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As características de Fernando Pessoa
A criação heterónima
O facto de se sentir múltiplo faz com que o poeta se senta sem identidade,
sinta que ele nem existe, sinta que dentro dele havia vários “eus” que se
presentificaram através de diferentes escritas – os seus heterónimos;
Constantemente amargurado por problemas metafísicos e existenciais que se
prendem com a unidade/fragmentação do “eu” – “Continuamente me
estranho/ Nunca me vi nem achei”;
A dissolução do “eu”/Fragmentação do “eu”/O Ortónimo (a diversidade/o ser
plural) e os “outros” (heterónimos);
“Quantas almas tenho” “Diverso” e “trábil”– diversidade;
“Torno-me eles e não eu” – surgimento de outras identidades;
“Mudei”;
“E do que nasce e não meu” – a criação de outros;
“Fui eu?” – Interrogação existencial acerca da criação poética.
Aspetos temáticos
A nacionalização/intelectualização dos sentimentos e das emoções;
Tem, necessariamente, de fingir e isto significa imaginar, intelectualizar os
sentimentos e as emoções, aquilo que sente tem de ser transfigurado,
trabalhado mentalmente;
A fragmentação do eu;
Sempre lúcido e racional, condenado ao vício de pensar que o impede de ser
feliz;
Dor de pensar “O que em mim sente está pensando”
A angústia e o tédio existenciais;
Refugia-se no mundo onírico e no tempo da infância;
A infância como o paraíso perdido;
O humor e a ironia.
Linguagem e Estilo
Linguagemsimples e sóbria;
Emprego de aspetos característicos de lírica tradicional (ritmo embalatório,
metro curto, preferência pela quadra, …).
Orpheu – Revista literáriana qual secruzamescritores eartistas plásticoseque assinalao nascimento
do modernismo em Portugal.
2. Fernando PessoaeHeterónimos Página 2
Síntese dos principais aspetos de produção poética de Caeiro
O primeiro a quem Fernando Pessoa deu voz;
Assumido como o “mestre”;
Poeta simples e natural;
Valorização dos sentidos;
Não acredita em Deus pois não o vê, mas consegue ver o milagre da
transformação e renascimento contínuos da natureza “Não acredito em Deus
porque nunca o vi, Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria
falar comigo, …” “Mas se Deus é as flores e as árvores, E os montes e sol e o
luar, Então acredito nele, …”;
Predomínios da visão, os outros sentidos surgem por acréscimo;
Contacto direto com a natureza – perfeita simbiose (A relação íntima e direta
com a Natureza – Parteísmo);
Atitude conformista face à realidade aceitando serenamente o mundo tal qual
ele é;
Recusa do pensamento - Metaforicamente “Guardador de rebanhos” sendo
que o rebanho são os seus pensamentos que são apenas sensações;
Privilegia o dia (observação do real) e menospreza a noite (tempo de
pensamento) – vê o mundo apenas com os “olhos” e nunca com a mente;
Vive apenas o momento presente, usufruindo a cada instante do prazer de
sentir o que o rodeia;
Auridade e a não fragmentação do eu;
A reconciliação consigo próprio e com o mundo;
O privilegiar do sentir em relação ao pensar - “A sensação é tudo” e “O
pensamento uma doença”;
A concretização do abstrato.
Linguagem e Estilo
Linguagemobjetiva e simples;
Pouca variedade lexical;
Pouca adjetivação – Quando surge serve, fundamentalmente, para dar uma
característica que pode ser percetível por um sentido;
Verbos no presente do indicativo, gerúndio e infinito (poesia deambulatória);
Liberdade estrófica, métrica, rimática e versilibrismo;
Prosaísmo – verbo livre;
Uso da comparação e Paradoxo;
Predomínio da coordenação.
Poesia sensacionista;
Usa a 1ª pessoa do singular – Predomínio do nome concreto;
Lirismo espontâneo e ingénuo.
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Síntese dos principais aspetos de produção poética de Ricardo
Reis
Pessoa projetou-o na Antiguidade Clássica, criando-o e identificando-o com a
disciplina e o rigor;
Assimila do Mestre Caeiro, o gosto pela Natureza, o paganismo, a aceitação da
ordem das coisas ao gozar a vida;
Sempre lúcido e consciente;
Passou a vida a tentar não sofrer e esqueceu-se de viver;
Aprendeu e identificou-se com as filosofias estoico-epicuristas;
Faz a apologia da tranquilidade (ataraxia) e da passividade e alheamento
(apatia) das responsabilidades;
Assume uma postura de contenção e cálculo racionalizado das emoções de
forma a enfrenta a efemeridade da vida e a inexorabilidade da morte, ditada
pelo Fado/destino;
Vive um “Carpe Diem” moderado face à antevisão da morte;
Poeta Pagão;
Transmite um tom didático na sua poesia, comprovado pelo decorrente uso
vocativo e do imperativo, de modo a transmitir uma lição de vida.
