SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 13
Descargar para leer sin conexión
Camões

         Corrente renascentista
O dia em que eu nasci, moura e pereça,
não o queira jamais o tempo dar,
não torne mais ao mundo, e, se tornar,
eclipse nesse passo o sol padeça.

luz lhe falte, o sol se lhe escureça,
mostre o mundo sinais de se acabar,
nasçam-lhe monstros, sangue chova
o ar, a mãe ao próprio filho não conheça.

s pessoas pasmadas de ignorantes,
as lágrimas no rosto, a cor perdida,
cuidem que o mundo já se destruiu.

Ó gente temerosa, não te espantes,
que este dia deitou ao mundo a vida
mais desgraçada que jamais se viu!
TEMA
                               A maldição da existência

O dia em que eu nasci, morra e pereça,          O seu nascimento foi maldito. O fatalismo.
Não o queira jamais o tempo dar,
                                                Diferencia-se dos outros homens até na
Não torne mais ao mundo e, se tornar,
Eclipse nesse passo o sol padeça.               desgraça. Ele é superior, o seu nascimento foi
                                                apocalíptico. O eclipse corresponde ao fim do
A luz lhe falte, o sol se lhe escureça,         mundo, era uma intenção divina.
Mostre o mundo sinais de se acabar,
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.

As pessoas pasmadas, de ignorantes,             O poeta amaldiçoa o dia em que nasceu e
As lágrimas no rosto, a cor perdida,            deseja, se se voltar a repetir, se deem
Cuidem que o mundo já se destruiu.
                                                fenómenos extraordinários para que todos
Ó gente temerosa, não te espantes,              fiquem sabendo que nesse dia nasceu a
Que este dia deitou ao mundo a vida             pessoa mais desgraçada.
Mais desgraçada que jamais se viu!



               Recusa do dia em que nasceu. Desconcerto pessoal. AUTOBIOGRAFIA
Assunto: O sujeito poético fala sobre o
                                          tempo em que nasceu, revelando
                                          sentimentos disfóricos de que esse
O dia em que eu nasci, morra e pereça,
                                          acontecimento nunca se devia ter
Não o queira jamais o tempo dar,          acontecido.
Não torne mais ao mundo e, se tornar,
Eclipse nesse passo o sol padeça.

A luz lhe falte, o sol se lhe escureça,
Mostre o mundo sinais de se acabar,       Soneto apocalíptico.
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,   Referências bíblicas: Apocalipse e base no
A mãe ao próprio filho não conheça.       Livro de Job. O poeta, a diferença de Job, perde
                                          a confiança.
As pessoas pasmadas, de ignorantes,
                                          Imagens violentas (sangue chova o ar).
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.        Hipérbole.
                                          Referência ao leitor futuro (ó gente temerosa).
Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!
                                                  Moura/pereça/padeça = morra;
                                                  Rostro = rosto/face;
                                                  Cuidem = saibam;
                                                  Desaventurada = infeliz;
Estrutura interna
                                 Desenvolvimento do tema


O dia em que eu nasci, morra e pereça,
Não o queira jamais o tempo dar,             Amaldiçoa o dia em    Divisão em partes:
Não torne mais ao mundo e, se tornar,           que nasceu         •1ª. parte: 1ª. quadra -
Eclipse nesse passo o sol padeça.                                  Maldição ao mundo.

A luz lhe falte, o sol se lhe escureça,                            •2ª. parte: 2ª. quadra
                                             Cenário monstruoso
Mostre o mundo sinais de se acabar,                                e    1º.   terceto   -
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,                            Recriação    de    um
A mãe ao próprio filho não conheça.                                cenário    monstruoso
                                                                   para uma eventual
As pessoas pasmadas, de ignorantes,                                repetição do dia em
As lágrimas no rosto, a cor perdida,         Prevê a reacção das   que nasceu.
Cuidem que o mundo já se destruiu.                 pessoas
                                                                   •3ª. parte: 2º. terceto -
Ó gente temerosa, não te espantes,                                 Recusa do dia em que
Que este dia deitou ao mundo a vida          Lança o repto final   nasceu.
Mais desgraçada que jamais se viu!
Estrutura interna
                                 Desenvolvimento do tema


