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O CUBISMO Pablo Picasso  (1881-1973)
FASE AZUL (1901-1904) FASE ROSA (1905-1906) CUBISMO Em torno de  Les Demoiselles d’Avignon  (1906-1907) Provocada com o suicídio num café parisiense do amigo e pintor Casagemas, por amor não correspondido a Germaine. A fase foi iniciada com a pintura  Evocação – O Funeral de Casagemnas  (Verão 1901). Um monocromatismo frio em tons de azul dominam uma atmosfera melancólica e sóbria, de tom pessimista, com temas de pobreza, velhice e solidão As figuras nuas e adquirem leves movimentos corporais desafogando o estatismo da fase azul. Graciosidade e melancolia misturam-se.  Saltimbancos, funâmbulos e arlequins substituem mendigos e cegos. Surgem pequenos objectos de caracterização que aliviam solidão. A derrotas e a pobreza não são totais.  Fase transição entre Azul e Rosa (1905) O rosa intormete-se primeiro em diálogo, com o azul, normalmente remetendo-o para o fundo ( Mulher com Gralha , 1904). Fase em que conhece Fernande. Fase em que Picasso dá atenção à máscara «primitivista» e explora um novo sentido de estilização. Um trabalho mais poligonal sobre os volumes de figuras nuas (cada vez mais presentes no final da fase rosa) anunciara este interesse. Retratos-máscaras e figuras nuas são os motivos dominantes.  Mundo deforma-se espacialmente para surgir com várias faces observáveis no plano dio quadro. Fase dominada pelas paisagens de l’Estaque e Horta del Hebro. Diálogo e cumplicidade entre Braque e Picasso.  Fase  Cezanniana (1908-1909) ,[object Object],[object Object],Cubismo Analítico (1909-1912) ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],Cubismo Sintético (1912-1914)
Pablo Picasso,  A Bebedora de Absinto , 1901, óleo sobre cartão, 65,8x50,8 cm, Nova Iorque: Colecção Melville Hall. Pablo Picasso,  A Bebedora de Absinto , 1901, óleo sobre tela, 73x54 cm, Sampetersburgo: Museu do Ermitage.
Pablo Picasso,  Os Dois Saltimbancos (Arlequim e a sua Companheira) , 1901, óleo sobre tela, 73x60 cm, Moscovo: Museu Pouchkine. Pablo Picasso,  Arlequim Encostado , 1901, óleo sobre tela, 82,8x61,3 cm, Nova Iorque: The Metropolitan Museum of Art.
Pablo Picasso,  O Menino Pombo , 1901, óleo sobre tela, 73x54 cm, Londres: National Gallery.
Pablo Picasso,  A Vida , 1903, óleo sobre tela, 196,5x128,5 cm, Cleveland: The Cleveland Museum of Art «Comecei a pintar azul quando percebi que Casagemas tinha morrido» Picasso
Pablo Picasso,  Mãe e Filho (Saltimbancos) , 1905, óleo sobre tela, 90x71 cm, Estugarda: Staatgalerie Stuttgart. Pablo Picasso,  A Refeição Frugal , 1904, água-forte, 46,5x37,6 cm.
Pablo Picasso,  Auto-Retrato com Paleta , 1906, óleo sobre tela, 92x73 cm, Filadélfia: Philadelphia Museum of Art.
Pablo Picasso,  A «Toilette» , 1906, óleo sobre tela, 151x199 cm, Buffalo: Albright-Knox Art Gallery.
Pablo Picasso,  Duas Mulheres Nuas , 1906, óleo sobre tela, 151,3x92 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art. Pablo Picasso,  Duas Mulheres Nuas Agarradas , 1906, óleo sobre tela, 151x100 cm, Suiça: Colecção particular.
Pablo Picasso,  Estudo para «Les Demoiselles d’Avignon» , 1907, lápis e pastel sobre papel, 47,7x63,5 cm, Basileia: Öffentliche Kunstsammlung Basel. Pablo Picasso,  Estudo para «Les Demoiselles d’Avignon» , 1907, aguarela sobre papel, 243,9x233,7 cm, Filadélfia: Philadelphia Museum of Art.
