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MARÇO
2015
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SETEMBRO
2015
OUTONO
EXCLUSIVO
JANE FONDA
EM FORMA
E FELIZ AOS
77 ANOS
PADRÕES E FORMAS DO PASSADO INSPIRAM
UM ESTILO PERSONALIZADO E MUITO CRIATIVO
AS PEÇAS-CHAVE
PARA A NOVA
ESTAÇÃO E AS
PROPOSTAS
DOS DESIGNERS
PORTUGUESES
FASHION’S
NIGHTOUT
GUIA DE
COMPRAS
PARA A MAIOR
FESTA DO ANO!
VINTAGE
VOGUE.PTN.º155SETEMBRO2015
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
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26 EDITORIAL.
31 COLABORADORES.
32 VOGUE.PT.
34 TESTEMUNHO. A APAV comemora 25 anos
de ajuda às vítimas de violência.
43 BEST OF. As escolhas do diretor criativo
para setembro.
44 TENDÊNCIA. Voltamos à infância com os
nossos cartoons preferidos impressos na roupa.
48 MOOD. As capas são o agasalho perfeito
deste inverno.
50 TENDÊNCIA. A segunda mão e o vintage
estão prontos a sair do armário.
56 INSPIRAÇÃO. Do punk aos new romantics,
a influência das tribos urbanas na Moda.
58 CELEBRIDADES. As peças em pele a tomar
conta dos looks da A-list.
60 PRIVADO. Três mulheres revelam-nos
as suas escolhas de vestuário invernal.
62 COLEÇÃO. Viajamos até Veneza para
conhecer as novas propostas da Pandora.
64 NOTÍCIA. O fitness e o fado marcam
as últimas do mundo do estilo.
67 SHOPPING. Os acessórios da temporada fria
são tudo menos cinzentos.
72 INDISPENSÁVEIS. As peças-chave para
o Inverno: o que deve ter no seu armário.
76 DA PASSERELLE PARA A RUA. As malhas
comandam os looks da estação.
78 TENDÊNCIA. Os tons de argila lideram
as propostas do outono/inverno.
IN VOGUE
S E T E M B R O
154Editorial de Moda
Efeitos Especiais.
Fotografia
de Gonçalo Claro.
SHOPPING
2 0 1 5
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
80 ROTEIRO. A cultura incontornável
para setembro.
82 PALCO. Na dança e no teatro, o poder
feminino marca as histórias da temporada.
84 PRIVADO. Três artistas partilham a sua
visão criativa com a Vogue.
86 MÚSICA. Uma nova geração de talentos faz
da sua angústia notas musicais. Por Luís Maio.
93 LOOK.
94 TOP & MIX. As novidades irresistíveis
de Beleza.
98 LUXO. A notícia do ano para as beauty
addicts: depois dos vernizes, Christian
Louboutin lança uma linha de batons.
100 EXCLUSIVO. Falámos com Jane Fonda,
reconhecida atriz e guru de fitness americana.
102 PRIVADO. Descubra o que pôr no prato.
104 PERFUME. Marie Salamagne revela-nos os
ingredientes da última fragrância da Jo Malone.
106 CABELOS. Anton Beill guia-nos pelas
tendências de cabelos.
108 FITNESS. Novidades para ficar em forma.
110 IMAGEM. Selfies, filtros e maquilhagem
na era do Instagram: uma reflexão da autora
do blogue Man Repeller, Leandra Medine.
114 NOTÍCIAS. As novidades e os
acontecimentos especiais da Vogue Fashion’s
Night Out.
116 ROTEIRO. Um guia pelos pontos
de paragem obrigatórios na maior noite
de compras do ano.
138 BE YOURSELF. Regressamos ao que temos
de melhor – qualidade, simplicidade e luxo.
Fotografia de Ralph Mecke. Realização de
Nicola Knels.
148 EM CHAMAS. Hamish Bowles dá
a conhecer Alessandro Michele, o novo
diretor criativo da Gucci. Fotografias de Jamie
Hawkesworth.
154 EFEITOS ESPECIAIS. Enriquecida com
bordados, estampados, riscas e bolas, a nova
estação é tudo menos monótona. Fotografia
de Gonçalo Claro.
164 ROCK ‘N’ ROLL, DIZ ELE. Depois de
Tabu, Miguel Gomes traz As Mil e Uma Noites.
Rui Pedro Tendinha não tem medo de
afirmar: “Um dos grandes filmes de 2015
é português.” Fotografia de Gonçalo F. Santos.
166 VOTO COR-DE-ROSA. Amado ou
odiado, este inverno não terá como escapar
à cor mais girly do espetro. Por Lisa Amstrong.
170 TRIBOS URBANAS. Criadores
portugueses vestem um editorial dedicado
à multiplicidade de subculturas citadinas.
Fotografia de Frederico Martins.
181 AMBIENTES. Tudo o que há de mais
apetecível para a sua cozinha. Por Ana
Trancoso. Fotografia de Pedro Ferreira.
184 ESCAPADAS. De norte a sul, hotéis,
restaurantes e lugares que ainda vai a tempo
de visitar este verão.
188 TENDÊNCIA. Verdadeiras histórias de
encantar, os palácios abrem portas ao público.
189 LIFESTYLE. Notícias da vida urbana.
190 FESTAS. A espia de estilo da Vogue faz
o report das festas mais exclusivas.
192 HORÓSCOPO.
193 MORADAS.
194 ÚLTIMO OLHAR.
BELEZA
ZAPPING
LIVING
Kasia Struss veste camisa em seda, saia em
tweed de lã, sapatos em pele, tudo Miu Miu.
Brincos em resina, Fabrice. Cinto em pele, Alaïa.
Fotografia: Marcin Tyszka. Realização: Belen
Casadevall. Modelo: Kasia Struss.
Assistente de moda: Manon del Colle. Cabelos:
Emil Zed. Maquilhagem: Marianna Yurkiewicz.
Manicure: Nail Spa.
CAPA
67Shopping
ESPECIAL FNO
128 SALTIMBANCO. Kasia Struss dá vida
ao lado mais boémio da Moda. Fotografia
de Marcin Tyszka. Realização de Belen
Casadevall.
PONTO DE VISTA
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26 VOGUE
SETEMBRO 2015
FOTOGRAFIA:D.R.
Nesta edição, já toda ela dedicada ao inverno,
recordo ainda os dias extraordinários onde tive o
privilégio de viajar e conhecer de perto o mundo de
sonho de Dolce & Gabbana. Convite que me foi feito
pelos designers para vivenciar, na famosa estância
de verão de Portofino, a apresentação da sua primeira
coleção de Alta Joalharia, bem como da Alta Moda
para mulher e para homem. Foram cinco dias
de convívio inesquecíveis. Seguiu-se, em Cannes,
a apresentação da coleção de Alta Joalharia
Étourdissant da Cartier. Também aqui me foram
proporcionados uns dias únicos e é muito gratificante
poder partilhar com as nossas leitoras os meandros
da Moda, o contacto personalizado com outras
pessoas da imprensa, de quem, por vezes, apenas
conhecíamos os nomes ou uma cara. Por isso,
e em primeira mão lhe deixamos, junto com esta
edição, um Suplemento de Moda com tudo o que
vimos nas passerelles para o outono que aí vem.
Já foi várias vezes mencionado o facto de a Moda ter
muitos revivalismos e revisitar várias épocas. Muitas
vezes, o mesmo vem acompanhado da expressão
“eu já usei isto” ou “lembro-me muito bem de usar
isto com…” Mas também já sabemos que todas
as tendências com inspiração em épocas passadas
trazem sempre uma mudança, um twist, um
pormenor que as torna diferentes e atuais.
Este mês falamos de roupa em segunda mão
e do vintage, que é a grande inspiração dos
designers para a próxima estação. No dicionário
encontramos o significado: «diz-se de produto antigo,
mas de excelente qualidade». A idade e o tempo
deixam marcas e a roupa carrega essas recordações,
por isso as peças mais antigas têm uma história
e uma vivência ímpares. No artigo Velhos são
os trapos, Patrícia Domingues descreve a fascinante
cultura do vintage e como ela própria começa
a descobri-lo: o que a fez apaixonar-se por uma
carteira, ou pensar usá-la em tempos em que
a imaginação é mais desafiadora e numa época
em que se cultiva a reciclagem. Esta é uma forma
de personalizar a Moda, é o que nos diferencia
dos outros e o que nos torna únicos.
É MUITO
GRATIFICANTE PODER
PARTILHAR COM
AS NOSSAS LEITORAS
OS MEANDROS
DA MODA,
O CONTACTO
PERSONALIZADO
COM PESSOAS DA
IMPRENSA, DE QUEM,
POR VEZES, APENAS
CONHECÍAMOS
OS NOMES.
Fim de tarde no Hotel
Splendido, em Portofino.
A Villa de
Stefano
Gabbana.
Jantar da
Cartier em
La Guerite,
Cannes.
A vista do
hotel Excelsior
Palace, em
Portofino.
Pulseira
Lagon, da
coleção
Étourdissant,
Cartier.
ALTAMODADOLCE&GABBANA
A Piazzetta de
Portofino.
Pôr do sol em
Cannes.
EDITORIAL
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
cartier.com
Tel. 217 122 595 - 229 559 720
Ballon Bleu de Cartier
Ouro rosa e aço, diamantes
Nos Estados Unidos da América: Condé Nast
Chairman: S. I. NEWHOUSE, JR.
CEO: CHARLES H. TOWNSEND
President: ROBERT A. SAUERBERG, JR.
Artistic Director: ANNA WINTOUR
Outros países: Condé Nast International
Chairman and Chief Executive: JONATHAN NEWHOUSE
President: NICHOLAS COLERIDGE
Vice Presidents: GIAMPAOLO GRANDI, JAMES WOOLHOUSE e MORITZ VON LAFFERT.
President, Asia-Pacific: JAMES WOOLHOUSE
President, New Markets and Editorial Director, Brand Development: KARINA DOBROTVORSKAYA
Vice President & Senior Editor, Brand Development: ANNA HARVEY
Director of Planning: JASON MILES
Director of Acquisitions and Investments: MORITZ VON LAFFERT
Global: CONDÉ NAST E-COMMERCE DIVISION
President: FRANCK ZAYAN
Global: CONDÉ NAST GLOBAL DEVELOPMENT
Executive Director: JAMIE BILL
O GRUPO EDIÇÕES CONDÉ NAST COMPREENDE:
E.U.A.
Vogue, Vanity Fair, Glamour, Brides, Self, GQ, The New Yorker, Condé Nast Traveler,
Details, Allure, Architectural Digest, Bon Appétit, Epicurious, Wired, W, Style.com,
Golf Digest, Teen Vogue, Ars Technica, Condé Nast Entertainment, The Scene
Reino Unido
Vogue, House & Garden, Brides & Setting up Home, Tatler, The World of Interiors,
GQ, Vanity Fair, Condé Nast Traveller, Glamour, Condé Nast Johansens, GQ Style, Love,
Wired, Condé Nast College of Fashion & Design, Ars Technica
França
Vogue, Vogue Hommes International, AD, Glamour, Vogue Collections, GQ, AD Collector,
Vanity Fair, Vogue Travel in France, GQ Le Manuel du Style
Itália
Vogue, L’Uomo Vogue, Vogue Bambini, Glamour, Vogue Gioiello, Vogue Sposa, AD,
Condé Nast Traveller, GQ, Vanity Fair, Wired, Vogue Accessory, La Cucina Italiana, CNLive
Alemanha
Vogue, GQ, AD, Glamour, GQ Style, Myself, Wired
Espanha
Vogue, GQ, Vogue Novias, Vogue Niños, Condé Nast Traveler, Vogue Colecciones,
Vogue Belleza, Glamour, AD, Vanity Fair
Japão
Vogue, GQ, Vogue Girl, Wired, Vogue Wedding
Taiwan
Vogue, GQ
Rússia
Vogue, GQ, AD, Glamour, GQ Style, Tatler, Condé Nast Traveller, Allure
México e América Latina
Vogue Mexico and Latin America, Glamour Mexico and Latin America, AD Mexico,
GQ Mexico and Latin America, Vanity Fair Mexico
Índia
Vogue, GQ, Condé Nast Traveller, AD
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Brasil – Publicado por Edições Globo Condé Nast S.A.
Vogue, Casa Vogue, GQ, Glamour, GQ Style
Espanha – Publicado por Ediciones Conelpa, S.L.
S Moda
PUBLICADO SOB LICENÇA
África do Sul – Publicado por Condé Nast Independent Magazines (Pty) Ltd.
House & Garden, GQ, Glamour, House & Garden Gourmet, GQ Style
Alemanha – Publicado por Piranha Media GmbH
La Cucina Italiana
Austrália – Publicado por NewsLifeMedia
Vogue, Vogue Living, GQ
Bulgária – Publicado por S Media Team Ltd.
Glamour
China – Publicado em parceria de direitos por China Pictorial
Vogue, Vogue Collections
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Modern Bride
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Self, AD, CN Traveler
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GQ, GQ Style
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Coreia – Publicado por Doosan Magazine
Vogue, GQ, Vogue Girl, Allure, W, GQ Style, Style.co.kr
Hungria – Publicado por Ringier Axel Springer Magyarország Kft.
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Holanda – Publicado por G+J Nederland CV
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Islândia – Published by 365 Miðlar ehf
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Médio Oriente – Publicado por Arab Publishing Partners Inc.
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Polónia – Publicado por Burda GL Polska SP.Z.O.O.
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Portugal – Publicado por Cofina Media, S.A.
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Tailândia – Publicado por Serendipity Media Co. Ltd.
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Turquia – Publicado por Doğuş Media Group
Vogue, GQ, Condé Nast Traveller
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La Cucina Italiana
Ucrânia – Publicado por Publishing House UMH LLC.
Vogue
PAULA MATEUS
Diretora
Diretor Criativo – PAULO MACEDO
Diretora de Moda – ANA CAMPOS
Diretor de Arte – JOÃO OLIVEIRA
Chefe de Redação – PATRÍCIA BARNABÉ
Editora de Beleza – SUSANA CHAVES
Moda
ANA CARACOL (Editora Shopping)
CLÁUDIA BARROS; FRANCISCO REIS;
e MARIANA NAVE (Estagiários Moda e Beleza)
Redação
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Arte
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e SOFIA PIRES (Pesquisa de imagem)
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Colaboradores
ANA TRANCOSO; BELÈN CASADEVALL; FREDERICO MARTINS; GONÇALO CLARO; HAMISH BOWLES;
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A Vogue Portugal é publicada com o license agreement
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Depósito Legal: 185560/02 • E.R.C. nº 124106 • Tiragem Média: 50.000 exemplares
31VOGUE
MARÇO 2015
FOTOGRAFIA:D.R.
COLABORADORES
elén Casadevall“Não costumo comprar roupa vintage, mas
quando o faço prefiro Gucci ou Chanel”
Belén Casadevall é diretora de Moda da Stylist France
e colabora habitualmente com outras publicações,
como a Número e a Vanity Fair. A stylist francesa
foi responsável pelos looks anos 70 do editorial
Saltimbanco (p. 128), no qual procurou “usar cores
vintage e materiais que marcaram a década”.
GONÇALO
CLARO
“Sim, compro básicos e blusões
de pele que são, sem dúvida,
a minha peça preferida.”
O fotógrafo português já fotografou vários
editoriais para a Vogue Portugal. Este mês
volta a colaborar com a revista em Efeitos
especiais (p. 154), uma produção em que
afirma ter-se inspirado no “ambiente de
sanatório” do próprio cenário.
COSTUMACOMPRAR
PEÇASVINTAGE?
MARCIN
TYSZKA
“Adoro mobiliário
vintage e no que toca
à roupa, guardo tudo
o que compro, mesmo
peças de há 20 anos.
Tenho uma camisa
da Gucci de 1994
pintada à mão que
visto imensas vezes”
O fotógrafo polaco é
colaborador habitual da
Vogue Portugal e de outras
edições internacionais da
revista. Sobre o editorial
Saltimbanco (p. 128) com
a modelo Kasia Struss, diz
“Ela é famosa pelo seu estilo
super high fashion quase
andrógino, mas para este
editorial quis que ela fosse
sexy ao estilo dos anos 70.”
LISA
ARMSTRONG
“Sim, joalharia vintage. Estive
em Palm Springs para o desfile
da Louis Vuitton e comprei
um broche Miriam Haskell lindo.
É provavelmente a minha
peça favorita”
A editora de Moda do The Daily Telegraph
começou a carreira na Elle UK e na
British Vogue. Em The pink vote (p. 166),
fala-nos do cor-de-rosa, uma “cor
polémica”, mas que a jornalista adora.
Ana Trancoso“Não sou uma compradora compulsiva
de vintage. Quando compro uma peça,
mais do que o valor ou a raridade,
é a originalidade que me atrai”
Ana Trancoso é produtora de interiores
e colaboradora habitual da Vogue Portugal.
Este mês foi responsável por Nouvelle
cuisine (p. 181), em que “procurou mostrar
peças simples que fazem toda a diferença”
FOTOGRAFIA:GETTYIMAGES;D.R.
FESTIVAIS:
PREFERES…?
Percorremos o Nos Primavera
Sound, o Nos Alive e o Super Bock
Super Rock e desafiámos artistas
como Mac DeMarco e bandas
como The Vaccines para um jogo
de “Would you rather…”
Em Multimédia – Vídeos.
Entrevistámos
a fadista, em
exclusivo, sobre esta
nova parceria, inédita
para a marca
em Portugal.
Em Multimédia – Vídeos.
Faça download da
revista por apenas
€ 1,50 na App Store
FACEBOOK Vogue Portugal TWITTER @vogueportugal PINTEREST @vogueportugalINSTAGRAM @vogueportugal
OUTONO 2015
As Casas de Moda divulgam os seus
anúncios para a próxima estação.
Escolha a sua campanha favorita.
Em Moda – Especiais.
HOW TO…
Recrie o look dos editoriais da
Vogue Portugal com as nossas dicas
de shopping. Em Moda – Compras.
SEASONS IN THE SUN
Há Alta-Costura, pré-coleções
e pronto-a-vestir para ficar sempre
a par das novidades das marcas
de Moda. Em Coleções.
ENTREVISTA: ISAURA
Está a criar nome forte no panorama
musical nacional. Falámos com
a cantora, mesmo antes da sua atuação
no SBSR. Em Multimédia – Vídeos.
VEJA NAS REDES SOCIAIS
CUCA
ROSETA
PARA
A GUESS
TONS NUDE
PARA AS
UNHAS NUMA
TEMPORADA
BALNEAR
AU NATUREL.
Em Beleza – Shopping.
VOGUEonlineW W W . V O G U E . P T
FACEBOOK Vogue Portugal
IPAD
DE
EVOLUÇÃO DE
ESTILO: JENNIFER
LAWRENCE
A atriz completa 24 anos em
agosto. Uma desculpa para
percorrer o seu estilo ao longo dos
anos. Em Estilo – Personalidades.
CV: CARA
DELEVINGNE
Os 22 anos comemorados a 12 de
agosto dão o mote para uma galeria
sobre os marcos da sua carreira de
modelo. Em Estilo-Personalidades.
Mac DeMarco
D’Alva
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
a sede da Associação Portuguesa de
Apoio à Vítima, em Lisboa, a tarde
começa como em qualquer outro
escritório, o toque dos telefones em
surdina, os teclados de computador
a estalar em loop. À entrada, passa-
mos os olhos por um leque de pan-
fletos dedicados aos vários crimes de violência
sobre as pessoas (da doméstica à económica aos
maisrecentescyberbullyingestalking)atéchegar-
mos às salas de atendimento. Estão identificadas
por cores em vez de números, os sofás e as cadei-
ras dispostos lado a lado para não afastar as víti-
masdequemasrecebe.Umasucessãodedivisões
cheias de luz guia-nos com a clareza de um mapa
atéaogabinetedaLinhadeApoioàVítima,dispo-
nível gratuitamente todos os dias úteis, das 9h às
19h. “Gostávamos de estender o horário, mas por
enquanto é impossível”, comenta João Lázaro,
presidente da instituição há três anos, voluntário
há mais de 20. Aqui chegam cerca de 20 pedidos
de ajuda por dia, a somar aos encaminhamentos
feitos pela polícia, por empresas ou outras insti-
tuições. Na maioria dos casos, são as próprias
vítimas que contactam a APAV, através da sede,
dos gabinetes de apoio ou das casas de abrigo
espalhadas pelo País. Sem surpresas, reportam
mais casos de violência sobre as mulheres, mais
doquequalqueroutro.Em25anosdeAPAV,esta
realidadecontinuaasertãoinquietantecomono
primeiro dia.
presidente João Lázaro e a vice-pre-
sidente Catarina de Albuquerque
sentam-se à mesa para nos falar do
que evoluímos até aqui. Os seus sor-
risossimpáticossãocontráriosàrealidadedosfac-
tos nacionais. “Temos um longo caminho a per-
correr, ainda não atingimos sequer os mínimos”,
avança João. Ao longo dos últimos 25 anos, a
APAV ajudou cerca de 210 mil pessoas e sensibili-
zou para o papel da vítima em todos os seus sen-
tidos. “Agimos em substituição do Estado ou em
parcerialealcomele,tantonaprevençãocomona
fase posterior aos crimes, ajudando a proteger, a
cuidar, a encaminhar”, acrescenta Catarina. “Tu-
do com o envolvimento da sociedade civil, que
conseguimos através do voluntariado e articulan-
do-nos com as forças policiais. A ajuda às vítimas
não pode ser vista como um favor. E nisso nós
somosdiferentes–nãotemosmedodequestionar,
de dizer que não.”
As últimas estatísticas divulgadas pela APAV
nãosãoabsolutas,masajudamatraçaroperfildas
vítimasedosagressores,umreflexodesfocadodo
País. As primeiras são quase sempre femininas
(82,3%), com idades entre os 25 e os 54 anos,
casadas e com filhos. Dessas, 7,6% chegaram ao
ensino superior e só 30% estavam empregadas.
Quanto à relação da vítima com o agressor, os
númerosdançamàvoltadaconjugalidade(namo-
rados,maridosouex-maridossãoosresponsáveis
mais comuns). Apenas um outro dado salta à
vista: os 11% de pais que agridem os filhos. Jun-
tamos os pontos do puzzle oposto e desenhamos
os agressores. Mais de 80% são homens (contra
os 14,2% que são mulheres) e também têm ida-
des entre os 24 e os 54 anos, a maioria estavam
desempregados. “A violência doméstica é trans-
versal, a idades e classes sociais, o que muda são
as reações a essa mesma violência”, avança Dá-
lia Costa, Professora do ISCSP (Instituto Supe-
rior de Ciências Sociais e Políticas) e investigado-
ra do CIEG (Centro Interdisciplinar de Estudos
de Género). Para a socióloga, que analisou o
apoioàvítimadeviolênciadomésticanoseudou-
toramento, o aumento do número de casos
34 VOGUE
SETEMBRO 2015
FOTOGRAFIA:JOHNAKEHURST.
IN VOGUE
testemunho
N
QUEBRAR
O GELOEm 25 anos de APAV em Portugal, mudou-se muito
na gestão da violência e pouco nas mentalidades
de quem a rodeia. Há cada vez menos silêncio entre
os inocentes, mas estará a sociedade preparada
para ouvir o que não quer? Por Rosário Mello e Castro.
ESCADA.COM
LISBOA
RUA MANUEL JESUS COELHO 4B
EL CORTE INGLÉS AVENIDA ANTÓNIO AUGUSTO DE AGUIAR 31
PORTO
EL CORTE INGLÉS AVENIDA DA REPUBLICA 7
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36 VOGUE
SETEMBRO 2015
IN VOGUE
testemunho
explica-se no cruzamento entre vários avanços.
“Por um lado, há menos tolerância e um esclare-
cimento maior do que representa este crime; por
outro, as instituições como a APAV passaram a
estar mais próximas das pessoas”, diz, salientan-
do que há muito poucos estudos, temos mais
hipóteses do que certezas científicas.
classificação da violência doméstica
como crime público em 2000 in-
fluenciou mais as instituições públi-
cas e a dinâmica judicial do que as
pessoas. “O senso comum continua sem saber
distinguir entre uma queixa e uma denúncia. O
que não quer dizer que não esteja alerta para a
questão, levantada tantas vezes pela comunica-
ção social, por exemplo”, sublinha Dália. Por
outro lado, diz João Lázaro, “esta mudança dei-
xou mais alerta os círculos de amigos, a família,
até as entidades empregadoras”. Menos cons-
ciência social e mais rigidez em relação à violên-
cia em si, o que também explica os casos das
mulheresqueestiveramcasadas15ou20anose,
chegandoaos50oumais,decidemdizer“basta”.
As próprias denúncias registadas pelas forças
policiaisoevidenciam.Depoisdeumcrescimen-
to gradual, seguiu-se um período de quebra e
agora os números estabilizaram. “Isso diz-nos
que o crime da violência doméstica regularizou
nasociedadeportuguesa,fixou-senos20etalmil
casos por ano,” afirma Dália. A experiência de
JoãoLázaroincluiosrestantestiposdeviolência:
“50 a 60% dos apoios transformam-se em quei-
xas aquando do primeiro contacto connosco.”
arianaSilvaseriamaisumdes-
ses casos anónimos, empilha-
do na torre das estatísticas da
violência doméstica, não esti-
vesse determinada a controlar o final da sua his-
tória. “Quero poder passear, comer um gelado
comomeufilho,comprarcoisasparaacasa.”Aos
38 anos e, graças à ajuda da APAV, está a começar
uma vida nova. Passou mais de uma década num
lugar tão escuro que lhe é difícil descrevê-lo.
Estavafechada–sobresiprópria,semsaberoque
fazer ou a quem recorrer, e para os outros, com
medodefalarcomfamília,amigos,colegasdetra-
balho. Estava impedida de trocar olhares, quanto
mais palavras, com conhecidos, ela que sempre
gostou de conversar. “Agora, no trabalho, toda a
gente me diz que falo muito”, ri-se. “Fumo um
cigarro à janela sem ter de me preocupar com
quem passa. Faço-o tranquilamente, passei a ser
livre.” Cresceu no Norte, onde a mãe ainda vive e
foi aí que se fixou muito nova, com o marido e
depois com o filho. “Sempre trabalhei e nunca
quis depender do meu marido nem de homem
nenhum – foi ele que passou a depender de mim
porque estava muitas vezes sem trabalho.”
Chegou à APAV através da polícia, já depois de se
ter refugiado uma vez. “Só que estava numa casa
deapoiomuitopróximadomeumaridoeissodei-
xava-menervosa,tinhamedoqueelereagissecon-
tra as pessoas com quem me via”, conta. Re-
gressou ao lugar onde foi infeliz, paralisada pelas
ameaçasemrelaçãoaofilho–“seteforesembora,
ele fica”, ouvia vezes sem conta. Chegou a ficar
mais de um mês fechada em casa, única forma de
esconder o olho pisado e negro. Os abusos conti-
nuaram até chocarem de frente com as perguntas
difíceis da criança. “Chegou da escola, sentiu-me
ansiosaequissabersetinhasidoopaiadeixar-me
triste,tenteinegar,masatéparaomiúdoeraóbvio.
Disse-me que talvez fosse melhor voltarmos para
‘aquelacasa’e,nessemomento,percebi:tenhode
fazer alguma coisa.” Com a ajuda da APAV e dos
seus especialistas, pediu o divórcio, difícil de acei-
tar pelo entretanto ex-marido, e começou a pa-
gar lentamente as dívidas que ele lhe deixara.
Mudou-se para uma casa abrigo de Lisboa, onde
viveu durante quatro desafiantes anos. “Existem
regras que têm de ser cumpridas e para quem
chega não é fácil. Fiz amigas, mas acho que as
mulheres se devem apoiar mais nestas situações,
houve momentos em que sei que eu própria não
era fácil.” Hoje, tem um trabalho em part-time e
concretizou um dos seus grandes objectivos – ter
uma casa só sua e do seu filho.