O dia em que eu nasci, morra e pereça,        O eu lamenta ter nascido, assumindo uma
Não o queira jamais o tempo dar,              atitude masoquista nos pedidos formulados,
Não torne mais ao mundo e, se tornar,         cujos efeitos poderão atingir toda a
Eclipse nesse passo o sol padeça.             humanidade.
                                              O dia do nascimento surge aqui amaldiçoado
A luz lhe falte, o sol se lhe escureça,       mas também personificado, sugerindo o seu
Mostre o mundo sinais de se acabar,           poder destruidor.
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.
                                              Efeitos produzidos nos humanos pela
As pessoas pasmadas, de ignorantes,           transformação que o sujeito espera que
As lágrimas no rosto, a cor perdida,          ocorra na natureza.
Cuidem que o mundo já se destruiu.
                                              Justifica-se e confirma-se o pedido auto e
Ó gente temerosa, não te espantes,
                                              heterodestrutivo que inicia e percorre todo
Que este dia deitou ao mundo a vida
                                              o texto.
Mais desgraçada que jamais se viu!
O dia em que eu nasci, moura e pereça,
                                              não o queira jamais o tempo dar,
                                              não torne mais ao mundo, e, se tornar,
                                              eclipse nesse passo o sol padeça.
1º momento: constitui a maldição e depois
a recriação de um cenário monstruoso que      luz lhe falte, o sol se lhe escureça,
                                              mostre o mundo sinais de se acabar,
o poeta deseja que se materialize numa
                                              nasçam-lhe monstros, sangue chova
eventual   repetição   do   dia   do   seu
                                              o ar, a mãe ao próprio filho não conheça.
nascimento.
                                              s pessoas pasmadas de ignorantes,
                                              as lágrimas no rosto, a cor perdida,
                                              cuidem que o mundo já se destruiu.
2º momento: constitui uma justificação
perante a “gente temerosa” da razão da        Ó gente temerosa, não te espantes,
recusa do dia em que nasceu da violência de   que este dia deitou ao mundo a vida
um cenário desejado para a sua eventual       mais desgraçada que jamais se viu!
repetição.
MODOS VERBAIS UTILIZADOS


O dia em que eu nasci moura e pereça.
Não o queira jamais o tempo dar,
Não torne mais ao mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o sol padeça.

A luz lhe falte, o céu se lhe escureça,          • Conjuntivo
Mostre o mundo sinais de se acabar,              • Infinitivo
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,          • Indicativo
A mãe ao próprio filho não conheça.

As pessoas, pasmadas de ignorantes,
As lágrimas no rostro, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.

Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao mundo a vida
                                                 • Indicativo
Mais desaventurada que se viu!
Forma poética e rimas
                                                    Soneto com rimas:
O dia em que eu nasci moura e pereça. A
Não o queira jamais o tempo dar, B
                                                   Interpolada
Não torne mais ao mundo, e, se tornar, B
Eclipse nesse passo o sol padeça. A

A luz lhe falte, o céu se lhe escureça, A
Mostre o mundo sinais de se acabar, B               Emparelhada
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, B
A mãe ao próprio filho não conheça. A

As pessoas, pasmadas de ignorantes, C
As lágrimas no rostro, a cor perdida, D
Cuidem que o mundo já se destruiu. E
                                                     Interpolada
Ó gente temerosa, não te espantes, C
Que este dia deitou ao mundo a vida D
Mais desaventurada que se viu! E

                                            Esquema rimático: ABBA / ABBA / CDE / CDE
Recursos estilísticos
                                                     Pleonasmo - Reiteração da maldição.
   O dia em que eu nasci moura e pereça.
   Não o queira jamais o tempo dar,
   Não torne mais ao mundo, e, se tornar,                       •Hipérbole: "Não o queira
                                                                jamais… destruiu", "Que este dia…
   Eclipse nesse passo o sol padeça.         Inversão           que jamais se viu" - Acentuar bem
                                                                toda a maldição que lança sobre o
   A luz lhe falte, o céu se lhe escureça,                      dia do seu nascimento.
   Mostre o mundo sinais de se acabar,
   Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,      Metáfora: “Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar”
   A mãe ao próprio filho não conheça.
                                                            Enumeração
   As pessoas, pasmadas de ignorantes,
                                               •Adjetivação: "pasmadas, perdida, temerosa" -
   As lágrimas no rostro, a cor perdida,            Palavras carregadas de negativismo.
   Cuidem que o mundo já se destruiu.

   Ó gente temerosa, não te espantes,         Apóstrofe        •Nomes         carregados         de
                                                               negativismo: "eclipse, monstros,
   Que este dia deitou ao mundo a vida                         sangue, lágrimas" - Terror, medo.
   Mais desaventurada que se viu!

                                             •Modo conjuntivo: "lhe falte", "se escureça", "nasçam-
Anáfora: “Não/ Não”
                                             lhe" - Traduz o intenso desejo de amaldiçoar tudo.
O dia em que eu nasci, morra e pereça,               O “eu”
Não o queira jamais o tempo dar,                  amaldiçoa o dia
Não torne mais ao mundo e, se tornar,             em que nasceu
Eclipse nesse passo o sol padeça.

