Quando suspeitar ou critérios de inclusão
Lesão aberta no abdome, com mecanismo de trauma
sugestivo (arma de fogo, arma branca, acidentes com
veículos a motor, atropelamento e outros).
Trauma abdominal aberto é quando um objeto perfura o
indivíduo causando descontinuidade dos tecidos.
Sua gravidade baseia-se, sobretudo na possível existência
de uma lesão visceral podendo levar à morte imediata por
hemorragias e choque ou, tardiamente, por infecções.
Os traumatismos podem ser de
elevada velocidade, como ferimentos
por armas de fogo, ou de baixa
velocidade, como facadas.
Diferentes estruturas podem ser
lesadas, incluindo o duodeno, o baço,
o fígado, os rins e órgãos pélvicos.
Ferimentos por arma branca normalmente atravessam as estruturas
abdominais adjacentes e geralmente envolvem o fígado (40%), o
intestino delgado (30%), o diafragma (20%) e o colón (15%).
Ferimentos por arma de fogo podem causar lesões intra-abdominais
adicionais em decorrência de sua trajetória, do efeito de cavitação e
da possível fragmentação do projetil, frequentemente acometem
mais o intestino delgado (50%), o colón (40%), o fígado (30%) e as
estruturas vasculares abdominais (25%).
As lesões dependem do tipo de munição utilizada e da distância
entre a arma e o doente.
Conduta
1. Realizar avaliação primária (Protocolo AT1) e secundária (Protocolo AT2).
2. Administrar O2 em alto fl uxo para manter SatO2 ≥ 94%.
3. Monitorizar a oximetria de pulso.
4. Controlar sangramentos externos.
5. Instalar acesso venoso.
6. Realizar a reposição volêmica, se necessária, conforme protocolo do
choque (Protocolo AT4).
Conduta
7. Providenciar cuidados com os ferimentos e objetos encravados ou
empalados:
• não devem ser movidos ou removidos no APH;
• devem ser fixados e imobilizados para evitar movimentação durante o
transporte;
• se ocorrer sangramento ao redor do objeto, fazer pressão direta sobre o
ferimento ao redor do objeto (com a própria mão e/ou compressas);
• não palpar o abdome para evitar maior laceração de vísceras.
Conduta
8. Providenciar cuidados em caso de evisceração:
• não tentar recolocar os órgãos de volta na cavidade abdominal;
• cobri-los com compressas estéreis umedecidas com SF e plástico especial
para evisceração, quando disponível
9. Realizar a mobilização cuidadosa e considerar a necessidade de
imobilização adequada da coluna cervical, tronco e membros, em prancha
longa com alinhamento anatômico, sem atraso para o transporte.
10. Realizar contato com a Regulação Médica para definição do
encaminhamento e/ou unidade de saúde de destino.
• Considerar os 3 “S” (Protocolos PE1, PE2, PE3).
• Considerar a cinemática do trauma e sempre buscar lesões associadas em outros segmentos.
• Na ausência de TCE, a restauração da PA por meio da reposição volêmica deve alcançar entre
80 e 90mmHg para evitar novos sangramentos.
• Em caso de arma de fogo ou arma branca considerar as informações possíveis sobre o tipo de
arma utilizada, a distância do agressor e a posição do paciente. Nesses tipos de mecanismos, são
esperados múltiplos ferimentos.
• Atentar para as lesões torácicas que podem cursar com lesões de órgãos intra-abdominais:
• Tórax anterior: abaixo da linha mamária;
• Dorso: abaixo da linha infra-escapular e flanco (entre as linhas axilar anterior e posterior, do 6º
espaço intercostal até a crista ilíaca).
AT17 - TAF – Trauma abdominal fechado
Lesão fechada no abdome, com mecanismo de trauma
sugestivo (acidentes com veículos a motor,
atropelamento, violência interpessoal e outros),
associado a alguns dos seguintes sinais ou sintomas:
• equimoses, contusões, escoriações e outras lesões no
abdome;
• equimose linear transversal na parede abdominal
(sinal do cinto de segurança);
Quando suspeitar ou critérios de inclusão
Quando suspeitar ou critérios de inclusão
• dor e sensibilidade à palpação abdominal;
• rigidez ou distensão abdominal;
• sinais de choque sem causa aparente ou mais grave do
que o explicado por outras lesões.
O traumatismo abdominal fechado é definido como a
presença de lesão do abdómen e/ou órgãos
abdominais, secundária ao impacto de um objeto
ou superfície contundente (não penetrante).
Qual a conduta no trauma abdominal fechado?
Situação 1: paciente instável com lesões limitadas ao abdômen.
Conduta: laparotomia exploradora.
Situação 2: paciente muito grave, instável, com lesões múltiplas e sem que se
saiba se a lesão causadora da instabilidade hemodinâmica estará no abdômen.
Conduta: lavado peritoneal ou ultra-som FAST.
O que é o Exame FAST?
(Focused Assessment With Sonography in Trauma)
A Avaliação Focalizada com Sonografia para Trauma (FAST) é o exame de
triagem padrão realizado em pacientes traumatizados e envolve avaliações
do pericárdio, busca de hemopericardio e tamponamento, e do flanco direito,
flanco esquerdo e pelve, para procurar por líquido livre intraperitoneal.
Conduta
1. Realizar avaliação primária (Protocolo AT1) e secundária
(Protocolo AT2).
2. Administrar O2 em alto fluxo para manter SatO2 ≥ 94%.
3. Monitorizar a oximetria de pulso.
4. Instalar acesso venoso.
5. Realizar a reposição volêmica, se necessária, conforme protocolo
do choque (Protocolo AT4).
Conduta
6. Realizar a mobilização cuidadosa e considerar a
necessidade de imobilização adequada da coluna cervical,
tronco e membros, em prancha longa com alinhamento
anatômico, sem atraso para o transporte.
7. Realizar contato com a Regulação Médica para definição
do encaminhamento e/ou unidade de saúde de destino
Observações
• Considerar os 3 “S” (Protocolos PE1, PE2, PE3).
• Considerar a cinemática do trauma e sempre buscar
lesões associadas em outros segmentos.
• Na ausência de TCE, a restauração da PA por meio da
reposição volêmica deve alcançar entre 80 e 90mmHg
para evitar novos sangramentos.
• Atentar para as lesões torácicas que podem cursar com
lesões de órgãos intra-abdominais:
• Tórax anterior: abaixo da linha mamária;
• Dorso: abaixo da linha infra-escapular e flanco (entre as
linhas axilar anterior e posterior, do 6º espaço intercostal
até a crista ilíaca).
• A ausculta de ruídos hidroaéreos não é útil.
• Evitar a palpação profunda quando houver evidência
franca de lesão, pois ela pode aumentar hemorragias e
piorar outras lesões.
• Pode haver associação de trauma raquimedular no
trauma abdominal fechado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Colégio americano de cirurgiões ATLS: Suporte Avançado de Vida no Trauma
10º edição. Chicago: Copyright, 2018.
MS – Protocolos de Suporte Avançado de Vida