SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Cesário Verde
Correntes Literárias
Romantismo:
-apoteose do sentimento
-poeta como génio
-influência da paisagem no estado de espírito
Alguns poemas: Deslumbramentos
Realismo:
-Negação da emoção romântica e da arte pela arte
-Análise do real com o fito da verdade absoluta
-Crítica do homem
-Condenação do que houver de mau na sociedade
-Noção de justo em substituição do conceito de belo
Alguns poemas: Cristalizações, contrariedades, nós, num bairro moderno, o sentimento
dum ocidental.
Parnasianismo:
-“Arte pela arte” antirromântica
-Culto da beleza
-Elitismo formal
-Poeta como espectador da harmonia do que pode observar no quotidiano
Alguns poemas: Cristalizações, contrariedades, o sentimento dum ocidental, de tarde
Naturalismo:
-Acentua as características cientificas do realismo
-Obra como meio de demonstração de testes cientificas
-Implica uma posição combativa, de análise dos problemas da decadência social,
depravação de usos e costumes, preocupação por aspetos patológicos, desvios de
comportamentos
Alguns poemas: Contrariedades
Simbolismo:
-Gosto pelo mistério
-Culto do eu
-Poeta vidente = Visão especial
-Poesia capaz de abrir as portas do inconsciente
-Rutura das fronteiras entre o sonho e a realidade
-Preocupações formais
-Arte da sugestão
-Palavras maiusculadas
-Contra o realismo
Alguns poemas: Num bairro moderno, Nós)
Surrealismo:
-Mecanismo de associação de ideias e funcionamento do inconsciente
-Escrita automática
-Gosto pelo insólito
-Emancipação das barreiras formais (desobediência às regras sintáticas e semânticas)
Alguns poemas: Num bairro moderno, O Sentimento dum Ocidental
Modernismo:
-Literatura enquanto linguagem
-Aliança entre literatura e artes plásticas
-Relacionamento entre autor e obra: Transposição e fingimento expressão da vivência
-Tendência para a dispersão
-Fragmento do eu
Alguns poemas: Noite fechada, num bairro moderno, o sentimento dum Ocidental, Nós
Neorrealismo:
-Função educativa da literatura
-Denúncia das injustiças que vitimam mais desfavorecidos
-Obra politicamente exemplar
-Recurso à alegoria
-Povo com personagem
Alguns poemas: Cristalizações, Nós
Contextualização
No período em que viveu Cesário Verde (1855 - 1866), Portugal estava em profunda
transformação. Ele pertenceu à época literária do romantismo (2ª metade do século
XIX), do período realista.
A população duplicara e chegavam milhares de pessoas do campo às cidades, que agora
se alargavam. A indústria era ainda diminuta, por isso os aspetos campesinos
impunham-se nos arredores da cidade. Algumas modernizações tinham já sido
implantadas em Lisboa: candeeiros a gás e caminho de ferro. Nos bairros mais velhos
não havia higiene, abundando os parasitas. A tuberculose e a cólera reinavam. A água,
recentemente canalizada, chegava a muito poucas casas. A diferente entre ricos e pobres
era acentuada. Os operários tinham salários ridículos, o que os obrigava quase a passar
fome. Os trabalhadores não tinham segurança. As tuberculoses e as pneumonias eram
muitas e a taxa de mortalidade era elevada.
Na Europa aconteciam grandes descobertas científicas e era o tempo do Impressionismo
na arte e do Romantismo e Realismo na literatura.
Poetização do Real (Objetividade/subjetividade) e Quotidiano na Poesia
No tempo de Cesário Verde, Lisboa era uma cidade de contrastes. Ele retratou-a
realçando a arquitetura antiga e os bairros modernos da nova burguesia. É na captação
objetiva do real que surge a outra face da realidade lisboeta: a dos trabalhadores que
denunciam a sua origem campesina.
Ao deambular, o sujeito poético denuncia o lado oposto ao da grandeza, focando lugares
pobres e nauseabundos, dos humildes que sustentam a cidade: os “criados” de “Um
Bairro Moderno”, ou os “caixeiros” de “O Sentimento Ocidental”. Transfigurando o que
vê (subjetividade), capta ainda aquelas personagens duvidosas (“actrizita” de
“Cristalizações”) que, tal como a cidade, tentam esconder a sua condição.
Para Cesário ver é perceber o que se esconde, por isso, perceciona a cidade
minuciosamente através dos sentidos. O poeta projeta no exterior o seu interior,
nascendo, assim, a poesia do real, que lhe permite rever-se nas coisas, de modo a atingir
o equilíbrio, pela fixação fugaz da realidade, à maneira dos impressionistas.
A Imagética Feminina
Deambulando pela cidade e pelo campo, o poeta depara com dois tipos de mulher,
articulados com os locais em que se movimenta.
Assim, tal como a cidade se associa à morte, à destruição, à falsidade, também a mulher
citadina é apresentada como frígida, frívola, aristocrática, inacessível, luxuosa,
calculista, madura, destrutiva, dominadora e sem sentimentos. O erotismo desta mulher
é expresso em imagens antitéticas que permitem opô-las à mulher campesina, capaz de
fazer despoletar um amor puro. O erotismo da mulher fatal é humilhante, conseguindo
reduzir o amante à condição de presa fácil (“Vaidosa” e “Deslumbramentos”).
Em contraste, surge uma mulher frágil, terna, ingénua, pura, despretensiosa, que
desperta no poeta o desejo de protege-la e estima-la, ao contrário da admiração
longínqua que tem pela mulher citadina. Os seus atos são ingénuos e é uma mulher
