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DIEGO GOMES CAMILO
NOVO DESAFIO DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL: Uma
releitura da missão integral na vida do indivíduo como parte
integrante da igreja de Cristo.
Londrina
2015
DIEGO GOMES CAMILO
NOVO DESAFIO DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL: Uma
releitura da missão integral na vida do indivíduo como parte
integrante da igreja de Cristo.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito final no curso
de Validação de Créditos e Diplomas –
VCD para obtenção do grau de Bacharel
em Teologia, da Faculdade Teológica Sul
Americana.
Orientador: Prof. Dr. William Lacy Lane
Londrina
2015
DEDICATÓRIA
Aos meus familiares, pais Antonio Camilo e Francicléia Camilo
e irmã Vitória Camilo que me instruíram nos caminhos do
evangelho e contribuem para minha vida Cristã.
A minha Igreja (Primeira Igreja Batista de Redenção-PA),
comunidade que é um porto seguro ao meu coração.
Ao meu pastor Domiciano Alves, referência, professor,
conselheiro, amigo e exemplo ministerial.
Agradeço de coração:
A Deus, pela graça, misericórdia, sabedoria, força e amparo.
Aos meus pais, pelas horas de compreensão, por tolerância de
minha ausência e pelo apoio tão fundamental desde o meu
primeiro dia de vida.
Ao professor William Lacy Lane, meu orientador, por
compartilhar comigo seu conhecimento e pela paciência nos
momentos de orientação.
À minha Igreja, por me apoiar em tudo.
Ao meu amigo e pastor Domiciano Alves que me trouxe
esperança sobre o ministério pastoral e foi instrumentos para
reavivar a chamada em meu coração.
“Pois estou convencido de que nem morte nem
vida, nem anjos nem demônios, nem o
presente nem o futuro, nem quaisquer
poderes, nem altura nem profundidade, nem
qualquer outra coisa na criação será capaz de
nos separar do amor de Deus que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Romanos 8: 38-39
SUMÁRIO
Introdução ............................................................................................................ 06
1. Breve histórico das origens e contexto da Missão Integral............................... 08
2. Novo desafio à missão Integral: Releitura........................................................ 14
3. Vivenciando o novo desafio: Fazer Integral x Ser Integral. .............................. 18
Conclusão ............................................................................................................ 21
Referências .......................................................................................................... 23
6
Introdução
A MI (Missão Integral) apresenta em seu conceito básico uma diferenciação
conceitual importante em relação a outras tantas teorias teológicas. Enquanto as
concepções da Teologia estão profundamente mergulhadas em debater conceitos
metafísicos e até titulações ideológicas, a MI está fundamentada na práxis
eclesiológica histórica da igreja e na congruência dos principais conceitos a fim de
iniciar uma discussão voltada ao prisma teórico-prático da confissão de fé cristã. É
importante ressaltar que a missão tem um viés missional, porém não se reduzindo a
missão transcultural, tem propósito de propulsionar a atitude de uma experiência
religiosa muito mais inteira em Cristo de acordo com as escrituras.
Esta pesquisa tem como propósito apresentar o significado de Missão
Integral, e discutir seu contexto eclesiológico, social e antropológico, não
necessariamente em uma análise sistemática, mas contextualizando toda a
amplitude que está inserida na ótica adotada pela teologia da integralização da
missão em sua análise da vida cristã refletida na sociedade como igreja e através
das denominações. Objetiva-se discorrer sobre uma releitura e os novos desafios da
missão integral, que no seu contexto de responsabilidade social tem alcançado
ótimos resultados e alçada voos maiores do que os atuais, mas esse novo desafio
de desinstitucionalizar a vivencia prática da missão integral, passando assim a algo
mais aprofundado e intrínseco de cada indivíduo da igreja de Cristo espalhando
equidade e amor.
A escolha do tema justifica-se através da importância da missão integral
para a igreja brasileira e o intenso crescimento dessa teologia prática no contexto da
igreja do Brasil e de toda Sul América, também pela importância do tema e
amplitude em sua aplicação dentro da vida prática eclesiástica e vida do cristão. A
importância do debate sobre missão integral representa um desafio para a igreja
contemporânea, no tocante a responsabilidade social, estabelecimento do reino de
Deus e cumprimento do “ide”. Deve-se observar a práxis que está em atividade no
nosso cotidiano e contexto, indo ainda além, é importante observar nesta discussão
a ótica mais intimista da MI (Missão Integral) que é observar por um prisma pessoal
qual a atividade vivenciada ou não pelo indivíduo como parte integrante da igreja de
Cristo.
7
Pretende-se verificar a possibilidade e como uma igreja partindo de um
membro formador que é um indivíduo, possa viver a missão integral em seus novos
desafios implícitos e explícitos na sociedade contemporânea, em todos os níveis da
sociedade. Partindo do pressuposto da prática cotidiana e da integralidade de Cristo
tomando por completo os caminhos da vida desse membro formador e
consequentemente da própria igreja. Também se propõe a verificar e apresentar o
atual quadro da MI (Missão Integral) no tocante aos resultados alcançados mediante
as discussões e práticas impressas na sociedade, em níveis antropológico e
sociológico.
Sobre a base teórica utilizada na pesquisa foram consultados variados
autores que contribuíram ou contribuem na construção dos pensamentos sobre a
missão integral, pesquisando, interpretando e compreendendo os textos, artigos
científicos, teses, livros, artigos eletrônicos. Este trabalho tem em sua composição
três capítulos. O primeiro traz em seu conteúdo informações históricas sobre o
surgimento da Missão Integral, abordando de uma forma breve e direta com o
objetivo de demonstrar todo o processo de formação da MI dentro do processo
histórico. Apresentar o contexto contemporâneo em que se encontra a MI
relacionando ao cenário social atual e o conceito da missão, estabelecendo um
novo desafio, a releitura de sua definição para a contemporaneidade. O segundo
capítulo levanta o debate de como vivenciar esse novo desafio, de ampliação da
visão e desvinculados do fazer especificamente ao pobre, mas vivenciando um
evangelho integral, assim como a proposta de Lausanne (1974) era posta.
Perpassando o seu conceito original até o que encontramos hoje, evidenciando que
a missão integral só pode ser vivida em comunidade a partir de um prisma individual
para que posteriormente possa alcançar toda a comunidade e sociedade. O terceiro
ponto apresenta propostas que viabilizem a realização e consumação nos novos
desafios mencionados no ponto anterior, levando assim a uma concepção ainda
mais profunda e impactante no tocante a sociedade.
Essa leitura tem o intuito de ser útil na construção do pensar teológico sobre
o que contribua para a evolução do conceito e da práxis ligada a Missão Integral, em
cada comunidade, em cada indivíduo, que a sociedade seja atingida pelo evangelho
em sua plenitude, que o reino seja apresentado para aqueles que o tem por
desconhecido, que seja uma lanterna em meio a escuridão.
8
1. Breve histórico das origens e contexto da Missão
Integral.
Ao longo de uma análise e consulta bibliográfica observa-se que o Século
XX foi um período de intensa discussão sobre diversos temas, dentre eles destaca-
se evangelismo e responsabilidade social, esse debate desenvolveu-se através de
vários pontos de vista ou por muitos autores diferentes que sempre chegavam a
pontos em comum: a missão da igreja na sociedade, diálogo inter-religioso, justiça e
paz, serviço dentre outros. A MI (Missão Integral) na América Latina tem em sua
proposta algo condizente ao seu título MI, que se contempla na ideia do
cumprimento do ide, da missão, de forma inteira e holística, abrangendo todas as
áreas do ser, tanto biológica, quanto psicológica e sociológica. A ação da missão
integral deve então atingir o ponto de que “promova transformação espiritual e social
na sua comunidade” (PADILLA, 2003:13).
Tantos debates e discussões desencadearam muitas reuniões e
conferências, dentre esses, o marcante Congresso Internacional de Evangelização
Mundial (Lausanne, 1974). Que teve como tema “Para que o mundo ouça a Sua
(Deus) voz”, reuniu 2473 participantes e 1000 observadores de 150 países e 135
denominações protestantes. Ao final desse congresso foi redigido o Pacto de
Lausanne este desde então tem sido referência primordial para a construção
conceitual da MI (Missão Integral).
A revista Time descreveu o Congresso de Lausanne como “um foro
formidável, possivelmente a reunião mais global já realizada pelos cristãos”.
