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A saga continua. A proposta de um fanzine coletivo é um grande de-
safio, afinal cada participante se dedica a essa empreitada dentro de
suas possibilidades, sem prazos, metas ou compromissos formais. O
resultado é que todo o processo tende a ser mais lento e, realmente,
essa edição está saindo um bom tempo após a primeira. MAS SAIU!!!
Coletivo Zine 2 com ainda mais páginas e participantes!!! 92 págs no
total, com material de mais de 20 artistas, pra compensar esse tempo
de espera. Como seguimos com proposta de total liberdade, sem
linha editorial definida, esse nº 2 está ainda mais diversificado, com
inspirações que vão desde filmes de horror a personagens de desenho
animado. E que a saga continue.
Participantes desta edição:
Jackson Abacatu: Capa, contra-capa
Rodrigo Pedroso: págs. 3-6
Zk Diniz: 7-11
Kaio Bruno Dias: 12
Diego El Khouri: 13-16,20,58-67	
Marcos Alves Lopes: 17-20,24
Alexandre Mendes: 21-22
Claudia Cruz: 23-26
Wagner Nyhyw: 26,85-91
Ivan Silva: 27-29
Anna Alchufi: 29-33
Marcelo Dolabella: 30,55,71-76,91
Jose Nogueira: 33-36
Fabio da Silva Barbosa: 37-40,54-55,84
Ossoz: 40-41
Lupin: 42-45
Lexy Soares: 46-49
Equipe do She Demons blog: 50-53
Goma: 54-55
Alessandro Swinerd: 56-57
Murilo Pereira Dias: 58-67
David Beat: 67-70
Natalia Mastrela: 77-80
Jajá Felix: 81-82
Henrique César: 83
Diagramação e montagem: Jackson Abacatu
3
4
5
6
7
É só, Poeira Domínio e Destruição!
Tudo que tenho
Na alma
O que meu corpo
exala
O que se confunde
Na minha visão
É só, Poeira
Domínio e Destruição!
O machismo, o feminismo
A homofobia, o nacionalismo
O criacionismo, o ateísmo
E tudo aquilo
Que tem a
Força como razão!
É só, Poeira
Domínio e Destruição!
Depois que o Amor acabou
Que a bomba estourou
Que o ovo gorou
Que a Flor murchou
Quando a lapide
Cela o Caixão
É só, Poeira
Domínio e Destruição!
Dentro dos meus
Pensamentos
Sob o chão...
No coração do homem
O extermínio da razão!
É só, Poeira
Domínio e Destruição!
A lógica do martírio
O raciocínio do extermínio
O sofá como exílio...
Tudo aquilo que emana
De toda escravidão
É só, Poeira
Domínio e Destruição!
Úze.
“A arma é uma Isca para fisgar!
Você não é Policia para matar!”
O Chico Biu
Uniu o nosso
Destino!
A Tarraxinha é
Nosso Hino!
Baseado em fatos
Reais!
Nazismo nunca mais!
Retroceder nunca!
Rendesse jamais!
O Medo é meu
Seguidor!
A Dor é meu
Pastor!
Minha avó é
De Salvador
Doutor Severiano é
Meu vô!
O meu Romantismo
Consiste em ver
No teu espirro
O maior sinal
De Amor que
Existe!
Marreco, ganso e pato
Santíssima trindade dos otários
Viado, piranha d´boa!
8
Mais ta ligado...!
Traíra é mato!
Não vendo fiado!
Dois e dois quatro
Ave Maria Jota
Estar com a Cristal
Tudo de mais
Faz mal!
Etc & Tal...
Filho da Puta
Cara de pau...
...e para finalizar
Quero destacar :
“A arma é uma
Isca para fisgar!
Você não é
Policia para matar!”
Sinsemilla, Chá de
Cidreira,
Erva doce e
Camomila...
D´ Mataraca a
Cabedelo
É so noia e
Desespero!
Tenho na Agonia
O suprassumo de
Minha Filosofia
Eu e Tu
Mais
5 litros de Pitu
Viagra, Arabu, and
Fuck You
Em mulher não
Se bate nem
9
Com uma Flor
Já dizia meu
Avô!
Nunca diga nunca!
Antes tarde que nunca!
D´aquela água nunca!
Beberei...
Bicho prego do
Querei!
Nosso Amor é
Eterno, sei...
Ei, Teu nome
É ei?!
No Bairro é
Foda!
La tem Embolada!
Ciranda e Samba
De Roda...
Mas ta ligado!?
Vá com um
Chegado
Amo o Gordo
De Paixão!
A Putaria tenho
Devoção!
Sou sobrinho de
Titão!
Do Grotão rua
Do Can Cão
Segui as migalhas
De pão!
E sendo Broder
Seu, o touqe
Ta dado...
Pode crer Punk
To ligado!
Marquinho foi fechado
Junto com dois
Chegados
Fuzilado!
Na barraca de
Maria...
Onde bebiam
O Mar viu
Tudo!
A Ressaca é
Seu Luto!
...E por aqui
Fico ao som
Do Dj Negro
Rico
Mas só para
Relembrar
“A arma é uma
Isca para fisgar!
Você não é
Policia para matar!”
“Parece Cocaína, mas”.
É só tristeza”
Filosofia da Miséria?
Ou
Miséria da Filosofia?
Quando fui a
Catingueira comi Su shi
Com rapa de
Juá
Dona Maria gritava:
Asopra mininu mode
O fogo pega!
“Luar é meu
Nome aos avessos
Não tem fim
Nem começo”
Jacaré é Jacaré
...E marquinho é
O bicho!
Se me tem Amor
Coma a minha
Dor!
Nicácio é Nicanô
Pablo é Dodô
Roberto é Caolhô
Joaquim é Nabucô
Dj é Ricô
“Não compre plante!”
“Tantos livros na
Estante”
“Olho por olho
Dente por dente”
Quelé caboco porreta
Mascava Pimenta
Malagueta
Vivia como rei
Na sarjeta
Tinha tatooado nas
Sobrancelhas:
“A arma é uma
Isca para fisgar!
Você não é
Policia para matar!”
Úze.
10
INOMINAVEL
Vejo o Azul do Mar
No horizonte emendar
Com o Céu
E as brancas nuvens
Parecem recortes de
Papel
Imerso nesta imensidão
Vejo como é pequena
A idéia da criação
Não tínhamos encontro
Marcado!
Não te vislumbrei em sonhos...
Conhecer-te foi obra
Do próprio Abandono!
Hediondo ser que
Tem nos vícios
Sua razão de Viver!
A Puta a quem
Amo! Sabe
Definir – me
Diz ela que
Estou cinco segundos
Antes do existir!
...e o gozo tóxico desta
Fêmea deixa pequeno
Tudo que se
Tem por obsceno...
Nas curvas sinuosas
De tua Melancolia
Vejo no Abismo
A Agonizar toda
Minha alegria!
Com o canto
Da boca você
Conseguiu exprimir
Todo o escárnio que
Aquela Madrugada guardava
Por vir!
E diante de tudo
Aquilo que não pode
Ser nascem sobre
As bençãos do
Amanhecer!
ùze.
11
Praia da Penha, Dietilamina do Ácido
Lisérgico, Whisky, Alcalóides,
Anamil & Truxillina
Aqueles sentimentos sem definições
Esse Corsário que nos rouba as Ilusões...
Saca! Aquele lance Cru! Viril!
Arrebatador da razão e seu covil!
Nem as forças da Natureza podem equiparar
Aquilo que lhe usurpa a realidade
...e põe sonhos em seu lugar!
Todas as forças do Universo em comunhão
Não chega a arranhar aquele ser Hediondo
Que se revela pelo vicio de Amar!
Úze
zK II
Quando navego em min
Paisagens comuns
São Desertos
Naufrágios
E coisas assim...
Mar Morto!
Terra estéril!
Lugar onde
O principio
E o meio
São Ilusões
Necessárias para
O Fim!
Na Vazante
De minhas Marés
Entre Martírios
& Reveses presencio
O Eclipse d´minha alma
E com os restos de Quimeras
Banho meus pés!
A hidrografia do meu ser
Nos seus Rios, Riachos,
Lagos, deságuam no Oceano
Toda magoa d um ser
Que tem na Abiose sua
Forma de viver!
Úze D´popolle.
12
Cre(dor)
Estou só, negando
o imposto do tesão.
PAZuzu
Amuletos
são muletas
para a alma
PAZuzu
zum...zum..
estou sem tempo
pra sentir uma brisa
curtir um (é)vento
O homem do TEMPO
E a previsão
da falta de tempo
para hoje
é de:
pancadas
de pessoas
adiando o dia
odiando o dia
chuva de granizo
do lado esquerdo
do peito
chuva de granizo
do lado esquerdo
do peito
correntes de pensamento
que chegam a atingir
500km/hora
E massa de ar frio
após o expediente.
Doce
Ser tão doce
quanto o açucar
que empretece os dentes
e mata de diabetes.
Quais são as cores?
Azuis
amarelas
excitantes
e depressivas
assim são
as pilulas
que colorem
minha vida.
CMTC
As vezes paro, olho pro lado
e a única coisa que tenho
é a janela do ônibus.
por Kaio Bruno Dias
13
ALMA
(Por Diego El Khouri)
luto contra a maré que me molha o rosto
as convicções que me movem a alma
os dias devoram, trincheiras gritam
o dinheiro que ganho mesmo pouco me envergonha
nas noites turbulentas me perco na bronha
fomes e miséria do meu lado na minha boca molhada
rindo um a garganta seca da última batalha
SOU SÓ
granito na areia movediça do acaso
acaso eu to vivo ou sinto os sentidos me cortarem a face?
a face me levar pra mata
sozinho o infinito xinga albergues de aljôfares subteendidas
em inúmeras máscaras que me mata
na mácula do dessabor caminho
VOCÊ ESTÁ COMIGO?
VOCÊ ESTÁ COMIGO?
quem me move nessa terra triste num beijo amigo?
sinto você nua como o abismo
você solidão sem roupa de linho, elegânica
sem paz
sem um minuto de paz.
Agora é isso: a doença me lavando a alma,
a barriga inchada, cigarro na face
que empunho vil
frouxo e sem graça
clown embriagado
que dança nas esferas subliminares
necessito de novos ares
venha Rio de Janeiro
preciso fugir dessa louca cidade!
Conexões, tubos, válvulas, ferros, chapas, fábricas, concretos, bombas, gaxetas, para-
fusos, porcas, arruelas, discos de corte, pistola de pintura, registros, equipamentos,
máquinas,
MÁQUINAS, MÁQUINAS, MÁQUINAS, MÁQUINAS MÁQUINAS, MÁQUINAS , MÁQUI-
NAS, MÁQUINAS
me aniquilam a cara
fatiam a alma
me roubam a paz.
Que paz?
14
VERMES NO SOVACO
(Por Diego EL Khouri)
Enquanto ao cárcere do mundo me limito
em ser apenas um poeta cheio de vícios
me transfiguro, me humilho vendo
sujar minha face as sete chagas de Cristo.
Uma agonia traiçoeira dessas que invadem a alma
brotam no meu peito. Na bronha faleço.
Sei que nada vejo a não ser as chagas
que corroem minha alma, me xingam, me matam.
No mato solitário, com breu e sem cachorro
choro atrozmente como uma criança chora.
Dinheiro, emprego, família, tudo tenho.
Só a paz que não vejo faz tempo.
Numa necessidade filosófica passo horas a fio
dormindo em ventre desnutridos.
15
CALA-TE DE VEZ! (RETRATO FILOSÓFICO DA POÉTICA DO VIVER)
(Por Diego El Khouri)
Acordar e dormir, simplesmente, é o cárcere
na boca faminta da desordem. O que é
belo e honroso pra vocês, pra mim fede.
Tudo se transforma em acaso quando este,
vestido de ignorância e impotência, sorri do
marasmo. Não acho graça em nada que esteja
estritamente ligado ao material. É a única
centelha que herdei de Platão. Na constatação
filosófica de Schopenhauer a arte opera como
uma espécie de redenção e só nela reside a
felicidade total. Fora dela o abismo é uma gorda madame nefasta que perambula nos
bolsos do capital. Produzir arte para mim não é a busca do “Retorno Financeiro”. Arte
é domínio visual, psicológico e vivencial das práticas humanas que estejam ligadas ao
que há de mais belo, puro e inefável da alma do ser interior. Sou livre quando me sinto
parte de mim mesmo. A exclusão é aquilo que para mim se transformou em lugar
comum. E o que é a arte? A fuga do lugar comum. Cada fanzine que produzo, cada
quadro que pinto, cada conto que esboço, é mais importante do que qualquer coisa
que eu faço. É meu “delirium tremens”, minha válvula de escape, meu delírio, meu
orgasmo. A buceta nua beijando a boca de Deus. O amor em sua total plenitude.
Dormir se tornou capricho vulgar. A sensação de tranqüilidade (prazer fugaz) é uma
história relegada ao passado. Nesses vinte e cinco anos de vida, cada segundo, cada
minuto estive envolvido nessas coisas atemporais que muito prezo. Cada livro que leio,
cada música que ouço, cada palavra que falo, cada bebida que bebo, cada pessoa que
amo,cadapessoaqueodeio,cadacigarroquefumo,cadasonhoquedesejo,épensando
e sentindo arte, esse elemento das faculdades humanas inerente as pessoas. “Tântalo
na busca insaciável”. Assim me sinto. Disperso e perdido no mundo da restrição. Meu
único compromisso é com a ARTE. Se algumas pessoas dizem que ela prejudica o resto
das relações de minha vida, eu como artista irremediável, abandono tudo para dedicar
com afinco as minhas obras. O homem nada mais é que o receptáculo da poesia. O
profeta que perambula no desconhecido. Como Nietzsche nos revelou, o que vale é
sentir tudo em total plenitude. A escada flutuante dos sonhos. Que os ignorantes
fiquem em sua pequenas moradias daltônicas, vivendo suas histórias de merda,
bebendo suas bebidas chocas, fazendo suas barbas, cortando seus cabelos, escovando
seus dentes, vendo suas novelas, ah, suas novelas, a ventura exposta em cinismo.
A dominação tolhe os membros e corta os braços. Serei visto sempre como o
enérgumeno molambento sem memória, que sacrifica as ações por fraqueza e se
tornou o vagabundo das praças inauditas por estética compulsiva? Não... serei visto
como o demônio e assim espero. Um foda-se pra tudo que é eterno e absoluto.
16
SENTIR
(Por Diego El Khouri)
Olho nos teus olhos. sinto a viração embalar meus cabelos em desal-
inho. o mar que odeio molhar meu espírito em febre, a loucura banhar
meu corpo e me abandonar como uma cristo negligente, — a vida sor-
rindo com o terço jogado no chão enlameado de sangue e volúpia. al-
guns dias perdido num mundo virtual. mundo do meu agrado. sombra
e mormaço. tua fala mansa que mesmo sem ouvir entrava em minha
alma. sentia deus e se ele existe era confortador. lembro de Kant. ah
foda-se! se tem um martelo na mão por que filosofia? Nietzsche era
um filósofo de armas e se escovava os dentes não sei. você em sua
infinita gentileza lia meus textos e numa gentileza ainda maior ria deles
e falava mau,caçoava,dava sua mais real opinião. você odeia poesia
e eu odeio os poetas que usam calça comprida e sapato de camurça.
vi ontem deus lavando sua bunda. era gorda e macia.e que bunda! há
muito não defloro uma bunda assim! estava perdido denovo. esqueci
os relatórios e o pit Bull que deflora minhas ações está ali comendo a
escrava sexual do patrão. tremo de medo desse filho da puta cheio de
pelos que atravanca meu caminho. e Ela. Ela denovo. estou na “net”.
dialogo com ela. Ela odeia Jackson Pollock e diz que Saramago se
vendeu antes de entregar a sua alma ao deus monetário. denovo esse
deus onipotente com barba branca e ceroula verde. Entendi o que Ela
quis dizer. não tenho estilo. o que tenho é um retrato mau acabado de
uma história de prisões e marturbações nunca realizadas. ouço jazz.
bebo muito vinho. Miles Davis enclausurado na rádio. Stravinsky vibra
cortinas e corpos parecem se contorcer em todas as partes e ouço
tudo: a vida se amando, os vizinhos se amando todos se amando e eu
tomando café gelado espero uma nova aurora. o nome dela não inter-
essa. é uma artista e isso não faz muito sentido... é uma buceta nua
num mar de pelos atravancando meu caminho.
17
Marcos Alves Lopes
Preciosidade de MERDA
há merdas
escritas que dão nojo
não somente o sertanojo
merdas de viagra, de dia das mães, de carro-lux, de patrão ou do
povão
há MERDAS
escritas que dão gosto
não somente meus versos
MERDAS de terminais, de prisões, de atentados
de MERDA
mais valia do gozo nenhum
de segunda a sexta
trabalho-trabalho e gozo nenhum
trabalho-trabalho e gozo nenhum
trabalho-trabalho e gozo nenhum
trabalho-trabalho e gozo nenhum
sábado:
compras pela manhã
dentes, cabelos e unhas - pronto?
à noite: ereção já
uma gotícula de esperma e o sono (nem sempre há gozo e sonhos)
aos domingos - murmúrio, penumbra e provas
fim do mês - todos se lembram do salário minguado
18
Marcos Alves Lopes
Diga AMÉM
É só na fala desmedida que se desmente um senhor
Não se iluda: corpomente!
Silêncio no meu dicionário é sinônimo de dor
“enfiai uma agulha no cu e outras coisas vos serão acrescentadas”
Se faz do amém seu companheiro de viagem
Procure um formigueiro ou o Exército de Cristo
Sente-se numa cruz pontiaguda e espere as primeiras picadas - for-
miga ajuda a visão
Antes de continuar viagem
Cabisbaixo, diga AMÉM!
MERDA EM CAIXA ALTA
Nessa merda
merda minúscula do cotidiano
sinto apenas o cheiro fétido
de bosta barrenta de terminais lotados - bueiros de gente
sinto o que nem sempre o nariz suporta
No ônibus vomitado
no caos insano do dia, a noite
na sala de aula entorpecida
professores que habitam montanhas dos séculos passados
no fogo cruzado
guerra, bombeiros em greve
e a polí(t)cia goiana-carioca-brasileira - assassina
ah,
e os padres, pastores, monjes, professores
médiuns
sem remédios
sem cura
nem nada
É em tudo, em mim
que floresce a MERDA!