capaz de ofertar o amor e a vida inerentes aos espaços rurais.
Podemos ainda distinguir a dicotomia mulher fatal/mulher angelical, associadas,
respetivamente, à noite e ao dia, À doença e À saúde, À cidade e ao campo, à morte e à
vida…
Binómio Cidade/Campo
Em termos dicotómicos, Cesário Verde trata de dois espaços ao longo da sua obra: a
cidade e o campo.
O campo apresentado não tem um aspeto idílico bem como não aparece associado ao
bucolismo e ao devaneio poético, mas é um espaço real, onde pode observar-se os
camponeses na sua lide diária, onde as alegrias se manifestam face ao prazer da vida e
onde as tristezas ocorrem quando os acontecimentos não seguem o curso normal. É o
dia a dia concreto, autêntico e real, de eleição do poeta. Ele associa o campo à vida, à
fertilidade, à vitalidade, ao rejuvenescimento porque nele não há a miséria
constrangedora, o sofrimento, a poluição, os exploradores e os ricos pretensiosos que
desprezam os humildes, típicos da cidade.
O campo confere-lhe liberdade, a cidade empareda-o, incomoda-o tal como incomoda
os trabalhadores que aí procuram encontrar melhores condições de vida. Por se
depararem com enormes dificuldades e injustiças, os pobres são os ricos aos olhos de
Cesário Verde. Há um tom irónico quando fala dos citadinos (“De Tarde”, “O
Sentimento dum Ocidental” e “Nós”) e um tom eufórico quando, por exemplo, fala dos
passeios campestres com a sua amada, sendo a terra-mãe a fonte inspiradora do poeta. A
cidade á o lugar de atracão, moda, luxo, cosmopolitismo, que repulsa pela doença,
corrupção e aprisionamento da dor humana.
Questão Social
O poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, dos injustiçados, dos marginalizados
(povo) e admira a força física, a pujança dos trabalhadores. Interessa-se pelo conflito
social do campo e da cidade, procurando documentá-lo e analisá-lo, embora sem
interferir. Cesário Verde focaliza, ainda, a anatomia do homem oprimido pela cidade e a
integração da realidade banal no mundo poético (“Contrariedades”, “Num bairro
moderno” e “O Sentimento dum Ocidental”).
Assim, a sua poesia tem uma intenção critica, de análise social, comovendo-se com os
trabalhadores, com quem é solidário, e experimentando um grande sentimento de
decadência.
Deambulação
Cesário Verde é um poeta-pintor que capta as impressões da realidade que o cerca com
uma grande objetividade. É realista, atento a pormenores mínimos que servem para
transmitir as perceções sensoriais. Da cidade de Lisboa, por onde deambula, descreve as
ruas soturnas e melancólicas, com sombras e bulício, e absorve-lhes a melancolia, a
monotonia, o “desejo absurdo de sofrer”. Do campo, canta a vida rústica, de canseiras, a
sua vitalidade e saúde.
Linguagem e Estilo
-Exatidão vocabular
-Imagens visuais
-Mistura do físico com o moral
-Combinação de sensações
-Recursos estilísticos que procuram a captação do real: sinestesias (“Amareladamente,
os cães parecem lobos”), dupla adjetivação, hepálages (“Um cheiro salutar a pão no
forno”), comparações, metáforas, transporte nas quadras
-Uso de prosaísmos (“Em imposturas tolas”)
-Estrofe breve e regular, com teor descritivo – Quadra
-Versos decassilábicos ou alexandrinos (12 sílabas), longos
-Construções impessoais (“Uma alvura de sai branca moveu-se no escuro”)
Temáticas
• Imaginética feminina;
• Sentimento da humilhação ligado ao erotismo da “mulher fatal”;
• Binómio cidade/campo;
• Poetização do real;
• Questão social associada ao realismo e naturalismo;
• Movimento deambulatório do poeta pelas ruas da cidade;
Recursos de Estilo
-Sinestesia: Fusão de perceções provenientes de diferentes sentidos
-Adjetivação:
-Metáfora:
-Assindeto: Supressão dos elementos de ligação entre palavras ou frases sucessivas
-Personificação
-Antítese
-Ironia
-Hipálage: Consiste em tranferir uma qualidade ou ação de um elemento da frase para
outro, por exemplo, do sujeito para o objeto
-Apóstrofe: Consiste nnterpelação a alguém, ou a alguma coisa personificada
-Comparação
-Hipérbole
-Perífrase: Consiste em dizer por várias palavras o que poderia ser dito por algumas ou
apenas uma
-Anáfora: Repetição da mesma palavra
-Enumeração
Estrangeirismos:
-Inglês (Anglicismo)
-Francês (Galicismo)
Temáticas
• Imaginética feminina;
• Sentimento da humilhação ligado ao erotismo da “mulher fatal”;
• Binómio cidade/campo;
• Poetização do real;
• Questão social associada ao realismo e naturalismo;
• Movimento deambulatório do poeta pelas ruas da cidade;
Recursos de Estilo
-Sinestesia: Fusão de perceções provenientes de diferentes sentidos
-Adjetivação:
-Metáfora:
-Assindeto: Supressão dos elementos de ligação entre palavras ou frases sucessivas
-Personificação
-Antítese
-Ironia
-Hipálage: Consiste em tranferir uma qualidade ou ação de um elemento da frase para
outro, por exemplo, do sujeito para o objeto
-Apóstrofe: Consiste nnterpelação a alguém, ou a alguma coisa personificada
-Comparação
-Hipérbole
-Perífrase: Consiste em dizer por várias palavras o que poderia ser dito por algumas ou
apenas uma
-Anáfora: Repetição da mesma palavra
-Enumeração
Estrangeirismos:
-Inglês (Anglicismo)
-Francês (Galicismo)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (20)

Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...
 
Introdução a Literatura
Introdução a LiteraturaIntrodução a Literatura
Introdução a Literatura
 
Cesário Verde
Cesário Verde Cesário Verde
Cesário Verde
 
Cesário Verde
Cesário VerdeCesário Verde
Cesário Verde
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 
Ao Gás, de Cesário Verde
Ao Gás, de Cesário VerdeAo Gás, de Cesário Verde
Ao Gás, de Cesário Verde
 
A poesia lírica de luís vaz de camões
A poesia lírica de luís vaz de camõesA poesia lírica de luís vaz de camões
A poesia lírica de luís vaz de camões
 
Cesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoCesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-Sistematização
 
Cesário Verde
Cesário VerdeCesário Verde
Cesário Verde
 
Arcadismo
Arcadismo Arcadismo
Arcadismo
 
Folhas caídas características gerais da obra
Folhas caídas  características gerais da obraFolhas caídas  características gerais da obra
Folhas caídas características gerais da obra
 
Análise o primo basílio
Análise   o primo basílioAnálise   o primo basílio
Análise o primo basílio
 
Temáticas de Cesário verde
Temáticas de Cesário verdeTemáticas de Cesário verde
Temáticas de Cesário verde
 
Nós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário VerdeNós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário Verde
 
Ppt realismo (1)
Ppt realismo (1)Ppt realismo (1)
Ppt realismo (1)
 
