2. Introdução
A presente pesquisa teve início durante o ano
de 2009 através de experimentações com intervenções
urbanas a partir das pesquisas e referências das obras
de Artur Barrio e Cildo Meirelles, artistas de uma
geração que tinham como referência em sua produção
uma arte política e ao mesmo tempo de cunho estético
cuja efemeridade dialogava diretamente com as ações
que eram propostas. Não pretendiam figurar em museus
ou galerias, pois muitas ações causavam grande choque
quando eram percebidas como arte.
3. Artur Barrio.
Trouxa Ensanguentada (TE) 1969.
Tecido, barbante e tinta industrial
1969:
Situações: trabalhos feitos com
dejetos, materiais orgânicos e objetos nada
convencionais.
São atos efêmeros e provocativos, uma
interferência artística no ambiente.
Joga 14 trouxas com carne, ossos e sangue
no rio, em Belo Horizonte, durante a coletiva
Do Corpo à Terra, em 1970.
A ação tem apelo político, e é associada aos
assassinatos do regime militar e dos grupos
de extermínio. Muitas vezes, ele realiza as
situações longe dos olhos do público .
Fonte: Itaú Cultural
5. Cildo Meireles
Inserções em Circuitos Ideológicos
2. Projeto Coca Cola, 1971.
Inscrições em garrafas de vidro.
Fonte: Itaú Cultural
Gravar nas garrafas de
refrigerantes (embalagens de retorno)
informações e opiniões críticas, e
devolvê-las à circulação. Utiliza-se o
processo de decalque (silk-screen) com
tinta branca vitrificada, que não aparece
quando a garrafa está vazia e sim
quando cheia, pois então fica visível a
inscrição contra o fundo escuro do
liquido Coca-Cola.
Fonte: Itaú Cultural
6. Cildo Meireles
Inserções em Circuitos
Ideológicos - 3. Projeto
Cédula, 1970 - 1976.
Fotografia p&b.
Fonte: Itaú Cultural
7. As Intervenções Silenciosas são ações que
estão presentes em nosso dia a dia e que passam
desapercebidas pela maioria da população que não está
educada visualmente para perceber arte em
grafites, stencils, objetos inseridos no campo
tridimensional e performances que acontecem sem
aviso prévio.
São ações que remetem à obra dos artistas
citados devido seu forte poder de contestação e
inclusão na cidade em que são realizadas.
11. Segundo Benjamin no livro Obras escolhidas III, onde
encontramos o capítulo que ele fala sobre o hábito da flânerie nas
ruas de Paris no início do século XIX, as primeiras ruas em que se
alimentava o hábito de passeio eram chamadas de galerias, e os
seus passantes eram os flâneurs.
Eis uma relação importante para entender a questão dos
signos visuais aos quais nosso olhar do dia a dia já está
acostumado, o qual nos impede de perceber as Intervenções
Silenciosas.
Durante este período retratado por Benjamin, “a flânerie
dificilmente poderia ter-se desenvolvido em toda a plenitude sem as
galerias.” (pg. 34) pois “as galerias são uma nova descoberta do luxo
industrial, são caminhos cobertos de vidro e revestidos de
mármore, através de blocos de casas, cujos proprietários se uniram
para tais especulações.” (pg. 34 - 35).
“Nesse mundo o flâneur está em casa”. (pg. 35)
12. “A rua se torna moradia para o flâneur que, entre
as fachadas dos prédios, sente-se em casa tanto quanto
o burguês entre suas quatro paredes. Para ele, os
letreiros esmaltados e brilhantes das firmas são um
adorno de parede tão bom ou melhor que a pintura a
óleo no salão do burguês; muros são a escrivaninha
onde apóia o bloco de apontamentos; bancas de jornais
são suas bibliotecas, e os terraços dos cafés, as
sacadas de onde, após o trabalho, observa o ambiente.”
(pg. 35)
15. Segundo o livro A desumanização da Arte,
José Ortega y Gasset discute a questão de que
“o homem comum se sente humilhado perante
uma arte que não compreende. Pois a arte é
feita para satisfazer o artista e só”. A obra
distingue a arte do ponto de vista sociológico.
Obra de Arte
Homens que entendem x Homens que não entendem
19. Intervenções Silenciosas
2011
A pesquisa Intervenções Silenciosas ampliou-se em
2011. Citarei uma ação política e o grupo da oficina que
participei sobre intervenções urbanas.
20.
21. Apinagés
Durante a mudança do nome da
avenida “Apinagés” uma intervenção silenciosa
foi produzida pelo professor, historiador e
fotógrafo Michel Pinho. A ação de colar adesivos
nas placas da rua reafirmando o antigo nome e
sua importância histórica para a cidade foram
produzidas sem a autoria divulgada, de cunho
silencioso para o grande público que
acompanhou a notícia pela rede.