Pablo Picasso,  As Meninas de Avinhão [Les Demoiselles d’Avignon] , 1907, óleo sobre tela, 243x233 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art. entre a  expressão  e a  forma fundo estilhaçado como que resultante dum violento espalmar sobre a superfície do quadro (com um espelho quebrado que agarrou os reflexos duma realidade que nele se vê representado) tensão entre o espaço da realidade e espaço da pintura; ou entre o espaço total e objectos ( facto real ) e o plano do quadro ( facto pictural ) figuras deformadas nessa acção de compressão sobre o fundo tensão figuras/fundo pelo domínio do espaço do plano do quadro cada figura é ícone isolado duma situação pictórica que se autonomiza (e confronta) com as outras.  há várias pinturas no quadro! Ingres Máscaras Antigo Egipto
A primeira grande fase de  Pablo Picasso  (1881-1973) depois de chegar a Paris ficaria conhecida como  fase azul , de tom pessimista, com temas de pobreza, velhice e solidão. Seguiria-se a  fase rosa , mais optimista (embora sempre melancólica) com os seus temas de circo e saltimbancos. A pintura  Les Demoiselles d’Avigon  (1907) assinalou o fim da fase rosa e o início de um processo que levaria rapidamente ao cubismo. Nesta pintura cruzam-se referências várias tais como Ingres, Gauguin, Cézanne, máscaras africanas, a pintura do Antigo Egipto ou a escultura pré-romana ibérica: cada figura é um ícone isolado duma situação pictórica que se autonomiza (e confronta) com as outras:  há várias pinturas no quadro! . O fundo estilhaçado como que resulta dum violento espalmar do espaço representado na superfície do quadro (com um espelho quebrado que agarrou os reflexos duma realidade que nele se vê representado). As figuras deformam-se nessa acção de compressão sobre o fundo, numa tensão entre figuras e fundo pelo domínio do espaço do plano do quadro, uma tensão entre o espaço da realidade e espaço da pintura ou entre o espaço total e objectos ( facto real ) e o plano do quadro ( facto pictural ). As  Demoiselles d’Avigon  foram o símbolo pictórico de uma crise, a da impossibilidade duma unidade de várias influências em encruzilhada. Estava patente a necessidade duma nova linguagem de que o «Cubismo» seria a resposta. Com ele, mais do que um estilo, nasce uma nova estrutura nas artes visuais.  Pablo Picasso,  As Meninas de Avinhão , 1907
Pablo Picasso,  Busto de Mulher (Estudo para «Les Demoiselles d’Avignon») , 1907, óleo sobre tela, 65x58 cm, Paris: Musée d’Art Moderne, Centre Georges Pompidou. Pablo Picasso,  Cabeça de Mulher (3 Estudos para «Les Demoiselles d’Avignon») , 1906/1907, lápis sobre papel.
Georges Braque,  Nu Debout , 1907-1908,  óleo sobre tela, 142x102 cm. Georges Braque,  A pequena Baía de La Ciotat , 1907, óleo sobre tela, 36x48 cm.
Georges Braque,  Les Instruments de Musique , 1908,  óleo sobre tela, 50x61 cm. O PRÉ-CUBISMO FASE CEZANNIANA Nesta primeira fase, o  Pré-cubismo  ou  fase cézanniana , a imagem foi reduzida a volumes essenciais e a uma redução cromática, sem unidade da luz nem dos pontos de fuga. A volumetria materializa as distâncias (os vazios) e as formas abrem-se comunicando com o espaço. Diferentes olhares sobre o objecto começam-se a cruzar e a sobrepor. Já não há só um olhar único, mas vários a disputarem a mesma superfície do quadro. Já não se trata só de trazer uma realidade em três dimensões para um plano, mas de trazer a multiplicidade de olhares dessa realidade para uma só imagem: o cubismo trazia uma noção estrututral de tempo para a pintura. Desfazia-se a terceira dimensão da perspectiva como estrutura de uma representação, passando a dominar uma quarta dimensão: o tempo.  «Perguntei a mim mesmo se não se deviam pintar as coisas como as conhecemos e não como as vemos» Picasso
Pablo Picasso,  O Reservatório (Horta de Ebro) , 1909, óleo sobre tela, 60,3x50,1 cm, Nova Iorque: Colecção Rockfeller. Georges Braque,  O parque de Carrières-Saint-Denis , 1908-1909,  óleo sobre tela, 40,6x45,3 cm. imagem reduzida a volumes essenciais redução cromática: sem unidade da luz ou dos pontos de fuga arestas rectilíneas: volumetria que materializa as distâncias (os vazios) formas abrem-se comunicando com o espaço
Pablo Picasso,  Mulher com Peras (Fernande) , 1909, óleo sobre tela, 92x73 cm, Nova Iorque: colecção particular. O CUBISMO ANALÍTICO No  Cubismo analítico  o volume perde densidade para a tela e esta absorve o espaço e os objectos numa tensão entre a acentuada volumetria inicial e a afirmação da superfície. Verifica-se uma mistura lírica de vários aspectos do objecto que fica reduzido a pequenos signos gráficos sobre um fundo monocromático: as formas abrem-se comunicando com o espaço-suporte do fundo e valorizando a superfície do quadro como fenómeno pictórico. A estrutura analítica dissolve a visão sintética do objecto, numa perda do referente: o cubismo, que queria representar o objecto, parecia abstracto. Ainda na fase analítica, Braque fez surgir letras de imprensa na composição da pintura ( O Português , 1911).