19
Gozo Fúnebre
Mesmo sendo lido em livros putos
ou nesse blog de escroquerias - faço exigências!
É só um pedido
encarecida ordem
de alguém que jaz entre merdas, vermes, cabelos e dentes-sujos
Nesse dia feliz
de reintegração ao caos
leiam o gozo fúnebre solenemente
e cairá samba - a lapa fúnebre goiana
Nessa feita
deixe a poesia
de lábios lânguidos promíscuos
laber a face
os olhos
meu pau
Para a úlitma marcha
será registrado:
Do caos, só a MERDA restou!
menino-home
quero ser mimado
nesse aniversário
com(o) café da manhã
tarde
noite
com(o) você
na sua cama
que há mais sexo que divã grego
quero deitar
comer, domir
me deleitar
20
amuletos de delírio
amigos
pais
cães - de infância
família desejada,
despejada de amarguras
amuletos de delírio
passatempo
de um homem, só
também menino
Pai nosso
Pai nosso que estais terra
Profanado seja vosso nome
vem a nós, nosso reino
Seja feita nossa vontade
Na terra ou em qualquer lugar
Os desejos voluptuosos nos dai hoje
Perdoai nossas crenças
Assim como fingimos acreditar em vós
Deixai-nos em plena tentação
Mas tirai-nos da mente a tola ideia do inferno
amém
Slogan do M.E.C. (Mal-Estar na Cultura)
Educação para tolos
Ensino para ninguém
Tira-o-calção de todos
Pornografia pra quem?
marcosalveslopes.blogspot.com
AO CACHORRO MALDITO
(Por Diego EL Khouri)
(Ao Marcos Alves Lopes)
Da merda que Marcos fala
a merda pura
e concentrada
é merda real e abstrata
essa merda que ele fala.
Merda com feijãosinho preto
cagada em noites de luar
e desejo.
Merda com pedacinhos de milho
mastigada pelo seu próprio filho.
Merda que fala Poesia
aquela que ele chama Vida.
Na chama que chamisca o dia
Merda pendurada
do lado de uma solitária pia.
Ó Merda que vos fala
ó Merda que ele fala
ó Merda que eu falo
semelhante ao meu falo.
Falo que não fala o que falo
que eu cago e cago na lata
cagar porçãosinhos de amor
do cú desabrochando a flor.
Merda assim merda assada
a Merda que o Marcos fala
é poesia abstrata
terreno profético dos dias
essa merda cantada.
21
Vazio
Por: Alexandre Mendes
Há um vazio no meu peito. Você se foi.
Ainda lembro bem daquela carinha que
você fazia quando estava com fome.
Coisa fofa do papai...
Ano passado eu te dei uma boneca.
Lembra, filha? É, você mereceu, pois
tirou nota boa na escola.
E nos dias que saíamos com a mamãe,
para fazer compras? Você pedia para o
papai comprar sorvete de chocolate.
Eu dizia que se você comesse mais
sorvete, a sua bochecha ía ficar mais
fofinha do que já estava. Filha... como é
triste...como é triste...te ver assim, de-
itada no pequeno cômodo de madeira.
Filha...fiha...o dia não está sendo o
mesmo, sem você. Penso em ir ao seu
encontro...Sinto muito a sua falta.
Filha...filha...nada mais faz sentido
preciso de um ombro amigo
ou, então
deixe-me em paz
Não consigo entender a
penúria do meu ser
nua
crua
exposta
Tudo isso é uma bosta
Por favor,
deixe-me em paz.
Isaac Newton
Por: Alexandre Mendes
Dois amigos e o começar
sentados sob a copa de uma árvore
vendo o céu azul suave
e o sol a despontar
corre corre, correria
família, papelada
prova e monografia
encararam, na marra
Penso eu, pensa você
eles, também, assim pensaram
agora é mole, caminho largo
mas, na cabeça, eles tomaram
Sentados sob a copa de uma árvore
desfolhada pelo tempo
puseram as contas sobre o mármore:
Sonhos que voaram com o vento
Corremos, corremos
e acabamos por aqui
vendo o tempo passar
só nos resta sorrir...
peresteca.blogspot.com
mondelingegieskedenis.blogspot.com
22
Cume
Por: Alexandre Mendes
Na Montanha Infinita, o passado enraizou.
Vista alegre, do alto do monte, céu azul e o coração batendo forte no
meu peito.
Lá do alto, bem lá do alto, vi os dias e as noites passando lentamente,
ano após ano...
Fogo, gelo, água e animais que nunca mais eu vi. Florestas e espécies
humanóides...
Clãs que se unificaram através da mestiçagem, formando densas socie-
dades.
Poder, poder e poder, era tudo o que se pensava do outro lado do
oceano.
Aqui, os nativos disputavam territórios, guerreavam. A organização
social, no interior das tribos era bem definida. Os adultos trabalhavam
no inicio do dia, as crianças brincavam.
Caçavam, pescavam, construiam aldeias e, no final do dia, descansa-
vam...
Os filhos herdavam a sabedoria dos seus pais, como caçar, plantar, utili-
zar ervas medicinais etc.
Os povos gananciosos, do outro lado do oceano destruiram tudo isso!
Impuseram as suas regras, como o trabalho escravo indígena e poste-
riormente, dos nativos africanos, destruindo grande parte da cultura
desses povos.
O tempo passou e a idéia do acúmulo de capital enraizou.
Nunca chegou a ser passado. Meio ambiente e sociedades se adapta-
ram a idéia.
Uns com tudo, outros sem nada; assassinatos, expropriação e muita
omissão.
Alienação...
Tudo isso eu vi nascer, lá do alto, bem lá do alto, da Montanha Infinita.
23
Cláudia Cruz.
O que estava lá....
Não sei dizer o que estava lá.
Se era sombra porque não vi a luz?
Se era luz de onde veio?
Não sei por que estava lá,
Veio a convite, ou chegou mansinho?
Era só meu ou de mais alguém?
Não sei como explicar.
Não tinha legenda ou determinação.
Era real ou imaginação?
Não sei por onde começar.
Se não tem início, terá um fim?
Será pois eterno, eterno enfim?
Gato de rua
Vou comer toda a escassa carne que se prende às tuas duras espinhas.
Não se preocupe..... vou jogar o rabo e a cabeça na rua para a felici-
dade das gatas vadias que te rondam e você finge não conhecer.
24
O latido dos cães (Produção Coletiva )
Parte I – Para Isabel ( Por Cacau Cruz)
Eu desisti de você
Não me pergunte em que momento,
mas, acho que sei como foi.
Foi tentando encontrar motivos em suas frases vagas,
buscando pistas em suas charadas,
tentando decifrar o teu olhar... minha doce Isabel.
Eu desisti de você.
Você nunca me pediu para ficar
Sequer pensou em me ligar
Ou dar-me um espaço qualquer.
Fecha os olhos e me apaga da memória
Pois, não estou escrito na tua história
fui o beijo que não foi dado,
sou a lembrança de um adeus.
Parte II – Para quem me deixa ( Por Marcos Alves Lopes)
Apagar...
O que já me derreteu a memória
Também torturou meus dias noturnos
- É fácil ficar quando a carniça não fede!
- É fácil pensar com a cabeça na rede!
Meu falar torto é pena de viagem
(vadiagem)
Pro rio ou à puta que pariu
Mas, se não entende o latido dos cães
Vai, ou não me venha mais!
25
Confissões de um canibal
Após tropeçar no corpo da minha última vítima e deixar
pistas valiosas para a perícia me localizar, foi que decidi que
devo comer todo o corpo das minhas próximas vítimas.
Quando a carne é boa, vale lamber até os ossos.
A cachaça e as putas
Joaquim:- Zeca termina logo com essa pinga e vamos!
Zeca: - Porra, Joaquim! Isso aqui não é pinga não véio, é cachaça da boa.
Uma iguaria feita de cana e fogo. Cara e da boa. Vale cada real, ademais,
as putas não vão fugir, tenha paciência!
Zeca:- Pronto, acabei! Vamos logo para Vila Mimosa meu irmão.
Joaquim:- Puta merda, eu não entendo você Zeca. Toma cachaça cara,
mas come puta barata.
Zeca retruca: - Véio, depois de tomar essa cachaça, qualquer puta barata
fica linda e gostosa.
Joaquim: - Pera aí então que eu vou querer um gole!
Amor fati
Acho que é assim que tudo termina.
Uma semente germina, uma flor nasce e no outro dia morre.
Aqui tudo que se planta também se colhe.
E um dia, o coração pára de bater?
Eu te escrevo e você me apaga.
A mão que me bate também me afaga, mas nem por isso deixa de doer.
26
Tá combinado
Vamos, me dê a sua mão. Vamos pular?
Pular?Ah, isso é coisa de medroso!
Nessa vida eu quero é me jogar com você!
Ela disse adeus
Chorei até cansar.
E dormi tentando esquecer,
a falta que ela me faz,
desde quando a vi morrer.
O grande Truque
A plateia acompanhava atentamente os movimentos do grande mágico
que prometera naquela noite realizar a sua obra prima.
Jack era um mágico ambicioso de meia idade, e ele escolhera o palco
do Cassino Royale em Las Vegas para apresentar o seu maior truque de
mágica: “Fazer desaparecer da Terra tudo o que ele não gostava”.
A casa estava lotada e o espetáculo estava sendo transmitido ao vivo por
alguns canais de televisão, seria o maior truque de mágica já visto no
mundo.
O mágico tinha acabado de proferir as palavras mágicas e ao abrir os
olhos cheios de expectativa percebeu que o truque funcionara. O salão
estava vazio. Jack fizera a platéia inteira desaparecer.
E não apenas a platéia. Jack havia realizado com sucesso sua maior pro-
eza. Fez tudo o que não gostava sumir. Não havia mais pessoas sobre a
face da Terra.
O magico-sociopata caminhou orgulhoso pelo palco. Enfim teve êxito em
seu grande truque, após anos e anos de preparação.
Mas algo ainda o perturbava. Faltava alguma coisa. Sentia que o espetá-
culo ainda não estava completo.
Ah, sim.
Faltaram os aplausos.
Produção coletiva: Cacau Cruz e Wagner T.
27
28
29
Em- silêncio
às vezes as coisas que passam a gente não descobre o que é, apesar de toda a aten-
ção que damos a elas. aprendi muito pouco, minha visão é ruim, só percebo o que
não passa, o que se passa também, mas quando leio algo que foi escrito pra ou que
serve pra mim, independentemente da minha vontade. mas como eu devo entender
mal! como eu devo interpretar de forma risível aquilo que escrevo! sempre penso
em algo ruim... Às vezes me perguntam: por que vc fica em silêncio? --Por quê?! Ora,
esse é o lugar onde ficam aqueles que não sabem o que dizer; Que viveram uns in-
stantes, e, é, pode até ser que ensinem algo, mas na verdade, olha, não aprenderam
bosta nenhuma.
Ivan Silva
ANNA ALCHUFFI
Poesia Marginal
Irreverente de cu quente
Expressivo e esquecido
A morte é viver
A loucura,o que?
Palavrão: p-a-r-a-l-e-l-e-p-í-p-e-d-o
x x
x o x o t a
xo x o t a
x o x Só falei isso porque é bom ter buceta na boca!
t
a
Seu cu não tem acento, mas o meu tem
Eu sento todos os dias na cadeira fria e faço poesia!
Comi sua mãe, sua tia
E agora a sua poesia!
Hoje eu não vou ler Camões
E menina chata, pare de ler Pessoa
Deixe eles para o Mar
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Três filhos bem criados, fotos dos netos no criado!
Mais uma poesia da série ‘’Chula e Vulgar e o caraleo de asa’’ : FILHOS DO
GOZO!
Ela nunca havia sentido prazer sexual
As vezes ela fingia
E outras ela se sentia como uma boneca inflavel
E inflamavel era sua raiva escondida entre o SIM ao marido
No final, ele acabou sendo seu único amigo.
Ele morreu,
Ela viúva!
Três filhos bem criados
E fotos dos netos no criado
A grandiosa TV de plasma que ganhou do filho médico
Era sua única companhia
Você precisa saber: Ela gostava do galã das sete
E agora vai começar a novela
Entre suas pernas, uma almofada velha
Que ela começou a esfregar timidamente entre as pernas na sua velha
parte
Olhou o tal galã sem camisa
Sentiu euforia
Pela primeira vez: ELA GOZOU!
Dois dias depois,o neto a encontra morta
Com uma almoçada nas pernas!
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Filhos do Gozo
Uma série de textos e texticulos sobre sexo em várias formas, conceitos e
etc...Ainda não concluída.
( I )
Se eu existo, já fui porra
Somos filhos do gozo
Papai e mamãe se comendo em um banquete
Graças a deus quando era eu saindo
Mamãe não pagou boquete!
Agora eu estou aqui
No mundo de pessoas gozadas
Gozando, gozando, gozando!
Tenho pena é da mulher frígida
Tenho mais que dó do homem broxa
Eu admiro os gays versáteis
As lésbicas de orgasmos voláteis ( me incluo nessa)
Gosto de estar mole e estar rígida.
Tenho pena dos velhos que desistiram do sexo
Tenho profunda admiração pelas famosas’’ lobas’’
Mostrando aos ‘’jovens pentelhos’’
Os segredos de uma boa boca,
Uma boa transação entre idades.
O fato é que com tanta moralidade e pecados
Depois da existência do inferno não agimos mais como animais
Sendo apenas carnais as escuras
Mas então o que dizer do exibicionista e do Voyer ?
Vamos gozar!
E esquecer de crueldade
Vamos rancar pelos púbicos nos dentes
Velas derretidas nas costas, na face...
Chicoteadas e palavrões....
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Duas vaginas
Dois pênis
Uma vagina e três pênis
Uma vagina e um pênis
Dois pênis e um cuzinho
Um pênis e uma vagina...
(II)
Olhei seus olhos
Teus olhos olharam meu decote
Mas é assim mesmo que gosto e pode
Você olhou meu sorriso e simpatia
Eu apenas apreciei suas pernas,
Nos lambuzamos
Saliva e língua pelo corpo todo
Mostrando a doce melodia
Nas suas mãos ficaram o cheiro de vagina, cheiro de sexo
Nas minhas mãos, cheiro de mulher.
Meus lábios sugando seus seios
Meus seios na sua pequena e macia mão
Parece contra mão
Dois bichos fêmeas terem tanto tesão
GOZEI ,GOZEI, GOZEI, GOZEI
Como se agora não fossemos filhas do GOZO
Mas sim as mães de um antigo desejo de gozar
Nascendo, Crescendo
Humidificador de calçinha
Alimentando o que de outros é fantasia!
(III)
Ela nunca havia sentido prazer sexual
As vezes ela fingia
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E outras ela se sentia como uma boneca inflável
E inflamavel era sua raiva escondida entre o SIM ao marido
No final, ele acabou sendo seu único amigo.
Ele morreu,
Ela viúva!
Três filhos bem criados
E fotos dos netos no criado
A grandiosa TV de plasma que ganhou do filho médico
Era sua única companhia
Você precisa saber: Ela gostava do galã das sete
E agora vai começar a novela
Entre suas pernas, uma almofada velha
Que ela começou a esfregar timidamente entre as pernas na sua
velha parte
Olhou o tal galã sem camisa
Sentiu euforia
Pela primeira vez: ELA GOZOU!
Dois dias depois,o neto a encontra morta
Com uma almoçada nas pernas!
(ANNA ALCHUFFI)
ME ARREBENTEI TODO
QUANDO ESCORREGUEI NAQUELE LODO
ABRIU-SE UMA CRATERA E UMA FERIDA
MOSCAS VAREJEIRAS SOBREVOAVAM EM CIMA
ENQUANTO O SANGUE JORRAVA SEM PARAR
ERA COMO UMA PIMENTA ARDIDA
FUI ATÉ O INFERNO E VOLTEI
GRITAVA DE DOR
E QUEIMAVA COMO FOGO
ENTRE O DEDO E A FERIDA
ARRANCAVA A CASCA TODA FODIDA
POÉTICASESCATOLÓGICASPOÉTICAS
ESCATOLÓGICAS
ENTREODEDOEAFERIDA
PORJOSÉZINERMANNOGUEIRA
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BOCA DO LIXO, POESIA SUJA
POR JOSÉ ZINERMAN NOGUEIRA
BOCA DO LIXO
RABISCO ENTRE PAREDES
POESIA SUJA
ENCONTRADA NA RUA
DAS MENINAS DO PRAZER BARATO
QUE ESTÃO BEM AO MEU LADO
BOCA DO LIXO
COM CHEIRO DE ESPERMA RESSECADA
DO HOMEM MORTO A NAVALHADA
DA VIDA CURTA
NEM DOLAR , NEM REAL
NOUTRO DIA PARECIA TUDO IGUAL
#672 GATTO-PINGADO (a José Zinerman
Nogueira) [2003]
Zineiro, buzineiro da anarchia,
que juncta no papel cacos de estrada,
galaxia, giria astral, jornal, jornada,
garagem, gangue, ghetto ou guerra fria!
Si pensa em poesia, a voz varia.
Si enquadra no quadrinho, berra e brada.
Si mede a Edade Media, espicha a espada.
Si goza o cine em scena, esporra e espia.
Por ser exaggerado e circumscripto
é tão contradictorio quanto o facto
de erguer, minimo e unisono, seu grito.
Si edito, vandalizo e desacato.
Si leio, fanatizo-me e repito
o lemma: “Antes quintal que anonymato!”
(Glauco Mattoso)
37
Linha dura nos olhos dos outros é refresco
Por: Fabio da Silva Barbosa
As ruas começavam a ganhar movimento. Entre uma brincadeira
e outra, os camelôs arrumavam suas mercadorias. Logo as vans
começaram a chegar e a despejar passageiros por toda a parte. Os
primeiros pedestres já se esbarravam pelas esquinas.
- Olha o suco de laranja.
- Vai um biscoito aí, madame?
- Ó o cordão. É prata pura.
A manhã foi correndo tranquila no que já havia se transformado em
um formigueiro humano.
- Olha o rapa.
Pronto. Essa frase acabou com toda a tranquilidade dos que
tentavam ganhar uns trocados para viver e dos que compravam
suas mercadorias. Quem podia meter o tabuleiro na cabeça, saiu
correndo. Dona Marrequita se debruçou, desesperada, sobre suas
frutas.