O jornalista que escreveu estas linhas provavelmente tinha em mente que
esse Congresso havia reunido 2.473 “participantes e cerca de 1.000
observadores de 150 países e 135 denominações protestantes”. Mais
importante que isso, no entanto, foi o impacto do Congresso em todo
mundo. Nas palavras do evangelista Leighton Ford, “se houve um momento
da história em que os evangélicos se colocaram em dia com a época,
seguramente este momento de ter sido em julho de 1974”. Lausanne
explodiu como uma bomba. Foi um despertar para todos os que
participaram e para milhares de cristãos em muitos países que leram a
respeito (PADILLA, 2005:9)
9
A partir do pacto abriu-se um diálogo com setores da sociologia e da
Teologia da Libertação, porém o Pacto fundamentou-se muito mais em tratar de
fundamentações conceituais cristãos como:
O propósito de Deus, a autoridade e o poder da Bíblia, a unidade e
universalismo de Cristo, a natureza da evangelização, a responsabilidade
social cristã, a igreja e o evangelismo, cooperação, esforço conjugado de
igrejas, a urgência da tarefa, evangelização e cultura, educação e liderança,
conflito espiritual, liberdade e perseguição, o poder do Espírito Santo, o
retorno de Cristo (STOTT, 1984),
Dando norte para uma consciência evangélica saudável em todo mundo. O
pacto mostrou o caminho a ser seguido em meio a um pseudoevangelho que estava
sendo difundido no qual conceituava a missão cristã de forma reducionista e pobre,
reafirmou o engajamento da igreja em ações sociais em prol dos mais carentes e o
envolvimento a ponto de lutar por mudanças na estruturação social. Como já fora
dito em Lausanne foi evidenciado o posicionamento evangélico, demonstrando a
centralidade de Cristo, a infabilidade Bíblica no que diz respeito ao tema principal e a
necessidade da evangelização, ou seja, o cumprimento do papel cristão. Um ponto
importante que foi abordado no pacto foi o esclarecimento sobre a teologia da
missão indo além de conceitos tradicionais clareando a obscuridade que cercava a
missão da igreja, foi demonstrado que o evangelismo é uma prática inseparável da
responsabilidade social, do discipulado “vida na vida” e da renovação da igreja. O
pacto não atingiu seu objetivo no tocante a práxis, se tornou uma normatização, um
norte conceitual, referencial teórico de fato, Padilla relata sua decepção:
Alguns do que vimos o nascimento do movimento de Lausanne nos primeiro
anos da década de 1970 esperávamos que o Pacto de Lausanne se
constituísse num lugar de encontro para cristãos preocupados com a visão
integral da igreja. É triste dizê-lo, porém essa esperança se viu defraudada
por desenvolvimentos posteriores por meio dos quais o movimento, não em
teoria, mas em prática, abandonou o conceito de MI esboçado no Pacto. Um
grupo influente (principalmente norte-americano) dentro do Comitê Lausanne
conseguiu modos para conduzir o movimento de volta a uma posição que, no
“matrimônio”. (PADILLA, 1990:69)
O pacto mostrou-se ineficaz no sentido prático, haja vista a necessidade
urgente da região Latina de uma intervenção cristã na sociedade devida os
momentos de lutas e enfrentamentos sociais no sentido político, econômico e
10
antropológico, frustrando assim teólogos Latino Americanos como René Padilla,
porém notabilizou-se para sempre como um marco histórico e referencial para os
cristãos em muitos contextos, como: fundamentos da fé cristã, correlação entre o
cristão e a sociedade, entre o cristão e a cultura, no intervalo do Pacto na Suíça, em
1974, e o Pacto, nas Filipinas, em 1989, houve uma aumento no distanciamento de
lideranças teológicas latino-americanas e teólogos do Primeiro Mundo; fica claro que
a Missão Integral teve conotações diferentes em cada continente variando de acordo
com o contexto social vivido, ou seja, a realidade de cada região.
A frustração dos teólogos sul americanos em relação ao fruto prático dos
Pactos de Laussane I e II e a dissidência entre as opiniões com os teólogos norte
americanos, gerou uma articulação de uma nova forma de pensar a partir dos bons
conceitos firmados em Lausanne I, principalmente. Robinson Cavalcanti outro
expoente importante da MI na América do sul diz que “Lamentavelmente, o
exclusivismo arrogante, estreito, intolerante e repressor que hoje infelicita o nosso
protestantismo veda o livre exame, a diferença, a diversidade, a inclusividade.”
(CAVALCANTI, 2003:49). Claramente Cavalcanti demonstra sua insatisfação com a
chamada intolerância e resistência dos teólogos norte americanos que poderiam ter
papel de grande valia na precursão da Missão Integral.
Os Congressos Latino-Americanos de Evangelização (CLADE’s)
contribuíram de forma direta para a formação conceitual e prática da Missão Integral,
partindo de uma reflexão social viva, baseando-se na própria realidade sul
americana de injustiça social, falta de equidade, regimes comunistas e falsas
democracias, esses congressos foram propulsores diretos da M.I devido o Pacto de
Lausanne ter sido algo bem mais abrangente, ou seja, conceituação geral e ter vindo
cronologicamente após os CLADE’s. Falando da origem dos Congressos Latino-
Americanos de Evangelização os chamados CLADE’s, foram promovidos após o
Congresso Munidal de Evangelização, em Berlim (1966), onde foi decidido a
ampliação da discussão com a promoção de congressos continentais, que cada
congresso “regional” discutisse suas especificidades, dessa designação e decisão
nasceu o 1º Congresso (CLADE I), que aconteceu em Bogotá na (Colômbia), com o
tema “Ação em Cristo para um continente em crise”, que aprovaram a Declaração
Evangélica em Bogotá”. As discussões e conceitos criados em Lausanne (1974) não
fora um fim, mas o meio de se iniciar um profundo debate sobre as bases do
contexto organizacional evangélico, a intenção dos (CLADE’s) era gerar um evento
11
que servisse como processo de construção de um pensamento e não meramente
um evento solto sem uma evolução conceitual e prática, após o CLADE I, na
Colômbia, foi realizado o CLADE II (1979), em Lima, Peru, realizado pela importante
Fraternidade Teológica Latino Americana (FTL), é importante citar também o CLADE
III (1992), ocorrido em Quito, no Equador, congresso esse que teve proporções
significativas a nível de representatividade, já no ano de 2000 foi realizado o CLADE
IV novamente em Quito no Equador, este último segue a linha crescente e tem
representatividade ainda maior que todos os outros.
Nossa maior necessidade é um evangelho mais bíblico e uma igreja mais
fiel. Poderemos nos despedir deste congresso com um belo conjunto de
papéis e declarações que serão arquivadas e esquecidas, e com lembrança
de um grande e impressionante encontro de âmbito mundial. Ou poderemos
sair daqui com a convicção de que temos fórmulas mágicas para a
conversão das pessoas. Eu pessoalmente espero em Deus que possamos
sair daqui com uma atitude de arrependimento no que diz respeito à nossa
escravidão ao mundo e ao nosso arrogante triunfalismo, com o senso de
nossa incapacidade de sermos libertos dos grilhões a que estamos atados
e, apesar disso, com grande confiança em Deus, o Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, que “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo
quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a
ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para
todo o sempre". Amém. (PADILLA, 1982, p. 171)
É importante ressaltar que durante determinado período da história da
América Latina, na qual esse continente foi sacudido por revoluções políticas,
ideologias e choques sociais em todos os níveis. Muitos Cristãos acabaram por
aderir a Teologia da Libertação, essa debandada foi e tem sido combatida pela
Fraternidade Teológica Latino-Americana, a qual tem apresentado uma opção que
esteja alinhada biblicamente que é denominada de missão integral. Demonstrando
que as igrejas têm a possibilidade de permanecer firme no tocante a sua declaração
de fé, e ao mesmo tempo, conceber um posicionamento ousado e coerente em
relação aos problemas sociais. Falando sobre os cristãos brasileiros nasce nesse
contexto de forma parecida com toda a América Latina a necessidade em
compreender a missão da Igreja e também quanto às necessidades
socioeconômicas do Brasil. O desafio de compreender a atuação da igreja dá-se
pelo fato de que as escrituras apresentam um Deus expresso nos atos de Jesus
Cristo, um Deus que age, busca a humanidade com compaixão, amor, sempre com
olhar holístico e trazendo a cada indivíduo uma oportunidade de ser dignificado,
Jesus manifestou em seu ministério o interesse incondicional de Deus por cada um
12
de seus filhos, todos os tipos de filhos e de forma integral, ou seja, completa,
enxergando no profundo do ser, suas angústias, medos, saudades, frustrações,
paixões, necessidades. A MI tem uma fundamentação conceitual clara e evidente de
que a evangelização e a ação social não se separam, sendo necessário e primordial
que nesse processo, o evangelho seja pregado de forma verbal e prática,
demonstrando o Reino de Deus e sendo um sinal histórico da chegada de Jesus,
com intuito de trazer libertação, restauração, transformação e cura de toda a
humanidade, através da ação transformadora do Espírito de Deus. É um espelho do
cuidado de Deus para com toda pessoa alcançada, buscando trazer libertação a
todas as pessoas de todo tipo de prisão social, não se tratando de sistematizações e
programa sociais e políticos somente. A intenção da MI vai muito além de padrões
sociais, a missão da igreja tem como norte, a mensagem da salvação e a
convocação para a vivência de um reino desde o momento em que Cristo se faz
Deus na vida desse indivíduo. Além disso, o papel da igreja nesse contexto é
primordial, pois nesse ponto a igreja se torna sinal ao incrédulo.
Se a palavra e obras não andam juntas, tudo o que temos são conversões
deformadas. Palavras sem obras geram apenas crentes teóricos; obras sem
palavra geram apenas crentes sem discernimento.