A luz lhe falte, o sol se lhe escureça,
Mostre o mundo sinais de se acabar,                                     Efeitos
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,   Maldições                 produzidos nas
A mãe ao próprio filho não conheça.                                    pessoas

As pessoas pasmadas, de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.           Apela às pessoas para que não
                                             se espantem, pois naquele dia
                                              nasceu o ser mais infeliz do
Ó gente temerosa, não te espantes,                      Mundo
Que este dia deitou ao mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!
Este texto coloca-nos de chofre em contato com o que há de mais íntimo e
pro-fundo em Camões, isto é, em contato com o próprio poeta.
E como? Em primeiro lugar, pela estreita relação Camões-poeta e Camões-
personagem, Camões-sujeito e Camões-objeto da sua poesia. Depois, pela
situação de desespero que aparece como ponto de chegada de uma série
de temas: ilusão, engano, desengano, sofrimento, frustração... Em terceiro
lugar, pelo tom de ira e furor, de revolta cega, e contudo lúcida,
especificamente camoniana. E depois, ainda, por temas muito
caraterísticos e definidores da visão da vida do poeta: a ligação do
nascimento e da morte; as relações ambíguas com a mãe; a visão de si
próprio como um ser desmesurado, mesmo monstruoso; a sensação de
desgraça maior.

                                         MATOS, Maria Vitalina Leal de, 1987.
                                                Ler e Escrever. Lisboa: IN-CM
Disciplina: Português
Prof.ª: Helena Maria Coutinho

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Sermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos PeixesSermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos PeixesPaula Oliveira Cruz
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106nanasimao
 
Lírica camoniana
Lírica camoniana Lírica camoniana
Lírica camoniana Sara Afonso
 
Crónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão LopesCrónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão LopesGijasilvelitz 2
 
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do PoetaCanto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do PoetaCatarina Sousa
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaDina Baptista
 
Valor modal das frases
Valor modal das frasesValor modal das frases
Valor modal das frasesnando_reis
 
Gil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraGil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraDavid Caçador
 
Resumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoResumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoRaffaella Ergün
 
Fernando Pessoa Prece
Fernando Pessoa PreceFernando Pessoa Prece
Fernando Pessoa PreceSamuel Neves
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesAnaGomes40
 

La actualidad más candente (20)

Sermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos PeixesSermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos Peixes
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
 
Cantigas de amigo
Cantigas de amigoCantigas de amigo
Cantigas de amigo
 
Lírica camoniana
Lírica camoniana Lírica camoniana
Lírica camoniana
 
Crónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão LopesCrónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão Lopes
 
Canto vii est 78_97
Canto vii est 78_97Canto vii est 78_97
Canto vii est 78_97
 
Amor é fogo que arde
Amor é fogo que ardeAmor é fogo que arde
Amor é fogo que arde
 
Canto viii 96_99
Canto viii 96_99Canto viii 96_99
Canto viii 96_99
 
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do PoetaCanto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
 
áLvaro de campos
áLvaro de camposáLvaro de campos
áLvaro de campos
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
 
OCEANO NOX_Análise.ppsx
OCEANO NOX_Análise.ppsxOCEANO NOX_Análise.ppsx
OCEANO NOX_Análise.ppsx
 
Lírica camoniana
Lírica camonianaLírica camoniana
Lírica camoniana
 
Valor modal das frases
Valor modal das frasesValor modal das frases
Valor modal das frases
 
Gil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraGil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereira
 
Resumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoResumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões lírico
 
Nevoeiro
Nevoeiro   Nevoeiro
Nevoeiro
 
Fernando Pessoa Prece
Fernando Pessoa PreceFernando Pessoa Prece
Fernando Pessoa Prece
 
Autopsicografia e Isto
Autopsicografia e IstoAutopsicografia e Isto
Autopsicografia e Isto
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixes
 

Destacado

Aquela cativa Poema e Análise
Aquela cativa Poema e AnáliseAquela cativa Poema e Análise
Aquela cativa Poema e AnáliseBruno Jardim
 
Um mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoHelena Coutinho
 
Mudam-se os tempos
Mudam-se os temposMudam-se os tempos
Mudam-se os temposMaria Góis
 
Mudam se os tempos
Mudam se os temposMudam se os tempos
Mudam se os temposHelena Maria
 
Analise dos poemas de camoes ... apresentação
Analise dos poemas de camoes ... apresentaçãoAnalise dos poemas de camoes ... apresentação
Analise dos poemas de camoes ... apresentaçãoAngela Silva
 