Linguagem e Estilo
Hipérbole;
Verbos no gerúndio, imperativo e conjuntivo;
Latinismos (vocabulário erudito) – vólucres/volátil;
Uso de advérbios de modo;
Apóstrofes;
Irregularidade métrica – oscilando, por vezes, entre verbos hexassílabos e
decassílabos;
Versos brancos (não rimam);
Composição poética – Ode – influência horaciana.
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Síntese dos principais aspetos de produção poética de Álvaro
de Campos
Sensações trabalhadaspelo exercício mental
Alberto Caeiro “O Mestre” Caeiro – sensações intuídas/espontâneas
Sensações
Heterónimo mais próximo de Fernando Pessoa
Único heterónimo cuja poesia tem um caráter evolutivo, passando por três
fases;
Fases da sua poesia:
1ª Fase – Decadentista – sentimentos de tédio, cansaço e necessidade de novas
sensações (produção: Opiário):
Reflexo da falta de um sentido para a vida e a necessidade de fugir à
rotina – ópio (exemplo: opiário – viagemao Oriente (exotismo), sonho)
“O filho indisciplinado das sensações” – imita o Mestre na fruição das
sensações, só que lhes adiciona a imaginação;
Egocentrismo
2ª Fase – Futurista – exaltação da força, da violência, do excesso; apologia da
civilização industrial; intensidade e velocidade (a euforia desmedida) -
(produção: Ode Triunfal; Ode Marítima; Saudação a Whitman)
Deseja “sentir tudo de todas as maneiras” (Sensacionismo), saindo,
assim, e por influência do mestre da sua fase decadentista: abraça a
modernidade;
Conceção não aristotélica de Arte – valorização da máquina, da
velocidade, da força e não da beleza;
Apologia da civilização mecânica, da indústria e da técnica;
Atitude escandalosa, chocante – transgressão da moral estabelecida;
Predomínio da emoção torrencial e espontânea – recurso a interjeições
e onomatopeias;
Influência do poeta americano Walt Whitman – defesa de um homem
novo, amoral, apologista a violência, insensível, que domina o mundo
através da técnica;
Influência do italiano Marinetti que faz a apologia da velocidade da
força;
“Dolorosa luz” – dolorosa (táctil), luz (visual) – mistura de sensações.
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5. Fernando PessoaeHeterónimos Página 5
Modernismo Futurismo Sensacionismo
Fábrica Discurso caótico “Sentir tudo de todas as
maneiras”
Máquinas Vários tipos de letras Sensações vão crescendo
até ao delírio sensações
erotizadas – relação e
identificação com a
máquina
Meios de transporte Desvios sintáticos Excesso de discurso:
Gente/coletivo - Apóstrofe
- Interjeições
- Exclamações
3ª Fase – Intimista – Abatimento e angústia que o descontentamento de si e
dos outros lhe provocam (produção: Lisbon Revisted, Esta velha angústia,
Aniversário, O que há em mim é sobretudo cansaço)
A depressão, o cansaço e a melancolia perante a incapacidade das
realizações;
Incompreensão, desejo de distanciação dos outros/sociedade;
Saudades da infância;
Nostalgia;
Desejo de morte.
Linguagem e Estilo:
Presença do prosaico, do quotidiano, do banal (que é poetizado);
Verso livre (ou branco), longo entrecortado, por vezes, por versos curtos;
Estilo torrencial e esfuziante, onde é bem visível uma determinada dinâmica
(sobretudo nos poemas de fase futurista), provocando um ritmo, de certa
forma, desordenado;
Uso recorrente de repetições, anáforas, apóstrofes e enumerações; recurso a
exclamações, interjeições e reticências;
Utilização de comparações e metáforas inesperadas, bem como de antíteses
fortes e de alguns paradoxos;
Recurso às aliterações e às onomatopeias.
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Ricardo Reis
. Epicurismo: carpe diem
e disciplina estoica
. Indiferença cética,
ataraxia
. Semipaganismo,
classicismo
. Vive o drama da
fugacidade da vida e da
fatalidade da morte
Alberto Caeiro
“Mestre” dos outros
. Paganista existencial
. Poeta da Naturezae da simplicidade
. Interpretao mundo a partir dos sentidos
. Interessa-lhe a realidade imediata e o real objetivo que as sensações
lhe oferecem
. Nega a utilidade do pensamento, é antimetafísico
Pessoa Ortónimo
. Tensão
sinceridade/fingimento,
Consciência/inconsciencia,
Sentir/pensar
. Intelectualização dos
sentimentos
. Intersecionismo entre o
material e o sonho, a
realidade e a idealidade
. Uma explicação através do
ocultismo
Álvaro de Campos
. Decadentismo – o tédio, o cansaço e a necessidade de novas
sensações
. Futurismo e sensacionismo – exaltação da força, da violência, do
excesso; apologia da civilização industrial; intensidade e velocidade (a
euforia desmedida);
. Intimismo – a depressão, o cansaço e a melancolia perantea
incapacidade das realizações; as saudades da infância
Fernando
Pessoa