Uma das razões de sermos um povo tão dividido e tão ambíguo é que
temos entre nós a Igreja da Palavra e a Igreja das Obras. Um dos apelos
fortíssimos no enfrentamento do mundo espiritual, que tem expressão
concreta na história, é a aceitação do desafio de que a Palavra e Obras
precisam andar juntas na nossa prática aqui e agora. Não podemos separar
evangelização e ação social, reflexão teológica e oração por doentes,
hermenêutica técnica de textos e profecia carismática, enfrentamento das
forças sociais e políticas da maldade e enfrentamento individual de
demônios que habitam corações humanos. Não podemos nos esquecer de
que Jesus ‘andou por toda parte fazendo o bem e libertando os oprimidos
do diabo’ (At 10.38). Essa é a receita que de nortear toda ação prática: fazer
o bem (palavra de relacionada com o bem social) e libertar oprimidos
(palavra com conotação carismática, pelo menos no texto). Dessa forma
somos ensinados a entender que as obras a serem feitas têm duas
dimensões: social e espiritual. (D’ ARAUJO 1990, 77-78)
No contexto brasileiro as igrejas estavam e ainda estão, muitas delas, se
preocupadas apenas com a salvação das almas sem se importar muito com as
necessidades básicas da comunidade que a cerca, ou até mesmo de um dos
membros de sua irmandade. A MI traz uma nova proposta, nem tão nova assim,
seria novidade para nosso contexto de um evangelho incompleto ou parcial, mas, na
realidade expressa o retorno às origens e ao que de fato deve ser valorizado, o ser
humano por inteiro e faz um convite ousado, a identificação do cristão com o resto
13
da sociedade, sem que ele perca sua identificação com o Cristo, digo com Jesus e
não com contextos dogmáticos das religiões ou denominações que se dizem cristãs,
essa identificação significa não simplesmente vivenciar superficialmente as
situações que nos rodeiam, mas conhecer a situação e as pessoas envolvidas nesse
determinado contexto e servindo as pessoas, cristãs ou não, sendo espelho dentro
da sociedade, lutando pelo amor, justiça e paz. Deve ser observado que com o
passar dos anos, a MI tomou proporções bem mais abrangentes do que no início,
pelo próprio avanço econômico e social do continente Sul Americano e
principalmente do Brasil, começa a galgar novos desafios e novas dimensões, a
fome ainda presente não é o foco único e central, o chamado apoio ou serviço social
ganha novas conotações e a Missão integral passa a ganhar uma nova dimensão e
compreensão de conceito e prática.
14
2. Novo Desafio à Missão Integral: Releitura.
A MI surgiu em meio a tempos de muita opressão política, social e
econômica, tempos de pobreza extrema, momentos tenebrosos da história, que
foram superados, não por inteiro, mas de uma forma significativa. Missão integral é
retornar às “origens e essencialidades do cristianismo bíblico” (KIVITZ, 2003: p.13).
A missão integral surge de uma necessidade latente da região da Americana Latina,
a necessidade de atos de justiça por parte da igreja cristã em meio a uma realidade
devastadora de pobreza, fome e miséria em todos os âmbitos, eram vivenciados
dias de governos totalitários, e até ditaduras. A partir disso surge um novo desafio,
buscar o entendimento da missão integral nesse novo contexto social vivido pelo
Brasil, não seria a elitização da missão, mas a verdadeira equidade na análise do
tema, assim como em Lausanne (1974) surgiu a oportunidade de um debate prático
sobre a missão integral em relação à necessidade da época, hoje a necessidade é a
ampliação da abrangência do tema ou simplesmente o rebuscar de conceitos não
tão evidenciados que foram pactuados em Lausanne (1974), como a
contextualização da missão em primas, culturais, econômicos, políticos, buscando
em primeiro lugar a integralidade da missão, se a missão é integral não pode e nem
deve ser reduzida a um conceito específica e sim sempre ser repensada com intuito
de ampliação de horizontes.
Trata-se então da redução conceitual e assim naturalmente da diminuição
do campo da práxis evangélica da MI, a pobreza não é mais somente o único e
principal foco da missão integral na contemporaneidade, ao avançar dos tempos
tem adquirido mais espaços pertinentes e com o surgimento de novos desafios tem
ampliado seu campo de ação. Com o avanço econômico do Brasil a miserabilidade
de parte da população tem diminuído gradativamente, ainda não é uma situação
resolvida, porém encaminha-se bem, isso não significa uma abertura para um
possível relaxamento ou desvirtuamento da máxima “evangelização e ação social”,
de forma alguma, mas, abre espaço para um pensar teológico com visão horizontal
ainda mais vasta do que antes.
A palavra missão tem uma conotação de tarefa, de um fazer, com sentido
proselitista, é interessante repensar os caminhos que estão sendo tomados, a
integralidade da missão não é fazer, executar uma tarefa, não pode ser reduzida a
isso, não pode ser definida como uma ação social com ênfase evangelística a fim de
15
aumentar os adeptos da religião e consequentemente aumentar o número de
membros da igreja local, fazer esse reducionismo do termo e da práxis, seria
desvalorizar a abrangência dessa missão tão vasta, seria mais um caminho
religioso, mais uma tática a ser adaptada assim como g12, m12 etc.
Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas
vezes considerado a evangelização e a atividade sociais mutuamente
exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação
com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política
salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sociopolítico
são ambos parte do nosso dever cristão (STOTT, 1982:27)
Definitivamente a MI não é fazer ou ter um projeto social em determinada
comunidade, Lausanne (1974) não apresenta simplesmente uma releitura de como
se fazer missão, mas sim uma cosmovisão de como ser cristão, em contextos
sociais, antropológicos e na vivência humana. Esse novo desafio pode até não ser
tão jovem assim, mas é sim repensar constantemente quem ela é, e fugir de ser
confundida por comparação com a teologia da libertação. Olhando a MI pelo viés
pobre conceitual e pode-se concluir que entregar cestas básicas e dizer “Deus te
abençoe” seria evangelização e serviço social, mas isso é empobrecer o debate.
Essa ação integral deve transcender o fazer e alcançar o campo do ser em sua
totalidade.
O ponto de vista sempre foi de uma visão em comunidade, em tempos que
a igreja era menos institucionalizada, vivemos em uma sociedade egoísta, hoje o
que realmente tem sido evidenciado em canais de televisão, em redes sociais,
definitivamente tem sido o “Eu”. Em tempos de lutas de egos, quedas de braços
constantes é ainda mais difícil estabelecer conceitos comunitários e trabalhar na
construção de uma comunidade auto doadora. Porém na ampliação do debate sobre
a MI observa-se a grande necessidade da abordagem do tema de um ponto de vista
do indivíduo como parte integrante da igreja de Cristo. Não uma observação de fora
pra dentro, mas de dentro pra fora, não observando a comunidade e determinando
os papéis que ela deve executar, mas sim partindo de um pressuposto de que o
indivíduo é a igreja, e a partir dele que essa sociedade egoísta pode tomar rumos
mais humanitários e igualitários.
16
A MI pode ser reduzida por um projeto de serviço ao pobre? Essa releitura
propõe que não, a ideia é que a missão integral sendo unicamente uma proposta ao
pobre é uma traição a abrangência e amplitude do debate de Lausanne (1974), no
momento contemporâneo em que a sociedade vive, de evolução econômica vê-se a
necessidade do repensar conceitual, de que haja uma quebra de barreiras de uma
fundamentação limitadora e possa galgar voos mais altos, sendo integral de fato, e
fiel ao vasto Pacto de Lausanne, atingindo todas as fatias da sociedade, tocando em
todos os quesitos sociais desde o pobre até o rico, desde o relacionamento do
Cristão com a cultura e sociedade. A evangelização e responsabilidade social não
devem e nem podem ser abandonadas nem excluídas do debate, não é essa a
proposta dessa releitura, mas sim de que deve-se ampliar o horizonte, aprofundar a
interpretação e vivência do tema MI.
Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por
nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, o Senhor e
rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a
todos os que se arrependem e crêem. A nossa presença no mundo é
indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de
diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas
a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e
histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a
vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o
convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do
discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-
se a si mesmos, tomarem a sua cruz e identificarem-se com a sua nova
comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo,
o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo. (Pacto de
Lausanne, 2004)
Jesus que é nosso padrão foi agente da missão integral de forma explícita,
oferecendo o reino de Deus desde uma mulher samaritana junto ao poço (João 4),
até um rico cobrador de impostos chamado Zaqueu (Lucas 19). Jesus não se limitou
nem aos costumes da época, nem a limitações culturais, nem ao pobre, nem ao rico,
alcançou seres integralmente, enxergando-os por dentro de fora justa, igualitária e
em todas as dimensões, essas foram apenas algumas situações que Cristo se
relacionou e de fato executou a missão de maneira integral. Um indivíduo dotado da
missão integral original, essa que Cristo realizou tem um potencial tremendo em
qualquer contexto em que viva, pois, não está limitado nem preso a conceituações
retrógradas. Que a MI seja um estilo de ser e não simplesmente fazer, que seja uma
prestação de serviço integral a sociedade, em todos os níveis e âmbitos sociais. Que
17
tenhamos a íntima compaixão que havia em Cristo Jesus (Mateus 20,34), ao ver o
necessitado, o faminto, o carente, o milionário de bens materiais, porém miserável
de sentimentos , ao ver o depressivo, ao ver o pobre de espírito, ao conviver com o
faminto sem ignora-lo, que sejamos impactado pela verdade do evangelho
construído em Cristo , através do amor, compaixão, empatia e misericórdia a cima
de tudo.
18
3. Vivenciando o novo desafio: Fazer Integral x Ser Integral.
Este novo desafio se notabiliza pela releitura e o rebuscar de um conceito
mais integral de missão, principalmente os que foram construídos em Lausanne
(1974), marcante congresso para a história contemporânea da Igreja protestante no
mundo todo. O Brasil se encontra em um contexto econômico denominado
capitalismo que pode ser brevemente descrito como uma busca pelo lucro, para que
através deste obtenha posições sociais mais elevadas e alcance objetivos tanto de
conquistas de objetos físicos quanto status quo. Esse contexto competitivo gera
uma sociedade completamente exclusivista e individualista fugindo assim do plano
original de Deus de que a humanidade fosse uma grande comunidade, uma comum
unidade. A vivência do “fazer” e “ser” sempre foi e será um paradigma, haja vista a
fé e as obras (Tiago 2), uma dualidade, que deixa claro que as obras não salvam
porém uma fé sem obras e expressividade é morta, sem função, sem conteúdo, sem
existência. Praticar a missão para a qual fomos chamados é um desafio constante e
diário, ser missão é um desafio eterno, o “fazer” não classifica uma ação como
missão integral. O ser leva o cristão a um nível de expressividade missional na qual
em qualquer contexto social que ele se encontrar inserido produzirá frutos ou atos
integrais e voltados ao serviço ao próximo, de maneira holística e com equidade em
todos esses atos.
