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Dos engenhos da poesia e dos caminhos de Sitônio Pinto


                                                                             Edson Soares Martins1
                                                                             Maria Eneida Feitosa2


        O professor Hernâni Cidade, no profundo estudo que consagra à poesia como
expressão da cultura, em certo momento afirma que, na alvorada do Renascimento,
defendia-se que com a utilidade da substância, que fazia da poesia fingimento de cousas
úteis, era necessário casar a sedução da forma3. Hoje, é escusado dizer que a poesia goza de
uma conquistada liberdade conteudístico-formal. Aquilo que nos interessa no raciocínio de
Hernâni Cidade é que a fórmula, despida da normatividade moralizante de que se ataviara
sob a influência dos preceptistas ibéricos, descreve ainda hoje sólidos núcleos de
exploração lírica de indiscutível qualidade. Parece-nos ser esse o caso específico do
Caminhos de Toboso, de Otávio Sitônio Pinto, poeta paraibano.
        A obra, publicada em 1999, divide-se em três grandes partes intituladas O engenho
do soneto, Haicaiara (esta, subdividida em Haicaiara, Crescente Amargo, Azuis e
Sombras) e Caminhos de Toboso. Na verdade, são três livros reunidos no mesmo volume.
Uma análise cuidadosa, porém, acabaria por perceber, seja pelo parentesco de recursos
formais ou pela confluência de substância temática, uma divisão ainda mais complexa. Não
esboçaremos sequer a tentativa de fazê-lo, pois uma empreitada como essa demandaria
tempo e espaço que excedem as ambições de um estudo modesto como o que apresentamos
aqui. Todavia, ocasionalmente agruparemos poemas em subconjuntos, por entender que se
iluminam mutuamente e por obediência ao caráter sistêmico que governou a seleção e
disposição interna dos poemas.
        Ainda antes de enveredar por estes caminhos, julgamos oportuno destacar a
excelente apresentação do volume, feita por Vanildo Brito, e o precioso estudo (abreviado)
de Sitônio Pinto sobre o soneto. Os dois textos são excelentes exemplos de acuidade
intelectual, o que não chega a surpreender quem conheça seus autores, ou antes, confirma
desnecessariamente sua reputação de finos intelectuais.


O engenho do soneto: o mo(nu)mento da escrita e o retábulo da forma fixa

       Sete sonetos ingleses abrem a primeira parte do livro. Neles, há muito mais em
comum que a presença da musa, Débora.
       O esquema rímico já fora explicado por Sitônio Pinto no texto introdutório: a
quadra persa (rubai) rima em aaba. Cumpre entender que Sitônio considera cada uma das


1
  Mestre em Literatura Brasileira (UFPB), professor da Universidade Regional do Cariri (Crato-Ceará),
coordenador do Núcleo de Estudo em Teoria Literária (NETLI), do Departamento de Línguas e Literaturas.
2
  Mestre em Literatura Brasileira (UFPB), professora da Universidade Regional do Cariri (Crato-Ceará).
3
  CIDADE, Hernâni. O conceito de poesia como expressão da cultura: sua evolução através das literaturas
portuguesa e brasileira. São Paulo: Livraria Acadêmica Saraiva & Cia, 1946. p. 63.
três quadras como autônomas do ponto de vista da forma, sendo inadequada a descrição em
aaba / ccbc / ddbd / bb. O título se insere no esquema rímico, sempre em b.
        O efeito dessa organização das rimas é quase encantatório, na medida em que nos
alicia a aceitar um permanente retorno (no qual se funda, aliás, a idéia mesma de verso) ou
a postular uma plurivocalidade arcaica, como se lembrando o sujeito coletivo da poesia
mais primitiva4. Seja como for, trata-se de um recurso extremamente sutil, que aparenta
estes sete sonetos a partir de uma matriz sonora bastante peculiar.
        Tomaremos o primeiro soneto para tecer algumas considerações ligadas ao estrato
semântico:

                         A TEZ ATRÁS DA TRELIÇA

                         Canto, em sonetos arcaicos,
                         o feito heróico ou prosaico,
                         e alva Rosa, e a Justiça,
                         nestes metros e mosaicos.

                         São versos trovadorescos,
                         são pentimentos de afrescos:
                         verto o Sangue na caliça
                         do Baixo-Inferno dantesco.

                         Sofre o pobre Deus no porto
                         das Oliveiras, digo, horto:
                         guarda a Rosa, nesta liça,
                         dos Sicários do Mar Morto.

