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RepertóriodasEssênciasFloraisporPatriciaKaminski
eRichardKatz
Repertório das
Essências Florais
Um Guia Abrangente das Essências Florais
Norte-Americanas e Inglesas, para o
Bem-estar Emocional e Espiritual
Patricia Kaminski e Richard Katz
Fotos da Flower Essence Society (sentido horário a partir do alto à esquerda): campinas alpinas onde
nasce a Indian Paintbrush; aula da FES nas montanhas de Sierra Nevada; observando as flores selva-
gens da primavera nos sopés da Sierra; o selvagem South Yuba River perto de Nevada City; prática de
aconselhamento numa aula da FES nos jardins de Terra Flora; fazendo a essência de Pink Monkeyflower
perto de um riacho alpino.
“Repertório das Essências Flo-
rais é o melhor livro de con-
sulta para os estudantes de
nossos cursos. É uma excelen-
te fonte de referências tanto
para principiantes quanto
para terapeutas experimenta-
dos. O Repertório fornece des-
crições das essências numa
vasta gama de categorias; é
claro, conciso e capta o âma-
go da essência na maneira
como ela se relaciona com
uma categoria específica. O
Repertório de Essências Flo-
rais é um investimento indis-
pensável para qualquer pes-
soa que use essências florais.”
Mark Well, B.Sc., N.D.,
naturopata e professor de
essências florais,
Melbourne, Austrália
Capa.PMD 25/3/2009, 10:491
Repertório das
Essências Florais
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:321
Repertório das
Essências Florais
Um Guia Abrangente das
Essências Florais Norte-Americanas
e Inglesas, para o Bem-estar
Emocional e Espiritual
Patricia Kaminski e Richard Katz
tradução de
Melania Scoss e Merle Scoss
3.a
edição
São Paulo - 2003
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:323
Título original
Flower Essence Repertory
Flower Essence Society © 1986, 1987, 1992, 1994, 1996
Primeira publicação desta edição revista e ampliada em 1994.
Direitos para a língua portuguesa reservados a
TRIOM - Centro de Estudos Marina e Martin Harvey
Editorial e Comercial Ltda.
Rua Araçari, 208
01453-020 - São Paulo - SP - Brasil
Tel/fax: 11 3168-8380
Tradução: Melania Scoss e Merle Scoss
Revisão técnica: Ruth Toledo
Revisão gráfica: Adriana C. L. da Cunha Cintra
Foto da capa da Califórnia Poppy e fotos da contra-capa da Indian Paintbrush
e das flores da primavera nas encostas: Wayne Green
Outras fotos: Richard Katz
Diagramação e fotolitos: Casa de Tipos Bureau e Editora Ltda.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, SP)
Kaminski, Patrícia
Repertório das essências florais: um guia abrangente das essências
florais norte-americanas e inglesas para o bem-estar emocional e
espiritual / Patrícia Kaminski e Richard Katz; tradução de Melania Scoss
e Merle Scoss. — Ed. rev. e ampl. — São Paulo: TRIOM, 1997.
Título original: Flower essence repertory.
ISBN 85-85464-15-1
1. Essências e óleos essenciais - Catálogos
2. Essências e óleos essenciais - Uso terapêutico
3. Flores 4. Sistemas terapêuticos I. Katz, Richard.
II. Título.
97-5082 CDD-615.850216
Índices para catálogo sistemático:
1. Essências florais: Terapias alternativas: Repertórios 615.850216
2. Repertórios: Essências florais: Terapias alternativas 615.850216
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:324
Agradecimentos
Ao Dr. Edward Bach, por suas indicações originais sobre os
39 remédios ingleses que estão incluídos neste Repertório; e
pelos insights de muitos terapeutas, especialmente os inspira-
dos escritos de Julian e Martine Barnard (The Healing Herbs
of Edward Bach), Mech-thild Scheffer (Bach Flower Therapy)
e Phillip M. Chancellor (Handbook of the Bach Flower
Remedies).
A Matthew Wood, companheiro de longa data e membro
da Flower Essence Society, por seus insights sobre as proprie-
dades de sete importantes remédios florais contidos neste Re-
pertório (Seven Herbs, Plants as Teachers).
Aos incontáveis terapeutas de todo o mundo, cujos nomes
seriam por demais numerosos para listá-los aqui, mas que ge-
nerosamente apoiaram os esforços de pesquisa da Flower
Essence Society. Através de seus inúmeros relatos de casos,
cartas, conversas, entre-vistas telefônicas e comentários de
casos, tornou-se possível para nós continuamente aprofundar
e refinar nossa compreensão das flores e de seus benefícios
terapêuticos.
Finalmente, nossa gratidão às próprias flores, pois elas são
as preciosas expressões da alma Daquela que é chamada de
Natureza ou Gaia. Somos gratos às muitas hierarquias da Cri-
ação que protegem e guiam a generosidade da Terra, e espe-
cialmente a Cristo, o Espírito Solar que uniu Sua mais íntima
essência com o ser Terra. Possam a mente e o coração huma-
nos buscarem sempre estar conscientes da identidade da Na-
tureza como alma e espírito, e possa Sua essência curadora
sempre nos renovar e inspirar.
Saint John’s Wort
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:325
... Quando não sabes mais como ir adiante, deixa
que as plantas te digam, as plantas que deixas de-
sabrochar, crescer, florescer e frutificar dentro de
ti. Aprende a linguagem das flores.
Todos os habitantes da Terra são capazes de en-
tender a linguagem das flores, pois seu mestre é o
Espírito Solar que fala a cada coração humano. As
plantas apontam o caminho do túmulo à ressurrei-
ção, através de todas as fendas e abismos, sobre
todas as pastagens e todos os cumes a que o cami-
nho possa levar: baga do sabugueiro, rosa-canina,
crisântemo, áster — são os degraus da transforma-
ção, da purificação e da cura dos erros e infelicida-
des do mundo.
Albert Steffen, Journeys Here and Yonder
Shasta Daisy Chrysanthemum maximum
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:327
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:328
Índice
Agradecimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0V
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . X I
Parte I
Visão Geral da Teoria e Prática das Essências Florais . . . 01
Introdução: O que são as Essências Florais? . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
Capítulo 1: O que é a Terapia Floral? . . . . . . . . . . . . . . 05
A Natureza da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
Os Paradigmas Médicos da Cura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
O Relacionamento Corpo-Mente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
A Contribuição do Dr. Edward Bach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
A Visão Holística do Ser Humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
A Terapia Floral como Cura da Alma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
O Papel Singular da Terapia Floral nos Cuidados com a Saúde . 23
Capítulo 2: Podemos verificar as propriedades das
essências florais? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .030
A Necessidade de Pesquisas sobre as Essências Florais . . . . . . . 30
Rumo a uma Ciência Viva da Natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
O Estudo das Plantas usadas nas Essências Florais . . . . . . . . . . 39
Estudos Clínicos das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
A Pesquisa sobre os Fenômenos da Energia Sutil . . . . . . . . . . . 54
Programa de Pesquisas da Flower Essence Society . . . . . . . . . . 58
Capítulo 3: Como são selecionadas as essências florais? . 59
Identificando as Questões Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Selecionando as Essências Apropriadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Combinando as Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Trabalhando com as Essências em Diferentes Níveis . . . . . . . . . 64
Situações Especiais de Seleção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Uso Doméstico e Profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Seleção através de Técnicas Vibracionais . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Como Usar o Repertório das Essências Florais. . . . . . . . . . . . . 70
IX
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:329
Capítulo 4: Como são usadas as essências florais? . . . . . . 76
Orientações Práticas para a Administração das Essências Florais 77
Acentuando o Efeito das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . 80
A Terapia Floral e outras Modalidades de Tratamento de Saúde 81
Os Resultados da Terapia Floral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Referências Bibliográficas e Sugestões de Leituras . . . . . . . . . . 92
Flower Essence Society . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Parte II
Questões da Alma: Categorias e Temas . . . . . . . . . . . . . . 102
Lista das Categorias e Temas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Descrição das Essências, organizadas por Categorias e Temas 108
Parte III
Qualidades e Perfis das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . 275
Índice das Essências Florais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .277
Qualidades e Perfis das Essências Florais. . . . . . . . . . . . . . . . . 279
Origem das Essências Florais do Repertório . . . . . . . . . . . . . . 367
X
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:3210
Prefácio
O Repertório das Essências Florais é um guia de seleção
para o uso profissional e doméstico das essências florais. Foi
escrito com a compreensão de que uma apreciação plena desta
modalidade terapêutica requer um estudo cuidadoso bem como
uma abertura do coração; e com o reconhecimento de que aqui-
lo que foi escrito neste livro é apenas um passo no processo
contínuo de pesquisas e descobertas neste assunto multifacetado.
Este Repertório é publicado pela “Flower Essence Society”
(FES), uma organização de âmbito mundial composta por pro-
fissionais de saúde e leigos interessados no assunto, que se de-
dicam ao desenvolvimento da terapia floral. Embora tenha sido
escrito por Patricia Kaminski e Richard Katz, co-diretores da
FES, este trabalho reflete a pesquisa e os insights de inúmeros
praticantes da terapia floral em todo o mundo, que, ao longo
dos últimos dezesseis anos, contribuíram com seus estudos de
caso e outros dados clínicos.
As indicações apresentadas no Repertório não pretendem
substituir os cuidados profissionais, médico ou psicoterapêutico,
quando estes são apropriados. Ao contrário, o uso das essênci-
as florais descrito aqui tem a intenção de complementar e am-
pliar os programas de saúde bem-equilibrados, tanto na prática
clínica como nos cuidados no lar.
O Repertório é composto de três grandes seções. A Parte I
oferece uma visão geral da teoria e prática da terapia floral.
Cada um dos temas tratados merece uma maior elaboração, e
é nossa intenção desenvolvê-los em futuras publicações. Nosso
objetivo, nestes textos, é apresentar aos iniciantes bem como
aos praticantes experientes um contexto filosófico, cultural e
prático para a terapia floral. A Parte II contém uma relação
abrangente das indicações das essências, organizadas por cate-
gorias. A Parte III compõe-se de um perfil profundo e detalha-
do de cada essência, uma apresentação resumida de suas qua-
XI
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:3211
lidades positivas e seus padrões de desequilíbrio, e referências
cruzadas para as categorias da Parte II.
O Repertório das Essências Florais foi elaborado com a
intenção de ser facilmente acessado por aqueles que desejam traba-
lhar com ele de variadas maneiras. Embora, ao longo do Repertó-
rio,sejamfeitasreferênciasaváriosconceitosfilosóficosemetafísicos,
não é uma precondição que o leitor acredite num determinado
ensinamento cultural ou espiritual para obter benefício das essências
florais. O mais importante é que cada pessoa considere os méritos
desta modalidade terapêutica e aplique as crenças ou conceitos que
vivem dentro de seu coração e sua mente. Independentemente da
visão filosófica de uma pessoa, o Repertório pode sempre ser
usado de um modo muito básico e direto, se ela simplesmente
tornar-se sensível à vida dos sentimentos da alma humana e apren-
der as qualidades das flores que refletem as condições da alma.
Esperamos sinceramente que o Repertório venha a ser uma
ferramenta para a verdadeira cura da alma e para buscas e desco-
bertas adicionais por parte do leitor.
Apesar dos nossos constantes esforços ao longo dos últimos
dezesseis anos para expandir e aprofundar nossa pesquisa,
estamos claramente conscientes de sua natureza pioneira. Será
muito bem recebida a participação ativa dos nossos leitores no
desenvolvimento dos conhecimentos sobre a terapia floral, atra-
vés de suas contribuições ao programa de pesquisa da Flower
Essence Society. Também serão muito bem recebidos os seus
comentários sobre as formas de aprimorar o Repertório em
futuras edições. Acima de tudo, oramos para que as flores pos-
sam ser sempre uma fonte de inspiração e de cura. Se este
Repertório ajudar, mesmo que em pequena escala, a alcançar
esse objetivo, nossos esforços não terão sido em vão.
Patricia Kaminski e Richard Katz
Nevada City, Califórnia
Maio de 1994
XII
Introdução.pmd 25/3/2009, 11:3212
Parte I
Visão Geral
da Teoria e
Prática das
Essências Florais
Parte1.pmd 25/3/2009, 11:241
2
Repertório das Essências Florais
Parte1.pmd 25/3/2009, 11:242
O que é a Terapia Floral?
3
Introdução:
O que são as Essências Florais?
As essências florais são extratos líquidos sutis, geralmente ingeridos por via oral,
usados para tratar profundas questões do bem-estar emocional, do desenvolvimento
da alma e da saúde do corpo-mente. Embora o uso de flores para a cura tenha muitos
precedentes desde a antigüidade, a aplicação precisa das essências florais em emo-
ções e atitudes específicas foi desenvolvida pela primeira vez por um médico inglês, o
Dr. Edward Bach, na década de 1930. Hoje, as essências florais estão ganhando
reconhecimento profissional no mundo todo por sua significativa contribuição para a
saúde holística e para os programas de bem-estar.
Em geral, as essências florais são preparadas a partir de uma infusão solar de flores
silvestres ou flores intatas de jardim em um recipiente com água, que é posteriormen-
te diluída, potencializada e conservada em conhaque. A preparação com qualidade
requer uma cuidadosa atenção à pureza do ambiente, à vibração e potência das flores,
às condições celestes e meteorológicas, e um estudo sensível das propriedades físicas
e energéticas da planta ao longo dos seus ciclos de crescimento.
Embora as essências florais se assemelhem a outros medicamentos apresentados
em frascos com conta-gotas, elas não agem devido à composição química do líquido
e sim por causa das energias vitais provenientes da planta e contidas na matriz à base
de água. Como os remédios homeopáticos, as essências florais têm uma natureza
vibracional. Elas são altamente diluídas, sob um ponto de vista físico, porém contêm
um poder sutil enquanto substâncias potencializadas, pois incorporam os padrões
energéticos específicos de cada flor. Seu impacto não é o resultado de alguma interação
bioquímica direta na fisiologia do corpo. Pelo contrário, as essências florais atuam
através dos vários campos de energia humanos, os quais por sua vez influenciam o
bem-estar mental, emocional e físico.
A ação das essências florais pode ser comparada aos efeitos que experimentamos
ao ouvir uma peça musical particularmente emocionante ou ao contemplar uma inspi-
rada obra de arte. As ondas luminosas ou sonoras que chegam aos nossos sentidos
podem evocar sentimentos profundos em nossa alma, os quais indiretamente afetam
nossa respiração, ritmo da pulsação e outros estados físicos. Esses padrões não nos
causam impacto pela intervenção física ou química direta em nosso corpo. Ao contrá-
rio, é o contorno e o arranjo da luz ou do som que despertam em nossa alma uma
experiência semelhante àquela que nasceu dentro da alma do criador da forma musi-
cal ou artística. Esse é o fenômeno da ressonância, tal como acontece quando uma
corda de guitarra soa ao ser entoada uma nota correspondente. De modo similar, a
estrutura e a forma específicas das forças vitais transmitidas por cada essência floral
fazem ressoar, e despertam, qualidades particulares na alma humana.
Outro exemplo que pode ser útil para entendermos a ressonância vibracional das
essências florais provém da holografia. Uma fotografia holográfica consiste em pa-
drões de interferência de ondas luminosas, e qualquer parte deles contém informa-
ções sobre o todo e pode ser usada para recriar a imagem tridimensional original.
Parte1.pmd 25/3/2009, 11:243
4
Repertório das Essências Florais
Assim, podemos descrever a água que contém as flores como sendo a receptora de
uma espécie de impressão holográfica das qualidades essenciais da planta. Cada gota
dessa água contém a configuração completa do arquétipo da planta. Ao diluirmos a
essência floral, atenuamos a substância física da infusão de modo que ela deixa de ser
bioquimicamente significativa. Entretanto, toda a “mensagem” etérica da essência da
planta permanece nas poucas gotas, altamente diluídas, que introduzimos em nosso
corpo.
O trabalho com as essências florais requer que estendamos nosso pensamento
para além da premissa materialista de que “quanto mais, melhor”. As essências flo-
rais, como outros remédios vibracionais, ilustram o princípio de que “o pequeno é
belo”. Elas são parte de um campo emergente de terapias sutis, não invasoras e
estimulantes da vida, o qual promete dar uma importante contribuição aos cuidados
com a saúde nos anos vindouros.
Parte1.pmd 25/3/2009, 11:244
O que é a Terapia Floral?
5
Um
O que é a Terapia Floral?
A terapia floral envolve a aplicação de essências florais no contexto de um programa
global de estimulação da saúde, seja na prática profissional ou nos cuidados no lar.
Embora a palavra “terapia” seja tipicamente usada para indicar o tratamento e a cura
da doença, a raiz grega therapeía tem o sentido mais amplo e anímico-espiritual de
“serviço” e está relacionada ao verbo therapeuein, “cuidar de”. É nesse sentido de
serviço e cuidado que falamos da terapia floral; ela é uma maneira de nutrirmos e
sustentarmos a saúde com as forças benéficas da Natureza, no contexto de uma sábia
e amorosa atenção humana.
Para entender os usos terapêuticos das essências florais, é importante fazer algumas
perguntas básicas sobre a natureza da saúde e da doença. Qual o objetivo do cuidado
com a saúde? O que causa a doença? Qual a relação entre a mente e o corpo? Quais
são nossas premissas sobre a natureza humana? Nossas respostas a essas perguntas
genéricas irão determinar se temos ou não a compreensão e o discernimento para
usar as essências florais em sua plena capacidade de catalisadores da saúde do corpo-
mente.
A Natureza da Saúde
A liberdade para experimentar a vida
Saúde é a capacidade de participar plenamente dos ritmos da vida, sentindo a
glória do raiar do dia, celebrando o ciclo anual das estações e percebendo a pulsação
vital da Natureza bater dentro de nós. A verdadeira saúde é mais do que apenas “ir
levando”. Significa mergulhar por inteiro na vida, significa o envolvimento pleno do
corpo e da mente em tudo o que fazemos — no trabalho, na vida familiar e social, na
expressão criativa e na contemplação interior.
Não existe nenhum modelo fixo do que significa ser uma pessoa saudável. Sermos
saudáveis é sermos completamente nós mesmos — não a identidade definida pelo
condicionamento social, nem a persona que adotamos para atender as expectativas
dos outros. Pelo contrário, é o Eu que expressa singularmente tudo o que podemos
ser. Ele será diferente para cada pessoa e, portanto, pressupõe o desenvolvimento do
autoconhecimento e da compreensão de si mesmo.