- Por favor... Não levem minhas mercadorias. É tudo que eu tenho
para sustentar meus filhos.
Levaram-na por desacato a autoridade.
- Pera aí, porra. - Gritava o garoto dos relógios vendo sua mercadoria
ser jogada na carroceria de um carro da Prefeitura.
Logo a confusão estava generalizada. Alguém não suportou ver
seu ganha pão ser tomado e resolveu argumentar. Mas quem é
pago para manter a ordem, nem sempre está aberto a diálogo e
a discussão virou briga. Cassetetes, pedras... Violência para todo
o lado. Era a ordem pública e o bem estar geral sendo empurrado
goela abaixo de quem não tem grana.
Belmiro chegou em casa machucado e sem o dinheiro para comprar
o macarrão do jantar. Falou com a mulher que teria de conseguir o
capital emprestado para comprar mais mercadorias.
- Calma, meu bem. Hoje a noite tem festa na quadra. Vai lá e esfria a
cabeça. Se distrai um pouco.
Pois foi o que Belmiro fez. O pagode estava animado e um amigo o
convidou para a cerveja. Lá pelas dez, o policiamento comunitário
chegou. Os policiais desceram da viatura e foram logo anunciando
38
- Como assim terminar? – Interveio o cara da barraquinha de cachorro
quente.
- É isso aí. Vocês não pediram permissão para fazer esse evento. –
Disse um de bigode, tomando a frente da conversa.
- Pedir permissão para quem? Nós sempre fizemos esse encontro para
o pessoal da comunidade ter uma distração e vocês que chegaram
aqui ontem me aparecem com essa marra.
- É isso aí! Marra dentro da nossa comunidade não! – Concordaram
todos.
- Calma, gente. O que tá havendo aqui? – O Presidente da Associação
chegou tentando acalmar os ânimos.
- Tá havendo que a gente tá pedindo na educação para acabar a festa
e esse pessoal tá querendo arrumar barulho. Ao invés de agradecer
que deixamos rolar até essa hora, ainda tão reclamando. Agora
acabou a bagunça. Temos que organizar a situação. Para fazer evento
tem de pedir permissão e esperar para ver se vai ser aprovado.
Um falatório tomou conta da quadra. O Presidente pediu calma e
sugeriu:
- A gente se compromete a pedir a tal da autorização da próxima vez.
Dessa vez a festinha já tá rolando. A gente abaixa o som. Pode ser?
- Infelizmente, não. Temos de encerrar. – Replicou o de bigode.
- Mas...
Antes do Presidente argumentar, um sinal, invisível para os
moradores, foi dado e os policiais foram em direção a caixa de
som para desligar e mandar os pagodeiros descerem do palco
improvisado. Foi o que faltava para o tumulto começar. Belmiro
passou a mão na cabeça. Já tinha visto esse filme hoje.
CracolândiaDisneylândia
Por:FabiodaSilvaBarbosa
fumagarotoapedra
sonhasonhosdemenino
agarotadomaistemponovício
nãopodemaissonhar
amigopalavradistante
talvezsómesmoocachimbo
atodahorachegagente
atodahoragentevai
paraondeestamosindo
paraondeagentevai
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Bom dia
Por: Fabio da Silva Barbosa
Acordei com a cama se mexendo e sentindo algo estranho entre
minhas pernas. Novamente dormi bêbada. Olhei discretamente
as mãos que apertavam meus peitos. Não dava para tirar grandes
conclusões apenas pelas mãos. Ainda mais no escuro. De qualquer
forma, não parecia mão conhecida. Merda... Lá vem o idiota beijando
meu pescoço. Ai... Que dor de cabeça... Melhor fechar os olhos
para o infeliz não saber que estou acordada. Espera um pouco... O
que é isso nas minhas costas? Peitos? Olhei melhor para as mãos e,
mesmo naquela escuridão, pude perceber que estavam com as unhas
pintadas.
Comecei a virar lentamente e me deparei com uma linda mulher. Fui
virando até me por de frente para ela. Senti seu pau saindo de minha
boceta. Era um pau enorme. Olhei bem para aquele rosto (assim que
desviei o olhar do cacete) e ela me beijou com calor. Depois de nos
apertar e esfregar durante um tempo, olhei no fundo de seus olhos e
perguntei:
- Mas... Quem é você?
Ela me largou e se levantou de um salto. Pude ver seu corpo por
inteiro. Era o corpo feminino mais belo que já vi e nele se balançava
um pau maravilhoso.
- Como assim?... Você não lembra? Não sabe quem sou?
Levantei a parte superior do meu corpo e tentei segurar o membro
que parecia me olhar. Ela se afastou, se cobrindo com uma toalha
que estava jogada por ali. Parecia uma donzela envergonhada. Fui me
arrastando até a borda da cama e sentei.
- Calma... Me desculpa... Mas o que aconteceu ontem? Álcool?
Drogas?
- Não acredito nisso. Cachorra!!! Vadia!!! – Gritava, enquanto se
arrumava.
- Por favor... Me entenda...
Ela acabou de se arrumar, já saindo pela porta. Os seios siliconados
ainda estavam a mostra quando saiu rosnando. Caí de costas na cama
e fiquei olhando para o teto.
- Quem será aquela criatura? ...
40
Apalpei uma carteira que estava abandonada no canto da cama. Era
uma carteira feminina. Dentro haviam alguns papéis com números
telefônicos anotados, algumas notas e um documento de identidade.
Na foto, um homem de bigodes estava a me olhar. No meio daquela
expressão máscula, pude reconhecer aquele rosto feminino que
acabara de ir embora. Carlos Cleber Carmindo, era o nome dela. Pela
data de nascimento tinha 43, assim como eu.
Abri os braços deixando a carteira e o documento se desprenderem
de minhas mãos. Sempre gostei das minhas mãos. Achava que elas
eram perfeitas. Voltei a fitar o teto. Eu não fazia a menor idéia de
onde era aquele teto.
Sangue de Barata
Sei que nesses meus míseros anos de vida( e dizem que são poucos) eu
não vi nada que me deixasse estarrecido ou até mesmo inerte as agruras que
a pôrralouquice da mente de alguns seres vivos( estão mais pra mortos!) da
extinta, mentalmente falando, Racinha humana( me enquadrando a ela).E
depois de uma temporada de caça aos meus pôrnográficos neurônios vi
uma luz no fim da minha corrida contra a diabetes ( que já chegou ao meu
cacete!) de quê se preocupar com problemas dos que criam problemas tem
que ter muito, mas muito mesmo, cunhão de urso.Velho é foda ter que aturar
pessoas achando que as idéias e atitudes demonstradas ao longo e eventual-
mente ao curto período da história ( escrita ou não) podem me fazer mudar
a forma de tentar entender algumas coisas tipo um estupro(tem gostosa que
vale a pena).Porra! Estuprou? Prá quê prender um cara desses véi? E ainda
por cima come uma criança de 8, 9, 10, etc. anos e o cara é preso(se fode
na cadeia nos maranhão de borracha) vira mulherzinha e depois tá aí na rua
com um aparato do estado do caralho.Ah véi! Mas o cara agora é evangélico
e se arrependeu do que fez! Foi o demônio, a coisa ruim,o inimigo. Foi uma
rôla mesmo véi! Entrou, rasgou, saiu, sangrou, fudeu bicho! E dão garantia
de que o cara num vai fazer de novo? E eu trabalhando e até ás vezes sem
tempo de escrever alguma coisa interessante pra debulhar depois!Quem
chorou? Eu? Que nada! A “justiça” foi feita e tá tudo certo!Eu e esse meu
Sangue de Barata!
Ass: Ossoz
41
Dia do Rock(Cover) em Sergipe ou Por um desabafo sobre o
evento chamado COVERAMA
OS COVERS DE SERGIPE
Em respeito aos que se iludem auditivamente com esse evento
que para mim se chama MERDARAMA (coverama na inverdade),
vão tomar no olho, mais bem no fundinho mesmo dos seus cús
fedorentos!
Porra , ainda vem uns caras dizer que é o evento que mais movi-
menta músicos aqui no estado! Se fuder mermão! Quem movi-
menta a maioria dos músicos aqui é os buzão seu fia da puta!
Enquanto a gente rala pra porra pra poder gravar uma música
sequer( e ruim pá porra) um bando de ingomadinho do carayu
vem querer dar uma de MAINSTREAM e dizer que toca nessa
merda por quê aqui em Sergipe num tem evento pra suprir a
necessidade dos músicos se apresentarem.
Se movimentem seus merdas! Agilizem os eventos! Corram
atrás! Quando eu morava no Eduardo Gomes( bagaçada) agiliza-
va os eventos na doidera .Mas fazia essa porra! Não era um
evento a nível municipal.Mas pelo menos tinha porra!
Agora eu vou pegar a minha grana pra ensaiar ,tempo voando,
instrumento foda pra manter e me dedicar a tocar porra de
cover? Vão se fuder!
E tem mais ! Vai rolar o INFELIZ NATAL 5 esse ano,não vou dar
espaço pra essas “bandas” e se ninguém quiser participar tem
bronca não! Nem que eu tenha de contratar duas putas in-
fectadas lá da Rua da Frente pra trepar a noite toda com elas. E
deixo um recadinho pra você que gosta de se “divertir” com um
repertório de músicas dos outros: Goze com o meu pau e tire
um cover do meu esperma na sua boca!
OSSOZ
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LUPIN
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LUPIN
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LEXY SOARES
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Um papo com o Goma
Por: Fabio da Silva Barbosa
Esse é o Goma: Paulistano da safra de
88, atualmente começou uma série de
ilustrações com o título Tempo Seco e
vem conquistando espaço e mostrando
cada vez mais sua cara. Então, manda a
goma aí:
Como nasceu Goma e quem era o Goma
antes do Goma nascer?
Tem muito Thiago Gomes nesse país
- Putz! - e pensei que Goma teriam menos. Depois vi que goma (entre outros
significados) é a união de vários elementos, uma goma mesmo. E isso é uma coisa
boa, porque gosto disso, misturar referências. E o aprendizado é uma coisa eterna.
Então, estarei sempre buscando algo, misturando coisas, fazendo gomas.
Por que desenhar?
Porque me sinto a vontade desenhando, é natural pra mim, tenho gana para
aprender mais e me expresso melhor pelo desenho. Embora aprecie muito o
audiovisual e a música, não seria o mesmo. São coisas que me cativam e motivam a
desenhar, mas.... essas áreas estão em um eterno namoro, então pode ser que um
dia role algo também. haha!
Colorido ou preto e branco?
Haaa... Os dois têm seus prós... Tem momento pra tudo. Gosto dos dois!
Defina o ato de desenhar
Pergunta difícil... Não sei responder... Talvez, assim
como qualquer outro tipo de arte, trazer a tona o que
tá dentro de você, o que você não aguenta segurar só
pra ti!
Fale sobre Tempo Seco
Tempo Seco é o que não aguento segurar só pra mim
sobre SP. O nome é uma referência a maioria dos
dias em SP: Seco mesmo, poluído e sem umidade.
Tá muito no começo ainda e pretendo explorar mais
essa série, que é um olhar sobre vários momentos na
vida das pessoas, no cotidiano da cidade, momentos
de tensão, lazer, tristeza, lirismo, depressão, ódio e
etc... sempre tendo como pano de fundo a minha
visão da cidade, a minha SP!!
55
Solta os cachorros
Organização é a base pra tudo no
trabalho, na vida, na cena! Nos
organizando, podemos sempre
construir coisas maiores!!
E sejam bem vindos ao Tempo Seco:
http://goma-blog.blogspot.com.br/
Valeu pelo espaço, Fabio.
Abraço a todos ;)
56
TRANSTORNO MENTAL
Não me destrate
Por este formato tétrico,
Por este traje surrado.
Não me largue
Nesta sala imunda,
Nesta provação absurda.
Não me julgue
Pela língua enganosa,
Pela agressão contínua.
Não me torture
Por um impulso exacerbado,
Por um trejeito abominável.
Alessandro Swinerd
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58
À BEIRA DO ABISMO
Terça feira, 12, abril, 2011
À BEIRA DO ABISMO I
Numa manhã quente, perdido em dor e tédio, me encontrei virtualmente com o poeta
carioca Murilo Pereira Dias. Foi uma conversa intensa armada com a metralhadora da
arte e da indignação. Por acaso salvei essa conversa e posto aqui nesse blog. A internet
tem disso, juntar almas perdidas nessa lama que chama-se pra uns vida, pra outros
morte.
Diego EL Khouri: manoooooooooo
Murilo Pereira Dias: hj está em plenas trevas
a manhã com aroma morbido
o corpo ainda vivo
sendo retirada as entranhas
e os ossos
estou vendo que estão cercando em pleno vazio
o dominio do silencio
e o esquecimento
D: isso é poesia e sangue, morte e dor
M: novas formas diferentes
é a minha manhã de sexta feira
D: como deseja morrer?
M: sobrio
não sobrio
sombrio
quero morrer de overdose
D: em praça pública?
M: preferencialmente
num quarto cheio de seringas de heroina pendurada
D: quero que meu corpo seja motivo de chacota
ando enfrentando abismos intransponíveis
ta foda, Murilão
to perdendo a lucidez
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M: eu nunca quis saber de lucidez
tentei comer ela um dia mas não deu
D: e essa transa resultou em que?
M: em angustias constantes
D: eu tento sair dessa dor
tenho vontade de mandar tomar no cu mil pessoas
M: isso é pouco
D: que mais?
M: simplesmente desistir e ser egoísta
pensar em vc
e querer que os outros realmente se foda
D: isso é dificil
sentimentos nobres me dominam e me fodem
M: ai sim vc será mais amplo
D: quero liberdade
M: por isso..... assim eu uso a sociedade para ficar longe dela
D: comer o sol numa vez
M: ontem um babaquinha entrou na escola
e matou um monte de aluno e se matou depoi
eu achei ótimo
enquanto todo mundo finge estar chocado
merendeu uma boa bronha antes de dormir
D: hahahaaa
M: estou sem fumar quase 3 dias
estou passando mal
não fumar muito me faz mal
D: eu vivo bêbado
60
M: se eu beber precisarei de mais fumo
é um vicio trem
tem o vicio maior que chama os outros
depois de beber é fumar cheirar
fudeu
D: fumo, poesia, juntando o sexo teremos deus rebolando nos precipicios do amor?
M: estou muito inutil
D: quer ser útil?
M: Deus se mandou
D: quer seu útil?
M: ser util para acabar com o que resta de inutil
a destruição é util
é necessario guerra
genocidio
D: depois que aprofundei na poesia e na filosofia da vida deixei de sentir amor
M: é lindo
mortem animalium
D: amor é uma praga que tolhe os membros
pior sentimento: gratidão
M:
http://www.youtube.com/watch?v=7PklNJ1YVPI
escute essa opera
ela ajuda anestesiar esses sentimentos escrotos
compaixão
aqui no serviço não tem fone, verei a noite
Denunciar • 10:10
é para fudidos
blackmetal da noruega
8. De Mysteriis Dom Sathanas
61
Welcome!
To the elder ruins again
The wind whispers beside the deep forest
Darkness will show us the way
The sky has darkened thirteen as
We are collected woeful around a book
Made of human flesh
Heic Noenum Pax
Here is no peace
De Grandae Vus Antiquus Mulum Tristis
Arcanas Mysteria Scriptum
The books blood written pages open
Invoco Crentus Domini De Daemonium
We follow with our white eyes
The ceremonial proceeding
Rex Sacriticulus Mortifer
In the circle of stone coffins
We are standing with our black robes on
Holding the bowl with unholy water
Heic Noenum Pax
Bring us the goat
Psychomantum Et Precr Exito Annos Major
Ferus Netandus Sacerdos Magus
Mortem Animalium
D: massa demais
conhece a banda cativeiro de grindcore aí de Niterói?
M: de skin
ruben
na batera
e vocal
D: sim
M: conheço ...antes era o gore
conheço ruben desde criança
62
D: ele é uma alma brilhante e revoltada, um gênio
queria ter conhecido ele quando estive no rio
M: foda...manda bem na porra toda
toca pra k
D: adoro cãoversar com ele
M: estou na abstinencia horrivel
muito bom
sofrer
tormenta
pqp
D: escreve um verso, toca sua gaita satânica
M: uma hora poderá sair qquer coisa
nunca penso em escrever
o espirito me usa
e escreve o que pensa
D: também a poesia cai assim em minha alma, é como se os demônios e anjos me usas-
sem
sou uma marionete filho da puta
M: os espiritos se fodem comigo
eu gasto a paciencia deles
hj eu quero que eles se fodam
D: vc poderia ter entrado no Coletivo Zine
cagar nas regras
M: eu ja acho que ando me envolvendo
muito querendo melhorar o mundo
na verdade deveriamos fazer o jogo deles e almeja a guerra mais rapido
para a extinçao não tardar
D: não consigo te ver na camisa de força do sistema
M: fingindo ser
a arte da mentira
enganar os traidores
não ter integridade
não ser elo
ser impar
solitario
não pertencer
a jogoalgum
somente ao fim
seja bom ou mal
o fim detudo
D: ando buscando ar e não encontro, estou todo mutilado e cada buraco de minha
alma é uma história a mais de tragédia
fazer o que eu quero é trair o senso comum e gerar inimigos e reprovações
M: depende de onde estará vendo isso
pode ser uma boa visão
D: quero antes a alienação dos vicios, a mentira do amor, tudo desamor
boa visão?
M: aquele que prefere ser odiado
o caos
porque é ruim
o fim
se teremos que viver o fim
porque menosprezar o caos
menosprezar as fezes
a moerte
porque evidenciar mulheres lindas
jovens e gostosas
foda-se
seja linda as velas
banguelas e doentes
as gordas entupidas
ascari
escaras
dolorosas
estou bem
triste = estar feliz
feliz = estar enganado
enganado = estar no caminho certo
caminho certo = morte
incognita.....
mas derradeira e unicamente a certeza
63
D: pra vc o que é o amor?
é a mentira revestida em beleza?
...
isso te calou, cortou seu raciocínio? seu calcanhar de Aquiles?