                         Débora a tudo enfeitiça:
                         o Sino a pino na Missa.5

       Um conjunto de palavras disseminadas ao longo do poema pode permitir a repetição
de uma mesma idéia, de um mesmo sema, que se imporia ao leitor, ainda que
subliminarmente: trata-se do que, a partir de Greimas, chamamos isotopia.
       Pensemos, a pretexto de exercício, na identificação de uma isotopia da /poesia/, no
soneto. Seus componentes seriam /Canto/, /sonetos/, /metros/, /versos/, /trovadorescos/ e
/dantesco/. Sua disseminação limita-se às duas primeiras quadras. Em /heróico/ — embora
admitamos que, na superfície textual, sua acepção é outra — podemos ver o verso
decassílabo marcado pelo icto na sexta sílaba.
       Esta isotopia, como outras mais, será constante em todos os sonetos da série:

                  SONETO6          ELEMENTOS DA ISOTOPIA7
                  2                /poema/, /Musa/, /soneto/ [4x], /haicai/,

4
  Cf. SPINA, Segismundo. Na madrugada das formas poéticas. 2. ed. Cotia-SP: Ateliê, 2002.
5
  PINTO, Otávio Sitônio. Caminhos de Toboso. João Pessoa: Subsecretaria de Cultura; Campina Grande:
UEPB, 1999. p. 19.
6
  Numeramos arbitrariamente os seis sonetos seguintes, que compõem a série encadeada dos sete sonetos
ingleses.
7
  A repetição do sema, conforme a entendemos, pode partir de uma hipótese ou similaridade, como em
Quixote ou pergaminho. Outras, no caso específico, remetem à Divina Comédia, de Dante Alighieri, como
Rímini. Várias dessas referências são indicadas por Sitônio Pinto no rodapé da página.
/gazal/, /cortês/, /trova/, /rubai/, /Quixote/
                3                /pergaminho/, /no meio do caminho/
                4                /dantesco/, /Dante/, /Beatrice/, /Medusa/,
                                 /set’anos/
                5                /Aqueronte/, /Estige/, /Loba/, /Rímini/
                6                /rondó/
                7                /soneto/, /sonetos/ [3x], /versos/, /verbos/,
                                 /metro/


         Chegamos a uma importante indicação, apesar de aparentemente óbvia: a palavra
poética tem estatuto explícito na poesia de Sitônio, embora julguemos ser juízo apressado
falar secamente de metapoesia, no sentido que se lhe confere habitualmente. A poesia de
Sitônio não reflete sobre o fazer poético. Pode-se mais simplesmente dizer, sem reduzi-la,
que é uma poesia que poreja poesia.
         Um conjunto menos de reiterações leva-nos à idéia de /pintura/: /pentimentos/ e
/afrescos/. Por extensão, acrescentaríamos /mosaicos/ e /caliça/.
         Da união dos dois conjuntos, /poesia/ e /pintura/, chegaríamos às idéias de /arte/ ou
/beleza/.
         Um terceiro conjunto, ligado à idéia de /paixão/, em seu sentido etimológico, seria
composto por: /Sangue/, /sofre/, /pobre/, /Deus/, /Oliveiras/, /horto/, /Sicários/, /Sino/ e
/Missa/. No sentido vulgar, a /paixão/ estaria presente em /sonetos/, /Rosa/ [2x], /versos/ e
/enfeitiça/.
         A presença de Débora, musa de Sitônio, surge no dístico final, encabeçando-o. Ela
conjugaria os sentimentos provocados pela arte, pelo sofrimento e pelo gozo físico. Sua
invocação, indireta mas eficiente, põe-nos diante da figura que galvaniza e reordena os
valores do humano, produzidos pela arte sublime ou pela elevação espiritual dos ritos
religiosos. Sua presença feminina é marca de sublimidade, pois está acima dos símbolos da
elevação: acima do Sino (costumeiramente posto no cimo de uma torre, aqui surge
hiperbólico: a pino) e acima da Missa, isto é, acima da elevação espiritual. Sendo feminina,
não deixa de ser complexa: enfeitiça. No poder de enfeitiçar, mobilizam-se os poderes do
desconhecido, das forças misteriosas da magia, fixadas em nossa cultura pela figura da
feiticeira, cujo fascínio também está em ser poderosa e perigosa para a ordem do
masculino, que é avesso a transgressões.
         O sétimo soneto da série é mais propriamente metapoético, no sentido atualmente
disseminado. Confrontaremos o primeiro e o último, em busca de algumas invariantes da
série:

                        O SONETO, SEU ENGENHO

                        Faço sonetos com aço.
                        São duros versos que traço
                        nesta lida em que me empenho
                        andando sob o Cangaço.

                        Forjo sonetos de ferro,
                        de duros verbos que serro
                        na Caína em que me embrenho
e cerros por onde eu erro.