A maioria das pessoas alimenta visões de um mundo melhor. Ofato
complementar, no entanto, é que os seres humanos são “retorcidos de
egocentrismo” (como Michael Ramsey costumava definir o pecado original),
e isto impõe limites às nossas expectativas. Os seguidores de Jesus são
realistas, não utópicos. É possível melhorar a sociedade – e o registro
histórico da influência do crisianismo na sociedade tem sido impressionante.
Mas a sociedade perfeita, na qual só “habitará a justiça”, ainda aguarda a
volta de Jesus Cristo. (STTOT, 1998:478)
A sociedade pode sim receber uma boa influência através da vida dos
cristãos que são missão, não apenas participam de movimentos passageiros e
limitadores, mas estão tomados pela consciência do próprio Cristo, movidos de
intima compaixão para com o próximo, sendo ele um miserável incrédulo, ou um
milionário incrédulo. A MI não deve ser limitada nem reduzida, mas sim valorizada
em toda sua amplitude conceitual e naturalmente sua amplitude prática, não visa
simplesmente um fazer, executar, na verdade isso está incluído em um
19
comportamento saudável de um cristão. A assistência social não deve ser o foco e
objetivo central da missão, mas na realidade uma formação profunda de uma nova
consciência, forma de pensar e proceder, pois uma consciência transformada faz um
efeito ativo e natural de um “fazer” constante e desinstitucionalizado, trazendo
liberdade para que os indivíduos não dependam exclusivamente de iniciativas de
denominações evangélicas ou ONGs para por em prática o chamado comum a
todos os cristãos, de fazer o bem, evangelizar, amar ao próximo, compartilhar o
amor.
A liberdade de consciência que foi desconstruída ao passar dos anos
através de mudanças teológicas não saudáveis gerou uma parcela representativa de
cristãos passivos, que sempre estão à espera de uma atitude organizacional para
refletirem com um gesto de amor. Uma vida cristã saudável apresenta
intrinsicamente um comportamento tomado por gestos de amor e uma correlação
com a missão integral, ou seja, um cristão verdadeiramente convertido não pode
possuir outro comportamento senão apresentar uma evolução de consciência
(Romanos 12,2), uma cosmovisão a respeito do próximo e um compartilhar
constante do amor fraterno.
Então o que foi que mudou com a chegada do reino? Mudou a economia.
Agora, a proposta é a solidariedade e o alvo é a igualdade. Mudou a relação
de trabalho. Porque agora, o trabalhador tem de ser o primeiro a desfruta do
resultado do seu trabalho. Mudou a relação política. Agora, o “sujeito” não é
eleito para assumir o poder, o “sujeito” é eleito para assumir o serviço. Se a
Igreja ganha essa consciência, a Igreja se torna profeta dos profetas, se
torna o grande arauto da justiça. (RAMOS, 2014).
A chegada do reino diz respeito sobre a missão integral, que pode também
ser definida como o estabelecimento do reino de Deus através de Cristo Jesus, em
cada cristão, em cada filho de Deus. A relação antes da vivência da MI seria de
fazer, por ser uma obrigação um rito religioso, para “ficar bem com Deus”, porém a
ampliação de visão e renovação de mente nos traz uma nova conceituação da
práxis cristã, sendo uma consequência de uma consciência transformada, causando
mudanças profundas e significativas na vida do cristão e dos que estão em sua
volta.
Se essa concepção mais ampla e transformadora atingir cada cristão sendo
que, cada um é um membro formador da igreja de Cristo por toda a terra, em todos
os países, em todas as situações e alcançando milhões de pessoas e talvez quase
20
toda a população mundial. Nas correlações sociais, devido ao alcance mundial que o
cristianismo tem se notabilizado durante a história, seria possível impactar toda uma
geração com um cristianismo verdadeiro, relevante e que tem de fato tudo haver
com o Senhor Jesus Cristo. Toda essa contextualização se caracteriza muito
diferente de opções dogmáticas e normativas que recolocam um véu em nosso
relacionamento com o sagrado, institucionalizando a experimentação das livres
relações interpessoais entre cristãos e também entre o cristão e um incrédulo.
21
Conclusão
A missão integral surge como uma alternativa viva e eficaz contra a injustiça
social e a favor da evangelização, em Lausanne (1974) tem conceitos firmados e um
norte é traçado com bastante clareza e evidencia mundial, como naquele momento
da história a América Latina vivia momentos de tensão política, extrema pobreza e
miserabilidade da população. A MI traçou caminhos mais específicos sobre o serviço
e humanização ao pobre, abandonando todo um contexto conceitual reflexivo que foi
construído sobre a vivência cristã do reino de Deus de forma integral, através de um
evangelho integral, inteiro ao qual não foi partilhado ou reduzido em dogmas
humanos ou naquela parte mais atraente a determinado público.
É tempo de imediatismo e capitalismo consumista, um período da história
em que os bens naturais se tornaram apenas meios a serem utilizados em prol de
objetivos vazios e passageiros. As relações humanas tem se findado, cada um se
enclausura em suas metas, tornando-se inimigo do seu próximo que deveria ser um
irmão na caminhada um ajudador, enxergar o outro é um desafio tremendo. Olhar
para fora da janela é um ato profundo da missão integral, um cristão que busca a
realidade da missão, precisa parar de olhar para a própria sombra e passar a
visualizar o seu próximo. A sociedade deixou-se contaminar pelo mal do “EU”,
esquecendo-se do verdadeiro valor da vida, que se tornou algo tão ínfimo quanto um
bem material que se esvai sem história, angústias, sonhos, pensamentos e família.
A pesquisa trouxe uma nova reflexão sobre o ponto de vista contemporâneo
da MI, em níveis antropológicos, sociológicos, demonstrando sempre a
cristocentricidade da premissa de missão, essa releitura também alcança os
assuntos eclesiológicos, pois compreende que o ser formador da igreja de Cristo dá
origem, forma, força e sustentação a eclesiologia. Pretendeu-se o aprofundamento
do tema, destacando-se uma perspectiva, não tendo como objetivo uma nova prática
mirabolante que revolucione a MI, mas provocar as análises, releituras, críticas,
avaliações, dessa teologia prática.
22
Em dado momento Cristo vê uma multidão faminta e é “possuído de íntima
compaixão” (Mateus 14:14, Almeida Corrigida e Revisada – Fiel), Jesus nos dá uma
lição, mais uma vez olha para o próximo, enxerga sua necessidade, não somente a
fome, e busca manifestar o reino de Deus palpável e o invisível, através da
proclamação do evangelho e da manifestação do reino. Existem já muitas teologias
e teorias, de todos os tipos e para todos os agrados, das mais ortodoxas até as mais
neopentecostais, porém há pouco “ser” e muito pouco ainda “fazer” pelo “ser”.
Constantemente são cumpridas agendas e tarefas, porém não pode ser esquecida a
possibilidade da integralidade tomar por completo o cotidiano cristão, se como
cristãos crê-se obviamente na divindade do Cristo é necessário ser corroído,
possuído, comovido, pela intima compaixão que comoveu o próprio Deus na pessoa
de Jesus, e através disso viver em todos os âmbitos, com toda a sociedade, tocando
em todos através da graça e misericórdia transformadora de Cristo.
23
REFERÊNCIAS
A pesquisa dos fatos históricos e datas foram retiradas do site da Fraternidade
Teológica Latino-americana. Disponível em: <www.ftl.org.br>. Acesso em: 02 de fev.
2015.
D’ ARAUJO FILHO, Caio F. Elias esta nas Ruas. Belo Horizonte: Editora Betânia,
1990.
ESCOBAR, Samuel. Desafios da Igreja na América Latina: História, Estratégia e
Teologia de Missões. Trad. Hans Udo Fuchs. Viçosa: Editora Ultimato, 1997. p 98
LOPES, Fabricio Roger de Souza. Missão Integral: uma perspectiva teológica da
prática do evangelho na vida das igrejas. São Bernardo do Campo, 2007. 72 f. TCC
(Bacharel em Teologia) — Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do
Campo, 2007. Disponível em:
<www.metodistavilaisabel.org.br/docs/Missão_Integral.pdf>. Acessado em: 25 de
fev. de 2015.
PACTO DE LAUSANNE. Natureza da Evangelização. 2015. Disponível em:
<http://ftl.org.br/>. Acesso em 08 de fev. 2015.
Pacto de Lausanne. Natureza da Evangelização, item 4. Disponível em:
<http://ftl.org.br/>. Acesso em 08 de fev. 2015.
PADILLA, René. A Evangelização e o Mundo: A Missão da Igreja no Mundo de
Hoje. São Paulo e Belo Horizonte: ABU Editora e Visão Mundial, 1982. p. 171.
PADILHA, C. René. Missão Integral: Ensaios sobre o Reino e a Igreja. Trad. Emil
Albert Sobottka. São Paulo: FTLB - Temática Publicações , 1992.
RAMOS, Ariovaldo. Nossa Igreja Brasileira: uma opinião sobre a história recente.