Saúde é a aceitação da vida, com todas as suas imperfeições e contradições. É uma
expansibilidade do ser, o qual se fortalece ao abraçar todas as experiências, ao invés
de tentar suprimir a limitação, a dor ou o sofrimento. Na verdade, o sofrimento tem o
potencial de nos levar a uma apreciação mais profunda da vida e a um despertar para
o nosso próprio potencial maior. A doença pode ser vista não como um tormento a
ser erradicado, mas sim como um mestre que nos mostra as fontes de desequilíbrio
Parte1.pmd 25/3/2009, 11:245
6
Repertório das Essências Florais
em nossa vida ou os aspectos do nosso ser que temos ignorado. Os desafios com que
nos defrontamos podem evocar virtudes interiores e nos motivar a fazer as mudanças
necessárias. Em seu nível mais profundo, a doença pode ser uma experiência iniciática,
sentida não como uma simples perda, mas também como uma oportunidade para um
novo começo.
A saúde pressupõe liberdade interior. A responsabilidade é o processo que leva à
verdadeira liberdade, a capacidade de responder. Quando somos um simples recipi-
ente passivo da doença ou do tratamento médico, meramente reagindo ou nos sentin-
do influenciados, tornamo-nos um objeto a ser manipulado em vez de um participante
ativo no cuidado com nossa saúde. A verdadeira saúde requer uma ativa autopercepção
consciente, na qual cada um de nós assume a responsabilidade pelos desafios e pelas
lições da vida.
Os Paradigmas Médicos da Cura
A saúde é comumente definida na nossa cultura como a ausência de sintomas, ou a
eliminação ou controle da doença. Já que falta a essa definição uma imagem positiva
do que é bem-estar, o nosso sistema médico está preocupado em tratar a doença e não
em criar a saúde. Compreender os limites dessa abordagem sintomática da saúde é
fundamental para todos os que usam as essências florais. Sem essa percepção consci-
ente, é fácil abordar as essências florais como meros remédios para solucionar os
sintomas emocionais, em vez de catalisadores da percepção consciente e da transfor-
mação.
O modelo mecanicista do ser humano
A abordagem sintomática da saúde está baseada no paradigma da prática médica
que tem uma visão mecanicista do ser humano. Suas raízes filosóficas remontam à
cosmovisão do século 17, exemplificada por René Descartes, que postulava a dualidade
de mente e corpo, e por Isaac Newton, cujas teorias levaram a um modelo mecânico,
semelhante a um relógio, do Universo. À medida que esse paradigma científico se
desenvolvia nos séculos seguintes, a Revolução Industrial abastecia nosso mundo com
máquinas cada vez mais sofisticadas e o corpo humano passava a ser visto como a
mais admiravelmente complexa de todas as máquinas. Esse modelo mecanicista con-
sidera a cura como uma questão de consertar o maquinário quebrado, similar à
regulagem de um motor ou à substituição de uma peça defeituosa.
Com a proliferação dos computadores nas décadas mais recentes, o paradigma
mecanicista tem se propagado como um modelo cibernético de vida. Os seres huma-
nos, e os seres vivos em geral, são atualmente considerados como sendo
supercomputadores, feitos de “chips” biológicos e genéticos. Através da engenharia
genética, a moderna tecnologia médica está agora tentando redesenhar a própria
estrutura dos organismos vivos.
Ao mesmo tempo em que o reducionismo mecanicista interpreta a vida como
sendo composta por “blocos de construção” físicos (tais como células, moléculas,
átomos e partículas subatômicas), a cibernética reduz toda inteligência a informações
Parte1.pmd 25/3/2009, 11:246
O que é a Terapia Floral?
7
digitais, isto é, à sucessão de bits binários ligados/desligados que forma a base do
computador moderno. A “inteligência artificial” de um computador é um poderoso
instrumento, mas será a mesma coisa que a vida? Consideremos a imagem de uma
rosa, impressa em meio-tom. As séries de pontos coloridos e espaços brancos na
página impressa pode assemelhar-se à imagem de uma rosa, mas nós sabemos que
uma rosa viva é infinitamente mais complexa e está preenchida de sentido e significa-
do muito mais profundos.
A medicina contemporânea, admite-se, desenvolveu um extraordinário conheci-
mento sobre o funcionamento dos vários sistemas e estruturas do corpo físico. Isso
gerou uma tecnologia sofisticada para, através de cirurgias, restaurar o corpo das
devastações causadas por doenças e acidentes e, através da medicina química, alterar
as funções fisiológicas do corpo.
Embora essa complexa tecnologia médica proporcione alguns benefícios admirá-
veis, ela é exorbitantemente cara. Além disso, há também outros custos, menos tan-
gíveis. Hoje em dia poucos médicos visitam os pacientes em casa ou dedicam, na
consulta, o tempo suficiente para obter um quadro completo da vida do paciente,
incluindo o ambiente doméstico, a dinâmica familiar ou a vivência do trabalho. A
ascensão do especialista, que é um conhecedor de uma parte da “máquina” humana,
significa que atualmente dedica-se menos atenção à pessoa como um todo do que nos
tempos do médico da família.
Além disso, quando somos tratados como simples máquinas a serem manipuladas
ou computadores a serem programados, nossas imensas capacidades inatas de cura
são ignoradas, fazendo-nos cada vez mais dependentes das custosas intervenções
médicas. A crise contemporânea em relação aos cuidados com a saúde é mais do que
um problema financeiro ou político; é um sintoma cultural da nossa falta de conexão
com as fontes profundas de onde brota a saúde.
A teoria do germe
A premissa que norteia a medicina convencional é a de que a cura resulta do lutar
contra a doença, em vez do promover a saúde. Com efeito, é impressionante o
quanto de sua linguagem é tomado de empréstimo às imagens da guerra. Tentamos
“derrotar a doença”, “combater a infecção” com “cápsulas mágicas” e travar uma
“batalha contra o câncer”.
O ímpeto desse retrato da medicina como uma campanha militar tem sua origem
na teoria do germe da doença, que culminou no século 19 com o trabalho de Louis
Pasteur, o fundador da microbiologia. Pasteur estabeleceu não só as bases científicas
como também as bases filosóficas para as modernas técnicas de combate às doenças,
tais como a imunização e os antibióticos. Do ponto de vista da teoria do germe, a
doença é causada por agentes externos invasores, como bactérias ou vírus, contra os
quais precisamos lutar. A medicina moderna reuniu um poderoso arsenal de armas
que têm vencido muitas batalhas contra as doenças infecciosas que antes devastavam
a humanidade.
Os modelos mecanicista-cibernéticos do ser humano e a teoria do germe da doen-
ça contêm algumas verdades e levaram a uma melhora da saúde humana. Contudo, a
incapacidade da medicina contemporânea de reduzir significativamente muitos males
crônicos como o câncer, a artrite ou a doença cardiovascular, aponta para a necessi-
dade de uma visão mais ampla da saúde e da cura.
Parte1.pmd 25/3/2009, 11:247
8
Repertório das Essências Florais
A resistência à doença
Foi um contemporâneo de Pasteur, outro cientista e médico francês chamado Claude
Bernard, quem discordou da idéia de que os microorganismos invasores eram a causa
da doença. Bernard enfatizava a importância do “ambiente interior” da pessoa e seu
grau de receptividade à doença, em vez de enfatizar o “germe”, que seria apenas o
mecanismo pelo qual a doença ocorria. Falava do “solo” onde o bem-estar humano
podia crescer. Ele sabia, como o saberia qualquer jardineiro, que sem um solo saudável
não conseguimos fazer crescer plantas robustas e resistentes a doenças, por mais que
combatamos as pragas invasoras.
Os insights de Bernard introduziram o conceito de resistência à doença, o qual
reconhece que microorganismos patogênicos estão disseminados por toda a popula-
ção, mas apenas certas pessoas em momentos específicos sucumbem de fato às doen-
ças “causadas” por esses germes. Essa compreensão é a base do cuidado verdadeira-
mente preventivo com a saúde; cuidado este que enfatiza que a dieta, os exercícios, o
controle do stress, o bem-estar emocional e os fatores ambientais são componentes
importantes de um estilo de vida vibrante e resistente à doença. Embora esses fatores
que promovem um estilo de vida saudável já tivessem sido articulados há muito tempo,
no século 5 a.C. pelo médico grego Hipócrates, eles estão cada vez mais sendo reco-
nhecidos como meios que permitem ao indivíduo assumir a responsabilidade e influ-
enciar seu estado de saúde.
É verdade que nem todas as doenças podem ser prevenidas e muitos fatores cau-
sadores de doença podem até estar além do controle individual. No entanto, podemos
influenciar a maneira como respondemos aos desafios que a vida nos apresenta. A
moderna compreensão do sistema imunológico, seu papel na prevenção da doença
e na recuperação, e sua íntima ligação com nossas emoções e hábitos diários, ensina-
nos que o modo como vivemos — nossos hábitos físicos, emocionais e mentais —
exerce uma influência profunda sobre a nossa capacidade de resistir às doenças e criar
mais saúde e bem-estar.
É nesse contexto de uma estimulação geral da saúde que podemos entender a
admirável contribuição das essências florais. Elas não são substitutas das drogas
miraculosas ou dos milagres altamente tecnológicos da medicina moderna. Pelo con-
trário, seu propósito é preparar a terra onde cresce a boa saúde, enriquecer o solo
profundo da nossa vida, para que os hábitos e as atitudes afirmadores da vida, que
nutrem o nosso bem-estar, possam criar raízes e florescer.
O Relacionamento Corpo-Mente
Medicina psicossomática, stress e personalidade
Embora a corrente dominante da medicina tenha sido progressivamente influencia-
da no século passado pelos modelos de cura mecanicistas e bélicos, um forte
contramovimento, que reconhece o papel da mente e das emoções, também fez avan-
ços significativos.
A medicina homeopática, desenvolvida pelo médico alemão Samuel Hahnemann
há mais de duzentos anos, tornou-se uma importante força na prática médica do
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O que é a Terapia Floral?
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século 19. Ela enfatiza o tratamento da pessoa, e não o da doença, e seus praticantes
levam em consideração os fatores mentais e emocionais juntamente com os sintomas
físicos. Embora tenha sido amplamente rejeitada pela medicina convencional como
“não-científica”, alguns aspectos da filosofia homeopática penetraram a corrente do-
minante da medicina. Por exemplo, no final do século 19, o famoso médico canaden-
se Sir William Osler descreveu a importância que as emoções e atitudes de seus paci-
entes tinham na doença e na recuperação. Diz-se que foi Osler quem afirmou: “É
melhor conhecer o paciente que tem a doença do que a doença que o paciente tem.”
A ascensão da psiquiatria e o uso clínico do hipnotismo trouxeram o reconheci-
mento da extraordinária influência dos processos mentais inconscientes sobre o fun-
cionamento do corpo. Essa compreensão foi reforçada pela ocorrência da Primeira
Guerra Mundial, quando muitos soldados voltaram das trincheiras sofrendo de “neu-
rose de guerra” devido ao extremo stress dos combates. Foi nessa mesma época que
o Dr. Edward Bach desenvolveu seus insights quanto ao papel das emoções e atitudes
na doença, o que o conduziria ao seu sistema das essências florais nos anos 30.
A década de 30 desencadeou os terríveis traumas sociais da Grande Depressão e
os primórdios da Segunda Guerra Mundial. Com tais desafios diante da psique huma-
na, não causa surpresa que essa década também trouxesse uma maior investigação
das relações corpo-mente. O conceito de “medicina psicossomática” foi desenvolvido
nessa época pelo psiquiatra Dr. Franz Alexander e outros. Reconheceu-se que inúme-
ras doenças — tais como verrugas e outras afecções cutâneas, asma, úlceras estoma-
cais e colite — tinham causas emocionais ao invés de físicas, embora seus efeitos
fossem decididamente físicos. Foi também nos anos 30 que o Dr. Hans Seyle iniciou
seu trabalho pioneiro sobre o stress, um conceito que atualmente já se firmou na
cultura popular. Seyle mostrou que as reações de “fuga ou luta” do sistema nervoso
simpático, que são apropriadas para situações de emergência e perigo físico imediato,
podem tornar-se debilitantes quando repetidamente acionadas por atitudes emocio-
nais habituais ou por reações do stress crônico.
Após a Segunda Guerra Mundial, a pesquisa do corpo-mente começou a identifi-
car traços específicos de personalidade que têm correspondência com a suscetibilidade
a certas doenças. (Essa idéia tem raízes muito antigas; já no século 2, o ilustre médico
grego Galeno opinava que a pessoa melancólica era mais suscetível ao câncer.) Um
dos mais famosos estudos modernos a associar personalidade e doença foi conduzido
nos anos 50 pelos Drs. Meyer Friedman e Raymond Rosenman. Eles cunharam o
termo Comportamento Tipo A para designar a atitude impaciente e hostil que pare-
cia ligada a um maior risco de doença cardíaca, em comparação com o mais despre-
ocupado Comportamento Tipo B.
O Dr. Dean Ornish, que vem recebendo crescente reconhecimento por seu pro-
grama de reversão da doença cardíaca através de mudanças na dieta, estilo de vida e
psicologia do paciente, conduz uma das mais significativas pesquisas contemporâneas
sobre as condições cardíacas. Ele descobriu que por trás da tendência compulsiva de
muitos pacientes cardíacos está o esforço de criar um falso eu que seja capaz de
ganhar a aprovação e o amor dos outros, preenchendo assim o “vácuo” sentido no
fundo do coração. Para essas pessoas, Ornish prescreve uma “cirurgia do coração a
nível emocional” para ajudar a derrubar suas defesas. Sua pesquisa mostra que o enri-
quecimento da vida dos sentimentos, junto com mudanças relacionadas ao estilo de
vida, contribui para uma taxa muito maior de cura a longo prazo do que a cirurgia
convencional do coração.
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Repertório das Essências Florais
Uma pesquisa recente da psicóloga Lydia Temoshok sugere aquilo que ela chama
de Personalidade Tipo C, caracterizada pela não-expressão da raiva, desesperança e
depressão, e que parece ter correspondência com uma maior suscetibilidade ao cân-
cer. Num marcante estudo controlado que durou dez anos, o Dr. David Spiegel, psi-
quiatra da Universidade de Stanford, descobriu que mulheres com câncer de mama
que recebiam psicoterapia de grupo viviam duas vezes mais do que mulheres com a
mesma condição e mesmo tratamento físico, porém sem receber a psicoterapia.
Uma pesquisa adicional em Stanford, com pacientes artríticos num programa de
auto-ajuda, mostrou a importância do desenvolvimento de um senso de auto-respon-
sabilidade e proficiência, descrito pelo psicólogo Albert Bandura como “auto-eficá-
cia”. Os pacientes desse programa que superaram os sentimentos de desamparo e
opressão experimentaram uma redução da dor e uma mobilidade crescente.
Embora muitos estudos ainda restem por ser feitos para que seja estabelecida a
relação precisa entre traços de personalidade e doenças específicas, as pesquisas em
curso demonstram claramente que as emoções e atitudes são os principais fatores que
contribuem para nossa capacidade de resistir à doença e criar a saúde.
O efeito placebo
Ironicamente, alguns dos argumentos mais convincentes para o papel das atitudes
e das crenças na saúde humana provêm de dados que costumam ser descartados nas
pesquisas. Quando se fazem estudos controlados, o grupo de controle recebe um
placebo, algo que parece um medicamento ou tratamento, mas é fisicamente inerte.
A idéia é a de que o tratamento ou o medicamento é eficaz se as pessoas que recebem
o tratamento “verdadeiro” obtêm resultados significativamente melhores do que aque-
las que recebem o placebo.
Contudo, muitas das pessoas que recebem o placebo se recuperam de fato, muitas
vezes em taxas bem maiores do que seria de esperar em quem não está recebendo
tratamento algum. Esse “efeito placebo” tornou-se bastante constatado nas pesquisas
e é explicado como o efeito da crença do paciente de estar recebendo algum tipo de
tratamento útil, crença esta reforçada pela atenção cuidadosa do médico ou pesquisa-
dor.
Os pesquisadores geralmente são pagos para medir o efeito físico do remédio ou
do procedimento nos pacientes que recebem “a coisa autêntica”. Porém, parece igual-
mente significativo estudar as respostas dos grupos placebo, que não recebem ne-
nhum tratamento médico, mas muitas vezes experimentam mudanças
demonstráveis baseadas simplesmente na crença de que estão recebendo trata-
mento.
O efeito placebo é uma evidência convincente de que as atitudes e crenças causam
impacto no corpo humano de maneiras tão observáveis e reais como as dos agentes
físicos ativos. Ao invés de descartar essa parte do método experimental, deveríamos
examiná-la com mais atenção. Essa demonstração da influência corpo-mente nos
desafia a desenvolver terapias que se dirijam diretamente às atitudes e às crenças. A
terapia floral é uma dessas modalidades.
A psiconeuroimunologia
Nos anos 80, a ciência médica começou a levar a sério a conexão corpo-mente, à
medida que as pesquisas começaram a mapear alguns dos mecanismos bioquímicos
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O que é a Terapia Floral?
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envolvidos. Com a publicação do livro de Robert Ader, Psychoneuroimmunology, em
1981, esse termo entrou no vocabulário médico e popular. A psiconeuroimunologia
(PNI) refere-se à capacidade da mente de, agindo através do sistema nervoso, alterar
a fisiologia do sistema imunológico humano, que é responsável pela resistência à doen-
ça. Estudos mostram as conexões diretas do sistema nervoso com a glândula timo, a
produtora das células T, as quais são básicas para a função imunológica. Inúmeros
“mensageiros bioquímicos” têm sido estudados, incluindo os hormônios que transmi-
tem as respostas emocionais das glândulas para o corpo e vice-versa, e vários
neuropeptídios tais como as endorfinas, que têm efeitos analgésicos e euforizantes.
É de extrema importância que compreendamos acuradamente o significado da PNI
e de outras pesquisas do corpo-mente. Elas não explicam a mente como um fenôme-
no puramente fisiológico, nem provam que a mente pode ser controlada por meios
químicos. Tal interpretação estaria confundindo o cérebro, que é uma parte do corpo
físico, com a mente ou a alma, que são aspectos do Eu situados além do corpo físico.
A mente age através do cérebro e de outras partes do corpo, e desse modo afeta seus
funcionamentos. Da mesma maneira, a atividade da mente é obstruída ou intensificada
pela condição do cérebro e do corpo. Essa é uma relação recíproca, bem mais comple-
xa e dinâmica do que a afirmação simplista de que a mente nada mais é que mecanis-
mos bioquímicos.
Se a pesquisa da PNI for interpretada de uma maneira reducionista, ela se torna
apenas mais uma elaboração do ser humano como máquina complexa ou
biocomputador. A verdadeira significância da pesquisa da PNI é que podemos medir
os efeitos físicos das nossas crenças, atitudes e sentimentos, que, de outro modo, não
são diretamente mensuráveis. É uma situação análoga à dos físicos, que estudam as
invisíveis partículas subatômicas olhando seus rastros nas câmaras de bolhas. Os ca-
minhos bioquímicos mapeados pela pesquisa da PNI são evidências da existência de
qualidades anímicas mais elevadas que têm suas origens num plano além do corpo
físico. Assim entendida, essa pesquisa dá apoio a uma compreensão mais ampla do
ser humano, a de que o corpo físico é diretamente afetado por aquilo que pensamos
e sentimos.