                               Soldo sonetos de cobre,
                               de metro curto de pobre.
                               Tempero o bronze que tenho
                               para Deb ouvir o dobre.

                               Sigo à risca este desenho:
                               as duas peças do Lenho.



         Um novo conjunto de reiterações sêmicas permite observar a introdução de um
elemento ausente no primeiro soneto: a isotopia da /artesania/. Seus componentes são:
/faço/, /aço/, /traço/, /forjo/, /ferro/, /serro/, /soldo/, /cobre/, /tempero/, /bronze/, /desenho/.
A motivação dos cuidados do fazer reside em Débora.
         Os feitos heróicos do primeiro soneto revivem na lida sob o Cangaço e no
vagamundear pela Caína de Dante e pelos cerros inominados. O eu-lírico se investe dos
signos do cavaleiro errante cujo germe já se insinuara no título do volume: a Toboso de
Cervantes, aldeia da formosa Dulcinéia (que se chamava, em verdade, Aldonça Lourenço).
         Ressurge aqui a paixão em seu sentido religioso, na metonímia expressa pelas “duas
peças do Lenho”. A devoção do cavaleiro por sua amada tem inspiração religiosa. Daí a co-
referencialidade interna entre o sino e o dobre, a Missa e o Lenho, o Baixo-Inferno ou o
Horto das Oliveiras e a Caína.
         Débora mais de uma vez — como se pode ver nos sonetos intermediários, que, por
economia de espaço não transcrevemos — conjuga, portanto, os múltiplos sentidos da
paixão. É a dama em cujo louvor se alça a voz do eu-lírico, enamorado. É a personificação
do amor transcendente que se escande com partes de gozo e partes de sofrimento. Por ela,
padece a voz do trovador.
         Acreditamos que é necessário falar de uma configuração do entusiasmo na dicção
do eu-lírico desta primeira série de sonetos ingleses. Entusiasmo em seu sentido primevo: a
voz que fala é aquela que manifesta a possessão e a inspiração do corpo tomado pelo
divino, com o deus em si, portanto.
         Antes de passarmos à consideração de outra importante série de sonetos ingleses,
queremos destacar os quatro belíssimos sonetos universais (4-4-3-3) da série das Naturezas
mortas8.
         O primeiro, Natureza morta com frutas, já se constrói sobre a base da contemplação
e da percepção corpórea, sobretudo gustativa, da beleza contemplada. Pouco de morta tem,
com as cores, os sumos e a velha e boa dialética que lhe adivinha a transformação
anunciada na última estrofe: “… Pois informa,/ doce, que natura ainda/ morta, sempre se
transforma.” Do ponto de vista formal, as três primeiras estrofes iniciam com a seqüência
“Sobre a tábua…”, que estará presente, mas não na mesma posição, nos dois sonetos
subsequentes:

                               Natureza morta com frutas

                                      Sobre um óleo de Celene


8
    Série de sonetos dispostos entre as páginas 37 e 40.
Sobre a tábua a cor do fruto-
                       forma, cavalgando os sumos,
                       sabor e ranço, sal (insumos),
                       sol, caroço, espinho bruto.

                       Sobre a tábua a cor da morta,
                       policromática, viva,
                       denunciando a saliva
                       calada, onde o fruto aporta.

                       Sobre a tábua (também morta),
                       forte a natureza vinga
                       além da morte — crua porta

                       de quem vive. Pois informa,
                       doce, que natura ainda
                       morta, sempre se transforma.

       O segundo soneto, Natureza morta com peixes, vem pontilhado de referências
marinhas conjugadas sob o signo do desamparo: luas afogadas, mares e tormentos “nunca
d’antes navegados”, peixes naufragados, crua bússola. Aqui a morte impera, num do
sonetos de atmosfera mais tensa entre aqueles reunidos nos Caminhos de Toboso. A nota
tensa, mantêm-na os fonemas /t/ e /d/, ausentes em apenas dois dos quatorze versos,
semeando bruscas interrupções em contraponto com o sopro da fricativa surda /s/, ausente
em um único verso.
       O terceiro soneto, Natureza morta com aves, reproduz, além do primeiro verso do
soneto anterior, o efeito sugerido pela consoante fricativa sonora /v/, ainda que também
abunde a reiteração do /s/.
       O soneto que finaliza a série, termina por “Está tudo consumado.” Nele o elemento
humano se sobrepõe ao divino. A tábua transmuta-se em madeiro e o desamparo se traduz
em doer, agouram, morte, cortes, homem cristificado, Homem crucificado. O recurso ao
episódio da Paixão, aqui em seu desenlace, é matriz fértil na poesia de Sitônio Pinto e, é
justo que se diga, aponta para a revelação do humano que se eleva ao divino, num
movimento de aproximação. A imagem do sofrimento divino não funciona aqui para
interpor um abismo entre o homem e a divindade, mas para aproximá-los. Se diviniza o
humano, também humaniza o divino, num outro belo exemplo de percepção dialética do
mundo e do homem:

                       Natureza morta com seres humanos

                       Doem no madeiro seres
                       humanos como soldados.
                       (Doíam). Agouram dados,
                       dor, ressurreição, prazeres.