São Paulo: Hagnos, 2002. p.115.
RAMOS, A. Palestra no Fórum Jovem de Missão Integral. Disponível em:
<http://www.irmaos.com/artigos/?id=2432>. Acesso em: 24 de fev. 2015.
RODRIGUES, Ricardo Gondin. A Teologia da Missão integral: Aproximações e
impedimentos entre Evangélicos e Evangelicais. 2009. 161 págs. Dissertação de
Mestrado em Ciências da Religião – UMESP: Faculdade de Humanidades e Direito,
São Paulo. 2009. Disponível em: <
http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2159
>. Acessado em: 25 de fev. de 2015.
STOTT, Jonh R. W. Crer é também Pensar. Trad Milton A. Andrade. 7ª Ed.São
Paulo: EBU editora, 1997.

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Tcc - Releitura da missão integral

  • 1. DIEGO GOMES CAMILO NOVO DESAFIO DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL: Uma releitura da missão integral na vida do indivíduo como parte integrante da igreja de Cristo. Londrina 2015
  • 2. DIEGO GOMES CAMILO NOVO DESAFIO DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL: Uma releitura da missão integral na vida do indivíduo como parte integrante da igreja de Cristo. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final no curso de Validação de Créditos e Diplomas – VCD para obtenção do grau de Bacharel em Teologia, da Faculdade Teológica Sul Americana. Orientador: Prof. Dr. William Lacy Lane Londrina 2015
  • 3. DEDICATÓRIA Aos meus familiares, pais Antonio Camilo e Francicléia Camilo e irmã Vitória Camilo que me instruíram nos caminhos do evangelho e contribuem para minha vida Cristã. A minha Igreja (Primeira Igreja Batista de Redenção-PA), comunidade que é um porto seguro ao meu coração. Ao meu pastor Domiciano Alves, referência, professor, conselheiro, amigo e exemplo ministerial.
  • 4. Agradeço de coração: A Deus, pela graça, misericórdia, sabedoria, força e amparo. Aos meus pais, pelas horas de compreensão, por tolerância de minha ausência e pelo apoio tão fundamental desde o meu primeiro dia de vida. Ao professor William Lacy Lane, meu orientador, por compartilhar comigo seu conhecimento e pela paciência nos momentos de orientação. À minha Igreja, por me apoiar em tudo. Ao meu amigo e pastor Domiciano Alves que me trouxe esperança sobre o ministério pastoral e foi instrumentos para reavivar a chamada em meu coração.
  • 5. “Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Romanos 8: 38-39
  • 6. SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................ 06 1. Breve histórico das origens e contexto da Missão Integral............................... 08 2. Novo desafio à missão Integral: Releitura........................................................ 14 3. Vivenciando o novo desafio: Fazer Integral x Ser Integral. .............................. 18 Conclusão ............................................................................................................ 21 Referências .......................................................................................................... 23
  • 7. 6 Introdução A MI (Missão Integral) apresenta em seu conceito básico uma diferenciação conceitual importante em relação a outras tantas teorias teológicas. Enquanto as concepções da Teologia estão profundamente mergulhadas em debater conceitos metafísicos e até titulações ideológicas, a MI está fundamentada na práxis eclesiológica histórica da igreja e na congruência dos principais conceitos a fim de iniciar uma discussão voltada ao prisma teórico-prático da confissão de fé cristã. É importante ressaltar que a missão tem um viés missional, porém não se reduzindo a missão transcultural, tem propósito de propulsionar a atitude de uma experiência religiosa muito mais inteira em Cristo de acordo com as escrituras. Esta pesquisa tem como propósito apresentar o significado de Missão Integral, e discutir seu contexto eclesiológico, social e antropológico, não necessariamente em uma análise sistemática, mas contextualizando toda a amplitude que está inserida na ótica adotada pela teologia da integralização da missão em sua análise da vida cristã refletida na sociedade como igreja e através das denominações. Objetiva-se discorrer sobre uma releitura e os novos desafios da missão integral, que no seu contexto de responsabilidade social tem alcançado ótimos resultados e alçada voos maiores do que os atuais, mas esse novo desafio de desinstitucionalizar a vivencia prática da missão integral, passando assim a algo mais aprofundado e intrínseco de cada indivíduo da igreja de Cristo espalhando equidade e amor. A escolha do tema justifica-se através da importância da missão integral para a igreja brasileira e o intenso crescimento dessa teologia prática no contexto da igreja do Brasil e de toda Sul América, também pela importância do tema e amplitude em sua aplicação dentro da vida prática eclesiástica e vida do cristão. A importância do debate sobre missão integral representa um desafio para a igreja contemporânea, no tocante a responsabilidade social, estabelecimento do reino de Deus e cumprimento do “ide”. Deve-se observar a práxis que está em atividade no nosso cotidiano e contexto, indo ainda além, é importante observar nesta discussão a ótica mais intimista da MI (Missão Integral) que é observar por um prisma pessoal qual a atividade vivenciada ou não pelo indivíduo como parte integrante da igreja de Cristo.
  • 8. 7 Pretende-se verificar a possibilidade e como uma igreja partindo de um membro formador que é um indivíduo, possa viver a missão integral em seus novos desafios implícitos e explícitos na sociedade contemporânea, em todos os níveis da sociedade. Partindo do pressuposto da prática cotidiana e da integralidade de Cristo tomando por completo os caminhos da vida desse membro formador e consequentemente da própria igreja. Também se propõe a verificar e apresentar o atual quadro da MI (Missão Integral) no tocante aos resultados alcançados mediante as discussões e práticas impressas na sociedade, em níveis antropológico e sociológico. Sobre a base teórica utilizada na pesquisa foram consultados variados autores que contribuíram ou contribuem na construção dos pensamentos sobre a missão integral, pesquisando, interpretando e compreendendo os textos, artigos científicos, teses, livros, artigos eletrônicos. Este trabalho tem em sua composição três capítulos. O primeiro traz em seu conteúdo informações históricas sobre o surgimento da Missão Integral, abordando de uma forma breve e direta com o objetivo de demonstrar todo o processo de formação da MI dentro do processo histórico. Apresentar o contexto contemporâneo em que se encontra a MI relacionando ao cenário social atual e o conceito da missão, estabelecendo um novo desafio, a releitura de sua definição para a contemporaneidade. O segundo capítulo levanta o debate de como vivenciar esse novo desafio, de ampliação da visão e desvinculados do fazer especificamente ao pobre, mas vivenciando um evangelho integral, assim como a proposta de Lausanne (1974) era posta. Perpassando o seu conceito original até o que encontramos hoje, evidenciando que a missão integral só pode ser vivida em comunidade a partir de um prisma individual para que posteriormente possa alcançar toda a comunidade e sociedade. O terceiro ponto apresenta propostas que viabilizem a realização e consumação nos novos desafios mencionados no ponto anterior, levando assim a uma concepção ainda mais profunda e impactante no tocante a sociedade. Essa leitura tem o intuito de ser útil na construção do pensar teológico sobre o que contribua para a evolução do conceito e da práxis ligada a Missão Integral, em cada comunidade, em cada indivíduo, que a sociedade seja atingida pelo evangelho em sua plenitude, que o reino seja apresentado para aqueles que o tem por desconhecido, que seja uma lanterna em meio a escuridão.