Em suma, podemos ver que a moderna terapia floral é parte de uma busca maior,
dentro das profissões voltadas aos cuidados com a saúde, por uma visão mais holística
do ser humano e especialmente pela importância dos sentimentos, atitudes e crenças
sobre a nossa saúde geral e sobre a nossa capacidade de resistir à doença.
A Contribuição do Dr. Edward Bach
É nesse contexto histórico da medicina do corpo-mente que podemos apreciar o
gênio do Dr. Edward Bach, criador da terapia floral, e compreender porque seu traba-
lho fala tão fortemente aos nossos tempos.
O Dr. Bach foi um pioneiro na compreensão do relacionamento das emoções com
a saúde do corpo e da psique. Ele percebeu que, para a saúde ser gerada, os nossos
aspectos emocionais e espirituais precisam ser tratados. A má saúde ocorre quando
nos falta uma percepção consciente da nossa identidade como alma-espírito, e quan-
do nos alienamos dos outros ou perdemos a conexão com nosso propósito na vida.
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Repertório das Essências Florais
Como Bach explicou em sua marcante obra Heal Thyself (Cura-te a ti mesmo), a
doença é uma mensagem para mudarmos, uma oportunidade para tomarmos consci-
ência das nossas imperfeições e para aprendermos as lições da vida, de modo a
podermos cumprir melhor nosso verdadeiro destino.
Bach recebeu treinamento médico convencional em Londres e praticou durante
muitos anos como bacteriologista. Sua abordagem, contudo, era pouco convencional,
na medida em que ele baseava seu tratamento mais nas emoções e atitudes de seus
pacientes do que num diagnóstico puramente físico. Mais tarde, ele se voltou para a
medicina homeopática, pois apreciou essa abordagem da saúde da pessoa como um
todo e a aplicação de remédios que energizavam os poderes de cura do corpo. Na
realidade, uma série de nosódios intestinais desenvolvidos por Bach ainda são usados
pelos homeopatas hoje em dia.
Em 1930, o Dr. Bach deixou sua clínica homeopática em Londres e se transferiu
para a zona rural a fim de desenvolver um novo sistema de remédios naturais, feitos
com flores silvestres. Através de sua sensível observação tanto da Natureza como do
sofrimento humano, ele foi capaz de correlacionar cada remédio floral com um espe-
cífico estado mental humano.
Antes de sua morte em 1936, aos 50 anos, Bach desenvolveu uma série de essên-
cias florais que demonstravam um admirável insight na natureza humana. Numa épo-
ca em que o mundo estava preocupado com o sofrimento físico, a convulsão política,
a devastação econômica e a ascensão do nazismo e do fascismo, Bach percebeu a
escuridão interior da alma humana. Reconheceu a importância de emoções destrutivas
tais como a depressão, o ódio e o medo. Junto com outros pioneiros da medicina
psicossomática, ele percebeu o tributo devastador que as emoções e atitudes desequi-
libradas cobram do corpo humano. Bach foi mais longe, contudo, no sentido de saber
que a verdadeira saúde está baseada na conexão de nossa vida e destino com um
propósito maior. Além disso, ele compreendeu que poderíamos encontrar na própria
Natureza as substâncias capazes de trazer profunda mudança à alma e ao corpo hu-
manos.
A Visão Holística do Ser Humano
Energia vital e saúde
Se partirmos do princípio de que o ser humano é algo mais que uma máquina a ser
consertada quando se quebra ou um complexo biocomputador que precisa ser
reprogramado, podemos então desenvolver uma visão expandida da natureza huma-
na, uma perspectiva mais “holística”. O primeiro passo é reconhecer o ser humano
como um sistema de forças energéticas assim como de estruturas físicas e atividade
bioquímica. Os antigos conceitos orientais de chi e prana, ou o da força vital na
tradição ocidental, descrevem uma energia vital que anima a matéria física no interior
dos seres vivos. Uma deficiência ou distúrbio nessas energias vitais podem levar ao
stress no corpo físico, reduzindo desse modo a resistência à doença.
Ao olhar apenas para os sistemas físicos do ser humano, a medicina convencional
ignora a influência dos campos transfísicos de energia. É mais ou menos como tentar
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O que é a Terapia Floral?
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entender as imagens da televisão analisando as partes do aparelho de TV, sem reco-
nhecer o campo de energia eletromagnética circundante que transporta o sinal trans-
mitido. A estrutura física é fundamental, mas a premissa reducionista de que não
existe nada mais além dessa estrutura ignora as forças que animam as formas físicas.
O corpo etérico
Os campos eletromagnéticos, com os quais estamos tão familiarizados nesta nossa
era eletrônica, proporcionam uma analogia muito útil para compreendermos os cam-
pos de energia dos seres vivos. No entanto, seria um erro tentar explicar a vida em
função das energias físicas da eletricidade e do magnetismo. As energias vitais, co-
nhecidas como as forças etéricas formativas, têm suas próprias e distintas qualidades
e características, e mesmo sua própria geometria. Por exemplo, as forças físicas se
irradiam de um ponto de origem para a periferia, enquanto as forças etéricas se
concentram a partir da periferia para um centro vital. George Adams e Olive Whicher,
em seu livro The Plant Between Sun and Earth (A Planta entre o Sol e a Terra),
descrevem como o estudo da geometria projetiva fornece uma base matemática para
compreendermos a polaridade das forças físicas e etéricas em organismos vivos, tais
como as plantas.
Essas forças vitais etéricas envolvem o corpo físico e pode-se dizer que constituem
o corpo etérico. Uma surpreendente demonstração da existência desse corpo é o
“efeito da dor fantasma”, no qual a pessoa conserva a sensação dolorosa de um
membro amputado. O membro físico foi perdido, mas o membro etérico permanece.
Esse fenômeno também é ilustrado pelo “efeito da folha fantasma”, visível na fotogra-
fia kirlian de uma folha cortada que mostra claramente a imagem do campo de ener-
gia da folha completa, sem o corte. Pesquisadores russos chamaram esse campo da
aura de “bioplasma” de um ser vivo, que podemos considerar como um outro nome
para o corpo etérico. (Ver pág. 56 para maiores informações sobre a fotografia
kirlian).
O corpo etérico também engendra hábitos vitais construtivos e padrões rítmicos de
comportamento. Um conceito similar tem sido proposto por Rupert Sheldrake, um
pioneiro biólogo inglês e autor de A New Science of Life (Uma Nova Ciência da Vida).
A teoria da causação formativa de Sheldrake descreve os campos morfogênicos, os
quais dão forma e direção aos organismos vivos e são moldados pelos padrões da
experiência passada. Essas são as forças etéricas formativas, comuns a todos os orga-
nismos vivos e responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento das formas orgânicas.
É o corpo etérico que diferencia o vivo do não-vivo. Sua presença estabelece a
diferença entre um organismo vital, florescente e uma porção de matéria sem vida.
Quando o corpo etérico se retira do corpo físico, ocorre a morte e a dissolução.
Quando o corpo etérico é forte e vitalizado, o organismo físico é cheio de vida.
A homeopatia e a acupuntura como medicinas de energia
Duas modalidades de tratamento de saúde que estão bem estabelecidas no mundo
de hoje — a homeopatia e a acupuntura — reconhecem e tratam os campos da
energia etérica humana. A diferença entre os remédios homeopáticos e os medica-
mentos convencionais é que os primeiros são tão diluídos fisicamente que qualquer
influência bioquímica é atenuada ou eliminada, ao mesmo tempo em que suas forças
energéticas são amplificadas através de um processo de dinamização ou
potencialização, produzido pela sucussão rítmica que acompanha cada estágio de
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Repertório das Essências Florais
diluição. Esses remédios produzem então um efeito nos campos energéticos humanos
através da Lei dos Semelhantes. Esse princípio sustenta que uma substância causado-
ra de um conjunto específico de sintomas quando ministrada em grandes doses, irá,
em doses homeopáticas, estimular o corpo a curar esse mesmo conjunto de sintomas.
Assim, a homeopatia age como um catalisador, reunificando as forças vitais do ser
humano para que elas se envolvam no processo de cura.
A acupuntura é uma antiga ciência médica oriental na qual minúsculas agulhas são
inseridas ao longo dos meridianos, que são os caminhos da energia vital humana.
Usados para tudo, desde o alívio da dor até a cura de doenças crônicas, os tratamen-
tos com acupuntura agem sobre os sistemas fisiológicos ao regular e tonificar o corpo
energético humano.
A homeopatia é uma profissão amplamente praticada e altamente respeitada na
Europa, Índia, América do Sul e Austrália. Após um século de repressão, ela está
passando por um renascimento na América do Norte. A acupuntura, praticada há
milhares de anos na China e no Japão, tornou-se cada vez mais difundida no Ociden-
te nas últimas décadas. Essas duas modalidades de tratamento de saúde podem com-
provar milhares de casos em que clientes obtiveram uma cura para a qual a ciência
médica convencional não tem explicação. Receitar doses infinitesimais de substâncias
ou inserir agulhas em meridianos de energia não faz sentido se o ser humano for
apenas um mecanismo bioquímico. O sucesso dessas terapias etéricas é uma podero-
sa evidência de que o ser humano é mais do que uma máquina e de que os campos
energéticos humanos são reais.
O sistema dos campos energéticos humanos
Reconhecer a existência do corpo etérico como um campo de energia vital é o
primeiro passo para se alcançar uma compreensão da anatomia sutil humana, ou
seja, a estrutura e funcionamento dos “corpos superiores” ou campos de energia que
se estendem além da dimensão física. Embora haja muitos sistemas de anatomia sutil,
neste Repertório referimo-nos a uma fundamental divisão quádrupla do ser humano,
que tem origem em várias tradições da sabedoria e da cura metafísicas, e que é resu-
mida sucintamente nos escritos do moderno cientista espiritual, Dr. Rudolf Steiner.
Essa classificação quádrupla refere-se a: 1) o corpo físico — a estrutura bioquímica
e mecânica do corpo; 2) o corpo etérico — o envoltório vital que circunda imediata-
mente o corpo físico e que está intimamente conectado com as forças vitais da Natu-
reza; 3) o corpo astral — a sede da alma e o repositório dos desejos, emoções e
sentimentos humanos, especialmente correlacionado com o mundo dos astros e ou-
tras influências cósmicas; e 4) o Self ou Eu Espiritual — a essência ou identidade
espiritual verdadeira de cada ser humano. Esses quatro corpos também podem ser
vistos como se estivessem contidos em duas polaridades fundamentais do ser huma-
no: o pólo da vida (o físico-etérico) e o pólo da consciência (o anímico-espiritual). Já
analisamos os corpos físico e etérico; passamos agora ao pólo da consciência do ser
humano.
O corpo astral
A consciência nasce no corpo astral, criando um espaço interior no qual o mundo
exterior pode ser vivenciado. Se compararmos a qualidade bidimensional e espalhada
da folha de uma planta com o fechado espaço interior de um órgão humano ou
animal, teremos uma imagem da diferença que existe entre os corpos etérico e astral.
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O que é a Terapia Floral?
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A presença do corpo astral nos animais é evidenciada pelos seus movimentos e sons
característicos, que são as expressões exteriorizadas de suas experiências interiores.
Nos seres humanos, o corpo astral é a morada da alma e dos nossos sentimentos,
desejos e sensibilidade aos outros e ao ambiente. Ele contém tanto a nossa experiên-
cia do mundo que nos rodeia quanto do nosso mundo interior. O corpo astral é, sem
dúvida, um lugar de polaridades, onde somos lacerados entre o gostar e não gostar,
atração e repulsão, extroversão e introversão. Embora seja o corpo etérico que conce-
de vitalidade, é o corpo astral que dá cor e profundidade à nossa vida.
Embora, em seu crescimento e desenvolvimento, a planta seja basicamente uma
expressão das forças etéricas, percebemos a influência de qualidades astrais no apare-
cimento da flor, com suas cores, formas e fragrâncias ímpares. O formato de taça de
muitas flores sugere um espaço interior, embora de um modo mais parcial que os
órgãos humanos e animais. Podemos, por esse motivo, compreender porque as es-
sências florais são preparadas especificamente da parte florida da planta. Quando a
planta verde brota em floração, uma forma puríssima e extraordinária de astralidade
toca brevemente sua dimensão etérica. Os remédios que são preparados nesse mo-
mento do florescimento são singularmente capazes de tratar as experiências emocio-
nais do corpo astral humano, harmonizando-as com o corpo etérico.
Um dos antigos ensinamentos sobre o corpo astral é o de que ele contém sete
importantes centros de energia, ou “chakras”. Há muita literatura disponível sobre o
sistema dos chakras, sua relação com as emoções e suas correspondências com o
sistema endócrino dos corpos físico e etérico. As essências florais produzem clara-
mente um forte efeito sobre os chakras humanos. Entretanto, achamos que uma
compreensão do sistema dos chakras e sua relação com as essências florais deveria
basear-se na evidência empírica bem como na filosofia metafísica. Neste Repertório,
somente algumas das principais relações com os chakras são mencionadas naquelas
essências em que tais relações são particularmente significativas. É nossa intenção
providenciar um exame mais completo do relacionamento entre as essências florais e
os chakras, em futuros seminários e publicações, à medida que se desenvolverem
nossas pesquisas.
O Eu Espiritual
O aspecto supremo do ser humano no sistema quádruplo é o ego espiritual ou
Self, também conhecido como a presença do Eu ou a centelha de divindade que
habita no indivíduo. É essa percepção consciente interior do ego espiritual, essa pos-
sibilidade de individuação, que leva o ser humano à liberdade de dar forma ao seu
destino e desenvolver as forças morais da consciência assim como a consciência de
si. Esse Eu, ou presença auto-reflexiva, distingue os seres humanos dos três outros
reinos da Natureza — os animais, as plantas e os minerais.
O Eu Espiritual é aquele aspecto divino do nosso ser que age através da matriz do
corpo e da alma, buscando a encarnação na matéria a fim de evoluir. Ele representa
uma identidade individual que não pode ser plenamente definida por fatores
demográficos ou hereditários, mas que se manifesta em nosso caráter e destino pes-
soal. Assim como é única a estrutura cristalina de cada floco de neve que cai do céu
sobre a Terra, também a diamantina divindade que pertence a cada alma humana é
uma expressão sublime de espiritualidade individual.
É também o Eu Espiritual que proporciona um foco central para a integração dos
diversos elementos do nosso ser. O egotismo ou o egoísmo ocorrem quando nos
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Repertório das Essências Florais
identificamos com papéis, auto-imagens, emoções ou anseios limitadores em vez de
nos identificarmos com a plenitude do Eu Espiritual. Às vezes essas expressões do “eu
inferior” estão ocultas da plena visão da nossa consciência, mas mesmo assim exer-
cem poderosas influências enquanto “sombra” ou “duplo” psicológico. Se soubermos
transferir a nossa identidade para o Eu Espiritual, desenvolveremos uma capacidade
de observador, um centro sereno para a prática da autopercepção consciente e do
honesto exame de nossos atos e pensamentos.
Não nos é possível superar o egoísmo através da negação do eu. A repressão não-
saudável da individualidade não traz uma verdadeira realização do ego espiritual. Sem
um forte senso do eu e de propósito na vida, ficamos sujeitos às influências aleatórias
das circunstâncias mutáveis ou ao controle e orientações dos outros; somos arrasta-
dos pela vida como um barco sem leme no mar. O genuíno não-eu nasce da liberdade
e da força, quando servir e entregar-se a um propósito mais elevado são a escolha
consciente de um Eu forte e radiante.
A expressão física do Eu é o sistema imunológico. Sua função é estabelecer a
diferença entre aquilo que serve à totalidade do nosso ser e aqueles processos doenti-
os que egoisticamente servem seus próprios propósitos às custas do todo. Não é
coincidência que numa época em que a verdadeira identidade espiritual está perturba-
da ou distorcida de mil maneiras, a nossa cultura como um todo também experimente
um rápido aumento das doenças relacionadas com a função imunológica. A mensa-
gem mais profunda dessas doenças físicas é a de que precisamos desenvolver um
relacionamento integral com o Eu Espiritual.
Assim, um senso forte, porém equilibrado, do Eu é vital para a saúde tanto do
corpo como da alma. Quando despertamos nossa percepção consciente para o fato
de que o Eu é a parte sagrada e mais íntima do nosso ser, sua radiância solar pode
iluminar nosso caminho através da vida.
Em suma, é através da compreensão da natureza multidimensional do ser humano
que podemos perceber o pleno potencial da terapia floral como agente facilitador da
saúde e do bem-estar. É um processo que envolve todos os quatro níveis do nosso
ser; o Eu Espiritual, as nossas experiências interiores, as nossas forças vitais e também
a nossa natureza física. Somos desafiados a fazer a escolha consciente de mudar, de
assumir a responsabilidade pela nossa saúde e destino na vida, utilizando a força plena
do nosso Eu espiritual. Precisamos tratar as emoções e atitudes que constituem o
corpo astral, desenvolvendo equilíbrio e clareza interiores. Além disso, precisamos
nutrir o corpo etérico, despertando as forças vitais que, por sua vez, irão energizar e
fortalecer o corpo físico. Assim entendida, a terapia floral torna-se verdadeiramente
holística, relacionando-se com cada dimensão da vida.
A Terapia Floral como Cura da Alma
A alma humana
Embora as essências florais sejam capazes de tocar todos os aspectos da experiên-
cia humana, elas o fazem por meio da alma humana. Mas, o quê exatamente se
entende por alma? Essa é uma questão que tem preocupado os pensadores ao longo
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O que é a Terapia Floral?
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dos séculos, e assim é pouco provável que possamos oferecer aqui uma descrição
definitiva. Como disse o filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson, “A filosofia
de seis mil anos não inspecionou as câmaras e depósitos da alma.” De todo modo,
esperamos nesta rápida visão geral compartilhar uma percepção do que é a vida
anímica e como as essências florais enriquecem a alma.
Nas discussões teológicas dos filósofos, bem como em muitos ensinamentos religi-
osos e metafísicos contemporâneos, a “alma” é o aspecto imortal do ser humano,
destinada à condenação eterna ou à redenção, ou a encarnar uma vida após a outra.
Nas palavras do poeta inglês William Wordsworth, “A alma que conosco se ergue,
nossa Estrela da Vida / teve alhures seu ocaso / e de muito longe vem.” A partir dessa
perspectiva, a alma é uma entidade espiritual.
Do ponto de vista da moderna ciência materialista, aquilo a que chamamos alma é
uma entidade totalmente física, nada além de um subproduto das reações químicas no
cérebro. Podemos seguir a pista desse conceito até o filósofo francês do século 17,
René Descartes, que localizou a alma na glândula pineal.