                       Diante a morte, lazeres.
                       Estranhos cortes, maldados,
                       repartem panos moldados
                       no corpo-sal de nós seres.

                       Um homem só, cru, fincado.
A morte: verdade tosca.
                          Um homem cristificado.

                          O Homem crucificado.
                          Nós outros, bebamos a posca.
                          Está tudo consumado.

        Voltemos, agora, à outra série de sonetos ingleses, intitulados O prazer de ser
       9
soneto , e numerados, em romanos, de (I) a (V). Destacaremos, apenas para demonstrar a
beleza encontrada no conjunto, algumas curiosidades estruturais dos cinco sonetos.
        O verso 1 da estrofe 2 (V1-E2) é idêntico nos cinco poemas: “falo frente e verso”,
sendo que soam em E1 ou E2 referência eróticas10 que reforçam a polissemia de “falo” —
túmido, florete, bífida, nuas, bandeira, incesto, sátiro, lúbrico, dispa, bolina, sangrenta
fontana, parto. O Amor surge engalanado de suas insígnias eróticas, mergulhado nos
cuidados da vida e do prazer. A ânsia de amar é, mesmo assim, percebida como ansiogênica
e abundam essas referências na seleção vocabular: sofra, queixas, queixume, endecha,
chore, pranto, incesto perverso, grite, procela, sangre, amara fonte, peque, sangrenta.
        Em V1-E3, localizam-se alterações relevantes. Transcreveremos as cinco formas de
V1-E3:

                          (I) — Sofra Amor ao peito
                          (II) — faça Amor o feito
                          (III) — Faça Amor o passo
                          (IV) — Grite Amor ao jeito
                          (V) — Lança amor ao peito

        Nas cinco formas, percebemos a dramaticidade sustentada ao longo dos cinco
sonetos, sobretudo pela carga semântica dos verbos.
        Ocorre em (I), (II), (IV) e (V), na posição V3-E3 uma retomada parcial ou total do
estrato fônico inicial em V1-E3. Observemos a tabela a seguir:


                   Soneto           V1-E3                        V3-E3
                  (I)        Sofra Amor ao peito         Sofra amor ao jeito
                  (II)       faça Amor o feito           Peça ao mar o leito,
                  (IV)       Grite Amor ao jeito         Sangre ao mar seu medo
                  (V)        Lança amor ao peito         Diz Amor com medo,

       A combinatória das possibilidades sonoras é explorada num esquema complexo
somente perceptível no desvendamento da estrutura de retábulo que os cinco sonetos
constróem entre si. Postos lado a lado, por trás do altar consagrado ao Amor, o
aproveitamento dos esquemas posicionais entre os versos e estrofes torna-se nítido e
amplia-se o prazer da leitura.


9
 Dispostos entre as páginas 45 e 49.
10
  Algumas por extensão, como bandeira ou bolina; a primeira pela imagem fálica, a segunda por homofonia
com bolinar.
Um último exemplo do rendimento que Sitônio obtém da estrutura fixa do soneto,
nisto que estamos tentados a chamar de “composição retabular”, é visto na meia-quadra —
ou dístico — que encerra cada soneto. Novamente utilizaremos uma tabela:


                           (I)                      E se Amor é franco,
                                                    cante encanto tanto.
                          (II)                       E se amor é canto,
                                                   chore estanque pranto.
                          (III)                      E, se Amor é tanto,
                                                    solte instinto tantra.
                          (IV)                       E se Amor é santo,
                                                    peque instante tanto.
                          (V)                        E se Amor é vento,
                                                    sopre todo o tempo.