22.
23. Apinagés
Em 5 de outubro de 2011 uma lei aprovada em Belém pela câmera de
vereadores rebatizou o nome da rua Apinagés. Em protesto, uma comissão de
cidadãos paraenses iniciou um movimento denominado Sempre Apinagés. O
grupo argumenta que embora a maioria dos vereadores tenha votado a favor da
mudança, o movimento, antes de acionar o judiciário, criará oportunidade para que
seja reparado o referido ato, que nasceu viciado, contaminado por ilegalidades.
Fonte: Diário do Pará
Uma intervenção silenciosa foi identificada no local através de
divulgação virtual de quem a identificava. O interventor só foi identificado dias após
o ocorrido. A intervenção trata-se de uma ação do historiador e fotógrafo Michel
Pinho e ocorreu de um ato político na cidade foi a manifestação da classe artística
que ocorreu com a mudança do nome da rua Apinagés para o nome de um criador
de uma rede de supermercados na cidade.
24.
25. “Fotografia como linguagem em
Intervenção Urbana”
Ocorreu durante os dias 05, 06 e 12 de
novembro e foi ministrada pela jornalista e
fotógrafa Nailana Thiely . A oficina foi uma
proposta da Mostra Outubro promovida durante
o 2º semestre de 2011. As intervenções
propostas foram ações que dialogavam com a
cidade através de símbolos e ícones do design
reafirmados nas linguagens visuais da cidade.
26. Nailana Thiely
Jornalista e desenvolve trabalhos de pesquisa sobre intervenção urbana e
design visual percorrendo símbolos na cidade. Nasceu em Belém, Pará. É bacharel em
Comunicação Social e especialista em Design Gráfico. Já participou de salões e coletivas
nacionais e internacionais, com exposições e conferências em países como França,
Inglaterra e Canadá. Entre suas atividades recentes destacam-se a bolsa para o exterior
de pesquisa em Artes Visuais, com residência artística em Québec City, Canadá, e o
prêmio Secult de Artes Visuais, ambos em 2009.
Sua primeira individual foi realizada em 2005, quando procurou resgatar a
memória de moradores de bairros da periferia de Belém, através de seus retratos de
família. Atualmente conclui especialização em produção editorial e desenvolve pesquisas
em artes visuais com ênfase em retratos e manipulação fotográfica.
Fonte: Cultura Pará
A oficina contou com a participação de 12 pessoas, conversamos a respeito das
questões que definem a prática da intervenção urbana contemporânea e assistimos ao
vídeo Exit through the gift shop.
27.
28.
29.
30. A oficina
Ministrada por Nailana Thiely “Fotografia como
linguagem em Intervenção Urbana” durante os dias 05, 06 e
12 de novembro e fez parte do projeto “Outubro” da
Associação Fotoativa.
Ao participar da oficina, desenvolvemos trabalhos
de intervenção divididos em três grupos. Os participantes em
geral era composto por pessoas interessadas e curiosas pela
linguagem artística. A intervenções desenvolvidas foram:
“ÁgoraAgora”, “Que deselegante” e “ Não me ignore”.
37. Conclusão
Participar e atuar com essas intervenções não às
torna silenciosas. Porém para uma pesquisa em constante
mutação, ressaltamos que as intervenções são silenciosas
pelo que elas são, e não por quem as faz intervenções, afinal
as ações urbanas estão em todos os pontos estratégicos da
cidade ou até aonde o nosso olhar pode alcançar.
38. Bibliografia
• BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas III. São Paulo. 1ª edição. Editora
Brasiliense. 2000.
• CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. São Paulo: Martins Fontes. 2005.
• FREIRE, Cristina. Arte Conceitual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 2006.
• FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo. 8ª edição. Martins
Fontes. 2002.
• GASSET, José Ortega. A desumanização da arte. 6ª edição. São Paulo.
Cortez Editora, 2008.
• GERHEIN, Fernando. Linguagens Inventadas. Palavra Imagem Objeto:
formas de contágio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008.
• MELIN, Regina. Performance nas artes visuais. Rio de Janeiro. Jorge
Zahar Editor. 2008.
• NUNES, Benedito. Heidegger & ser e tempo. Rio de Janeiro. 2ª edição.
Jorge Zahar Editor. 2002.
• SMITH, Edward Lucie. Os movimentos artísticos a partir de 1945. São
Paulo. Martins Fontes. 2006.
Bibliografia virtual
• http://www.itaucultural.org.br/efemera