M: ....... amor não existe
nunca existiu é a maior mentira
um sentimento falso
na verdade existe interesse
não amor
mesmo assim amor esta ultrapassado
e alguns babacas conseguem sofrer por amor
mas estão sofrendo por falta de interesse
acaba a grana
acaba o sentimento
mulher... amigos...familia.... tudo é um jogo de interesse
alguns menos deprimentes
alguns vão até o fim
adentrei o cemiterio esquecido e vazio
abandonado
sem corpos
sem alma
sem aroma morbido
realmente não encontrei nada
não tem conclusão
nem desfecho
apenas segue os dias sentindo carencia
de algo que destroi
que é necessario ao fim
então mais uma vez enganei
e não fui
e amorte se fudeu
D: não consigo mais sentir amor por mulher nenhuma, quero apena que meu pênis
faça morada em várias entranha, sujas ou limpas, não importa,deixei de ser o platônico
sentimental a muito tempo
perdi o último resquício da inocência
M: eu não tenho mais contato fisico
não faço mais uso desse movimento
falo com as pessoas
não toco mais nelas
não encosto em ninguém
não gosto de ser tocado
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gosto da minha solidão
e meu teclado
meu quarto escuro em plena manhã
foda-se as responsabilidades
D: abandonou o sexo?
M: foda-se querer alguma coisa
D: não entendo...
M: estou usando o fim
não vejo pessoas
não saio do meu tumulo
panteon
se alguma defunta vier aqui
não irei cavar covas procurendo vaginas podres
não preciso dessa merda de prazer
inutil
reprodutor
acaba em mim a herança
de mim não sairá descendentes
somente destruição
em forma de obras
e tbm não sou demonio
rotulo capitalista de igreja
foda-se igreja
foda-se demonio
pessoas não entendem o alem
dessamerda
de cosmos
essa merda de vida
inutil e sem sentido
preciso entrar na porrada
D: eu cansei da porrada
onde encontro seu livro, irmão?
quero me sangrar também em seus versos, mandar a merda o mundo
as ilusões referida aos tolos sacerdotes e deuses sem carne
M: não publiquei
so tem ele no site que Fabio postou
tem um na minha pagina
D: livro todo?
M: estou procurando...nem sei onde esta
tem postagem pra k
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http://www.slideshare.net/ARITANA/livro-murilo
obra completa
sem edicção
tome um certo cuidado ao ler
D: postei a entrevista que vc fez no molho livre, uns chegaram em mim e te chamaram
de gênio, outros de louco
cuidado?
M: pode pirar de vez
esse é o sentido
causar paranoia
sou um genio louco
das coisas se sentido
que fazem sentido
com eloquencia enloquecer
pooooooooooooooorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
esse é o sentido
causar paranoia
sou um genio louco
das coisas se sentido
que fazem sentido
com eloquencia enloquecer
pooooooooooooooorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
achei uma berolta
da para apertar um fino
pqp
pqp
pqp
pqp
felicidade
fumar
pera ai
pqp
fumar
uma ponta deu uma onda de acido
tudo sai da conexão
isso é harmonia
estar confuso
em linhas tortas
D: achou?
66
M: foi breve
mas angustiante
D: como? vem até vc a loucura?
M: o importante e sentir desespero
Heic Noenum Pax
Here is no peace
De Grandae Vus Antiquus Mulum Tristis
Arcanas Mysteria Scriptum
D: uma dose de morfina pra calar os sentidos
os profetas bailando nus em ondas de volupia sem dor
sem sentimentos
o vácuo
nada mais
M: tudo é breve
D: breve como essa nossa conversa
vou me ausentar
até logo
M: blz
67
Inverno
Mais um inverno de corte
Minha pele, meus olhos
Meu interior revolto e colérico!
Meus dias de sordidez
Minha visão distorcida
Pelo vento gélido da manhã
Meu pensamento suicida
O abismo de baixo de meus pés
Uma corda, o veneno, a vida fugindo
Sem controle, enloquecendo
Lembranças que insiste em ficar
Eu quero viajar em algo seguro
Beijar novamente o sol em brilho
Vê minha vida em outro ângulo
Revoltas
Encarcerado na angústia
O presente me deprime
A falsidade me agride
O cristianismo me revolta!
Uma ferida eterna na alma
O suicídio constante na cabeça
Olho pra todos os lados
É sempre o mesmo Dejà vu
Cercado pela solidão da vida
Habitando um esqueleto como casa
Detruindo alguns sentimentos
Apenas grito na minha cara
Cada vez mais me convenço
Tão descartável como tantos!
DAVID BEAT
68
Perdido Por aí
Pingos de chuva em minha poesia
Gostaria de ter certeza de
Que não estou perdido
Vagando como o vento.
Gostaria de saber que
Não estou perdido por aí
Como a solidão no olhar alheio
Perdido como o vento por aí!
Um temporal está se armando
Minha alma vai ficar tão inundada
Talvez eu pegue um resfriado
Perdido por aí como vento!
Não quero nenhum romance repentino
Só quero saber que não estou perdido...
Um feto
Vejo nos sorrisos das crianças
A esperança que já não tenho
Sou um feto que insistiu
E agora estou decepcionado!
Penso em como seria bom
Ter me enforcado no cordão umbili-
cal
Ter sido abanonado no começo
como agora
Ter pedido telepaticamente pra não
nascer!
Vejo nos sorrisos das crianças...
O dia de amanhã me cuspindo
Já não existe inocência nas palavras
Vejo nos sorrisos das crianças
Percebo triste e calado e cansado
Um feto que insistiu...
69
O caos em mim
De olhos fechados e ainda vejo
O caos dentro de mim sorrir
Como quem pede mais uma dose
Já até deixei de tentar entender
Apenas prosigo num delírio
É tantas horas da madrugada
Lembranças me atacam o tempo todo
Já nem consigo sorrir como antes
Estive me prostituindo
Com a insanidade que me grita do abismo
Não é apenas um sonho, Ícaro sem asas!
Morrendo afogado dentro de mim
Vejo uma luz que não virá
Fico sozinho, largado e vazio...
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NATALIA MASTRELA
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JAJA FELIX
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83
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Escritos Malditos de uma Realidade Insana
Fabio da Silva Barbosa
SOBRE O AUTOR: Fabio da Silva Barbosa
Jornalista e escritor, dedica sua vida ao trabalho de registrar nossa barbárie social,
além de produzir e se expressar através de formatos pouco convencionais, bailando
entre o consciente e o inconsciente, unindo a realidade brutal do nosso tempo a
delírios e viagens rumo a novas possibilidades. Entrou para o mundo dos fanzines
no final de 89 e até hoje produz esses veículos de forma independente. Com Winter
Bastos e Alexandre Mendes, Fabio lançou o livro Um ano de Berro – 365 dias de fúria,
participou do livro Cumplicidade das letras(coletânea reunindo o trabalho de diversos
poetas), organizou as publicações eletrônicas gratuitas A Saga do Jornalismo Livre e
Quem somos nós?. É Assessor de Imprensa da Amarle (Associação de Moradores e
Amigos da Rua Laurindo e Entorno) e vem participando do Grupo de Estudos e Oficina
Roda Vivia, que pretende iniciar suas atividades no interior de presídios. Contribui para
vários veículos impressos e via internet.
veja uma preview do livro
http://www.lamparinaluminosa.com/index.php/os-livros/e-book/59-escritos-malditos
E-book
Escritos Malditos de uma Realidade Insana
de Fabio da Silva Barbosa busca registrar
de forma direta, sem deixar de viajar por
caminhos poéticos e até delirantes, o
cotidiano de uma sociedade injusta, desigual
e opressiva, onde a realidade muitas vezes
se dilui no inusitado de uma neurose
social compulsiva. Nestas páginas, os
marginalizados passam em desfiles solitários
e fantasmagóricos, transbordando por todo
lado, mostrando que são, na verdade, partes
de um todo, partes da grande maioria.
A margem toma seu lugar no centro e a
escuridão se torna a luz necessária para
apreciarmos pontos evitados por muitos.
Não se engane, esta não é mais uma série sobre zumbis. É mais
uma série sobre seres humanos.
Esta é uma página perdida das
Relatos da decomposição humana
Por: Wagner Nyhyw
PÁGINA 1 – A VERDADE DA CARNE
O homem sempre fez questão de deixar uma marca para a posteridade.
Um registro, uma nota, uma história. Não sei bem o motivo, mas seja
qual for, é essa mesma razão que me leva a escrever estas palavras
tortas, essa narrativa sangrenta e cataclísmica, mas verdadeira e
desesperada. Muito provavelmente ninguém jamais lerá esta missiva.
Creio que a própria língua que ainda conhecemos e utilizamos em
breve se perderá. Não importa. Ao escrever, tenho uma sensação de
dever cumprido. Dever no sentido de relatar o que aconteceu e está
acontecendo. Como já disse, não sei bem por que sinto esse dever.
Acho que é a única coisa que posso fazer agora. O único legado que
deixarei antes de partir.
Como aconteceu não é importante. O porquê é facilmente deduzível: a
estupidez humana. Não poderíamos ter outro desfecho. Vamos então
ao depois.
Vou contar a primeira vez em que vi um Deles.
Quem eu sou, o que eu fazia, onde eu morava, não importa. Tudo que
eu vivi antes daquele dia é apenas um borrão na quase inteiramente
apagada história humana. Minha primeira lembrança relevante é o
noticiário, algumas semanas antes. Não me pergunte que dia e horas
85
eram, nem se era dia ou noite, pois o tempo agora é apenas uma
ponte entre estar vivo ou estar morto. Aquela notícia na TV! Mortos
andando pelas ruas! Os famosos zumbis dos filmes de terror. Mas não
era Fome Animal ou Evil Dead que passava na TV, era o noticiário. Claro
que ninguém levou a sério. Alguma montagem, como tantas outras.
No máximo, adolescentes fantasiados querendo assustar idosos. Mas
as mortes... aí começou a ficar sério. A imprensa alardeava se tratar de
um culto demoníaco, uma espécie de zumbilatria satanista. Praticantes
de magia negra, jogadores de RPG e fãs de heavy metal extremo
haveriam se unido em uma seita homicida e monstruosa.
Bem, assassinatos e psicopatas fazem parte do cotidiano moderno,
então aquela era apenas mais uma notícia, real ou montada, como
tantas outras que se espalhavam pelos meios de comunicação. Seguia
minha vida normalmente até aquela noite em que caminhava pela
vizinhança. O bairro era muito sossegado, residencial e habitado por
famílias pacatas, assim me assustei ao passar frente à casa de Hygor.
Tremenda barulhada vinda da garagem, aparentemente muitos objetos
caindo ou quebrando. Quando distingui a voz de Hygor, praguejando
aos berros, imediatamente corri pra lá.
A porta da garagem estava apenas encostada, assim adentrei,
cautelosamente. Sob a luz bruxuleante, demorei um pouco pra
distinguir o que ocorria. Entulhos e inutilidades diversas decoravam o
ambiente, mas bem ao fundo, estava... lá estava...
Sim, é isso mesmo. Era um Deles.
O forte cheiro de carne podre turvava meus sentidos, mas ainda assim
cada detalhe daquela imagem impressionante era gravada em minha
mente de forma permanente, como uma escultura sendo moldada
na rocha. A pele enegrecida, meio esverdeada, ressecada e rachada
como a de um réptil. Rosto assustadoramente deformado e inchado,
cheio de bolhas purulentas. Dezenas de minúsculas larvas passeavam
por sua face, principalmente nas órbitas dos olhos, já meio afundados
para o interior do crânio, cobertos por uma espécie de tela viscosa
esbranquiçada.
86
Hygor acabara de prender seu braço esquerdo a uma corrente e o
empurrava para trás violentamente. Ao me ver, chamou para conferir
de perto aquele ser inexplicável e, bastante excitado, narrava como o
encontrou e capturou.
Entrementes, eu não prestava atenção. Hipnotizado por aquilo que
não podia ser uma montagem, não podia ser uma peça, não estava na
tela de uma TV ou computador. Estava na minha frente. Ao vivo. Ou
ao morto, não sei bem. A criatura pareceu me ver, embora seja difícil
acreditar que aquelas órbitas semivazadas ainda sejam capazes de
enxergar qualquer coisa. Mas é fato que com minha aproximação virou
o rosto monstruoso em minha direção e abriu a boca. Estaria tentando
falar? Mas dali não saiu sons, apenas uma baba pastosa e escura,
enquanto um fluido tipo mingau cor de argila escorria pelas narinas
e pelos ouvidos. Seria seu cérebro? Lentamente, estendeu o braço
direito, livre, enquanto arrastava as pernas, tentando se aproximar de
mim. Mas sua mobilidade era limitada, até o limite da corrente presa
na parede.
Caminhava vagaroso, até onde sua cadeia lhe permitia. Cada gesto
parecia um grande martírio. Aquele trapo humanóide soava como um
lamento da natureza. Mas não era de todo ruínas. Naquele momento
pude ver o incrível contraste entre seus lábios putrefatos e os dentes
intactos, portentosos, impressionantemente brancos. Além disso,
ainda apresentava vasta cabeleira, madeixas negras, longas e lisas.
E o que dizer das roupas? Eram de qualidade muito melhor do que
as minhas. Camisa e calça social de alto padrão. Sujas e surradas, é
verdade, mas ainda conservadas, assim como os luxuosos sapatos de
couro. Bela roupa, encobrindo o restante daquele corpo decadente em
desintegração. Somente através dela pude ter certeza de que se tratava
de um ser humano do sexo masculino, ou mesmo de que se tratava de
um ser humano, tal era o nível de deformidade das partes não cobertas
pelas vestimentas.
Deve ter sido alguém importante em vida, talvez um podre de rico.
Mas ali, naquele derradeiro dia, naquela garagem-túmulo, era só
podre.
87
Apesar da podridão, o corpo cambaleante não apresentava nenhum
sinal de violência ou de ter sofrido qualquer agressão. E embora fosse
impossível ter noção precisa de sua idade, não aparentava ser muito
velho. De que teria morrido então? Ataque cardíaco? Câncer? Teria
mesmo morrido? Sim, claro que morrera. Não poderia apresentar
aqueles sinais de putrefação estando vivo. Não podia estar vivo, mas se
mexia.
Ainda esticava o braço em minha direção quando Hygor o afastou
violentamente com uma pá. Lentamente, recuou, assustado.
- Viu que criatura asquerosa? Está ansiosa por nos atacar e devorar.
Finalmente consegui gaguejar algumas palavras, ainda espantado: -
Hygor, é melhor chamarmos a policia.
- Que mané policia, o próprio governo deve ter criado esses monstros
para matar moradores de rua, marginais e desavisados.
Chuta uma lata vazia que acerta a perna do morto-vivo, q
ue se contorce, não sei se por dor ou medo. - Aberração nojenta - ainda
completa, soltando uma cusparada sobre o animal acuado no canto.
- Hygor, você não pode deixar isso preso aqui. Vou chamar alguém.
- Ei, ei, calma aí, você não vai a lugar algum.
Eu já me dirigia à porta, mas rapidamente Hygor bloqueia meu caminho.
– Acho que vou deixar você aqui, o monstro deve estar com fome – ri,
zombeteiro.
Impaciente, tento forçar a saída – Isso é sério, porra, sai da minha frente.
– Mas ele é forte e me segura, me empurrando de volta pra trás. – Daqui
você não sai, não vai me tirar meu novo animal de estimação.
Na tentativa de me libertar, acabo acertando uma violenta cotovelada
88
na boca de Hygor. Não tinha intenção de agredí-lo com tanta força, mas
a ira do momento gerou uma reação desproporcional. Ele coloca a mão
sobre o beiço inferior, irrompendo sangue em profusão. – Meu dente.
Filho da puta, você quebrou meu dente. Vou te matar.
Ataca furiosamente. Me acerta vários socos. Tento me defender, mas
não tenho chance, ele é muito forte. Vou ao chão com os impactos.
Completamente transtornado, Hygor se atira sobre mim e fecha as
mãos sobre meu pescoço, apertando insanamente. O ar começa a me
faltar. Sinto os sentidos me abandonando. Em desespero, tento falar,
mas já estou sufocado. Só penso no fim. Até que repentinamente a
pressão afrouxa. Vejo a imagem turva de hygor, assustadíssimo. E do
seu lado... do seu lado... O cadáver ambulante... com a mão em seu
ombro.
- C-como... como escapou? - Dá um tapão violento naquela mão
grotesca de pele escamosa e unhas descolando e recua. - Tire a mão de
mim, assassino maldito.
A criatura parece ficar meio desconcertada, como se estranhasse
a violenta reação de Hygor. Cambaleia para trás. Chama então a
atenção um volume crescente dentro de sua calça social, como se
um novo membro estivesse brotando no meio de suas pernas. Em
outras palavras: uma ereção. Como se não bastasse aquela situação já
horripilante, ele ainda estava tendo uma ereção.
- Mas o que é isso? Bicho maldito. Quer nos foder antes de comer?
Aquilo enfureceu Hygor ao extremo do extremo. Pegou uma barra de
ferro no meio das tralhas e partiu enlouquecido pro ataque. Em sua
vagarosidade e dificuldade movimentar, o defunto não tem nenhuma
chance de esboçar uma defesa. Hygor desfechou um primeiro golpe
certeiro na volumosa região escrotal do infeliz, que explodiu como um
balão.
Somente tempos depois descobri que aquela ereção na verdade era
uma reação absolutamente normal de um cadáver. Não era provocada
89
por dilatação de veias sanguíneas, mas por gases bacterianos que se
infiltram no interior do corpo. Como a pele do pênis é frouxa, ela estica
pela descarga gasosa. Só isso. Absolutamente normal e involuntário.
Assim, aquele pau duro era apenas um balão cheio de gás, que explodiu
ao ataque de Hygor.
O coiso não pareceu ter sentido qualquer dor, aparentava apenas uma
expressão nula, de não entender o que estava acontecendo. Já Hygor
continuou o ataque. A barra desabou a seguir sobre o crânio do pobre
desmorto, atingindo o lóbulo esquerdo. Pedaços da cabeça, de uma
massa quase líquida que devia ser o que restava de seu cérebro e
sangue coagulado voam pelo recinto. Rapidamente, novo golpe no lado
direito da cabeça, que afunda como um balão murcho. O belo couro
cabeludo se solta e flutua pelo ar acre.