Camoes
CamoesCamoes
Camoes
 
A Geração de Orpheu
A Geração de OrpheuA Geração de Orpheu
A Geração de Orpheu
 
Literatura portuguesa barroco
Literatura portuguesa barrocoLiteratura portuguesa barroco
Literatura portuguesa barroco
 
Síntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoaSíntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoa
 
Cesário verde síntese
Cesário verde   sínteseCesário verde   síntese
Cesário verde síntese
 

Semelhante a Cesário Verde e as correntes literárias

Cesario verde
Cesario verdeCesario verde
Cesario verdecnlx
 
Ficha informativa sobre Cesário Verde
Ficha informativa sobre Cesário VerdeFicha informativa sobre Cesário Verde
Ficha informativa sobre Cesário Verdecomplementoindirecto
 
CESARIO VERDE.pdf
CESARIO VERDE.pdfCESARIO VERDE.pdf
CESARIO VERDE.pdfmaria356811
 
Síntese da unidade 6-Mensagens11-Cesário Verde.ppt
Síntese da unidade 6-Mensagens11-Cesário Verde.pptSíntese da unidade 6-Mensagens11-Cesário Verde.ppt
Síntese da unidade 6-Mensagens11-Cesário Verde.pptSANDRAMARLENEBARBOSA1
 
Cesário Verde - Contextualização
Cesário Verde - ContextualizaçãoCesário Verde - Contextualização
Cesário Verde - Contextualizaçãosin3stesia
 
valor aspetual antónio alves
valor aspetual antónio alvesvalor aspetual antónio alves
valor aspetual antónio alvesmiovi
 
"O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Retoma de Conteúdos
"O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Retoma de Conteúdos "O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Retoma de Conteúdos
"O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Retoma de Conteúdos Catarina Castro
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
RomantismoDior FG
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
RomantismoDior FG
 
Revisão de literatura
Revisão de literaturaRevisão de literatura
Revisão de literaturaCrisBiagio
 

Semelhante a Cesário Verde e as correntes literárias (20)

Cesario verde
Cesario verdeCesario verde
Cesario verde
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 
cesarioverde.doc
cesarioverde.doccesarioverde.doc
cesarioverde.doc
 
Cesarioverde
CesarioverdeCesarioverde
Cesarioverde
 
Ficha informativa sobre Cesário Verde
Ficha informativa sobre Cesário VerdeFicha informativa sobre Cesário Verde
Ficha informativa sobre Cesário Verde
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 
CESARIO VERDE.pdf
CESARIO VERDE.pdfCESARIO VERDE.pdf
CESARIO VERDE.pdf
 
Síntese da unidade 6-Mensagens11-Cesário Verde.ppt
Síntese da unidade 6-Mensagens11-Cesário Verde.pptSíntese da unidade 6-Mensagens11-Cesário Verde.ppt
Síntese da unidade 6-Mensagens11-Cesário Verde.ppt
 
Realismo em Portugal
Realismo em PortugalRealismo em Portugal
Realismo em Portugal
 
Cesário Verde - Contextualização
Cesário Verde - ContextualizaçãoCesário Verde - Contextualização
Cesário Verde - Contextualização
 
valor aspetual antónio alves
valor aspetual antónio alvesvalor aspetual antónio alves
valor aspetual antónio alves
 
"O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Retoma de Conteúdos
"O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Retoma de Conteúdos "O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Retoma de Conteúdos
"O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Retoma de Conteúdos
 
Cesário Verde
Cesário Verde Cesário Verde
Cesário Verde
 
Revisoes sobre-cesario-verde
Revisoes sobre-cesario-verdeRevisoes sobre-cesario-verde
Revisoes sobre-cesario-verde
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Revisão de literatura
Revisão de literaturaRevisão de literatura
Revisão de literatura
 
Vanguardas europeias ii
Vanguardas europeias iiVanguardas europeias ii
Vanguardas europeias ii
 
ARCADISMO.ppt
ARCADISMO.pptARCADISMO.ppt
ARCADISMO.ppt
 

Mais de Cristina Lourenço

Mais de Cristina Lourenço (10)

Sara Manuela Cunha Teixeira Livros.pdf
Sara Manuela Cunha Teixeira Livros.pdfSara Manuela Cunha Teixeira Livros.pdf
Sara Manuela Cunha Teixeira Livros.pdf
 