  • 9. 8 1. Breve histórico das origens e contexto da Missão Integral. Ao longo de uma análise e consulta bibliográfica observa-se que o Século XX foi um período de intensa discussão sobre diversos temas, dentre eles destaca- se evangelismo e responsabilidade social, esse debate desenvolveu-se através de vários pontos de vista ou por muitos autores diferentes que sempre chegavam a pontos em comum: a missão da igreja na sociedade, diálogo inter-religioso, justiça e paz, serviço dentre outros. A MI (Missão Integral) na América Latina tem em sua proposta algo condizente ao seu título MI, que se contempla na ideia do cumprimento do ide, da missão, de forma inteira e holística, abrangendo todas as áreas do ser, tanto biológica, quanto psicológica e sociológica. A ação da missão integral deve então atingir o ponto de que “promova transformação espiritual e social na sua comunidade” (PADILLA, 2003:13). Tantos debates e discussões desencadearam muitas reuniões e conferências, dentre esses, o marcante Congresso Internacional de Evangelização Mundial (Lausanne, 1974). Que teve como tema “Para que o mundo ouça a Sua (Deus) voz”, reuniu 2473 participantes e 1000 observadores de 150 países e 135 denominações protestantes. Ao final desse congresso foi redigido o Pacto de Lausanne este desde então tem sido referência primordial para a construção conceitual da MI (Missão Integral). A revista Time descreveu o Congresso de Lausanne como “um foro formidável, possivelmente a reunião mais global já realizada pelos cristãos”. O jornalista que escreveu estas linhas provavelmente tinha em mente que esse Congresso havia reunido 2.473 “participantes e cerca de 1.000 observadores de 150 países e 135 denominações protestantes”. Mais importante que isso, no entanto, foi o impacto do Congresso em todo mundo. Nas palavras do evangelista Leighton Ford, “se houve um momento da história em que os evangélicos se colocaram em dia com a época, seguramente este momento de ter sido em julho de 1974”. Lausanne explodiu como uma bomba. Foi um despertar para todos os que participaram e para milhares de cristãos em muitos países que leram a respeito (PADILLA, 2005:9)
  • 10. 9 A partir do pacto abriu-se um diálogo com setores da sociologia e da Teologia da Libertação, porém o Pacto fundamentou-se muito mais em tratar de fundamentações conceituais cristãos como: O propósito de Deus, a autoridade e o poder da Bíblia, a unidade e universalismo de Cristo, a natureza da evangelização, a responsabilidade social cristã, a igreja e o evangelismo, cooperação, esforço conjugado de igrejas, a urgência da tarefa, evangelização e cultura, educação e liderança, conflito espiritual, liberdade e perseguição, o poder do Espírito Santo, o retorno de Cristo (STOTT, 1984), Dando norte para uma consciência evangélica saudável em todo mundo. O pacto mostrou o caminho a ser seguido em meio a um pseudoevangelho que estava sendo difundido no qual conceituava a missão cristã de forma reducionista e pobre, reafirmou o engajamento da igreja em ações sociais em prol dos mais carentes e o envolvimento a ponto de lutar por mudanças na estruturação social. Como já fora dito em Lausanne foi evidenciado o posicionamento evangélico, demonstrando a centralidade de Cristo, a infabilidade Bíblica no que diz respeito ao tema principal e a necessidade da evangelização, ou seja, o cumprimento do papel cristão. Um ponto importante que foi abordado no pacto foi o esclarecimento sobre a teologia da missão indo além de conceitos tradicionais clareando a obscuridade que cercava a missão da igreja, foi demonstrado que o evangelismo é uma prática inseparável da responsabilidade social, do discipulado “vida na vida” e da renovação da igreja. O pacto não atingiu seu objetivo no tocante a práxis, se tornou uma normatização, um norte conceitual, referencial teórico de fato, Padilla relata sua decepção: Alguns do que vimos o nascimento do movimento de Lausanne nos primeiro anos da década de 1970 esperávamos que o Pacto de Lausanne se constituísse num lugar de encontro para cristãos preocupados com a visão integral da igreja. É triste dizê-lo, porém essa esperança se viu defraudada por desenvolvimentos posteriores por meio dos quais o movimento, não em teoria, mas em prática, abandonou o conceito de MI esboçado no Pacto. Um grupo influente (principalmente norte-americano) dentro do Comitê Lausanne conseguiu modos para conduzir o movimento de volta a uma posição que, no “matrimônio”. (PADILLA, 1990:69) O pacto mostrou-se ineficaz no sentido prático, haja vista a necessidade urgente da região Latina de uma intervenção cristã na sociedade devida os momentos de lutas e enfrentamentos sociais no sentido político, econômico e
  • 11. 10 antropológico, frustrando assim teólogos Latino Americanos como René Padilla, porém notabilizou-se para sempre como um marco histórico e referencial para os cristãos em muitos contextos, como: fundamentos da fé cristã, correlação entre o cristão e a sociedade, entre o cristão e a cultura, no intervalo do Pacto na Suíça, em 1974, e o Pacto, nas Filipinas, em 1989, houve uma aumento no distanciamento de lideranças teológicas latino-americanas e teólogos do Primeiro Mundo; fica claro que a Missão Integral teve conotações diferentes em cada continente variando de acordo com o contexto social vivido, ou seja, a realidade de cada região. A frustração dos teólogos sul americanos em relação ao fruto prático dos Pactos de Laussane I e II e a dissidência entre as opiniões com os teólogos norte americanos, gerou uma articulação de uma nova forma de pensar a partir dos bons conceitos firmados em Lausanne I, principalmente. Robinson Cavalcanti outro expoente importante da MI na América do sul diz que “Lamentavelmente, o exclusivismo arrogante, estreito, intolerante e repressor que hoje infelicita o nosso protestantismo veda o livre exame, a diferença, a diversidade, a inclusividade.” (CAVALCANTI, 2003:49). Claramente Cavalcanti demonstra sua insatisfação com a chamada intolerância e resistência dos teólogos norte americanos que poderiam ter papel de grande valia na precursão da Missão Integral. Os Congressos Latino-Americanos de Evangelização (CLADE’s) contribuíram de forma direta para a formação conceitual e prática da Missão Integral, partindo de uma reflexão social viva, baseando-se na própria realidade sul americana de injustiça social, falta de equidade, regimes comunistas e falsas democracias, esses congressos foram propulsores diretos da M.I devido o Pacto de Lausanne ter sido algo bem mais abrangente, ou seja, conceituação geral e ter vindo cronologicamente após os CLADE’s. Falando da origem dos Congressos Latino- Americanos de Evangelização os chamados CLADE’s, foram promovidos após o Congresso Munidal de Evangelização, em Berlim (1966), onde foi decidido a ampliação da discussão com a promoção de congressos continentais, que cada congresso “regional” discutisse suas especificidades, dessa designação e decisão nasceu o 1º Congresso (CLADE I), que aconteceu em Bogotá na (Colômbia), com o tema “Ação em Cristo para um continente em crise”, que aprovaram a Declaração Evangélica em Bogotá”. As discussões e conceitos criados em Lausanne (1974) não fora um fim, mas o meio de se iniciar um profundo debate sobre as bases do contexto organizacional evangélico, a intenção dos (CLADE’s) era gerar um evento
  • 12. 11 que servisse como processo de construção de um pensamento e não meramente um evento solto sem uma evolução conceitual e prática, após o CLADE I, na Colômbia, foi realizado o CLADE II (1979), em Lima, Peru, realizado pela importante Fraternidade Teológica Latino Americana (FTL), é importante citar também o CLADE III (1992), ocorrido em Quito, no Equador, congresso esse que teve proporções significativas a nível de representatividade, já no ano de 2000 foi realizado o CLADE IV novamente em Quito no Equador, este último segue a linha crescente e tem representatividade ainda maior que todos os outros. Nossa maior necessidade é um evangelho mais bíblico e uma igreja mais fiel. Poderemos nos despedir deste congresso com um belo conjunto de papéis e declarações que serão arquivadas e esquecidas, e com lembrança de um grande e impressionante encontro de âmbito mundial. Ou poderemos sair daqui com a convicção de que temos fórmulas mágicas para a conversão das pessoas. Eu pessoalmente espero em Deus que possamos sair daqui com uma atitude de arrependimento no que diz respeito à nossa escravidão ao mundo e ao nosso arrogante triunfalismo, com o senso de nossa incapacidade de sermos libertos dos grilhões a que estamos atados e, apesar disso, com grande confiança em Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre". Amém. (PADILLA, 1982, p. 171) É importante ressaltar que durante determinado período da história da América Latina, na qual esse continente foi sacudido por revoluções políticas, ideologias e choques sociais em todos os níveis. Muitos Cristãos acabaram por aderir a Teologia da Libertação, essa debandada foi e tem sido combatida pela Fraternidade Teológica Latino-Americana, a qual tem apresentado uma opção que esteja alinhada biblicamente que é denominada de missão integral. Demonstrando que as igrejas têm a possibilidade de permanecer firme no tocante a sua declaração de fé, e ao mesmo tempo, conceber um posicionamento ousado e coerente em relação aos problemas sociais. Falando sobre os cristãos brasileiros nasce nesse contexto de forma parecida com toda a América Latina a necessidade em compreender a missão da Igreja e também quanto às necessidades socioeconômicas do Brasil. O desafio de compreender a atuação da igreja dá-se pelo fato de que as escrituras apresentam um Deus expresso nos atos de Jesus Cristo, um Deus que age, busca a humanidade com compaixão, amor, sempre com olhar holístico e trazendo a cada indivíduo uma oportunidade de ser dignificado, Jesus manifestou em seu ministério o interesse incondicional de Deus por cada um
  • 13. 12 de seus filhos, todos os tipos de filhos e de forma integral, ou seja, completa, enxergando no profundo do ser, suas angústias, medos, saudades, frustrações, paixões, necessidades. A MI tem uma fundamentação conceitual clara e evidente de que a evangelização e a ação social não se separam, sendo necessário e primordial que nesse processo, o evangelho seja pregado de forma verbal e prática, demonstrando o Reino de Deus e sendo um sinal histórico da chegada de Jesus, com intuito de trazer libertação, restauração, transformação e cura de toda a humanidade, através da ação transformadora do Espírito de Deus. É um espelho do cuidado de Deus para com toda pessoa alcançada, buscando trazer libertação a todas as pessoas de todo tipo de prisão social, não se tratando de sistematizações e programa sociais e políticos somente. A intenção da MI vai muito além de padrões sociais, a missão da igreja tem como norte, a mensagem da salvação e a convocação para a vivência de um reino desde o momento em que Cristo se faz Deus na vida desse indivíduo. Além disso, o papel da igreja nesse contexto é primordial, pois nesse ponto a igreja se torna sinal ao incrédulo. Se a palavra e obras não andam juntas, tudo o que temos são conversões deformadas. Palavras sem obras geram apenas crentes teóricos; obras sem palavra geram apenas crentes sem discernimento. Uma das razões de sermos um povo tão dividido e tão ambíguo é que temos entre nós a Igreja da Palavra e a Igreja das Obras. Um dos apelos fortíssimos no enfrentamento do mundo espiritual, que tem expressão concreta na história, é a aceitação do desafio de que a Palavra e Obras precisam andar juntas na nossa prática aqui e agora. Não podemos separar evangelização e ação social, reflexão teológica e oração por doentes, hermenêutica técnica de textos e profecia carismática, enfrentamento das forças sociais e políticas da maldade e enfrentamento individual de demônios que habitam corações humanos. Não podemos nos esquecer de que Jesus ‘andou por toda parte fazendo o bem e libertando os oprimidos do diabo’ (At 10.38). Essa é a receita que de nortear toda ação prática: fazer o bem (palavra de relacionada com o bem social) e libertar oprimidos (palavra com conotação carismática, pelo menos no texto). Dessa forma somos ensinados a entender que as obras a serem feitas têm duas dimensões: social e espiritual. (D’ ARAUJO 1990, 77-78) No contexto brasileiro as igrejas estavam e ainda estão, muitas delas, se preocupadas apenas com a salvação das almas sem se importar muito com as necessidades básicas da comunidade que a cerca, ou até mesmo de um dos membros de sua irmandade. A MI traz uma nova proposta, nem tão nova assim, seria novidade para nosso contexto de um evangelho incompleto ou parcial, mas, na realidade expressa o retorno às origens e ao que de fato deve ser valorizado, o ser humano por inteiro e faz um convite ousado, a identificação do cristão com o resto
  • 14. 13 da sociedade, sem que ele perca sua identificação com o Cristo, digo com Jesus e não com contextos dogmáticos das religiões ou denominações que se dizem cristãs, essa identificação significa não simplesmente vivenciar superficialmente as situações que nos rodeiam, mas conhecer a situação e as pessoas envolvidas nesse determinado contexto e servindo as pessoas, cristãs ou não, sendo espelho dentro da sociedade, lutando pelo amor, justiça e paz. Deve ser observado que com o passar dos anos, a MI tomou proporções bem mais abrangentes do que no início, pelo próprio avanço econômico e social do continente Sul Americano e principalmente do Brasil, começa a galgar novos desafios e novas dimensões, a fome ainda presente não é o foco único e central, o chamado apoio ou serviço social ganha novas conotações e a Missão integral passa a ganhar uma nova dimensão e compreensão de conceito e prática.