        O Amor, polifacético, nestas cinco estrofes de redondilhas menores, multiplica-se
em cinco. As terminações dos versos são, igualmente, cinco: -anco, -anto, -antra, -ento e -
empo. A engenharia de Sitônio Pinto permite, como ocorre com a alta poesia, apreciar o
edifício e contemplar os andaimes usados em sua construção; extrair prazer da leitura e do
reencontro com a fatura poemática; aceitar o encanto dos sons, imagens e idéias do poema,
mas imaginar que compartilhamos com o poeta o mo(nu)mento da escrita.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CIDADE, Hernâni. O conceito de poesia como expressão da cultura: sua evolução
através das literaturas portuguesa e brasileira. São Paulo: Livraria Acadêmica Saraiva &
Cia, 1946.
PINTO, Otávio Sitônio. Caminhos de Toboso. João Pessoa: Subsecretaria de Cultura;
Campina Grande: UEPB, 1999.
SPINA, Segismundo. Na madrugada das formas poéticas. 2. ed. Cotia-SP: Ateliê, 2002.

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Dos Engenhos Da Poesia Edson Soares Martins

  • 1. Dos engenhos da poesia e dos caminhos de Sitônio Pinto Edson Soares Martins1 Maria Eneida Feitosa2 O professor Hernâni Cidade, no profundo estudo que consagra à poesia como expressão da cultura, em certo momento afirma que, na alvorada do Renascimento, defendia-se que com a utilidade da substância, que fazia da poesia fingimento de cousas úteis, era necessário casar a sedução da forma3. Hoje, é escusado dizer que a poesia goza de uma conquistada liberdade conteudístico-formal. Aquilo que nos interessa no raciocínio de Hernâni Cidade é que a fórmula, despida da normatividade moralizante de que se ataviara sob a influência dos preceptistas ibéricos, descreve ainda hoje sólidos núcleos de exploração lírica de indiscutível qualidade. Parece-nos ser esse o caso específico do Caminhos de Toboso, de Otávio Sitônio Pinto, poeta paraibano. A obra, publicada em 1999, divide-se em três grandes partes intituladas O engenho do soneto, Haicaiara (esta, subdividida em Haicaiara, Crescente Amargo, Azuis e Sombras) e Caminhos de Toboso. Na verdade, são três livros reunidos no mesmo volume. Uma análise cuidadosa, porém, acabaria por perceber, seja pelo parentesco de recursos formais ou pela confluência de substância temática, uma divisão ainda mais complexa. Não esboçaremos sequer a tentativa de fazê-lo, pois uma empreitada como essa demandaria tempo e espaço que excedem as ambições de um estudo modesto como o que apresentamos aqui. Todavia, ocasionalmente agruparemos poemas em subconjuntos, por entender que se iluminam mutuamente e por obediência ao caráter sistêmico que governou a seleção e disposição interna dos poemas. Ainda antes de enveredar por estes caminhos, julgamos oportuno destacar a excelente apresentação do volume, feita por Vanildo Brito, e o precioso estudo (abreviado) de Sitônio Pinto sobre o soneto. Os dois textos são excelentes exemplos de acuidade intelectual, o que não chega a surpreender quem conheça seus autores, ou antes, confirma desnecessariamente sua reputação de finos intelectuais. O engenho do soneto: o mo(nu)mento da escrita e o retábulo da forma fixa Sete sonetos ingleses abrem a primeira parte do livro. Neles, há muito mais em comum que a presença da musa, Débora. O esquema rímico já fora explicado por Sitônio Pinto no texto introdutório: a quadra persa (rubai) rima em aaba. Cumpre entender que Sitônio considera cada uma das 1 Mestre em Literatura Brasileira (UFPB), professor da Universidade Regional do Cariri (Crato-Ceará), coordenador do Núcleo de Estudo em Teoria Literária (NETLI), do Departamento de Línguas e Literaturas. 2 Mestre em Literatura Brasileira (UFPB), professora da Universidade Regional do Cariri (Crato-Ceará). 3 CIDADE, Hernâni. O conceito de poesia como expressão da cultura: sua evolução através das literaturas portuguesa e brasileira. São Paulo: Livraria Acadêmica Saraiva & Cia, 1946. p. 63.