Anexo A - PI Ana Rita Moreira 2012327.pdf
Anexo A - PI Ana Rita Moreira 2012327.pdfAnexo A - PI Ana Rita Moreira 2012327.pdf
Anexo A - PI Ana Rita Moreira 2012327.pdf
 
ATIVIDADES-REMOTAS-1o-ANO-19-06-2020.pdf
ATIVIDADES-REMOTAS-1o-ANO-19-06-2020.pdfATIVIDADES-REMOTAS-1o-ANO-19-06-2020.pdf
ATIVIDADES-REMOTAS-1o-ANO-19-06-2020.pdf
 
A CRIATIVIDADE - seminario.pdf
A CRIATIVIDADE - seminario.pdfA CRIATIVIDADE - seminario.pdf
A CRIATIVIDADE - seminario.pdf
 
A minha família e a minha escola.pdf
A minha família e a minha escola.pdfA minha família e a minha escola.pdf
A minha família e a minha escola.pdf
 
SNIPI PPT (2).pptx
SNIPI PPT (2).pptxSNIPI PPT (2).pptx
SNIPI PPT (2).pptx
 
1_ava_jan_em.pdf
1_ava_jan_em.pdf1_ava_jan_em.pdf
1_ava_jan_em.pdf
 
Resumo do-sermao-de-santo-antonio-aos-peixes
Resumo do-sermao-de-santo-antonio-aos-peixesResumo do-sermao-de-santo-antonio-aos-peixes
Resumo do-sermao-de-santo-antonio-aos-peixes
 
Carta informal
Carta informalCarta informal
Carta informal
 
Pamplona
PamplonaPamplona
Pamplona
 

Último

Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxkellyneamaral
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxLusGlissonGud
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 

Último (20)

Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 

Cesário Verde e as correntes literárias

  • 1. Cesário Verde Correntes Literárias Romantismo: -apoteose do sentimento -poeta como génio -influência da paisagem no estado de espírito Alguns poemas: Deslumbramentos Realismo: -Negação da emoção romântica e da arte pela arte -Análise do real com o fito da verdade absoluta -Crítica do homem -Condenação do que houver de mau na sociedade -Noção de justo em substituição do conceito de belo Alguns poemas: Cristalizações, contrariedades, nós, num bairro moderno, o sentimento dum ocidental. Parnasianismo: -“Arte pela arte” antirromântica -Culto da beleza -Elitismo formal -Poeta como espectador da harmonia do que pode observar no quotidiano Alguns poemas: Cristalizações, contrariedades, o sentimento dum ocidental, de tarde Naturalismo: -Acentua as características cientificas do realismo -Obra como meio de demonstração de testes cientificas -Implica uma posição combativa, de análise dos problemas da decadência social, depravação de usos e costumes, preocupação por aspetos patológicos, desvios de comportamentos Alguns poemas: Contrariedades Simbolismo: -Gosto pelo mistério -Culto do eu -Poeta vidente = Visão especial -Poesia capaz de abrir as portas do inconsciente -Rutura das fronteiras entre o sonho e a realidade -Preocupações formais -Arte da sugestão -Palavras maiusculadas -Contra o realismo Alguns poemas: Num bairro moderno, Nós)
  • 2. Surrealismo: -Mecanismo de associação de ideias e funcionamento do inconsciente -Escrita automática -Gosto pelo insólito -Emancipação das barreiras formais (desobediência às regras sintáticas e semânticas) Alguns poemas: Num bairro moderno, O Sentimento dum Ocidental Modernismo: -Literatura enquanto linguagem -Aliança entre literatura e artes plásticas -Relacionamento entre autor e obra: Transposição e fingimento expressão da vivência -Tendência para a dispersão -Fragmento do eu Alguns poemas: Noite fechada, num bairro moderno, o sentimento dum Ocidental, Nós Neorrealismo: -Função educativa da literatura -Denúncia das injustiças que vitimam mais desfavorecidos -Obra politicamente exemplar -Recurso à alegoria -Povo com personagem Alguns poemas: Cristalizações, Nós Contextualização No período em que viveu Cesário Verde (1855 - 1866), Portugal estava em profunda transformação. Ele pertenceu à época literária do romantismo (2ª metade do século XIX), do período realista. A população duplicara e chegavam milhares de pessoas do campo às cidades, que agora se alargavam. A indústria era ainda diminuta, por isso os aspetos campesinos impunham-se nos arredores da cidade. Algumas modernizações tinham já sido implantadas em Lisboa: candeeiros a gás e caminho de ferro. Nos bairros mais velhos não havia higiene, abundando os parasitas. A tuberculose e a cólera reinavam. A água, recentemente canalizada, chegava a muito poucas casas. A diferente entre ricos e pobres era acentuada. Os operários tinham salários ridículos, o que os obrigava quase a passar fome. Os trabalhadores não tinham segurança. As tuberculoses e as pneumonias eram muitas e a taxa de mortalidade era elevada. Na Europa aconteciam grandes descobertas científicas e era o tempo do Impressionismo na arte e do Romantismo e Realismo na literatura.
  • 3. Poetização do Real (Objetividade/subjetividade) e Quotidiano na Poesia No tempo de Cesário Verde, Lisboa era uma cidade de contrastes. Ele retratou-a realçando a arquitetura antiga e os bairros modernos da nova burguesia. É na captação objetiva do real que surge a outra face da realidade lisboeta: a dos trabalhadores que denunciam a sua origem campesina. Ao deambular, o sujeito poético denuncia o lado oposto ao da grandeza, focando lugares pobres e nauseabundos, dos humildes que sustentam a cidade: os “criados” de “Um Bairro Moderno”, ou os “caixeiros” de “O Sentimento Ocidental”. Transfigurando o que vê (subjetividade), capta ainda aquelas personagens duvidosas (“actrizita” de “Cristalizações”) que, tal como a cidade, tentam esconder a sua condição. Para Cesário ver é perceber o que se esconde, por isso, perceciona a cidade minuciosamente através dos sentidos. O poeta projeta no exterior o seu interior, nascendo, assim, a poesia do real, que lhe permite rever-se nas coisas, de modo a atingir o equilíbrio, pela fixação fugaz da realidade, à maneira dos impressionistas. A Imagética Feminina Deambulando pela cidade e pelo campo, o poeta depara com dois tipos de mulher, articulados com os locais em que se movimenta. Assim, tal como a cidade se associa à morte, à destruição, à falsidade, também a mulher citadina é apresentada como frígida, frívola, aristocrática, inacessível, luxuosa, calculista, madura, destrutiva, dominadora e sem sentimentos. O erotismo desta mulher é expresso em imagens antitéticas que permitem opô-las à mulher campesina, capaz de fazer despoletar um amor puro. O erotismo da mulher fatal é humilhante, conseguindo reduzir o amante à condição de presa fácil (“Vaidosa” e “Deslumbramentos”). Em contraste, surge uma mulher frágil, terna, ingénua, pura, despretensiosa, que desperta no poeta o desejo de protege-la e estima-la, ao contrário da admiração longínqua que tem