  • 15. 14 2. Novo Desafio à Missão Integral: Releitura. A MI surgiu em meio a tempos de muita opressão política, social e econômica, tempos de pobreza extrema, momentos tenebrosos da história, que foram superados, não por inteiro, mas de uma forma significativa. Missão integral é retornar às “origens e essencialidades do cristianismo bíblico” (KIVITZ, 2003: p.13). A missão integral surge de uma necessidade latente da região da Americana Latina, a necessidade de atos de justiça por parte da igreja cristã em meio a uma realidade devastadora de pobreza, fome e miséria em todos os âmbitos, eram vivenciados dias de governos totalitários, e até ditaduras. A partir disso surge um novo desafio, buscar o entendimento da missão integral nesse novo contexto social vivido pelo Brasil, não seria a elitização da missão, mas a verdadeira equidade na análise do tema, assim como em Lausanne (1974) surgiu a oportunidade de um debate prático sobre a missão integral em relação à necessidade da época, hoje a necessidade é a ampliação da abrangência do tema ou simplesmente o rebuscar de conceitos não tão evidenciados que foram pactuados em Lausanne (1974), como a contextualização da missão em primas, culturais, econômicos, políticos, buscando em primeiro lugar a integralidade da missão, se a missão é integral não pode e nem deve ser reduzida a um conceito específica e sim sempre ser repensada com intuito de ampliação de horizontes. Trata-se então da redução conceitual e assim naturalmente da diminuição do campo da práxis evangélica da MI, a pobreza não é mais somente o único e principal foco da missão integral na contemporaneidade, ao avançar dos tempos tem adquirido mais espaços pertinentes e com o surgimento de novos desafios tem ampliado seu campo de ação. Com o avanço econômico do Brasil a miserabilidade de parte da população tem diminuído gradativamente, ainda não é uma situação resolvida, porém encaminha-se bem, isso não significa uma abertura para um possível relaxamento ou desvirtuamento da máxima “evangelização e ação social”, de forma alguma, mas, abre espaço para um pensar teológico com visão horizontal ainda mais vasta do que antes. A palavra missão tem uma conotação de tarefa, de um fazer, com sentido proselitista, é interessante repensar os caminhos que estão sendo tomados, a integralidade da missão não é fazer, executar uma tarefa, não pode ser reduzida a isso, não pode ser definida como uma ação social com ênfase evangelística a fim de
  • 16. 15 aumentar os adeptos da religião e consequentemente aumentar o número de membros da igreja local, fazer esse reducionismo do termo e da práxis, seria desvalorizar a abrangência dessa missão tão vasta, seria mais um caminho religioso, mais uma tática a ser adaptada assim como g12, m12 etc. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade sociais mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sociopolítico são ambos parte do nosso dever cristão (STOTT, 1982:27) Definitivamente a MI não é fazer ou ter um projeto social em determinada comunidade, Lausanne (1974) não apresenta simplesmente uma releitura de como se fazer missão, mas sim uma cosmovisão de como ser cristão, em contextos sociais, antropológicos e na vivência humana. Esse novo desafio pode até não ser tão jovem assim, mas é sim repensar constantemente quem ela é, e fugir de ser confundida por comparação com a teologia da libertação. Olhando a MI pelo viés pobre conceitual e pode-se concluir que entregar cestas básicas e dizer “Deus te abençoe” seria evangelização e serviço social, mas isso é empobrecer o debate. Essa ação integral deve transcender o fazer e alcançar o campo do ser em sua totalidade. O ponto de vista sempre foi de uma visão em comunidade, em tempos que a igreja era menos institucionalizada, vivemos em uma sociedade egoísta, hoje o que realmente tem sido evidenciado em canais de televisão, em redes sociais, definitivamente tem sido o “Eu”. Em tempos de lutas de egos, quedas de braços constantes é ainda mais difícil estabelecer conceitos comunitários e trabalhar na construção de uma comunidade auto doadora. Porém na ampliação do debate sobre a MI observa-se a grande necessidade da abordagem do tema de um ponto de vista do indivíduo como parte integrante da igreja de Cristo. Não uma observação de fora pra dentro, mas de dentro pra fora, não observando a comunidade e determinando os papéis que ela deve executar, mas sim partindo de um pressuposto de que o indivíduo é a igreja, e a partir dele que essa sociedade egoísta pode tomar rumos mais humanitários e igualitários.
  • 17. 16 A MI pode ser reduzida por um projeto de serviço ao pobre? Essa releitura propõe que não, a ideia é que a missão integral sendo unicamente uma proposta ao pobre é uma traição a abrangência e amplitude do debate de Lausanne (1974), no momento contemporâneo em que a sociedade vive, de evolução econômica vê-se a necessidade do repensar conceitual, de que haja uma quebra de barreiras de uma fundamentação limitadora e possa galgar voos mais altos, sendo integral de fato, e fiel ao vasto Pacto de Lausanne, atingindo todas as fatias da sociedade, tocando em todos os quesitos sociais desde o pobre até o rico, desde o relacionamento do Cristão com a cultura e sociedade. A evangelização e responsabilidade social não devem e nem podem ser abandonadas nem excluídas do debate, não é essa a proposta dessa releitura, mas sim de que deve-se ampliar o horizonte, aprofundar a interpretação e vivência do tema MI. Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, o Senhor e rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e crêem. A nossa presença no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem- se a si mesmos, tomarem a sua cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo. (Pacto de Lausanne, 2004) Jesus que é nosso padrão foi agente da missão integral de forma explícita, oferecendo o reino de Deus desde uma mulher samaritana junto ao poço (João 4), até um rico cobrador de impostos chamado Zaqueu (Lucas 19). Jesus não se limitou nem aos costumes da época, nem a limitações culturais, nem ao pobre, nem ao rico, alcançou seres integralmente, enxergando-os por dentro de fora justa, igualitária e em todas as dimensões, essas foram apenas algumas situações que Cristo se relacionou e de fato executou a missão de maneira integral. Um indivíduo dotado da missão integral original, essa que Cristo realizou tem um potencial tremendo em qualquer contexto em que viva, pois, não está limitado nem preso a conceituações retrógradas. Que a MI seja um estilo de ser e não simplesmente fazer, que seja uma prestação de serviço integral a sociedade, em todos os níveis e âmbitos sociais. Que
  • 18. 17 tenhamos a íntima compaixão que havia em Cristo Jesus (Mateus 20,34), ao ver o necessitado, o faminto, o carente, o milionário de bens materiais, porém miserável de sentimentos , ao ver o depressivo, ao ver o pobre de espírito, ao conviver com o faminto sem ignora-lo, que sejamos impactado pela verdade do evangelho construído em Cristo , através do amor, compaixão, empatia e misericórdia a cima de tudo.