Camões Lírico (10.ºano/Português)
Camões Lírico (10.ºano/Português)Camões Lírico (10.ºano/Português)
Camões Lírico (10.ºano/Português)Dina Baptista
 

Destacado (6)

Aquela cativa Poema e Análise
Aquela cativa Poema e AnáliseAquela cativa Poema e Análise
Aquela cativa Poema e Análise
 
Um mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadoso
 
Mudam-se os tempos
Mudam-se os temposMudam-se os tempos
Mudam-se os tempos
 
Mudam se os tempos
Mudam se os temposMudam se os tempos
Mudam se os tempos
 
Analise dos poemas de camoes ... apresentação
Analise dos poemas de camoes ... apresentaçãoAnalise dos poemas de camoes ... apresentação
Analise dos poemas de camoes ... apresentação
 
Camões Lírico (10.ºano/Português)
Camões Lírico (10.ºano/Português)Camões Lírico (10.ºano/Português)
Camões Lírico (10.ºano/Português)
 

Similar a O dia em que eu nasci, morra e pereça

Analise no dia em que eu nasci moura e pereca
Analise no dia em que eu nasci moura e perecaAnalise no dia em que eu nasci moura e pereca
Analise no dia em que eu nasci moura e perecacnlx
 
Cefet/Coltec Extensivo - Aula 21 funções da linguagem
Cefet/Coltec Extensivo - Aula 21   funções da linguagemCefet/Coltec Extensivo - Aula 21   funções da linguagem
Cefet/Coltec Extensivo - Aula 21 funções da linguagemProfFernandaBraga
 
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - OseAndré Damázio
 
Exercícios sistema de comunicação e função da linguagem
Exercícios   sistema de comunicação e função da linguagemExercícios   sistema de comunicação e função da linguagem
Exercícios sistema de comunicação e função da linguagemMairus Prete
 
Acre 4ª edição (agosto, outubro 2014)
Acre 4ª edição (agosto,  outubro 2014)Acre 4ª edição (agosto,  outubro 2014)
Acre 4ª edição (agosto, outubro 2014)AMEOPOEMA Editora
 
Semear, Resistir, Colher.
Semear, Resistir, Colher.Semear, Resistir, Colher.
Semear, Resistir, Colher.Sílvio Mendes
 
Acre e-book #21 (abril maio junho 2021)
Acre e-book #21 (abril maio junho 2021)Acre e-book #21 (abril maio junho 2021)
Acre e-book #21 (abril maio junho 2021)AMEOPOEMA Editora
 
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].pptMODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].pptRildeniceSantos
 
Acre 016+1 e book - abril, maio e junho 2020
Acre 016+1 e book - abril, maio e junho 2020Acre 016+1 e book - abril, maio e junho 2020
Acre 016+1 e book - abril, maio e junho 2020AMEOPOEMA Editora
 
LUA NEGRA e LIVRO DO GENESIS
LUA NEGRA  e  LIVRO DO GENESISLUA NEGRA  e  LIVRO DO GENESIS
LUA NEGRA e LIVRO DO GENESISCoelho De Moraes
 
Sem ao menos_um_aceno
Sem ao menos_um_acenoSem ao menos_um_aceno
Sem ao menos_um_acenoHBMenezes
 
Acre e-book nº 024 (março, abril e maio 2022))
Acre e-book nº 024 (março, abril e maio 2022))Acre e-book nº 024 (março, abril e maio 2022))
Acre e-book nº 024 (março, abril e maio 2022))AMEOPOEMA Editora
 
Sem Ao Menos Um Aceno
Sem Ao Menos Um AcenoSem Ao Menos Um Aceno
Sem Ao Menos Um Acenoguesta47b474
 

Similar a O dia em que eu nasci, morra e pereça (20)

Analise no dia em que eu nasci moura e pereca
Analise no dia em que eu nasci moura e perecaAnalise no dia em que eu nasci moura e pereca
Analise no dia em que eu nasci moura e pereca
 
Claro enigma
Claro enigmaClaro enigma
Claro enigma
 
Eternizadas dez__16
Eternizadas  dez__16Eternizadas  dez__16
Eternizadas dez__16
 
Cefet/Coltec Extensivo - Aula 21 funções da linguagem
Cefet/Coltec Extensivo - Aula 21   funções da linguagemCefet/Coltec Extensivo - Aula 21   funções da linguagem
Cefet/Coltec Extensivo - Aula 21 funções da linguagem
 
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
 
Eternizadas julho__25
Eternizadas  julho__25Eternizadas  julho__25
Eternizadas julho__25
 
Eternizadas setembro__10
Eternizadas  setembro__10Eternizadas  setembro__10
Eternizadas setembro__10
 
Exercícios sistema de comunicação e função da linguagem
Exercícios   sistema de comunicação e função da linguagemExercícios   sistema de comunicação e função da linguagem
Exercícios sistema de comunicação e função da linguagem
 
Acre 4ª edição (agosto, outubro 2014)
Acre 4ª edição (agosto,  outubro 2014)Acre 4ª edição (agosto,  outubro 2014)
Acre 4ª edição (agosto, outubro 2014)
 
Semear, Resistir, Colher.
Semear, Resistir, Colher.Semear, Resistir, Colher.
Semear, Resistir, Colher.
 