  • 2. três quadras como autônomas do ponto de vista da forma, sendo inadequada a descrição em aaba / ccbc / ddbd / bb. O título se insere no esquema rímico, sempre em b. O efeito dessa organização das rimas é quase encantatório, na medida em que nos alicia a aceitar um permanente retorno (no qual se funda, aliás, a idéia mesma de verso) ou a postular uma plurivocalidade arcaica, como se lembrando o sujeito coletivo da poesia mais primitiva4. Seja como for, trata-se de um recurso extremamente sutil, que aparenta estes sete sonetos a partir de uma matriz sonora bastante peculiar. Tomaremos o primeiro soneto para tecer algumas considerações ligadas ao estrato semântico: A TEZ ATRÁS DA TRELIÇA Canto, em sonetos arcaicos, o feito heróico ou prosaico, e alva Rosa, e a Justiça, nestes metros e mosaicos. São versos trovadorescos, são pentimentos de afrescos: verto o Sangue na caliça do Baixo-Inferno dantesco. Sofre o pobre Deus no porto das Oliveiras, digo, horto: guarda a Rosa, nesta liça, dos Sicários do Mar Morto. Débora a tudo enfeitiça: o Sino a pino na Missa.5 Um conjunto de palavras disseminadas ao longo do poema pode permitir a repetição de uma mesma idéia, de um mesmo sema, que se imporia ao leitor, ainda que subliminarmente: trata-se do que, a partir de Greimas, chamamos isotopia. Pensemos, a pretexto de exercício, na identificação de uma isotopia da /poesia/, no soneto. Seus componentes seriam /Canto/, /sonetos/, /metros/, /versos/, /trovadorescos/ e /dantesco/. Sua disseminação limita-se às duas primeiras quadras. Em /heróico/ — embora admitamos que, na superfície textual, sua acepção é outra — podemos ver o verso decassílabo marcado pelo icto na sexta sílaba. Esta isotopia, como outras mais, será constante em todos os sonetos da série: SONETO6 ELEMENTOS DA ISOTOPIA7 2 /poema/, /Musa/, /soneto/ [4x], /haicai/, 4 Cf. SPINA, Segismundo. Na madrugada das formas poéticas. 2. ed. Cotia-SP: Ateliê, 2002. 5 PINTO, Otávio Sitônio. Caminhos de Toboso. João Pessoa: Subsecretaria de Cultura; Campina Grande: UEPB, 1999. p. 19. 6 Numeramos arbitrariamente os seis sonetos seguintes, que compõem a série encadeada dos sete sonetos ingleses. 7 A repetição do sema, conforme a entendemos, pode partir de uma hipótese ou similaridade, como em Quixote ou pergaminho. Outras, no caso específico, remetem à Divina Comédia, de Dante Alighieri, como Rímini. Várias dessas referências são indicadas por Sitônio Pinto no rodapé da página.
  • 3. /gazal/, /cortês/, /trova/, /rubai/, /Quixote/ 3 /pergaminho/, /no meio do caminho/ 4 /dantesco/, /Dante/, /Beatrice/, /Medusa/, /set’anos/ 5 /Aqueronte/, /Estige/, /Loba/, /Rímini/ 6 /rondó/ 7 /soneto/, /sonetos/ [3x], /versos/, /verbos/, /metro/ Chegamos a uma importante indicação, apesar de aparentemente óbvia: a palavra poética tem estatuto explícito na poesia de Sitônio, embora julguemos ser juízo apressado falar secamente de metapoesia, no sentido que se lhe confere habitualmente. A poesia de Sitônio não reflete sobre o fazer poético. Pode-se mais simplesmente dizer, sem reduzi-la, que é uma poesia que poreja poesia. Um conjunto menos de reiterações leva-nos à idéia de /pintura/: /pentimentos/ e /afrescos/. Por extensão, acrescentaríamos /mosaicos/ e /caliça/. Da união dos dois conjuntos, /poesia/ e /pintura/, chegaríamos às idéias de /arte/ ou /beleza/. Um terceiro conjunto, ligado à idéia de /paixão/, em seu sentido etimológico, seria composto por: /Sangue/, /sofre/, /pobre/, /Deus/, /Oliveiras/, /horto/, /Sicários/, /Sino/ e /Missa/. No sentido vulgar, a /paixão/ estaria presente em /sonetos/, /Rosa/ [2x], /versos/ e /enfeitiça/. A presença de Débora, musa de Sitônio, surge no dístico final, encabeçando-o. Ela conjugaria os sentimentos provocados pela arte, pelo sofrimento e pelo gozo físico. Sua invocação, indireta mas eficiente, põe-nos diante da figura que galvaniza e reordena os valores do humano, produzidos pela arte sublime ou pela elevação espiritual dos ritos religiosos. Sua presença feminina é marca de sublimidade, pois está acima dos símbolos da elevação: acima do Sino (costumeiramente posto no cimo de uma torre, aqui surge hiperbólico: a pino) e acima da Missa, isto é, acima da elevação espiritual. Sendo feminina, não deixa de ser complexa: enfeitiça. No poder de enfeitiçar, mobilizam-se os poderes do desconhecido, das forças misteriosas da magia, fixadas em nossa cultura pela figura da feiticeira, cujo fascínio também está em ser poderosa e perigosa para a ordem do masculino, que é avesso a transgressões. O sétimo soneto da série é mais propriamente metapoético, no sentido atualmente disseminado. Confrontaremos o primeiro e o último, em busca de algumas invariantes da série: O SONETO, SEU ENGENHO Faço sonetos com aço. São duros versos que traço nesta lida em que me empenho andando sob o Cangaço. Forjo sonetos de ferro, de duros verbos que serro na Caína em que me embrenho