Já a visão clássica era a de que a alma não seria nem puro espírito nem puro
corpo, mas sim uma qualidade viva do corpo. O filósofo grego Aristóteles definia a
alma como “a realidade inicial de um corpo natural imbuído com a capacidade para a
vida”. O romano Plotino declarou: “É a alma que empresta movimento a todas as
coisas”, fazendo eco ao que Cícero dissera vários séculos antes, “Pois tudo que é
posto em movimento por forças externas é sem vida, mas tudo aquilo que possui vida
é movido por um impulso interior e inerente. E esse impulso é a própria essência e
poder da alma.” A religiosa medieval Hildegard de Bingen descrevia a alma como “um
sopro do espírito vivo que, com sublime sensibilidade, permeia todo o corpo para dar-
lhe vida.”
A partir dessas descrições temos a impressão de que a alma é aquilo que move, ou
anima, um corpo vivo. Com efeito, anima e animus são as palavras latinas que
designam os aspectos feminino e masculino da alma. Enquanto humanos, comparti-
lhamos essa qualidade animada da alma com aquelas criaturas que são nossas compa-
nheiras na Terra, os animais, dos quais cada espécie expressa uma qualidade anímica
única em seus sons e movimentos.
A alma é aquilo que nos move; é paixão, desejo, luta por algo que está além do
nosso alcance. A alma é também as profundezas da experiência. É a incursão na dor,
na vulnerabilidade, na mortalidade, na entrega. Como a flor na planta, a alma huma-
na expressa a riqueza da experiência; ela dá cor, textura e sentimento. É um cálice
para receber a vida, um espaço interior no qual vivenciar o mundo exterior. A alma
vive através do contato com a pulsação da vida. Experimentamos tal alma na soul
music ou na poesia que eleva a alma.
A alma está assim fortemente conectada ao corpo astral, morada das nossas emo-
ções, do nosso gostar e não gostar, das nossas experiências. Contudo, seria uma
simplificação exagerada dizer que a alma é o corpo astral, pois ela também busca um
relacionamento com o mundo físico, com a Natureza e com a sociedade humana.
Como pode a alma nascer do mundo espiritual e, ainda assim, expressar-se através
do corpo físico? Qual o mistério contido nesse paradoxo? Onde exatamente podemos
achar a alma? O poeta alemão Novalis disse, “A sede da alma é ali onde o mundo
interior e o mundo exterior se encontram. Onde eles se sobrepõem; a alma está em
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Repertório das Essências Florais
cada um dos pontos da sobreposição.” A palavra grega psyche significa tanto “alma”
como “borboleta”. Essa imagem sugere que a alma é capaz de transmutação, ou
metamorfose, desde a lagarta presa à terra, passando pela crisálida encasulada, até
chegar finalmente às asas celestiais libertas. A alma é assim um intermediário entre o
interior e o exterior; entre o corpo (encarnação na matéria) e o espírito (expansão
ilimitada do Eu); entre a vida e a consciência.
Essa natureza dinâmica e fluida da alma é essencial. Se confundimos alma e espí-
rito, como fizeram muitos teólogos do passado, então a alma torna-se uma abstração
desincorporada, separada da pulsação da vida. Se reduzimos a alma a um mecanismo
físico, como faz a ciência materialista moderna, então negamos seus atributos trans-
cendentes e misteriosos e promovemos a macabra visão de um mundo sem cor habi-
tado apenas por criaturas mecânicas.
Há muitas descrições e perspectivas relacionadas à alma. Tal como na famosa
parábola indiana dos cegos e do elefante, cada percepção é um vislumbre de uma
totalidade maior que está além da nossa visão. No entanto, com cada novo ponto de
vista, chegamos mais perto da verdade. Agora que a “alma” escapou da obscuridade
das dissertações teológicas e cruzou as fronteiras dos idiomas étnicos para ocupar seu
lugar nos grandes êxitos de livraria, temos a oportunidade de nos unir à cultura como
um todo para pesquisar o significado da alma. Podemos hoje falar das essências flo-
rais como uma terapia da alma, com uma certa expectativa de que estaremos fazendo
vibrar um acorde já conhecido.
Psicologia, psicoterapia e cura da alma
Psicologia, em suas raízes etimológicas, é o “conhecimento da alma” (o logos da
psique). Isso pode ser difícil de reconhecer numa cultura em que alguns psicólogos
fazem pesquisas em ratos para entender o comportamento humano ou usam a inse-
gurança sexual e outras emoções para vender bens de consumo ou manipular a opi-
nião pública. Essas práticas ilustram uma abordagem que trata a alma como um mero
mecanismo que pode ser previsivelmente programado. Na medida em que as pessoas
agem de modo mecânico e impensado, tais métodos behavioristas tornam-se pressu-
posições que acabam por se realizar.
Algumas escolas de psicologia e psiquiatria têm se voltado cada vez mais para a
psicofarmacologia, envolvendo o uso de tranqüilizantes, antidepressivos ou drogas
psicotrópicas para tratar as lutas da alma. Embora seja verdade que a manipulação
química do cérebro pode alterar dramaticamente o comportamento e a experiência, a
alma é mais do que a química do cérebro.
Apesar de várias tentativas para reduzir a psicologia a uma programação mecanicista,
a psicoterapia (“tratamento da alma”) está basicamente interessada na estimulação da
autopercepção consciente e na qualidade da vida da alma. No desenvolvimento inicial
da psicoterapia, foi a psicanálise de Sigmund Freud que reconheceu que a psique
tinha dimensões ocultas ou inconscientes, as quais, contudo, exerciam poderosas
influências sobre nossos pensamentos, sentimentos e ações. No entanto, a psicologia
e a psicoterapia não ganharam sua merecida fama até que os traumas sociais da
primeira metade do século 20 — as duas Guerras Mundiais, a Depressão, o Holocausto
— deram um forte impulso para que fossem acesas as luzes da compreensão nos
escuros recessos da psique humana. À medida que amadurecia a geração nascida
após a Segunda Guerra Mundial, a psicoterapia foi se tornando parte integrante da
nossa vida cultural.
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O que é a Terapia Floral?
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Carl Jung e sua terapia da alma
O psiquiatra suíço Dr. Carl Jung desenvolveu, em especial, a dimensão anímica da
psicoterapia. Jung foi originalmente discípulo de Freud, mas discordou de sua estreita
ênfase na sexualidade como causa da neurose e como base principal das aspirações
anímico-espirituais da humanidade. Jung reconheceu que nas profundezas da experi-
ência do indivíduo — contatadas através de sonhos, meditação, terapia profunda, e
presentes nas imagens mitológicas de culturas tradicionais — há certos arquétipos
transpessoais. Esses temas recorrentes são expressos com muitas variações, de acor-
do com as circunstâncias individuais. No entanto, emanam de uma fonte comum, a
que Jung deu o nome de inconsciente coletivo, ou o que também poderia ser chama-
do de base do ser ou mente universal, um conceito articulado pelo filósofo grego
Platão. Jung afirmava que o trabalho interior consciente poderia ajudar a pessoa a
compreender como esses arquétipos desempenham um papel no desenrolar do desti-
no individual. Ele ensinava que, através de um processo de individuação, a alma
humana pode harmonizar seus vários aspectos e encontrar sua expressão singular na
vida. Particularmente importante é o encontro com a sombra, ou seja, as emoções e
atitudes não reconhecidas que com freqüência opõem-se às nossas intenções consci-
entes. Uma vez que esses elementos rejeitados da psique sejam reconhecidos, eles
poderão ser gradualmente resgatados e integrados ao Eu consciente. Jung chamava
esse processo de União dos Opostos, pedindo emprestado uma imagem da tradição
alquímica.
Na verdade, uma das principais contribuições de Jung foi reviver o interesse mo-
derno pela alquimia como uma linguagem da alma. Jung contestava a visão convenci-
onal de que a alquimia era uma tentativa de magicamente converter metais comuns
em ouro. Em vez disso, ele via a alquimia como uma série de processos simbólicos
direcionados para o trabalho interior e a transmutação da alma. Jung encontrou cor-
relações entre as imagens transformativas que surgiam espontaneamente nos sonhos
de seus pacientes e as formas arquetípicas usadas na alquimia. Isso o levou a concluir
que os processos alquímicos que envolviam as substâncias da Natureza eram basica-
mente projeções da psique humana, uma espécie de sonho desperto repleto de sím-
bolos da vida interior, mas sem qualquer realidade independente.
Infelizmente, Jung estava certo apenas pela metade em sua avaliação da alquimia.
Seus insights levaram a uma nova sabedoria sobre a vida da alma humana, mas sem
uma conexão direta com a alma da Natureza. O mundo natural está cheio de arquéti-
pos vivos, tão reais quanto aqueles que habitam a psique humana. Como trataremos
a seguir, a sabedoria alquímica não é simplesmente a projeção de um mundo interior
sobre uma tela em branco; ela trabalha com as correspondências entre a alma huma-
na e a alma da Natureza. É exatamente essa compreensão que forma o alicerce da
terapia floral.
Desenvolvimentos recentes na psicoterapia
No período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, um dos mais significativos
pioneiros da psicologia foi Abraham Maslow, fundador da psicologia humanista.
Maslow discordou da ênfase mal colocada pela psiquiatria e pela psicologia behaviorista,
que era a de ajudar um indivíduo disfuncional a tornar-se “bem ajustado” em seus
papéis profissionais e familiares. Maslow postulou uma hierarquia de necessidades,
que incluía a capacidade básica de funcionar no mundo e atender as necessidades da
vida. Contudo, além dessas necessidades da sobrevivência física, está o empenho pela
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Repertório das Essências Florais
auto-realização, ou pleno desenvolvimento do potencial humano, para que sejam
encontrados o significado e a realização mais profundos na vida. Esse reconhecimen-
to tornou-se a base da psicologia humanista e daquilo que é chamado de movimento
do potencial humano, o qual gerou uma grande variedade de terapias destinadas a
ajudar a alma a encontrar a realização na vida.
A psicologia transpessoal é um desenvolvimento ulterior; há nela o reconheci-
mento de uma dimensão transcendente ou espiritual da vida, que daria um contexto
mais amplo ao desenvolvimento individual da nossa alma. Um dos pioneiros desse
trabalho foi Roberto Assagioli, promovedor da psicossíntese. Através de tal processo,
um senso essencial do Eu Espiritual é desenvolvido, tornando-se um centro em volta
do qual constelam os vários sub-eus, ou subpersonalidades.
À medida que nos aproximamos do final do século 20, erguem-se vozes que ques-
tionam se a psicoterapia, tal como é praticada, não estaria frustrando a vida da alma
ao invés de estimulá-la. James Hillman, psicólogo de arquétipos, criticou o narcisismo
daqueles que, pela própria abordagem do autodesenvolvimento, são levados à
introversão e ao não-envolvimento social e político. Ele nos exorta a ver a conexão
entre a neurose individual e as doenças sociais, e a nos envolver nas questões do
nosso tempo. Theodore Roszak sugere que grande parte da angústia da alma contem-
porânea tem suas origens na desconexão da sociedade em relação à Terra. Perceben-
do que a auto-realização do movimento do potencial humano é inadequada, ele pede
uma nova ecopsicologia, na qual a cura de nós mesmos é inseparável da cura da
Terra. Robert Sardello exorta-nos a trazer sentido e beleza às nossas vidas não só
como uma realidade interior, mas como uma experiência ativa e dinâmica no mundo
social e natural. Thomas Moore escreve sobre a necessidade dos “cuidados da alma”
como uma atividade diária, em vez de apenas uma experiência levada a efeito na sala
do terapeuta. Ele sugere que abandonemos nossa obsessão em nos fixar nos proble-
mas psicológicos e, em vez disso, prestemos atenção à sabedoria da vivência singular
da nossa alma.
Em seus questionamentos, por vezes polêmicos, mas sempre incisivos, da
psicoterapia contemporânea, essas vozes nos desafiam a desenvolver um novo
paradigma psicológico. A psique não deveria ser vista como um objeto isolado para
reflexão interior, mas como um participante plenamente envolvido com a Terra e com
a cultura humana. A alma humana individual é um membro da alma do mundo (anima
mundi). Está intimamente relacionada com Gaia, o ser vivo Terra, e com todos os
seres que nela existem. Assim imaginada, a psicoterapia torna-se uma genuína cura
da alma, fiel à definição de Novalis, “ali onde o mundo interior e o mundo exterior se
encontram.”
As essências florais e a alma do mundo
A terapia floral incorpora essa visão mais ampla dos cuidados com a alma. Seu
princípio fundamental é o de que nosso bem-estar pessoal e nosso sentido de inteireza
dependem muitíssimo do bem-estar geral do mundo em que vivemos. Todavia, este
não é simplesmente um conceito abstrato ou um ideal teórico. O processo mais pro-
fundo — o próprio cerne do significado da terapia floral – é que um diálogo ou
relacionamento é gerado entre a alma humana e a alma da Natureza.
Basicamente, podemos enxergar a terapia floral como uma forma extraordinária
de comunhão, na qual recebemos não só a nutrição física das substâncias da Terra,
mas também permitimos a nós mesmos absorver conscientemente as qualidades
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O que é a Terapia Floral?
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anímicas do ser vivo Terra. Tal terapia nos concede a oportunidade não apenas de
sermos “curados” num sentido pessoal, mas de podermos realmente vivenciar e apren-
der com a Natureza, unir a percepção consciente microcósmica e macrocósmica.
Compreendendo a partir dessa perspectiva, podemos apreciar o valor mais profun-
do dos dois remédios policrestos (multiuso) do sistema de Bach. As essências Wild Oat
e Holly sintetizam a combinação do interno e do externo na terapia floral. O Dr. Bach
pretendia que eles fossem amplamente usados, para ajudar a orientar a alma do modo
mais básico ao longo de sua jornada de cura. Wild Oat dirige-se à nossa capacidade de
encontrar significado no mundo e desenvolver compromisso e foco interiores, que irão
fortalecer e direcionar a alma na descoberta de sua vocação ou chamado para servir os
outros e contribuir na cultura mundial. Por outro lado, Holly dirige-se àqueles senti-
mentos mais íntimos da alma que nos separam dos outros, tais como a hostilidade, o
ciúme e a inveja. Com efeito, o próprio nome dessa planta admirável remete à idéia de
inteireza ou santidade; (1)
Holly conduz a alma para um sentimento de unidade, inclu-
são e confiança nos relacionamentos com os outros.
À medida que consideramos cada uma das essências listadas no Repertório, vemos
que elas sempre se dirigem para o perfeito equilíbrio da alma: buscar a força e o
significado interiores, mas também construir uma sensibilidade compassiva pelos ou-
tros; ampliar a consciência, mas também focá-la na atividade prática e enraizada; estar
consciente dos mundos mais elevados e mais sutis, mas também estar presente no
mundo físico e no corpo físico. Embora ainda seja um esforço pioneiro, a terapia floral
tem o potencial de trazer uma contribuição real e significativa ao nosso entendimento
da cura da alma. Ela promove um relacionamento verdadeiramente dinâmico entre o
interior e o exterior, o pessoal e o social, o mundo humano e o mundo natural, a
percepção consciente pessoal e a consciência transcendente.
A dividida tradição alquímica
O processo de relacionar a alma individual com a alma mundial e a alma da Natu-
reza tem antigas raízes na tradição alquímica. Embora a cultura contemporânea a
considere uma mera precursora primitiva da química moderna e Jung acredite que ela
tem um caráter estritamente psíquico ou simbólico, a alquimia é na verdade um siste-
ma profundo de atividade filosófica e científica que reconhece a interconexão entre
Humanidade, Natureza e Cosmos. O grande mestre egípcio Thot (conhecido pelos
gregos como Hermes Trismegisto) é visto como o fundador da tradição alquímica e
considerado o criador do axioma, “Assim na Terra como no Cosmos”.
A sabedoria alquímica afirmava que a ordem do Universo se expressa no mundo
da Natureza e também no ser humano, que pode ser considerado um microcosmo do
cosmos maior. Um dos mais notáveis representantes desse ensinamento foi Paracelso,
alquimista suíço da Idade Média. Paracelso retratou a Natureza como se ela fosse um
livro narrado numa escrita cósmica, cujas formas e processos revelavam o funciona-
mento de leis mais elevadas. Sua Doutrina das Assinaturas descrevia como as corres-
pondências entre as formas vegetais e as humanas indicavam a ação curativa específi-
ca dos remédios à base de plantas. Isso se fundamentava na compreensão de que as
estruturas e processos físicos das plantas expressam os mesmos princípios universais
que se manifestam nas formas e processos do ser humano. Paracelso relacionou as
1 Wholeness (inteireza, totalidade) e holiness (santidade), palavras com a mesma raiz semântica, numa
alusão fonética a holly (azevinho) (N.T.)
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Repertório das Essências Florais
influências dos planetas e estrelas sobre as plantas e os metais, uma compreensão que
também podemos encontrar nos compêndios de grandes herboristas como Hildegard
de Bingen, Gerard e Culpeper.
De acordo com Paracelso, o trabalho do alquimista era extrair as substâncias da
Natureza e torná-las mais refinadas e sutis, aumentando assim seus poderes de trans-
formar o ser humano. Ele escreveu, “A quinta essentia consiste naquilo que é extra-
ído de uma substância — de todas as plantas e de tudo que tenha vida... a inerência de
uma coisa, sua natureza, poder, virtude e eficácia curativa.” Desse modo, para Paracelso,
um remédio curador era a refinada quintessência de uma substância natural.
A escola esotérica rosa-cruz foi uma parte importante da tradição alquímica, devo-
tada à percepção do mundo natural como uma rica biblioteca de arquétipos espirituais
e processos transformativos. Suas práticas espirituais não se destinavam a deixar para
trás o corpo físico, nem abandonar o corpo maior da Natureza ou as necessidades da
comunidade humana na qual viviam. Pelo contrário, cada conquista ao longo do cami-
nho rosa-cruz exigia uma maior maestria nos mundos físico e social, e uma consciên-
cia cada vez mais profunda das leis espirituais que moldam esses mundos. Ativos
durante o final da Idade Média e no início da Renascença, os alquimistas rosa-cruzes
viviam de uma maneira prática no mundo, dando contribuições substantivas às profis-
sões médicas, acadêmicas e científicas de seu tempo.
Como sabemos, a ciência abandonou suas raízes metafísicas e desenvolveu um
paradigma mecanicista no qual a matéria deixou de ter qualquer conexão com o ser
ou com as forças etéricas da Natureza. A alquimia se transformou na química, que,
junto com a biologia reducionista, forma a base da atual ciência médica materialista.
Os ensinamentos alquímicos foram descartados como mera superstição primitiva ou
charlatanismo. Certamente muitos erros e distorções se infiltraram nos ensinamentos
alquímicos ao longo dos tempos, mas esses ensinamentos estão permeados por uma
sabedoria muito profunda que uma época materialista não consegue compreender.