Acre e-book #21 (abril maio junho 2021)
Acre e-book #21 (abril maio junho 2021)Acre e-book #21 (abril maio junho 2021)
Acre e-book #21 (abril maio junho 2021)
 
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].pptMODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
 
Acre 016+1 e book - abril, maio e junho 2020
Acre 016+1 e book - abril, maio e junho 2020Acre 016+1 e book - abril, maio e junho 2020
Acre 016+1 e book - abril, maio e junho 2020
 
LUA NEGRA e
LUA NEGRA e LUA NEGRA e
LUA NEGRA e
 
LUA NEGRA e LIVRO DO GENESIS
LUA NEGRA  e  LIVRO DO GENESISLUA NEGRA  e  LIVRO DO GENESIS
LUA NEGRA e LIVRO DO GENESIS
 
Alice franklin
Alice franklinAlice franklin
Alice franklin
 
Sem ao menos_um_aceno
Sem ao menos_um_acenoSem ao menos_um_aceno
Sem ao menos_um_aceno
 
Acre e-book nº 024 (março, abril e maio 2022))
Acre e-book nº 024 (março, abril e maio 2022))Acre e-book nº 024 (março, abril e maio 2022))
Acre e-book nº 024 (março, abril e maio 2022))
 
Funcoes da linguagem atividades
Funcoes da linguagem atividadesFuncoes da linguagem atividades
Funcoes da linguagem atividades
 
Sem Ao Menos Um Aceno
Sem Ao Menos Um AcenoSem Ao Menos Um Aceno
Sem Ao Menos Um Aceno
 

Más de Helena Coutinho

Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasHelena Coutinho
 
Cap v repreensões particular
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particularHelena Coutinho
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particularHelena Coutinho
 
Contexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraHelena Coutinho
 
. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibirHelena Coutinho
 
Ondados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteHelena Coutinho
 
Sete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaHelena Coutinho
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoHelena Coutinho
 
Enquanto quis fortuna que tivesse
Enquanto quis fortuna que tivesseEnquanto quis fortuna que tivesse
Enquanto quis fortuna que tivesseHelena Coutinho
 

Más de Helena Coutinho (20)

. Maias simplificado
. Maias simplificado. Maias simplificado
. Maias simplificado
 
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
 
Relato hagiografico
Relato hagiograficoRelato hagiografico
Relato hagiografico
 
P.ant vieira bio
P.ant vieira bioP.ant vieira bio
P.ant vieira bio
 
Epígrafe sermao
Epígrafe sermaoEpígrafe sermao
Epígrafe sermao
 
Cap vi
Cap viCap vi
Cap vi
 
Cap v repreensões particular
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particular
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particular
 
Cap ii louvores geral
Cap ii louvores geralCap ii louvores geral
Cap ii louvores geral
 
1. introd e estrutura
1. introd e estrutura1. introd e estrutura
1. introd e estrutura
 
Contexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieira
 
. O texto dramático
. O texto dramático. O texto dramático
. O texto dramático
 
. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir
 
Fls figuras reais
Fls figuras reaisFls figuras reais
Fls figuras reais
 
. Enredo
. Enredo. Enredo
. Enredo
 
. A obra e o contexto
. A obra e o contexto. A obra e o contexto
. A obra e o contexto
 
Ondados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzente
 
Sete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob servia
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em ano
 
Enquanto quis fortuna que tivesse
Enquanto quis fortuna que tivesseEnquanto quis fortuna que tivesse
Enquanto quis fortuna que tivesse
 

Último

QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxQUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxAntonioVieira539017
 
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Como fazer um Feedback Eficaz - Comitê de Gestores
Como fazer um Feedback Eficaz - Comitê de GestoresComo fazer um Feedback Eficaz - Comitê de Gestores
Como fazer um Feedback Eficaz - Comitê de GestoresEu Prefiro o Paraíso.
 