A crise económica dos últimos anos teve efei-
tos devastadores aos quais João Lázaro faz agora
contas. Aumentou o grau de insegurança nas
comunidades e influenciou a violência em todos
os seus sentidos. Doméstica, “com mais pessoas
a prolongarem a permanência nas relações de
abuso e mais obstáculos à saída das mesmas”;
contra os idosos, “algo ainda envolto em silêncio
e que varia entre os maus-tratos físicos, psicoló-
gicosoufinanceiros,muitoporculpadoregresso
dos filhos”. Ou em situações ainda mais limite,
como o homicídio conjugal, tão inquietante
quanto difícil de explicar.
uma altura em que se fala de femi-
nismo e igualdade, são os números
alarmantes da violência do namoro
que também nos chocam. “Evoluí-
mosparaumaespéciedeigualdadedegénerodis-
torcida”,interpretaDáliaCosta.Inspeçõesregula-
res ao telemóvel e ao email, proibições de saídas
comesteouaqueleamigo,estaouaquelapeçade
roupavestida,estaladasdeparteaparte.Arespon-
sabilidadedaviolênciapassouaserpartilhada,ele
fez, eu faço igual ou pior. “Lançaram-se campa-
nhas e ações e depois ficámos à espera que a
mudançaacontecesse–averdadeéqueascrenças
em relação à violência não mudaram assim tanto
nas últimas décadas.” Habituado às ações de pre-
venção nas escolas, João Lázaro confirma que a
violência no namoro é um pré-estádio para a vio-
lência doméstica. “A violência em geral continua
a ser uma forma de resolução de conflitos entre
crianças e jovens e a mensagem tem de ser cons-
tantemente repetida para a educação da não-vio-
lência – é preciso prevenção e intervenção para
evitar que estes padrões culturais persistam.”
Paracelebrarestequartodeséculo,ainstituição
associou-seaoVogueFashion’sNightOut,quea10
de setembro voltará a abrir as lojas de Lisboa até
às 23h, e organizou um sem-número de campa-
nhas, ações de rua e concertos. É uma instituição
independente desde o início e orgulha-se disso.
Premiadaeelogiadarepetidasvezes,porgovernos
de todas as cores políticas, quer aproximar-se do
Estado e das pessoas, mesmo que as verbas nem
semprecheguemparatanto.Arespostaédadapor
funcionários especializados (uma estrutura com
mais de 60 elementos) e quase 250 voluntários
devidamente orientados e abrange ações tão
diversasquantooapoiopsicológicoafamíliasafe-
tadaspelohomicídioouoacompanhamentofeito
a crianças e jovens vítimas de crimes sexuais.
“Continua a ser preciso aumentar a intolerância
social ao fenómeno, bem como a consciência da
suaposiçãoedosseusdireitos,nosdiferentesser-
viços e na educação”, avalia João Lázaro. Ainda
assim, a capacidade de dizer “chega!” aos abusos
temvindoaacelerardesdequeaspessoaschegam
à APAV. “Idealmente, queremos que todas as pes-
soasquesãovítimassereconheçamcomotal,que
não seja apenas o sistema a reconhecê-lo. Sabe-
mos que, durante décadas, as mulheres estavam
convencidas de que era sua obrigação aceitar
determinados comportamentos dos maridos. Era
a condição feminina e continuamos a senti-lhe os
efeitos”, alerta Catarina Albuquerque. “Em nome
das mulheres e dos restantes grupos frágeis, dos
idosos aos homossexuais e às minorias étnicas, o
nossotrabalhosóestáfeitoquandovirarmosessa
ideia ao contrário.” n
“COM A CRISE,
HOUVE UM
RETROCESSO E
PROLONGOU-SE
A PERMANÊNCIA
NAS RELAÇÕES
DE ABUSO.”JOÃO LÁZARO
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
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Uau!Étourdissant é o nome
da novíssima coleção
de Alta Joalharia da
Cartier. Os mais
fantásticos exemplares
de pedras preciosas
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tanzanites e corais,
criam verdadeiros
jogos de luz
e sombras e
tingem as joias
com cores
quase tóxicas.
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Brincos
Pushkar em
ouro branco
com opalas,
tanzanites e
diamantes.
43VOGUE
SETEMBRO 2015
FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R.
Anos 30 com um toque de
lingerie e uma cor simplesmente
perfeita. Os vestidos em seda de
Phoebe Philo para a Céline não
podiam ser mais sensuais.
MARATONA
DE DANÇA
CÉLINEKick de adrenalina e um
novo twist num clássico que
passará de mãe para filha.
Lenço em seda, Balenciaga
em Net-a-porter.com.
Hedi Slimane traz de volta a esta
coleção da Saint Laurent o sex appeal
quase vulgar do final dos anos 70.
Clutch em pele estampada com batons, Saint Laurent.
NADA PODE SER MAIS
CHIQUE: O NEGRO TOTAL
DEIXA DE SER SOMBRIO
E GANHA LUZ COM A
P O R P A U L O M A C E D O
HERANÇA
APLICAÇÃO DE CRISTAIS.
BLING
Lábios sexy Um clássico saído
diretamente
do arquivo para
este outono.
Casaco em camurça
e pelo de cabra
da Mongólia, Gucci.
Clutch em
seda com
cristais,
Alexander
McQueen.
Babies em veludo
com cristais, Rochas.
Novos
70s
Colar Violine,
coleção
Étourdissant,
Cartier.
44 VOGUE
JUNHO 2015
ma velha preferida, a capa está de volta como o embrulho
mais cool deste inverno. Já no ano passado as celebridades
nos tinham dado um lamiré sobre a melhor maneira de usar
um cobertor, e sim estamos a referir-nos ao poncho da
Burberry Prorsum. A capa é similar, dispensa mangas e pormenores
extras e deve ser atirada pelos ombros por cima de qualquer visual (não
imagina o que é capaz de fazer por um simples combo jeans + camisola).
Uma capa diz “sou cool e quente e chique”, além de ser um sonho
tornado realidade para quem adora vestir-se por camadas – a sério,
quem não gosta?! O conforto terá de ser qualidade primordial, e o seu
renascimento alimenta a queda para sapatos rasos e T-shirts largas que
têm posto de parte as peneiras da Moda. Aquela sensação de proteção e
aconchego que só conseguimos no meio dos lençóis (não foi assim há
tanto tempo que usar pijamas à luz do dia se tornou uma realidade)
aliada ao facto de transporem uma aura misteriosa e sedutora
ESCUDO
PROTETOROs super-heróis usam capas,
assim como qualquer fashionista
que se preze esta estação.
Pink nos
Grammys,
2010.
ood
HISTÓRIA
CELEBRIDADES
The Vigil,
óleo, circa
1884.
Júlio
Cesar.
Emily
Blunt
2015.
Audrey
Hepburn
durante as
gravações
de My Fair
Lady, 1963.
Elvis
Presley,
em 1975.
Gwyneth
Paltrow,
em 2012.
Lindsey Wixson
fotografada
por Emma
Summerton
para a Vogue
Japão, 2013.
REALIZAÇÃO:PAULOMACEDO.FOTOGRAFIA:EMMASUMMERTON;
GETTYIMAGES;VERONICAMORALESANGULO;©DISNEY;D.R.
45VOGUE
SETEMBRO 2015
resume-se num só statement: as capas são os novos casacos.
Não é a novidade mais escaldante da estação, mas deixa-nos
entusiasmadas o suficiente para percorrermos as passerelles em busca
do manto perfeito (como aquele de Tom Ford que fez com que Gwyneth
Paltrow passasse a constar no nosso radar de estilo desde os Óscares
de 2012). Essencialmente, as capas modernas têm novas cores,
materiais e formas de styling (ainda que, convenhamos, não há muito
a fazer perante um bocado geométrico de tecido). Os nossos olhos são
atraídos pelo estilo pomposo das rainhas de Simone Rocha, a versão
equestre trazida por Ralph Lauren, o preppy chic do único Tommy
Hilfiger, a proposta longa, fantasiosa e em veludo de Giles, gótica e
poderosa como as de Gareth Pugh, romântica e à capuchinho vermelho
como Delpozo, supercool e em pelo de Burberry Prorsum, ultrafeminina
de Lanvin, mega-arty como a de Marc Jacobs… Ok, talvez estejamos
superentusiasmadas com este duelo invernal. n Patrícia Domingues
COMICS
VERONIQUEBRANQUINHO
SONIARYKIEL
SALVATOREFERRAGAMO
CÉLINE
1. Capa em caxemira, Oscar de la Renta. 2. Calças em algodão,
Gucci. 3. Camisa em seda, The Row. 4. Pumps em pele, Christian
Louboutin. Em Net-a-porter.com. 5. Chapéu em feltro, Saint
Laurent. 6. Colar em metal e pérolas, Kenneth Jay Lane.
CHANELALTA-COSTURA,OUTONO/INVERNO2006
Dracula,
1931.
The Mark of
Zorro, 1940. Superman,
1948.
SHOPPING1
2
3
4
5
6
Bela
Adormecida,
1959.
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
48 VOGUE
SETEMBRO 2015
REALIZAÇÃO:PAULOMACEDO.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO,JOSHOLINS,GETTYIMAGES;D.R.
IN VOGUE
t e ndência
amosassumir:todosadoramosoutodos
estamos rendidos a esta tendência que
timidamente apareceu há uns anos,
quando começou a ser cool ter T-shirts
vintagedaDisney.Ladyhawkevestiu-se
com o Snoopy no vídeo Paris is Burning
eRihannaapareceucomoBartSimpson
estampado numa sweatshirt. Desde então, esta ten-
dência tomou proporções titânicas. Adorada por
muitos, odiada por alguns, é sem dúvida seguida
porquasetodos.JeremyScottlevou-aaoextremoao
trazer o Sponge Bob para a Moschino e, neste outo-
no, decidiu mesmo transformar Daffy Duck em the
ultimatesupermodel.Nadavaivoltaraseroqueera
eaModaéassimmesmo:efémeraedivertida.n P.M.
V
CARTOON
FREAKCharlie Brown e Bart Simpson fazem parte de
uma nova subcultura da Moda que nos leva de
volta à infância. Sem culpas nem remorsos.
1
2
3
4 5
1. Sweatshirt em algodão, Phillip Lim. 2. Brinco em ouro e esmalte, Delfina
Delettrez. 3. Clutch em seda, Olympia Le Tan. 4. Casaco em caxemira e
pelo, Fendi. 5. Vestido em seda estampada, Red Valentino em Farfetch.com.
Lady Gaga,
Londres
2013.
Katy Perry,
Los Angeles
2011.
Miley Cyrus,
Nova Iorque
2013.
Teen Vogue
novembro 2013,
fotografada por
Josh Olins.
Modelos em backstage no
desfile primavera/verão
2016 de Bobby Alley.
MOSCHINO
MAISONMARGIELA
JEREMYSCOTT
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
ez e meia de um sábado assinalam o
encontro marcado entre uma virgem
dovintageeumaaditadarouparetro.
Deumlado,aânsiapelonovo,oaca-
badodesair,aadrenalinadeveraeti-
queta por arrancar; do outro, o gosto
pelopormenoreofascíniopordesco-
brir na roupa uma máquina do tempo. Monique
Sabo é a fundadora da Du Chic à Vendre, a loja de
roupavintageeemsegundamãodoMonteEstoril.
Já lá tinha passado à porta mais de 100 vezes sem
entrar e, de repente, ali estávamos as duas, rodea-
das de histórias e a comunicar por uma linguagem
de Moda de que nunca tinha ouvido falar. Mais
entusiasmante ainda foi passar as mãos pelos ves-
tidos de noiva com rendas cremes dos anos 20, as
peças debruadas com os malmequeres da revolu-
ção dos 70 ou um par de sapatos que pertenceram
à atriz Romy Schneider. Apaixonei-me por uma
minicarteira bege da Loewe (que
só custa 170 euros!) e por uma
mochila recém-chegada da edição
centenária da Louis Vuitton, e
Monique ainda me fez vestir um
tailleurdaChanelassegurando-me
que, mesmo sendo alguns núme-
rosacima,ficariaperfeitocomuns
skinny jeans.
Ovintageeasegundamãoéum
baúdememóriasdeestiloeumaal-
ternativa excitante ao meu mo-
nótono portefólio de pronto-a-ves-
tir regido por padrões de conforto,
praticidade,budget(eacertificação
50 VOGUE
SETEMBRO 2015
REALIZAÇÃO:ANACAMPOS.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R.
IN VOGUE
tendência
A nova, a última, a next big thing da Moda?
Puxar pela memória. Por Patrícia Domingues.
de que ninguém na reda-
çãotemigual).Assuashistórias
podem não ser originalmente nos-
sas, mas com algum jogo de cintura
dá imenso gozo apropriarmo-nos
delas.Aúnicadesvantagemdovintage
é que, a partir do momento em que se
tornaumatendência,comoagora,vaisercadavez
mais difícil encontrar as peças boas. Isto é, livrem-
se de ir à procura daquela Loewe!
À primeira vista, a crescente obsessão da nova
geraçãopelousado–amesmaquenãodormepelo
novo iPhone ou não aguenta uma lasca na sua
mobília Ikea – parece contraditória. E não, não se
prende (só) com a crise. As lojas mainstream tor-
naram a nossa individualidade preguiçosa, as ten-
dênciassão-nosprescritascomoremédios(genéri-
cos Zara) e as passadeiras vermelhas já só provo-
cam bocejos (valha-nos a mani cam). Fica difícil
pensar“querosercomoela”quandotodasestamos
com a mesma camisola às riscas. Usar roupa de
outrasdécadaséumescapeaosstressescontempo-
râneos e, para quem está sempre a sentir a Moda
escorregar-lhe por entre os dedos, é um prazer
podercontarcomopassado(estarnestemomento
a ouvir uma música de há 30 anos é mais do que
uma coincidência). Walter Benjamin, filósofo ale-
mão, tinha razão: a Moda irá saltar para o futuro
com um olho no passado. Ou seja, o que vestimos
amanhã pode passar por representar aquilo que já
foi feito, mas construído através de um prisma
novo. Vejam-se as coleções de outono/inverno
2015/16. Porque é que os designers estão tão inte-
ressados em roupa que “já era”?
D
VELHOS SÃO
OSTRAPOS
STYLING2015/16
Padrões e detalhes, como
bordados, vivos e aplicações,
podem ser misturados.
Uma regra: saliente sempre
a silhueta, pelo tamanho
das bainhas ou através
de cintos.
FENDI
GUCCI
DRIESVANNOTEN
Saia em
renda,
Gucci.
Quartier Latin
LxMarket
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
52 VOGUE
SETEMBRO 2015
REALIZAÇÃO:ANACAMPOS.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R.
IN VOGUE
tendência
-de-Gianvito-Rossi”,ovinta-
ge nunca será obsoleto.
“Não tenho nada da Ikea.” A reve-
laçãopoderiaparecerchocante,ounãosaís-
se da boca de Joana Astolfi. Filha única em
busca de fantasias próprias, desde pequena
quepôsasBarbiesdeparteeosolhoslhefugi-
ram para o menos óbvio: os cavalinhos de
madeira e o view-master feitos pelo pai.
Cresceu, formou-se em Arquitetura mas nun-
ca deixou de brincar. Hoje é arquiteta, artista
edesigner,especialistaempeçasdeautorque
ganham vida através de outras com morte anun-
ciada. “Sou sempre a última pessoa a entrar num
espaço para salvar os obje-
tos deixados para trás”,
conta. As chamadas de
aviso de início de obras são
uma constante e quando
aliadas às inúmeras via-
gens, passeios pela feira da
ladra, antiquários, Olx e
eBay dão uma quantidade
alarmantedetralha.“Jánão
tenholixo”,confessa.“Antesapanhavatudooque
via,agoraestoumaisseletiva.Procuroobjetoscom
potencial e com uma narrativa. Às vezes tenho-os
comigo vários anos até me fazer sentido utilizá-
-los.”Joana ressuscita espaços e objetos “doentes”
(como uma Doutora Brinquedos da vida real) ofe-
recendo-lhes novas possibilidades de vida e uso –
comoasmontrasdaHermès.“Partosempredahis-
tóriaquevoucontar,daverdadedoobjeto.Nãome
interessam coisas que nunca foram usadas.
Procuro criar uma tensão entre o antes e o depois,
masoprodutofinaltemumahistóriasua.”Alguns
dos seus projetos mais recentes incluem peças
Old is goldAS MORADAS A SEGUIR
SE O SEU CORAÇÃO
BATE PELO ANTIGO.
Lisboa
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TROCA MODA Av. Luís Bivar, nº 5.
Tel. 21 353 1406.
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no Campo de Santa Clara.
EL DORADO R. do Norte, 23-25.
Tel. 213 423 935.
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Monte Estoril. Tel. 911 830 071.
RENDEZ VOUS MERCEARIA & VINTAGE
R. de São Vicente, 16.
VIÚVA ALEGRE R. da Assunção, 19.
Tel. 211 579 592.
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das Lages, Caneças. Tel. 219 800 038
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Alfarrobeira, Armazém 38. Tel. 934 771 021
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de Melo, 410. Tel. 936 543 515.
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Passeio das Fontainhas.
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EMAÚS Campo 24 de Agosto, 185/186
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Tel. 222 053 247
ARTUR MEDANHA R. do Rosário, 193.
Tel. 933 428 337
atriz Joana Barrios pode não adivi-
nhar o que ia na cabeça de Miuccia
PradaouAlessandroMichelequando
moldaram as nostálgicas propostas
desteinverno,massabe100%porquegostadevin-
tageetrabalhounaHolala!Ibiza,umalojadaespe-
cialidade onde recebeu Stefano Gabbana e John
Galliano.“Oquehánumapeçavintagequenãohá
nopronto-a-vestirenomassmarketéumconjunto
de coisas que determinam o seu caráter único,
começandonalotariaqueéserdonossonúmeroou
assentar bem, até ao estado em que se encontra,
passando pelo preço, etc. Numa peça vintage há
corte,qualidadeeumestampadoessencial,irrepe-
tível. Também dizem que
há um certo cheiro, mas eu
não tenho olfato!” Em rela-
ção ao vintage, além de ter
herdadoogosto(muitasho-
ras em antiquários e feiras
de velharias), tornou-se
aquilo que podemos deno-
minar de nerd do antique.
“Há marcas cujos logotipos
mudaram ligeiramente ao longo dos anos e cujas
etiquetas,consoanteararidade,podemdispararos
preços de venda. Os casos mais flagrantes são Pu-
ma, Adidas e Levis. Há rankings para a qualidade
deóculosdesol,sendoosmaisvaliosososmadein
WestGermany.Hátodoumconhecimentodetalha-
dosobremilitaryclothing,porexemplo,roupamili-
tarnorte-americanaemripstopéassimumaespécie
de diamante de sangue na cena vintage, devido à
história do material; ou por exemplo os satin
bombers bordados dos anos 40, 50 e até 70.” Se
as tendências vão e voltam mais rápido do que
conseguimos dizer “quero-as-botas-de-camurça-
extremamente pessoais. “Há cada vez mais uma
vontade e uma abertura para esta linguagem”, ga-
rante.“Há10,15anostodaagentequeriapeçasno-
vinhasemfolha,abrilhar.”Aidadecarregamarcas
que nos recordam que houve vida antes de nós. E
que,umdia,haveráumdepois.[Quetalcomoargu-
mento para ir buscar aquela Loewe?] n
Alice
Velharias
Cantinho do
Avillez, por
Joana Astolfi.
Sapatos em
pelo, Christian
Louboutin, na Du
Chic à Vendre.
A SEGUNDA
MÃO É UMA
ALTERNATIVA
EXCITANTE AO
JÁ MONÓTONO
PRONTO-A-VESTIR.
Du Chic
à Vendre
Sapatos
em pele
envernizada,
Miu Miu.
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Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
56 VOGUE
SETEMBRO 2015
FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;GETTYIMAGES;D.R.
IN VOGUE
i n s p i r ação
MARNI
ROCHAS
CHRISTIANDIOR
CHLOÉ
inverno de 2015 pode muito bem
ficar conhecido como a estação
que vaticinou o fim das tendên-
cias. Pelo menos, tal como as co-
nhecemos.Sim,achegadadeAle-
ssandro Michele soprou ar fres-
co para a Gucci (e para a fashion
week de Milão) numa coleção girly e excêntrica,
“o sonho de qualquer stylist”, segundo o Sty-
le.com;aoriginalidadedeChristopherKane,com
osseusvestidosemformadedeclaraçãodeamor
estimulou a nossa imaginação; e o soft pop de
Miuccia Prada, pastéis doces para as princesas
dos tempos modernos, fez-nos sorrir. Mas foi o
impacto de marcas como a Vetements, ao mos-
trar uma coleção de clássicos descomplicados e
modernos que todas as miúdas cool vão querer
vestir, que realmente mexeu connosco. Basta
dizer que as propostas de Demna Gvasalia, que
já passou pela Maison Martin Margiela e pela
Louis Vuitton, foram apresentadas num clube de
sexogayparisiense,semdireitoacenárioouapri-
meira fila organizada por ordem de celebridade,
com um cheiro “estranho” vindo das casas de
banho.Osconvidadosdivertiram-secomaironia
de tais contrastes e as peças refletiram isso – o
lado mais realista e urbano da Moda, pensado
como ainda ninguém o pensou. Alguns editores
chegaram a declarar a Vetements, e não a Gucci,
como a heroína deste inverno. Estilos e preços à
parte, as duas marcas têm mais em comum do
que imaginamos: o espírito do it yourself da esta-
ção, o styling como statement de Moda e perso-
nalidade.Nãosãoasruasqueditamoquevemos
nos desfiles, mas antes as influências dos dois
lados a misturarem-se como nunca vimos.
Senoiníciodosanos70,osCrips,umdosmais
temidos gangues dos Estados Unidos, descon-
fiassem que alguns dos seus códigos se transfor-
mariam em tendência de Moda, provavelmente
ficariam contentes. Afinal, o gangue suposta-
mente responsável pela morte do rapper Tupac
Shakurnãoescolheuosseusacessóriosaoacaso.
As cores serviam para separar amigos de inimi-
gos,porissoosCripsusavamquasesempreténis
da marca BK e bandanas azuis à volta da cabeça,
enquanto os seus grandes rivais, os Bloods, pre-
feriam os lenços vermelhos. Os mesmos que a-
gora vemos nos cabelos loiros de Cara Dele-
vingne ou atados à volta do pescoço de Leandra
Medine, do site Man Repeller. Das ruas para as
ruas, portanto.
o lado das tatuagens e dos piercings,
a roupa sempre fez parte das subcul-
turas, dos gangues puros e quase
sempre duros, tal como dos movi-
mentos culturais, como o punk, o mod ou o new
wave. Nesta estação, ainda houve espaço para se
encontrarnovidadeemtodoseles.Nesteinverno,
a década de 60 e as linhas gráficas do mod esti-
veram tão bem representadas, como sempre, na
Louis Vuitton, na Carven ou na Dior, o punk
ganhou contornos glam na Saint Laurent de Hedi
Slimane e o estilo motard muito Hells Angels deu
umardasuagraçanosbombersenodenimdocos-
tume. Já o new wave, que sempre misturou in-
fluênciasdopunkrockedomod,tambémsereno-
vou com o avanço dos anos 2000. Na influência
LUTA
LIVRENa estação em que o styling é maior do que as tendências, a Moda aproxima-se das
ruas sem perder o poder. A Vogue infiltrou-se nos gangues de estilo deste inverno.
O
Um biker dos Hells
Angels em 1981.
Nos anos 90, um
elemento feminino
de um gangue
de Los Angeles.
O mood dos New
Romantics nos
anos 70 e 80.
As bandanas
popularizadas
pelos gangues.
As joias da
Givenchy para
esta estação.
atual de bandas como os Blondie ou os Talking
Heads e nas últimas semanas de Moda, com o
aparecimentodesilhuetasecombinaçõescromá-
ticas que não víamos desde os anos 80, uma das
épocas de estilo que mais adoramos odiar.
onathan Anderson é um dos grandes cul-
pados deste regresso, tanto na sua marca
em nome próprio, como na espanhola
Loewe, repletas de linhas oversized e jun-
ções de cor que os olhos menos treinados
achariam suspeitas. Boa parte do new
wave descarrilou nos new romantics ou Blitz
Kids, fenómeno britânico que agregava bandas
como os Visage, os Spandau Ballet ou os Culture
Club, de Boy George. E onde a influência vitoria-
na era misturada com peças atuais.
Neste inverno, o gótico mais ou menos vitoria-
no, cruzamento entre a música, a literatura ou a
arquitetura, foi dos moods mais revisitados pelos
designers. No ano em que celebra 10 anos de Gi-
venchy, Riccardo Tisci superou-se, reunindo boa
parte dos elementos-chave da sua visão para a
Maison.Asua20ªcoleçãodepronto-a-vestirteve
um pouco de tudo: religião, preto e joias-state-
ment, algumas organizadas em desenho nas ca-
ras das modelos. A palavra gótico resume muito
do que Tisci mostrou, mas as influências latinas
também deixaram as suas marcas, nos piercings
faciais ou nos caracóis de cabelo colados à testa
muito FKA Twigs. Seguiram-lhe o exemplo desig-
nerscomoabrilhanteSarahBurtonemAlexander
McQueen,queescreveuumahistóriaigualmente
romântica e vitoriana, Marc Jacobs, que traba-
lhouopretoemsilhuetaslongasalembraroinício
do século, e o sempre original Alexander Wang,
um dos primeiros a antecipar o regresso do dark
sidecomumacoleçãoempretointegral.“Oclien-
te quer preto, porque não dar-lhe isso mesmo?”,
comentouodesignerapósodesfile.Muitosdefen-
demqueestáiminenteumamudançadepoderna
indústria. Mas que piada terá a Moda se não nos
fizer desejar o que ainda não sabemos que que-
remos? n Rosário Mello e Castro
“OS GANGUES
REFLETEM O ESPÍRITO
DO IT YOURSELF
E O STYLING COMO
STATEMENT
DE MODA.”
É O NOVO UNIFORME
DO COOL. COM
IMAGENS DE BANDAS,
ARTISTAS OU
MOVIMENTOS, DIZ
TUDO AQUILO QUE NÓS
NÃO CONSEGUIMOS.
T-SHIRT IT
Elemento
dos Dragons,
gangue de
Nova Iorque.
Rihanna
Cara
Delevingne
Ruby Rose,
da série
Orange
is the
New Black.
VALENTINO
MARCJACOBS
SAINTLAURENT
Stella
Tennant
Rita Ora
Modelo à
saída do
desfile de
inverno
da Chanel.
58 VOGUE
SETEMBRO 2015
REALIZAÇÃO:ANACAMPOS.FOTOGRAFIA:GETTYIMAGES;VERONICAMORALESANGULO;D.R.
IN VOGUE
tendência
BRILHO
NATURALA pele é sempre o material
de eleição para os looks mais
rebeldes, esta estação inspira-se
nas tribos urbanas e veste
as tendências românticas.
As saias e as calças
devem ser sempre
coordenadas com
materiais
contrastantes.
OS COORDENADOS
DE LOOK TOTAL
DESTINAM-SE
A VISUAIS DE RUA.
Sister
Bliss
LOUISVUITTON
Chiara
Ferragni
Capa em
pele, Saint
Laurent.
Michelle
Monaghan
em Erdem.
CALVINKLEIN
Katie Holmes
em Zac Zac
Posen.
St. Vincent
com camisa
e saia, Saint
Laurent,
e pumps
Christian
Louboutin.
Mischa
Barton Saia em pele,
Alice & Olivia.
D E B O R A H S E C C O
Cada personagem
que eu vivi marcou
a minha vida.
Costumamos dizer
que os personagens são
como presentes e eu acho
que não tem mesmo palavra
melhor pra descrever, porque
presentes especiais também
são sempre inesquecíveis.
multimarcas@morana.com.br
Q U A N T A S
H I S T Ó R I A S
C A B E M
N U M A
C A I X I N H A ?
PORTUGAL
Cascais Shopping
C e n t ro C o m e rc i a l Co l o m b o
ESPANHA
El Corte Inglês - Málaga
60 VOGUE
SETEMBRO 2015
FOTOGRAFIA:CARLOSRAMOS;GETTYIMAGES;VERONICAMORALESANGULO;D.R.