Assim, a tradição da alquimia, baseada no relacionamento entre o mundo exterior
das substâncias da Natureza e o mundo interior da alma humana, tornou-se dividida
em nosso tempo. Por um lado, temos um estudo sem alma de um mundo mecânico;
por outro, temos um desincorporado sistema de símbolos que existe apenas no mun-
do interior da psique. A psicologia contemporânea reflete essa cisão alquímica. Os
psiquiatras que seguem o modelo médico utilizam substâncias e processos físicos, mas
não cuidam da vida interior da alma humana. Os psicólogos da tradição junguiana são
mestres na vida interior da alma, mas (com poucas e notáveis exceções, como o Dr.
Edward Whitmont) geralmente carecem de um relacionamento com a alma da Nature-
za e não trabalham com um conhecimento preciso das substâncias reais da Natureza.
A terapia floral como uma nova alquimia da alma
Como a terapia floral se dirige ao relacionamento entre a alma humana e a alma
da Natureza, ela reúne as duas polaridades da tradição alquímica. É a mensageira de
uma nova alquimia da alma, que incorpora a antiga sabedoria com uma moderna
percepção consciente da psique humana e da Natureza.
A essência proveniente de uma planta em floração cria uma quinta essentia
alquímica, facilitando um diálogo anímico entre os arquétipos da Natureza e os arqué-
tipos no interior da alma humana. Isso não está baseado numa projeção sentimental
e romântica, nem na nostalgia por uma mítica idade de ouro. Ao contrário, é uma
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O que é a Terapia Floral?
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compreensão muito precisa de que os pensamentos, os sentimentos e as vivências da
psique humana são reflexos das mesmas leis cósmicas inerentes aos padrões de cres-
cimento, formas, cores, fragrâncias e energias vitais da Natureza, que se expressam
na planta florida. Esse é o significado do ensinamento alquímico, “Assim na Terra
como no Cosmos.” A vida anímica que alcançamos à medida que fazemos nossa jorna-
da interior corresponde à própria anima mundi da Natureza.
O Papel Singular da
Terapia Floral nos Cuidados com a Saúde
As essências florais não são drogas
Como as essências florais são substâncias que introduzimos no corpo, é fácil con-
fundi-las com as drogas usadas para tratar as doenças físicas e emocionais. As essên-
cias florais não são drogas. Antes de mais nada, as essências florais, por causa de sua
natureza vibracional, não causam impacto direto sobre a bioquímica do corpo, tal
como as drogas farmacêuticas e psicoativas. Tranqüilizantes, antidepressivos, analgé-
sicos, euforizantes e drogas que “expandem a mente” afetam os estados emocionais,
mas o fazem mudando a química do cérebro e, desse modo, alteram o veículo bioló-
gico através do qual a alma humana se expressa.
Essa manipulação bioquímica pode ser importante em casos de doenças graves,
tais como tendências suicidas extremas. Mas, além do perigo dos efeitos colaterais,
precisamos também levantar questões profundas sobre o uso de drogas que alteram o
ânimo com a finalidade de controlar ou eliminar emoções tão tipicamente humanas
como a depressão, o medo, a ansiedade e a timidez. Qual o efeito que exercem sobre
a alma esses transformadores da personalidade quimicamente induzidos? Será que
algo não se perde quando a alma escapa à necessidade de lidar arduamente com a dor
do abuso na infância ou com a raiva diante das injustiças do mundo? Como poderá a
alma aprender as lições da vida se não tiver a liberdade de vivenciar a dor e a transfor-
mação? A sociedade seria melhor se os grandes poetas tivessem tratado sua introversão
com estimulantes do ânimo ou se os críticos sociais tivessem curado sua alienação
com antidepressivos?
As essências florais, ao contrário, deixam a alma em liberdade. Elas encorajam a
mudança ao invés de forçá-la, agindo através da ressonância vibracional e não da
intervenção bioquímica. Seu efeito é evocativo, muito semelhante ao efeito de uma
conversa com um amigo sensato e prestativo. As essências estimulam um diálogo
interior com os aspectos ocultos do nosso Eu, despertando profundos arquétipos
psicológicos e dando-nos acesso às suas mensagens. Como resultado dessa “conver-
sa” com nossa alma, ocorrem profundas mudanças emocionais e mentais que pode-
rão produzir também alterações fisiológicas. Mas essas mudanças não são impostas
do exterior; elas ocorrem dentro de nós mesmos, através da nossa própria experiên-
cia e esforço.
As essências florais são catalisadores que estimulam e energizam o processo de
transformação interior, ao mesmo tempo em que nos deixam livres para desenvolver-
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Repertório das Essências Florais
mos as nossas capacidades inatas. O melhor uso das essências é dentro de um contex-
to de desenvolvimento interior, através da auto-observação, do diálogo e do
aconselhamento. Por essa razão, elas não são utilizadas para tratar doenças específi-
cas. Mais exatamente, as essências florais nos ajudam a aprender as lições de toda
enfermidade, enfrentar os desafios apresentados à nossa alma pela dor e sofrimento
emocionais e físicos, e, dessa maneira, transformar nossa vida. Essa metamorfose
incentiva a saúde e pode eliminar diversos sintomas físicos dolorosos, porém o objeti-
vo supremo continua a ser a evolução da alma. Ao contrário das drogas analgésicas
ou supressoras de sintomas, que podem criar dependência a longo prazo quando
usadas para controlar condições crônicas, as essências florais estimulam mudanças
duradouras na consciência, que continuarão a fazer parte da nossa vida mesmo de-
pois que pararmos de tomar essas essências.
As essências florais não são remédios fitoterápicos convencionais
As essências florais têm muito em comum com os remédios fitoterápicos. Eles
compartilham a tradição de usar ingredientes puros diretamente da Natureza e a filo-
sofia de trabalhar junto com o processo de cura, em vez de reprimi-lo. Com efeito,
depois que o Dr. Bach deixou sua clínica homeopática e descobriu as essências florais,
ele se referia a si mesmo como herborista e caracterizava suas essências como remé-
dios à base de ervas.
No entanto, as essências florais são uma forma muito especializada de preparação
fitoterápica, que deveria ser distinguida dos remédios fitoterápicos convencionais. Os
produtos fitoterápicos são preparados a partir de diversas partes da planta, incluindo
raiz, caule, folhas, frutos, sementes, bem como flores; são preparados através de uma
variedade de métodos, incluindo infusão, decocção e tintura.
As essências florais diferem quanto ao método de preparação, pois geralmente são
preparadas por infusão, utilizando apenas as flores frescas da planta e no contexto de
uma matriz ambiental específica. Ao descrever a preparação da essência floral, o Dr.
Bach comentou: “Observemos que os quatro elementos estão envolvidos: a terra para
nutrir a planta; o ar do qual ela se alimenta; o sol ou fogo para permitir-lhe comunicar
seu poder; e a água... para ser enriquecida com sua benéfica cura magnética.” Acres-
centaríamos ainda a existência do quinto elemento alquímico, o elemento
quintessencial, que é o estado de consciência sensível do preparador da essência
floral. Desse modo, as essências florais são mais do que simples extratos fitoterápicos;
são quintessências alquímicas que levam em si os arquétipos vivos da planta inteira,
capturados no momento supremo do desabrochar das flores.
Os remédios fitoterápicos geralmente são selecionados com base nos sintomas
físicos e são usados devido a seus constituintes físicos de ocorrência natural. As essên-
cias florais, por outro lado, têm uma natureza vibracional e são selecionadas de acor-
do com seus efeitos sobre as qualidades da alma. Entretanto, nas tradições fitoterápicas
e xamânicas de muitas culturas existe o reconhecimento de que as plantas têm signi-
ficados mais profundos e estão associadas às forças e processos espirituais. Esse lega-
do de uma fitoterapia mais sutil pode ser visto como uma das fontes para a compreen-
são das qualidades das essências florais.
As propriedades fitoterápicas das plantas mantêm uma relação com seus usos
como essências florais, mas não são idênticas a estes. Muitas vezes, o efeito da essên-
cia floral sobre a alma é como uma “oitava superior” dos efeitos físicos da planta,
embora isso deva ser considerado no contexto de um estudo completo da planta,
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O que é a Terapia Floral?
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conforme o exame que se inicia à página 43. Por exemplo, o aneto Dill é usado como
erva culinária para estimular a digestão e neutralizar a flatulência causada pelo comer
excessivo ou demasiado rápido. Já a essência floral Dill dirige-se à “indigestão psíqui-
ca”, que ocorre quando a alma é sobrecarregada por impressões sensoriais excessivas
ou muito rápidas; Dill atua refinando e clarificando nossa experiência do mundo sen-
sorial. Muitos herboristas modernos usam as essências florais juntamente com os me-
dicamentos fitoterápicos tradicionais. Eles relatam, contudo, que as essências tratam
as questões da psique de modo muito mais direto e preciso do que os remédios
fitoterápicos convencionais.
As essências florais diferem das fragrâncias e óleos essenciais
As essências florais não devem ser confundidas com as fragrâncias nem com os
óleos essenciais puros usados na aromaterapia, embora o termo “essências florais”
seja algumas vezes equivocadamente aplicado a esses óleos. As essências florais não
têm qualquer aroma específico, exceto pelo conhaque que é usado como conservante
natural. Isso ocorre porque a substância física da flor contida na essência está alta-
mente atenuada, para que suas qualidades vibracionais possam ser acentuadas.
As fragrâncias geralmente são preparações sintéticas elaboradas em vista de seu
aroma e usadas em perfumaria. Os óleos essenciais puros são o produto, altamente
concentrado, da destilação natural dos óleos aromáticos de substâncias vegetais e
constituem, portanto, um tipo especializado de remédio fitoterápico. Os óleos essen-
ciais podem ter forte efeito sobre o corpo e a alma, mas seu caminho é através dos
sentidos e do corpo físico, em vez dos campos vibracionais usados pelas essências
florais. A aromaterapia e as essências florais funcionam bem em parceria, mas não
devem ser confundidas. Elas são terapias complementares — do corpo para a alma, e
da alma para o corpo.
Uma comparação entre as essências florais e a homeopatia
As essências florais também diferem dos remédios homeopáticos, embora essas
duas modalidades de cura tenham muito em comum em termos históricos, filosóficos
e práticos. Ambos os tipos de remédios têm uma natureza vibracional e, portanto, são
fisicamente diluídos. Cada um deles age como um catalisador do processo de cura da
pessoa, em vez de suprimir ou controlar os sintomas. Ambas as modalidades tratam a
pessoa e não a doença, e procuram aliar o remédio à situação específica do indivíduo.
O Dr. Bach trabalhou como médico homeopata antes de desenvolver suas essências
florais e hoje os homeopatas estão entre os que mais prontamente reconhecem a
eficácia da terapia floral.
Há, contudo, significativas diferenças entre as essências florais e os remédios ho-
meopáticos. Bach descreveu claramente o desenvolvimento das essências florais como
um rompimento com a homeopatia, afirmando que as essências não seguem a Lei
dos Semelhantes, a qual é a própria definição da medicina homeopática.
De acordo com o princípio dos semelhantes, os remédios homeopáticos são de-
senvolvidos por experimentos, em que grandes doses de uma substância são dadas a
um grupo de indivíduos saudáveis e os sintomas por eles desenvolvidos tornam-se as
indicações para a condição à qual se dirige o remédio. Se Bach tivesse usado o méto-
do homeopático, ele teria dado a um grupo-teste de pessoas grandes doses de Holly
e descoberto que elas se tornaram ciumentas, invejosas e cheias de ódio, ou então
descobriria que Clematis, em grandes doses, produzia um estado sonhador e desfocado
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Repertório das Essências Florais
no seu grupo-teste.
É um fato histórico que Bach jamais usou experimentos ao desenvolver seus remé-
dios florais, nem que experimentos homeopáticos tenham sido usados para testar
outras essências florais. Ao contrário, Bach descobriu que a essência floral Holly
produzia um sentimento de união e amor na alma perturbada pela inveja, ciúme ou
ódio, e que a essência Clematis intensificava a qualidade da presença em pessoas
sonhadoras e desincorporadas.
Se as essências florais não seguem a Lei dos Semelhantes da homeopatia, pode-
ríamos então dizer que elas são uma expressão da Lei dos Contrários, que é a base
da medicina alopática e supressora de sintomas? Bach aparentemente acreditava que
os remédios florais agiam através dos contrários no interior da alma, dizendo que eles
“inundam nossa natureza com a virtude particular de que necessitamos, e lavam de
nós a falha que está causando o dano.” Contudo, nossas próprias pesquisas ao longo
dos últimos 16 anos indicam que isso seria uma simplificação excessiva. Ao invés de
agir por semelhantes ou por contrários, a ação transformativa das essências florais é
uma expressão da integração das polaridades no interior da nossa psique, tal como
entendido pela alquimia e pela psicologia junguiana.
Por exemplo, a essência floral Mimulus dirige-se aos medos da vida cotidiana; ela
não cria o medo quando dada em grandes doses a um indivíduo saudável que não tem
esses medos, como seria de esperar se ela seguisse a Lei dos Semelhantes da
homeopatia. E Mimulus tampouco elimina o medo, como faria uma droga tranqüili-
zante que operasse pela Lei dos Contrários da alopatia. Uma pessoa que toma a
essência floral Mimulus pode tornar-se mais agudamente consciente da existência de
um estado de medo, talvez antes oculto de sua percepção consciente. Ao mesmo
tempo, Mimulus encoraja tal pessoa a enfrentar esses medos, despertando nela a
força anímica necessária para ir ao encontro de tais desafios. Portanto, podemos
dizer que Mimulus trabalha com a polaridade medo e coragem, habilitando a alma a
alcançar um nível mais elevado de integração. Ao invés de eliminar o medo, Mimulus
nos ajuda a ter a coragem de enfrentar o medo. Entendida deste modo, a terapia
floral aplica a lei alquímica da União dos Opostos, pela qual os pólos opostos são
integrados numa síntese mais elevada.
Além disso, as essências florais e os remédios homeopáticos são preparados de
maneira diferente. Enquanto os remédios homeopáticos têm sido feitos de quase
todas as substâncias e de qualquer parte da planta, as essências florais são feitas
exclusivamente com a flor. Por essa razão, as essências florais também devem ser
distinguidas dos diversos remédios vibracionais preparados com outras partes da plan-
ta ou com substâncias animais ou minerais, tais como as essências marinhas e os
elixires minerais. É a flor, especificamente, que se utiliza no preparo das essências
florais, pois é no processo de floração que as qualidades anímicas da Natureza juntam-
se à forma e substância da planta. Assim, a essência floral torna-se um veículo de
comunicação entre a alma da Natureza e a alma humana.
Mesmo quando os remédios homeopáticos são feitos de flores, sua preparação é
diferente daquela das essências florais. A substância-mãe homeopática consiste numa
tintura ou extração alcoólica da planta macerada, que é então diluída e dinamizada,
em geral inúmeras vezes, para produzir o remédio. As essências florais são prepara-
das através da infusão da flor inteira em água, processo no qual o preparador trabalha
em conjunto com as condições ambientais e meteorológicas circundantes de modo
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O que é a Terapia Floral?
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muito consciente. Por essa razão, dizemos que as essências florais são feitas no “labo-
ratório da Natureza”, no hábitat natural da flor silvestre ou num jardim onde as flores
podem florescer sob condições ideais.
As essências florais são usadas somente em primeira ou segunda diluições, e no
entanto atingem diretamente a mente e as emoções. Elas causam efeito na psique de
uma maneira suave, deixando, no geral, a consciência escolher livremente como res-
ponder à sua influência. Os remédios homeopáticos usualmente precisam ser eleva-
dos até uma potência muito mais alta para afetarem os estados mentais e emocionais.
Muitos terapeutas acreditam que tais potências atuam sobre a psique de uma maneira
mais persuasiva do que o fazem as essências florais. Desse modo, os remédios home-
opáticos de alta potência têm algumas similaridades com as drogas farmacêuticas,
devendo sempre ser usados com extrema cautela e por terapeutas muito habilidosos.
Os remédios homeopáticos de baixa potência, por outro lado, trabalham mais direta-
mente com o aspecto físico-etérico do ser humano e são, portanto, mais similares aos
remédios fitoterápicos. As essências florais combinam a segurança dos remédios ho-
meopáticos de baixa potência com a capacidade de estimular a consciência dos remé-
dios de potência mais alta. As essências florais criam um diálogo com a alma, em vez
de lhe ditar ordens.
Também no modo de uso as essências florais diferem dos remédios homeopáticos.
Um caso homeopático envolve extensa catalogação de sintomas, geralmente com
grande ênfase nas condições e hábitos físicos, que formam um quadro do corpo
etérico ou vital da pessoa. O terapeuta procura então encontrar a melhor combinação
entre a lista de sintomas apresentados pelo paciente e a lista de indicações dos remé-
dios.
Por outro lado, a terapia floral correlaciona um “arquétipo” ou “mensagem” de
uma planta com uma qualidade específica da alma ou psique humana. Embora os
sintomas físicos e outros sintomas ofereçam pistas quanto aos problemas interiores,
escolher uma essência floral é mais do que comparar uma lista de sintomas com uma
lista de indicações. Mais exatamente, a ênfase é dada na identificação dos problemas
e lições subjacentes, como meio de pintar um “retrato da alma” do indivíduo. Esse
retrato é então correlacionado com uma ou mais essências florais cujas configurações
vibracionais incorporam aquelas qualidades e processos.
Desse modo, fica claro que as essências florais não são remédios homeopáticos,
embora ambos pertençam à categoria mais ampla de remédios energéticos ou
vibracionais. Pode haver confusão neste ponto porque algumas marcas de essências
florais são rotuladas como drogas homeopáticas para fins de regulamentação ou im-
portação. Tal rotulagem é infeliz e incorreta, mas de modo algum invalida as diferen-
ças filosóficas e práticas entre essas duas modalidades de cura.