Atividade de matemática para simulado de 2024
Atividade de matemática para simulado de 2024Atividade de matemática para simulado de 2024
Atividade de matemática para simulado de 2024gilmaraoliveira0612
 
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti -
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti  -Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti  -
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti -Mary Alvarenga
 
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptxRessonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptxPatriciaFarias81
 
Poder do convencimento,........... .
Poder do convencimento,...........         .Poder do convencimento,...........         .
Poder do convencimento,........... .WAGNERJESUSDACUNHA
 
A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...
A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...
A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...Unidad de Espiritualidad Eudista
 
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacionalarte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacionalidicacia
 
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaO-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaTeresaCosta92
 
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdfEBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdfIBEE5
 
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES MonelosPeixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES MonelosAgrela Elvixeo
 
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)profesfrancleite
 
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARXA CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARXHisrelBlog
 
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofiaaula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino FilosofiaLucliaResende1
 
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...Colaborar Educacional
 
Verbos - transitivos e intransitivos.pdf
Verbos -  transitivos e intransitivos.pdfVerbos -  transitivos e intransitivos.pdf
Verbos - transitivos e intransitivos.pdfKarinaSouzaCorreiaAl
 
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...Colaborar Educacional
 

Último (20)

QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptxQUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
QUIZ - GEOGRAFIA - 8º ANO - FASES DO CAPITALISMO.pptx
 
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 1, CPAD, O Início da Caminhada, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Como fazer um Feedback Eficaz - Comitê de Gestores
Como fazer um Feedback Eficaz - Comitê de GestoresComo fazer um Feedback Eficaz - Comitê de Gestores
Como fazer um Feedback Eficaz - Comitê de Gestores
 
Atividade de matemática para simulado de 2024
Atividade de matemática para simulado de 2024Atividade de matemática para simulado de 2024
Atividade de matemática para simulado de 2024
 
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti -
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti  -Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti  -
Poema sobre o mosquito Aedes aegipyti -
 
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptxRessonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
Ressonancia_magnetica_basica_slide_da_net.pptx
 
Poder do convencimento,........... .
Poder do convencimento,...........         .Poder do convencimento,...........         .
Poder do convencimento,........... .
 
A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...
A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...
A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...
 
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacionalarte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
arte retrato de um povo - Expressão Cultural e Identidade Nacional
 
Abordagem 1. Análise textual (Severino, 2013).pdf
Abordagem 1. Análise textual (Severino, 2013).pdfAbordagem 1. Análise textual (Severino, 2013).pdf
Abordagem 1. Análise textual (Severino, 2013).pdf
 
Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...
Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...
Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...
 
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus SousaO-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
O-P-mais-importante.pptx de Maria Jesus Sousa
 
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdfEBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
EBOOK LINGUAGEM GRATUITO EUDCAÇÃO INFANTIL.pdf
 
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES MonelosPeixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
Peixeiras da Coruña. O Muro da Coruña. IES Monelos
 
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
AS REBELIÕES NA AMERICA IBERICA (Prof. Francisco Leite)
 
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARXA CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
A CONCEPÇÃO FILO/SOCIOLÓGICA DE KARL MARX
 
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofiaaula 1.pptx Ementa e  Plano de ensino Filosofia
aula 1.pptx Ementa e Plano de ensino Filosofia
 
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
 
Verbos - transitivos e intransitivos.pdf
Verbos -  transitivos e intransitivos.pdfVerbos -  transitivos e intransitivos.pdf
Verbos - transitivos e intransitivos.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
PROJETO DE EXTENSÃO - SEGURANÇA, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O BEM COMUM...
 