IN VOGUE
privado
ARMÁRIO
DEOUTONOTrês empreendedoras natas
revelam-nos as suas escolhas para
a próxima estação. Por Patrícia Domingues.
omo qualquer designer que se
preze, já em pequena Anabela
desenhava roupa para as bonecas
e, mais tarde, também para
ela própria. Quando transformou
a brincadeira em algo sério foi para
a Escola de Moda Gudi no Porto e depois
partiu para Paris para um curso na Paris
American Academy. Surgiu na
ModaLisboa com marca homónima em
1993 e também faz parte do primeiro
grupo de designers a apresentar no Portugal
Fashion. Após desenhar roupa de praia,
figurinos, fardas e sapatos e de abrir
recentemente uma aclamada loja na capital
lisboeta, continua a ver a Moda como “uma
energia positiva” que a entusiasma pela
renovação. – “De seis em seis meses tudo
muda... As cores, as texturas, a imagem.”
MARCAS E DESIGNERS PREFERIDOS Chanel, Chloé, Etro e sigo com
curiosidade o trabalho da designer Vitakim. LISTA DE COMPRAS Camisola
de lã e uma capa impermeável. ACESSÓRIOS-CHAVE Uma mochila e peças
de lã. CARTEIRA INTEMPORAL Uma Saint Laurent. SAPATOS IRRESISTÍVEIS
Da Fendi. TENDÊNCIAS A SEGUIR A liberdade de escolha. Seguirmos
a tendência do eu e do que gostamos. PEÇA MAIS ESPECIAL DO CLOSET
Um vestido da minha coleção Diário e uma pulseira do Helmut Lang. PEÇAS
INDISPENSÁVEIS Casacos de malha, lenços, jeans e vestidos-envelope.
REFERÊNCIA DE ESTILO Olivia Palermo. ROTEIRO DE COMPRAS As lojas
dos criadores nacionais e as feiras de antiguidades. CUIDADOS DE BELEZA
Passar uma pedra de gelo no rosto antes de me deitar e ter um ar
saudável. Felizmente os passeios a pé e de bicicleta já fazem parte das
rotinas portuguesas. VISUAL DE DIA O regresso dos conjuntos. Os blazers
e as calças com padrões bem-humorados. VISUAL DE NOITE Aquele que
faz sobressair a personalidade de cada um. ARTISTAS DE ELEIÇÃO Norman
Foster, Carlos Paredes e Camilo Castelo Branco. LIVRO/FILME QUE
A INSPIRE Naïve. Super, de Erlend Loe, e o filme Temos de Falar sobre o
Kevin. MOMENTO DE MODA A envolvência sonora e visual das CocoRosie.
Bicicleta,
Hermès.
Carlos
Paredes.
Olivia
Palermo.
ETRO
Carteira
em pele,
Saint
Laurent.
Camisola
em lã, Chloé,
em Net-a-
-Porter.com.
ANABELA
BALDAQUE
undadora da Pelcor, a marca de
acessórios de Moda feitos em
pele de cortiça, Sandra nasceu na
3.ª geração de uma empresa familiar
dedicada a rolhas de champanhe, mas
não se deixou ficar à sombra do sobreiro.
Licenciada em Comunicação Empresarial,
mestre (e em processo de doutoramento)
em Ciências Económicas, quis transformar
a cortiça num produto moderno
(e feminino) e depois de ter recebido os likes
de Lady Gaga, Madonna e Barack Obama
e o prémio de Melhor Empresária da
Europa, declaramos a missão cumprida.
61VOGUE
SETEMBRO 2015
MARCAS E DESIGNERS PREFERIDOS Valentino, Missoni, Moschino Cheap & Chic,
Yves Saint Laurent, Antik Batik. Adoro o humor de Jeremy Scott, Yohji Yamamoto
e alguns criadores portugueses. LISTA DE COMPRAS Ponchos. CARTEIRA
INTEMPORAL Clutch em metal vintage, uma Missoni Vintage ou a Kelly da Hermès.
SAPATOS IRRESISTÍVEIS Ténis Valentino. PEÇA MAIS ESPECIAL DO CLOSET Tenho
uma minicoleção vintage, como um vestido de noite Valentino, uns sapatos vintage
da Prada e uma Kelly da Hermès. PEÇAS INDISPENSÁVEIS Trench coat, fato
completo, camisa branca, jeans e sapatos Valentino. E gosto imenso de vestidos da
Missoni. REFERÊNCIA DE ESTILO Elsa Schiaparelli, Coco Chanel, Audrey Hepburn,
Jackie Onassis, Coco Chanel e a minha mãe. ROTEIRO DE COMPRAS Lisboa e as
lojas vintage pelo mundo. CUIDADOS DE BELEZA Não vivo sem meditação,
massagens e um bom hidratante. VISUAL DE DIA Vestido Missoni, trench coat
Valentino, sapatos Roger Vivier e uma clutch de ráfia Missoni. VISUAL DE NOITE
Vestido Valentino e clutch vintage ou étnica. ARTISTAS DE ELEIÇÃO Jazzanova,
Carminho, DJ Solomun e Luciano. UM FILME QUE A INSPIRE Blade Runner.
Alentejana, filha única,
empreendedora à nascença,
assim se apresenta Paula
Veiga, mais conhecida como
o rosto por trás da Philosophie, uma das
lojas multimarca mais cool da Avenida
da Liberdade. Formada em design de
Moda, coaching, produção de cinema,
teatro, figurinos e joalharia, a estes sete
ofícios Paula acrescenta um muito
especial: o personal styling. É que a
Philosophie, além de morada fixa já há
15 anos para Missoni e Valentino, é um
conceito de beleza e bem-estar onde
Paula dá largas ao seu amor declarado
às artes e, em particular, à Moda.
Lenço em caxemira, Etro,
em Net-a-Porter.com.
MARCAS E DESIGNERS PREFERIDOS Tenho uma particular empatia por marcas americanas e sou
sensível a todas as marcas de acessórios. LISTA DE COMPRAS Um tailleur de calças, um sobretudo
clássico de cor inusitada, echarpes e pashminas, camisas, vestidos simples, uns sapatos Church’s
e uns brogue. E claro, duas carteiras da Pelcor. ACESSÓRIOS-CHAVE Minibags, o guarda-chuva
Pelcor, echarpes e pashminas. SAPATOS IRRESISTÍVEIS Luís Onofre. TENDÊNCIAS A SEGUIR Tudo
aquilo que me faz sentir bonita e confortável. PEÇA MAIS ESPECIAL DO CLOSET A minha lingerie
da Victoria’s Secret. PEÇAS INDISPENSÁVEIS Carteiras, echarpes e pashminas. REFERÊNCIA DE
ESTILO A Eduarda Abbondanza, pelo que significa para a Moda em Portugal. ROTEIRO DE
COMPRAS Nova Iorque é a cidade de eleição. CUIDADOS DE BELEZA Gosto de tratar muito bem do
corpo, com produtos apropriados para a minha idade. Tenho particular atenção às minhas mãos.
VISUAL DE DIA Tailleur de calças, brogues, camisa acessorizada com uma bela echarpe e a minha
minibag Pelcor. VISUAL DE NOITE Um jumpsuit Bain de Soleil ou um bom vestido comprido em
malha de seda, ambos pretos. ARTISTAS DE ELEIÇÃO Sou fã número um da Pink. UM LIVRO
QUE A INSPIRE O Que Vejo e Não Me Esqueço da Catarina Furtado, que admiro imenso.
Brogues em tela e
pele, Dolce&Gabbana,
em Mytheresa.com.
Ténis em pele e
camurça, Valentino
Garavani.
Carteira em
pele, Chloé.
Poncho
em caxemira,
Burberry.
Creme Belage
Regeneratrice ADN
40, Anne Moller
Nova Iorque
JEREMYSCOTT
Casaco em
caxemira,
Carven.
Carteira
em cortiça,
Pelcor.
PAULA VEIGA
SANDRA CORREIA
chegada faz-se silêncio. Soleni-
dade ou sedução, a cidade que pa-
rece suspensa noutro tempo man-
tém sereno um certo romantismo
quenosdescansa.Venezaguardao
encanto de valores eternos, é a
cidade dos artistas (a Bienal, sem-
pre desafiadora), artesãos e nave-
gadores,dascortesãsedasfloresàjanela.Porisso,
a Pandora escolheu-a para a apresentação das
suas criações para o outono-inverno, encantada
pela estética vintage que a nova estação respira, e
por tudo o que é sonhador. Jornalistas do mundo
inteiro juntaram-se para conhecê-las, no Hotel
Bauer Palladio, na Giudecca, um palácio renas-
centista do século XVI à beira da água, com vista
paraaPiazzaSanMarco.Melhorseriaimpossível.
“O que me inspira é a natureza e as pessoas”,
diz-nos Stephen Fairchild o diretor de design da
marca nascida em Copenhaga e orgulhosamente
produzida na Tailândia. “A natureza é a melhor
designer”, sorri. As novas joias evocam o lado
62 VOGUE
SETEMBRO 2015
IN VOGUE
notícias
À
mágico da natureza, reinos gelados, contos de
fadas, asas de Fénix, os veios das folhas, as gotas
de orvalho, pedras translúcidas como cristais, a
neve: “repare, não há dois flocos iguais”.
APandorainvestecadavezmaisnamestriadas
suaspeças.Amarcatemcincofábricasdeartesãos
ealgumaspeçaschegamapassarpor72mãosaté
estarem completas. “É como a Alta-Costura, que-
remos que seja bela e leve como uma pluma, mas
cheia de detalhes únicos.” Nestes tempos instá-
veis, precisamos é de sonhar. “Com ou sem crise,
as pessoas adoram fantasia, é o que mantém as
pessoas vivas e jovens. Sempre acreditei nisso. E
quanto mais velho fico, mais quero ser o que
quero ser. As pessoas estão inseguras e a fantasia
é vida, é curiosidade. Adoro conhecer novas cul-
turas e novas pessoas, falar com elas, aprender.”
No fundo, também se inspira nelas: “Se me per-
guntar qual a melhor parte do meu trabalho, é
claro que a marca é importante, e podemos ficar
aqui sentados horas a falar de design, mas são as
pessoascomquemtrabalho,todosnós.Confieem
mim,experimentefazerumdaquelescharms[es-
tavam a ser feitos à mão, à nossa frente, em vidro
de Murano] e vai perceber: é amor.”
Fairchild também acredita na cor: “Quando
cheguei, era tudo muito branco e rosa e agora
temos verdes, roxos, um novo blush, o azul real
e o preto”. Para o Natal, teremos mais dourados,
em jeito de celebração, influências cósmicas e
pequenos laços delicados. E as pérolas, sempre,
belasepuras,umadasnossascoleçõespreferidas.
nova estação Pandora é cheia de
referências: o mundo da heráldica
ou o equilíbrio da Arquitetura, “o
romance, something old, automó-
veis, filmes ou séries como o Games of Thrones,
exposições (como a de Alexander McQueen,
Savage Beauty)”, sublinha Fairchild que, aliás,
trabalhou na Valentino, e adora a fantasia que se
esconde nas subtilezas do luxo. De lá trouxe “a
atenção ao detalhe e à craftsmanship”, diz.
“Todos dizem que esta tem a ver com o preço,
mas não é verdade. Quando como o meu peixe
fresco, este foi trazido por um pescador nesse
dia,nãoédiferentedoquefazemosaqui.Souum
perfeccionista e falha-se muito no design, mas
muitasvezesosteuserrossãoastuasconquistas,
como as conquistas são às vezes derrotas.
Perceberoquesepassanocérebrodeumcriativo
não é fácil. Acredite, é um tormento, mas é um
processo. É amor, volto a dizer, é uma big word
e um peso. ‘E como se mede?’ Bem, estamos a
tentar e acho que no caminho de nos tornarmos
a marca de joias mais amada no mundo.” n
JUNTO
ÀPELE
Anel Asas de Fénix,
brincos de pérolas
de cultura e zicórnia,
fio com cristal e
zicórnia, brincos em
forma de asas tudo
em prata. Anel em
ouro com topázios
azuis, inspirado nas
penas de pavão.
As novas preciosidades
da Pandora são uma
viagem às memórias
sensoriais e à fantasia.
Por Patrícia Barnabé, em Veneza.
O CHARME
DOS CHARMSA Pandora criou há 15 anos a sua icónica
pulseira e continua a adicionar-lhe charms
carregados de significado, com qualidades,
desejos ou mensagens de vida contidas em
pequenas esferas ou contas coloridas que se
quer lançar ao universo. Como um amuleto,
lembram as pulseiras de reza dos monges
budistas, profundidade, intimidade e fé.
A marca lança agora sete novos valores,
que fomos conhecer à ilha de Murano:
carinho/cuidar, espiritualidade, criatividade,
dignidade, amizade, sensibilidade e, claro, amor.
FOTOGRAFIA:PANDORAPRIMAGES;BYTHOMASMUUS.
lorealparisportugal
COLORAÇÃO PERMANENTE SEM AMONÍACO
E COM TECNOLOGIA MICRO-ÓLEOS
REPRODUZ OS MILHÕES DE REFLEXOS
QUE REPLICAM O CABELO NATURAL
O CABELO FICA BRILHANTE, SUAVE E LEVE
COR
PRODIGYOSA
A primeira coloração
com micro-óleos.1
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1
deL’OréalParis.
BRONZE
CASTANHO NATURAL
COM MILHÕES DE TONS DOURADOS
de Izabel Goulart
5.30
COR TÃO NATURAL
QUE NINGUÉM DIRIA QUE FEZ COLORAÇÃO EM CASA
AF_LOR_PRODIGY_PS_220x285.indd 1 16/04/15 18:26
64 VOGUE
SETEMBRO 2015
TEXTO:CONSTANÇAQUINTEIRO
IN VOGUE
notícias
INSPIRA, EXPIRANum momento em que o estilo de vida saudável impera,
a Calzedonia dá-nos mais uma razão para não perdermos
o ritmo: uma nova linha fitness para este outono.
Camille Rowe é o
rosto desta nova linha.
Dona de um corpo
invejável, a modelo
francesa revelou-se a
escolha perfeita vestir
a coleção Fitness da
Calzedonia.
s ginásios nunca foram tão con-
corridos, nem as ruas viram tan-
tosadeptosdacorridaedascami-
nhadas como hoje. Atenta às ten-
dências, a Calzedonia criou uma
coleção de leggings a condizer
com este estado de espírito mo-
derno, que não dispensa estilo e conforto na hora
defazerexercíciofísico.Amarcaitalianaprocurou
criarroupatrendyefuncionalquegarantaumele-
vadodesempenho,porissoapostounosdetalhes,
na tecnologia dos materiais e no design inovador.
O resultado? Padrões variados, efeitos de saia e
calções em nylon que se sobrepõem às leggings
paramarcaradiferença.Peçaspráticasquesecam
rapidamente e deixam a pele respirar para uma
melhor performance. Inserções refletoras para
uma maior visibilidade e minibolsos para que
possa ter consigo o essencial. E last but not the
least,acapacidadedemodelaremanterasilhueta
perfeita para que se sinta mais confiante durante
o treino. Tendência, praticidade e conforto numa
sópeça.Umnovomotivoparanoscontinuarmos
a mexer até ao próximo verão. n
O Em cima, Patterned
Fitness leggings
e ao lado, Fitness
leggings com
aplicações de renda,
cada ¤ 29,95.
Cuca Roseta é o novo rosto da Guess
em Portugal. A marca norte-americana
de pronto-a-vestir elege, pela primeira
vez, uma embaixadora portuguesa para
representar o seu estilo jovem, sexy e
aventureiro. A fadista declarou ser
admiradora da marca, por isso recebeu o
convite com grande alegria. André
Brodheim, diretor de Marketing do Grupo
Brodheim, considera este “um fit mais que
perfeito entre a marca e a talentosa fadista,
dona de um estilo e uma personalidade muito próprios,
quer no palco quer na vida”.  Durante um ano, Cuca Roseta
será uma Guess Girl, um título assumido por uma longa
linhagem de ícones entre os quais, Claudia Schiffer, Anna
Nicole Smith, Adriana Lima e, mais recentemente, Gigi Hadid.
O FADO ESTÁ
NA MODA
WWW.TI-SENTO-MILANO.COM
218626070
*JOALHARIA EM PRATA 925 COM BANHO DE RODIUM
F A S H I O N A B L E R H O D I U M P L AT E D S T E R L I N G S I L V E R J E W E L L E R Y *WWW.OURTIME.PT
Vogue Café Moscow
Kuznetsk Bridge 7/9, Moscow, Russia
Vogue Café at The Dubai Mall
Dubai, United Arab Emirates
Vogue Café Kiev
Fairmont Grand Hotel, Kiev, Ukraine
Vogue Lounge Bangkok
MahaNakhon CUBE, Bangkok, Thailand
voguecafe.com
Dos patchworks em
diferentes materiais,
às aplicações de cristais,
metais e pérolas, os
acessórios para a estação
das chuvas são ainda mais
requintados e originais.
Pumps em patchwork de
camurça, Gianvito Rossi, na
Stivali. Botas em patchwork
de camurça, Burberry
Prorsum. Carteira em pele
e camurça, ¤ 2.050,
Céline, na Loja das Meias.
FOTOGRAFIA:PEDROFERREIRA.
P O R A N A C A R A C O L
OVER
THETOP
Clutch em pele, pele de
píton e plexiglass, Miu Miu.
Sapatos em pele de píton,
Gucci. Sapatos em pele de
píton e metal, Louis Vuitton.
69VOGUE
SETEMBRO 2015
Clutch em pele, metal,
pérolas e plexiglass, sapatos
em veludo de seda com
cristais e plexiglass no salto,
tudo Dolce & Gabbana.
Botins em pele com cristais
aplicados, ¤ 995, Jimmy
Choo, na Fashion Clinic.
REALIZAÇÃO:ANACARACOL.FOTOGRAFIA:PEDROFERREIRA.
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
72 VOGUE
SETEMBRO 2015
PEÇAS-CHAVEA chegada da nova estação exige
uma atualização de guarda-roupa.
Estes são os itens principais para não
perder o fio à meada das tendências.
Vestido em algodão,
¤ 1.180, Marni.
Vestido em chiffon
de seda, ¤ 3.500,
Gucci, em
Mytheresa.com.
CAMISAS
DE LAÇADA
Blusa em algodão,
¤ 1.300, Valentino,
em Mytheresa.com.
Blusa em crepe
de seda, ¤ 1.155,
Jason Wu, em
Net-a-porter.com.
Casaco em pelo,
¤ 4.900, Miu Miu,
em Net-a-porter.com.
CASACOS
FELPUDOS
Saia em seda com
lurex, ¤ 65, Pepe
Jeans. Saia em seda
com lurex, ¤ 184,
Pinko. Vestido em
seda revestido a
lantejoulas, ¤ 3.490,
Saint Laurent, em
Mytheresa.com.
METAIS
MAXMARA
PAUL&JOE
ESTAMPADOS
FLORAIS
BURBERRYPRORSUM
SAINTLAURENT
lorealparisportugal
NOVO
AF_LOR_ELV_OE_MASC_PS_VOG_220x285.indd 1 24/07/15 10:30
74 VOGUE
SETEMBRO 2015
REALIZAÇÃO:ANACARACOL.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R.
Vestido em renda,
¤ 49,95, Zara.
Vestido em renda,
¤ 5.075, Erdem, em
Net-a-porter.com.
VESTIDOS
DE RENDA
COLETES
& FATOS
Colete em
seda, ¤ 600,
Juliana Herc.
Fato em seda,
¤ 1.830 e ¤
915, Escada.
Calças em seda,
¤ 480, Etro, em
Mytheresa.com.
Calças em malha
de seda, ¤ 1.070,
Missoni, em
Farfech.com.
CASACOS
BRANCOS TOD’S
Casaco em lã,
¤ 175, Uterqüe.
ALBERTAFERRETTI
GIORGIOARMANI
CALÇAS
ESTAMPADAS
ETRO
*TIMEWEAR & JEWEL SPRING/SUMMER 2015
PVP 159€
PVP 159€
WatchPlanetIIRelógios,Lda/Tel:213428308/esprit.com/timewear-jewel-*ColeçãoRelógioseJoalharia,Primavera/Verão2015
DA PASSERELLE PARAARUA
REALIZAÇÃO:ANACARACOL.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R.
1. Colar em metal lacado, ¤ 12,90, Accessorize. 2. Saia em pele, ¤ 89,95, Zara. 3. Camisola em malha de lã, ¤ 179, Stefanel. 4. Carteira em pele, ¤ 79,95, Zara.
5. Botins em pele, lã e camurça, ¤ 459, a.ap., Boss Black. 6. Batom no tom Scarlet Red, ¤ 24,19, Lipstick Queen, em Net-a-porter.com. 7. Camisola em crepe de seda,
Diogo Miranda. 8. Brincos em metal com cristais, ¤ 9,90, conjunto de 6, Accessorize. 9. Saia em malha de algodão, ¤ 9,95, Zara. 10. Carteira em pele, £ 180, Tosca
Blu. 11. Alfinete em metal com cristais, ¤ 9,90, Accessorize. 12. Botins em pele e lã, ¤ 459, a.ap., Boss Black. 13. Brincos em metal, plexiglass e cristais, ¤ 12,95,
United Colors of Benetton. 14. Camisola em malha de algodão, ¤ 195, Lacoste. 15. Colar em metal e plexiglass, ¤ 15,99, Mango. 16. Carteira em pele, ¤ 99,99, Mango.
17. Calças em lã e algodão, ¤ 119, Stefanel. 18. Sapatos em camurça, ¤ 45,95, Zara.
1
2
3
4
5 6
7
9
10
13
14
15
16
17
11
12
3.1PHILLIPLIM
BALENCIAGA
CÉLINE
18
8
77VOGUE
SETEMBRO 2015
19
20
22
23
24
25
26
21
O inverno chega com chuva, vento e frio, mas também nos traz aquela sensação de
suavidade única das malhas. Selecionámos algumas propostas que aliam estilo e conforto.
19. Camisola em malha de algodão, ¤ 17,95, Zara. 20. Brincos em ouro, ¤ 100, Ben-Amun, em Net-a-porter.com. 21. Calças em seda com lurex, ¤ 34,99, H&M.
22. Cinto em pele, ¤ 24,95, Sisley. 23. Carteira em pele, ¤ 512, Furla. 24. Sandálias em pele, ¤ 286, Luís Onofre. 25. Colar em plexiglass e algodão, ¤ 45, Cos.
26. Casaco em malha de lã, ¤ 39,95, United Colors of Benetton. 27. Cardigan em malha de seda, ¤ 15,95, Zara. 28. Saia em algodão, ¤ 145, Lacoste. 29. Carteira
em pele e metal, ¤ 29,95, United Colors of Benetton. 30. Sapatos em camurça, ¤ 39,99, Mango. 31. Camisolas em malha de lã, ¤ 24,95, United Colors of Benetton.
32. Colar em pele e metal, ¤ 29,95, Sisley. 33. Camisa em algodão, ¤ 39,95, Sisley. 34. Clutch em pele e pelo, ¤ 103, Liu Jo. 35. Botins em pele e metal, ¤ 65,95,
Zara. 36. Cinto em pele e metal, ¤ 19,95, Sisley. 37. Saia em malha de algodão, ¤ 70, Guess.
27
28
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CHANEL
CARVEN
BALMAIN
78 VOGUE
SETEMBRO 2015
REALIZAÇÃO:ANACARACOL.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R.
TONS
DETERRAA cor da nova estação
usa-se em look total
ou coordenada com
diferentes beges ou
outras cores da natureza.
FENDI
1. Lenço em seda, ¤ 155,
Hermès. 2. Vestido em seda,
Diogo Miranda. 3. Shopping bag
em pele, Loewe. 4. Óculos em
acetato, Tom Ford, na André
Ópticas. 5. Casaco em lã e
pelo, ¤ 2.760, Chloé, em
Mytheresa.com. 6. Alfinete em
metal com cristais, Prada.
7. Botins em pelo, ¤ 1.290,
Fendi. 8. Vestido em algodão,
¤ 185, Bimba & Lola. 9. Lenço
em seda e pelo, ¤ 690, Fendi.
10. Colar em metal e
plexiglass, ¤ 340, Marni.
11. Mala em metal e pele,
Louis Vuitton. 12. Luvas em
pele e pelo, ¤ 790, Fendi. 13.
Blazer em lã, Max Mara. 14.
Sapatos em pele, ¤ 900, Céline.
1
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CARTEIRAS Ao ombro ou na mão, estes são os modelos que não podem ficar fora do guarda-roupa.
1. Em pele de píton e metal, Lanvin. 2. Em pele de píton, Chloé. 3. Em pele,¤ 3.300, Fendi. 4. Em pele, ¤ 960, Marni.
2 3 4
Vogue 220x285.indd 1 7/23/15 6:11 PM
80 VOGUE
SETEMBRO 2015
P O R P A T R Í C I A B A R N A B É
Este é o top Vogue de novos discos lançados agora por artistas ou bandas onde as
miúdas são protagonistas. No capítulo das cantoras-compositoras rock cheeky, temos a
australiana Courtney Barnett, Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit,
(Mom+Pop), ou Laura Marling e ShortMovie (Ribbon Music/Virgin Emi), cheias de
mundos privados e palavras confessionais e certeiras. No capítulo, regresso ao rock dos
anos 90: os Kid Wave, banda de jovens roqueiros suecos a viver em Londres, que nos
lembram as Riot Grrrls dos anos 90, na sua estreia Wanderlust (Heavenly Recording);
Joanna Gruesome, uma rapariga entre rapazes e com uma raiva rebelde em Peanut
Butter (Turnstile); Nadine Shah e Fast Food (R&S Records), para os fãs de Anna Calvi.
No capítulo “não sabemos de que planeta são, mas sabem dançar”: a dupla
THEESatisfaction e os grooves atmosféricos de Earthee (Sub Pop) – atenção que elas
andam a dar concertos em Portugal; a DJ Maya Jane Coles e a sua coleção de mixes
de dança suave e noturna em Nocturnal Sunshine (I Am Me). E a frescura pop dos
californianos Summer Camp com Bad Love (Moshi Moshi). Smells like teen spirit.
LAS ROCKAM
Na reta final do verão, a Vogue só vai aos festivais
incontornáveis ou aos que saem dos carris das multidões, onde
estão as tendências. É o caso dos Jardins Sonoros, celebração
de dança ao ar livre com Nicolas Jaar, Jazznova, Nina Kraviz,
Todd Terje, ou os portugueses Isilda Sanches, Mirror People
e Rui Miguel Abreu. No mesmo dia, dentro de portas, realiza-se
o Magafest, nascido das MagaSessions (sessões de música na
intimidade de uma casa no Saldanha, desde 2012), agora na
Casa Independente, no Intendente. Entre conceituados e novos
talentos, nesta segunda edição teremos Norberto Lobo, Carlos
Bica, Filho da Mãe, Lula Pena ou Jibóia, entre outros. Na ilha
da Madeira, estão a atravessar o verão 14 concertos… num hotel.
Com lotação para 400 pessoas e mediante guestlist. Ainda pode
ver Bianca Casady & The CIA, Johanna Glaza, as brasileiras
Bárbara Eugénia e Leo Cavalcanti, os Batida, Paus, PZ,
o pianista Júlio Resende. Lisb-on, Jardins Sonoros,
dias 5 e 6 de setembro no Parque Eduardo VII; Magafest,
dia 5, na Casa Independente, ambos em Lisboa.
Concertos L, até 26 de setembro, na
Estalagem da Ponta do Sol, Madeira.
Festivais diferentes
PORTAS LARGASInaugurou na capital um espaço único que recebe mentes criativas de todo
o mundo, exposições e eventos culturais que não têm espaço oficial no nosso
país. Chama-se O Apartamento e “é uma porta de Lisboa para o mundo
e do mundo para Lisboa, a casa de todas as ideias”, diz o seu mentor,
Armando Ribeiro. Já recebeu a revista Cereal de Bristol, a OpenHouse de
Barcelona e a digital Freunden Von Freunden. Organiza livrarias Pop Up Arty
onde esteve a alemã Gestalten e estará duas das principais editoras de Moda,
a Rizzoli, de Nova Iorque e a francesa Assouline, em setembro e dezembro.