O trabalho com aparelhos vibracionais
A terapia floral também difere dos sistemas de testes vibracionais e das práticas
que empregam máquinas ou aparelhos para medir ou ajustar os campos energéticos
humanos de acordo com diversas escalas quantitativas. Essas modalidades são
freqüentemente empregadas para auxiliar na seleção de remédios homeopáticos,
nutricionais e fitoterápicos, bem como para “sintonizar” os sistemas fisiológicos atra-
vés da ação dos “equivalentes” vibracionais dos remédios. Até o ponto em que traba-
lham com uma mensuração quantitativa, tais aparelhos podem dar informações úteis,
particularmente quanto à força relativa ou ao grau de vitalidade dos sistemas fisiológi-
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Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
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terapia floral

  • 1. RepertóriodasEssênciasFloraisporPatriciaKaminski eRichardKatz Repertório das Essências Florais Um Guia Abrangente das Essências Florais Norte-Americanas e Inglesas, para o Bem-estar Emocional e Espiritual Patricia Kaminski e Richard Katz Fotos da Flower Essence Society (sentido horário a partir do alto à esquerda): campinas alpinas onde nasce a Indian Paintbrush; aula da FES nas montanhas de Sierra Nevada; observando as flores selva- gens da primavera nos sopés da Sierra; o selvagem South Yuba River perto de Nevada City; prática de aconselhamento numa aula da FES nos jardins de Terra Flora; fazendo a essência de Pink Monkeyflower perto de um riacho alpino. “Repertório das Essências Flo- rais é o melhor livro de con- sulta para os estudantes de nossos cursos. É uma excelen- te fonte de referências tanto para principiantes quanto para terapeutas experimenta- dos. O Repertório fornece des- crições das essências numa vasta gama de categorias; é claro, conciso e capta o âma- go da essência na maneira como ela se relaciona com uma categoria específica. O Repertório de Essências Flo- rais é um investimento indis- pensável para qualquer pes- soa que use essências florais.” Mark Well, B.Sc., N.D., naturopata e professor de essências florais, Melbourne, Austrália Capa.PMD 25/3/2009, 10:491
  • 3. Repertório das Essências Florais Um Guia Abrangente das Essências Florais Norte-Americanas e Inglesas, para o Bem-estar Emocional e Espiritual Patricia Kaminski e Richard Katz tradução de Melania Scoss e Merle Scoss 3.a edição São Paulo - 2003 Introdução.pmd 25/3/2009, 11:323
  • 4. Título original Flower Essence Repertory Flower Essence Society © 1986, 1987, 1992, 1994, 1996 Primeira publicação desta edição revista e ampliada em 1994. Direitos para a língua portuguesa reservados a TRIOM - Centro de Estudos Marina e Martin Harvey Editorial e Comercial Ltda. Rua Araçari, 208 01453-020 - São Paulo - SP - Brasil Tel/fax: 11 3168-8380 Tradução: Melania Scoss e Merle Scoss Revisão técnica: Ruth Toledo Revisão gráfica: Adriana C. L. da Cunha Cintra Foto da capa da Califórnia Poppy e fotos da contra-capa da Indian Paintbrush e das flores da primavera nas encostas: Wayne Green Outras fotos: Richard Katz Diagramação e fotolitos: Casa de Tipos Bureau e Editora Ltda. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, SP) Kaminski, Patrícia Repertório das essências florais: um guia abrangente das essências florais norte-americanas e inglesas para o bem-estar emocional e espiritual / Patrícia Kaminski e Richard Katz; tradução de Melania Scoss e Merle Scoss. — Ed. rev. e ampl. — São Paulo: TRIOM, 1997. Título original: Flower essence repertory. ISBN 85-85464-15-1 1. Essências e óleos essenciais - Catálogos 2. Essências e óleos essenciais - Uso terapêutico 3. Flores 4. Sistemas terapêuticos I. Katz, Richard. II. Título. 97-5082 CDD-615.850216 Índices para catálogo sistemático: 1. Essências florais: Terapias alternativas: Repertórios 615.850216 2. Repertórios: Essências florais: Terapias alternativas 615.850216 Introdução.pmd 25/3/2009, 11:324
  • 5. Agradecimentos Ao Dr. Edward Bach, por suas indicações originais sobre os 39 remédios ingleses que estão incluídos neste Repertório; e pelos insights de muitos terapeutas, especialmente os inspira- dos escritos de Julian e Martine Barnard (The Healing Herbs of Edward Bach), Mech-thild Scheffer (Bach Flower Therapy) e Phillip M. Chancellor (Handbook of the Bach Flower Remedies). A Matthew Wood, companheiro de longa data e membro da Flower Essence Society, por seus insights sobre as proprie- dades de sete importantes remédios florais contidos neste Re- pertório (Seven Herbs, Plants as Teachers). Aos incontáveis terapeutas de todo o mundo, cujos nomes seriam por demais numerosos para listá-los aqui, mas que ge- nerosamente apoiaram os esforços de pesquisa da Flower Essence Society. Através de seus inúmeros relatos de casos, cartas, conversas, entre-vistas telefônicas e comentários de casos, tornou-se possível para nós continuamente aprofundar e refinar nossa compreensão das flores e de seus benefícios terapêuticos. Finalmente, nossa gratidão às próprias flores, pois elas são as preciosas expressões da alma Daquela que é chamada de Natureza ou Gaia. Somos gratos às muitas hierarquias da Cri- ação que protegem e guiam a generosidade da Terra, e espe- cialmente a Cristo, o Espírito Solar que uniu Sua mais íntima essência com o ser Terra. Possam a mente e o coração huma- nos buscarem sempre estar conscientes da identidade da Na- tureza como alma e espírito, e possa Sua essência curadora sempre nos renovar e inspirar. Saint John’s Wort Introdução.pmd 25/3/2009, 11:325
  • 6. ... Quando não sabes mais como ir adiante, deixa que as plantas te digam, as plantas que deixas de- sabrochar, crescer, florescer e frutificar dentro de ti. Aprende a linguagem das flores. Todos os habitantes da Terra são capazes de en- tender a linguagem das flores, pois seu mestre é o Espírito Solar que fala a cada coração humano. As plantas apontam o caminho do túmulo à ressurrei- ção, através de todas as fendas e abismos, sobre todas as pastagens e todos os cumes a que o cami- nho possa levar: baga do sabugueiro, rosa-canina, crisântemo, áster — são os degraus da transforma- ção, da purificação e da cura dos erros e infelicida- des do mundo. Albert Steffen, Journeys Here and Yonder Shasta Daisy Chrysanthemum maximum Introdução.pmd 25/3/2009, 11:327
  • 8. Índice Agradecimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0V Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . X I Parte I Visão Geral da Teoria e Prática das Essências Florais . . . 01 Introdução: O que são as Essências Florais? . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 Capítulo 1: O que é a Terapia Floral? . . . . . . . . . . . . . . 05 A Natureza da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05 Os Paradigmas Médicos da Cura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 O Relacionamento Corpo-Mente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 A Contribuição do Dr. Edward Bach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 A Visão Holística do Ser Humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 A Terapia Floral como Cura da Alma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 O Papel Singular da Terapia Floral nos Cuidados com a Saúde . 23 Capítulo 2: Podemos verificar as propriedades das essências florais? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .030 A Necessidade de Pesquisas sobre as Essências Florais . . . . . . . 30 Rumo a uma Ciência Viva da Natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 O Estudo das Plantas usadas nas Essências Florais . . . . . . . . . . 39 Estudos Clínicos das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 A Pesquisa sobre os Fenômenos da Energia Sutil . . . . . . . . . . . 54 Programa de Pesquisas da Flower Essence Society . . . . . . . . . . 58 Capítulo 3: Como são selecionadas as essências florais? . 59 Identificando as Questões Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Selecionando as Essências Apropriadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Combinando as Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Trabalhando com as Essências em Diferentes Níveis . . . . . . . . . 64 Situações Especiais de Seleção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Uso Doméstico e Profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Seleção através de Técnicas Vibracionais . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Como Usar o Repertório das Essências Florais. . . . . . . . . . . . . 70 IX Introdução.pmd 25/3/2009, 11:329
  • 9. Capítulo 4: Como são usadas as essências florais? . . . . . . 76 Orientações Práticas para a Administração das Essências Florais 77 Acentuando o Efeito das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . 80 A Terapia Floral e outras Modalidades de Tratamento de Saúde 81 Os Resultados da Terapia Floral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Referências Bibliográficas e Sugestões de Leituras . . . . . . . . . . 92 Flower Essence Society . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 Parte II Questões da Alma: Categorias e Temas . . . . . . . . . . . . . . 102 Lista das Categorias e Temas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Descrição das Essências, organizadas por Categorias e Temas 108 Parte III Qualidades e Perfis das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . 275 Índice das Essências Florais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .277 Qualidades e Perfis das Essências Florais. . . . . . . . . . . . . . . . . 279 Origem das Essências Florais do Repertório . . . . . . . . . . . . . . 367 X Introdução.pmd 25/3/2009, 11:3210
  • 10. Prefácio O Repertório das Essências Florais é um guia de seleção para o uso profissional e doméstico das essências florais. Foi escrito com a compreensão de que uma apreciação plena desta modalidade terapêutica requer um estudo cuidadoso bem como uma abertura do coração; e com o reconhecimento de que aqui- lo que foi escrito neste livro é apenas um passo no processo contínuo de pesquisas e descobertas neste assunto multifacetado. Este Repertório é publicado pela “Flower Essence Society” (FES), uma organização de âmbito mundial composta por pro- fissionais de saúde e leigos interessados no assunto, que se de- dicam ao desenvolvimento da terapia floral. Embora tenha sido escrito por Patricia Kaminski e Richard Katz, co-diretores da FES, este trabalho reflete a pesquisa e os insights de inúmeros praticantes da terapia floral em todo o mundo, que, ao longo dos últimos dezesseis anos, contribuíram com seus estudos de caso e outros dados clínicos. As indicações apresentadas no Repertório não pretendem substituir os cuidados profissionais, médico ou psicoterapêutico, quando estes são apropriados. Ao contrário, o uso das essênci- as florais descrito aqui tem a intenção de complementar e am- pliar os programas de saúde bem-equilibrados, tanto na prática clínica como nos cuidados no lar. O Repertório é composto de três grandes seções. A Parte I oferece uma visão geral da teoria e prática da terapia floral. Cada um dos temas tratados merece uma maior elaboração, e é nossa intenção desenvolvê-los em futuras publicações. Nosso objetivo, nestes textos, é apresentar aos iniciantes bem como aos praticantes experientes um contexto filosófico, cultural e prático para a terapia floral. A Parte II contém uma relação abrangente das indicações das essências, organizadas por cate- gorias. A Parte III compõe-se de um perfil profundo e detalha- do de cada essência, uma apresentação resumida de suas qua- XI Introdução.pmd 25/3/2009, 11:3211
  • 11. lidades positivas e seus padrões de desequilíbrio, e referências cruzadas para as categorias da Parte II. O Repertório das Essências Florais foi elaborado com a intenção de ser facilmente acessado por aqueles que desejam traba- lhar com ele de variadas maneiras. Embora, ao longo do Repertó- rio,sejamfeitasreferênciasaváriosconceitosfilosóficosemetafísicos, não é uma precondição que o leitor acredite num determinado ensinamento cultural ou espiritual para obter benefício das essências florais. O mais importante é que cada pessoa considere os méritos desta modalidade terapêutica e aplique as crenças ou conceitos que vivem dentro de seu coração e sua mente. Independentemente da visão filosófica de uma pessoa, o Repertório pode sempre ser usado de um modo muito básico e direto, se ela simplesmente tornar-se sensível à vida dos sentimentos da alma humana e apren- der as qualidades das flores que refletem as condições da alma. Esperamos sinceramente que o Repertório venha a ser uma ferramenta para a verdadeira cura da alma e para buscas e desco- bertas adicionais por parte do leitor. Apesar dos nossos constantes esforços ao longo dos últimos dezesseis anos para expandir e aprofundar nossa pesquisa, estamos claramente conscientes de sua natureza pioneira. Será muito bem recebida a participação ativa dos nossos leitores no desenvolvimento dos conhecimentos sobre a terapia floral, atra- vés de suas contribuições ao programa de pesquisa da Flower Essence Society. Também serão muito bem recebidos os seus comentários sobre as formas de aprimorar o Repertório em futuras edições. Acima de tudo, oramos para que as flores pos- sam ser sempre uma fonte de inspiração e de cura. Se este Repertório ajudar, mesmo que em pequena escala, a alcançar esse objetivo, nossos esforços não terão sido em vão. Patricia Kaminski e Richard Katz Nevada City, Califórnia Maio de 1994 XII Introdução.pmd 25/3/2009, 11:3212
  • 12. Parte I Visão Geral da Teoria e Prática das Essências Florais Parte1.pmd 25/3/2009, 11:241
  • 13. 2 Repertório das Essências Florais Parte1.pmd 25/3/2009, 11:242
  • 14. O que é a Terapia Floral? 3 Introdução: O que são as Essências Florais? As essências florais são extratos líquidos sutis, geralmente ingeridos por via oral, usados para tratar profundas questões do bem-estar emocional, do desenvolvimento da alma e da saúde do corpo-mente. Embora o uso de flores para a cura tenha muitos precedentes desde a antigüidade, a aplicação precisa das essências florais em emo- ções e atitudes específicas foi desenvolvida pela primeira vez por um médico inglês, o Dr. Edward Bach, na década de 1930. Hoje, as essências florais estão ganhando reconhecimento profissional no mundo todo por sua significativa contribuição para a saúde holística e para os programas de bem-estar. Em geral, as essências florais são preparadas a partir de uma infusão solar de flores silvestres ou flores intatas de jardim em um recipiente com água, que é posteriormen- te diluída, potencializada e conservada em conhaque. A preparação com qualidade requer uma cuidadosa atenção à pureza do ambiente, à vibração e potência das flores, às condições celestes e meteorológicas, e um estudo sensível das propriedades físicas e energéticas da planta ao longo dos seus ciclos de crescimento. Embora as essências florais se assemelhem a outros medicamentos apresentados em frascos com conta-gotas, elas não agem devido à composição química do líquido e sim por causa das energias vitais provenientes da planta e contidas na matriz à base de água. Como os remédios homeopáticos, as essências florais têm uma natureza vibracional. Elas são altamente diluídas, sob um ponto de vista físico, porém contêm um poder sutil enquanto substâncias potencializadas, pois incorporam os padrões energéticos específicos de cada flor. Seu impacto não é o resultado de alguma interação bioquímica direta na fisiologia do corpo. Pelo contrário, as essências florais atuam através dos vários campos de energia humanos, os quais por sua vez influenciam o bem-estar mental, emocional e físico. A ação das essências florais pode ser comparada aos efeitos que experimentamos ao ouvir uma peça musical particularmente emocionante ou ao contemplar uma inspi- rada obra de arte. As ondas luminosas ou sonoras que chegam aos nossos sentidos podem evocar sentimentos profundos em nossa alma, os quais indiretamente afetam nossa respiração, ritmo da pulsação e outros estados físicos. Esses padrões não nos causam impacto pela intervenção física ou química direta em nosso corpo. Ao contrá- rio, é o contorno e o arranjo da luz ou do som que despertam em nossa alma uma experiência semelhante àquela que nasceu dentro da alma do criador da forma musi- cal ou artística. Esse é o fenômeno da ressonância, tal como acontece quando uma corda de guitarra soa ao ser entoada uma nota correspondente. De modo similar, a estrutura e a forma específicas das forças vitais transmitidas por cada essência floral fazem ressoar, e despertam, qualidades particulares na alma humana. Outro exemplo que pode ser útil para entendermos a ressonância vibracional das essências florais provém da holografia. Uma fotografia holográfica consiste em pa- drões de interferência de ondas luminosas, e qualquer parte deles contém informa- ções sobre o todo e pode ser usada para recriar a imagem tridimensional original. Parte1.pmd 25/3/2009, 11:243
  • 15. 4 Repertório das Essências Florais Assim, podemos descrever a água que contém as flores como sendo a receptora de uma espécie de impressão holográfica das qualidades essenciais da planta. Cada gota dessa água contém a configuração completa do arquétipo da planta. Ao diluirmos a essência floral, atenuamos a substância física da infusão de modo que ela deixa de ser bioquimicamente significativa. Entretanto, toda a “mensagem” etérica da essência da planta permanece nas poucas gotas, altamente diluídas, que introduzimos em nosso corpo. O trabalho com as essências florais requer que estendamos nosso pensamento para além da premissa materialista de que “quanto mais, melhor”. As essências flo- rais, como outros remédios vibracionais, ilustram o princípio de que “o pequeno é belo”. Elas são parte de um campo emergente de terapias sutis, não invasoras e estimulantes da vida, o qual promete dar uma importante contribuição aos cuidados com a saúde nos anos vindouros. Parte1.pmd 25/3/2009, 11:244
  • 16. O que é a Terapia Floral? 5 Um O que é a Terapia Floral? A terapia floral envolve a aplicação de essências florais no contexto de um programa global de estimulação da saúde, seja na prática profissional ou nos cuidados no lar. Embora a palavra “terapia” seja tipicamente usada para indicar o tratamento e a cura da doença, a raiz grega therapeía tem o sentido mais amplo e anímico-espiritual de “serviço” e está relacionada ao verbo therapeuein, “cuidar de”. É nesse sentido de serviço e cuidado que falamos da terapia floral; ela é uma maneira de nutrirmos e sustentarmos a saúde com as forças benéficas da Natureza, no contexto de uma sábia e amorosa atenção humana. Para entender os usos terapêuticos das essências florais, é importante fazer algumas perguntas básicas sobre a natureza da saúde e da doença. Qual o objetivo do cuidado com a saúde? O que causa a doença? Qual a relação entre a mente e o corpo? Quais são nossas premissas sobre a natureza humana? Nossas respostas a essas perguntas genéricas irão determinar se temos ou não a compreensão e o discernimento para usar as essências florais em sua plena capacidade de catalisadores da saúde do corpo- mente. A Natureza da Saúde A liberdade para experimentar a vida Saúde é a capacidade de participar plenamente dos ritmos da vida, sentindo a glória do raiar do dia, celebrando o ciclo anual das estações e percebendo a pulsação vital da Natureza bater dentro de nós. A verdadeira saúde é mais do que apenas “ir levando”. Significa mergulhar por inteiro na vida, significa o envolvimento pleno do corpo e da mente em tudo o que fazemos — no trabalho, na vida familiar e social, na expressão criativa e na contemplação interior. Não existe nenhum modelo fixo do que significa ser uma pessoa saudável. Sermos saudáveis é sermos completamente nós mesmos — não a identidade definida pelo condicionamento social, nem a persona que adotamos para atender as expectativas dos outros. Pelo contrário, é o Eu que expressa singularmente tudo o que podemos ser. Ele será diferente para cada pessoa e, portanto, pressupõe o desenvolvimento do autoconhecimento e da compreensão de si mesmo. Saúde é a aceitação da vida, com todas as suas imperfeições e contradições. É uma expansibilidade do ser, o qual se fortalece ao abraçar todas as experiências, ao invés de tentar suprimir a limitação, a dor ou o sofrimento. Na verdade, o sofrimento tem o potencial de nos levar a uma apreciação mais profunda da vida e a um despertar para o nosso próprio potencial maior. A doença pode ser vista não como um tormento a ser erradicado, mas sim como um mestre que nos mostra as fontes de desequilíbrio Parte1.pmd 25/3/2009, 11:245