O dia em que eu nasci, morra e pereça

  • 1. Camões Corrente renascentista
  • 2. O dia em que eu nasci, moura e pereça, não o queira jamais o tempo dar, não torne mais ao mundo, e, se tornar, eclipse nesse passo o sol padeça. luz lhe falte, o sol se lhe escureça, mostre o mundo sinais de se acabar, nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, a mãe ao próprio filho não conheça. s pessoas pasmadas de ignorantes, as lágrimas no rosto, a cor perdida, cuidem que o mundo já se destruiu. Ó gente temerosa, não te espantes, que este dia deitou ao mundo a vida mais desgraçada que jamais se viu!
  • 3. TEMA A maldição da existência O dia em que eu nasci, morra e pereça, O seu nascimento foi maldito. O fatalismo. Não o queira jamais o tempo dar, Diferencia-se dos outros homens até na Não torne mais ao mundo e, se tornar, Eclipse nesse passo o sol padeça. desgraça. Ele é superior, o seu nascimento foi apocalíptico. O eclipse corresponde ao fim do A luz lhe falte, o sol se lhe escureça, mundo, era uma intenção divina. Mostre o mundo sinais de se acabar, Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, A mãe ao próprio filho não conheça. As pessoas pasmadas, de ignorantes, O poeta amaldiçoa o dia em que nasceu e As lágrimas no rosto, a cor perdida, deseja, se se voltar a repetir, se deem Cuidem que o mundo já se destruiu. fenómenos extraordinários para que todos Ó gente temerosa, não te espantes, fiquem sabendo que nesse dia nasceu a Que este dia deitou ao mundo a vida pessoa mais desgraçada. Mais desgraçada que jamais se viu! Recusa do dia em que nasceu. Desconcerto pessoal. AUTOBIOGRAFIA
  • 4. Assunto: O sujeito poético fala sobre o tempo em que nasceu, revelando sentimentos disfóricos de que esse O dia em que eu nasci, morra e pereça, acontecimento nunca se devia ter Não o queira jamais o tempo dar, acontecido. Não torne mais ao mundo e, se tornar, Eclipse nesse passo o sol padeça. A luz lhe falte, o sol se lhe escureça, Mostre o mundo sinais de se acabar, Soneto apocalíptico. Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, Referências bíblicas: Apocalipse e base no A mãe ao próprio filho não conheça. Livro de Job. O poeta, a diferença de Job, perde a confiança. As pessoas pasmadas, de ignorantes, Imagens violentas (sangue chova o ar). As lágrimas no rosto, a cor perdida, Cuidem que o mundo já se destruiu. Hipérbole. Referência ao leitor futuro (ó gente temerosa). Ó gente temerosa, não te espantes, Que este dia deitou ao mundo a vida Mais desgraçada que jamais se viu!  Moura/pereça/padeça = morra;  Rostro = rosto/face;  Cuidem = saibam;  Desaventurada = infeliz;
  • 5. Estrutura interna Desenvolvimento do tema O dia em que eu nasci, morra e pereça, Não o queira jamais o tempo dar, Amaldiçoa o dia em Divisão em partes: Não torne mais ao mundo e, se tornar, que nasceu •1ª. parte: 1ª. quadra - Eclipse nesse passo o sol padeça. Maldição ao mundo. A luz lhe falte, o sol se lhe escureça, •2ª. parte: 2ª. quadra Cenário monstruoso Mostre o mundo sinais de se acabar, e 1º. terceto - Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, Recriação de um A mãe ao próprio filho não conheça. cenário monstruoso para uma eventual As pessoas pasmadas, de ignorantes, repetição do dia em As lágrimas no rosto, a cor perdida, Prevê a reacção das que nasceu. Cuidem que o mundo já se destruiu. pessoas •3ª. parte: 2º. terceto - Ó gente temerosa, não te espantes, Recusa do dia em que Que este dia deitou ao mundo a vida Lança o repto final nasceu. Mais desgraçada que jamais se viu!
  • 6. Estrutura interna Desenvolvimento do tema O dia em que eu nasci, morra e pereça, O eu lamenta ter nascido, assumindo uma Não o queira jamais o tempo dar, atitude masoquista nos pedidos formulados, Não torne mais ao mundo e, se tornar, cujos efeitos poderão atingir toda a Eclipse nesse passo o sol padeça. humanidade. O dia do nascimento surge aqui amaldiçoado A luz lhe falte, o sol se lhe escureça, mas também personificado, sugerindo o seu Mostre o mundo sinais de se acabar, poder destruidor. Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, A mãe ao próprio filho não conheça. Efeitos produzidos nos humanos pela As pessoas pasmadas, de ignorantes, transformação que o sujeito espera que As lágrimas no rosto, a cor perdida, ocorra na natureza. Cuidem que o mundo já se destruiu. Justifica-se e confirma-se o pedido auto e Ó gente temerosa, não te espantes, heterodestrutivo que inicia e percorre todo Que este dia deitou ao mundo a vida o texto. Mais desgraçada que jamais se viu!