Outubro será convidada a revista Suitcase e em novembro os Klein Agency.
Lisboa com vistas largas e cada vez mais cosmopolita.
O Apartamento, Av. Duque de Loulé, 1, 5º Dto, Lisboa. Detalhes em www.oapartamento.com.
A MELHOR MÚSICAÉ reconfortante uma rentrée feita de concertos
de primeira água, no silêncio de uma sala.
Dois regressos: Patti Smith, depois da maravilha
que espalhou no Primavera Sound (a Vogue
esteve lá e confirma a grandeza e a comoção);
e o regresso de Lloyd Cole, desta vez sem
guitarras e em versão eletrónica. Convidou o
português André Gonçalves para subir ao palco
do Maria Matos e partilhar o amor de ambos pelos
sintetizadores modulares. Com eles vão estar
Nuno Moita, no computador, e Luís Desirat, na
bateria. Também é de espreitar Angel Olsen, uma
das nossas vozes femininas preferidas da folk,
com o beneplácito do genial Bonnie “Prince” Billy.
Patti Smith, Coliseu dos Recreios, 21 setembro; Lloyd Cole
Live Electronics com André Gonçalves, dia 22, no Teatro
Maria Matos e Angel Olsen na Trienal de Arquitectura
de Lisboa, dia 8, no Campo de Santa Clara.Lloyd Cole Live
Electronics
Kid Wave
Manolo Blahnik,
a nova edição
da Rizzoli.
FOTOGRAFIA:CHLOËSEVIGNY,RIZZOLINY2015.D.R.
Charles Bradley
Valter
Vinagre
Regresso do Fashion Film Festival – o único em
Portugal. Nesta segunda edição, ganhou a chancela
da EFFE, Europe for Festivals, Festivals for Europe,
uma parceria com o Berlim Fashion Film Festival,
e a Vogue estará no júri. O festival volta a premiar
películas nacionais nas categorias de Filmes de Moda
de Autor e Filmes de Moda de Marca e agora na nova
categoria, a dos Têxteis Técnicos, onde Portugal
ocupa um dos lugares cimeiros ao nível mundial.
O tema é o futuro, ou não estaríamos a falar de Moda,
e da promoção e da criatividade dos seus filmes.
A competição está aberta para todos os Filmes de
Moda nacionais, com duração máxima de 15 minutos,
que podem ser submetidos de forma gratuita através
do email fashionfilmfestival@portofashionweek.com,
até 6 de setembro. Mais pormenores para acompanhar
em www.portofashionfilmfestival.com. Fashion Film
Festival, 3 de outubro, no CEIIA, Porto.
á ao cinemaSaúda-se a iniciativa da Medeia Filmes para
fazer programações especiais dedicada a
cineastas de primeira água. Pela primeira vez
por cá, vamos poder ver a obra integral do
francês Jacques Tati em versões digitais e
restauradas, incluindo as suas curtas, numa
programação que se estende entre o fim de
agosto e o início de setembro, quando sobe ao
Porto, ao Teatro do Campo Alegre. Entretanto,
investigue estes filmes, já em cartaz ou
mesmo a chegar: O Jovem Prodígio T. S.
Spivet, de Jean Pierre-Jeunet, Lost River, do
ator Ryan Gosling, Regresso a Casa, de Zhang
Yimou, O Verão de May, de Cherien Dabis,
Bando de Raparigas, de Céline Sciamma,
Uma Nova Amiga, a nova fita de François Ozon,
e O Mundo Fora do Lugar, de Margarethe von
Trotta. Jacques Tati no Espaço Nimas e no Teatro
do Campo Alegre, de 20 de agosto a 1 de setembro.
Luz e sombraRESULTADO DA RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
EM MACAU, DO ARTISTA JOSÉ JÚLIO
DUARTE E EM RELAÇÃO ESTREITA COM O
CURADOR NATXO CHECA. LUZ E SOMBRA,
CALOR E FRIO, CATALISADOR DE
REAÇÕES QUÍMICAS, O RESULTADO
CHAMA-SE MERCÚRIO E É UM CONJUNTO
DE FOTOGRAFIAS IMPACTANTES E
POÉTICAS, NA CONTINUAÇÃO DO
TRABALHO SOBRE CASINOS QUE TEM
VINDO A DESENVOLVER E
JÁ EXPLORADO EM WHITE NOISE. Mercúrio, de
António Júlio Duarte, na Galeria Zé dos Bois, até 19 de setembro.
FILMES DE MODA
Por muito fado que corra nas veias
da nova geração, regressamos sempre
à diva. Depois de Amália, As vozes do
Fado, que reúne os nossos talentos –
de Ricardo Ribeiro, Camané e António
Zambujo, a Ana Moura ou Gisela João –
à volta dos fados de Amália, chega a reedição
de Fado Português. Conotado como novo fado
quando foi lançado, em 1965, faz agora 50 anos
e foi o disco que popularizou Alain Oulman. Junta
o alinhamento original do LP e temas inéditos das
sessões de gravação, a partir das bobinas originais,
mantendo o som mono primitivo, inédito em CD.
Amália Rodrigues, Fado Português, ed Valentim de Carvalho.
50 ANOS
DE AMÁLIA
O Meu Tio, de
Jacques Tati.
Há Festa
na Aldeia, de
Jacques Tati.
82 VOGUE
SETEMBRO 2015
FOTOGRAFIA:RUICARLOSMATEUSELUÍSSANTOS/CORNUCÓPIA;TADEUDEFRANÇAMACHADO/TEATRODAGARAGEM.
ZAPPING
palco
muitoesperadooespetáculoqueabrea
temporadadoTEATROS.LUIZ,emLisboa.
Chama-se BAILE e é assinado por CARLA
MACIEL E SARA CARINHAS. De 9 a 20 de
setembro veremos cinco mulheres em
palco, incluindo as autoras, orientadas
pelo coreógrafo VICTOR HUGO PONTES, e
uma banda dirigida por PAULO FURTADO, aka The
Legendary Tiger Man. Alternam-se quadros
visuais e musicais, “histórias em jeito de canções
que rendem homenagem à alegria. Mas eis que
vemamaldadeporentreamelodiaafazerlembrar
o mundo”. Estas mulheres tentam adiar o fim,
amparadasnamúsicaenadança,quetantasvezes
nos salvam.
Imperdível será também UMA MULHER SEM
IMPORTÂNCIA, a partir da obra de 1892, de OSCAR
WILDE,críticamordazehumoradaàaltasociedade
londrinadefinaisdoséculoXIX,frivolidadeeluci-
dez. Começa no ambicioso Arbuthoth, mas são
elas que sobressaem, seja a irreverente Miss
HesterouabossyLadyCaroline,numapeçaonde
se subvertem as representações tradicionais do
género feminino. Regresso da companhia TRUTA,
com encenação de JOAQUIM HORTA, de 10 a 19 de
setembro, ao TEATRO MARIA MATOS, com CLÁUDIA
GAIOLAS, JOANA BÁRCIA, LIA GAMA ou MARIA JOÃO
ABREU vestidas por JOSÉ ANTÓNIO TENENTE.
Aindanotemafeminino,oTEATRO DA GARAGEM
estreia, a 8 de outubro, GRAÇA: SUÍTE TEATRAL EM
Não faltam razões para se sentar na primeira fila.
Os palcos enchem-se agora de poder no feminino e
perguntas pertinentes. Aponte na agenda. Por Patrícia Barnabé
TRÊS MOVIMENTOS, baseado na vida e obra da pin-
tora GRAÇA MORAIS, uma das artistas mais admi-
radas pela Vogue. E, dias 25 e 26, o CCB apresenta
MUJERES E CRIADOS de LOPE DEVEGA (em castelha-
no), uma comédia urbana de 1613, onde se bara-
lham as ideias tradicionais de honra, até porque
são as mulheres que têm a voz dominante. Logo
aseguir,oCCBrecebeocoreógrafofrancêsRACHID
OURAMDANE e TENIR LE TEMPS, 16 bailarinos e a
músicadeJEAN-BAPTISTEJULIEN quenosconvocam
paraareflexão:“Quemtemocontrolosobreoquê
nas sociedades velozes de hoje em dia?”
Olhar feminista também a norte, já que no
TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO, no Porto, de 24 de
setembro a 11 de outubro, está TURANDOT OU
TRAGICÓMICA FÁBULA CHINESA EM CINCO ATOS, a
sofisticada e humorada peça de 1762 do venezia-
no CARLO GOZZI. Encenada por JOÃO CARDOSO,
passa-se numa Pequim de fantasia repleta de
crueldade,ondeabelaemodernaTurandotcanta:
“Fazei com que eu possa ser livre; livre para des-
denhar do casamento e dos homens, que nos
desejam submissas e incapazes…” Ainda no
Porto, no TECA, Teatro Carlos Alberto, está MEIO
CORPO, de 18 de setembro a 4 de outubro, um
espetáculodeRICARDO PAIS baseadonumaversão
livre de Igual ao Mundo de JACINTO LUCAS PIRES,
comcenografiadoartistaPedroTUDELA.Umsonho
encenado, antiquado e futurista, onde uma espé-
cie de computador gigante concentra as persona-
RENTRÉE
DEOUTONO
É
genseestas procuraminteragir,limitadasporuma
Big Sister totalitária que não liberta arbítrios: “um
cocktail em traje escuro obrigatório, piano de
cauda, música techno e outros efeitos especiais”.
Com a mesma pertinência e atualidade crítica,
chega-nos HAMLET na versão traduzida pela sensi-
bilidade poética de SOPHIA DE MELLO BREYNER, acla-
mado na sua estreia no Festival de Teatro de Al-
mada, agora no TEATRO DO BAIRRO ALTO/ CORNU-
CÓPIA, de 18 de setembro a 17 de outubro. Ence-
nadoporLUÍSMIGUELCINTRA,umvastoelenco(Gui-
lherme Gomes será um Hamlet jovem e imaturo)
leva o espectador de monólogo em monólogo, a
pensar a evolução do mundo num debate moral
que faz tanto ou mais sentido nos dias de hoje.
s ARTISTAS UNIDOS abrem a sua tem-
porada no TEATRO DA POLITÉCNICA
com novos autores catalães. JORGE
SILVA MELO, o seu mentor e encena-
dor,explicaasuaescolha:“Omuitoquenãoédito
entre estas personagens que vão sendo margina-
lizadasporumprogressoqueasignoraéosegredo
devidas.”A23desetembroestreiaJOGADORES,de
PAUMIRÓelogoaseguirnãovamosperderaautora
LLUÏSA CUNILLÉ que fará em Lisboa a estreia mun-
dial de O TEMPO, com o charme de AMÉRICO SILVA
e MARIA JOÃO PINHO.
Na CULTURGEST encontramos sempre bons
espectáculos de dança, por isso é de ficar atento a
LOÏC TOUZÉ e a CHANCE, seis bailarinos, entre eles
aintensaMARLENEMONTEIROFREITAS,queexploram
as questões da dança, da memória do corpo às
ideias de futuro, passando por extremos de cons-
ciência como a hipnose ou a telepatia. n
Tenir le Temps de
Rachid Ouramdane no
CCB. Ao lado, Uma
Mulher sem Importância
no Maria Matos e,
em baixo, Graça:
Suite Teatral em
Três Movimentos, no
Teatro da Garagem.
Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
FOTOGRAFIA:GETTYIMAGES;ARLINDOCAMACHO;D.R.
ZAPPING
privado
ARTEMODERNAA visão de um artista é tão rica quanto o universo dos seus gostos. A Vogue
aposta em três nomes com ideias fortes para a rentrée. Por Rosário Mello e Castro.
É músico a solo ou com os Cais Sodré Funk Connection, ator e
professor de Teatro, sorriso de orelha a orelha e estilo a transpirar por
todos os poros. Tal como as diferentes áreas em que trabalha, a roupa
de palco e a do dia a dia confundem-se na vida de Fernando Nobre
(Silk quando canta e a dança). Do pai, herdou o aprumo masculino;
com a mãe, que costurava a sua própria roupa, aprendeu a gostar dos
padrões e dos tons “de uma geração que valorizava o dress code
e a elegância”. Acredita que, tal como o Teatro, a roupa é uma máscara,
“a cortina do nosso corpo e espírito, que tanto pode dialogar com ele,
estar em consonância ou completamente out”. Não há estilo sem
sentido de humor, temos de saber “rir-nos de nós próprios”, afirma.
“A curiosidade é o motor disto tudo, vou procurando formas de
comunicar, por vezes em palavras, outras vezes com os figurinos, com
os meus alunos de teatro, com as emoções e também no silêncio”, diz.
Características que saltam à vista no novo álbum dos Cais Sodré Funk
Connection, Soul, Sweat & Cut the Crap, que sairá em setembro. É funk
e soul a lembrar os clássicos da Motown misturados com a experiência
de elementos dos Orelha Negra ou dos Cool Hipnoise. Para Fernando,
a arte é um curto-circuito e tudo explode a partir daí. Tanto no encontro
de ideias que é este novo disco como nos seus próximos projetos –
uma linha de camisas, a encenação de uma peça de teatro só com
mulheres e trabalhos em televisão e cinema.
Artista visual
NOÉ SENDAS
FERNANDO NOBREAtor e Músico
OS ARTISTAS QUE ADMIRA Marceneiros, ferreiros, sapateiros e alfaiates. CONCERTOS QUE QUER VER
Al Green, Rolling Stones, Marcus Miller e Silk. DISCOS A QUE REGRESSA SEMPRE São mais os músicos,
como Prince, Cesária Évora, Al Green, Tubarões, Kool and the Gang, Stevie Wonder, Chet Baker,
Daniel Cervantes, Mr. Lizard, Otis Redding, Jimmy Smith, Ray Charles, Daft Punk, James Brown,
OutKast… UMA PEÇA DE TEATRO A NÃO PERDER Hamlet e o Bom Feeling, com a minha amiga Sara
Tavares. OS FILMES DA SUA VIDA Blue Velvet, Casablanca, Os Suspeitos do Costume, O Grito,
The Royal Tenenbaums, Ben-Hur. UMA PERSONAGEM DA FICÇÃO D. Quixote, James Bond, Tom
Sawyer. UM MUSEU Fundação Calouste Gulbenkian e o Art Institute of Chicago. CIDADES PREFERIDAS
Rio de Janeiro, Roma, Maputo, S. Vicente e Lisboa. UM SPOT PARA BEBER UM COPO Park. DESIGNERS
PREFERIDOS Joana Astolfi. UMA IMAGEM DE MODA MARCANTE Hermès. ROTEIRO DE LOJAS PREFERIDO
Feira da Ladra, Cos e fazer compras online e em lojas vintage. DICAS PARA COMPRAR VINTAGE
Mercados de Bricklane, Mendonza e Camden. REFERÊNCIAS DE ESTILO Santos Cabral, Jimi Hendrix,
Carolina Fonseca, Osvald Boten, Prince e Oscar Wilde.
Daft Punk
HERMÈS
James
Brown
Lenço em
caxemira, Chanel.
A capa de
março da revista
Wallpaper e
uma imagem
da série Crystal
Girls, 2013.
85VOGUE
SETEMBRO 2015
FOTOGRAFIA:GETTYIMAGES;ARLINDOCAMACHO;D.R.
RITA RED
em a ironia de algumas das suas letras e a graça
da sua pop melodiosa, mas Sonhos de uma Rapariga
Quase Normal (Guerra & Paz) consegue mostrar
um lado completamente diferente de Rita Red
Shoes. “Fui dormindo e escrevendo”, conta-nos
a cantora, que decidiu reunir em livro 40 sonhos,
acompanhados por 40 ilustrações e uma banda
sonora a condizer. Há encontros imediatos com
Obama e Maria Callas e um casamento inesperado
com Passos Coelho. Tudo contado sem filtros
num pequeno livro que lhe deu “um sentido
de liberdade incrível”, diferente daquele que
existe nas suas canções. “No sonho é o meu
inconsciente que dita o rumo das imagens e das
ideias, não tenho outra hipótese se não expor-me
e lidar com isso, nas letras esforço essa exposição
que muitas vezes me assusta”, explica. Quando está
acordada, Rita concentra-se no seu quarto disco
a solo, em fase de composição e gravação,
numa residência artística na Tunísia, e nos
concertos que vai dar nos Estados Unidos.
UM SONHO QUE GOSTARIA QUE FOSSE REAL Ter Maria
Callas a cantar-me ao ouvido. ARTISTAS QUE ADMIRA
Nina Simone, PJ Harvey, Patti Smith, Laurie
Anderson, Jon Brion e mais uma lista de sete
páginas. CONCERTOS QUE QUER VER Caetano Veloso
com Gilberto Gil. DISCOS A QUE REGRESSA SEMPRE
Sea Change, Beck; Chelsea Girl, Nico; To Bring
You My Love, PJ Harvey… é inglório, há muitos.
O ÚLTIMO LIVRO QUE LEU Palmeiras Bravas, de
William Faulkner. UMA PERSONAGEM DA FICÇÃO
Peter Pan. UM MUSEU A VISITAR Peggy Guggenheim,
em Veneza. A SUA PRÓXIMA VIAGEM Moçambique.
MELHORES SPOTS PARA BEBER UM COPO Bicaense na
Bica, em Lisboa. UMA IMAGEM DE MODA MARCANTE
Frida Kahlo. DESIGNERS E MARCAS PREFERIDAS Zac
Posen, Dior, Chanel. COLEÇÕES DE INVERNO QUE LHE
CHAMARAM A ATENÇÃO As de Giorgio Armani
e Alexandra Moura. SÍMBOLOS DE ESTILO Audrey
Hepburn. BÁSICOS DO SEU GUARDA-ROUPA Saia
comprida preta, camisa branca e botins. PRODUTOS
DE BELEZA INDISPENSÁVEIS Óleo de Rosa Mosqueta,
água micelar purificante da La Roche-Posay
e creme de rosto Eluage Anti-Age da Avène.
oi há quase 20 anos, quando estudava
no Ar.Co, em Lisboa, que Noé Sendas
apresentou a sua primeira vídeo-
-instalação – Cidades Pensamentos.
Estava entre residências artísticas,
as suas primeiras em Londres ou Paris,
e decidiu refletir sobre o impacto das
cidades sobre si próprio (nasceu em
Bruxelas, cresceu em Lisboa e passou
por muitos outros cenários). Agora
é em Berlim que trabalha a maior parte do tempo,
mas são os pequenos lugares que mais o influenciam.
Para a nova temporada, prepara-se para apresentar
trabalhos em Valência, Madrid e Paris e gostaria de
regressar a Portugal em 2016 para mostrar “uma
série de esculturas Nameless, desenvolvidas nos anos
2000 e que nunca foram apresentadas juntas”, conta.
Concebeu a capa e um editorial de Moda para
a edição de março da Wallpaper e desde 2009 que
desenvolve a série Crystal Girls. “O que me
proponho é encontrar o erro, a falta ou o excesso
de informação que bloqueia a fruição plena de uma
imagem, o que a leva a cair no esquecimento”,
diz sobre o seu trabalho. “Depois, volto a imprimir
(no mesmo formato e tipo de papel) o resultado
da minha ação. São imagens gémeas diferentes.”
AS GRANDES REFERÊNCIAS DO SEU TRABALHO
Lembro-me de, aos 15 anos, gostar de Picasso,
Dalí, Matisse, Gaugin, Hockney, Dürer, Fra
Angelico, de ficar pasmado a ver a bola de
basquete do Jeff Koons na antiga Saatchi Gallery,
em Boundary Road. Junte-se a isto 25 anos
a ver exposições, a partilhar estúdio com outros
artistas e a viver em diversas cidades e o
resultado é um pantone de referências. A BANDA
SONORA DO SEU TRABALHO Trabalho com
headphones. Oiço Thom Yorke, David Byrne entre
outros (poucos) em loop, horas sem fim, salto
da cadeira se alguém me interrompe. É
na velocidade e na repetição de temas como Skip
Divided que encontro o meu silêncio. Mas nunca
apresentaria o meu trabalho acompanhado por música. UMA
PERSONAGEM DA FICÇÃO Molloy. A ÚLTIMA EXPOSIÇÃO QUE VIU
Medardo Rosso na Galleria d’Arte Moderna di Milano. A SUA
PRÓXIMA VIAGEM Revisitar Atenas e gastar todo o dinheiro
que ganhei este ano em Berlim. ONDE VAI PARA DESCONTRAIR?
A uma pequena vila piscatória, em Portugal, mas não vou
nomear: a ideia é que continue meio esquecida. UM GUILTY
PLEASURE Cigarros, mas isso é mesmo um péssimo vício. UMA
IMAGEM DE MODA MARCANTE O trabalho de Guy Bourdin para
Charles Jourdan. AS MARCAS DE MODA Chanel, Sandro. 
AS REFERÊNCIAS DE ESTILO Tilda Swinton e David Bowie.  
SHOES Cantora e compositora
Benjamin
Clementine
Maria Callas
Uma das
ilustrações
do primeiro
livro de Rita
Red Shoes.
David
Bowie
Mr and Mrs Clark
and Percy, de
David Hockney
Carteira
em pele,
Christian
Dior.
86 VOGUE
SETEMBRO 2015
FOTOGRAFIA:D.R.
ZAPPING
música
pirataria, o streaming, os discos
que se deixaram de vender. A in-
dústriadamúsicapodeestarpelas
horas da morte, mas se calhar por
isso mesmo está a despontar uma
nova fornada de talentos furiosos,
como há muito não se via. É gente
nova completamente mergulhada na música e
com urgência de se expor, mais frequentemente
dedizercoisasradicais,oumesmoprontaapartir
a loiça toda. Gente na casa dos 20 e tais, contes-
tatária e rebelde, na mais pura tradição rock ‘n’
roll. Que já está e seguramente vai dar que falar.
EzraFurmanéumcasoexemplardestageração
do contra. Tem 28 anos de idade, é de origem
judaica e vem de Chicago. Gosta de se vestir com
peças de roupa de mulher, é assumidamente bis-
sexual e tem atrás de si um historial já longo de
traumas e depressões. Ezra é, portanto, um espe-
cialista em inadaptação e insurgência. Entrou na
músicaem2007àfrentedabandadegaragemThe
Harpoons e nunca mais parou de disparar farpas
em todos os sentidos. Três álbuns de indie rock
com essa banda e um primeiro
ensaioasolodepois,Ezraassinou
comaeditorainglesaBellaUnion
e surge agora com um Perpetual
Motion People, seguramente um
salto em frente e um dos discos
mais contagiosos do ano.
Não é que tenha mudado de conversa – cada
uma das suas 13 canções é um manifesto anti-
conformista,emquequestionatudodasuaiden-
tidadeaostabusdareligião,passandopeloscódi-
gos da normalidade. A diferença é que este novo
Ezraprojetaessassementesdetempestadenuma
súmulaimparáveldepop/rockalternativo,bara-
lhando e voltando a dar fórmulas que fizeram a
celebridade de estrelas de culto. Num momento
soa a Beach Boys, no seguinte a Roy Orbison.
Agora é Violent Femmes, logo depois Modern
Lovers. Aqui é Street Band, ali Velvet Under-
ground e nunca para de mudar e de soar a Ezra
Furman. Perpetual Motion People acaba assim
por funcionar como uma montanha russa e um
baile paradoxal, na mesma medida em que vai
construindouminquietanteautorretratodecrise
pessoal sobre uma banda sonora de momentos
felizes da tradição indie rock.
Traumas e desassossego são tão também o
barro em que se molda Welcome Back To Milk,
primeiro de Du Blonde, mas segundo de Beth
Jeans Houghton. Ela estreou-se há três anos com
osHoovesofDestinyeumrockmacio,meiofolk,
meio psicadélico, não isento de qualidades, nem
deadmiradores.AraparigadeNewcastleseguiu,
por consequência, em digressão mundial, mas
algures a meio sofreu um esgotamento nervoso
equandovoltouaoestúdioparagravartinhaper-
dido o fio à meada. Então desfez a banda e deci-
diu reinventar-se, volte-face radical que teve o
condãodeobscurecerasuaprimeiraencarnação
musical em três tempos.
gora, aos 25 anos de idade e sob
o alias de Du Blonde, Beth Jeans
Houghtonfaz-seretratarnuanacapa
de  Welcome Back To Milk. Ou me-
lhor, com pouco mais que uma banda peluche
sobreogenital,umcasacoeunsténisbrancoscom
soquetes a condizer. Há erotismo, mas também
muitaprovocaçãonoassumirdesteguarda-roupa
minimal. É uma imagem que simboliza todo um
golpederins,essarotaçãodadelicadezaparaavis-
ceralidade, da suavidade para a combustão.
Beth Jean assume, portanto, um figurino de
mulher com garras, enrijecida e masculanizada,
mas que também não se reduz a esse lugar-co-
mum. Sim, há elementos de punk e de metal,
sítios em que Welcome Back To Milk reconduz a
Black Sabbath ou aos Black Flag. Mas esses são
semprepontosdepartidaparacançõesintempes-
tuosas,quefazemquestãodecruzargénerose
TALENTOS
FURIOSOSJovens, irados e talentosos. São o denominador
comum a Ezra Furman, Du Blonde e Torres.
Nomes musicais que vale a pena ouvir agora
e seguir com muitos repeats. Por Luís Maio.
A
Ezra Furman
Torres
Du Blonde
Desporto . Saúde . TrabalhoT E S T E
De 00 a 04 pontos
Você e a tecnologia não se
dão bem. Tem de fazer alguma
coisa para salvar a relação.
De 04 a 09 pontos
O seu nível é médio. A tecnologia
pode fazer mais pela sua saúde
e eficiência no trabalho.
Mais de 9 pontos
A utilização que dá à tecnologia
em prol da sua saúde e da eficiência
no trabalho é excelente.
Some 2 pontos por cada resposta A,
1 ponto por cada resposta B
e 0 pontos por cada resposta C.
Avalie a sua relação com a tecnologia
com as pontuações à direita.
A. Sim, pergunto à minha
cara metade.
1
B. Sim, uso tecnologia para
análise da qualidade do sono.
C. Não me lembro.
Estou a dormir.
Analisa a qualidade
do seu sono?
A. Só no contador da
passadeira do ginásio.
B. Sim, uso tecnologia portátil para
medição permanente de passos e calorias.
C. Não contabilizo as que gasto
e perdi a conta às que ganho.
2
Faz uma medição das calorias
que gasta diariamente?
A. Chamadas, mail
e Facebook.
3
B. Além do normal, monitorização
física e gestão de agenda.
C. Ainda tenho um bip.
Qual o uso que dá ao
seu telemóvel?
A. Não, mas tenho
phones com fios.
B. Sim, tenho.
C. Isso é um dente azul
que range ao ouvido?
4
Tem auricular
Bluetooth?
A. Levo o telemóvel
no bolso.
B. Sim, tenho uma pulseira
desportiva, conectável ao telemóvel.
C. Não, só tenho uma pulseira
do senhor do Bomfim.
5
Tem algum equipamento
conectável para desporto?
A. Uso o relógio e/ou agenda
do PC.
B. Defino atividades e metas com
a minha pulseira conectável.
C. O meu objetivo é chegar
a casa e dormir.
6
Como define os seus
objetivos e alertas diários?