Georges Braque,  Piano et Mandore (Piano et partition) , 1909-1910, óleo sobre tela, 91,8x42,9 cm. Pablo Picasso,  Menina com Bandolim , princípios de 1910, óleo sobre tela, 100,3x73,6 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art. dissolução do  referente volume perde densidade para a tela: esta absorve espaço e objectos luta entre a acentuada volumetria inicial e a afirmação da superfície mistura lírica de vários aspectos do objecto concavidades e convexidades sem lógica única: varia com o percurso analítico da criação/percepção redução a pequenos signos gráficos fundo monocromático: valorização do fundo como tecido pictórico articulado formas abrem-se comunicando com o espaço-suporte do fundo
Pablo Picasso,  A Paisagem de Céret , Verão de 1911, óleo sobre tela, 65x50 cm, Nova Iorque: The Solomon  R. Guggenheim Museum. Georges Braque,  La Table(Nature Morte à l’éventail) , 1910,  óleo sobre tela, 38x55 cm. «Este espaço atraía-me muito, porque a busca do espaço era em primeiro lugar uma busca cubista. A cor desempenhou um papel menor. O único aspecto cromático que nos interessava era o da luz; luz e espaço estão intimamente ligados e nós trabalhávamos com ambos»  (George Braque)
Pablo Picasso,  Retrato de Kahnweiler , Outono 1910, óleo sobre tela, 100,6x72,8 cm, The Art Institute of Chicago. Pablo Picasso,  Retrato de Ambroise Vollard , 1910, óleo sobre tela, 92x73,1 cm, Moscovo: Museu Puschkin.
Georges Braque,  O Português , 1911, óleo sobre tela, 117x81,5 cm, Basileia: Museu de Arte. Pablo Picasso,  «Ma Jolie» (Mulher com Guitarra) , Inverno 1911-1912, óleo sobre tela.
Georges Braque,  Taça de Frutos e Vidro , Setembro 1912, cartão e «papiers collés», 62x43,5 cm, colecção particular. O CUBISMO SINTÉTICO O  cubismo sintético  nascia na necessidade de introdução de elementos sinaléticos de teor figurativo num esforço de recuperação das coisas representadas. Os dois pintores procuraram uma relação intuitiva (poética) e cognitiva (mental) de relação com o objecto. Ao mesmo tempo incluiram-se elementos relativos ao objecto representado, fazendo nascer a  collage  (Picasso,  Natureza Morta com Cadeira Empalhada , Maio 1912), e os  papiers collés  (Braque,  Taça de Frutos e Vidro , Setembro 1912) e depois a inclusão de matérias (areias) até à realidade integral ( assemblage ) em que a pintura se oferecia como escultura sobre o plano. A fase sintética teria o importante contributo de  Juan Gris  (1887-1927), que trabalhou formas planas e coloridas sem volume numa síntese do plano e do objecto, desenvolvendo uma integração lúdica de um espaço com intersecções e transparências rítmicas de planos, com grande sentido decorativo das texturas. Gris estabeleceu um processo «dedutivo» que desenvolvia de estruturas genéricas e abstractas e a partir das quais estabelecia e colocava a figuração.
Pablo Picasso,  O Violino («Jolie Eva») , Primavera 1912, óleo sobre tela, 81x60 cm, Estugarda: Staatsgalerie. Pablo Picasso,  Souvenir du Havre , 1912, óleo sobre tela, 92x65 cm, Colecção particular.
Pablo Picasso,  Natureza-morta com Cadeira Empalhada , Maio 1912, óleo sobre tela encerada sobre tela rodeada de corda, 29x37cm, Paris: Musée Picasso.
Georges Braque,  Homme à la guitare , 1914,  óleo sobre tela, 130x73 cm. Georges Braque,  La musicienne , 1917-1918, óleo sobre tela, 221,3x113 cm.
Pablo Picasso,  Garrafa de «Vieux Marc» , 1913, desenho e papeis colados, 62,5x47 cm, Paris: Musée d’Art Moderne, Centre George Pompidou.
Pablo Picasso,  Violino preso à Parede , 1913, óleo e areias sobre tela, 65x46 cm, Lucerna: Galerie Rosengart.
Juan Gris,  Retrato de Pablo Picasso (Homenagem a Pablo Picasso) ,  1910, óleo sobre tela, 93,4x74,3 cm, The Art Institute of Chicago. Fotografia de Picasso, 1910,  Paris: Boulevard de Clichy.
Juan Gris,  Paisagem com Casas em Céret ,  1913, óleo sobre tela, 100x65 cm, Fundação Frax. Juan Gris,  Guitarra , 1914, óleo sobre tela,  65x92 cm, Colecção particular.