Os golpes não pararam, acertando tórax, pernas, braços e tudo mais
daquilo que um dia fôra um ser humano. Debaixo das roupas caras,
o sangue coagulado escorria como uma goiabada, concentrado
principalmente nas costas e membros. Logo, o zumbi desabou ao
chão e diante da surra implacável rapidamente se transformou em
uma gelatina disforme de carne e sangue e ossos partidos. Conforme
o corpo era arrombado pelos golpes, vermes e colônias de larvas
escorriam de seu interior, assim como uma escura massa pastosa
castanho-cinza, de fedor indescritível.
Nesse momento não suportei mais aquela cena horrenda e ao desviar
o olhar para o canto do recinto notei a mão esquerda do defunto,
caída junto à corrente que o prendia. Então foi assim que escapou,
desmembrando os pedaços de carne e ossos frouxos.
Hygor só parou quando não restou mais nada para bater além das
roupas de grife e matéria orgânica já em estado líquido. Sorriu
vitorioso, virou-se pra mim e ainda segurando a barra de ferro coberta
de sangue, tripas, substâncias corporais diversas e restos de vermes,
agarrou meu braço com a mão livre e levantou-me com firmeza.
90
- Está vendo? É isso que queria deixar por conta das autoridades?
Ia estuprar e matar nós dois, sem hesitar. Se eu não tivesse agido
rápido, ia nos pegar de surpresa, e aí não teríamos chance, meu caro.
Pode me agradecer, e considere-se um cara de sorte.
Ainda sem conseguir falar, olho praquela sujeira podre e fétida
esparramada pelo piso, que até há pouco ambulava em minha
direção e parecia me encarar com curiosidade. Fixo na sequência
a barra ensanguentada a minha frente. Sinto minha garganta,
ainda latejando. Lembro das estranhas mortes em circunstâncias
misteriosas noticiadas pela TV. É, creio que Hygor está certo. Sou
realmente um cara de sorte.
91
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Coletivo zine2 online

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  • 2. A saga continua. A proposta de um fanzine coletivo é um grande de- safio, afinal cada participante se dedica a essa empreitada dentro de suas possibilidades, sem prazos, metas ou compromissos formais. O resultado é que todo o processo tende a ser mais lento e, realmente, essa edição está saindo um bom tempo após a primeira. MAS SAIU!!! Coletivo Zine 2 com ainda mais páginas e participantes!!! 92 págs no total, com material de mais de 20 artistas, pra compensar esse tempo de espera. Como seguimos com proposta de total liberdade, sem linha editorial definida, esse nº 2 está ainda mais diversificado, com inspirações que vão desde filmes de horror a personagens de desenho animado. E que a saga continue. Participantes desta edição: Jackson Abacatu: Capa, contra-capa Rodrigo Pedroso: págs. 3-6 Zk Diniz: 7-11 Kaio Bruno Dias: 12 Diego El Khouri: 13-16,20,58-67 Marcos Alves Lopes: 17-20,24 Alexandre Mendes: 21-22 Claudia Cruz: 23-26 Wagner Nyhyw: 26,85-91 Ivan Silva: 27-29 Anna Alchufi: 29-33 Marcelo Dolabella: 30,55,71-76,91 Jose Nogueira: 33-36 Fabio da Silva Barbosa: 37-40,54-55,84 Ossoz: 40-41 Lupin: 42-45 Lexy Soares: 46-49 Equipe do She Demons blog: 50-53 Goma: 54-55 Alessandro Swinerd: 56-57 Murilo Pereira Dias: 58-67 David Beat: 67-70 Natalia Mastrela: 77-80 Jajá Felix: 81-82 Henrique César: 83 Diagramação e montagem: Jackson Abacatu
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  • 7. 7 É só, Poeira Domínio e Destruição! Tudo que tenho Na alma O que meu corpo exala O que se confunde Na minha visão É só, Poeira Domínio e Destruição! O machismo, o feminismo A homofobia, o nacionalismo O criacionismo, o ateísmo E tudo aquilo Que tem a Força como razão! É só, Poeira Domínio e Destruição! Depois que o Amor acabou Que a bomba estourou Que o ovo gorou Que a Flor murchou Quando a lapide Cela o Caixão É só, Poeira Domínio e Destruição! Dentro dos meus Pensamentos Sob o chão... No coração do homem O extermínio da razão! É só, Poeira Domínio e Destruição! A lógica do martírio O raciocínio do extermínio O sofá como exílio... Tudo aquilo que emana De toda escravidão É só, Poeira Domínio e Destruição! Úze.
  • 8. “A arma é uma Isca para fisgar! Você não é Policia para matar!” O Chico Biu Uniu o nosso Destino! A Tarraxinha é Nosso Hino! Baseado em fatos Reais! Nazismo nunca mais! Retroceder nunca! Rendesse jamais! O Medo é meu Seguidor! A Dor é meu Pastor! Minha avó é De Salvador Doutor Severiano é Meu vô! O meu Romantismo Consiste em ver No teu espirro O maior sinal De Amor que Existe! Marreco, ganso e pato Santíssima trindade dos otários Viado, piranha d´boa! 8 Mais ta ligado...! Traíra é mato! Não vendo fiado! Dois e dois quatro Ave Maria Jota Estar com a Cristal Tudo de mais Faz mal! Etc & Tal... Filho da Puta Cara de pau... ...e para finalizar Quero destacar : “A arma é uma Isca para fisgar! Você não é Policia para matar!” Sinsemilla, Chá de Cidreira, Erva doce e Camomila... D´ Mataraca a Cabedelo É so noia e Desespero! Tenho na Agonia O suprassumo de Minha Filosofia Eu e Tu Mais 5 litros de Pitu Viagra, Arabu, and Fuck You Em mulher não Se bate nem
  • 9. 9 Com uma Flor Já dizia meu Avô! Nunca diga nunca! Antes tarde que nunca! D´aquela água nunca! Beberei... Bicho prego do Querei! Nosso Amor é Eterno, sei... Ei, Teu nome É ei?! No Bairro é Foda! La tem Embolada! Ciranda e Samba De Roda... Mas ta ligado!? Vá com um Chegado Amo o Gordo De Paixão! A Putaria tenho Devoção! Sou sobrinho de Titão! Do Grotão rua Do Can Cão Segui as migalhas De pão! E sendo Broder Seu, o touqe Ta dado... Pode crer Punk To ligado! Marquinho foi fechado Junto com dois Chegados Fuzilado! Na barraca de Maria... Onde bebiam O Mar viu Tudo! A Ressaca é Seu Luto! ...E por aqui Fico ao som Do Dj Negro Rico Mas só para Relembrar “A arma é uma Isca para fisgar! Você não é Policia para matar!” “Parece Cocaína, mas”. É só tristeza” Filosofia da Miséria? Ou Miséria da Filosofia? Quando fui a Catingueira comi Su shi Com rapa de Juá Dona Maria gritava: Asopra mininu mode O fogo pega! “Luar é meu Nome aos avessos Não tem fim Nem começo” Jacaré é Jacaré ...E marquinho é O bicho! Se me tem Amor Coma a minha Dor! Nicácio é Nicanô Pablo é Dodô Roberto é Caolhô Joaquim é Nabucô Dj é Ricô “Não compre plante!” “Tantos livros na Estante” “Olho por olho Dente por dente” Quelé caboco porreta Mascava Pimenta Malagueta Vivia como rei Na sarjeta Tinha tatooado nas Sobrancelhas: “A arma é uma Isca para fisgar! Você não é Policia para matar!” Úze.
  • 10. 10 INOMINAVEL Vejo o Azul do Mar No horizonte emendar Com o Céu E as brancas nuvens Parecem recortes de Papel Imerso nesta imensidão Vejo como é pequena A idéia da criação Não tínhamos encontro Marcado! Não te vislumbrei em sonhos... Conhecer-te foi obra Do próprio Abandono! Hediondo ser que Tem nos vícios Sua razão de Viver! A Puta a quem Amo! Sabe Definir – me Diz ela que Estou cinco segundos Antes do existir! ...e o gozo tóxico desta Fêmea deixa pequeno Tudo que se Tem por obsceno... Nas curvas sinuosas De tua Melancolia Vejo no Abismo A Agonizar toda Minha alegria! Com o canto Da boca você Conseguiu exprimir Todo o escárnio que Aquela Madrugada guardava Por vir! E diante de tudo Aquilo que não pode Ser nascem sobre As bençãos do Amanhecer! ùze.
  • 11. 11 Praia da Penha, Dietilamina do Ácido Lisérgico, Whisky, Alcalóides, Anamil & Truxillina Aqueles sentimentos sem definições Esse Corsário que nos rouba as Ilusões... Saca! Aquele lance Cru! Viril! Arrebatador da razão e seu covil! Nem as forças da Natureza podem equiparar Aquilo que lhe usurpa a realidade ...e põe sonhos em seu lugar! Todas as forças do Universo em comunhão Não chega a arranhar aquele ser Hediondo Que se revela pelo vicio de Amar! Úze zK II Quando navego em min Paisagens comuns São Desertos Naufrágios E coisas assim... Mar Morto! Terra estéril! Lugar onde O principio E o meio São Ilusões Necessárias para O Fim! Na Vazante De minhas Marés Entre Martírios & Reveses presencio O Eclipse d´minha alma E com os restos de Quimeras Banho meus pés! A hidrografia do meu ser Nos seus Rios, Riachos, Lagos, deságuam no Oceano Toda magoa d um ser Que tem na Abiose sua Forma de viver! Úze D´popolle.
  • 12. 12 Cre(dor) Estou só, negando o imposto do tesão. PAZuzu Amuletos são muletas para a alma PAZuzu zum...zum.. estou sem tempo pra sentir uma brisa curtir um (é)vento O homem do TEMPO E a previsão da falta de tempo para hoje é de: pancadas de pessoas adiando o dia odiando o dia chuva de granizo do lado esquerdo do peito chuva de granizo do lado esquerdo do peito correntes de pensamento que chegam a atingir 500km/hora E massa de ar frio após o expediente. Doce Ser tão doce quanto o açucar que empretece os dentes e mata de diabetes. Quais são as cores? Azuis amarelas excitantes e depressivas assim são as pilulas que colorem minha vida. CMTC As vezes paro, olho pro lado e a única coisa que tenho é a janela do ônibus. por Kaio Bruno Dias
  • 13. 13 ALMA (Por Diego El Khouri) luto contra a maré que me molha o rosto as convicções que me movem a alma os dias devoram, trincheiras gritam o dinheiro que ganho mesmo pouco me envergonha nas noites turbulentas me perco na bronha fomes e miséria do meu lado na minha boca molhada rindo um a garganta seca da última batalha SOU SÓ granito na areia movediça do acaso acaso eu to vivo ou sinto os sentidos me cortarem a face? a face me levar pra mata sozinho o infinito xinga albergues de aljôfares subteendidas em inúmeras máscaras que me mata na mácula do dessabor caminho VOCÊ ESTÁ COMIGO? VOCÊ ESTÁ COMIGO? quem me move nessa terra triste num beijo amigo? sinto você nua como o abismo você solidão sem roupa de linho, elegânica sem paz sem um minuto de paz. Agora é isso: a doença me lavando a alma, a barriga inchada, cigarro na face que empunho vil frouxo e sem graça clown embriagado que dança nas esferas subliminares necessito de novos ares venha Rio de Janeiro preciso fugir dessa louca cidade! Conexões, tubos, válvulas, ferros, chapas, fábricas, concretos, bombas, gaxetas, para- fusos, porcas, arruelas, discos de corte, pistola de pintura, registros, equipamentos, máquinas, MÁQUINAS, MÁQUINAS, MÁQUINAS, MÁQUINAS MÁQUINAS, MÁQUINAS , MÁQUI- NAS, MÁQUINAS me aniquilam a cara fatiam a alma me roubam a paz. Que paz?
  • 14. 14 VERMES NO SOVACO (Por Diego EL Khouri) Enquanto ao cárcere do mundo me limito em ser apenas um poeta cheio de vícios me transfiguro, me humilho vendo sujar minha face as sete chagas de Cristo. Uma agonia traiçoeira dessas que invadem a alma brotam no meu peito. Na bronha faleço. Sei que nada vejo a não ser as chagas que corroem minha alma, me xingam, me matam. No mato solitário, com breu e sem cachorro choro atrozmente como uma criança chora. Dinheiro, emprego, família, tudo tenho. Só a paz que não vejo faz tempo. Numa necessidade filosófica passo horas a fio dormindo em ventre desnutridos.
  • 15. 15 CALA-TE DE VEZ! (RETRATO FILOSÓFICO DA POÉTICA DO VIVER) (Por Diego El Khouri) Acordar e dormir, simplesmente, é o cárcere na boca faminta da desordem. O que é belo e honroso pra vocês, pra mim fede. Tudo se transforma em acaso quando este, vestido de ignorância e impotência, sorri do marasmo. Não acho graça em nada que esteja estritamente ligado ao material. É a única centelha que herdei de Platão. Na constatação filosófica de Schopenhauer a arte opera como uma espécie de redenção e só nela reside a felicidade total. Fora dela o abismo é uma gorda madame nefasta que perambula nos bolsos do capital. Produzir arte para mim não é a busca do “Retorno Financeiro”. Arte é domínio visual, psicológico e vivencial das práticas humanas que estejam ligadas ao que há de mais belo, puro e inefável da alma do ser interior. Sou livre quando me sinto parte de mim mesmo. A exclusão é aquilo que para mim se transformou em lugar comum. E o que é a arte? A fuga do lugar comum. Cada fanzine que produzo, cada quadro que pinto, cada conto que esboço, é mais importante do que qualquer coisa que eu faço. É meu “delirium tremens”, minha válvula de escape, meu delírio, meu orgasmo. A buceta nua beijando a boca de Deus. O amor em sua total plenitude. Dormir se tornou capricho vulgar. A sensação de tranqüilidade (prazer fugaz) é uma história relegada ao passado. Nesses vinte e cinco anos de vida, cada segundo, cada minuto estive envolvido nessas coisas atemporais que muito prezo. Cada livro que leio, cada música que ouço, cada palavra que falo, cada bebida que bebo, cada pessoa que amo,cadapessoaqueodeio,cadacigarroquefumo,cadasonhoquedesejo,épensando e sentindo arte, esse elemento das faculdades humanas inerente as pessoas. “Tântalo na busca insaciável”. Assim me sinto. Disperso e perdido no mundo da restrição. Meu único compromisso é com a ARTE. Se algumas pessoas dizem que ela prejudica o resto das relações de minha vida, eu como artista irremediável, abandono tudo para dedicar com afinco as minhas obras. O homem nada mais é que o receptáculo da poesia. O profeta que perambula no desconhecido. Como Nietzsche nos revelou, o que vale é sentir tudo em total plenitude. A escada flutuante dos sonhos. Que os ignorantes fiquem em sua pequenas moradias daltônicas, vivendo suas histórias de merda, bebendo suas bebidas chocas, fazendo suas barbas, cortando seus cabelos, escovando seus dentes, vendo suas novelas, ah, suas novelas, a ventura exposta em cinismo. A dominação tolhe os membros e corta os braços. Serei visto sempre como o enérgumeno molambento sem memória, que sacrifica as ações por fraqueza e se tornou o vagabundo das praças inauditas por estética compulsiva? Não... serei visto como o demônio e assim espero. Um foda-se pra tudo que é eterno e absoluto.
  • 16. 16 SENTIR (Por Diego El Khouri) Olho nos teus olhos. sinto a viração embalar meus cabelos em desal- inho. o mar que odeio molhar meu espírito em febre, a loucura banhar meu corpo e me abandonar como uma cristo negligente, — a vida sor- rindo com o terço jogado no chão enlameado de sangue e volúpia. al- guns dias perdido num mundo virtual. mundo do meu agrado. sombra e mormaço. tua fala mansa que mesmo sem ouvir entrava em minha alma. sentia deus e se ele existe era confortador. lembro de Kant. ah foda-se! se tem um martelo na mão por que filosofia? Nietzsche era um filósofo de armas e se escovava os dentes não sei. você em sua infinita gentileza lia meus textos e numa gentileza ainda maior ria deles e falava mau,caçoava,dava sua mais real opinião. você odeia poesia e eu odeio os poetas que usam calça comprida e sapato de camurça. vi ontem deus lavando sua bunda. era gorda e macia.e que bunda! há muito não defloro uma bunda assim! estava perdido denovo. esqueci os relatórios e o pit Bull que deflora minhas ações está ali comendo a escrava sexual do patrão. tremo de medo desse filho da puta cheio de pelos que atravanca meu caminho. e Ela. Ela denovo. estou na “net”. dialogo com ela. Ela odeia Jackson Pollock e diz que Saramago se vendeu antes de entregar a sua alma ao deus monetário. denovo esse deus onipotente com barba branca e ceroula verde. Entendi o que Ela quis dizer. não tenho estilo. o que tenho é um retrato mau acabado de uma história de prisões e marturbações nunca realizadas. ouço jazz. bebo muito vinho. Miles Davis enclausurado na rádio. Stravinsky vibra cortinas e corpos parecem se contorcer em todas as partes e ouço tudo: a vida se amando, os vizinhos se amando todos se amando e eu tomando café gelado espero uma nova aurora. o nome dela não inter- essa. é uma artista e isso não faz muito sentido... é uma buceta nua num mar de pelos atravancando meu caminho.
  • 17. 17 Marcos Alves Lopes Preciosidade de MERDA há merdas escritas que dão nojo não somente o sertanojo merdas de viagra, de dia das mães, de carro-lux, de patrão ou do povão há MERDAS escritas que dão gosto não somente meus versos MERDAS de terminais, de prisões, de atentados de MERDA mais valia do gozo nenhum de segunda a sexta trabalho-trabalho e gozo nenhum trabalho-trabalho e gozo nenhum trabalho-trabalho e gozo nenhum trabalho-trabalho e gozo nenhum sábado: compras pela manhã dentes, cabelos e unhas - pronto? à noite: ereção já uma gotícula de esperma e o sono (nem sempre há gozo e sonhos) aos domingos - murmúrio, penumbra e provas fim do mês - todos se lembram do salário minguado
  • 18. 18 Marcos Alves Lopes Diga AMÉM É só na fala desmedida que se desmente um senhor Não se iluda: corpomente! Silêncio no meu dicionário é sinônimo de dor “enfiai uma agulha no cu e outras coisas vos serão acrescentadas” Se faz do amém seu companheiro de viagem Procure um formigueiro ou o Exército de Cristo Sente-se numa cruz pontiaguda e espere as primeiras picadas - for- miga ajuda a visão Antes de continuar viagem Cabisbaixo, diga AMÉM! MERDA EM CAIXA ALTA Nessa merda merda minúscula do cotidiano sinto apenas o cheiro fétido de bosta barrenta de terminais lotados - bueiros de gente sinto o que nem sempre o nariz suporta No ônibus vomitado no caos insano do dia, a noite na sala de aula entorpecida professores que habitam montanhas dos séculos passados no fogo cruzado guerra, bombeiros em greve e a polí(t)cia goiana-carioca-brasileira - assassina ah, e os padres, pastores, monjes, professores médiuns sem remédios sem cura nem nada É em tudo, em mim que floresce a MERDA!