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Vogue – Nº 155 Setembro (2015)
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Vogue – Nº 155 Setembro (2015)

  • 1. ¤ 3,50 CONT. MARÇO 2015 ¤ 3,50 CONT. SETEMBRO 2015 OUTONO EXCLUSIVO JANE FONDA EM FORMA E FELIZ AOS 77 ANOS PADRÕES E FORMAS DO PASSADO INSPIRAM UM ESTILO PERSONALIZADO E MUITO CRIATIVO AS PEÇAS-CHAVE PARA A NOVA ESTAÇÃO E AS PROPOSTAS DOS DESIGNERS PORTUGUESES FASHION’S NIGHTOUT GUIA DE COMPRAS PARA A MAIOR FESTA DO ANO! VINTAGE VOGUE.PTN.º155SETEMBRO2015
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  • 19. 26 EDITORIAL. 31 COLABORADORES. 32 VOGUE.PT. 34 TESTEMUNHO. A APAV comemora 25 anos de ajuda às vítimas de violência. 43 BEST OF. As escolhas do diretor criativo para setembro. 44 TENDÊNCIA. Voltamos à infância com os nossos cartoons preferidos impressos na roupa. 48 MOOD. As capas são o agasalho perfeito deste inverno. 50 TENDÊNCIA. A segunda mão e o vintage estão prontos a sair do armário. 56 INSPIRAÇÃO. Do punk aos new romantics, a influência das tribos urbanas na Moda. 58 CELEBRIDADES. As peças em pele a tomar conta dos looks da A-list. 60 PRIVADO. Três mulheres revelam-nos as suas escolhas de vestuário invernal. 62 COLEÇÃO. Viajamos até Veneza para conhecer as novas propostas da Pandora. 64 NOTÍCIA. O fitness e o fado marcam as últimas do mundo do estilo. 67 SHOPPING. Os acessórios da temporada fria são tudo menos cinzentos. 72 INDISPENSÁVEIS. As peças-chave para o Inverno: o que deve ter no seu armário. 76 DA PASSERELLE PARA A RUA. As malhas comandam os looks da estação. 78 TENDÊNCIA. Os tons de argila lideram as propostas do outono/inverno. IN VOGUE S E T E M B R O 154Editorial de Moda Efeitos Especiais. Fotografia de Gonçalo Claro. SHOPPING 2 0 1 5
  • 22. 80 ROTEIRO. A cultura incontornável para setembro. 82 PALCO. Na dança e no teatro, o poder feminino marca as histórias da temporada. 84 PRIVADO. Três artistas partilham a sua visão criativa com a Vogue. 86 MÚSICA. Uma nova geração de talentos faz da sua angústia notas musicais. Por Luís Maio. 93 LOOK. 94 TOP & MIX. As novidades irresistíveis de Beleza. 98 LUXO. A notícia do ano para as beauty addicts: depois dos vernizes, Christian Louboutin lança uma linha de batons. 100 EXCLUSIVO. Falámos com Jane Fonda, reconhecida atriz e guru de fitness americana. 102 PRIVADO. Descubra o que pôr no prato. 104 PERFUME. Marie Salamagne revela-nos os ingredientes da última fragrância da Jo Malone. 106 CABELOS. Anton Beill guia-nos pelas tendências de cabelos. 108 FITNESS. Novidades para ficar em forma. 110 IMAGEM. Selfies, filtros e maquilhagem na era do Instagram: uma reflexão da autora do blogue Man Repeller, Leandra Medine. 114 NOTÍCIAS. As novidades e os acontecimentos especiais da Vogue Fashion’s Night Out. 116 ROTEIRO. Um guia pelos pontos de paragem obrigatórios na maior noite de compras do ano. 138 BE YOURSELF. Regressamos ao que temos de melhor – qualidade, simplicidade e luxo. Fotografia de Ralph Mecke. Realização de Nicola Knels. 148 EM CHAMAS. Hamish Bowles dá a conhecer Alessandro Michele, o novo diretor criativo da Gucci. Fotografias de Jamie Hawkesworth. 154 EFEITOS ESPECIAIS. Enriquecida com bordados, estampados, riscas e bolas, a nova estação é tudo menos monótona. Fotografia de Gonçalo Claro. 164 ROCK ‘N’ ROLL, DIZ ELE. Depois de Tabu, Miguel Gomes traz As Mil e Uma Noites. Rui Pedro Tendinha não tem medo de afirmar: “Um dos grandes filmes de 2015 é português.” Fotografia de Gonçalo F. Santos. 166 VOTO COR-DE-ROSA. Amado ou odiado, este inverno não terá como escapar à cor mais girly do espetro. Por Lisa Amstrong. 170 TRIBOS URBANAS. Criadores portugueses vestem um editorial dedicado à multiplicidade de subculturas citadinas. Fotografia de Frederico Martins. 181 AMBIENTES. Tudo o que há de mais apetecível para a sua cozinha. Por Ana Trancoso. Fotografia de Pedro Ferreira. 184 ESCAPADAS. De norte a sul, hotéis, restaurantes e lugares que ainda vai a tempo de visitar este verão. 188 TENDÊNCIA. Verdadeiras histórias de encantar, os palácios abrem portas ao público. 189 LIFESTYLE. Notícias da vida urbana. 190 FESTAS. A espia de estilo da Vogue faz o report das festas mais exclusivas. 192 HORÓSCOPO. 193 MORADAS. 194 ÚLTIMO OLHAR. BELEZA ZAPPING LIVING Kasia Struss veste camisa em seda, saia em tweed de lã, sapatos em pele, tudo Miu Miu. Brincos em resina, Fabrice. Cinto em pele, Alaïa. Fotografia: Marcin Tyszka. Realização: Belen Casadevall. Modelo: Kasia Struss. Assistente de moda: Manon del Colle. Cabelos: Emil Zed. Maquilhagem: Marianna Yurkiewicz. Manicure: Nail Spa. CAPA 67Shopping ESPECIAL FNO 128 SALTIMBANCO. Kasia Struss dá vida ao lado mais boémio da Moda. Fotografia de Marcin Tyszka. Realização de Belen Casadevall. PONTO DE VISTA
  • 24. *AESCOLHADENICOLEKIDMAN PORTO · TEL.: 222 001 606 DISPONÍVEL NO:
  • 26. 26 VOGUE SETEMBRO 2015 FOTOGRAFIA:D.R. Nesta edição, já toda ela dedicada ao inverno, recordo ainda os dias extraordinários onde tive o privilégio de viajar e conhecer de perto o mundo de sonho de Dolce & Gabbana. Convite que me foi feito pelos designers para vivenciar, na famosa estância de verão de Portofino, a apresentação da sua primeira coleção de Alta Joalharia, bem como da Alta Moda para mulher e para homem. Foram cinco dias de convívio inesquecíveis. Seguiu-se, em Cannes, a apresentação da coleção de Alta Joalharia Étourdissant da Cartier. Também aqui me foram proporcionados uns dias únicos e é muito gratificante poder partilhar com as nossas leitoras os meandros da Moda, o contacto personalizado com outras pessoas da imprensa, de quem, por vezes, apenas conhecíamos os nomes ou uma cara. Por isso, e em primeira mão lhe deixamos, junto com esta edição, um Suplemento de Moda com tudo o que vimos nas passerelles para o outono que aí vem. Já foi várias vezes mencionado o facto de a Moda ter muitos revivalismos e revisitar várias épocas. Muitas vezes, o mesmo vem acompanhado da expressão “eu já usei isto” ou “lembro-me muito bem de usar isto com…” Mas também já sabemos que todas as tendências com inspiração em épocas passadas trazem sempre uma mudança, um twist, um pormenor que as torna diferentes e atuais. Este mês falamos de roupa em segunda mão e do vintage, que é a grande inspiração dos designers para a próxima estação. No dicionário encontramos o significado: «diz-se de produto antigo, mas de excelente qualidade». A idade e o tempo deixam marcas e a roupa carrega essas recordações, por isso as peças mais antigas têm uma história e uma vivência ímpares. No artigo Velhos são os trapos, Patrícia Domingues descreve a fascinante cultura do vintage e como ela própria começa a descobri-lo: o que a fez apaixonar-se por uma carteira, ou pensar usá-la em tempos em que a imaginação é mais desafiadora e numa época em que se cultiva a reciclagem. Esta é uma forma de personalizar a Moda, é o que nos diferencia dos outros e o que nos torna únicos. É MUITO GRATIFICANTE PODER PARTILHAR COM AS NOSSAS LEITORAS OS MEANDROS DA MODA, O CONTACTO PERSONALIZADO COM PESSOAS DA IMPRENSA, DE QUEM, POR VEZES, APENAS CONHECÍAMOS OS NOMES. Fim de tarde no Hotel Splendido, em Portofino. A Villa de Stefano Gabbana. Jantar da Cartier em La Guerite, Cannes. A vista do hotel Excelsior Palace, em Portofino. Pulseira Lagon, da coleção Étourdissant, Cartier. ALTAMODADOLCE&GABBANA A Piazzetta de Portofino. Pôr do sol em Cannes. EDITORIAL
  • 28. cartier.com Tel. 217 122 595 - 229 559 720
  • 29. Ballon Bleu de Cartier Ouro rosa e aço, diamantes
  • 30. Nos Estados Unidos da América: Condé Nast Chairman: S. I. NEWHOUSE, JR. CEO: CHARLES H. TOWNSEND President: ROBERT A. SAUERBERG, JR. Artistic Director: ANNA WINTOUR Outros países: Condé Nast International Chairman and Chief Executive: JONATHAN NEWHOUSE President: NICHOLAS COLERIDGE Vice Presidents: GIAMPAOLO GRANDI, JAMES WOOLHOUSE e MORITZ VON LAFFERT. President, Asia-Pacific: JAMES WOOLHOUSE President, New Markets and Editorial Director, Brand Development: KARINA DOBROTVORSKAYA Vice President & Senior Editor, Brand Development: ANNA HARVEY Director of Planning: JASON MILES Director of Acquisitions and Investments: MORITZ VON LAFFERT Global: CONDÉ NAST E-COMMERCE DIVISION President: FRANCK ZAYAN Global: CONDÉ NAST GLOBAL DEVELOPMENT Executive Director: JAMIE BILL O GRUPO EDIÇÕES CONDÉ NAST COMPREENDE: E.U.A. Vogue, Vanity Fair, Glamour, Brides, Self, GQ, The New Yorker, Condé Nast Traveler, Details, Allure, Architectural Digest, Bon Appétit, Epicurious, Wired, W, Style.com, Golf Digest, Teen Vogue, Ars Technica, Condé Nast Entertainment, The Scene Reino Unido Vogue, House & Garden, Brides & Setting up Home, Tatler, The World of Interiors, GQ, Vanity Fair, Condé Nast Traveller, Glamour, Condé Nast Johansens, GQ Style, Love, Wired, Condé Nast College of Fashion & Design, Ars Technica França Vogue, Vogue Hommes International, AD, Glamour, Vogue Collections, GQ, AD Collector, Vanity Fair, Vogue Travel in France, GQ Le Manuel du Style Itália Vogue, L’Uomo Vogue, Vogue Bambini, Glamour, Vogue Gioiello, Vogue Sposa, AD, Condé Nast Traveller, GQ, Vanity Fair, Wired, Vogue Accessory, La Cucina Italiana, CNLive Alemanha Vogue, GQ, AD, Glamour, GQ Style, Myself, Wired Espanha Vogue, GQ, Vogue Novias, Vogue Niños, Condé Nast Traveler, Vogue Colecciones, Vogue Belleza, Glamour, AD, Vanity Fair Japão Vogue, GQ, Vogue Girl, Wired, Vogue Wedding Taiwan Vogue, GQ Rússia Vogue, GQ, AD, Glamour, GQ Style, Tatler, Condé Nast Traveller, Allure México e América Latina Vogue Mexico and Latin America, Glamour Mexico and Latin America, AD Mexico, GQ Mexico and Latin America, Vanity Fair Mexico Índia Vogue, GQ, Condé Nast Traveller, AD PUBLICADO POR SOCIEDADE CONJUNTA: Brasil – Publicado por Edições Globo Condé Nast S.A. Vogue, Casa Vogue, GQ, Glamour, GQ Style Espanha – Publicado por Ediciones Conelpa, S.L. S Moda PUBLICADO SOB LICENÇA África do Sul – Publicado por Condé Nast Independent Magazines (Pty) Ltd. House & Garden, GQ, Glamour, House & Garden Gourmet, GQ Style Alemanha – Publicado por Piranha Media GmbH La Cucina Italiana Austrália – Publicado por NewsLifeMedia Vogue, Vogue Living, GQ Bulgária – Publicado por S Media Team Ltd. Glamour China – Publicado em parceria de direitos por China Pictorial Vogue, Vogue Collections Publicado por IDG Modern Bride Publicado em parceria de direitos por Women of China Self, AD, CN Traveler Publicado em parceria de direitos por China News Service GQ, GQ Style Condé Nast Center of Fashion & Design Coreia – Publicado por Doosan Magazine Vogue, GQ, Vogue Girl, Allure, W, GQ Style, Style.co.kr Hungria – Publicado por Ringier Axel Springer Magyarország Kft. Glamour Holanda – Publicado por G+J Nederland CV Glamour, Vogue Islândia – Published by 365 Miðlar ehf Glamour Médio Oriente – Publicado por Arab Publishing Partners Inc. Condé Nast Traveller, AD Polónia – Publicado por Burda GL Polska SP.Z.O.O. Glamour Portugal – Publicado por Cofina Media, S.A. Vogue Publicado por Light House Editora LDA. GQ República Checa e Eslováquia – Publicado por LCI CZ s.r.o. La Cucina Italiana Roménia – Publicado por SC Ringier Romania SRL Glamour Tailândia – Publicado por Serendipity Media Co. Ltd. Vogue, GQ Turquia – Publicado por Doğuş Media Group Vogue, GQ, Condé Nast Traveller Publicado por MC Basim Yayin Reklam Hizmetleri Tic. LTD La Cucina Italiana Ucrânia – Publicado por Publishing House UMH LLC. Vogue PAULA MATEUS Diretora Diretor Criativo – PAULO MACEDO Diretora de Moda – ANA CAMPOS Diretor de Arte – JOÃO OLIVEIRA Chefe de Redação – PATRÍCIA BARNABÉ Editora de Beleza – SUSANA CHAVES Moda ANA CARACOL (Editora Shopping) CLÁUDIA BARROS; FRANCISCO REIS; e MARIANA NAVE (Estagiários Moda e Beleza) Redação PATRÍCIA DOMINGUES; ROSÁRIO MELLO E CASTRO (Editora Living); MANUELA GONZAGA (Revisão de texto) e CONSTANÇA QUINTEIRO (Estagiária) Arte ANA CABRAL; MARIA PAPOULA e SOFIA PIRES (Pesquisa de imagem) Secretária de Redação FÁTIMA FERREIRA – Tel. 210 494 878 (fatimaferreira@vogue.cofina.pt) Online SARA ANDRADE (Coordenadora), saraandrade@vogue.cofina.pt IRINA CHITAS, ichitas@vogue.cofina.pt e ANA CARVAS, acarvas@vogue.cofina.pt CÁTIA FRANCO e PAULA MACEDO (Estagiárias) Colaboradores ANA TRANCOSO; BELÈN CASADEVALL; FREDERICO MARTINS; GONÇALO CLARO; HAMISH BOWLES; LISA ARMSTRONG; LUÍS MAIO; MARCIN TYSZKA; PEDRO FERREIRA; SOFIA RAMOS e VERONICA MORALES ANGULO. Produção AVELINO SOARES (Diretor adjunto), CARLOS DIAS (Coordenador), JOSÉ CARLOS FREITAS, PAULO BERNARDINO e FÁTIMA MESQUITA (Assistente) Circulação MADALENA CARREIRA (Coordenadora) e JORGE GONÇALVES Marketing HELENA MORGADO (hmorgado@revistas.cofina.pt) • Tel. 210 494 407 Publicidade LEONOR DINIZ (Diretora comercial), leonordiniz@cofina.pt ELSA MADEIRA (Diretora de publicidade), elsamadeira@cofina.pt, VANDA TAVEIRA (Contacto), vandataveira@cofina.pt FÁTIMA MALACA (Assistente coordenadora), fatimamalaca@cofina.pt SUSANA FERNANDES (Assistente), susanafernandes@cofina.pt Assinaturas MARGARIDA MATOS (Coordenadora) SANDRA SOUSA, ANA PEREIRA e SÓNIA GRAÇA (Serviço de Atendimento) Tel. 210 494 999 • Fax. 210 493 140 • Email assine@cofina.pt Rua Luciana Stegagno Picchio, nº 3, 2º, 1549-023 Lisboa Venda de edições anteriores Contacte tel. 219 253 248 ou revistasanteriores@revistas.cofina.pt Distribuição de assinaturas J. M.TOSCANO, LDA., Tel. 214 142 909 • Fax. 214 142 951 • Email: jmtoscano.com@netcabo.pt Pré-press GRAPHEXPERTS, LDA. Av. Infante Santo, nº 42 A/B, 1350-179 Lisboa • Email: revistas@graphexperts.pt Impressão LISGRÁFICA – IMPRESSÃO E ARTES GRÁFICAS, S.A. Estrada Consigliéri Pedroso, 90 – Casal de Santa Leopoldina 2745-553 Queluz de Baixo • Tel. 214 345 400 Distribuição VASP – SOC. DE TRANSPORTES E DISTRIBUIÇÃO, LDA., MLP: MEDIA LOGISTICS PARK – Quinta do Grajal Venda Seca - 2739-511 Agualva-Cacém • Email: geral@vasp.pt Conselho de Administração PAULO FERNANDES (Presidente), JOÃO BORGES DE OLIVEIRA; LUÍS SANTANA; ALDA DELGADO; PEDRO ARAÚJO E SÁ e ANTÓNIO SIMÕES SILVA Diretor-geral Comercial – HERNÂNI GOMES Diretora-geral Marketing – ISABEL RODRIGUES Diretor de Produção – ANTÓNIO SIMÕES SILVA Diretor Comercial On-line – JOSÉ MANUEL GOMES Diretor de Informática – RUI TAVEIRA Diretor de Recursos Humanos – NUNO JERÓNIMO Diretora Administrativa e Financeira – ALDA DELGADO Diretor de Circulação e Assinaturas – JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA Diretora de Research – ONDINA LOURENÇO Sede: Administração, Redação, Publicidade R. Luciana Stegagno Picchio, nº 3, 1549-023 Lisboa Tel. 210 494 878 • Fax. 213 309 411 A Vogue Portugal é publicada com o license agreement da Condé Nast International, Ltd. por: Propriedade/Editora: Cofina Media, S.A. Capital Social: ¤ 22.523.420,40 • C.R.C. Lx nº: 502 801 034 Contribuinte: 502 801 034 • Principal Accionista: Cofina SGPS, S.A. (100%) Depósito Legal: 185560/02 • E.R.C. nº 124106 • Tiragem Média: 50.000 exemplares
  • 31. 31VOGUE MARÇO 2015 FOTOGRAFIA:D.R. COLABORADORES elén Casadevall“Não costumo comprar roupa vintage, mas quando o faço prefiro Gucci ou Chanel” Belén Casadevall é diretora de Moda da Stylist France e colabora habitualmente com outras publicações, como a Número e a Vanity Fair. A stylist francesa foi responsável pelos looks anos 70 do editorial Saltimbanco (p. 128), no qual procurou “usar cores vintage e materiais que marcaram a década”. GONÇALO CLARO “Sim, compro básicos e blusões de pele que são, sem dúvida, a minha peça preferida.” O fotógrafo português já fotografou vários editoriais para a Vogue Portugal. Este mês volta a colaborar com a revista em Efeitos especiais (p. 154), uma produção em que afirma ter-se inspirado no “ambiente de sanatório” do próprio cenário. COSTUMACOMPRAR PEÇASVINTAGE? MARCIN TYSZKA “Adoro mobiliário vintage e no que toca à roupa, guardo tudo o que compro, mesmo peças de há 20 anos. Tenho uma camisa da Gucci de 1994 pintada à mão que visto imensas vezes” O fotógrafo polaco é colaborador habitual da Vogue Portugal e de outras edições internacionais da revista. Sobre o editorial Saltimbanco (p. 128) com a modelo Kasia Struss, diz “Ela é famosa pelo seu estilo super high fashion quase andrógino, mas para este editorial quis que ela fosse sexy ao estilo dos anos 70.” LISA ARMSTRONG “Sim, joalharia vintage. Estive em Palm Springs para o desfile da Louis Vuitton e comprei um broche Miriam Haskell lindo. É provavelmente a minha peça favorita” A editora de Moda do The Daily Telegraph começou a carreira na Elle UK e na British Vogue. Em The pink vote (p. 166), fala-nos do cor-de-rosa, uma “cor polémica”, mas que a jornalista adora. Ana Trancoso“Não sou uma compradora compulsiva de vintage. Quando compro uma peça, mais do que o valor ou a raridade, é a originalidade que me atrai” Ana Trancoso é produtora de interiores e colaboradora habitual da Vogue Portugal. Este mês foi responsável por Nouvelle cuisine (p. 181), em que “procurou mostrar peças simples que fazem toda a diferença”
  • 32. FOTOGRAFIA:GETTYIMAGES;D.R. FESTIVAIS: PREFERES…? Percorremos o Nos Primavera Sound, o Nos Alive e o Super Bock Super Rock e desafiámos artistas como Mac DeMarco e bandas como The Vaccines para um jogo de “Would you rather…” Em Multimédia – Vídeos. Entrevistámos a fadista, em exclusivo, sobre esta nova parceria, inédita para a marca em Portugal. Em Multimédia – Vídeos. Faça download da revista por apenas € 1,50 na App Store FACEBOOK Vogue Portugal TWITTER @vogueportugal PINTEREST @vogueportugalINSTAGRAM @vogueportugal OUTONO 2015 As Casas de Moda divulgam os seus anúncios para a próxima estação. Escolha a sua campanha favorita. Em Moda – Especiais. HOW TO… Recrie o look dos editoriais da Vogue Portugal com as nossas dicas de shopping. Em Moda – Compras. SEASONS IN THE SUN Há Alta-Costura, pré-coleções e pronto-a-vestir para ficar sempre a par das novidades das marcas de Moda. Em Coleções. ENTREVISTA: ISAURA Está a criar nome forte no panorama musical nacional. Falámos com a cantora, mesmo antes da sua atuação no SBSR. Em Multimédia – Vídeos. VEJA NAS REDES SOCIAIS CUCA ROSETA PARA A GUESS TONS NUDE PARA AS UNHAS NUMA TEMPORADA BALNEAR AU NATUREL. Em Beleza – Shopping. VOGUEonlineW W W . V O G U E . P T FACEBOOK Vogue Portugal IPAD DE EVOLUÇÃO DE ESTILO: JENNIFER LAWRENCE A atriz completa 24 anos em agosto. Uma desculpa para percorrer o seu estilo ao longo dos anos. Em Estilo – Personalidades. CV: CARA DELEVINGNE Os 22 anos comemorados a 12 de agosto dão o mote para uma galeria sobre os marcos da sua carreira de modelo. Em Estilo-Personalidades. Mac DeMarco D’Alva
  • 34. a sede da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, em Lisboa, a tarde começa como em qualquer outro escritório, o toque dos telefones em surdina, os teclados de computador a estalar em loop. À entrada, passa- mos os olhos por um leque de pan- fletos dedicados aos vários crimes de violência sobre as pessoas (da doméstica à económica aos maisrecentescyberbullyingestalking)atéchegar- mos às salas de atendimento. Estão identificadas por cores em vez de números, os sofás e as cadei- ras dispostos lado a lado para não afastar as víti- masdequemasrecebe.Umasucessãodedivisões cheias de luz guia-nos com a clareza de um mapa atéaogabinetedaLinhadeApoioàVítima,dispo- nível gratuitamente todos os dias úteis, das 9h às 19h. “Gostávamos de estender o horário, mas por enquanto é impossível”, comenta João Lázaro, presidente da instituição há três anos, voluntário há mais de 20. Aqui chegam cerca de 20 pedidos de ajuda por dia, a somar aos encaminhamentos feitos pela polícia, por empresas ou outras insti- tuições. Na maioria dos casos, são as próprias vítimas que contactam a APAV, através da sede, dos gabinetes de apoio ou das casas de abrigo espalhadas pelo País. Sem surpresas, reportam mais casos de violência sobre as mulheres, mais doquequalqueroutro.Em25anosdeAPAV,esta realidadecontinuaasertãoinquietantecomono primeiro dia. presidente João Lázaro e a vice-pre- sidente Catarina de Albuquerque sentam-se à mesa para nos falar do que evoluímos até aqui. Os seus sor- risossimpáticossãocontráriosàrealidadedosfac- tos nacionais. “Temos um longo caminho a per- correr, ainda não atingimos sequer os mínimos”, avança João. Ao longo dos últimos 25 anos, a APAV ajudou cerca de 210 mil pessoas e sensibili- zou para o papel da vítima em todos os seus sen- tidos. “Agimos em substituição do Estado ou em parcerialealcomele,tantonaprevençãocomona fase posterior aos crimes, ajudando a proteger, a cuidar, a encaminhar”, acrescenta Catarina. “Tu- do com o envolvimento da sociedade civil, que conseguimos através do voluntariado e articulan- do-nos com as forças policiais. A ajuda às vítimas não pode ser vista como um favor. E nisso nós somosdiferentes–nãotemosmedodequestionar, de dizer que não.” As últimas estatísticas divulgadas pela APAV nãosãoabsolutas,masajudamatraçaroperfildas vítimasedosagressores,umreflexodesfocadodo País. As primeiras são quase sempre femininas (82,3%), com idades entre os 25 e os 54 anos, casadas e com filhos. Dessas, 7,6% chegaram ao ensino superior e só 30% estavam empregadas. Quanto à relação da vítima com o agressor, os númerosdançamàvoltadaconjugalidade(namo- rados,maridosouex-maridossãoosresponsáveis mais comuns). Apenas um outro dado salta à vista: os 11% de pais que agridem os filhos. Jun- tamos os pontos do puzzle oposto e desenhamos os agressores. Mais de 80% são homens (contra os 14,2% que são mulheres) e também têm ida- des entre os 24 e os 54 anos, a maioria estavam desempregados. “A violência doméstica é trans- versal, a idades e classes sociais, o que muda são as reações a essa mesma violência”, avança Dá- lia Costa, Professora do ISCSP (Instituto Supe- rior de Ciências Sociais e Políticas) e investigado- ra do CIEG (Centro Interdisciplinar de Estudos de Género). Para a socióloga, que analisou o apoioàvítimadeviolênciadomésticanoseudou- toramento, o aumento do número de casos 34 VOGUE SETEMBRO 2015 FOTOGRAFIA:JOHNAKEHURST. IN VOGUE testemunho N QUEBRAR O GELOEm 25 anos de APAV em Portugal, mudou-se muito na gestão da violência e pouco nas mentalidades de quem a rodeia. Há cada vez menos silêncio entre os inocentes, mas estará a sociedade preparada para ouvir o que não quer? Por Rosário Mello e Castro.