  • 4. e cerros por onde eu erro. Soldo sonetos de cobre, de metro curto de pobre. Tempero o bronze que tenho para Deb ouvir o dobre. Sigo à risca este desenho: as duas peças do Lenho. Um novo conjunto de reiterações sêmicas permite observar a introdução de um elemento ausente no primeiro soneto: a isotopia da /artesania/. Seus componentes são: /faço/, /aço/, /traço/, /forjo/, /ferro/, /serro/, /soldo/, /cobre/, /tempero/, /bronze/, /desenho/. A motivação dos cuidados do fazer reside em Débora. Os feitos heróicos do primeiro soneto revivem na lida sob o Cangaço e no vagamundear pela Caína de Dante e pelos cerros inominados. O eu-lírico se investe dos signos do cavaleiro errante cujo germe já se insinuara no título do volume: a Toboso de Cervantes, aldeia da formosa Dulcinéia (que se chamava, em verdade, Aldonça Lourenço). Ressurge aqui a paixão em seu sentido religioso, na metonímia expressa pelas “duas peças do Lenho”. A devoção do cavaleiro por sua amada tem inspiração religiosa. Daí a co- referencialidade interna entre o sino e o dobre, a Missa e o Lenho, o Baixo-Inferno ou o Horto das Oliveiras e a Caína. Débora mais de uma vez — como se pode ver nos sonetos intermediários, que, por economia de espaço não transcrevemos — conjuga, portanto, os múltiplos sentidos da paixão. É a dama em cujo louvor se alça a voz do eu-lírico, enamorado. É a personificação do amor transcendente que se escande com partes de gozo e partes de sofrimento. Por ela, padece a voz do trovador. Acreditamos que é necessário falar de uma configuração do entusiasmo na dicção do eu-lírico desta primeira série de sonetos ingleses. Entusiasmo em seu sentido primevo: a voz que fala é aquela que manifesta a possessão e a inspiração do corpo tomado pelo divino, com o deus em si, portanto. Antes de passarmos à consideração de outra importante série de sonetos ingleses, queremos destacar os quatro belíssimos sonetos universais (4-4-3-3) da série das Naturezas mortas8. O primeiro, Natureza morta com frutas, já se constrói sobre a base da contemplação e da percepção corpórea, sobretudo gustativa, da beleza contemplada. Pouco de morta tem, com as cores, os sumos e a velha e boa dialética que lhe adivinha a transformação anunciada na última estrofe: “… Pois informa,/ doce, que natura ainda/ morta, sempre se transforma.” Do ponto de vista formal, as três primeiras estrofes iniciam com a seqüência “Sobre a tábua…”, que estará presente, mas não na mesma posição, nos dois sonetos subsequentes: Natureza morta com frutas Sobre um óleo de Celene 8 Série de sonetos dispostos entre as páginas 37 e 40.
  • 5. Sobre a tábua a cor do fruto- forma, cavalgando os sumos, sabor e ranço, sal (insumos), sol, caroço, espinho bruto. Sobre a tábua a cor da morta, policromática, viva, denunciando a saliva calada, onde o fruto aporta. Sobre a tábua (também morta), forte a natureza vinga além da morte — crua porta de quem vive. Pois informa, doce, que natura ainda morta, sempre se transforma. O segundo soneto, Natureza morta com peixes, vem pontilhado de referências marinhas conjugadas sob o signo do desamparo: luas afogadas, mares e tormentos “nunca d’antes navegados”, peixes naufragados, crua bússola. Aqui a morte impera, num do sonetos de atmosfera mais tensa entre aqueles reunidos nos Caminhos de Toboso. A nota tensa, mantêm-na os fonemas /t/ e /d/, ausentes em apenas dois dos quatorze versos, semeando bruscas interrupções em contraponto com o sopro da fricativa surda /s/, ausente em um único verso. O terceiro soneto, Natureza morta com aves, reproduz, além do primeiro verso do soneto anterior, o efeito sugerido pela consoante fricativa sonora /v/, ainda que também abunde a reiteração do /s/. O soneto que finaliza a série, termina por “Está tudo consumado.” Nele o elemento humano se sobrepõe ao divino. A tábua transmuta-se em madeiro e o desamparo se traduz em doer, agouram, morte, cortes, homem cristificado, Homem crucificado. O recurso ao episódio da Paixão, aqui