Juan Gris,  A Janela Aberta , 1921, óleo sobre tela,  66x100,7 cm, Madrid: Museo Nacional de Arte Reina Sofia. «Trabalho com os elementos do intelecto, com a imaginação. Tento tornar concreto o que é abstracto. Parto do genérico para o particular [processo dedutivo], o que significa que começo com  uma abstracção de molde a chegar a um facto real»  (Juan Gris)
Jean Metzinger,  Na Corrida de Bicicleta , c.1911/1912, óleo e colagem sobre tela, 130,4x97,1 cm. Se Picasso e Braque foram os verdadeiros criadores do cubismo, os divulgadores seriam outros, a partir do  Salon des Indépendants  e do  Salon d’Automne  de 1910. Este  cubismo militante , como ficaria conhecido, era menos estrutural e mais formal com fórmulas estilisticas que tendiam para uma mera  cubificação  das coisas. Os nomes destacados foram, entre outros,  Fernand Léger  (1881-1955)  Fauconnier  (1881-1946),  Le Fresnaye  (1885-1925),  Jean Metzinger  (1883-1957) e  Albert Gleizes  (1981-1953). Estes últimos seriam autores do primeiro ensaio teórico para o entendimento e valorização do cubismo ( Du Cubisme , 1912). Noutra orientação surgiu o projecto de  Robert Dealunay  (1885-1941), atento à luz e à cor, que o poeta  Apollinaire  chamou de «cubismo órfico». O cubismo serviu-lhe para fragmentar as coisas representadas, para depois delas arrancar os reflexos luminosos da cor, chegando a situações abstractas com os seus discos de cor («discos órficos»). Seria acompanhado de perto pela sua esposa, também pintora,  Sónia Delaunay  (1885-1979). Albert Gleizes,  Robert Gleizes , 1910, óleo sobre tela, 100x76 cm. Albert Gleizes, M ulheres Costurando [Femmes cousant] , 1913, óleo sobre tela, 185,5x126 cm.
Fernand Léger,  A Cidade , 1919,  óleo sobre tela, 230,5x297,8 cm,  Philadelphia Museum of Art. Fernand Léger,  Mulher de Vermelho e Verde , 1913, óleo sobre tela, 99,5x84,5 cm, Paris: Musée d’Art Moderne, Centre George Pompidou.
Robert Delaunay,  Champs de Mars – A Torre Vermelha , 1911,  óleo sobre tela, 146x114 cm, Chicago: Instituto de Arte.
Robert Delaunay,  Formas Circulares, Sol e Lua , 1912-1913,  óleo tela, 64x100 cm, Amsterdão: Stedelijk Museum.
Robert Delaunay,  Portugaise / La Grand Portugaise , 1916,  óleo e cera sobre tela, 108,5x205 cm, Carmen Thyssen-Bornemisza Collection.
Pablo Picasso,  Guitarra e Garrafa de Bass , 1913, pedaços de madeira, papel, carvão e pregos, 89,5x80x14 cm, Paris: Musée Picasso.
Pablo Picasso,  Violino , 1915, Ferro recortado pintado e arame, 100,1x63,7x18 cm, Paris: Musée Picasso. Pablo Picasso,  O Copo de Absinto , 1914, bronze pintado a partir de um modelo em cera com uma colher de absinto em prata, 21,5x16,5x8,5 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art.
Pablo Picasso,  Cabeça de Touro , 1942, bronze (segundo composto de um guiador e de um selim de bicicleta), 33,5x43,5x19 cm, Paris: Musée Picasso. Pablo Picasso,  Menina com corda , 1950, original em gesso, pedaços de cerâmica, cesto de vime, pequenas formas de bolo, sapatos, madeira e ferro, 151x65x66 cm, Paris: Musée Picasso.
Henri Laurens,  A Guitarra , c.1914,  folha-de-flandres policromada, 20x30 cm, Colecção particular.
Pablo Picasso,  Músicos com Máscaras , 1921, óleo sobre tela, 200,7x222,9 cm, Nova Iorque: Metropolitan Museum.
Pablo Picasso, «Parade» (bailado em colaboração com Cocteau, Satie e o coreógrafo Léonilde Massine): Vestuário do «Manager» francês e do «Manager» americano, cartão e tecido pintados, c.200x100x80 cm, originais destruídos, fotografias de 1917.
Pablo Picasso,  Duas Mulheres a Correrem na Praia (A Corrida)  (pano de boca para o bailado «Le Train Bleu»), 1922, guache sobre contraplacado, 32,5x42,1 cm, Paris: Musée Picasso. Pablo Picasso,  Três Mulheres na Fonte , 1921, óleo sobre tela, 203,9x174 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art.