  • 35. ESCADA.COM LISBOA RUA MANUEL JESUS COELHO 4B EL CORTE INGLÉS AVENIDA ANTÓNIO AUGUSTO DE AGUIAR 31 PORTO EL CORTE INGLÉS AVENIDA DA REPUBLICA 7 ME ALLEGRO RUA DA CEDOFEITA 135 QUINTA DO LAGO QUINTA SHOPPING LOJA 42 0937_POR_ESC_Img5_FW2015_Vogue_0915.indd 1 23.07.15 10:48
  • 36. 36 VOGUE SETEMBRO 2015 IN VOGUE testemunho explica-se no cruzamento entre vários avanços. “Por um lado, há menos tolerância e um esclare- cimento maior do que representa este crime; por outro, as instituições como a APAV passaram a estar mais próximas das pessoas”, diz, salientan- do que há muito poucos estudos, temos mais hipóteses do que certezas científicas. classificação da violência doméstica como crime público em 2000 in- fluenciou mais as instituições públi- cas e a dinâmica judicial do que as pessoas. “O senso comum continua sem saber distinguir entre uma queixa e uma denúncia. O que não quer dizer que não esteja alerta para a questão, levantada tantas vezes pela comunica- ção social, por exemplo”, sublinha Dália. Por outro lado, diz João Lázaro, “esta mudança dei- xou mais alerta os círculos de amigos, a família, até as entidades empregadoras”. Menos cons- ciência social e mais rigidez em relação à violên- cia em si, o que também explica os casos das mulheresqueestiveramcasadas15ou20anose, chegandoaos50oumais,decidemdizer“basta”. As próprias denúncias registadas pelas forças policiaisoevidenciam.Depoisdeumcrescimen- to gradual, seguiu-se um período de quebra e agora os números estabilizaram. “Isso diz-nos que o crime da violência doméstica regularizou nasociedadeportuguesa,fixou-senos20etalmil casos por ano,” afirma Dália. A experiência de JoãoLázaroincluiosrestantestiposdeviolência: “50 a 60% dos apoios transformam-se em quei- xas aquando do primeiro contacto connosco.” arianaSilvaseriamaisumdes- ses casos anónimos, empilha- do na torre das estatísticas da violência doméstica, não esti- vesse determinada a controlar o final da sua his- tória. “Quero poder passear, comer um gelado comomeufilho,comprarcoisasparaacasa.”Aos 38 anos e, graças à ajuda da APAV, está a começar uma vida nova. Passou mais de uma década num lugar tão escuro que lhe é difícil descrevê-lo. Estavafechada–sobresiprópria,semsaberoque fazer ou a quem recorrer, e para os outros, com medodefalarcomfamília,amigos,colegasdetra- balho. Estava impedida de trocar olhares, quanto mais palavras, com conhecidos, ela que sempre gostou de conversar. “Agora, no trabalho, toda a gente me diz que falo muito”, ri-se. “Fumo um cigarro à janela sem ter de me preocupar com quem passa. Faço-o tranquilamente, passei a ser livre.” Cresceu no Norte, onde a mãe ainda vive e foi aí que se fixou muito nova, com o marido e depois com o filho. “Sempre trabalhei e nunca quis depender do meu marido nem de homem nenhum – foi ele que passou a depender de mim porque estava muitas vezes sem trabalho.” Chegou à APAV através da polícia, já depois de se ter refugiado uma vez. “Só que estava numa casa deapoiomuitopróximadomeumaridoeissodei- xava-menervosa,tinhamedoqueelereagissecon- tra as pessoas com quem me via”, conta. Re- gressou ao lugar onde foi infeliz, paralisada pelas ameaçasemrelaçãoaofilho–“seteforesembora, ele fica”, ouvia vezes sem conta. Chegou a ficar mais de um mês fechada em casa, única forma de esconder o olho pisado e negro. Os abusos conti- nuaram até chocarem de frente com as perguntas difíceis da criança. “Chegou da escola, sentiu-me ansiosaequissabersetinhasidoopaiadeixar-me triste,tenteinegar,masatéparaomiúdoeraóbvio. Disse-me que talvez fosse melhor voltarmos para ‘aquelacasa’e,nessemomento,percebi:tenhode fazer alguma coisa.” Com a ajuda da APAV e dos seus especialistas, pediu o divórcio, difícil de acei- tar pelo entretanto ex-marido, e começou a pa- gar lentamente as dívidas que ele lhe deixara. Mudou-se para uma casa abrigo de Lisboa, onde viveu durante quatro desafiantes anos. “Existem regras que têm de ser cumpridas e para quem chega não é fácil. Fiz amigas, mas acho que as mulheres se devem apoiar mais nestas situações, houve momentos em que sei que eu própria não era fácil.” Hoje, tem um trabalho em part-time e concretizou um dos seus grandes objectivos – ter uma casa só sua e do seu filho. A crise económica dos últimos anos teve efei- tos devastadores aos quais João Lázaro faz agora contas. Aumentou o grau de insegurança nas comunidades e influenciou a violência em todos os seus sentidos. Doméstica, “com mais pessoas a prolongarem a permanência nas relações de abuso e mais obstáculos à saída das mesmas”; contra os idosos, “algo ainda envolto em silêncio e que varia entre os maus-tratos físicos, psicoló- gicosoufinanceiros,muitoporculpadoregresso dos filhos”. Ou em situações ainda mais limite, como o homicídio conjugal, tão inquietante quanto difícil de explicar. uma altura em que se fala de femi- nismo e igualdade, são os números alarmantes da violência do namoro que também nos chocam. “Evoluí- mosparaumaespéciedeigualdadedegénerodis- torcida”,interpretaDáliaCosta.Inspeçõesregula- res ao telemóvel e ao email, proibições de saídas comesteouaqueleamigo,estaouaquelapeçade roupavestida,estaladasdeparteaparte.Arespon- sabilidadedaviolênciapassouaserpartilhada,ele fez, eu faço igual ou pior. “Lançaram-se campa- nhas e ações e depois ficámos à espera que a mudançaacontecesse–averdadeéqueascrenças em relação à violência não mudaram assim tanto nas últimas décadas.” Habituado às ações de pre- venção nas escolas, João Lázaro confirma que a violência no namoro é um pré-estádio para a vio- lência doméstica. “A violência em geral continua a ser uma forma de resolução de conflitos entre crianças e jovens e a mensagem tem de ser cons- tantemente repetida para a educação da não-vio- lência – é preciso prevenção e intervenção para evitar que estes padrões culturais persistam.” Paracelebrarestequartodeséculo,ainstituição associou-seaoVogueFashion’sNightOut,quea10 de setembro voltará a abrir as lojas de Lisboa até às 23h, e organizou um sem-número de campa- nhas, ações de rua e concertos. É uma instituição independente desde o início e orgulha-se disso. Premiadaeelogiadarepetidasvezes,porgovernos de todas as cores políticas, quer aproximar-se do Estado e das pessoas, mesmo que as verbas nem semprecheguemparatanto.Arespostaédadapor funcionários especializados (uma estrutura com mais de 60 elementos) e quase 250 voluntários devidamente orientados e abrange ações tão diversasquantooapoiopsicológicoafamíliasafe- tadaspelohomicídioouoacompanhamentofeito a crianças e jovens vítimas de crimes sexuais. “Continua a ser preciso aumentar a intolerância social ao fenómeno, bem como a consciência da suaposiçãoedosseusdireitos,nosdiferentesser- viços e na educação”, avalia João Lázaro. Ainda assim, a capacidade de dizer “chega!” aos abusos temvindoaacelerardesdequeaspessoaschegam à APAV. “Idealmente, queremos que todas as pes- soasquesãovítimassereconheçamcomotal,que não seja apenas o sistema a reconhecê-lo. Sabe- mos que, durante décadas, as mulheres estavam convencidas de que era sua obrigação aceitar determinados comportamentos dos maridos. Era a condição feminina e continuamos a senti-lhe os efeitos”, alerta Catarina Albuquerque. “Em nome das mulheres e dos restantes grupos frágeis, dos idosos aos homossexuais e às minorias étnicas, o nossotrabalhosóestáfeitoquandovirarmosessa ideia ao contrário.” n “COM A CRISE, HOUVE UM RETROCESSO E PROLONGOU-SE A PERMANÊNCIA NAS RELAÇÕES DE ABUSO.”JOÃO LÁZARO
  • 43. Uau!Étourdissant é o nome da novíssima coleção de Alta Joalharia da Cartier. Os mais fantásticos exemplares de pedras preciosas como opalas, tanzanites e corais, criam verdadeiros jogos de luz e sombras e tingem as joias com cores quase tóxicas. www.cartier.com Brincos Pushkar em ouro branco com opalas, tanzanites e diamantes. 43VOGUE SETEMBRO 2015 FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R. Anos 30 com um toque de lingerie e uma cor simplesmente perfeita. Os vestidos em seda de Phoebe Philo para a Céline não podiam ser mais sensuais. MARATONA DE DANÇA CÉLINEKick de adrenalina e um novo twist num clássico que passará de mãe para filha. Lenço em seda, Balenciaga em Net-a-porter.com. Hedi Slimane traz de volta a esta coleção da Saint Laurent o sex appeal quase vulgar do final dos anos 70. Clutch em pele estampada com batons, Saint Laurent. NADA PODE SER MAIS CHIQUE: O NEGRO TOTAL DEIXA DE SER SOMBRIO E GANHA LUZ COM A P O R P A U L O M A C E D O HERANÇA APLICAÇÃO DE CRISTAIS. BLING Lábios sexy Um clássico saído diretamente do arquivo para este outono. Casaco em camurça e pelo de cabra da Mongólia, Gucci. Clutch em seda com cristais, Alexander McQueen. Babies em veludo com cristais, Rochas. Novos 70s Colar Violine, coleção Étourdissant, Cartier.
  • 44. 44 VOGUE JUNHO 2015 ma velha preferida, a capa está de volta como o embrulho mais cool deste inverno. Já no ano passado as celebridades nos tinham dado um lamiré sobre a melhor maneira de usar um cobertor, e sim estamos a referir-nos ao poncho da Burberry Prorsum. A capa é similar, dispensa mangas e pormenores extras e deve ser atirada pelos ombros por cima de qualquer visual (não imagina o que é capaz de fazer por um simples combo jeans + camisola). Uma capa diz “sou cool e quente e chique”, além de ser um sonho tornado realidade para quem adora vestir-se por camadas – a sério, quem não gosta?! O conforto terá de ser qualidade primordial, e o seu renascimento alimenta a queda para sapatos rasos e T-shirts largas que têm posto de parte as peneiras da Moda. Aquela sensação de proteção e aconchego que só conseguimos no meio dos lençóis (não foi assim há tanto tempo que usar pijamas à luz do dia se tornou uma realidade) aliada ao facto de transporem uma aura misteriosa e sedutora ESCUDO PROTETOROs super-heróis usam capas, assim como qualquer fashionista que se preze esta estação. Pink nos Grammys, 2010. ood HISTÓRIA CELEBRIDADES The Vigil, óleo, circa 1884. Júlio Cesar. Emily Blunt 2015. Audrey Hepburn durante as gravações de My Fair Lady, 1963. Elvis Presley, em 1975. Gwyneth Paltrow, em 2012. Lindsey Wixson fotografada por Emma Summerton para a Vogue Japão, 2013.
  • 45. REALIZAÇÃO:PAULOMACEDO.FOTOGRAFIA:EMMASUMMERTON; GETTYIMAGES;VERONICAMORALESANGULO;©DISNEY;D.R. 45VOGUE SETEMBRO 2015 resume-se num só statement: as capas são os novos casacos. Não é a novidade mais escaldante da estação, mas deixa-nos entusiasmadas o suficiente para percorrermos as passerelles em busca do manto perfeito (como aquele de Tom Ford que fez com que Gwyneth Paltrow passasse a constar no nosso radar de estilo desde os Óscares de 2012). Essencialmente, as capas modernas têm novas cores, materiais e formas de styling (ainda que, convenhamos, não há muito a fazer perante um bocado geométrico de tecido). Os nossos olhos são atraídos pelo estilo pomposo das rainhas de Simone Rocha, a versão equestre trazida por Ralph Lauren, o preppy chic do único Tommy Hilfiger, a proposta longa, fantasiosa e em veludo de Giles, gótica e poderosa como as de Gareth Pugh, romântica e à capuchinho vermelho como Delpozo, supercool e em pelo de Burberry Prorsum, ultrafeminina de Lanvin, mega-arty como a de Marc Jacobs… Ok, talvez estejamos superentusiasmadas com este duelo invernal. n Patrícia Domingues COMICS VERONIQUEBRANQUINHO SONIARYKIEL SALVATOREFERRAGAMO CÉLINE 1. Capa em caxemira, Oscar de la Renta. 2. Calças em algodão, Gucci. 3. Camisa em seda, The Row. 4. Pumps em pele, Christian Louboutin. Em Net-a-porter.com. 5. Chapéu em feltro, Saint Laurent. 6. Colar em metal e pérolas, Kenneth Jay Lane. CHANELALTA-COSTURA,OUTONO/INVERNO2006 Dracula, 1931. The Mark of Zorro, 1940. Superman, 1948. SHOPPING1 2 3 4 5 6 Bela Adormecida, 1959.
  • 48. 48 VOGUE SETEMBRO 2015 REALIZAÇÃO:PAULOMACEDO.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO,JOSHOLINS,GETTYIMAGES;D.R. IN VOGUE t e ndência amosassumir:todosadoramosoutodos estamos rendidos a esta tendência que timidamente apareceu há uns anos, quando começou a ser cool ter T-shirts vintagedaDisney.Ladyhawkevestiu-se com o Snoopy no vídeo Paris is Burning eRihannaapareceucomoBartSimpson estampado numa sweatshirt. Desde então, esta ten- dência tomou proporções titânicas. Adorada por muitos, odiada por alguns, é sem dúvida seguida porquasetodos.JeremyScottlevou-aaoextremoao trazer o Sponge Bob para a Moschino e, neste outo- no, decidiu mesmo transformar Daffy Duck em the ultimatesupermodel.Nadavaivoltaraseroqueera eaModaéassimmesmo:efémeraedivertida.n P.M. V CARTOON FREAKCharlie Brown e Bart Simpson fazem parte de uma nova subcultura da Moda que nos leva de volta à infância. Sem culpas nem remorsos. 1 2 3 4 5 1. Sweatshirt em algodão, Phillip Lim. 2. Brinco em ouro e esmalte, Delfina Delettrez. 3. Clutch em seda, Olympia Le Tan. 4. Casaco em caxemira e pelo, Fendi. 5. Vestido em seda estampada, Red Valentino em Farfetch.com. Lady Gaga, Londres 2013. Katy Perry, Los Angeles 2011. Miley Cyrus, Nova Iorque 2013. Teen Vogue novembro 2013, fotografada por Josh Olins. Modelos em backstage no desfile primavera/verão 2016 de Bobby Alley. MOSCHINO MAISONMARGIELA JEREMYSCOTT
  • 50. ez e meia de um sábado assinalam o encontro marcado entre uma virgem dovintageeumaaditadarouparetro. Deumlado,aânsiapelonovo,oaca- badodesair,aadrenalinadeveraeti- queta por arrancar; do outro, o gosto pelopormenoreofascíniopordesco- brir na roupa uma máquina do tempo. Monique Sabo é a fundadora da Du Chic à Vendre, a loja de roupavintageeemsegundamãodoMonteEstoril. Já lá tinha passado à porta mais de 100 vezes sem entrar e, de repente, ali estávamos as duas, rodea- das de histórias e a comunicar por uma linguagem de Moda de que nunca tinha ouvido falar. Mais entusiasmante ainda foi passar as mãos pelos ves- tidos de noiva com rendas cremes dos anos 20, as peças debruadas com os malmequeres da revolu- ção dos 70 ou um par de sapatos que pertenceram à atriz Romy Schneider. Apaixonei-me por uma minicarteira bege da Loewe (que só custa 170 euros!) e por uma mochila recém-chegada da edição centenária da Louis Vuitton, e Monique ainda me fez vestir um tailleurdaChanelassegurando-me que, mesmo sendo alguns núme- rosacima,ficariaperfeitocomuns skinny jeans. Ovintageeasegundamãoéum baúdememóriasdeestiloeumaal- ternativa excitante ao meu mo- nótono portefólio de pronto-a-ves- tir regido por padrões de conforto, praticidade,budget(eacertificação 50 VOGUE SETEMBRO 2015 REALIZAÇÃO:ANACAMPOS.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R. IN VOGUE tendência A nova, a última, a next big thing da Moda? Puxar pela memória. Por Patrícia Domingues. de que ninguém na reda- çãotemigual).Assuashistórias podem não ser originalmente nos- sas, mas com algum jogo de cintura dá imenso gozo apropriarmo-nos delas.Aúnicadesvantagemdovintage é que, a partir do momento em que se tornaumatendência,comoagora,vaisercadavez mais difícil encontrar as peças boas. Isto é, livrem- se de ir à procura daquela Loewe! À primeira vista, a crescente obsessão da nova geraçãopelousado–amesmaquenãodormepelo novo iPhone ou não aguenta uma lasca na sua mobília Ikea – parece contraditória. E não, não se prende (só) com a crise. As lojas mainstream tor- naram a nossa individualidade preguiçosa, as ten- dênciassão-nosprescritascomoremédios(genéri- cos Zara) e as passadeiras vermelhas já só provo- cam bocejos (valha-nos a mani cam). Fica difícil pensar“querosercomoela”quandotodasestamos com a mesma camisola às riscas. Usar roupa de outrasdécadaséumescapeaosstressescontempo- râneos e, para quem está sempre a sentir a Moda escorregar-lhe por entre os dedos, é um prazer podercontarcomopassado(estarnestemomento a ouvir uma música de há 30 anos é mais do que uma coincidência). Walter Benjamin, filósofo ale- mão, tinha razão: a Moda irá saltar para o futuro com um olho no passado. Ou seja, o que vestimos amanhã pode passar por representar aquilo que já foi feito, mas construído através de um prisma novo. Vejam-se as coleções de outono/inverno 2015/16. Porque é que os designers estão tão inte- ressados em roupa que “já era”? D VELHOS SÃO OSTRAPOS STYLING2015/16 Padrões e detalhes, como bordados, vivos e aplicações, podem ser misturados. Uma regra: saliente sempre a silhueta, pelo tamanho das bainhas ou através de cintos. FENDI GUCCI DRIESVANNOTEN Saia em renda, Gucci. Quartier Latin LxMarket
  • 52. 52 VOGUE SETEMBRO 2015 REALIZAÇÃO:ANACAMPOS.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R. IN VOGUE tendência -de-Gianvito-Rossi”,ovinta- ge nunca será obsoleto. “Não tenho nada da Ikea.” A reve- laçãopoderiaparecerchocante,ounãosaís- se da boca de Joana Astolfi. Filha única em busca de fantasias próprias, desde pequena quepôsasBarbiesdeparteeosolhoslhefugi- ram para o menos óbvio: os cavalinhos de madeira e o view-master feitos pelo pai. Cresceu, formou-se em Arquitetura mas nun- ca deixou de brincar. Hoje é arquiteta, artista edesigner,especialistaempeçasdeautorque ganham vida através de outras com morte anun- ciada. “Sou sempre a última pessoa a entrar num espaço para salvar os obje- tos deixados para trás”, conta. As chamadas de aviso de início de obras são uma constante e quando aliadas às inúmeras via- gens, passeios pela feira da ladra, antiquários, Olx e eBay dão uma quantidade alarmantedetralha.“Jánão tenholixo”,confessa.“Antesapanhavatudooque via,agoraestoumaisseletiva.Procuroobjetoscom potencial e com uma narrativa. Às vezes tenho-os comigo vários anos até me fazer sentido utilizá- -los.”Joana ressuscita espaços e objetos “doentes” (como uma Doutora Brinquedos da vida real) ofe- recendo-lhes novas possibilidades de vida e uso – comoasmontrasdaHermès.“Partosempredahis- tóriaquevoucontar,daverdadedoobjeto.Nãome interessam coisas que nunca foram usadas. Procuro criar uma tensão entre o antes e o depois, masoprodutofinaltemumahistóriasua.”Alguns dos seus projetos mais recentes incluem peças Old is goldAS MORADAS A SEGUIR SE O SEU CORAÇÃO BATE PELO ANTIGO. Lisboa MODA TROCA MODA Av. Luís Bivar, nº 5. Tel. 21 353 1406. LXMARKET Domingos na LxFactory, R. Rodrigues de Faria. www.lxmarket.com.pt. FEIRA DA LADRA Terças e Sábados no Campo de Santa Clara. EL DORADO R. do Norte, 23-25. Tel. 213 423 935. DU CHIC À VENDRE Av. Sabóia, 425, Monte Estoril. Tel. 911 830 071. RENDEZ VOUS MERCEARIA & VINTAGE R. de São Vicente, 16. VIÚVA ALEGRE R. da Assunção, 19. Tel. 211 579 592. LIVING LUÍS LOPES R. de São Bento, 266 e 270 A. Tel. 213 977 335 ALICE VELHARIAS Av da Paris, 7/C. Tel. 912 169 169 EMAÚS Estrada Lugar de Além, 16, Quinta das Lages, Caneças. Tel. 219 800 038 ADÃO VELHARIAS EN 247, Terrugem. Tel. 219 616 865 ANTÓNIO CAROLO EN 10, Quinta da Alfarrobeira, Armazém 38. Tel. 934 771 021 Porto MODA QUARTIER LATIN R. Pedro Homem de Melo, 410. Tel. 936 543 515. FEIRA DA VANDOMA: Todos os sábados, Passeio das Fontainhas. LIVING EMAÚS Campo 24 de Agosto, 185/186 DESOCUPADO R. da Torrinha, 175. Tel. 222 053 247 ARTUR MEDANHA R. do Rosário, 193. Tel. 933 428 337 atriz Joana Barrios pode não adivi- nhar o que ia na cabeça de Miuccia PradaouAlessandroMichelequando moldaram as nostálgicas propostas desteinverno,massabe100%porquegostadevin- tageetrabalhounaHolala!Ibiza,umalojadaespe- cialidade onde recebeu Stefano Gabbana e John Galliano.“Oquehánumapeçavintagequenãohá nopronto-a-vestirenomassmarketéumconjunto de coisas que determinam o seu caráter único, começandonalotariaqueéserdonossonúmeroou assentar bem, até ao estado em que se encontra, passando pelo preço, etc. Numa peça vintage há corte,qualidadeeumestampadoessencial,irrepe- tível. Também dizem que há um certo cheiro, mas eu não tenho olfato!” Em rela- ção ao vintage, além de ter herdadoogosto(muitasho- ras em antiquários e feiras de velharias), tornou-se aquilo que podemos deno- minar de nerd do antique. “Há marcas cujos logotipos mudaram ligeiramente ao longo dos anos e cujas etiquetas,consoanteararidade,podemdispararos preços de venda. Os casos mais flagrantes são Pu- ma, Adidas e Levis. Há rankings para a qualidade deóculosdesol,sendoosmaisvaliosososmadein WestGermany.Hátodoumconhecimentodetalha- dosobremilitaryclothing,porexemplo,roupamili- tarnorte-americanaemripstopéassimumaespécie de diamante de sangue na cena vintage, devido à história do material; ou por exemplo os satin bombers bordados dos anos 40, 50 e até 70.” Se as tendências vão e voltam mais rápido do que conseguimos dizer “quero-as-botas-de-camurça- extremamente pessoais. “Há cada vez mais uma vontade e uma abertura para esta linguagem”, ga- rante.“Há10,15anostodaagentequeriapeçasno- vinhasemfolha,abrilhar.”Aidadecarregamarcas que nos recordam que houve vida antes de nós. E que,umdia,haveráumdepois.[Quetalcomoargu- mento para ir buscar aquela Loewe?] n Alice Velharias Cantinho do Avillez, por Joana Astolfi. Sapatos em pelo, Christian Louboutin, na Du Chic à Vendre. A SEGUNDA MÃO É UMA ALTERNATIVA EXCITANTE AO JÁ MONÓTONO PRONTO-A-VESTIR. Du Chic à Vendre Sapatos em pele envernizada, Miu Miu. MIUMIU
  • 56. 56 VOGUE SETEMBRO 2015 FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;GETTYIMAGES;D.R. IN VOGUE i n s p i r ação MARNI ROCHAS CHRISTIANDIOR CHLOÉ inverno de 2015 pode muito bem ficar conhecido como a estação que vaticinou o fim das tendên- cias. Pelo menos, tal como as co- nhecemos.Sim,achegadadeAle- ssandro Michele soprou ar fres- co para a Gucci (e para a fashion week de Milão) numa coleção girly e excêntrica, “o sonho de qualquer stylist”, segundo o Sty- le.com;aoriginalidadedeChristopherKane,com osseusvestidosemformadedeclaraçãodeamor estimulou a nossa imaginação; e o soft pop de Miuccia Prada, pastéis doces para as princesas dos tempos modernos, fez-nos sorrir. Mas foi o impacto de marcas como a Vetements, ao mos- trar uma coleção de clássicos descomplicados e modernos que todas as miúdas cool vão querer vestir, que realmente mexeu connosco. Basta dizer que as propostas de Demna Gvasalia, que já passou pela Maison Martin Margiela e pela Louis Vuitton, foram apresentadas num clube de sexogayparisiense,semdireitoacenárioouapri- meira fila organizada por ordem de celebridade, com um cheiro “estranho” vindo das casas de banho.Osconvidadosdivertiram-secomaironia de tais contrastes e as peças refletiram isso – o lado mais realista e urbano da Moda, pensado como ainda ninguém o pensou. Alguns editores chegaram a declarar a Vetements, e não a Gucci, como a heroína deste inverno. Estilos e preços à parte, as duas marcas têm mais em comum do que imaginamos: o espírito do it yourself da esta- ção, o styling como statement de Moda e perso- nalidade.Nãosãoasruasqueditamoquevemos nos desfiles, mas antes as influências dos dois lados a misturarem-se como nunca vimos. Senoiníciodosanos70,osCrips,umdosmais temidos gangues dos Estados Unidos, descon- fiassem que alguns dos seus códigos se transfor- mariam em tendência de Moda, provavelmente ficariam contentes. Afinal, o gangue suposta- mente responsável pela morte do rapper Tupac Shakurnãoescolheuosseusacessóriosaoacaso. As cores serviam para separar amigos de inimi- gos,porissoosCripsusavamquasesempreténis da marca BK e bandanas azuis à volta da cabeça, enquanto os seus grandes rivais, os Bloods, pre- feriam os lenços vermelhos. Os mesmos que a- gora vemos nos cabelos loiros de Cara Dele- vingne ou atados à volta do pescoço de Leandra Medine, do site Man Repeller. Das ruas para as ruas, portanto. o lado das tatuagens e dos piercings, a roupa sempre fez parte das subcul- turas, dos gangues puros e quase sempre duros, tal como dos movi- mentos culturais, como o punk, o mod ou o new wave. Nesta estação, ainda houve espaço para se encontrarnovidadeemtodoseles.Nesteinverno, a década de 60 e as linhas gráficas do mod esti- veram tão bem representadas, como sempre, na Louis Vuitton, na Carven ou na Dior, o punk ganhou contornos glam na Saint Laurent de Hedi Slimane e o estilo motard muito Hells Angels deu umardasuagraçanosbombersenodenimdocos- tume. Já o new wave, que sempre misturou in- fluênciasdopunkrockedomod,tambémsereno- vou com o avanço dos anos 2000. Na influência LUTA LIVRENa estação em que o styling é maior do que as tendências, a Moda aproxima-se das ruas sem perder o poder. A Vogue infiltrou-se nos gangues de estilo deste inverno. O Um biker dos Hells Angels em 1981. Nos anos 90, um elemento feminino de um gangue de Los Angeles. O mood dos New Romantics nos anos 70 e 80. As bandanas popularizadas pelos gangues. As joias da Givenchy para esta estação.
  • 57. atual de bandas como os Blondie ou os Talking Heads e nas últimas semanas de Moda, com o aparecimentodesilhuetasecombinaçõescromá- ticas que não víamos desde os anos 80, uma das épocas de estilo que mais adoramos odiar. onathan Anderson é um dos grandes cul- pados deste regresso, tanto na sua marca em nome próprio, como na espanhola Loewe, repletas de linhas oversized e jun- ções de cor que os olhos menos treinados achariam suspeitas. Boa parte do new wave descarrilou nos new romantics ou Blitz Kids, fenómeno britânico que agregava bandas como os Visage, os Spandau Ballet ou os Culture Club, de Boy George. E onde a influência vitoria- na era misturada com peças atuais. Neste inverno, o gótico mais ou menos vitoria- no, cruzamento entre a música, a literatura ou a arquitetura, foi dos moods mais revisitados pelos designers. No ano em que celebra 10 anos de Gi- venchy, Riccardo Tisci superou-se, reunindo boa parte dos elementos-chave da sua visão para a Maison.Asua20ªcoleçãodepronto-a-vestirteve um pouco de tudo: religião, preto e joias-state- ment, algumas organizadas em desenho nas ca- ras das modelos. A palavra gótico resume muito do que Tisci mostrou, mas as influências latinas também deixaram as suas marcas, nos piercings faciais ou nos caracóis de cabelo colados à testa muito FKA Twigs. Seguiram-lhe o exemplo desig- nerscomoabrilhanteSarahBurtonemAlexander McQueen,queescreveuumahistóriaigualmente romântica e vitoriana, Marc Jacobs, que traba- lhouopretoemsilhuetaslongasalembraroinício do século, e o sempre original Alexander Wang, um dos primeiros a antecipar o regresso do dark sidecomumacoleçãoempretointegral.“Oclien- te quer preto, porque não dar-lhe isso mesmo?”, comentouodesignerapósodesfile.Muitosdefen- demqueestáiminenteumamudançadepoderna indústria. Mas que piada terá a Moda se não nos fizer desejar o que ainda não sabemos que que- remos? n Rosário Mello e Castro “OS GANGUES REFLETEM O ESPÍRITO DO IT YOURSELF E O STYLING COMO STATEMENT DE MODA.” É O NOVO UNIFORME DO COOL. COM IMAGENS DE BANDAS, ARTISTAS OU MOVIMENTOS, DIZ TUDO AQUILO QUE NÓS NÃO CONSEGUIMOS. T-SHIRT IT Elemento dos Dragons, gangue de Nova Iorque. Rihanna Cara Delevingne Ruby Rose, da série Orange is the New Black. VALENTINO MARCJACOBS SAINTLAURENT Stella Tennant Rita Ora Modelo à saída do desfile de inverno da Chanel.