em seu desenlace, é matriz fértil na poesia de Sitônio Pinto e, é justo que se diga, aponta para a revelação do humano que se eleva ao divino, num movimento de aproximação. A imagem do sofrimento divino não funciona aqui para interpor um abismo entre o homem e a divindade, mas para aproximá-los. Se diviniza o humano, também humaniza o divino, num outro belo exemplo de percepção dialética do mundo e do homem: Natureza morta com seres humanos Doem no madeiro seres humanos como soldados. (Doíam). Agouram dados, dor, ressurreição, prazeres. Diante a morte, lazeres. Estranhos cortes, maldados, repartem panos moldados no corpo-sal de nós seres. Um homem só, cru, fincado.
  • 6. A morte: verdade tosca. Um homem cristificado. O Homem crucificado. Nós outros, bebamos a posca. Está tudo consumado. Voltemos, agora, à outra série de sonetos ingleses, intitulados O prazer de ser 9 soneto , e numerados, em romanos, de (I) a (V). Destacaremos, apenas para demonstrar a beleza encontrada no conjunto, algumas curiosidades estruturais dos cinco sonetos. O verso 1 da estrofe 2 (V1-E2) é idêntico nos cinco poemas: “falo frente e verso”, sendo que soam em E1 ou E2 referência eróticas10 que reforçam a polissemia de “falo” — túmido, florete, bífida, nuas, bandeira, incesto, sátiro, lúbrico, dispa, bolina, sangrenta fontana, parto. O Amor surge engalanado de suas insígnias eróticas, mergulhado nos cuidados da vida e do prazer. A ânsia de amar é, mesmo assim, percebida como ansiogênica e abundam essas referências na seleção vocabular: sofra, queixas, queixume, endecha, chore, pranto, incesto perverso, grite, procela, sangre, amara fonte, peque, sangrenta. Em V1-E3, localizam-se alterações relevantes. Transcreveremos as cinco formas de V1-E3: (I) — Sofra Amor ao peito (II) — faça Amor o feito (III) — Faça Amor o passo (IV) — Grite Amor ao jeito (V) — Lança amor ao peito Nas cinco formas, percebemos a dramaticidade sustentada ao longo dos cinco sonetos, sobretudo pela carga semântica dos verbos. Ocorre em (I), (II), (IV) e (V), na posição V3-E3 uma retomada parcial ou total do estrato fônico inicial em V1-E3. Observemos a tabela a seguir: Soneto V1-E3 V3-E3 (I) Sofra Amor ao peito Sofra amor ao jeito (II) faça Amor o feito Peça ao mar o leito, (IV) Grite Amor ao jeito Sangre ao mar seu medo (V) Lança amor ao peito Diz Amor com medo, A combinatória das possibilidades sonoras é explorada num esquema complexo somente perceptível no desvendamento da estrutura de retábulo que os cinco sonetos constróem entre si. Postos lado a lado, por trás do altar consagrado ao Amor, o aproveitamento dos esquemas posicionais entre os versos e estrofes torna-se nítido e amplia-se o prazer da leitura. 9 Dispostos entre as páginas 45 e 49. 10 Algumas por extensão, como bandeira ou bolina; a primeira pela imagem fálica, a segunda por homofonia com bolinar.
  • 7. Um último exemplo do rendimento que Sitônio obtém da estrutura fixa do soneto, nisto que estamos tentados a chamar de “composição retabular”, é visto na meia-quadra — ou dístico — que encerra cada soneto. Novamente utilizaremos uma tabela: (I) E se Amor é franco, cante encanto tanto. (II) E se amor é canto, chore estanque pranto. (III) E, se Amor é tanto, solte instinto tantra. (IV) E se Amor é santo, peque instante tanto. (V) E se Amor é vento, sopre todo o tempo. O Amor, polifacético, nestas cinco estrofes de redondilhas menores, multiplica-se em cinco. As terminações dos versos são, igualmente, cinco: -anco, -anto, -antra, -ento e - empo. A engenharia de Sitônio Pinto permite, como ocorre com a alta poesia, apreciar o edifício e contemplar os andaimes usados em sua construção; extrair prazer da leitura e do reencontro com a fatura poemática; aceitar o encanto dos sons, imagens e idéias do poema, mas imaginar que compartilhamos com o poeta o mo(nu)mento da escrita. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CIDADE, Hernâni. O conceito de poesia como expressão da cultura: sua evolução através das literaturas portuguesa e brasileira. São Paulo: Livraria Acadêmica Saraiva & Cia, 1946. PINTO, Otávio Sitônio. Caminhos de Toboso. João Pessoa: Subsecretaria de Cultura; Campina Grande: UEPB, 1999. SPINA, Segismundo. Na madrugada das formas poéticas. 2. ed. Cotia-SP: Ateliê, 2002.