1. Casos Clínicos
Um homem de 21 anos é trazido ao setor de emergência pela polícia depois de ter
sido encontrado sentado no meio de uma rua de grande movimento. À guisa de
explicação, o paciente fala: “As vozes me disseram para fazer isso”. Relata que no
último ano sentiu que “as pessoas não são quem elas dizem ser”. Começou a se isolar
em seu quarto e largou a escola. Afirma que ouve vozes lhe dizendo para fazer “coisas
más”. Geralmente existem duas ou três vozes falando, e muitas vezes comentam
entre si seu comportamento. Nega estar usando drogas ou álcool, embora relate ter
fumado maconha ocasionalmente no passado. Diz que interrompeu essa prática nos
últimos seis meses porque “deixa as vozes mais altas”. Nega qualquer problema
médico e não está tomando medicamento.
Em um exame do estado mental, percebeu-se que o paciente está sujo e desalinhado,
com má higiene. Parece um pouco nervoso no ambiente e caminha em torno da sala
do exame, sempre com as costas para a parede. Afirma que seu humor está “ok”. Seu
afeto é congruente, apesar de embotado. Sua fala tem velocidade, ritmo e tom
normais. Seus processos de pensamento são tangenciais, e ocasionalmente se notam
associações desorganizadas. Seu conteúdo de pensamento é positivo para delírios e
alucinações auditivas. Ele nega qualquer ideação suicida ou homicida.
Um homem de 27 anos é trazido ao setor de emergência pelos amigos e pelo colega
de quarto. Eles afirmam que o paciente não tem dormido nas últimas 3 ou 4 semanas
e que perceberam que ele fica acordado à noite, limpando o apartamento. Adquiriu um
novo computador e um aparelho de DVD, embora o colega de quarto afirme que ele
não tem dinheiro para comprar esse tipo de coisa. O paciente tem se vangloriado para
os amigos de que dormiu com três mulheres diferentes na última semana, mas esse
não é seu comportamento habitual, e tem estado muito irritável e explosivo. Tem
bebido “um monte de álcool” nas últimas semanas, o que não é característico. Os
amigos afirmam não tê-lo visto usar drogas e acreditam que não tenha problema
médico nem tome qualquer medicamento prescrito. Não estão a par de qualquer
história familiar de transtornos médicos ou psiquiátricos.
Em um exame do estado mental, o paciente se mostra alternadamente irritável e
exaltado. Está usando uma camisa laranja forte e uma calça vermelha, e suas meias
não formam um par. Fica caminhando pela sala e se recusa a sentar quando
convidado pelo examinador. Sua fala é rápida e alta, e é difícil interrompê-lo.
Afirma que seu humor está “ótimo”, e está muito zangado com seus amigos por tê-lo
obrigado a vir ao hospital. Fala que provavelmente insistiram nisso por “estarem com
inveja do meu sucesso com as mulheres”. Afirma que está destinado a algo grandioso.
Seus processos de pensamento são tangenciais. Nega qualquer ideação suicida ou
homicida, alucinações ou delírios.
2. Uma mulher de 55 anos chega a um psiquiatra queixando-se de ter o humor deprimido
nos últimos três meses. Refere que seu humor tem sido constantemente baixo (3 em
uma escala de 1 a 10, sendo 10 o melhor que já sentiu), e descreve sua condição
como “eu não sou assim”. Também percebeu uma redução de energia e um ganho de
peso de uns três quilos no mesmo período de tempo, embora seu apetite não tenha
aumentado. Nunca consultou um psiquiatra antes e lembra de jamais ter se sentido
assim deprimida por tanto tempo. Afirma não ter problema médico, pelo que sabe, e
que não toma medicamento. Sua história familiar é positiva para uma história de
esquizofrenia em uma tia materna.
No exame do estado mental, a paciente parece deprimida e cansada, embora tenha
uma variação normal do afeto. Seus processos de pensamento são lineares e lógicos.
Não apresenta risco de suicídio, nem de homicídio, e não relata alucinações ou
delírios. Seu exame físico revela uma pressão arterial de 110/ 70mmHg e uma
temperatura de 36,5. Sua glândula tireóide está difusamente aumentada, mas não
dolorosa. Seu coração bate em velocidade e ritmo regulares. Ela apresenta cabelo
áspero e quebradiço, mas nenhuma erupção.
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