  • 19. 18 3. Vivenciando o novo desafio: Fazer Integral x Ser Integral. Este novo desafio se notabiliza pela releitura e o rebuscar de um conceito mais integral de missão, principalmente os que foram construídos em Lausanne (1974), marcante congresso para a história contemporânea da Igreja protestante no mundo todo. O Brasil se encontra em um contexto econômico denominado capitalismo que pode ser brevemente descrito como uma busca pelo lucro, para que através deste obtenha posições sociais mais elevadas e alcance objetivos tanto de conquistas de objetos físicos quanto status quo. Esse contexto competitivo gera uma sociedade completamente exclusivista e individualista fugindo assim do plano original de Deus de que a humanidade fosse uma grande comunidade, uma comum unidade. A vivência do “fazer” e “ser” sempre foi e será um paradigma, haja vista a fé e as obras (Tiago 2), uma dualidade, que deixa claro que as obras não salvam porém uma fé sem obras e expressividade é morta, sem função, sem conteúdo, sem existência. Praticar a missão para a qual fomos chamados é um desafio constante e diário, ser missão é um desafio eterno, o “fazer” não classifica uma ação como missão integral. O ser leva o cristão a um nível de expressividade missional na qual em qualquer contexto social que ele se encontrar inserido produzirá frutos ou atos integrais e voltados ao serviço ao próximo, de maneira holística e com equidade em todos esses atos. A maioria das pessoas alimenta visões de um mundo melhor. Ofato complementar, no entanto, é que os seres humanos são “retorcidos de egocentrismo” (como Michael Ramsey costumava definir o pecado original), e isto impõe limites às nossas expectativas. Os seguidores de Jesus são realistas, não utópicos. É possível melhorar a sociedade – e o registro histórico da influência do crisianismo na sociedade tem sido impressionante. Mas a sociedade perfeita, na qual só “habitará a justiça”, ainda aguarda a volta de Jesus Cristo. (STTOT, 1998:478) A sociedade pode sim receber uma boa influência através da vida dos cristãos que são missão, não apenas participam de movimentos passageiros e limitadores, mas estão tomados pela consciência do próprio Cristo, movidos de intima compaixão para com o próximo, sendo ele um miserável incrédulo, ou um milionário incrédulo. A MI não deve ser limitada nem reduzida, mas sim valorizada em toda sua amplitude conceitual e naturalmente sua amplitude prática, não visa simplesmente um fazer, executar, na verdade isso está incluído em um
  • 20. 19 comportamento saudável de um cristão. A assistência social não deve ser o foco e objetivo central da missão, mas na realidade uma formação profunda de uma nova consciência, forma de pensar e proceder, pois uma consciência transformada faz um efeito ativo e natural de um “fazer” constante e desinstitucionalizado, trazendo liberdade para que os indivíduos não dependam exclusivamente de iniciativas de denominações evangélicas ou ONGs para por em prática o chamado comum a todos os cristãos, de fazer o bem, evangelizar, amar ao próximo, compartilhar o amor. A liberdade de consciência que foi desconstruída ao passar dos anos através de mudanças teológicas não saudáveis gerou uma parcela representativa de cristãos passivos, que sempre estão à espera de uma atitude organizacional para refletirem com um gesto de amor. Uma vida cristã saudável apresenta intrinsicamente um comportamento tomado por gestos de amor e uma correlação com a missão integral, ou seja, um cristão verdadeiramente convertido não pode possuir outro comportamento senão apresentar uma evolução de consciência (Romanos 12,2), uma cosmovisão a respeito do próximo e um compartilhar constante do amor fraterno. Então o que foi que mudou com a chegada do reino? Mudou a economia. Agora, a proposta é a solidariedade e o alvo é a igualdade. Mudou a relação de trabalho. Porque agora, o trabalhador tem de ser o primeiro a desfruta do resultado do seu trabalho. Mudou a relação política. Agora, o “sujeito” não é eleito para assumir o poder, o “sujeito” é eleito para assumir o serviço. Se a Igreja ganha essa consciência, a Igreja se torna profeta dos profetas, se torna o grande arauto da justiça. (RAMOS, 2014). A chegada do reino diz respeito sobre a missão integral, que pode também ser definida como o estabelecimento do reino de Deus através de Cristo Jesus, em cada cristão, em cada filho de Deus. A relação antes da vivência da MI seria de fazer, por ser uma obrigação um rito religioso, para “ficar bem com Deus”, porém a ampliação de visão e renovação de mente nos traz uma nova conceituação da práxis cristã, sendo uma consequência de uma consciência transformada, causando mudanças profundas e significativas na vida do cristão e dos que estão em sua volta. Se essa concepção mais ampla e transformadora atingir cada cristão sendo que, cada um é um membro formador da igreja de Cristo por toda a terra, em todos os países, em todas as situações e alcançando milhões de pessoas e talvez quase
  • 21. 20 toda a população mundial. Nas correlações sociais, devido ao alcance mundial que o cristianismo tem se notabilizado durante a história, seria possível impactar toda uma geração com um cristianismo verdadeiro, relevante e que tem de fato tudo haver com o Senhor Jesus Cristo. Toda essa contextualização se caracteriza muito diferente de opções dogmáticas e normativas que recolocam um véu em nosso relacionamento com o sagrado, institucionalizando a experimentação das livres relações interpessoais entre cristãos e também entre o cristão e um incrédulo.
  • 22. 21 Conclusão A missão integral surge como uma alternativa viva e eficaz contra a injustiça social e a favor da evangelização, em Lausanne (1974) tem conceitos firmados e um norte é traçado com bastante clareza e evidencia mundial, como naquele momento da história a América Latina vivia momentos de tensão política, extrema pobreza e miserabilidade da população. A MI traçou caminhos mais específicos sobre o serviço e humanização ao pobre, abandonando todo um contexto conceitual reflexivo que foi construído sobre a vivência cristã do reino de Deus de forma integral, através de um evangelho integral, inteiro ao qual não foi partilhado ou reduzido em dogmas humanos ou naquela parte mais atraente a determinado público. É tempo de imediatismo e capitalismo consumista, um período da história em que os bens naturais se tornaram apenas meios a serem utilizados em prol de objetivos vazios e passageiros. As relações humanas tem se findado, cada um se enclausura em suas metas, tornando-se inimigo do seu próximo que deveria ser um irmão na caminhada um ajudador, enxergar o outro é um desafio tremendo. Olhar para fora da janela é um ato profundo da missão integral, um cristão que busca a realidade da missão, precisa parar de olhar para a própria sombra e passar a visualizar o seu próximo. A sociedade deixou-se contaminar pelo mal do “EU”, esquecendo-se do verdadeiro valor da vida, que se tornou algo tão ínfimo quanto um bem material que se esvai sem história, angústias, sonhos, pensamentos e família. A pesquisa trouxe uma nova reflexão sobre o ponto de vista contemporâneo da MI, em níveis antropológicos, sociológicos, demonstrando sempre a cristocentricidade da premissa de missão, essa releitura também alcança os assuntos eclesiológicos, pois compreende que o ser formador da igreja de Cristo dá origem, forma, força e sustentação a eclesiologia. Pretendeu-se o aprofundamento do tema, destacando-se uma perspectiva, não tendo como objetivo uma nova prática mirabolante que revolucione a MI, mas provocar as análises, releituras, críticas, avaliações, dessa teologia prática.
  • 23. 22 Em dado momento Cristo vê uma multidão faminta e é “possuído de íntima compaixão” (Mateus 14:14, Almeida Corrigida e Revisada – Fiel), Jesus nos dá uma lição, mais uma vez olha para o próximo, enxerga sua necessidade, não somente a fome, e busca manifestar o reino de Deus palpável e o invisível, através da proclamação do evangelho e da manifestação do reino. Existem já muitas teologias e teorias, de todos os tipos e para todos os agrados, das mais ortodoxas até as mais neopentecostais, porém há pouco “ser” e muito pouco ainda “fazer” pelo “ser”. Constantemente são cumpridas agendas e tarefas, porém não pode ser esquecida a possibilidade da integralidade tomar por completo o cotidiano cristão, se como cristãos crê-se obviamente na divindade do Cristo é necessário ser corroído, possuído, comovido, pela intima compaixão que comoveu o próprio Deus na pessoa de Jesus, e através disso viver em todos os âmbitos, com toda a sociedade, tocando em todos através da graça e misericórdia transformadora de Cristo.
  • 24. 23 REFERÊNCIAS A pesquisa dos fatos históricos e datas foram retiradas do site da Fraternidade Teológica Latino-americana. Disponível em: <www.ftl.org.br>. Acesso em: 02 de fev. 2015. D’ ARAUJO FILHO, Caio F. Elias esta nas Ruas. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1990. ESCOBAR, Samuel. Desafios da Igreja na América Latina: História, Estratégia e Teologia de Missões. Trad. Hans Udo Fuchs. Viçosa: Editora Ultimato, 1997. p 98 LOPES, Fabricio Roger de Souza. Missão Integral: uma perspectiva teológica da prática do evangelho na vida das igrejas. São Bernardo do Campo, 2007. 72 f. TCC (Bacharel em Teologia) — Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007. Disponível em: <www.metodistavilaisabel.org.br/docs/Missão_Integral.pdf>. Acessado em: 25 de fev. de 2015. PACTO DE LAUSANNE. Natureza da Evangelização. 2015. Disponível em: <http://ftl.org.br/>. Acesso em 08 de fev. 2015. Pacto de Lausanne. Natureza da Evangelização, item 4. Disponível em: <http://ftl.org.br/>. Acesso em 08 de fev. 2015. PADILLA, René. A Evangelização e o Mundo: A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. São Paulo e Belo Horizonte: ABU Editora e Visão Mundial, 1982. p. 171. PADILHA, C. René. Missão Integral: Ensaios sobre o Reino e a Igreja. Trad. Emil Albert Sobottka. São Paulo: FTLB - Temática Publicações , 1992. RAMOS, Ariovaldo. Nossa Igreja Brasileira: uma opinião sobre a história recente. São Paulo: Hagnos, 2002. p.115. RAMOS, A. Palestra no Fórum Jovem de Missão Integral. Disponível em: <http://www.irmaos.com/artigos/?id=2432>. Acesso em: 24 de fev. 2015. RODRIGUES, Ricardo Gondin. A Teologia da Missão integral: Aproximações e impedimentos entre Evangélicos e Evangelicais. 2009. 161 págs. Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião – UMESP: Faculdade de Humanidades e Direito, São Paulo. 2009. Disponível em: < http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2159 >. Acessado em: 25 de fev. de 2015. STOTT, Jonh R. W. Crer é também Pensar. Trad Milton A. Andrade. 7ª Ed.São Paulo: EBU editora, 1997.