Pablo Picasso,  Mulher com poltrona Vermelha , 1932, óleo sobre tela, 130,2x97 cm, Paris: Musée Picasso
Pablo Picasso,  Guernica , 1937, óleo sobre tela, 349,3x776,6 cm, Madrid: Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
3 fases de «Guernica», Maio 1937 Pablo Picasso,  Mulher em Lágrimas , 1937, óleo sobre tela, 60x49 cm, Londres: Tate Gallery.
Pablo Picasso,  O Estúdio de «La Californie» de Cannes , 1956, óleo sobre tela, 114x146 cm, Paris: Musée Picasso.
Pablo Picasso,  O Almoço na Relva  [Le Déjeuner sur l’herbe] ,  2 versões a óleo sobre tela (1960 e 1961) Pablo Picasso,  O Almoço na Relva [Le Déjeuner sur l’herbe] , 1962 gravura sobre linóleo, 53,3x64,5 cm.

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  • 1. O CUBISMO Pablo Picasso (1881-1973)
  • 2.
  • 3. Pablo Picasso, A Bebedora de Absinto , 1901, óleo sobre cartão, 65,8x50,8 cm, Nova Iorque: Colecção Melville Hall. Pablo Picasso, A Bebedora de Absinto , 1901, óleo sobre tela, 73x54 cm, Sampetersburgo: Museu do Ermitage.
  • 4. Pablo Picasso, Os Dois Saltimbancos (Arlequim e a sua Companheira) , 1901, óleo sobre tela, 73x60 cm, Moscovo: Museu Pouchkine. Pablo Picasso, Arlequim Encostado , 1901, óleo sobre tela, 82,8x61,3 cm, Nova Iorque: The Metropolitan Museum of Art.
  • 5. Pablo Picasso, O Menino Pombo , 1901, óleo sobre tela, 73x54 cm, Londres: National Gallery.
  • 6. Pablo Picasso, A Vida , 1903, óleo sobre tela, 196,5x128,5 cm, Cleveland: The Cleveland Museum of Art «Comecei a pintar azul quando percebi que Casagemas tinha morrido» Picasso
  • 7. Pablo Picasso, Mãe e Filho (Saltimbancos) , 1905, óleo sobre tela, 90x71 cm, Estugarda: Staatgalerie Stuttgart. Pablo Picasso, A Refeição Frugal , 1904, água-forte, 46,5x37,6 cm.
  • 8. Pablo Picasso, Auto-Retrato com Paleta , 1906, óleo sobre tela, 92x73 cm, Filadélfia: Philadelphia Museum of Art.
  • 9. Pablo Picasso, A «Toilette» , 1906, óleo sobre tela, 151x199 cm, Buffalo: Albright-Knox Art Gallery.
  • 10. Pablo Picasso, Duas Mulheres Nuas , 1906, óleo sobre tela, 151,3x92 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art. Pablo Picasso, Duas Mulheres Nuas Agarradas , 1906, óleo sobre tela, 151x100 cm, Suiça: Colecção particular.
  • 11. Pablo Picasso, Estudo para «Les Demoiselles d’Avignon» , 1907, lápis e pastel sobre papel, 47,7x63,5 cm, Basileia: Öffentliche Kunstsammlung Basel. Pablo Picasso, Estudo para «Les Demoiselles d’Avignon» , 1907, aguarela sobre papel, 243,9x233,7 cm, Filadélfia: Philadelphia Museum of Art.
  • 12. Pablo Picasso, As Meninas de Avinhão [Les Demoiselles d’Avignon] , 1907, óleo sobre tela, 243x233 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art. entre a expressão e a forma fundo estilhaçado como que resultante dum violento espalmar sobre a superfície do quadro (com um espelho quebrado que agarrou os reflexos duma realidade que nele se vê representado) tensão entre o espaço da realidade e espaço da pintura; ou entre o espaço total e objectos ( facto real ) e o plano do quadro ( facto pictural ) figuras deformadas nessa acção de compressão sobre o fundo tensão figuras/fundo pelo domínio do espaço do plano do quadro cada figura é ícone isolado duma situação pictórica que se autonomiza (e confronta) com as outras. há várias pinturas no quadro! Ingres Máscaras Antigo Egipto
  • 13. A primeira grande fase de Pablo Picasso (1881-1973) depois de chegar a Paris ficaria conhecida como fase azul , de tom pessimista, com temas de pobreza, velhice e solidão. Seguiria-se a fase rosa , mais optimista (embora sempre melancólica) com os seus temas de circo e saltimbancos. A pintura Les Demoiselles d’Avigon (1907) assinalou o fim da fase rosa e o início de um processo que levaria rapidamente ao cubismo. Nesta pintura cruzam-se referências várias tais como Ingres, Gauguin, Cézanne, máscaras africanas, a pintura do Antigo Egipto ou a escultura pré-romana ibérica: cada figura é um ícone isolado duma situação pictórica que se autonomiza (e confronta) com as outras: há várias pinturas no quadro! . O fundo estilhaçado como que resulta dum violento espalmar do espaço representado na superfície do quadro (com um espelho quebrado que agarrou os reflexos duma realidade que nele se vê representado). As figuras deformam-se nessa acção de compressão sobre o fundo, numa tensão entre figuras e fundo pelo domínio do espaço do plano do quadro, uma tensão entre o espaço da realidade e espaço da pintura ou entre o espaço total e objectos ( facto real ) e o plano do quadro ( facto pictural ). As Demoiselles d’Avigon foram o símbolo pictórico de uma crise, a da impossibilidade duma unidade de várias influências em encruzilhada. Estava patente a necessidade duma nova linguagem de que o «Cubismo» seria a resposta. Com ele, mais do que um estilo, nasce uma nova estrutura nas artes visuais. Pablo Picasso, As Meninas de Avinhão , 1907
  • 14. Pablo Picasso, Busto de Mulher (Estudo para «Les Demoiselles d’Avignon») , 1907, óleo sobre tela, 65x58 cm, Paris: Musée d’Art Moderne, Centre Georges Pompidou. Pablo Picasso, Cabeça de Mulher (3 Estudos para «Les Demoiselles d’Avignon») , 1906/1907, lápis sobre papel.