  • 19. 19 Gozo Fúnebre Mesmo sendo lido em livros putos ou nesse blog de escroquerias - faço exigências! É só um pedido encarecida ordem de alguém que jaz entre merdas, vermes, cabelos e dentes-sujos Nesse dia feliz de reintegração ao caos leiam o gozo fúnebre solenemente e cairá samba - a lapa fúnebre goiana Nessa feita deixe a poesia de lábios lânguidos promíscuos laber a face os olhos meu pau Para a úlitma marcha será registrado: Do caos, só a MERDA restou! menino-home quero ser mimado nesse aniversário com(o) café da manhã tarde noite com(o) você na sua cama que há mais sexo que divã grego quero deitar comer, domir me deleitar
  • 20. 20 amuletos de delírio amigos pais cães - de infância família desejada, despejada de amarguras amuletos de delírio passatempo de um homem, só também menino Pai nosso Pai nosso que estais terra Profanado seja vosso nome vem a nós, nosso reino Seja feita nossa vontade Na terra ou em qualquer lugar Os desejos voluptuosos nos dai hoje Perdoai nossas crenças Assim como fingimos acreditar em vós Deixai-nos em plena tentação Mas tirai-nos da mente a tola ideia do inferno amém Slogan do M.E.C. (Mal-Estar na Cultura) Educação para tolos Ensino para ninguém Tira-o-calção de todos Pornografia pra quem? marcosalveslopes.blogspot.com AO CACHORRO MALDITO (Por Diego EL Khouri) (Ao Marcos Alves Lopes) Da merda que Marcos fala a merda pura e concentrada é merda real e abstrata essa merda que ele fala. Merda com feijãosinho preto cagada em noites de luar e desejo. Merda com pedacinhos de milho mastigada pelo seu próprio filho. Merda que fala Poesia aquela que ele chama Vida. Na chama que chamisca o dia Merda pendurada do lado de uma solitária pia. Ó Merda que vos fala ó Merda que ele fala ó Merda que eu falo semelhante ao meu falo. Falo que não fala o que falo que eu cago e cago na lata cagar porçãosinhos de amor do cú desabrochando a flor. Merda assim merda assada a Merda que o Marcos fala é poesia abstrata terreno profético dos dias essa merda cantada.
  • 21. 21 Vazio Por: Alexandre Mendes Há um vazio no meu peito. Você se foi. Ainda lembro bem daquela carinha que você fazia quando estava com fome. Coisa fofa do papai... Ano passado eu te dei uma boneca. Lembra, filha? É, você mereceu, pois tirou nota boa na escola. E nos dias que saíamos com a mamãe, para fazer compras? Você pedia para o papai comprar sorvete de chocolate. Eu dizia que se você comesse mais sorvete, a sua bochecha ía ficar mais fofinha do que já estava. Filha... como é triste...como é triste...te ver assim, de- itada no pequeno cômodo de madeira. Filha...fiha...o dia não está sendo o mesmo, sem você. Penso em ir ao seu encontro...Sinto muito a sua falta. Filha...filha...nada mais faz sentido preciso de um ombro amigo ou, então deixe-me em paz Não consigo entender a penúria do meu ser nua crua exposta Tudo isso é uma bosta Por favor, deixe-me em paz. Isaac Newton Por: Alexandre Mendes Dois amigos e o começar sentados sob a copa de uma árvore vendo o céu azul suave e o sol a despontar corre corre, correria família, papelada prova e monografia encararam, na marra Penso eu, pensa você eles, também, assim pensaram agora é mole, caminho largo mas, na cabeça, eles tomaram Sentados sob a copa de uma árvore desfolhada pelo tempo puseram as contas sobre o mármore: Sonhos que voaram com o vento Corremos, corremos e acabamos por aqui vendo o tempo passar só nos resta sorrir... peresteca.blogspot.com mondelingegieskedenis.blogspot.com
  • 22. 22 Cume Por: Alexandre Mendes Na Montanha Infinita, o passado enraizou. Vista alegre, do alto do monte, céu azul e o coração batendo forte no meu peito. Lá do alto, bem lá do alto, vi os dias e as noites passando lentamente, ano após ano... Fogo, gelo, água e animais que nunca mais eu vi. Florestas e espécies humanóides... Clãs que se unificaram através da mestiçagem, formando densas socie- dades. Poder, poder e poder, era tudo o que se pensava do outro lado do oceano. Aqui, os nativos disputavam territórios, guerreavam. A organização social, no interior das tribos era bem definida. Os adultos trabalhavam no inicio do dia, as crianças brincavam. Caçavam, pescavam, construiam aldeias e, no final do dia, descansa- vam... Os filhos herdavam a sabedoria dos seus pais, como caçar, plantar, utili- zar ervas medicinais etc. Os povos gananciosos, do outro lado do oceano destruiram tudo isso! Impuseram as suas regras, como o trabalho escravo indígena e poste- riormente, dos nativos africanos, destruindo grande parte da cultura desses povos. O tempo passou e a idéia do acúmulo de capital enraizou. Nunca chegou a ser passado. Meio ambiente e sociedades se adapta- ram a idéia. Uns com tudo, outros sem nada; assassinatos, expropriação e muita omissão. Alienação... Tudo isso eu vi nascer, lá do alto, bem lá do alto, da Montanha Infinita.
  • 23. 23 Cláudia Cruz. O que estava lá.... Não sei dizer o que estava lá. Se era sombra porque não vi a luz? Se era luz de onde veio? Não sei por que estava lá, Veio a convite, ou chegou mansinho? Era só meu ou de mais alguém? Não sei como explicar. Não tinha legenda ou determinação. Era real ou imaginação? Não sei por onde começar. Se não tem início, terá um fim? Será pois eterno, eterno enfim? Gato de rua Vou comer toda a escassa carne que se prende às tuas duras espinhas. Não se preocupe..... vou jogar o rabo e a cabeça na rua para a felici- dade das gatas vadias que te rondam e você finge não conhecer.
  • 24. 24 O latido dos cães (Produção Coletiva ) Parte I – Para Isabel ( Por Cacau Cruz) Eu desisti de você Não me pergunte em que momento, mas, acho que sei como foi. Foi tentando encontrar motivos em suas frases vagas, buscando pistas em suas charadas, tentando decifrar o teu olhar... minha doce Isabel. Eu desisti de você. Você nunca me pediu para ficar Sequer pensou em me ligar Ou dar-me um espaço qualquer. Fecha os olhos e me apaga da memória Pois, não estou escrito na tua história fui o beijo que não foi dado, sou a lembrança de um adeus. Parte II – Para quem me deixa ( Por Marcos Alves Lopes) Apagar... O que já me derreteu a memória Também torturou meus dias noturnos - É fácil ficar quando a carniça não fede! - É fácil pensar com a cabeça na rede! Meu falar torto é pena de viagem (vadiagem) Pro rio ou à puta que pariu Mas, se não entende o latido dos cães Vai, ou não me venha mais!
  • 25. 25 Confissões de um canibal Após tropeçar no corpo da minha última vítima e deixar pistas valiosas para a perícia me localizar, foi que decidi que devo comer todo o corpo das minhas próximas vítimas. Quando a carne é boa, vale lamber até os ossos. A cachaça e as putas Joaquim:- Zeca termina logo com essa pinga e vamos! Zeca: - Porra, Joaquim! Isso aqui não é pinga não véio, é cachaça da boa. Uma iguaria feita de cana e fogo. Cara e da boa. Vale cada real, ademais, as putas não vão fugir, tenha paciência! Zeca:- Pronto, acabei! Vamos logo para Vila Mimosa meu irmão. Joaquim:- Puta merda, eu não entendo você Zeca. Toma cachaça cara, mas come puta barata. Zeca retruca: - Véio, depois de tomar essa cachaça, qualquer puta barata fica linda e gostosa. Joaquim: - Pera aí então que eu vou querer um gole! Amor fati Acho que é assim que tudo termina. Uma semente germina, uma flor nasce e no outro dia morre. Aqui tudo que se planta também se colhe. E um dia, o coração pára de bater? Eu te escrevo e você me apaga. A mão que me bate também me afaga, mas nem por isso deixa de doer.
  • 26. 26 Tá combinado Vamos, me dê a sua mão. Vamos pular? Pular?Ah, isso é coisa de medroso! Nessa vida eu quero é me jogar com você! Ela disse adeus Chorei até cansar. E dormi tentando esquecer, a falta que ela me faz, desde quando a vi morrer. O grande Truque A plateia acompanhava atentamente os movimentos do grande mágico que prometera naquela noite realizar a sua obra prima. Jack era um mágico ambicioso de meia idade, e ele escolhera o palco do Cassino Royale em Las Vegas para apresentar o seu maior truque de mágica: “Fazer desaparecer da Terra tudo o que ele não gostava”. A casa estava lotada e o espetáculo estava sendo transmitido ao vivo por alguns canais de televisão, seria o maior truque de mágica já visto no mundo. O mágico tinha acabado de proferir as palavras mágicas e ao abrir os olhos cheios de expectativa percebeu que o truque funcionara. O salão estava vazio. Jack fizera a platéia inteira desaparecer. E não apenas a platéia. Jack havia realizado com sucesso sua maior pro- eza. Fez tudo o que não gostava sumir. Não havia mais pessoas sobre a face da Terra. O magico-sociopata caminhou orgulhoso pelo palco. Enfim teve êxito em seu grande truque, após anos e anos de preparação. Mas algo ainda o perturbava. Faltava alguma coisa. Sentia que o espetá- culo ainda não estava completo. Ah, sim. Faltaram os aplausos. Produção coletiva: Cacau Cruz e Wagner T.
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  • 29. 29 Em- silêncio às vezes as coisas que passam a gente não descobre o que é, apesar de toda a aten- ção que damos a elas. aprendi muito pouco, minha visão é ruim, só percebo o que não passa, o que se passa também, mas quando leio algo que foi escrito pra ou que serve pra mim, independentemente da minha vontade. mas como eu devo entender mal! como eu devo interpretar de forma risível aquilo que escrevo! sempre penso em algo ruim... Às vezes me perguntam: por que vc fica em silêncio? --Por quê?! Ora, esse é o lugar onde ficam aqueles que não sabem o que dizer; Que viveram uns in- stantes, e, é, pode até ser que ensinem algo, mas na verdade, olha, não aprenderam bosta nenhuma. Ivan Silva ANNA ALCHUFFI Poesia Marginal Irreverente de cu quente Expressivo e esquecido A morte é viver A loucura,o que? Palavrão: p-a-r-a-l-e-l-e-p-í-p-e-d-o x x x o x o t a xo x o t a x o x Só falei isso porque é bom ter buceta na boca! t a Seu cu não tem acento, mas o meu tem Eu sento todos os dias na cadeira fria e faço poesia! Comi sua mãe, sua tia E agora a sua poesia! Hoje eu não vou ler Camões E menina chata, pare de ler Pessoa Deixe eles para o Mar
  • 30. 30 Três filhos bem criados, fotos dos netos no criado! Mais uma poesia da série ‘’Chula e Vulgar e o caraleo de asa’’ : FILHOS DO GOZO! Ela nunca havia sentido prazer sexual As vezes ela fingia E outras ela se sentia como uma boneca inflavel E inflamavel era sua raiva escondida entre o SIM ao marido No final, ele acabou sendo seu único amigo. Ele morreu, Ela viúva! Três filhos bem criados E fotos dos netos no criado A grandiosa TV de plasma que ganhou do filho médico Era sua única companhia Você precisa saber: Ela gostava do galã das sete E agora vai começar a novela Entre suas pernas, uma almofada velha Que ela começou a esfregar timidamente entre as pernas na sua velha parte Olhou o tal galã sem camisa Sentiu euforia Pela primeira vez: ELA GOZOU! Dois dias depois,o neto a encontra morta Com uma almoçada nas pernas!
  • 31. 31 Filhos do Gozo Uma série de textos e texticulos sobre sexo em várias formas, conceitos e etc...Ainda não concluída. ( I ) Se eu existo, já fui porra Somos filhos do gozo Papai e mamãe se comendo em um banquete Graças a deus quando era eu saindo Mamãe não pagou boquete! Agora eu estou aqui No mundo de pessoas gozadas Gozando, gozando, gozando! Tenho pena é da mulher frígida Tenho mais que dó do homem broxa Eu admiro os gays versáteis As lésbicas de orgasmos voláteis ( me incluo nessa) Gosto de estar mole e estar rígida. Tenho pena dos velhos que desistiram do sexo Tenho profunda admiração pelas famosas’’ lobas’’ Mostrando aos ‘’jovens pentelhos’’ Os segredos de uma boa boca, Uma boa transação entre idades. O fato é que com tanta moralidade e pecados Depois da existência do inferno não agimos mais como animais Sendo apenas carnais as escuras Mas então o que dizer do exibicionista e do Voyer ? Vamos gozar! E esquecer de crueldade Vamos rancar pelos púbicos nos dentes Velas derretidas nas costas, na face... Chicoteadas e palavrões....