  • 17. 6 Repertório das Essências Florais em nossa vida ou os aspectos do nosso ser que temos ignorado. Os desafios com que nos defrontamos podem evocar virtudes interiores e nos motivar a fazer as mudanças necessárias. Em seu nível mais profundo, a doença pode ser uma experiência iniciática, sentida não como uma simples perda, mas também como uma oportunidade para um novo começo. A saúde pressupõe liberdade interior. A responsabilidade é o processo que leva à verdadeira liberdade, a capacidade de responder. Quando somos um simples recipi- ente passivo da doença ou do tratamento médico, meramente reagindo ou nos sentin- do influenciados, tornamo-nos um objeto a ser manipulado em vez de um participante ativo no cuidado com nossa saúde. A verdadeira saúde requer uma ativa autopercepção consciente, na qual cada um de nós assume a responsabilidade pelos desafios e pelas lições da vida. Os Paradigmas Médicos da Cura A saúde é comumente definida na nossa cultura como a ausência de sintomas, ou a eliminação ou controle da doença. Já que falta a essa definição uma imagem positiva do que é bem-estar, o nosso sistema médico está preocupado em tratar a doença e não em criar a saúde. Compreender os limites dessa abordagem sintomática da saúde é fundamental para todos os que usam as essências florais. Sem essa percepção consci- ente, é fácil abordar as essências florais como meros remédios para solucionar os sintomas emocionais, em vez de catalisadores da percepção consciente e da transfor- mação. O modelo mecanicista do ser humano A abordagem sintomática da saúde está baseada no paradigma da prática médica que tem uma visão mecanicista do ser humano. Suas raízes filosóficas remontam à cosmovisão do século 17, exemplificada por René Descartes, que postulava a dualidade de mente e corpo, e por Isaac Newton, cujas teorias levaram a um modelo mecânico, semelhante a um relógio, do Universo. À medida que esse paradigma científico se desenvolvia nos séculos seguintes, a Revolução Industrial abastecia nosso mundo com máquinas cada vez mais sofisticadas e o corpo humano passava a ser visto como a mais admiravelmente complexa de todas as máquinas. Esse modelo mecanicista con- sidera a cura como uma questão de consertar o maquinário quebrado, similar à regulagem de um motor ou à substituição de uma peça defeituosa. Com a proliferação dos computadores nas décadas mais recentes, o paradigma mecanicista tem se propagado como um modelo cibernético de vida. Os seres huma- nos, e os seres vivos em geral, são atualmente considerados como sendo supercomputadores, feitos de “chips” biológicos e genéticos. Através da engenharia genética, a moderna tecnologia médica está agora tentando redesenhar a própria estrutura dos organismos vivos. Ao mesmo tempo em que o reducionismo mecanicista interpreta a vida como sendo composta por “blocos de construção” físicos (tais como células, moléculas, átomos e partículas subatômicas), a cibernética reduz toda inteligência a informações Parte1.pmd 25/3/2009, 11:246
  • 18. O que é a Terapia Floral? 7 digitais, isto é, à sucessão de bits binários ligados/desligados que forma a base do computador moderno. A “inteligência artificial” de um computador é um poderoso instrumento, mas será a mesma coisa que a vida? Consideremos a imagem de uma rosa, impressa em meio-tom. As séries de pontos coloridos e espaços brancos na página impressa pode assemelhar-se à imagem de uma rosa, mas nós sabemos que uma rosa viva é infinitamente mais complexa e está preenchida de sentido e significa- do muito mais profundos. A medicina contemporânea, admite-se, desenvolveu um extraordinário conheci- mento sobre o funcionamento dos vários sistemas e estruturas do corpo físico. Isso gerou uma tecnologia sofisticada para, através de cirurgias, restaurar o corpo das devastações causadas por doenças e acidentes e, através da medicina química, alterar as funções fisiológicas do corpo. Embora essa complexa tecnologia médica proporcione alguns benefícios admirá- veis, ela é exorbitantemente cara. Além disso, há também outros custos, menos tan- gíveis. Hoje em dia poucos médicos visitam os pacientes em casa ou dedicam, na consulta, o tempo suficiente para obter um quadro completo da vida do paciente, incluindo o ambiente doméstico, a dinâmica familiar ou a vivência do trabalho. A ascensão do especialista, que é um conhecedor de uma parte da “máquina” humana, significa que atualmente dedica-se menos atenção à pessoa como um todo do que nos tempos do médico da família. Além disso, quando somos tratados como simples máquinas a serem manipuladas ou computadores a serem programados, nossas imensas capacidades inatas de cura são ignoradas, fazendo-nos cada vez mais dependentes das custosas intervenções médicas. A crise contemporânea em relação aos cuidados com a saúde é mais do que um problema financeiro ou político; é um sintoma cultural da nossa falta de conexão com as fontes profundas de onde brota a saúde. A teoria do germe A premissa que norteia a medicina convencional é a de que a cura resulta do lutar contra a doença, em vez do promover a saúde. Com efeito, é impressionante o quanto de sua linguagem é tomado de empréstimo às imagens da guerra. Tentamos “derrotar a doença”, “combater a infecção” com “cápsulas mágicas” e travar uma “batalha contra o câncer”. O ímpeto desse retrato da medicina como uma campanha militar tem sua origem na teoria do germe da doença, que culminou no século 19 com o trabalho de Louis Pasteur, o fundador da microbiologia. Pasteur estabeleceu não só as bases científicas como também as bases filosóficas para as modernas técnicas de combate às doenças, tais como a imunização e os antibióticos. Do ponto de vista da teoria do germe, a doença é causada por agentes externos invasores, como bactérias ou vírus, contra os quais precisamos lutar. A medicina moderna reuniu um poderoso arsenal de armas que têm vencido muitas batalhas contra as doenças infecciosas que antes devastavam a humanidade. Os modelos mecanicista-cibernéticos do ser humano e a teoria do germe da doen- ça contêm algumas verdades e levaram a uma melhora da saúde humana. Contudo, a incapacidade da medicina contemporânea de reduzir significativamente muitos males crônicos como o câncer, a artrite ou a doença cardiovascular, aponta para a necessi- dade de uma visão mais ampla da saúde e da cura. Parte1.pmd 25/3/2009, 11:247
  • 19. 8 Repertório das Essências Florais A resistência à doença Foi um contemporâneo de Pasteur, outro cientista e médico francês chamado Claude Bernard, quem discordou da idéia de que os microorganismos invasores eram a causa da doença. Bernard enfatizava a importância do “ambiente interior” da pessoa e seu grau de receptividade à doença, em vez de enfatizar o “germe”, que seria apenas o mecanismo pelo qual a doença ocorria. Falava do “solo” onde o bem-estar humano podia crescer. Ele sabia, como o saberia qualquer jardineiro, que sem um solo saudável não conseguimos fazer crescer plantas robustas e resistentes a doenças, por mais que combatamos as pragas invasoras. Os insights de Bernard introduziram o conceito de resistência à doença, o qual reconhece que microorganismos patogênicos estão disseminados por toda a popula- ção, mas apenas certas pessoas em momentos específicos sucumbem de fato às doen- ças “causadas” por esses germes. Essa compreensão é a base do cuidado verdadeira- mente preventivo com a saúde; cuidado este que enfatiza que a dieta, os exercícios, o controle do stress, o bem-estar emocional e os fatores ambientais são componentes importantes de um estilo de vida vibrante e resistente à doença. Embora esses fatores que promovem um estilo de vida saudável já tivessem sido articulados há muito tempo, no século 5 a.C. pelo médico grego Hipócrates, eles estão cada vez mais sendo reco- nhecidos como meios que permitem ao indivíduo assumir a responsabilidade e influ- enciar seu estado de saúde. É verdade que nem todas as doenças podem ser prevenidas e muitos fatores cau- sadores de doença podem até estar além do controle individual. No entanto, podemos influenciar a maneira como respondemos aos desafios que a vida nos apresenta. A moderna compreensão do sistema imunológico, seu papel na prevenção da doença e na recuperação, e sua íntima ligação com nossas emoções e hábitos diários, ensina- nos que o modo como vivemos — nossos hábitos físicos, emocionais e mentais — exerce uma influência profunda sobre a nossa capacidade de resistir às doenças e criar mais saúde e bem-estar. É nesse contexto de uma estimulação geral da saúde que podemos entender a admirável contribuição das essências florais. Elas não são substitutas das drogas miraculosas ou dos milagres altamente tecnológicos da medicina moderna. Pelo con- trário, seu propósito é preparar a terra onde cresce a boa saúde, enriquecer o solo profundo da nossa vida, para que os hábitos e as atitudes afirmadores da vida, que nutrem o nosso bem-estar, possam criar raízes e florescer. O Relacionamento Corpo-Mente Medicina psicossomática, stress e personalidade Embora a corrente dominante da medicina tenha sido progressivamente influencia- da no século passado pelos modelos de cura mecanicistas e bélicos, um forte contramovimento, que reconhece o papel da mente e das emoções, também fez avan- ços significativos. A medicina homeopática, desenvolvida pelo médico alemão Samuel Hahnemann há mais de duzentos anos, tornou-se uma importante força na prática médica do Parte1.pmd 25/3/2009, 11:248
  • 20. O que é a Terapia Floral? 9 século 19. Ela enfatiza o tratamento da pessoa, e não o da doença, e seus praticantes levam em consideração os fatores mentais e emocionais juntamente com os sintomas físicos. Embora tenha sido amplamente rejeitada pela medicina convencional como “não-científica”, alguns aspectos da filosofia homeopática penetraram a corrente do- minante da medicina. Por exemplo, no final do século 19, o famoso médico canaden- se Sir William Osler descreveu a importância que as emoções e atitudes de seus paci- entes tinham na doença e na recuperação. Diz-se que foi Osler quem afirmou: “É melhor conhecer o paciente que tem a doença do que a doença que o paciente tem.” A ascensão da psiquiatria e o uso clínico do hipnotismo trouxeram o reconheci- mento da extraordinária influência dos processos mentais inconscientes sobre o fun- cionamento do corpo. Essa compreensão foi reforçada pela ocorrência da Primeira Guerra Mundial, quando muitos soldados voltaram das trincheiras sofrendo de “neu- rose de guerra” devido ao extremo stress dos combates. Foi nessa mesma época que o Dr. Edward Bach desenvolveu seus insights quanto ao papel das emoções e atitudes na doença, o que o conduziria ao seu sistema das essências florais nos anos 30. A década de 30 desencadeou os terríveis traumas sociais da Grande Depressão e os primórdios da Segunda Guerra Mundial. Com tais desafios diante da psique huma- na, não causa surpresa que essa década também trouxesse uma maior investigação das relações corpo-mente. O conceito de “medicina psicossomática” foi desenvolvido nessa época pelo psiquiatra Dr. Franz Alexander e outros. Reconheceu-se que inúme- ras doenças — tais como verrugas e outras afecções cutâneas, asma, úlceras estoma- cais e colite — tinham causas emocionais ao invés de físicas, embora seus efeitos fossem decididamente físicos. Foi também nos anos 30 que o Dr. Hans Seyle iniciou seu trabalho pioneiro sobre o stress, um conceito que atualmente já se firmou na cultura popular. Seyle mostrou que as reações de “fuga ou luta” do sistema nervoso simpático, que são apropriadas para situações de emergência e perigo físico imediato, podem tornar-se debilitantes quando repetidamente acionadas por atitudes emocio- nais habituais ou por reações do stress crônico. Após a Segunda Guerra Mundial, a pesquisa do corpo-mente começou a identifi- car traços específicos de personalidade que têm correspondência com a suscetibilidade a certas doenças. (Essa idéia tem raízes muito antigas; já no século 2, o ilustre médico grego Galeno opinava que a pessoa melancólica era mais suscetível ao câncer.) Um dos mais famosos estudos modernos a associar personalidade e doença foi conduzido nos anos 50 pelos Drs. Meyer Friedman e Raymond Rosenman. Eles cunharam o termo Comportamento Tipo A para designar a atitude impaciente e hostil que pare- cia ligada a um maior risco de doença cardíaca, em comparação com o mais despre- ocupado Comportamento Tipo B. O Dr. Dean Ornish, que vem recebendo crescente reconhecimento por seu pro- grama de reversão da doença cardíaca através de mudanças na dieta, estilo de vida e psicologia do paciente, conduz uma das mais significativas pesquisas contemporâneas sobre as condições cardíacas. Ele descobriu que por trás da tendência compulsiva de muitos pacientes cardíacos está o esforço de criar um falso eu que seja capaz de ganhar a aprovação e o amor dos outros, preenchendo assim o “vácuo” sentido no fundo do coração. Para essas pessoas, Ornish prescreve uma “cirurgia do coração a nível emocional” para ajudar a derrubar suas defesas. Sua pesquisa mostra que o enri- quecimento da vida dos sentimentos, junto com mudanças relacionadas ao estilo de vida, contribui para uma taxa muito maior de cura a longo prazo do que a cirurgia convencional do coração. Parte1.pmd 25/3/2009, 11:249
  • 21. 10 Repertório das Essências Florais Uma pesquisa recente da psicóloga Lydia Temoshok sugere aquilo que ela chama de Personalidade Tipo C, caracterizada pela não-expressão da raiva, desesperança e depressão, e que parece ter correspondência com uma maior suscetibilidade ao cân- cer. Num marcante estudo controlado que durou dez anos, o Dr. David Spiegel, psi- quiatra da Universidade de Stanford, descobriu que mulheres com câncer de mama que recebiam psicoterapia de grupo viviam duas vezes mais do que mulheres com a mesma condição e mesmo tratamento físico, porém sem receber a psicoterapia. Uma pesquisa adicional em Stanford, com pacientes artríticos num programa de auto-ajuda, mostrou a importância do desenvolvimento de um senso de auto-respon- sabilidade e proficiência, descrito pelo psicólogo Albert Bandura como “auto-eficá- cia”. Os pacientes desse programa que superaram os sentimentos de desamparo e opressão experimentaram uma redução da dor e uma mobilidade crescente. Embora muitos estudos ainda restem por ser feitos para que seja estabelecida a relação precisa entre traços de personalidade e doenças específicas, as pesquisas em curso demonstram claramente que as emoções e atitudes são os principais fatores que contribuem para nossa capacidade de resistir à doença e criar a saúde. O efeito placebo Ironicamente, alguns dos argumentos mais convincentes para o papel das atitudes e das crenças na saúde humana provêm de dados que costumam ser descartados nas pesquisas. Quando se fazem estudos controlados, o grupo de controle recebe um placebo, algo que parece um medicamento ou tratamento, mas é fisicamente inerte. A idéia é a de que o tratamento ou o medicamento é eficaz se as pessoas que recebem o tratamento “verdadeiro” obtêm resultados significativamente melhores do que aque- las que recebem o placebo. Contudo, muitas das pessoas que recebem o placebo se recuperam de fato, muitas vezes em taxas bem maiores do que seria de esperar em quem não está recebendo tratamento algum. Esse “efeito placebo” tornou-se bastante constatado nas pesquisas e é explicado como o efeito da crença do paciente de estar recebendo algum tipo de tratamento útil, crença esta reforçada pela atenção cuidadosa do médico ou pesquisa- dor. Os pesquisadores geralmente são pagos para medir o efeito físico do remédio ou do procedimento nos pacientes que recebem “a coisa autêntica”. Porém, parece igual- mente significativo estudar as respostas dos grupos placebo, que não recebem ne- nhum tratamento médico, mas muitas vezes experimentam mudanças demonstráveis baseadas simplesmente na crença de que estão recebendo trata- mento. O efeito placebo é uma evidência convincente de que as atitudes e crenças causam impacto no corpo humano de maneiras tão observáveis e reais como as dos agentes físicos ativos. Ao invés de descartar essa parte do método experimental, deveríamos examiná-la com mais atenção. Essa demonstração da influência corpo-mente nos desafia a desenvolver terapias que se dirijam diretamente às atitudes e às crenças. A terapia floral é uma dessas modalidades. A psiconeuroimunologia Nos anos 80, a ciência médica começou a levar a sério a conexão corpo-mente, à medida que as pesquisas começaram a mapear alguns dos mecanismos bioquímicos Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2410
  • 22. O que é a Terapia Floral? 11 envolvidos. Com a publicação do livro de Robert Ader, Psychoneuroimmunology, em 1981, esse termo entrou no vocabulário médico e popular. A psiconeuroimunologia (PNI) refere-se à capacidade da mente de, agindo através do sistema nervoso, alterar a fisiologia do sistema imunológico humano, que é responsável pela resistência à doen- ça. Estudos mostram as conexões diretas do sistema nervoso com a glândula timo, a produtora das células T, as quais são básicas para a função imunológica. Inúmeros “mensageiros bioquímicos” têm sido estudados, incluindo os hormônios que transmi- tem as respostas emocionais das glândulas para o corpo e vice-versa, e vários neuropeptídios tais como as endorfinas, que têm efeitos analgésicos e euforizantes. É de extrema importância que compreendamos acuradamente o significado da PNI e de outras pesquisas do corpo-mente. Elas não explicam a mente como um fenôme- no puramente fisiológico, nem provam que a mente pode ser controlada por meios químicos. Tal interpretação estaria confundindo o cérebro, que é uma parte do corpo físico, com a mente ou a alma, que são aspectos do Eu situados além do corpo físico. A mente age através do cérebro e de outras partes do corpo, e desse modo afeta seus funcionamentos. Da mesma maneira, a atividade da mente é obstruída ou intensificada pela condição do cérebro e do corpo. Essa é uma relação recíproca, bem mais comple- xa e dinâmica do que a afirmação simplista de que a mente nada mais é que mecanis- mos bioquímicos. Se a pesquisa da PNI for interpretada de uma maneira reducionista, ela se torna apenas mais uma elaboração do ser humano como máquina complexa ou biocomputador. A verdadeira significância da pesquisa da PNI é que podemos medir os efeitos físicos das nossas crenças, atitudes e sentimentos, que, de outro modo, não são diretamente mensuráveis. É uma situação análoga à dos físicos, que estudam as invisíveis partículas subatômicas olhando seus rastros nas câmaras de bolhas. Os ca- minhos bioquímicos mapeados pela pesquisa da PNI são evidências da existência de qualidades anímicas mais elevadas que têm suas origens num plano além do corpo físico. Assim entendida, essa pesquisa dá apoio a uma compreensão mais ampla do ser humano, a de que o corpo físico é diretamente afetado por aquilo que pensamos e sentimos. Em suma, podemos ver que a moderna terapia floral é parte de uma busca maior, dentro das profissões voltadas aos cuidados com a saúde, por uma visão mais holística do ser humano e especialmente pela importância dos sentimentos, atitudes e crenças sobre a nossa saúde geral e sobre a nossa capacidade de resistir à doença. A Contribuição do Dr. Edward Bach É nesse contexto histórico da medicina do corpo-mente que podemos apreciar o gênio do Dr. Edward Bach, criador da terapia floral, e compreender porque seu traba- lho fala tão fortemente aos nossos tempos. O Dr. Bach foi um pioneiro na compreensão do relacionamento das emoções com a saúde do corpo e da psique. Ele percebeu que, para a saúde ser gerada, os nossos aspectos emocionais e espirituais precisam ser tratados. A má saúde ocorre quando nos falta uma percepção consciente da nossa identidade como alma-espírito, e quan- do nos alienamos dos outros ou perdemos a conexão com nosso propósito na vida. Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2411