  • 15. Georges Braque, Nu Debout , 1907-1908, óleo sobre tela, 142x102 cm. Georges Braque, A pequena Baía de La Ciotat , 1907, óleo sobre tela, 36x48 cm.
  • 16. Georges Braque, Les Instruments de Musique , 1908, óleo sobre tela, 50x61 cm. O PRÉ-CUBISMO FASE CEZANNIANA Nesta primeira fase, o Pré-cubismo ou fase cézanniana , a imagem foi reduzida a volumes essenciais e a uma redução cromática, sem unidade da luz nem dos pontos de fuga. A volumetria materializa as distâncias (os vazios) e as formas abrem-se comunicando com o espaço. Diferentes olhares sobre o objecto começam-se a cruzar e a sobrepor. Já não há só um olhar único, mas vários a disputarem a mesma superfície do quadro. Já não se trata só de trazer uma realidade em três dimensões para um plano, mas de trazer a multiplicidade de olhares dessa realidade para uma só imagem: o cubismo trazia uma noção estrututral de tempo para a pintura. Desfazia-se a terceira dimensão da perspectiva como estrutura de uma representação, passando a dominar uma quarta dimensão: o tempo. «Perguntei a mim mesmo se não se deviam pintar as coisas como as conhecemos e não como as vemos» Picasso
  • 17. Pablo Picasso, O Reservatório (Horta de Ebro) , 1909, óleo sobre tela, 60,3x50,1 cm, Nova Iorque: Colecção Rockfeller. Georges Braque, O parque de Carrières-Saint-Denis , 1908-1909, óleo sobre tela, 40,6x45,3 cm. imagem reduzida a volumes essenciais redução cromática: sem unidade da luz ou dos pontos de fuga arestas rectilíneas: volumetria que materializa as distâncias (os vazios) formas abrem-se comunicando com o espaço
  • 18. Pablo Picasso, Mulher com Peras (Fernande) , 1909, óleo sobre tela, 92x73 cm, Nova Iorque: colecção particular. O CUBISMO ANALÍTICO No Cubismo analítico o volume perde densidade para a tela e esta absorve o espaço e os objectos numa tensão entre a acentuada volumetria inicial e a afirmação da superfície. Verifica-se uma mistura lírica de vários aspectos do objecto que fica reduzido a pequenos signos gráficos sobre um fundo monocromático: as formas abrem-se comunicando com o espaço-suporte do fundo e valorizando a superfície do quadro como fenómeno pictórico. A estrutura analítica dissolve a visão sintética do objecto, numa perda do referente: o cubismo, que queria representar o objecto, parecia abstracto. Ainda na fase analítica, Braque fez surgir letras de imprensa na composição da pintura ( O Português , 1911).
  • 19. Georges Braque, Piano et Mandore (Piano et partition) , 1909-1910, óleo sobre tela, 91,8x42,9 cm. Pablo Picasso, Menina com Bandolim , princípios de 1910, óleo sobre tela, 100,3x73,6 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art. dissolução do referente volume perde densidade para a tela: esta absorve espaço e objectos luta entre a acentuada volumetria inicial e a afirmação da superfície mistura lírica de vários aspectos do objecto concavidades e convexidades sem lógica única: varia com o percurso analítico da criação/percepção redução a pequenos signos gráficos fundo monocromático: valorização do fundo como tecido pictórico articulado formas abrem-se comunicando com o espaço-suporte do fundo
  • 20. Pablo Picasso, A Paisagem de Céret , Verão de 1911, óleo sobre tela, 65x50 cm, Nova Iorque: The Solomon R. Guggenheim Museum. Georges Braque, La Table(Nature Morte à l’éventail) , 1910, óleo sobre tela, 38x55 cm. «Este espaço atraía-me muito, porque a busca do espaço era em primeiro lugar uma busca cubista. A cor desempenhou um papel menor. O único aspecto cromático que nos interessava era o da luz; luz e espaço estão intimamente ligados e nós trabalhávamos com ambos» (George Braque)
  • 21. Pablo Picasso, Retrato de Kahnweiler , Outono 1910, óleo sobre tela, 100,6x72,8 cm, The Art Institute of Chicago. Pablo Picasso, Retrato de Ambroise Vollard , 1910, óleo sobre tela, 92x73,1 cm, Moscovo: Museu Puschkin.