  • 32. 32 Duas vaginas Dois pênis Uma vagina e três pênis Uma vagina e um pênis Dois pênis e um cuzinho Um pênis e uma vagina... (II) Olhei seus olhos Teus olhos olharam meu decote Mas é assim mesmo que gosto e pode Você olhou meu sorriso e simpatia Eu apenas apreciei suas pernas, Nos lambuzamos Saliva e língua pelo corpo todo Mostrando a doce melodia Nas suas mãos ficaram o cheiro de vagina, cheiro de sexo Nas minhas mãos, cheiro de mulher. Meus lábios sugando seus seios Meus seios na sua pequena e macia mão Parece contra mão Dois bichos fêmeas terem tanto tesão GOZEI ,GOZEI, GOZEI, GOZEI Como se agora não fossemos filhas do GOZO Mas sim as mães de um antigo desejo de gozar Nascendo, Crescendo Humidificador de calçinha Alimentando o que de outros é fantasia! (III) Ela nunca havia sentido prazer sexual As vezes ela fingia
  • 33. 33 E outras ela se sentia como uma boneca inflável E inflamavel era sua raiva escondida entre o SIM ao marido No final, ele acabou sendo seu único amigo. Ele morreu, Ela viúva! Três filhos bem criados E fotos dos netos no criado A grandiosa TV de plasma que ganhou do filho médico Era sua única companhia Você precisa saber: Ela gostava do galã das sete E agora vai começar a novela Entre suas pernas, uma almofada velha Que ela começou a esfregar timidamente entre as pernas na sua velha parte Olhou o tal galã sem camisa Sentiu euforia Pela primeira vez: ELA GOZOU! Dois dias depois,o neto a encontra morta Com uma almoçada nas pernas! (ANNA ALCHUFFI) ME ARREBENTEI TODO QUANDO ESCORREGUEI NAQUELE LODO ABRIU-SE UMA CRATERA E UMA FERIDA MOSCAS VAREJEIRAS SOBREVOAVAM EM CIMA ENQUANTO O SANGUE JORRAVA SEM PARAR ERA COMO UMA PIMENTA ARDIDA FUI ATÉ O INFERNO E VOLTEI GRITAVA DE DOR E QUEIMAVA COMO FOGO ENTRE O DEDO E A FERIDA ARRANCAVA A CASCA TODA FODIDA POÉTICASESCATOLÓGICASPOÉTICAS ESCATOLÓGICAS ENTREODEDOEAFERIDA PORJOSÉZINERMANNOGUEIRA
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  • 36. 36 BOCA DO LIXO, POESIA SUJA POR JOSÉ ZINERMAN NOGUEIRA BOCA DO LIXO RABISCO ENTRE PAREDES POESIA SUJA ENCONTRADA NA RUA DAS MENINAS DO PRAZER BARATO QUE ESTÃO BEM AO MEU LADO BOCA DO LIXO COM CHEIRO DE ESPERMA RESSECADA DO HOMEM MORTO A NAVALHADA DA VIDA CURTA NEM DOLAR , NEM REAL NOUTRO DIA PARECIA TUDO IGUAL #672 GATTO-PINGADO (a José Zinerman Nogueira) [2003] Zineiro, buzineiro da anarchia, que juncta no papel cacos de estrada, galaxia, giria astral, jornal, jornada, garagem, gangue, ghetto ou guerra fria! Si pensa em poesia, a voz varia. Si enquadra no quadrinho, berra e brada. Si mede a Edade Media, espicha a espada. Si goza o cine em scena, esporra e espia. Por ser exaggerado e circumscripto é tão contradictorio quanto o facto de erguer, minimo e unisono, seu grito. Si edito, vandalizo e desacato. Si leio, fanatizo-me e repito o lemma: “Antes quintal que anonymato!” (Glauco Mattoso)
  • 37. 37 Linha dura nos olhos dos outros é refresco Por: Fabio da Silva Barbosa As ruas começavam a ganhar movimento. Entre uma brincadeira e outra, os camelôs arrumavam suas mercadorias. Logo as vans começaram a chegar e a despejar passageiros por toda a parte. Os primeiros pedestres já se esbarravam pelas esquinas. - Olha o suco de laranja. - Vai um biscoito aí, madame? - Ó o cordão. É prata pura. A manhã foi correndo tranquila no que já havia se transformado em um formigueiro humano. - Olha o rapa. Pronto. Essa frase acabou com toda a tranquilidade dos que tentavam ganhar uns trocados para viver e dos que compravam suas mercadorias. Quem podia meter o tabuleiro na cabeça, saiu correndo. Dona Marrequita se debruçou, desesperada, sobre suas frutas. - Por favor... Não levem minhas mercadorias. É tudo que eu tenho para sustentar meus filhos. Levaram-na por desacato a autoridade. - Pera aí, porra. - Gritava o garoto dos relógios vendo sua mercadoria ser jogada na carroceria de um carro da Prefeitura. Logo a confusão estava generalizada. Alguém não suportou ver seu ganha pão ser tomado e resolveu argumentar. Mas quem é pago para manter a ordem, nem sempre está aberto a diálogo e a discussão virou briga. Cassetetes, pedras... Violência para todo o lado. Era a ordem pública e o bem estar geral sendo empurrado goela abaixo de quem não tem grana. Belmiro chegou em casa machucado e sem o dinheiro para comprar o macarrão do jantar. Falou com a mulher que teria de conseguir o capital emprestado para comprar mais mercadorias. - Calma, meu bem. Hoje a noite tem festa na quadra. Vai lá e esfria a cabeça. Se distrai um pouco. Pois foi o que Belmiro fez. O pagode estava animado e um amigo o convidou para a cerveja. Lá pelas dez, o policiamento comunitário chegou. Os policiais desceram da viatura e foram logo anunciando
  • 38. 38 - Como assim terminar? – Interveio o cara da barraquinha de cachorro quente. - É isso aí. Vocês não pediram permissão para fazer esse evento. – Disse um de bigode, tomando a frente da conversa. - Pedir permissão para quem? Nós sempre fizemos esse encontro para o pessoal da comunidade ter uma distração e vocês que chegaram aqui ontem me aparecem com essa marra. - É isso aí! Marra dentro da nossa comunidade não! – Concordaram todos. - Calma, gente. O que tá havendo aqui? – O Presidente da Associação chegou tentando acalmar os ânimos. - Tá havendo que a gente tá pedindo na educação para acabar a festa e esse pessoal tá querendo arrumar barulho. Ao invés de agradecer que deixamos rolar até essa hora, ainda tão reclamando. Agora acabou a bagunça. Temos que organizar a situação. Para fazer evento tem de pedir permissão e esperar para ver se vai ser aprovado. Um falatório tomou conta da quadra. O Presidente pediu calma e sugeriu: - A gente se compromete a pedir a tal da autorização da próxima vez. Dessa vez a festinha já tá rolando. A gente abaixa o som. Pode ser? - Infelizmente, não. Temos de encerrar. – Replicou o de bigode. - Mas... Antes do Presidente argumentar, um sinal, invisível para os moradores, foi dado e os policiais foram em direção a caixa de som para desligar e mandar os pagodeiros descerem do palco improvisado. Foi o que faltava para o tumulto começar. Belmiro passou a mão na cabeça. Já tinha visto esse filme hoje. CracolândiaDisneylândia Por:FabiodaSilvaBarbosa fumagarotoapedra sonhasonhosdemenino agarotadomaistemponovício nãopodemaissonhar amigopalavradistante talvezsómesmoocachimbo atodahorachegagente atodahoragentevai paraondeestamosindo paraondeagentevai
  • 39. 39 Bom dia Por: Fabio da Silva Barbosa Acordei com a cama se mexendo e sentindo algo estranho entre minhas pernas. Novamente dormi bêbada. Olhei discretamente as mãos que apertavam meus peitos. Não dava para tirar grandes conclusões apenas pelas mãos. Ainda mais no escuro. De qualquer forma, não parecia mão conhecida. Merda... Lá vem o idiota beijando meu pescoço. Ai... Que dor de cabeça... Melhor fechar os olhos para o infeliz não saber que estou acordada. Espera um pouco... O que é isso nas minhas costas? Peitos? Olhei melhor para as mãos e, mesmo naquela escuridão, pude perceber que estavam com as unhas pintadas. Comecei a virar lentamente e me deparei com uma linda mulher. Fui virando até me por de frente para ela. Senti seu pau saindo de minha boceta. Era um pau enorme. Olhei bem para aquele rosto (assim que desviei o olhar do cacete) e ela me beijou com calor. Depois de nos apertar e esfregar durante um tempo, olhei no fundo de seus olhos e perguntei: - Mas... Quem é você? Ela me largou e se levantou de um salto. Pude ver seu corpo por inteiro. Era o corpo feminino mais belo que já vi e nele se balançava um pau maravilhoso. - Como assim?... Você não lembra? Não sabe quem sou? Levantei a parte superior do meu corpo e tentei segurar o membro que parecia me olhar. Ela se afastou, se cobrindo com uma toalha que estava jogada por ali. Parecia uma donzela envergonhada. Fui me arrastando até a borda da cama e sentei. - Calma... Me desculpa... Mas o que aconteceu ontem? Álcool? Drogas? - Não acredito nisso. Cachorra!!! Vadia!!! – Gritava, enquanto se arrumava. - Por favor... Me entenda... Ela acabou de se arrumar, já saindo pela porta. Os seios siliconados ainda estavam a mostra quando saiu rosnando. Caí de costas na cama e fiquei olhando para o teto. - Quem será aquela criatura? ...
  • 40. 40 Apalpei uma carteira que estava abandonada no canto da cama. Era uma carteira feminina. Dentro haviam alguns papéis com números telefônicos anotados, algumas notas e um documento de identidade. Na foto, um homem de bigodes estava a me olhar. No meio daquela expressão máscula, pude reconhecer aquele rosto feminino que acabara de ir embora. Carlos Cleber Carmindo, era o nome dela. Pela data de nascimento tinha 43, assim como eu. Abri os braços deixando a carteira e o documento se desprenderem de minhas mãos. Sempre gostei das minhas mãos. Achava que elas eram perfeitas. Voltei a fitar o teto. Eu não fazia a menor idéia de onde era aquele teto. Sangue de Barata Sei que nesses meus míseros anos de vida( e dizem que são poucos) eu não vi nada que me deixasse estarrecido ou até mesmo inerte as agruras que a pôrralouquice da mente de alguns seres vivos( estão mais pra mortos!) da extinta, mentalmente falando, Racinha humana( me enquadrando a ela).E depois de uma temporada de caça aos meus pôrnográficos neurônios vi uma luz no fim da minha corrida contra a diabetes ( que já chegou ao meu cacete!) de quê se preocupar com problemas dos que criam problemas tem que ter muito, mas muito mesmo, cunhão de urso.Velho é foda ter que aturar pessoas achando que as idéias e atitudes demonstradas ao longo e eventual- mente ao curto período da história ( escrita ou não) podem me fazer mudar a forma de tentar entender algumas coisas tipo um estupro(tem gostosa que vale a pena).Porra! Estuprou? Prá quê prender um cara desses véi? E ainda por cima come uma criança de 8, 9, 10, etc. anos e o cara é preso(se fode na cadeia nos maranhão de borracha) vira mulherzinha e depois tá aí na rua com um aparato do estado do caralho.Ah véi! Mas o cara agora é evangélico e se arrependeu do que fez! Foi o demônio, a coisa ruim,o inimigo. Foi uma rôla mesmo véi! Entrou, rasgou, saiu, sangrou, fudeu bicho! E dão garantia de que o cara num vai fazer de novo? E eu trabalhando e até ás vezes sem tempo de escrever alguma coisa interessante pra debulhar depois!Quem chorou? Eu? Que nada! A “justiça” foi feita e tá tudo certo!Eu e esse meu Sangue de Barata! Ass: Ossoz
  • 41. 41 Dia do Rock(Cover) em Sergipe ou Por um desabafo sobre o evento chamado COVERAMA OS COVERS DE SERGIPE Em respeito aos que se iludem auditivamente com esse evento que para mim se chama MERDARAMA (coverama na inverdade), vão tomar no olho, mais bem no fundinho mesmo dos seus cús fedorentos! Porra , ainda vem uns caras dizer que é o evento que mais movi- menta músicos aqui no estado! Se fuder mermão! Quem movi- menta a maioria dos músicos aqui é os buzão seu fia da puta! Enquanto a gente rala pra porra pra poder gravar uma música sequer( e ruim pá porra) um bando de ingomadinho do carayu vem querer dar uma de MAINSTREAM e dizer que toca nessa merda por quê aqui em Sergipe num tem evento pra suprir a necessidade dos músicos se apresentarem. Se movimentem seus merdas! Agilizem os eventos! Corram atrás! Quando eu morava no Eduardo Gomes( bagaçada) agiliza- va os eventos na doidera .Mas fazia essa porra! Não era um evento a nível municipal.Mas pelo menos tinha porra! Agora eu vou pegar a minha grana pra ensaiar ,tempo voando, instrumento foda pra manter e me dedicar a tocar porra de cover? Vão se fuder! E tem mais ! Vai rolar o INFELIZ NATAL 5 esse ano,não vou dar espaço pra essas “bandas” e se ninguém quiser participar tem bronca não! Nem que eu tenha de contratar duas putas in- fectadas lá da Rua da Frente pra trepar a noite toda com elas. E deixo um recadinho pra você que gosta de se “divertir” com um repertório de músicas dos outros: Goze com o meu pau e tire um cover do meu esperma na sua boca! OSSOZ
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  • 54. 54 Um papo com o Goma Por: Fabio da Silva Barbosa Esse é o Goma: Paulistano da safra de 88, atualmente começou uma série de ilustrações com o título Tempo Seco e vem conquistando espaço e mostrando cada vez mais sua cara. Então, manda a goma aí: Como nasceu Goma e quem era o Goma antes do Goma nascer? Tem muito Thiago Gomes nesse país - Putz! - e pensei que Goma teriam menos. Depois vi que goma (entre outros significados) é a união de vários elementos, uma goma mesmo. E isso é uma coisa boa, porque gosto disso, misturar referências. E o aprendizado é uma coisa eterna. Então, estarei sempre buscando algo, misturando coisas, fazendo gomas. Por que desenhar? Porque me sinto a vontade desenhando, é natural pra mim, tenho gana para aprender mais e me expresso melhor pelo desenho. Embora aprecie muito o audiovisual e a música, não seria o mesmo. São coisas que me cativam e motivam a desenhar, mas.... essas áreas estão em um eterno namoro, então pode ser que um dia role algo também. haha! Colorido ou preto e branco? Haaa... Os dois têm seus prós... Tem momento pra tudo. Gosto dos dois! Defina o ato de desenhar Pergunta difícil... Não sei responder... Talvez, assim como qualquer outro tipo de arte, trazer a tona o que tá dentro de você, o que você não aguenta segurar só pra ti! Fale sobre Tempo Seco Tempo Seco é o que não aguento segurar só pra mim sobre SP. O nome é uma referência a maioria dos dias em SP: Seco mesmo, poluído e sem umidade. Tá muito no começo ainda e pretendo explorar mais essa série, que é um olhar sobre vários momentos na vida das pessoas, no cotidiano da cidade, momentos de tensão, lazer, tristeza, lirismo, depressão, ódio e etc... sempre tendo como pano de fundo a minha visão da cidade, a minha SP!!
  • 55. 55 Solta os cachorros Organização é a base pra tudo no trabalho, na vida, na cena! Nos organizando, podemos sempre construir coisas maiores!! E sejam bem vindos ao Tempo Seco: http://goma-blog.blogspot.com.br/ Valeu pelo espaço, Fabio. Abraço a todos ;)
  • 56. 56 TRANSTORNO MENTAL Não me destrate Por este formato tétrico, Por este traje surrado. Não me largue Nesta sala imunda, Nesta provação absurda. Não me julgue Pela língua enganosa, Pela agressão contínua. Não me torture Por um impulso exacerbado, Por um trejeito abominável. Alessandro Swinerd
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  • 58. 58 À BEIRA DO ABISMO Terça feira, 12, abril, 2011 À BEIRA DO ABISMO I Numa manhã quente, perdido em dor e tédio, me encontrei virtualmente com o poeta carioca Murilo Pereira Dias. Foi uma conversa intensa armada com a metralhadora da arte e da indignação. Por acaso salvei essa conversa e posto aqui nesse blog. A internet tem disso, juntar almas perdidas nessa lama que chama-se pra uns vida, pra outros morte. Diego EL Khouri: manoooooooooo Murilo Pereira Dias: hj está em plenas trevas a manhã com aroma morbido o corpo ainda vivo sendo retirada as entranhas e os ossos estou vendo que estão cercando em pleno vazio o dominio do silencio e o esquecimento D: isso é poesia e sangue, morte e dor M: novas formas diferentes é a minha manhã de sexta feira D: como deseja morrer? M: sobrio não sobrio sombrio quero morrer de overdose D: em praça pública? M: preferencialmente num quarto cheio de seringas de heroina pendurada D: quero que meu corpo seja motivo de chacota ando enfrentando abismos intransponíveis ta foda, Murilão to perdendo a lucidez
  • 59. 59 M: eu nunca quis saber de lucidez tentei comer ela um dia mas não deu D: e essa transa resultou em que? M: em angustias constantes D: eu tento sair dessa dor tenho vontade de mandar tomar no cu mil pessoas M: isso é pouco D: que mais? M: simplesmente desistir e ser egoísta pensar em vc e querer que os outros realmente se foda D: isso é dificil sentimentos nobres me dominam e me fodem M: ai sim vc será mais amplo D: quero liberdade M: por isso..... assim eu uso a sociedade para ficar longe dela D: comer o sol numa vez M: ontem um babaquinha entrou na escola e matou um monte de aluno e se matou depoi eu achei ótimo enquanto todo mundo finge estar chocado merendeu uma boa bronha antes de dormir D: hahahaaa M: estou sem fumar quase 3 dias estou passando mal não fumar muito me faz mal D: eu vivo bêbado
  • 60. 60 M: se eu beber precisarei de mais fumo é um vicio trem tem o vicio maior que chama os outros depois de beber é fumar cheirar fudeu D: fumo, poesia, juntando o sexo teremos deus rebolando nos precipicios do amor? M: estou muito inutil D: quer ser útil? M: Deus se mandou D: quer seu útil? M: ser util para acabar com o que resta de inutil a destruição é util é necessario guerra genocidio D: depois que aprofundei na poesia e na filosofia da vida deixei de sentir amor M: é lindo mortem animalium D: amor é uma praga que tolhe os membros pior sentimento: gratidão M: http://www.youtube.com/watch?v=7PklNJ1YVPI escute essa opera ela ajuda anestesiar esses sentimentos escrotos compaixão aqui no serviço não tem fone, verei a noite Denunciar • 10:10 é para fudidos blackmetal da noruega 8. De Mysteriis Dom Sathanas
  • 61. 61 Welcome! To the elder ruins again The wind whispers beside the deep forest Darkness will show us the way The sky has darkened thirteen as We are collected woeful around a book Made of human flesh Heic Noenum Pax Here is no peace De Grandae Vus Antiquus Mulum Tristis Arcanas Mysteria Scriptum The books blood written pages open Invoco Crentus Domini De Daemonium We follow with our white eyes The ceremonial proceeding Rex Sacriticulus Mortifer In the circle of stone coffins We are standing with our black robes on Holding the bowl with unholy water Heic Noenum Pax Bring us the goat Psychomantum Et Precr Exito Annos Major Ferus Netandus Sacerdos Magus Mortem Animalium D: massa demais conhece a banda cativeiro de grindcore aí de Niterói? M: de skin ruben na batera e vocal D: sim M: conheço ...antes era o gore conheço ruben desde criança
  • 62. 62 D: ele é uma alma brilhante e revoltada, um gênio queria ter conhecido ele quando estive no rio M: foda...manda bem na porra toda toca pra k D: adoro cãoversar com ele M: estou na abstinencia horrivel muito bom sofrer tormenta pqp D: escreve um verso, toca sua gaita satânica M: uma hora poderá sair qquer coisa nunca penso em escrever o espirito me usa e escreve o que pensa D: também a poesia cai assim em minha alma, é como se os demônios e anjos me usas- sem sou uma marionete filho da puta M: os espiritos se fodem comigo eu gasto a paciencia deles hj eu quero que eles se fodam D: vc poderia ter entrado no Coletivo Zine cagar nas regras M: eu ja acho que ando me envolvendo muito querendo melhorar o mundo na verdade deveriamos fazer o jogo deles e almeja a guerra mais rapido para a extinçao não tardar D: não consigo te ver na camisa de força do sistema M: fingindo ser a arte da mentira
  • 63. enganar os traidores não ter integridade não ser elo ser impar solitario não pertencer a jogoalgum somente ao fim seja bom ou mal o fim detudo D: ando buscando ar e não encontro, estou todo mutilado e cada buraco de minha alma é uma história a mais de tragédia fazer o que eu quero é trair o senso comum e gerar inimigos e reprovações M: depende de onde estará vendo isso pode ser uma boa visão D: quero antes a alienação dos vicios, a mentira do amor, tudo desamor boa visão? M: aquele que prefere ser odiado o caos porque é ruim o fim se teremos que viver o fim porque menosprezar o caos menosprezar as fezes a moerte porque evidenciar mulheres lindas jovens e gostosas foda-se seja linda as velas banguelas e doentes as gordas entupidas ascari escaras dolorosas estou bem triste = estar feliz feliz = estar enganado enganado = estar no caminho certo caminho certo = morte incognita..... mas derradeira e unicamente a certeza 63