pela mulher citadina. Os seus atos são ingénuos e é uma mulher capaz de ofertar o amor e a vida inerentes aos espaços rurais. Podemos ainda distinguir a dicotomia mulher fatal/mulher angelical, associadas, respetivamente, à noite e ao dia, À doença e À saúde, À cidade e ao campo, à morte e à vida… Binómio Cidade/Campo Em termos dicotómicos, Cesário Verde trata de dois espaços ao longo da sua obra: a cidade e o campo. O campo apresentado não tem um aspeto idílico bem como não aparece associado ao bucolismo e ao devaneio poético, mas é um espaço real, onde pode observar-se os camponeses na sua lide diária, onde as alegrias se manifestam face ao prazer da vida e onde as tristezas ocorrem quando os acontecimentos não seguem o curso normal. É o dia a dia concreto, autêntico e real, de eleição do poeta. Ele associa o campo à vida, à fertilidade, à vitalidade, ao rejuvenescimento porque nele não há a miséria
  • 4. constrangedora, o sofrimento, a poluição, os exploradores e os ricos pretensiosos que desprezam os humildes, típicos da cidade. O campo confere-lhe liberdade, a cidade empareda-o, incomoda-o tal como incomoda os trabalhadores que aí procuram encontrar melhores condições de vida. Por se depararem com enormes dificuldades e injustiças, os pobres são os ricos aos olhos de Cesário Verde. Há um tom irónico quando fala dos citadinos (“De Tarde”, “O Sentimento dum Ocidental” e “Nós”) e um tom eufórico quando, por exemplo, fala dos passeios campestres com a sua amada, sendo a terra-mãe a fonte inspiradora do poeta. A cidade á o lugar de atracão, moda, luxo, cosmopolitismo, que repulsa pela doença, corrupção e aprisionamento da dor humana. Questão Social O poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, dos injustiçados, dos marginalizados (povo) e admira a força física, a pujança dos trabalhadores. Interessa-se pelo conflito social do campo e da cidade, procurando documentá-lo e analisá-lo, embora sem interferir. Cesário Verde focaliza, ainda, a anatomia do homem oprimido pela cidade e a integração da realidade banal no mundo poético (“Contrariedades”, “Num bairro moderno” e “O Sentimento dum Ocidental”). Assim, a sua poesia tem uma intenção critica, de análise social, comovendo-se com os trabalhadores, com quem é solidário, e experimentando um grande sentimento de decadência. Deambulação Cesário Verde é um poeta-pintor que capta as impressões da realidade que o cerca com uma grande objetividade. É realista, atento a pormenores mínimos que servem para transmitir as perceções sensoriais. Da cidade de Lisboa, por onde deambula, descreve as ruas soturnas e melancólicas, com sombras e bulício, e absorve-lhes a melancolia, a monotonia, o “desejo absurdo de sofrer”. Do campo, canta a vida rústica, de canseiras, a sua vitalidade e saúde. Linguagem e Estilo -Exatidão vocabular -Imagens visuais -Mistura do físico com o moral -Combinação de sensações -Recursos estilísticos que procuram a captação do real: sinestesias (“Amareladamente, os cães parecem lobos”), dupla adjetivação, hepálages (“Um cheiro salutar a pão no forno”), comparações, metáforas, transporte nas quadras -Uso de prosaísmos (“Em imposturas tolas”) -Estrofe breve e regular, com teor descritivo – Quadra -Versos decassilábicos ou alexandrinos (12 sílabas), longos -Construções impessoais (“Uma alvura de sai branca moveu-se no escuro”)
  • 5. Temáticas • Imaginética feminina; • Sentimento da humilhação ligado ao erotismo da “mulher fatal”; • Binómio cidade/campo; • Poetização do real; • Questão social associada ao realismo e naturalismo; • Movimento deambulatório do poeta pelas ruas da cidade; Recursos de Estilo -Sinestesia: Fusão de perceções provenientes de diferentes sentidos -Adjetivação: -Metáfora: -Assindeto: Supressão dos elementos de ligação entre palavras ou frases sucessivas -Personificação -Antítese -Ironia -Hipálage: Consiste em tranferir uma qualidade ou ação de um elemento da frase para outro, por exemplo, do sujeito para o objeto -Apóstrofe: Consiste nnterpelação a alguém, ou a alguma coisa personificada -Comparação -Hipérbole -Perífrase: Consiste em dizer por várias palavras o que poderia ser dito por algumas ou apenas uma -Anáfora: Repetição da mesma palavra -Enumeração Estrangeirismos: -Inglês (Anglicismo) -Francês (Galicismo)
  • 6. Temáticas • Imaginética feminina; • Sentimento da humilhação ligado ao erotismo da “mulher fatal”; • Binómio cidade/campo; • Poetização do real; • Questão social associada ao realismo e naturalismo; • Movimento deambulatório do poeta pelas ruas da cidade; Recursos de Estilo -Sinestesia: Fusão de perceções provenientes de diferentes sentidos -Adjetivação: -Metáfora: -Assindeto: Supressão dos elementos de ligação entre palavras ou frases sucessivas -Personificação -Antítese -Ironia -Hipálage: Consiste em tranferir uma qualidade ou ação de um elemento da frase para outro, por exemplo, do sujeito para o objeto -Apóstrofe: Consiste nnterpelação a alguém, ou a alguma coisa personificada -Comparação -Hipérbole -Perífrase: Consiste em dizer por várias palavras o que poderia ser dito por algumas ou apenas uma -Anáfora: Repetição da mesma palavra -Enumeração Estrangeirismos: -Inglês (Anglicismo) -Francês (Galicismo)