  • 22. Georges Braque, O Português , 1911, óleo sobre tela, 117x81,5 cm, Basileia: Museu de Arte. Pablo Picasso, «Ma Jolie» (Mulher com Guitarra) , Inverno 1911-1912, óleo sobre tela.
  • 23. Georges Braque, Taça de Frutos e Vidro , Setembro 1912, cartão e «papiers collés», 62x43,5 cm, colecção particular. O CUBISMO SINTÉTICO O cubismo sintético nascia na necessidade de introdução de elementos sinaléticos de teor figurativo num esforço de recuperação das coisas representadas. Os dois pintores procuraram uma relação intuitiva (poética) e cognitiva (mental) de relação com o objecto. Ao mesmo tempo incluiram-se elementos relativos ao objecto representado, fazendo nascer a collage (Picasso, Natureza Morta com Cadeira Empalhada , Maio 1912), e os papiers collés (Braque, Taça de Frutos e Vidro , Setembro 1912) e depois a inclusão de matérias (areias) até à realidade integral ( assemblage ) em que a pintura se oferecia como escultura sobre o plano. A fase sintética teria o importante contributo de Juan Gris (1887-1927), que trabalhou formas planas e coloridas sem volume numa síntese do plano e do objecto, desenvolvendo uma integração lúdica de um espaço com intersecções e transparências rítmicas de planos, com grande sentido decorativo das texturas. Gris estabeleceu um processo «dedutivo» que desenvolvia de estruturas genéricas e abstractas e a partir das quais estabelecia e colocava a figuração.
  • 24. Pablo Picasso, O Violino («Jolie Eva») , Primavera 1912, óleo sobre tela, 81x60 cm, Estugarda: Staatsgalerie. Pablo Picasso, Souvenir du Havre , 1912, óleo sobre tela, 92x65 cm, Colecção particular.
  • 25. Pablo Picasso, Natureza-morta com Cadeira Empalhada , Maio 1912, óleo sobre tela encerada sobre tela rodeada de corda, 29x37cm, Paris: Musée Picasso.
  • 26. Georges Braque, Homme à la guitare , 1914, óleo sobre tela, 130x73 cm. Georges Braque, La musicienne , 1917-1918, óleo sobre tela, 221,3x113 cm.
  • 27. Pablo Picasso, Garrafa de «Vieux Marc» , 1913, desenho e papeis colados, 62,5x47 cm, Paris: Musée d’Art Moderne, Centre George Pompidou.
  • 28. Pablo Picasso, Violino preso à Parede , 1913, óleo e areias sobre tela, 65x46 cm, Lucerna: Galerie Rosengart.
  • 29. Juan Gris, Retrato de Pablo Picasso (Homenagem a Pablo Picasso) , 1910, óleo sobre tela, 93,4x74,3 cm, The Art Institute of Chicago. Fotografia de Picasso, 1910, Paris: Boulevard de Clichy.
  • 30. Juan Gris, Paisagem com Casas em Céret , 1913, óleo sobre tela, 100x65 cm, Fundação Frax. Juan Gris, Guitarra , 1914, óleo sobre tela, 65x92 cm, Colecção particular.