  • 58. 58 VOGUE SETEMBRO 2015 REALIZAÇÃO:ANACAMPOS.FOTOGRAFIA:GETTYIMAGES;VERONICAMORALESANGULO;D.R. IN VOGUE tendência BRILHO NATURALA pele é sempre o material de eleição para os looks mais rebeldes, esta estação inspira-se nas tribos urbanas e veste as tendências românticas. As saias e as calças devem ser sempre coordenadas com materiais contrastantes. OS COORDENADOS DE LOOK TOTAL DESTINAM-SE A VISUAIS DE RUA. Sister Bliss LOUISVUITTON Chiara Ferragni Capa em pele, Saint Laurent. Michelle Monaghan em Erdem. CALVINKLEIN Katie Holmes em Zac Zac Posen. St. Vincent com camisa e saia, Saint Laurent, e pumps Christian Louboutin. Mischa Barton Saia em pele, Alice & Olivia.
  • 59. D E B O R A H S E C C O Cada personagem que eu vivi marcou a minha vida. Costumamos dizer que os personagens são como presentes e eu acho que não tem mesmo palavra melhor pra descrever, porque presentes especiais também são sempre inesquecíveis. multimarcas@morana.com.br Q U A N T A S H I S T Ó R I A S C A B E M N U M A C A I X I N H A ? PORTUGAL Cascais Shopping C e n t ro C o m e rc i a l Co l o m b o ESPANHA El Corte Inglês - Málaga
  • 60. 60 VOGUE SETEMBRO 2015 FOTOGRAFIA:CARLOSRAMOS;GETTYIMAGES;VERONICAMORALESANGULO;D.R. IN VOGUE privado ARMÁRIO DEOUTONOTrês empreendedoras natas revelam-nos as suas escolhas para a próxima estação. Por Patrícia Domingues. omo qualquer designer que se preze, já em pequena Anabela desenhava roupa para as bonecas e, mais tarde, também para ela própria. Quando transformou a brincadeira em algo sério foi para a Escola de Moda Gudi no Porto e depois partiu para Paris para um curso na Paris American Academy. Surgiu na ModaLisboa com marca homónima em 1993 e também faz parte do primeiro grupo de designers a apresentar no Portugal Fashion. Após desenhar roupa de praia, figurinos, fardas e sapatos e de abrir recentemente uma aclamada loja na capital lisboeta, continua a ver a Moda como “uma energia positiva” que a entusiasma pela renovação. – “De seis em seis meses tudo muda... As cores, as texturas, a imagem.” MARCAS E DESIGNERS PREFERIDOS Chanel, Chloé, Etro e sigo com curiosidade o trabalho da designer Vitakim. LISTA DE COMPRAS Camisola de lã e uma capa impermeável. ACESSÓRIOS-CHAVE Uma mochila e peças de lã. CARTEIRA INTEMPORAL Uma Saint Laurent. SAPATOS IRRESISTÍVEIS Da Fendi. TENDÊNCIAS A SEGUIR A liberdade de escolha. Seguirmos a tendência do eu e do que gostamos. PEÇA MAIS ESPECIAL DO CLOSET Um vestido da minha coleção Diário e uma pulseira do Helmut Lang. PEÇAS INDISPENSÁVEIS Casacos de malha, lenços, jeans e vestidos-envelope. REFERÊNCIA DE ESTILO Olivia Palermo. ROTEIRO DE COMPRAS As lojas dos criadores nacionais e as feiras de antiguidades. CUIDADOS DE BELEZA Passar uma pedra de gelo no rosto antes de me deitar e ter um ar saudável. Felizmente os passeios a pé e de bicicleta já fazem parte das rotinas portuguesas. VISUAL DE DIA O regresso dos conjuntos. Os blazers e as calças com padrões bem-humorados. VISUAL DE NOITE Aquele que faz sobressair a personalidade de cada um. ARTISTAS DE ELEIÇÃO Norman Foster, Carlos Paredes e Camilo Castelo Branco. LIVRO/FILME QUE A INSPIRE Naïve. Super, de Erlend Loe, e o filme Temos de Falar sobre o Kevin. MOMENTO DE MODA A envolvência sonora e visual das CocoRosie. Bicicleta, Hermès. Carlos Paredes. Olivia Palermo. ETRO Carteira em pele, Saint Laurent. Camisola em lã, Chloé, em Net-a- -Porter.com. ANABELA BALDAQUE
  • 61. undadora da Pelcor, a marca de acessórios de Moda feitos em pele de cortiça, Sandra nasceu na 3.ª geração de uma empresa familiar dedicada a rolhas de champanhe, mas não se deixou ficar à sombra do sobreiro. Licenciada em Comunicação Empresarial, mestre (e em processo de doutoramento) em Ciências Económicas, quis transformar a cortiça num produto moderno (e feminino) e depois de ter recebido os likes de Lady Gaga, Madonna e Barack Obama e o prémio de Melhor Empresária da Europa, declaramos a missão cumprida. 61VOGUE SETEMBRO 2015 MARCAS E DESIGNERS PREFERIDOS Valentino, Missoni, Moschino Cheap & Chic, Yves Saint Laurent, Antik Batik. Adoro o humor de Jeremy Scott, Yohji Yamamoto e alguns criadores portugueses. LISTA DE COMPRAS Ponchos. CARTEIRA INTEMPORAL Clutch em metal vintage, uma Missoni Vintage ou a Kelly da Hermès. SAPATOS IRRESISTÍVEIS Ténis Valentino. PEÇA MAIS ESPECIAL DO CLOSET Tenho uma minicoleção vintage, como um vestido de noite Valentino, uns sapatos vintage da Prada e uma Kelly da Hermès. PEÇAS INDISPENSÁVEIS Trench coat, fato completo, camisa branca, jeans e sapatos Valentino. E gosto imenso de vestidos da Missoni. REFERÊNCIA DE ESTILO Elsa Schiaparelli, Coco Chanel, Audrey Hepburn, Jackie Onassis, Coco Chanel e a minha mãe. ROTEIRO DE COMPRAS Lisboa e as lojas vintage pelo mundo. CUIDADOS DE BELEZA Não vivo sem meditação, massagens e um bom hidratante. VISUAL DE DIA Vestido Missoni, trench coat Valentino, sapatos Roger Vivier e uma clutch de ráfia Missoni. VISUAL DE NOITE Vestido Valentino e clutch vintage ou étnica. ARTISTAS DE ELEIÇÃO Jazzanova, Carminho, DJ Solomun e Luciano. UM FILME QUE A INSPIRE Blade Runner. Alentejana, filha única, empreendedora à nascença, assim se apresenta Paula Veiga, mais conhecida como o rosto por trás da Philosophie, uma das lojas multimarca mais cool da Avenida da Liberdade. Formada em design de Moda, coaching, produção de cinema, teatro, figurinos e joalharia, a estes sete ofícios Paula acrescenta um muito especial: o personal styling. É que a Philosophie, além de morada fixa já há 15 anos para Missoni e Valentino, é um conceito de beleza e bem-estar onde Paula dá largas ao seu amor declarado às artes e, em particular, à Moda. Lenço em caxemira, Etro, em Net-a-Porter.com. MARCAS E DESIGNERS PREFERIDOS Tenho uma particular empatia por marcas americanas e sou sensível a todas as marcas de acessórios. LISTA DE COMPRAS Um tailleur de calças, um sobretudo clássico de cor inusitada, echarpes e pashminas, camisas, vestidos simples, uns sapatos Church’s e uns brogue. E claro, duas carteiras da Pelcor. ACESSÓRIOS-CHAVE Minibags, o guarda-chuva Pelcor, echarpes e pashminas. SAPATOS IRRESISTÍVEIS Luís Onofre. TENDÊNCIAS A SEGUIR Tudo aquilo que me faz sentir bonita e confortável. PEÇA MAIS ESPECIAL DO CLOSET A minha lingerie da Victoria’s Secret. PEÇAS INDISPENSÁVEIS Carteiras, echarpes e pashminas. REFERÊNCIA DE ESTILO A Eduarda Abbondanza, pelo que significa para a Moda em Portugal. ROTEIRO DE COMPRAS Nova Iorque é a cidade de eleição. CUIDADOS DE BELEZA Gosto de tratar muito bem do corpo, com produtos apropriados para a minha idade. Tenho particular atenção às minhas mãos. VISUAL DE DIA Tailleur de calças, brogues, camisa acessorizada com uma bela echarpe e a minha minibag Pelcor. VISUAL DE NOITE Um jumpsuit Bain de Soleil ou um bom vestido comprido em malha de seda, ambos pretos. ARTISTAS DE ELEIÇÃO Sou fã número um da Pink. UM LIVRO QUE A INSPIRE O Que Vejo e Não Me Esqueço da Catarina Furtado, que admiro imenso. Brogues em tela e pele, Dolce&Gabbana, em Mytheresa.com. Ténis em pele e camurça, Valentino Garavani. Carteira em pele, Chloé. Poncho em caxemira, Burberry. Creme Belage Regeneratrice ADN 40, Anne Moller Nova Iorque JEREMYSCOTT Casaco em caxemira, Carven. Carteira em cortiça, Pelcor. PAULA VEIGA SANDRA CORREIA
  • 62. chegada faz-se silêncio. Soleni- dade ou sedução, a cidade que pa- rece suspensa noutro tempo man- tém sereno um certo romantismo quenosdescansa.Venezaguardao encanto de valores eternos, é a cidade dos artistas (a Bienal, sem- pre desafiadora), artesãos e nave- gadores,dascortesãsedasfloresàjanela.Porisso, a Pandora escolheu-a para a apresentação das suas criações para o outono-inverno, encantada pela estética vintage que a nova estação respira, e por tudo o que é sonhador. Jornalistas do mundo inteiro juntaram-se para conhecê-las, no Hotel Bauer Palladio, na Giudecca, um palácio renas- centista do século XVI à beira da água, com vista paraaPiazzaSanMarco.Melhorseriaimpossível. “O que me inspira é a natureza e as pessoas”, diz-nos Stephen Fairchild o diretor de design da marca nascida em Copenhaga e orgulhosamente produzida na Tailândia. “A natureza é a melhor designer”, sorri. As novas joias evocam o lado 62 VOGUE SETEMBRO 2015 IN VOGUE notícias À mágico da natureza, reinos gelados, contos de fadas, asas de Fénix, os veios das folhas, as gotas de orvalho, pedras translúcidas como cristais, a neve: “repare, não há dois flocos iguais”. APandorainvestecadavezmaisnamestriadas suaspeças.Amarcatemcincofábricasdeartesãos ealgumaspeçaschegamapassarpor72mãosaté estarem completas. “É como a Alta-Costura, que- remos que seja bela e leve como uma pluma, mas cheia de detalhes únicos.” Nestes tempos instá- veis, precisamos é de sonhar. “Com ou sem crise, as pessoas adoram fantasia, é o que mantém as pessoas vivas e jovens. Sempre acreditei nisso. E quanto mais velho fico, mais quero ser o que quero ser. As pessoas estão inseguras e a fantasia é vida, é curiosidade. Adoro conhecer novas cul- turas e novas pessoas, falar com elas, aprender.” No fundo, também se inspira nelas: “Se me per- guntar qual a melhor parte do meu trabalho, é claro que a marca é importante, e podemos ficar aqui sentados horas a falar de design, mas são as pessoascomquemtrabalho,todosnós.Confieem mim,experimentefazerumdaquelescharms[es- tavam a ser feitos à mão, à nossa frente, em vidro de Murano] e vai perceber: é amor.” Fairchild também acredita na cor: “Quando cheguei, era tudo muito branco e rosa e agora temos verdes, roxos, um novo blush, o azul real e o preto”. Para o Natal, teremos mais dourados, em jeito de celebração, influências cósmicas e pequenos laços delicados. E as pérolas, sempre, belasepuras,umadasnossascoleçõespreferidas. nova estação Pandora é cheia de referências: o mundo da heráldica ou o equilíbrio da Arquitetura, “o romance, something old, automó- veis, filmes ou séries como o Games of Thrones, exposições (como a de Alexander McQueen, Savage Beauty)”, sublinha Fairchild que, aliás, trabalhou na Valentino, e adora a fantasia que se esconde nas subtilezas do luxo. De lá trouxe “a atenção ao detalhe e à craftsmanship”, diz. “Todos dizem que esta tem a ver com o preço, mas não é verdade. Quando como o meu peixe fresco, este foi trazido por um pescador nesse dia,nãoédiferentedoquefazemosaqui.Souum perfeccionista e falha-se muito no design, mas muitasvezesosteuserrossãoastuasconquistas, como as conquistas são às vezes derrotas. Perceberoquesepassanocérebrodeumcriativo não é fácil. Acredite, é um tormento, mas é um processo. É amor, volto a dizer, é uma big word e um peso. ‘E como se mede?’ Bem, estamos a tentar e acho que no caminho de nos tornarmos a marca de joias mais amada no mundo.” n JUNTO ÀPELE Anel Asas de Fénix, brincos de pérolas de cultura e zicórnia, fio com cristal e zicórnia, brincos em forma de asas tudo em prata. Anel em ouro com topázios azuis, inspirado nas penas de pavão. As novas preciosidades da Pandora são uma viagem às memórias sensoriais e à fantasia. Por Patrícia Barnabé, em Veneza. O CHARME DOS CHARMSA Pandora criou há 15 anos a sua icónica pulseira e continua a adicionar-lhe charms carregados de significado, com qualidades, desejos ou mensagens de vida contidas em pequenas esferas ou contas coloridas que se quer lançar ao universo. Como um amuleto, lembram as pulseiras de reza dos monges budistas, profundidade, intimidade e fé. A marca lança agora sete novos valores, que fomos conhecer à ilha de Murano: carinho/cuidar, espiritualidade, criatividade, dignidade, amizade, sensibilidade e, claro, amor. FOTOGRAFIA:PANDORAPRIMAGES;BYTHOMASMUUS.
  • 63. lorealparisportugal COLORAÇÃO PERMANENTE SEM AMONÍACO E COM TECNOLOGIA MICRO-ÓLEOS REPRODUZ OS MILHÕES DE REFLEXOS QUE REPLICAM O CABELO NATURAL O CABELO FICA BRILHANTE, SUAVE E LEVE COR PRODIGYOSA A primeira coloração com micro-óleos.1 #naturaloupintado ? 1 deL’OréalParis. BRONZE CASTANHO NATURAL COM MILHÕES DE TONS DOURADOS de Izabel Goulart 5.30 COR TÃO NATURAL QUE NINGUÉM DIRIA QUE FEZ COLORAÇÃO EM CASA AF_LOR_PRODIGY_PS_220x285.indd 1 16/04/15 18:26
  • 64. 64 VOGUE SETEMBRO 2015 TEXTO:CONSTANÇAQUINTEIRO IN VOGUE notícias INSPIRA, EXPIRANum momento em que o estilo de vida saudável impera, a Calzedonia dá-nos mais uma razão para não perdermos o ritmo: uma nova linha fitness para este outono. Camille Rowe é o rosto desta nova linha. Dona de um corpo invejável, a modelo francesa revelou-se a escolha perfeita vestir a coleção Fitness da Calzedonia. s ginásios nunca foram tão con- corridos, nem as ruas viram tan- tosadeptosdacorridaedascami- nhadas como hoje. Atenta às ten- dências, a Calzedonia criou uma coleção de leggings a condizer com este estado de espírito mo- derno, que não dispensa estilo e conforto na hora defazerexercíciofísico.Amarcaitalianaprocurou criarroupatrendyefuncionalquegarantaumele- vadodesempenho,porissoapostounosdetalhes, na tecnologia dos materiais e no design inovador. O resultado? Padrões variados, efeitos de saia e calções em nylon que se sobrepõem às leggings paramarcaradiferença.Peçaspráticasquesecam rapidamente e deixam a pele respirar para uma melhor performance. Inserções refletoras para uma maior visibilidade e minibolsos para que possa ter consigo o essencial. E last but not the least,acapacidadedemodelaremanterasilhueta perfeita para que se sinta mais confiante durante o treino. Tendência, praticidade e conforto numa sópeça.Umnovomotivoparanoscontinuarmos a mexer até ao próximo verão. n O Em cima, Patterned Fitness leggings e ao lado, Fitness leggings com aplicações de renda, cada ¤ 29,95. Cuca Roseta é o novo rosto da Guess em Portugal. A marca norte-americana de pronto-a-vestir elege, pela primeira vez, uma embaixadora portuguesa para representar o seu estilo jovem, sexy e aventureiro. A fadista declarou ser admiradora da marca, por isso recebeu o convite com grande alegria. André Brodheim, diretor de Marketing do Grupo Brodheim, considera este “um fit mais que perfeito entre a marca e a talentosa fadista, dona de um estilo e uma personalidade muito próprios, quer no palco quer na vida”.  Durante um ano, Cuca Roseta será uma Guess Girl, um título assumido por uma longa linhagem de ícones entre os quais, Claudia Schiffer, Anna Nicole Smith, Adriana Lima e, mais recentemente, Gigi Hadid. O FADO ESTÁ NA MODA
  • 65. WWW.TI-SENTO-MILANO.COM 218626070 *JOALHARIA EM PRATA 925 COM BANHO DE RODIUM F A S H I O N A B L E R H O D I U M P L AT E D S T E R L I N G S I L V E R J E W E L L E R Y *WWW.OURTIME.PT
  • 66. Vogue Café Moscow Kuznetsk Bridge 7/9, Moscow, Russia Vogue Café at The Dubai Mall Dubai, United Arab Emirates Vogue Café Kiev Fairmont Grand Hotel, Kiev, Ukraine Vogue Lounge Bangkok MahaNakhon CUBE, Bangkok, Thailand voguecafe.com
  • 67. Dos patchworks em diferentes materiais, às aplicações de cristais, metais e pérolas, os acessórios para a estação das chuvas são ainda mais requintados e originais. Pumps em patchwork de camurça, Gianvito Rossi, na Stivali. Botas em patchwork de camurça, Burberry Prorsum. Carteira em pele e camurça, ¤ 2.050, Céline, na Loja das Meias. FOTOGRAFIA:PEDROFERREIRA. P O R A N A C A R A C O L OVER THETOP
  • 68. Clutch em pele, pele de píton e plexiglass, Miu Miu. Sapatos em pele de píton, Gucci. Sapatos em pele de píton e metal, Louis Vuitton.
  • 69. 69VOGUE SETEMBRO 2015 Clutch em pele, metal, pérolas e plexiglass, sapatos em veludo de seda com cristais e plexiglass no salto, tudo Dolce & Gabbana. Botins em pele com cristais aplicados, ¤ 995, Jimmy Choo, na Fashion Clinic. REALIZAÇÃO:ANACARACOL.FOTOGRAFIA:PEDROFERREIRA.
  • 72. 72 VOGUE SETEMBRO 2015 PEÇAS-CHAVEA chegada da nova estação exige uma atualização de guarda-roupa. Estes são os itens principais para não perder o fio à meada das tendências. Vestido em algodão, ¤ 1.180, Marni. Vestido em chiffon de seda, ¤ 3.500, Gucci, em Mytheresa.com. CAMISAS DE LAÇADA Blusa em algodão, ¤ 1.300, Valentino, em Mytheresa.com. Blusa em crepe de seda, ¤ 1.155, Jason Wu, em Net-a-porter.com. Casaco em pelo, ¤ 4.900, Miu Miu, em Net-a-porter.com. CASACOS FELPUDOS Saia em seda com lurex, ¤ 65, Pepe Jeans. Saia em seda com lurex, ¤ 184, Pinko. Vestido em seda revestido a lantejoulas, ¤ 3.490, Saint Laurent, em Mytheresa.com. METAIS MAXMARA PAUL&JOE ESTAMPADOS FLORAIS BURBERRYPRORSUM SAINTLAURENT
  • 74. 74 VOGUE SETEMBRO 2015 REALIZAÇÃO:ANACARACOL.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R. Vestido em renda, ¤ 49,95, Zara. Vestido em renda, ¤ 5.075, Erdem, em Net-a-porter.com. VESTIDOS DE RENDA COLETES & FATOS Colete em seda, ¤ 600, Juliana Herc. Fato em seda, ¤ 1.830 e ¤ 915, Escada. Calças em seda, ¤ 480, Etro, em Mytheresa.com. Calças em malha de seda, ¤ 1.070, Missoni, em Farfech.com. CASACOS BRANCOS TOD’S Casaco em lã, ¤ 175, Uterqüe. ALBERTAFERRETTI GIORGIOARMANI CALÇAS ESTAMPADAS ETRO
  • 75. *TIMEWEAR & JEWEL SPRING/SUMMER 2015 PVP 159€ PVP 159€ WatchPlanetIIRelógios,Lda/Tel:213428308/esprit.com/timewear-jewel-*ColeçãoRelógioseJoalharia,Primavera/Verão2015
  • 76. DA PASSERELLE PARAARUA REALIZAÇÃO:ANACARACOL.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R. 1. Colar em metal lacado, ¤ 12,90, Accessorize. 2. Saia em pele, ¤ 89,95, Zara. 3. Camisola em malha de lã, ¤ 179, Stefanel. 4. Carteira em pele, ¤ 79,95, Zara. 5. Botins em pele, lã e camurça, ¤ 459, a.ap., Boss Black. 6. Batom no tom Scarlet Red, ¤ 24,19, Lipstick Queen, em Net-a-porter.com. 7. Camisola em crepe de seda, Diogo Miranda. 8. Brincos em metal com cristais, ¤ 9,90, conjunto de 6, Accessorize. 9. Saia em malha de algodão, ¤ 9,95, Zara. 10. Carteira em pele, £ 180, Tosca Blu. 11. Alfinete em metal com cristais, ¤ 9,90, Accessorize. 12. Botins em pele e lã, ¤ 459, a.ap., Boss Black. 13. Brincos em metal, plexiglass e cristais, ¤ 12,95, United Colors of Benetton. 14. Camisola em malha de algodão, ¤ 195, Lacoste. 15. Colar em metal e plexiglass, ¤ 15,99, Mango. 16. Carteira em pele, ¤ 99,99, Mango. 17. Calças em lã e algodão, ¤ 119, Stefanel. 18. Sapatos em camurça, ¤ 45,95, Zara. 1 2 3 4 5 6 7 9 10 13 14 15 16 17 11 12 3.1PHILLIPLIM BALENCIAGA CÉLINE 18 8
  • 77. 77VOGUE SETEMBRO 2015 19 20 22 23 24 25 26 21 O inverno chega com chuva, vento e frio, mas também nos traz aquela sensação de suavidade única das malhas. Selecionámos algumas propostas que aliam estilo e conforto. 19. Camisola em malha de algodão, ¤ 17,95, Zara. 20. Brincos em ouro, ¤ 100, Ben-Amun, em Net-a-porter.com. 21. Calças em seda com lurex, ¤ 34,99, H&M. 22. Cinto em pele, ¤ 24,95, Sisley. 23. Carteira em pele, ¤ 512, Furla. 24. Sandálias em pele, ¤ 286, Luís Onofre. 25. Colar em plexiglass e algodão, ¤ 45, Cos. 26. Casaco em malha de lã, ¤ 39,95, United Colors of Benetton. 27. Cardigan em malha de seda, ¤ 15,95, Zara. 28. Saia em algodão, ¤ 145, Lacoste. 29. Carteira em pele e metal, ¤ 29,95, United Colors of Benetton. 30. Sapatos em camurça, ¤ 39,99, Mango. 31. Camisolas em malha de lã, ¤ 24,95, United Colors of Benetton. 32. Colar em pele e metal, ¤ 29,95, Sisley. 33. Camisa em algodão, ¤ 39,95, Sisley. 34. Clutch em pele e pelo, ¤ 103, Liu Jo. 35. Botins em pele e metal, ¤ 65,95, Zara. 36. Cinto em pele e metal, ¤ 19,95, Sisley. 37. Saia em malha de algodão, ¤ 70, Guess. 27 28 31 32 33 34 35 36 37 29 30 CHANEL CARVEN BALMAIN
  • 78. 78 VOGUE SETEMBRO 2015 REALIZAÇÃO:ANACARACOL.FOTOGRAFIA:VERONICAMORALESANGULO;D.R. TONS DETERRAA cor da nova estação usa-se em look total ou coordenada com diferentes beges ou outras cores da natureza. FENDI 1. Lenço em seda, ¤ 155, Hermès. 2. Vestido em seda, Diogo Miranda. 3. Shopping bag em pele, Loewe. 4. Óculos em acetato, Tom Ford, na André Ópticas. 5. Casaco em lã e pelo, ¤ 2.760, Chloé, em Mytheresa.com. 6. Alfinete em metal com cristais, Prada. 7. Botins em pelo, ¤ 1.290, Fendi. 8. Vestido em algodão, ¤ 185, Bimba & Lola. 9. Lenço em seda e pelo, ¤ 690, Fendi. 10. Colar em metal e plexiglass, ¤ 340, Marni. 11. Mala em metal e pele, Louis Vuitton. 12. Luvas em pele e pelo, ¤ 790, Fendi. 13. Blazer em lã, Max Mara. 14. Sapatos em pele, ¤ 900, Céline. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1 CARTEIRAS Ao ombro ou na mão, estes são os modelos que não podem ficar fora do guarda-roupa. 1. Em pele de píton e metal, Lanvin. 2. Em pele de píton, Chloé. 3. Em pele,¤ 3.300, Fendi. 4. Em pele, ¤ 960, Marni. 2 3 4
  • 79. Vogue 220x285.indd 1 7/23/15 6:11 PM
  • 80. 80 VOGUE SETEMBRO 2015 P O R P A T R Í C I A B A R N A B É Este é o top Vogue de novos discos lançados agora por artistas ou bandas onde as miúdas são protagonistas. No capítulo das cantoras-compositoras rock cheeky, temos a australiana Courtney Barnett, Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit, (Mom+Pop), ou Laura Marling e ShortMovie (Ribbon Music/Virgin Emi), cheias de mundos privados e palavras confessionais e certeiras. No capítulo, regresso ao rock dos anos 90: os Kid Wave, banda de jovens roqueiros suecos a viver em Londres, que nos lembram as Riot Grrrls dos anos 90, na sua estreia Wanderlust (Heavenly Recording); Joanna Gruesome, uma rapariga entre rapazes e com uma raiva rebelde em Peanut Butter (Turnstile); Nadine Shah e Fast Food (R&S Records), para os fãs de Anna Calvi. No capítulo “não sabemos de que planeta são, mas sabem dançar”: a dupla THEESatisfaction e os grooves atmosféricos de Earthee (Sub Pop) – atenção que elas andam a dar concertos em Portugal; a DJ Maya Jane Coles e a sua coleção de mixes de dança suave e noturna em Nocturnal Sunshine (I Am Me). E a frescura pop dos californianos Summer Camp com Bad Love (Moshi Moshi). Smells like teen spirit. LAS ROCKAM Na reta final do verão, a Vogue só vai aos festivais incontornáveis ou aos que saem dos carris das multidões, onde estão as tendências. É o caso dos Jardins Sonoros, celebração de dança ao ar livre com Nicolas Jaar, Jazznova, Nina Kraviz, Todd Terje, ou os portugueses Isilda Sanches, Mirror People e Rui Miguel Abreu. No mesmo dia, dentro de portas, realiza-se o Magafest, nascido das MagaSessions (sessões de música na intimidade de uma casa no Saldanha, desde 2012), agora na Casa Independente, no Intendente. Entre conceituados e novos talentos, nesta segunda edição teremos Norberto Lobo, Carlos Bica, Filho da Mãe, Lula Pena ou Jibóia, entre outros. Na ilha da Madeira, estão a atravessar o verão 14 concertos… num hotel. Com lotação para 400 pessoas e mediante guestlist. Ainda pode ver Bianca Casady & The CIA, Johanna Glaza, as brasileiras Bárbara Eugénia e Leo Cavalcanti, os Batida, Paus, PZ, o pianista Júlio Resende. Lisb-on, Jardins Sonoros, dias 5 e 6 de setembro no Parque Eduardo VII; Magafest, dia 5, na Casa Independente, ambos em Lisboa. Concertos L, até 26 de setembro, na Estalagem da Ponta do Sol, Madeira. Festivais diferentes PORTAS LARGASInaugurou na capital um espaço único que recebe mentes criativas de todo o mundo, exposições e eventos culturais que não têm espaço oficial no nosso país. Chama-se O Apartamento e “é uma porta de Lisboa para o mundo e do mundo para Lisboa, a casa de todas as ideias”, diz o seu mentor, Armando Ribeiro. Já recebeu a revista Cereal de Bristol, a OpenHouse de Barcelona e a digital Freunden Von Freunden. Organiza livrarias Pop Up Arty onde esteve a alemã Gestalten e estará duas das principais editoras de Moda, a Rizzoli, de Nova Iorque e a francesa Assouline, em setembro e dezembro. Outubro será convidada a revista Suitcase e em novembro os Klein Agency. Lisboa com vistas largas e cada vez mais cosmopolita. O Apartamento, Av. Duque de Loulé, 1, 5º Dto, Lisboa. Detalhes em www.oapartamento.com. A MELHOR MÚSICAÉ reconfortante uma rentrée feita de concertos de primeira água, no silêncio de uma sala. Dois regressos: Patti Smith, depois da maravilha que espalhou no Primavera Sound (a Vogue esteve lá e confirma a grandeza e a comoção); e o regresso de Lloyd Cole, desta vez sem guitarras e em versão eletrónica. Convidou o português André Gonçalves para subir ao palco do Maria Matos e partilhar o amor de ambos pelos sintetizadores modulares. Com eles vão estar Nuno Moita, no computador, e Luís Desirat, na bateria. Também é de espreitar Angel Olsen, uma das nossas vozes femininas preferidas da folk, com o beneplácito do genial Bonnie “Prince” Billy. Patti Smith, Coliseu dos Recreios, 21 setembro; Lloyd Cole Live Electronics com André Gonçalves, dia 22, no Teatro Maria Matos e Angel Olsen na Trienal de Arquitectura de Lisboa, dia 8, no Campo de Santa Clara.Lloyd Cole Live Electronics Kid Wave Manolo Blahnik, a nova edição da Rizzoli.