  • 7. O dia em que eu nasci, moura e pereça, não o queira jamais o tempo dar, não torne mais ao mundo, e, se tornar, eclipse nesse passo o sol padeça. 1º momento: constitui a maldição e depois a recriação de um cenário monstruoso que luz lhe falte, o sol se lhe escureça, mostre o mundo sinais de se acabar, o poeta deseja que se materialize numa nasçam-lhe monstros, sangue chova eventual repetição do dia do seu o ar, a mãe ao próprio filho não conheça. nascimento. s pessoas pasmadas de ignorantes, as lágrimas no rosto, a cor perdida, cuidem que o mundo já se destruiu. 2º momento: constitui uma justificação perante a “gente temerosa” da razão da Ó gente temerosa, não te espantes, recusa do dia em que nasceu da violência de que este dia deitou ao mundo a vida um cenário desejado para a sua eventual mais desgraçada que jamais se viu! repetição.
  • 8. MODOS VERBAIS UTILIZADOS O dia em que eu nasci moura e pereça. Não o queira jamais o tempo dar, Não torne mais ao mundo, e, se tornar, Eclipse nesse passo o sol padeça. A luz lhe falte, o céu se lhe escureça, • Conjuntivo Mostre o mundo sinais de se acabar, • Infinitivo Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, • Indicativo A mãe ao próprio filho não conheça. As pessoas, pasmadas de ignorantes, As lágrimas no rostro, a cor perdida, Cuidem que o mundo já se destruiu. Ó gente temerosa, não te espantes, Que este dia deitou ao mundo a vida • Indicativo Mais desaventurada que se viu!
  • 9. Forma poética e rimas Soneto com rimas: O dia em que eu nasci moura e pereça. A Não o queira jamais o tempo dar, B Interpolada Não torne mais ao mundo, e, se tornar, B Eclipse nesse passo o sol padeça. A A luz lhe falte, o céu se lhe escureça, A Mostre o mundo sinais de se acabar, B Emparelhada Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, B A mãe ao próprio filho não conheça. A As pessoas, pasmadas de ignorantes, C As lágrimas no rostro, a cor perdida, D Cuidem que o mundo já se destruiu. E Interpolada Ó gente temerosa, não te espantes, C Que este dia deitou ao mundo a vida D Mais desaventurada que se viu! E Esquema rimático: ABBA / ABBA / CDE / CDE
  • 10. Recursos estilísticos Pleonasmo - Reiteração da maldição. O dia em que eu nasci moura e pereça. Não o queira jamais o tempo dar, Não torne mais ao mundo, e, se tornar, •Hipérbole: "Não o queira jamais… destruiu", "Que este dia… Eclipse nesse passo o sol padeça. Inversão que jamais se viu" - Acentuar bem toda a maldição que lança sobre o A luz lhe falte, o céu se lhe escureça, dia do seu nascimento. Mostre o mundo sinais de se acabar, Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, Metáfora: “Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar” A mãe ao próprio filho não conheça. Enumeração As pessoas, pasmadas de ignorantes, •Adjetivação: "pasmadas, perdida, temerosa" - As lágrimas no rostro, a cor perdida, Palavras carregadas de negativismo. Cuidem que o mundo já se destruiu. Ó gente temerosa, não te espantes, Apóstrofe •Nomes carregados de negativismo: "eclipse, monstros, Que este dia deitou ao mundo a vida sangue, lágrimas" - Terror, medo. Mais desaventurada que se viu! •Modo conjuntivo: "lhe falte", "se escureça", "nasçam- Anáfora: “Não/ Não” lhe" - Traduz o intenso desejo de amaldiçoar tudo.
  • 11. O dia em que eu nasci, morra e pereça, O “eu” Não o queira jamais o tempo dar, amaldiçoa o dia Não torne mais ao mundo e, se tornar, em que nasceu Eclipse nesse passo o sol padeça. A luz lhe falte, o sol se lhe escureça, Mostre o mundo sinais de se acabar, Efeitos Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, Maldições produzidos nas A mãe ao próprio filho não conheça. pessoas As pessoas pasmadas, de ignorantes, As lágrimas no rosto, a cor perdida, Cuidem que o mundo já se destruiu. Apela às pessoas para que não se espantem, pois naquele dia nasceu o ser mais infeliz do Ó gente temerosa, não te espantes, Mundo Que este dia deitou ao mundo a vida Mais desgraçada que jamais se viu!
  • 12. Este texto coloca-nos de chofre em contato com o que há de mais íntimo e pro-fundo em Camões, isto é, em contato com o próprio poeta. E como? Em primeiro lugar, pela estreita relação Camões-poeta e Camões- personagem, Camões-sujeito e Camões-objeto da sua poesia. Depois, pela situação de desespero que aparece como ponto de chegada de uma série de temas: ilusão, engano, desengano, sofrimento, frustração... Em terceiro lugar, pelo tom de ira e furor, de revolta cega, e contudo lúcida, especificamente camoniana. E depois, ainda, por temas muito caraterísticos e definidores da visão da vida do poeta: a ligação do nascimento e da morte; as relações ambíguas com a mãe; a visão de si próprio como um ser desmesurado, mesmo monstruoso; a sensação de desgraça maior. MATOS, Maria Vitalina Leal de, 1987. Ler e Escrever. Lisboa: IN-CM