  • 31. Juan Gris, A Janela Aberta , 1921, óleo sobre tela, 66x100,7 cm, Madrid: Museo Nacional de Arte Reina Sofia. «Trabalho com os elementos do intelecto, com a imaginação. Tento tornar concreto o que é abstracto. Parto do genérico para o particular [processo dedutivo], o que significa que começo com uma abstracção de molde a chegar a um facto real» (Juan Gris)
  • 32. Jean Metzinger, Na Corrida de Bicicleta , c.1911/1912, óleo e colagem sobre tela, 130,4x97,1 cm. Se Picasso e Braque foram os verdadeiros criadores do cubismo, os divulgadores seriam outros, a partir do Salon des Indépendants e do Salon d’Automne de 1910. Este cubismo militante , como ficaria conhecido, era menos estrutural e mais formal com fórmulas estilisticas que tendiam para uma mera cubificação das coisas. Os nomes destacados foram, entre outros, Fernand Léger (1881-1955) Fauconnier (1881-1946), Le Fresnaye (1885-1925), Jean Metzinger (1883-1957) e Albert Gleizes (1981-1953). Estes últimos seriam autores do primeiro ensaio teórico para o entendimento e valorização do cubismo ( Du Cubisme , 1912). Noutra orientação surgiu o projecto de Robert Dealunay (1885-1941), atento à luz e à cor, que o poeta Apollinaire chamou de «cubismo órfico». O cubismo serviu-lhe para fragmentar as coisas representadas, para depois delas arrancar os reflexos luminosos da cor, chegando a situações abstractas com os seus discos de cor («discos órficos»). Seria acompanhado de perto pela sua esposa, também pintora, Sónia Delaunay (1885-1979). Albert Gleizes, Robert Gleizes , 1910, óleo sobre tela, 100x76 cm. Albert Gleizes, M ulheres Costurando [Femmes cousant] , 1913, óleo sobre tela, 185,5x126 cm.
  • 33. Fernand Léger, A Cidade , 1919, óleo sobre tela, 230,5x297,8 cm, Philadelphia Museum of Art. Fernand Léger, Mulher de Vermelho e Verde , 1913, óleo sobre tela, 99,5x84,5 cm, Paris: Musée d’Art Moderne, Centre George Pompidou.
  • 34. Robert Delaunay, Champs de Mars – A Torre Vermelha , 1911, óleo sobre tela, 146x114 cm, Chicago: Instituto de Arte.
  • 35. Robert Delaunay, Formas Circulares, Sol e Lua , 1912-1913, óleo tela, 64x100 cm, Amsterdão: Stedelijk Museum.
  • 36. Robert Delaunay, Portugaise / La Grand Portugaise , 1916, óleo e cera sobre tela, 108,5x205 cm, Carmen Thyssen-Bornemisza Collection.
  • 37. Pablo Picasso, Guitarra e Garrafa de Bass , 1913, pedaços de madeira, papel, carvão e pregos, 89,5x80x14 cm, Paris: Musée Picasso.
  • 38. Pablo Picasso, Violino , 1915, Ferro recortado pintado e arame, 100,1x63,7x18 cm, Paris: Musée Picasso. Pablo Picasso, O Copo de Absinto , 1914, bronze pintado a partir de um modelo em cera com uma colher de absinto em prata, 21,5x16,5x8,5 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art.
  • 39. Pablo Picasso, Cabeça de Touro , 1942, bronze (segundo composto de um guiador e de um selim de bicicleta), 33,5x43,5x19 cm, Paris: Musée Picasso. Pablo Picasso, Menina com corda , 1950, original em gesso, pedaços de cerâmica, cesto de vime, pequenas formas de bolo, sapatos, madeira e ferro, 151x65x66 cm, Paris: Musée Picasso.
  • 40. Henri Laurens, A Guitarra , c.1914, folha-de-flandres policromada, 20x30 cm, Colecção particular.
  • 41. Pablo Picasso, Músicos com Máscaras , 1921, óleo sobre tela, 200,7x222,9 cm, Nova Iorque: Metropolitan Museum.
  • 42. Pablo Picasso, «Parade» (bailado em colaboração com Cocteau, Satie e o coreógrafo Léonilde Massine): Vestuário do «Manager» francês e do «Manager» americano, cartão e tecido pintados, c.200x100x80 cm, originais destruídos, fotografias de 1917.
  • 43. Pablo Picasso, Duas Mulheres a Correrem na Praia (A Corrida) (pano de boca para o bailado «Le Train Bleu»), 1922, guache sobre contraplacado, 32,5x42,1 cm, Paris: Musée Picasso. Pablo Picasso, Três Mulheres na Fonte , 1921, óleo sobre tela, 203,9x174 cm, Nova Iorque: The Museum of Modern Art.
  • 44. Pablo Picasso, Mulher com poltrona Vermelha , 1932, óleo sobre tela, 130,2x97 cm, Paris: Musée Picasso
  • 45. Pablo Picasso, Guernica , 1937, óleo sobre tela, 349,3x776,6 cm, Madrid: Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
  • 46. 3 fases de «Guernica», Maio 1937 Pablo Picasso, Mulher em Lágrimas , 1937, óleo sobre tela, 60x49 cm, Londres: Tate Gallery.
  • 47. Pablo Picasso, O Estúdio de «La Californie» de Cannes , 1956, óleo sobre tela, 114x146 cm, Paris: Musée Picasso.
  • 48. Pablo Picasso, O Almoço na Relva [Le Déjeuner sur l’herbe] , 2 versões a óleo sobre tela (1960 e 1961) Pablo Picasso, O Almoço na Relva [Le Déjeuner sur l’herbe] , 1962 gravura sobre linóleo, 53,3x64,5 cm.