beleza que a fotogenia sugere. Entretanto, para Aumont (2002, p. 309), ser fotogênico remete à ideia de que : [...] sempre como um pequeno milagre, uma fotografia que revelará algo que não se perceba – e que nunca se teria percebido sem ela. É hoje, sem dúvida, a definição mais corrente da fotogenia, como esse milagre da fotografia; é nela que se pensa quando se diz que alguém “é fotogênico” – o que significa simplesmente que ele (a) é mais bonito (a) “em fotografia do que ao natural, que a foto mostra um encanto eventualmente ausente na pessoa real”. Sendo assim, a fotogenia contida nos autorretratos servem, antes de mais nada, como um elemento envaidecedor nos indivíduos. Estes, nem chegam a refletir sobre o encantamento
  • 8. que pode lhes faltar “ao natural”, debruçam-se sobre o moderno “espelho de Narciso” (a fotografia) e deixam-se seduzir pelo que aparentam ser. Seguindo também essa mesma lógica, tem-se o entrevistado C, que fez a seguinte afirmação: Foto C (Entrevistado C) “Gosto de olhar minhas fotos. Sempre tiro fotos do meu corpo. Acho ele atraente. Não sou gordo, nem magro, sou normal![...] Na verdade mesmo, queria ser um pouco mais fortinho. Ter músculos definidos, barriga definida. Mas vou entrar na academia e deixar meu corpo do jeito que eu quero.” Nota-se no entrevistado um misto de vaidade e descontentamento, sentimentos comflituosos no mesmo indivíduo quanto à sua imagem. Em tempo que apregoa a normalização do seu corpo (se dizendo normal, diferente dos gordos e magros), fala do desejo de moldar o corpo na academia. Esta surge como redentora das imperfeições. Moldar o corpo é a “palavra de ordem” na contemporaneidade. E faz parte do discurso dicotômico daqueles que gostam de se exibir. De acordo com Couto (2000, p. 139): A efervescência dos discursos que evocamas reclamações e insatisfações com o corpo é acompanhada de inúmeras especulações e expectativas, que vagueiam alegres pelas consciências, sobre as possibilidades de aperfeiçoamento físico. Isso aignifica dizer que o rol dos lamentos não ameaça desmoronar negativamente sobre os sujeitos. As reclamações são as molas estratégicas que impulsionam os indivíduos do descontentamento ao fascínio de moldarem-se segundo os novos signos em vigor. São as regras elementares do jogo imperativo da restruturação pessoal. Uma das consequências do processo de superexposição da imagem é a busca incansável pelo corpo “perfeito”. E, para alcançá-lo, vários sacrifícios são efetuados. Para muitos, tudo é válido. Todos os limites podem ser transponíveis. O que vale é estar bem na foto.
  • 9. 5. CONCLUSÕES Discutir os processos de reificação da imagem fotográfica aliado à dinâmica da superexposição é de suma relevância na contemporaneidade, já que essa prática tem sido cada vez mais expressiva. É a partir das redes sociais, como espaços de fluxos contínuos, que os indivíduos se reinventam para verem e, sobretudo, serem vistos. Nesse contexto, o modo dinâmico, próprio das relações via internet, resultam num processo ímpar de exibição de imagens. São novos modelos de sociabilização que fundem realidade física e virtual, fazendo com que seus limites sejam, cada dia, mais tênues. Portanto, refletir sobre as relações estabelecidas em rede e o modo como a imagem (nesse caso a fotográfica) ocupam um lugar significativo nesses modelos de relações é pensar, sobretudo, em qual a atuação dos sujeitos nas redes sociais no momento em que objetificam seu corpo para expor nessas vitrines humanas. 6. REFERÊNCIAS AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas: Papirus, 2002. COUTO, Edvaldo. O homem satélite: estética e mutações do corpo na sociedade tecnológica. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2000. DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1988. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP e A, 2006. LÉVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. LIPOVETSKY, Gilles. A era do vazio: ensaio sobre o individualismo contemporâneo. Lisboa: Relógio D’água, s/d. MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2001. SANTOS, Gildásio M. dos. A realidade virtual. Campo Grande: UCDB, 2001. SONTAG, Susan. Ensaios sobre fotografia. Rio de Janeiro: Arbor, 1981.