  • 81. FOTOGRAFIA:CHLOËSEVIGNY,RIZZOLINY2015.D.R. Charles Bradley Valter Vinagre Regresso do Fashion Film Festival – o único em Portugal. Nesta segunda edição, ganhou a chancela da EFFE, Europe for Festivals, Festivals for Europe, uma parceria com o Berlim Fashion Film Festival, e a Vogue estará no júri. O festival volta a premiar películas nacionais nas categorias de Filmes de Moda de Autor e Filmes de Moda de Marca e agora na nova categoria, a dos Têxteis Técnicos, onde Portugal ocupa um dos lugares cimeiros ao nível mundial. O tema é o futuro, ou não estaríamos a falar de Moda, e da promoção e da criatividade dos seus filmes. A competição está aberta para todos os Filmes de Moda nacionais, com duração máxima de 15 minutos, que podem ser submetidos de forma gratuita através do email fashionfilmfestival@portofashionweek.com, até 6 de setembro. Mais pormenores para acompanhar em www.portofashionfilmfestival.com. Fashion Film Festival, 3 de outubro, no CEIIA, Porto. á ao cinemaSaúda-se a iniciativa da Medeia Filmes para fazer programações especiais dedicada a cineastas de primeira água. Pela primeira vez por cá, vamos poder ver a obra integral do francês Jacques Tati em versões digitais e restauradas, incluindo as suas curtas, numa programação que se estende entre o fim de agosto e o início de setembro, quando sobe ao Porto, ao Teatro do Campo Alegre. Entretanto, investigue estes filmes, já em cartaz ou mesmo a chegar: O Jovem Prodígio T. S. Spivet, de Jean Pierre-Jeunet, Lost River, do ator Ryan Gosling, Regresso a Casa, de Zhang Yimou, O Verão de May, de Cherien Dabis, Bando de Raparigas, de Céline Sciamma, Uma Nova Amiga, a nova fita de François Ozon, e O Mundo Fora do Lugar, de Margarethe von Trotta. Jacques Tati no Espaço Nimas e no Teatro do Campo Alegre, de 20 de agosto a 1 de setembro. Luz e sombraRESULTADO DA RESIDÊNCIA ARTÍSTICA EM MACAU, DO ARTISTA JOSÉ JÚLIO DUARTE E EM RELAÇÃO ESTREITA COM O CURADOR NATXO CHECA. LUZ E SOMBRA, CALOR E FRIO, CATALISADOR DE REAÇÕES QUÍMICAS, O RESULTADO CHAMA-SE MERCÚRIO E É UM CONJUNTO DE FOTOGRAFIAS IMPACTANTES E POÉTICAS, NA CONTINUAÇÃO DO TRABALHO SOBRE CASINOS QUE TEM VINDO A DESENVOLVER E JÁ EXPLORADO EM WHITE NOISE. Mercúrio, de António Júlio Duarte, na Galeria Zé dos Bois, até 19 de setembro. FILMES DE MODA Por muito fado que corra nas veias da nova geração, regressamos sempre à diva. Depois de Amália, As vozes do Fado, que reúne os nossos talentos – de Ricardo Ribeiro, Camané e António Zambujo, a Ana Moura ou Gisela João – à volta dos fados de Amália, chega a reedição de Fado Português. Conotado como novo fado quando foi lançado, em 1965, faz agora 50 anos e foi o disco que popularizou Alain Oulman. Junta o alinhamento original do LP e temas inéditos das sessões de gravação, a partir das bobinas originais, mantendo o som mono primitivo, inédito em CD. Amália Rodrigues, Fado Português, ed Valentim de Carvalho. 50 ANOS DE AMÁLIA O Meu Tio, de Jacques Tati. Há Festa na Aldeia, de Jacques Tati.
  • 82. 82 VOGUE SETEMBRO 2015 FOTOGRAFIA:RUICARLOSMATEUSELUÍSSANTOS/CORNUCÓPIA;TADEUDEFRANÇAMACHADO/TEATRODAGARAGEM. ZAPPING palco muitoesperadooespetáculoqueabrea temporadadoTEATROS.LUIZ,emLisboa. Chama-se BAILE e é assinado por CARLA MACIEL E SARA CARINHAS. De 9 a 20 de setembro veremos cinco mulheres em palco, incluindo as autoras, orientadas pelo coreógrafo VICTOR HUGO PONTES, e uma banda dirigida por PAULO FURTADO, aka The Legendary Tiger Man. Alternam-se quadros visuais e musicais, “histórias em jeito de canções que rendem homenagem à alegria. Mas eis que vemamaldadeporentreamelodiaafazerlembrar o mundo”. Estas mulheres tentam adiar o fim, amparadasnamúsicaenadança,quetantasvezes nos salvam. Imperdível será também UMA MULHER SEM IMPORTÂNCIA, a partir da obra de 1892, de OSCAR WILDE,críticamordazehumoradaàaltasociedade londrinadefinaisdoséculoXIX,frivolidadeeluci- dez. Começa no ambicioso Arbuthoth, mas são elas que sobressaem, seja a irreverente Miss HesterouabossyLadyCaroline,numapeçaonde se subvertem as representações tradicionais do género feminino. Regresso da companhia TRUTA, com encenação de JOAQUIM HORTA, de 10 a 19 de setembro, ao TEATRO MARIA MATOS, com CLÁUDIA GAIOLAS, JOANA BÁRCIA, LIA GAMA ou MARIA JOÃO ABREU vestidas por JOSÉ ANTÓNIO TENENTE. Aindanotemafeminino,oTEATRO DA GARAGEM estreia, a 8 de outubro, GRAÇA: SUÍTE TEATRAL EM Não faltam razões para se sentar na primeira fila. Os palcos enchem-se agora de poder no feminino e perguntas pertinentes. Aponte na agenda. Por Patrícia Barnabé TRÊS MOVIMENTOS, baseado na vida e obra da pin- tora GRAÇA MORAIS, uma das artistas mais admi- radas pela Vogue. E, dias 25 e 26, o CCB apresenta MUJERES E CRIADOS de LOPE DEVEGA (em castelha- no), uma comédia urbana de 1613, onde se bara- lham as ideias tradicionais de honra, até porque são as mulheres que têm a voz dominante. Logo aseguir,oCCBrecebeocoreógrafofrancêsRACHID OURAMDANE e TENIR LE TEMPS, 16 bailarinos e a músicadeJEAN-BAPTISTEJULIEN quenosconvocam paraareflexão:“Quemtemocontrolosobreoquê nas sociedades velozes de hoje em dia?” Olhar feminista também a norte, já que no TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO, no Porto, de 24 de setembro a 11 de outubro, está TURANDOT OU TRAGICÓMICA FÁBULA CHINESA EM CINCO ATOS, a sofisticada e humorada peça de 1762 do venezia- no CARLO GOZZI. Encenada por JOÃO CARDOSO, passa-se numa Pequim de fantasia repleta de crueldade,ondeabelaemodernaTurandotcanta: “Fazei com que eu possa ser livre; livre para des- denhar do casamento e dos homens, que nos desejam submissas e incapazes…” Ainda no Porto, no TECA, Teatro Carlos Alberto, está MEIO CORPO, de 18 de setembro a 4 de outubro, um espetáculodeRICARDO PAIS baseadonumaversão livre de Igual ao Mundo de JACINTO LUCAS PIRES, comcenografiadoartistaPedroTUDELA.Umsonho encenado, antiquado e futurista, onde uma espé- cie de computador gigante concentra as persona- RENTRÉE DEOUTONO É genseestas procuraminteragir,limitadasporuma Big Sister totalitária que não liberta arbítrios: “um cocktail em traje escuro obrigatório, piano de cauda, música techno e outros efeitos especiais”. Com a mesma pertinência e atualidade crítica, chega-nos HAMLET na versão traduzida pela sensi- bilidade poética de SOPHIA DE MELLO BREYNER, acla- mado na sua estreia no Festival de Teatro de Al- mada, agora no TEATRO DO BAIRRO ALTO/ CORNU- CÓPIA, de 18 de setembro a 17 de outubro. Ence- nadoporLUÍSMIGUELCINTRA,umvastoelenco(Gui- lherme Gomes será um Hamlet jovem e imaturo) leva o espectador de monólogo em monólogo, a pensar a evolução do mundo num debate moral que faz tanto ou mais sentido nos dias de hoje. s ARTISTAS UNIDOS abrem a sua tem- porada no TEATRO DA POLITÉCNICA com novos autores catalães. JORGE SILVA MELO, o seu mentor e encena- dor,explicaasuaescolha:“Omuitoquenãoédito entre estas personagens que vão sendo margina- lizadasporumprogressoqueasignoraéosegredo devidas.”A23desetembroestreiaJOGADORES,de PAUMIRÓelogoaseguirnãovamosperderaautora LLUÏSA CUNILLÉ que fará em Lisboa a estreia mun- dial de O TEMPO, com o charme de AMÉRICO SILVA e MARIA JOÃO PINHO. Na CULTURGEST encontramos sempre bons espectáculos de dança, por isso é de ficar atento a LOÏC TOUZÉ e a CHANCE, seis bailarinos, entre eles aintensaMARLENEMONTEIROFREITAS,queexploram as questões da dança, da memória do corpo às ideias de futuro, passando por extremos de cons- ciência como a hipnose ou a telepatia. n Tenir le Temps de Rachid Ouramdane no CCB. Ao lado, Uma Mulher sem Importância no Maria Matos e, em baixo, Graça: Suite Teatral em Três Movimentos, no Teatro da Garagem.
  • 84. FOTOGRAFIA:GETTYIMAGES;ARLINDOCAMACHO;D.R. ZAPPING privado ARTEMODERNAA visão de um artista é tão rica quanto o universo dos seus gostos. A Vogue aposta em três nomes com ideias fortes para a rentrée. Por Rosário Mello e Castro. É músico a solo ou com os Cais Sodré Funk Connection, ator e professor de Teatro, sorriso de orelha a orelha e estilo a transpirar por todos os poros. Tal como as diferentes áreas em que trabalha, a roupa de palco e a do dia a dia confundem-se na vida de Fernando Nobre (Silk quando canta e a dança). Do pai, herdou o aprumo masculino; com a mãe, que costurava a sua própria roupa, aprendeu a gostar dos padrões e dos tons “de uma geração que valorizava o dress code e a elegância”. Acredita que, tal como o Teatro, a roupa é uma máscara, “a cortina do nosso corpo e espírito, que tanto pode dialogar com ele, estar em consonância ou completamente out”. Não há estilo sem sentido de humor, temos de saber “rir-nos de nós próprios”, afirma. “A curiosidade é o motor disto tudo, vou procurando formas de comunicar, por vezes em palavras, outras vezes com os figurinos, com os meus alunos de teatro, com as emoções e também no silêncio”, diz. Características que saltam à vista no novo álbum dos Cais Sodré Funk Connection, Soul, Sweat & Cut the Crap, que sairá em setembro. É funk e soul a lembrar os clássicos da Motown misturados com a experiência de elementos dos Orelha Negra ou dos Cool Hipnoise. Para Fernando, a arte é um curto-circuito e tudo explode a partir daí. Tanto no encontro de ideias que é este novo disco como nos seus próximos projetos – uma linha de camisas, a encenação de uma peça de teatro só com mulheres e trabalhos em televisão e cinema. Artista visual NOÉ SENDAS FERNANDO NOBREAtor e Músico OS ARTISTAS QUE ADMIRA Marceneiros, ferreiros, sapateiros e alfaiates. CONCERTOS QUE QUER VER Al Green, Rolling Stones, Marcus Miller e Silk. DISCOS A QUE REGRESSA SEMPRE São mais os músicos, como Prince, Cesária Évora, Al Green, Tubarões, Kool and the Gang, Stevie Wonder, Chet Baker, Daniel Cervantes, Mr. Lizard, Otis Redding, Jimmy Smith, Ray Charles, Daft Punk, James Brown, OutKast… UMA PEÇA DE TEATRO A NÃO PERDER Hamlet e o Bom Feeling, com a minha amiga Sara Tavares. OS FILMES DA SUA VIDA Blue Velvet, Casablanca, Os Suspeitos do Costume, O Grito, The Royal Tenenbaums, Ben-Hur. UMA PERSONAGEM DA FICÇÃO D. Quixote, James Bond, Tom Sawyer. UM MUSEU Fundação Calouste Gulbenkian e o Art Institute of Chicago. CIDADES PREFERIDAS Rio de Janeiro, Roma, Maputo, S. Vicente e Lisboa. UM SPOT PARA BEBER UM COPO Park. DESIGNERS PREFERIDOS Joana Astolfi. UMA IMAGEM DE MODA MARCANTE Hermès. ROTEIRO DE LOJAS PREFERIDO Feira da Ladra, Cos e fazer compras online e em lojas vintage. DICAS PARA COMPRAR VINTAGE Mercados de Bricklane, Mendonza e Camden. REFERÊNCIAS DE ESTILO Santos Cabral, Jimi Hendrix, Carolina Fonseca, Osvald Boten, Prince e Oscar Wilde. Daft Punk HERMÈS James Brown Lenço em caxemira, Chanel. A capa de março da revista Wallpaper e uma imagem da série Crystal Girls, 2013.
  • 85. 85VOGUE SETEMBRO 2015 FOTOGRAFIA:GETTYIMAGES;ARLINDOCAMACHO;D.R. RITA RED em a ironia de algumas das suas letras e a graça da sua pop melodiosa, mas Sonhos de uma Rapariga Quase Normal (Guerra & Paz) consegue mostrar um lado completamente diferente de Rita Red Shoes. “Fui dormindo e escrevendo”, conta-nos a cantora, que decidiu reunir em livro 40 sonhos, acompanhados por 40 ilustrações e uma banda sonora a condizer. Há encontros imediatos com Obama e Maria Callas e um casamento inesperado com Passos Coelho. Tudo contado sem filtros num pequeno livro que lhe deu “um sentido de liberdade incrível”, diferente daquele que existe nas suas canções. “No sonho é o meu inconsciente que dita o rumo das imagens e das ideias, não tenho outra hipótese se não expor-me e lidar com isso, nas letras esforço essa exposição que muitas vezes me assusta”, explica. Quando está acordada, Rita concentra-se no seu quarto disco a solo, em fase de composição e gravação, numa residência artística na Tunísia, e nos concertos que vai dar nos Estados Unidos. UM SONHO QUE GOSTARIA QUE FOSSE REAL Ter Maria Callas a cantar-me ao ouvido. ARTISTAS QUE ADMIRA Nina Simone, PJ Harvey, Patti Smith, Laurie Anderson, Jon Brion e mais uma lista de sete páginas. CONCERTOS QUE QUER VER Caetano Veloso com Gilberto Gil. DISCOS A QUE REGRESSA SEMPRE Sea Change, Beck; Chelsea Girl, Nico; To Bring You My Love, PJ Harvey… é inglório, há muitos. O ÚLTIMO LIVRO QUE LEU Palmeiras Bravas, de William Faulkner. UMA PERSONAGEM DA FICÇÃO Peter Pan. UM MUSEU A VISITAR Peggy Guggenheim, em Veneza. A SUA PRÓXIMA VIAGEM Moçambique. MELHORES SPOTS PARA BEBER UM COPO Bicaense na Bica, em Lisboa. UMA IMAGEM DE MODA MARCANTE Frida Kahlo. DESIGNERS E MARCAS PREFERIDAS Zac Posen, Dior, Chanel. COLEÇÕES DE INVERNO QUE LHE CHAMARAM A ATENÇÃO As de Giorgio Armani e Alexandra Moura. SÍMBOLOS DE ESTILO Audrey Hepburn. BÁSICOS DO SEU GUARDA-ROUPA Saia comprida preta, camisa branca e botins. PRODUTOS DE BELEZA INDISPENSÁVEIS Óleo de Rosa Mosqueta, água micelar purificante da La Roche-Posay e creme de rosto Eluage Anti-Age da Avène. oi há quase 20 anos, quando estudava no Ar.Co, em Lisboa, que Noé Sendas apresentou a sua primeira vídeo- -instalação – Cidades Pensamentos. Estava entre residências artísticas, as suas primeiras em Londres ou Paris, e decidiu refletir sobre o impacto das cidades sobre si próprio (nasceu em Bruxelas, cresceu em Lisboa e passou por muitos outros cenários). Agora é em Berlim que trabalha a maior parte do tempo, mas são os pequenos lugares que mais o influenciam. Para a nova temporada, prepara-se para apresentar trabalhos em Valência, Madrid e Paris e gostaria de regressar a Portugal em 2016 para mostrar “uma série de esculturas Nameless, desenvolvidas nos anos 2000 e que nunca foram apresentadas juntas”, conta. Concebeu a capa e um editorial de Moda para a edição de março da Wallpaper e desde 2009 que desenvolve a série Crystal Girls. “O que me proponho é encontrar o erro, a falta ou o excesso de informação que bloqueia a fruição plena de uma imagem, o que a leva a cair no esquecimento”, diz sobre o seu trabalho. “Depois, volto a imprimir (no mesmo formato e tipo de papel) o resultado da minha ação. São imagens gémeas diferentes.” AS GRANDES REFERÊNCIAS DO SEU TRABALHO Lembro-me de, aos 15 anos, gostar de Picasso, Dalí, Matisse, Gaugin, Hockney, Dürer, Fra Angelico, de ficar pasmado a ver a bola de basquete do Jeff Koons na antiga Saatchi Gallery, em Boundary Road. Junte-se a isto 25 anos a ver exposições, a partilhar estúdio com outros artistas e a viver em diversas cidades e o resultado é um pantone de referências. A BANDA SONORA DO SEU TRABALHO Trabalho com headphones. Oiço Thom Yorke, David Byrne entre outros (poucos) em loop, horas sem fim, salto da cadeira se alguém me interrompe. É na velocidade e na repetição de temas como Skip Divided que encontro o meu silêncio. Mas nunca apresentaria o meu trabalho acompanhado por música. UMA PERSONAGEM DA FICÇÃO Molloy. A ÚLTIMA EXPOSIÇÃO QUE VIU Medardo Rosso na Galleria d’Arte Moderna di Milano. A SUA PRÓXIMA VIAGEM Revisitar Atenas e gastar todo o dinheiro que ganhei este ano em Berlim. ONDE VAI PARA DESCONTRAIR? A uma pequena vila piscatória, em Portugal, mas não vou nomear: a ideia é que continue meio esquecida. UM GUILTY PLEASURE Cigarros, mas isso é mesmo um péssimo vício. UMA IMAGEM DE MODA MARCANTE O trabalho de Guy Bourdin para Charles Jourdan. AS MARCAS DE MODA Chanel, Sandro.  AS REFERÊNCIAS DE ESTILO Tilda Swinton e David Bowie.   SHOES Cantora e compositora Benjamin Clementine Maria Callas Uma das ilustrações do primeiro livro de Rita Red Shoes. David Bowie Mr and Mrs Clark and Percy, de David Hockney Carteira em pele, Christian Dior.
  • 86. 86 VOGUE SETEMBRO 2015 FOTOGRAFIA:D.R. ZAPPING música pirataria, o streaming, os discos que se deixaram de vender. A in- dústriadamúsicapodeestarpelas horas da morte, mas se calhar por isso mesmo está a despontar uma nova fornada de talentos furiosos, como há muito não se via. É gente nova completamente mergulhada na música e com urgência de se expor, mais frequentemente dedizercoisasradicais,oumesmoprontaapartir a loiça toda. Gente na casa dos 20 e tais, contes- tatária e rebelde, na mais pura tradição rock ‘n’ roll. Que já está e seguramente vai dar que falar. EzraFurmanéumcasoexemplardestageração do contra. Tem 28 anos de idade, é de origem judaica e vem de Chicago. Gosta de se vestir com peças de roupa de mulher, é assumidamente bis- sexual e tem atrás de si um historial já longo de traumas e depressões. Ezra é, portanto, um espe- cialista em inadaptação e insurgência. Entrou na músicaem2007àfrentedabandadegaragemThe Harpoons e nunca mais parou de disparar farpas em todos os sentidos. Três álbuns de indie rock com essa banda e um primeiro ensaioasolodepois,Ezraassinou comaeditorainglesaBellaUnion e surge agora com um Perpetual Motion People, seguramente um salto em frente e um dos discos mais contagiosos do ano. Não é que tenha mudado de conversa – cada uma das suas 13 canções é um manifesto anti- conformista,emquequestionatudodasuaiden- tidadeaostabusdareligião,passandopeloscódi- gos da normalidade. A diferença é que este novo Ezraprojetaessassementesdetempestadenuma súmulaimparáveldepop/rockalternativo,bara- lhando e voltando a dar fórmulas que fizeram a celebridade de estrelas de culto. Num momento soa a Beach Boys, no seguinte a Roy Orbison. Agora é Violent Femmes, logo depois Modern Lovers. Aqui é Street Band, ali Velvet Under- ground e nunca para de mudar e de soar a Ezra Furman. Perpetual Motion People acaba assim por funcionar como uma montanha russa e um baile paradoxal, na mesma medida em que vai construindouminquietanteautorretratodecrise pessoal sobre uma banda sonora de momentos felizes da tradição indie rock. Traumas e desassossego são tão também o barro em que se molda Welcome Back To Milk, primeiro de Du Blonde, mas segundo de Beth Jeans Houghton. Ela estreou-se há três anos com osHoovesofDestinyeumrockmacio,meiofolk, meio psicadélico, não isento de qualidades, nem deadmiradores.AraparigadeNewcastleseguiu, por consequência, em digressão mundial, mas algures a meio sofreu um esgotamento nervoso equandovoltouaoestúdioparagravartinhaper- dido o fio à meada. Então desfez a banda e deci- diu reinventar-se, volte-face radical que teve o condãodeobscurecerasuaprimeiraencarnação musical em três tempos. gora, aos 25 anos de idade e sob o alias de Du Blonde, Beth Jeans Houghtonfaz-seretratarnuanacapa de  Welcome Back To Milk. Ou me- lhor, com pouco mais que uma banda peluche sobreogenital,umcasacoeunsténisbrancoscom soquetes a condizer. Há erotismo, mas também muitaprovocaçãonoassumirdesteguarda-roupa minimal. É uma imagem que simboliza todo um golpederins,essarotaçãodadelicadezaparaavis- ceralidade, da suavidade para a combustão. Beth Jean assume, portanto, um figurino de mulher com garras, enrijecida e masculanizada, mas que também não se reduz a esse lugar-co- mum. Sim, há elementos de punk e de metal, sítios em que Welcome Back To Milk reconduz a Black Sabbath ou aos Black Flag. Mas esses são semprepontosdepartidaparacançõesintempes- tuosas,quefazemquestãodecruzargénerose TALENTOS FURIOSOSJovens, irados e talentosos. São o denominador comum a Ezra Furman, Du Blonde e Torres. Nomes musicais que vale a pena ouvir agora e seguir com muitos repeats. Por Luís Maio. A Ezra Furman Torres Du Blonde
  • 87. Desporto . Saúde . TrabalhoT E S T E De 00 a 04 pontos Você e a tecnologia não se dão bem. Tem de fazer alguma coisa para salvar a relação. De 04 a 09 pontos O seu nível é médio. A tecnologia pode fazer mais pela sua saúde e eficiência no trabalho. Mais de 9 pontos A utilização que dá à tecnologia em prol da sua saúde e da eficiência no trabalho é excelente. Some 2 pontos por cada resposta A, 1 ponto por cada resposta B e 0 pontos por cada resposta C. Avalie a sua relação com a tecnologia com as pontuações à direita. A. Sim, pergunto à minha cara metade. 1 B. Sim, uso tecnologia para análise da qualidade do sono. C. Não me lembro. Estou a dormir. Analisa a qualidade do seu sono? A. Só no contador da passadeira do ginásio. B. Sim, uso tecnologia portátil para medição permanente de passos e calorias. C. Não contabilizo as que gasto e perdi a conta às que ganho. 2 Faz uma medição das calorias que gasta diariamente? A. Chamadas, mail e Facebook. 3 B. Além do normal, monitorização física e gestão de agenda. C. Ainda tenho um bip. Qual o uso que dá ao seu telemóvel? A. Não, mas tenho phones com fios. B. Sim, tenho. C. Isso é um dente azul que range ao ouvido? 4 Tem auricular Bluetooth? A. Levo o telemóvel no bolso. B. Sim, tenho uma pulseira desportiva, conectável ao telemóvel. C. Não, só tenho uma pulseira do senhor do Bomfim. 5 Tem algum equipamento conectável para desporto? A. Uso o relógio e/ou agenda do PC. B. Defino atividades e metas com a minha pulseira conectável. C. O meu objetivo é chegar a casa e dormir. 6 Como define os seus objetivos e alertas diários? Faça o teste Huawei P8 e descubra. Conectividade sem limites Tire fotografias fantásticas em qualquer momento, controle cada imagem com o estabilizador ótico e liberte a sua criatividade nas fotos noturnas com a funcionalidade Light Painting. O parceiro ideal TalkBand B2 A escolha inteligente para monitorizar as suas atividades diárias. Escolha uma vida mais prática e saudável. A Talkband B2 tem o design elegante e confortável que combina com todos os momentos do dia-a-dia. Está equipado com a tecnologia certa? Apoio ao cliente: 808 10 60 61 email: mobile.pt@huawei.com huaweiportugal Huawei Device Portugal huawei.com C M Y CM MY CY CMY K AF VOGUE.pdf 1 24/07/15 17:09