  • 64. D: pra vc o que é o amor? é a mentira revestida em beleza? ... isso te calou, cortou seu raciocínio? seu calcanhar de Aquiles? M: ....... amor não existe nunca existiu é a maior mentira um sentimento falso na verdade existe interesse não amor mesmo assim amor esta ultrapassado e alguns babacas conseguem sofrer por amor mas estão sofrendo por falta de interesse acaba a grana acaba o sentimento mulher... amigos...familia.... tudo é um jogo de interesse alguns menos deprimentes alguns vão até o fim adentrei o cemiterio esquecido e vazio abandonado sem corpos sem alma sem aroma morbido realmente não encontrei nada não tem conclusão nem desfecho apenas segue os dias sentindo carencia de algo que destroi que é necessario ao fim então mais uma vez enganei e não fui e amorte se fudeu D: não consigo mais sentir amor por mulher nenhuma, quero apena que meu pênis faça morada em várias entranha, sujas ou limpas, não importa,deixei de ser o platônico sentimental a muito tempo perdi o último resquício da inocência M: eu não tenho mais contato fisico não faço mais uso desse movimento falo com as pessoas não toco mais nelas não encosto em ninguém não gosto de ser tocado 64
  • 65. gosto da minha solidão e meu teclado meu quarto escuro em plena manhã foda-se as responsabilidades D: abandonou o sexo? M: foda-se querer alguma coisa D: não entendo... M: estou usando o fim não vejo pessoas não saio do meu tumulo panteon se alguma defunta vier aqui não irei cavar covas procurendo vaginas podres não preciso dessa merda de prazer inutil reprodutor acaba em mim a herança de mim não sairá descendentes somente destruição em forma de obras e tbm não sou demonio rotulo capitalista de igreja foda-se igreja foda-se demonio pessoas não entendem o alem dessamerda de cosmos essa merda de vida inutil e sem sentido preciso entrar na porrada D: eu cansei da porrada onde encontro seu livro, irmão? quero me sangrar também em seus versos, mandar a merda o mundo as ilusões referida aos tolos sacerdotes e deuses sem carne M: não publiquei so tem ele no site que Fabio postou tem um na minha pagina D: livro todo? M: estou procurando...nem sei onde esta tem postagem pra k 65
  • 66. http://www.slideshare.net/ARITANA/livro-murilo obra completa sem edicção tome um certo cuidado ao ler D: postei a entrevista que vc fez no molho livre, uns chegaram em mim e te chamaram de gênio, outros de louco cuidado? M: pode pirar de vez esse é o sentido causar paranoia sou um genio louco das coisas se sentido que fazem sentido com eloquencia enloquecer pooooooooooooooorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa esse é o sentido causar paranoia sou um genio louco das coisas se sentido que fazem sentido com eloquencia enloquecer pooooooooooooooorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa achei uma berolta da para apertar um fino pqp pqp pqp pqp felicidade fumar pera ai pqp fumar uma ponta deu uma onda de acido tudo sai da conexão isso é harmonia estar confuso em linhas tortas D: achou? 66
  • 67. M: foi breve mas angustiante D: como? vem até vc a loucura? M: o importante e sentir desespero Heic Noenum Pax Here is no peace De Grandae Vus Antiquus Mulum Tristis Arcanas Mysteria Scriptum D: uma dose de morfina pra calar os sentidos os profetas bailando nus em ondas de volupia sem dor sem sentimentos o vácuo nada mais M: tudo é breve D: breve como essa nossa conversa vou me ausentar até logo M: blz 67
  • 68. Inverno Mais um inverno de corte Minha pele, meus olhos Meu interior revolto e colérico! Meus dias de sordidez Minha visão distorcida Pelo vento gélido da manhã Meu pensamento suicida O abismo de baixo de meus pés Uma corda, o veneno, a vida fugindo Sem controle, enloquecendo Lembranças que insiste em ficar Eu quero viajar em algo seguro Beijar novamente o sol em brilho Vê minha vida em outro ângulo Revoltas Encarcerado na angústia O presente me deprime A falsidade me agride O cristianismo me revolta! Uma ferida eterna na alma O suicídio constante na cabeça Olho pra todos os lados É sempre o mesmo Dejà vu Cercado pela solidão da vida Habitando um esqueleto como casa Detruindo alguns sentimentos Apenas grito na minha cara Cada vez mais me convenço Tão descartável como tantos! DAVID BEAT 68
  • 69. Perdido Por aí Pingos de chuva em minha poesia Gostaria de ter certeza de Que não estou perdido Vagando como o vento. Gostaria de saber que Não estou perdido por aí Como a solidão no olhar alheio Perdido como o vento por aí! Um temporal está se armando Minha alma vai ficar tão inundada Talvez eu pegue um resfriado Perdido por aí como vento! Não quero nenhum romance repentino Só quero saber que não estou perdido... Um feto Vejo nos sorrisos das crianças A esperança que já não tenho Sou um feto que insistiu E agora estou decepcionado! Penso em como seria bom Ter me enforcado no cordão umbili- cal Ter sido abanonado no começo como agora Ter pedido telepaticamente pra não nascer! Vejo nos sorrisos das crianças... O dia de amanhã me cuspindo Já não existe inocência nas palavras Vejo nos sorrisos das crianças Percebo triste e calado e cansado Um feto que insistiu... 69
  • 70. O caos em mim De olhos fechados e ainda vejo O caos dentro de mim sorrir Como quem pede mais uma dose Já até deixei de tentar entender Apenas prosigo num delírio É tantas horas da madrugada Lembranças me atacam o tempo todo Já nem consigo sorrir como antes Estive me prostituindo Com a insanidade que me grita do abismo Não é apenas um sonho, Ícaro sem asas! Morrendo afogado dentro de mim Vejo uma luz que não virá Fico sozinho, largado e vazio... 70
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  • 84. 84 Escritos Malditos de uma Realidade Insana Fabio da Silva Barbosa SOBRE O AUTOR: Fabio da Silva Barbosa Jornalista e escritor, dedica sua vida ao trabalho de registrar nossa barbárie social, além de produzir e se expressar através de formatos pouco convencionais, bailando entre o consciente e o inconsciente, unindo a realidade brutal do nosso tempo a delírios e viagens rumo a novas possibilidades. Entrou para o mundo dos fanzines no final de 89 e até hoje produz esses veículos de forma independente. Com Winter Bastos e Alexandre Mendes, Fabio lançou o livro Um ano de Berro – 365 dias de fúria, participou do livro Cumplicidade das letras(coletânea reunindo o trabalho de diversos poetas), organizou as publicações eletrônicas gratuitas A Saga do Jornalismo Livre e Quem somos nós?. É Assessor de Imprensa da Amarle (Associação de Moradores e Amigos da Rua Laurindo e Entorno) e vem participando do Grupo de Estudos e Oficina Roda Vivia, que pretende iniciar suas atividades no interior de presídios. Contribui para vários veículos impressos e via internet. veja uma preview do livro http://www.lamparinaluminosa.com/index.php/os-livros/e-book/59-escritos-malditos E-book Escritos Malditos de uma Realidade Insana de Fabio da Silva Barbosa busca registrar de forma direta, sem deixar de viajar por caminhos poéticos e até delirantes, o cotidiano de uma sociedade injusta, desigual e opressiva, onde a realidade muitas vezes se dilui no inusitado de uma neurose social compulsiva. Nestas páginas, os marginalizados passam em desfiles solitários e fantasmagóricos, transbordando por todo lado, mostrando que são, na verdade, partes de um todo, partes da grande maioria. A margem toma seu lugar no centro e a escuridão se torna a luz necessária para apreciarmos pontos evitados por muitos.
  • 85. Não se engane, esta não é mais uma série sobre zumbis. É mais uma série sobre seres humanos. Esta é uma página perdida das Relatos da decomposição humana Por: Wagner Nyhyw PÁGINA 1 – A VERDADE DA CARNE O homem sempre fez questão de deixar uma marca para a posteridade. Um registro, uma nota, uma história. Não sei bem o motivo, mas seja qual for, é essa mesma razão que me leva a escrever estas palavras tortas, essa narrativa sangrenta e cataclísmica, mas verdadeira e desesperada. Muito provavelmente ninguém jamais lerá esta missiva. Creio que a própria língua que ainda conhecemos e utilizamos em breve se perderá. Não importa. Ao escrever, tenho uma sensação de dever cumprido. Dever no sentido de relatar o que aconteceu e está acontecendo. Como já disse, não sei bem por que sinto esse dever. Acho que é a única coisa que posso fazer agora. O único legado que deixarei antes de partir. Como aconteceu não é importante. O porquê é facilmente deduzível: a estupidez humana. Não poderíamos ter outro desfecho. Vamos então ao depois. Vou contar a primeira vez em que vi um Deles. Quem eu sou, o que eu fazia, onde eu morava, não importa. Tudo que eu vivi antes daquele dia é apenas um borrão na quase inteiramente apagada história humana. Minha primeira lembrança relevante é o noticiário, algumas semanas antes. Não me pergunte que dia e horas 85
  • 86. eram, nem se era dia ou noite, pois o tempo agora é apenas uma ponte entre estar vivo ou estar morto. Aquela notícia na TV! Mortos andando pelas ruas! Os famosos zumbis dos filmes de terror. Mas não era Fome Animal ou Evil Dead que passava na TV, era o noticiário. Claro que ninguém levou a sério. Alguma montagem, como tantas outras. No máximo, adolescentes fantasiados querendo assustar idosos. Mas as mortes... aí começou a ficar sério. A imprensa alardeava se tratar de um culto demoníaco, uma espécie de zumbilatria satanista. Praticantes de magia negra, jogadores de RPG e fãs de heavy metal extremo haveriam se unido em uma seita homicida e monstruosa. Bem, assassinatos e psicopatas fazem parte do cotidiano moderno, então aquela era apenas mais uma notícia, real ou montada, como tantas outras que se espalhavam pelos meios de comunicação. Seguia minha vida normalmente até aquela noite em que caminhava pela vizinhança. O bairro era muito sossegado, residencial e habitado por famílias pacatas, assim me assustei ao passar frente à casa de Hygor. Tremenda barulhada vinda da garagem, aparentemente muitos objetos caindo ou quebrando. Quando distingui a voz de Hygor, praguejando aos berros, imediatamente corri pra lá. A porta da garagem estava apenas encostada, assim adentrei, cautelosamente. Sob a luz bruxuleante, demorei um pouco pra distinguir o que ocorria. Entulhos e inutilidades diversas decoravam o ambiente, mas bem ao fundo, estava... lá estava... Sim, é isso mesmo. Era um Deles. O forte cheiro de carne podre turvava meus sentidos, mas ainda assim cada detalhe daquela imagem impressionante era gravada em minha mente de forma permanente, como uma escultura sendo moldada na rocha. A pele enegrecida, meio esverdeada, ressecada e rachada como a de um réptil. Rosto assustadoramente deformado e inchado, cheio de bolhas purulentas. Dezenas de minúsculas larvas passeavam por sua face, principalmente nas órbitas dos olhos, já meio afundados para o interior do crânio, cobertos por uma espécie de tela viscosa esbranquiçada. 86
  • 87. Hygor acabara de prender seu braço esquerdo a uma corrente e o empurrava para trás violentamente. Ao me ver, chamou para conferir de perto aquele ser inexplicável e, bastante excitado, narrava como o encontrou e capturou. Entrementes, eu não prestava atenção. Hipnotizado por aquilo que não podia ser uma montagem, não podia ser uma peça, não estava na tela de uma TV ou computador. Estava na minha frente. Ao vivo. Ou ao morto, não sei bem. A criatura pareceu me ver, embora seja difícil acreditar que aquelas órbitas semivazadas ainda sejam capazes de enxergar qualquer coisa. Mas é fato que com minha aproximação virou o rosto monstruoso em minha direção e abriu a boca. Estaria tentando falar? Mas dali não saiu sons, apenas uma baba pastosa e escura, enquanto um fluido tipo mingau cor de argila escorria pelas narinas e pelos ouvidos. Seria seu cérebro? Lentamente, estendeu o braço direito, livre, enquanto arrastava as pernas, tentando se aproximar de mim. Mas sua mobilidade era limitada, até o limite da corrente presa na parede. Caminhava vagaroso, até onde sua cadeia lhe permitia. Cada gesto parecia um grande martírio. Aquele trapo humanóide soava como um lamento da natureza. Mas não era de todo ruínas. Naquele momento pude ver o incrível contraste entre seus lábios putrefatos e os dentes intactos, portentosos, impressionantemente brancos. Além disso, ainda apresentava vasta cabeleira, madeixas negras, longas e lisas. E o que dizer das roupas? Eram de qualidade muito melhor do que as minhas. Camisa e calça social de alto padrão. Sujas e surradas, é verdade, mas ainda conservadas, assim como os luxuosos sapatos de couro. Bela roupa, encobrindo o restante daquele corpo decadente em desintegração. Somente através dela pude ter certeza de que se tratava de um ser humano do sexo masculino, ou mesmo de que se tratava de um ser humano, tal era o nível de deformidade das partes não cobertas pelas vestimentas. Deve ter sido alguém importante em vida, talvez um podre de rico. Mas ali, naquele derradeiro dia, naquela garagem-túmulo, era só podre. 87
  • 88. Apesar da podridão, o corpo cambaleante não apresentava nenhum sinal de violência ou de ter sofrido qualquer agressão. E embora fosse impossível ter noção precisa de sua idade, não aparentava ser muito velho. De que teria morrido então? Ataque cardíaco? Câncer? Teria mesmo morrido? Sim, claro que morrera. Não poderia apresentar aqueles sinais de putrefação estando vivo. Não podia estar vivo, mas se mexia. Ainda esticava o braço em minha direção quando Hygor o afastou violentamente com uma pá. Lentamente, recuou, assustado. - Viu que criatura asquerosa? Está ansiosa por nos atacar e devorar. Finalmente consegui gaguejar algumas palavras, ainda espantado: - Hygor, é melhor chamarmos a policia. - Que mané policia, o próprio governo deve ter criado esses monstros para matar moradores de rua, marginais e desavisados. Chuta uma lata vazia que acerta a perna do morto-vivo, q ue se contorce, não sei se por dor ou medo. - Aberração nojenta - ainda completa, soltando uma cusparada sobre o animal acuado no canto. - Hygor, você não pode deixar isso preso aqui. Vou chamar alguém. - Ei, ei, calma aí, você não vai a lugar algum. Eu já me dirigia à porta, mas rapidamente Hygor bloqueia meu caminho. – Acho que vou deixar você aqui, o monstro deve estar com fome – ri, zombeteiro. Impaciente, tento forçar a saída – Isso é sério, porra, sai da minha frente. – Mas ele é forte e me segura, me empurrando de volta pra trás. – Daqui você não sai, não vai me tirar meu novo animal de estimação. Na tentativa de me libertar, acabo acertando uma violenta cotovelada 88
  • 89. na boca de Hygor. Não tinha intenção de agredí-lo com tanta força, mas a ira do momento gerou uma reação desproporcional. Ele coloca a mão sobre o beiço inferior, irrompendo sangue em profusão. – Meu dente. Filho da puta, você quebrou meu dente. Vou te matar. Ataca furiosamente. Me acerta vários socos. Tento me defender, mas não tenho chance, ele é muito forte. Vou ao chão com os impactos. Completamente transtornado, Hygor se atira sobre mim e fecha as mãos sobre meu pescoço, apertando insanamente. O ar começa a me faltar. Sinto os sentidos me abandonando. Em desespero, tento falar, mas já estou sufocado. Só penso no fim. Até que repentinamente a pressão afrouxa. Vejo a imagem turva de hygor, assustadíssimo. E do seu lado... do seu lado... O cadáver ambulante... com a mão em seu ombro. - C-como... como escapou? - Dá um tapão violento naquela mão grotesca de pele escamosa e unhas descolando e recua. - Tire a mão de mim, assassino maldito. A criatura parece ficar meio desconcertada, como se estranhasse a violenta reação de Hygor. Cambaleia para trás. Chama então a atenção um volume crescente dentro de sua calça social, como se um novo membro estivesse brotando no meio de suas pernas. Em outras palavras: uma ereção. Como se não bastasse aquela situação já horripilante, ele ainda estava tendo uma ereção. - Mas o que é isso? Bicho maldito. Quer nos foder antes de comer? Aquilo enfureceu Hygor ao extremo do extremo. Pegou uma barra de ferro no meio das tralhas e partiu enlouquecido pro ataque. Em sua vagarosidade e dificuldade movimentar, o defunto não tem nenhuma chance de esboçar uma defesa. Hygor desfechou um primeiro golpe certeiro na volumosa região escrotal do infeliz, que explodiu como um balão. Somente tempos depois descobri que aquela ereção na verdade era uma reação absolutamente normal de um cadáver. Não era provocada 89
  • 90. por dilatação de veias sanguíneas, mas por gases bacterianos que se infiltram no interior do corpo. Como a pele do pênis é frouxa, ela estica pela descarga gasosa. Só isso. Absolutamente normal e involuntário. Assim, aquele pau duro era apenas um balão cheio de gás, que explodiu ao ataque de Hygor. O coiso não pareceu ter sentido qualquer dor, aparentava apenas uma expressão nula, de não entender o que estava acontecendo. Já Hygor continuou o ataque. A barra desabou a seguir sobre o crânio do pobre desmorto, atingindo o lóbulo esquerdo. Pedaços da cabeça, de uma massa quase líquida que devia ser o que restava de seu cérebro e sangue coagulado voam pelo recinto. Rapidamente, novo golpe no lado direito da cabeça, que afunda como um balão murcho. O belo couro cabeludo se solta e flutua pelo ar acre. Os golpes não pararam, acertando tórax, pernas, braços e tudo mais daquilo que um dia fôra um ser humano. Debaixo das roupas caras, o sangue coagulado escorria como uma goiabada, concentrado principalmente nas costas e membros. Logo, o zumbi desabou ao chão e diante da surra implacável rapidamente se transformou em uma gelatina disforme de carne e sangue e ossos partidos. Conforme o corpo era arrombado pelos golpes, vermes e colônias de larvas escorriam de seu interior, assim como uma escura massa pastosa castanho-cinza, de fedor indescritível. Nesse momento não suportei mais aquela cena horrenda e ao desviar o olhar para o canto do recinto notei a mão esquerda do defunto, caída junto à corrente que o prendia. Então foi assim que escapou, desmembrando os pedaços de carne e ossos frouxos. Hygor só parou quando não restou mais nada para bater além das roupas de grife e matéria orgânica já em estado líquido. Sorriu vitorioso, virou-se pra mim e ainda segurando a barra de ferro coberta de sangue, tripas, substâncias corporais diversas e restos de vermes, agarrou meu braço com a mão livre e levantou-me com firmeza. 90
  • 91. - Está vendo? É isso que queria deixar por conta das autoridades? Ia estuprar e matar nós dois, sem hesitar. Se eu não tivesse agido rápido, ia nos pegar de surpresa, e aí não teríamos chance, meu caro. Pode me agradecer, e considere-se um cara de sorte. Ainda sem conseguir falar, olho praquela sujeira podre e fétida esparramada pelo piso, que até há pouco ambulava em minha direção e parecia me encarar com curiosidade. Fixo na sequência a barra ensanguentada a minha frente. Sinto minha garganta, ainda latejando. Lembro das estranhas mortes em circunstâncias misteriosas noticiadas pela TV. É, creio que Hygor está certo. Sou realmente um cara de sorte. 91