  • 23. 12 Repertório das Essências Florais Como Bach explicou em sua marcante obra Heal Thyself (Cura-te a ti mesmo), a doença é uma mensagem para mudarmos, uma oportunidade para tomarmos consci- ência das nossas imperfeições e para aprendermos as lições da vida, de modo a podermos cumprir melhor nosso verdadeiro destino. Bach recebeu treinamento médico convencional em Londres e praticou durante muitos anos como bacteriologista. Sua abordagem, contudo, era pouco convencional, na medida em que ele baseava seu tratamento mais nas emoções e atitudes de seus pacientes do que num diagnóstico puramente físico. Mais tarde, ele se voltou para a medicina homeopática, pois apreciou essa abordagem da saúde da pessoa como um todo e a aplicação de remédios que energizavam os poderes de cura do corpo. Na realidade, uma série de nosódios intestinais desenvolvidos por Bach ainda são usados pelos homeopatas hoje em dia. Em 1930, o Dr. Bach deixou sua clínica homeopática em Londres e se transferiu para a zona rural a fim de desenvolver um novo sistema de remédios naturais, feitos com flores silvestres. Através de sua sensível observação tanto da Natureza como do sofrimento humano, ele foi capaz de correlacionar cada remédio floral com um espe- cífico estado mental humano. Antes de sua morte em 1936, aos 50 anos, Bach desenvolveu uma série de essên- cias florais que demonstravam um admirável insight na natureza humana. Numa épo- ca em que o mundo estava preocupado com o sofrimento físico, a convulsão política, a devastação econômica e a ascensão do nazismo e do fascismo, Bach percebeu a escuridão interior da alma humana. Reconheceu a importância de emoções destrutivas tais como a depressão, o ódio e o medo. Junto com outros pioneiros da medicina psicossomática, ele percebeu o tributo devastador que as emoções e atitudes desequi- libradas cobram do corpo humano. Bach foi mais longe, contudo, no sentido de saber que a verdadeira saúde está baseada na conexão de nossa vida e destino com um propósito maior. Além disso, ele compreendeu que poderíamos encontrar na própria Natureza as substâncias capazes de trazer profunda mudança à alma e ao corpo hu- manos. A Visão Holística do Ser Humano Energia vital e saúde Se partirmos do princípio de que o ser humano é algo mais que uma máquina a ser consertada quando se quebra ou um complexo biocomputador que precisa ser reprogramado, podemos então desenvolver uma visão expandida da natureza huma- na, uma perspectiva mais “holística”. O primeiro passo é reconhecer o ser humano como um sistema de forças energéticas assim como de estruturas físicas e atividade bioquímica. Os antigos conceitos orientais de chi e prana, ou o da força vital na tradição ocidental, descrevem uma energia vital que anima a matéria física no interior dos seres vivos. Uma deficiência ou distúrbio nessas energias vitais podem levar ao stress no corpo físico, reduzindo desse modo a resistência à doença. Ao olhar apenas para os sistemas físicos do ser humano, a medicina convencional ignora a influência dos campos transfísicos de energia. É mais ou menos como tentar Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2412
  • 24. O que é a Terapia Floral? 13 entender as imagens da televisão analisando as partes do aparelho de TV, sem reco- nhecer o campo de energia eletromagnética circundante que transporta o sinal trans- mitido. A estrutura física é fundamental, mas a premissa reducionista de que não existe nada mais além dessa estrutura ignora as forças que animam as formas físicas. O corpo etérico Os campos eletromagnéticos, com os quais estamos tão familiarizados nesta nossa era eletrônica, proporcionam uma analogia muito útil para compreendermos os cam- pos de energia dos seres vivos. No entanto, seria um erro tentar explicar a vida em função das energias físicas da eletricidade e do magnetismo. As energias vitais, co- nhecidas como as forças etéricas formativas, têm suas próprias e distintas qualidades e características, e mesmo sua própria geometria. Por exemplo, as forças físicas se irradiam de um ponto de origem para a periferia, enquanto as forças etéricas se concentram a partir da periferia para um centro vital. George Adams e Olive Whicher, em seu livro The Plant Between Sun and Earth (A Planta entre o Sol e a Terra), descrevem como o estudo da geometria projetiva fornece uma base matemática para compreendermos a polaridade das forças físicas e etéricas em organismos vivos, tais como as plantas. Essas forças vitais etéricas envolvem o corpo físico e pode-se dizer que constituem o corpo etérico. Uma surpreendente demonstração da existência desse corpo é o “efeito da dor fantasma”, no qual a pessoa conserva a sensação dolorosa de um membro amputado. O membro físico foi perdido, mas o membro etérico permanece. Esse fenômeno também é ilustrado pelo “efeito da folha fantasma”, visível na fotogra- fia kirlian de uma folha cortada que mostra claramente a imagem do campo de ener- gia da folha completa, sem o corte. Pesquisadores russos chamaram esse campo da aura de “bioplasma” de um ser vivo, que podemos considerar como um outro nome para o corpo etérico. (Ver pág. 56 para maiores informações sobre a fotografia kirlian). O corpo etérico também engendra hábitos vitais construtivos e padrões rítmicos de comportamento. Um conceito similar tem sido proposto por Rupert Sheldrake, um pioneiro biólogo inglês e autor de A New Science of Life (Uma Nova Ciência da Vida). A teoria da causação formativa de Sheldrake descreve os campos morfogênicos, os quais dão forma e direção aos organismos vivos e são moldados pelos padrões da experiência passada. Essas são as forças etéricas formativas, comuns a todos os orga- nismos vivos e responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento das formas orgânicas. É o corpo etérico que diferencia o vivo do não-vivo. Sua presença estabelece a diferença entre um organismo vital, florescente e uma porção de matéria sem vida. Quando o corpo etérico se retira do corpo físico, ocorre a morte e a dissolução. Quando o corpo etérico é forte e vitalizado, o organismo físico é cheio de vida. A homeopatia e a acupuntura como medicinas de energia Duas modalidades de tratamento de saúde que estão bem estabelecidas no mundo de hoje — a homeopatia e a acupuntura — reconhecem e tratam os campos da energia etérica humana. A diferença entre os remédios homeopáticos e os medica- mentos convencionais é que os primeiros são tão diluídos fisicamente que qualquer influência bioquímica é atenuada ou eliminada, ao mesmo tempo em que suas forças energéticas são amplificadas através de um processo de dinamização ou potencialização, produzido pela sucussão rítmica que acompanha cada estágio de Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2413
  • 25. 14 Repertório das Essências Florais diluição. Esses remédios produzem então um efeito nos campos energéticos humanos através da Lei dos Semelhantes. Esse princípio sustenta que uma substância causado- ra de um conjunto específico de sintomas quando ministrada em grandes doses, irá, em doses homeopáticas, estimular o corpo a curar esse mesmo conjunto de sintomas. Assim, a homeopatia age como um catalisador, reunificando as forças vitais do ser humano para que elas se envolvam no processo de cura. A acupuntura é uma antiga ciência médica oriental na qual minúsculas agulhas são inseridas ao longo dos meridianos, que são os caminhos da energia vital humana. Usados para tudo, desde o alívio da dor até a cura de doenças crônicas, os tratamen- tos com acupuntura agem sobre os sistemas fisiológicos ao regular e tonificar o corpo energético humano. A homeopatia é uma profissão amplamente praticada e altamente respeitada na Europa, Índia, América do Sul e Austrália. Após um século de repressão, ela está passando por um renascimento na América do Norte. A acupuntura, praticada há milhares de anos na China e no Japão, tornou-se cada vez mais difundida no Ociden- te nas últimas décadas. Essas duas modalidades de tratamento de saúde podem com- provar milhares de casos em que clientes obtiveram uma cura para a qual a ciência médica convencional não tem explicação. Receitar doses infinitesimais de substâncias ou inserir agulhas em meridianos de energia não faz sentido se o ser humano for apenas um mecanismo bioquímico. O sucesso dessas terapias etéricas é uma podero- sa evidência de que o ser humano é mais do que uma máquina e de que os campos energéticos humanos são reais. O sistema dos campos energéticos humanos Reconhecer a existência do corpo etérico como um campo de energia vital é o primeiro passo para se alcançar uma compreensão da anatomia sutil humana, ou seja, a estrutura e funcionamento dos “corpos superiores” ou campos de energia que se estendem além da dimensão física. Embora haja muitos sistemas de anatomia sutil, neste Repertório referimo-nos a uma fundamental divisão quádrupla do ser humano, que tem origem em várias tradições da sabedoria e da cura metafísicas, e que é resu- mida sucintamente nos escritos do moderno cientista espiritual, Dr. Rudolf Steiner. Essa classificação quádrupla refere-se a: 1) o corpo físico — a estrutura bioquímica e mecânica do corpo; 2) o corpo etérico — o envoltório vital que circunda imediata- mente o corpo físico e que está intimamente conectado com as forças vitais da Natu- reza; 3) o corpo astral — a sede da alma e o repositório dos desejos, emoções e sentimentos humanos, especialmente correlacionado com o mundo dos astros e ou- tras influências cósmicas; e 4) o Self ou Eu Espiritual — a essência ou identidade espiritual verdadeira de cada ser humano. Esses quatro corpos também podem ser vistos como se estivessem contidos em duas polaridades fundamentais do ser huma- no: o pólo da vida (o físico-etérico) e o pólo da consciência (o anímico-espiritual). Já analisamos os corpos físico e etérico; passamos agora ao pólo da consciência do ser humano. O corpo astral A consciência nasce no corpo astral, criando um espaço interior no qual o mundo exterior pode ser vivenciado. Se compararmos a qualidade bidimensional e espalhada da folha de uma planta com o fechado espaço interior de um órgão humano ou animal, teremos uma imagem da diferença que existe entre os corpos etérico e astral. Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2414
  • 26. O que é a Terapia Floral? 15 A presença do corpo astral nos animais é evidenciada pelos seus movimentos e sons característicos, que são as expressões exteriorizadas de suas experiências interiores. Nos seres humanos, o corpo astral é a morada da alma e dos nossos sentimentos, desejos e sensibilidade aos outros e ao ambiente. Ele contém tanto a nossa experiên- cia do mundo que nos rodeia quanto do nosso mundo interior. O corpo astral é, sem dúvida, um lugar de polaridades, onde somos lacerados entre o gostar e não gostar, atração e repulsão, extroversão e introversão. Embora seja o corpo etérico que conce- de vitalidade, é o corpo astral que dá cor e profundidade à nossa vida. Embora, em seu crescimento e desenvolvimento, a planta seja basicamente uma expressão das forças etéricas, percebemos a influência de qualidades astrais no apare- cimento da flor, com suas cores, formas e fragrâncias ímpares. O formato de taça de muitas flores sugere um espaço interior, embora de um modo mais parcial que os órgãos humanos e animais. Podemos, por esse motivo, compreender porque as es- sências florais são preparadas especificamente da parte florida da planta. Quando a planta verde brota em floração, uma forma puríssima e extraordinária de astralidade toca brevemente sua dimensão etérica. Os remédios que são preparados nesse mo- mento do florescimento são singularmente capazes de tratar as experiências emocio- nais do corpo astral humano, harmonizando-as com o corpo etérico. Um dos antigos ensinamentos sobre o corpo astral é o de que ele contém sete importantes centros de energia, ou “chakras”. Há muita literatura disponível sobre o sistema dos chakras, sua relação com as emoções e suas correspondências com o sistema endócrino dos corpos físico e etérico. As essências florais produzem clara- mente um forte efeito sobre os chakras humanos. Entretanto, achamos que uma compreensão do sistema dos chakras e sua relação com as essências florais deveria basear-se na evidência empírica bem como na filosofia metafísica. Neste Repertório, somente algumas das principais relações com os chakras são mencionadas naquelas essências em que tais relações são particularmente significativas. É nossa intenção providenciar um exame mais completo do relacionamento entre as essências florais e os chakras, em futuros seminários e publicações, à medida que se desenvolverem nossas pesquisas. O Eu Espiritual O aspecto supremo do ser humano no sistema quádruplo é o ego espiritual ou Self, também conhecido como a presença do Eu ou a centelha de divindade que habita no indivíduo. É essa percepção consciente interior do ego espiritual, essa pos- sibilidade de individuação, que leva o ser humano à liberdade de dar forma ao seu destino e desenvolver as forças morais da consciência assim como a consciência de si. Esse Eu, ou presença auto-reflexiva, distingue os seres humanos dos três outros reinos da Natureza — os animais, as plantas e os minerais. O Eu Espiritual é aquele aspecto divino do nosso ser que age através da matriz do corpo e da alma, buscando a encarnação na matéria a fim de evoluir. Ele representa uma identidade individual que não pode ser plenamente definida por fatores demográficos ou hereditários, mas que se manifesta em nosso caráter e destino pes- soal. Assim como é única a estrutura cristalina de cada floco de neve que cai do céu sobre a Terra, também a diamantina divindade que pertence a cada alma humana é uma expressão sublime de espiritualidade individual. É também o Eu Espiritual que proporciona um foco central para a integração dos diversos elementos do nosso ser. O egotismo ou o egoísmo ocorrem quando nos Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2415
  • 27. 16 Repertório das Essências Florais identificamos com papéis, auto-imagens, emoções ou anseios limitadores em vez de nos identificarmos com a plenitude do Eu Espiritual. Às vezes essas expressões do “eu inferior” estão ocultas da plena visão da nossa consciência, mas mesmo assim exer- cem poderosas influências enquanto “sombra” ou “duplo” psicológico. Se soubermos transferir a nossa identidade para o Eu Espiritual, desenvolveremos uma capacidade de observador, um centro sereno para a prática da autopercepção consciente e do honesto exame de nossos atos e pensamentos. Não nos é possível superar o egoísmo através da negação do eu. A repressão não- saudável da individualidade não traz uma verdadeira realização do ego espiritual. Sem um forte senso do eu e de propósito na vida, ficamos sujeitos às influências aleatórias das circunstâncias mutáveis ou ao controle e orientações dos outros; somos arrasta- dos pela vida como um barco sem leme no mar. O genuíno não-eu nasce da liberdade e da força, quando servir e entregar-se a um propósito mais elevado são a escolha consciente de um Eu forte e radiante. A expressão física do Eu é o sistema imunológico. Sua função é estabelecer a diferença entre aquilo que serve à totalidade do nosso ser e aqueles processos doenti- os que egoisticamente servem seus próprios propósitos às custas do todo. Não é coincidência que numa época em que a verdadeira identidade espiritual está perturba- da ou distorcida de mil maneiras, a nossa cultura como um todo também experimente um rápido aumento das doenças relacionadas com a função imunológica. A mensa- gem mais profunda dessas doenças físicas é a de que precisamos desenvolver um relacionamento integral com o Eu Espiritual. Assim, um senso forte, porém equilibrado, do Eu é vital para a saúde tanto do corpo como da alma. Quando despertamos nossa percepção consciente para o fato de que o Eu é a parte sagrada e mais íntima do nosso ser, sua radiância solar pode iluminar nosso caminho através da vida. Em suma, é através da compreensão da natureza multidimensional do ser humano que podemos perceber o pleno potencial da terapia floral como agente facilitador da saúde e do bem-estar. É um processo que envolve todos os quatro níveis do nosso ser; o Eu Espiritual, as nossas experiências interiores, as nossas forças vitais e também a nossa natureza física. Somos desafiados a fazer a escolha consciente de mudar, de assumir a responsabilidade pela nossa saúde e destino na vida, utilizando a força plena do nosso Eu espiritual. Precisamos tratar as emoções e atitudes que constituem o corpo astral, desenvolvendo equilíbrio e clareza interiores. Além disso, precisamos nutrir o corpo etérico, despertando as forças vitais que, por sua vez, irão energizar e fortalecer o corpo físico. Assim entendida, a terapia floral torna-se verdadeiramente holística, relacionando-se com cada dimensão da vida. A Terapia Floral como Cura da Alma A alma humana Embora as essências florais sejam capazes de tocar todos os aspectos da experiên- cia humana, elas o fazem por meio da alma humana. Mas, o quê exatamente se entende por alma? Essa é uma questão que tem preocupado os pensadores ao longo Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2416
  • 28. O que é a Terapia Floral? 17 dos séculos, e assim é pouco provável que possamos oferecer aqui uma descrição definitiva. Como disse o filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson, “A filosofia de seis mil anos não inspecionou as câmaras e depósitos da alma.” De todo modo, esperamos nesta rápida visão geral compartilhar uma percepção do que é a vida anímica e como as essências florais enriquecem a alma. Nas discussões teológicas dos filósofos, bem como em muitos ensinamentos religi- osos e metafísicos contemporâneos, a “alma” é o aspecto imortal do ser humano, destinada à condenação eterna ou à redenção, ou a encarnar uma vida após a outra. Nas palavras do poeta inglês William Wordsworth, “A alma que conosco se ergue, nossa Estrela da Vida / teve alhures seu ocaso / e de muito longe vem.” A partir dessa perspectiva, a alma é uma entidade espiritual. Do ponto de vista da moderna ciência materialista, aquilo a que chamamos alma é uma entidade totalmente física, nada além de um subproduto das reações químicas no cérebro. Podemos seguir a pista desse conceito até o filósofo francês do século 17, René Descartes, que localizou a alma na glândula pineal. Já a visão clássica era a de que a alma não seria nem puro espírito nem puro corpo, mas sim uma qualidade viva do corpo. O filósofo grego Aristóteles definia a alma como “a realidade inicial de um corpo natural imbuído com a capacidade para a vida”. O romano Plotino declarou: “É a alma que empresta movimento a todas as coisas”, fazendo eco ao que Cícero dissera vários séculos antes, “Pois tudo que é posto em movimento por forças externas é sem vida, mas tudo aquilo que possui vida é movido por um impulso interior e inerente. E esse impulso é a própria essência e poder da alma.” A religiosa medieval Hildegard de Bingen descrevia a alma como “um sopro do espírito vivo que, com sublime sensibilidade, permeia todo o corpo para dar- lhe vida.” A partir dessas descrições temos a impressão de que a alma é aquilo que move, ou anima, um corpo vivo. Com efeito, anima e animus são as palavras latinas que designam os aspectos feminino e masculino da alma. Enquanto humanos, comparti- lhamos essa qualidade animada da alma com aquelas criaturas que são nossas compa- nheiras na Terra, os animais, dos quais cada espécie expressa uma qualidade anímica única em seus sons e movimentos. A alma é aquilo que nos move; é paixão, desejo, luta por algo que está além do nosso alcance. A alma é também as profundezas da experiência. É a incursão na dor, na vulnerabilidade, na mortalidade, na entrega. Como a flor na planta, a alma huma- na expressa a riqueza da experiência; ela dá cor, textura e sentimento. É um cálice para receber a vida, um espaço interior no qual vivenciar o mundo exterior. A alma vive através do contato com a pulsação da vida. Experimentamos tal alma na soul music ou na poesia que eleva a alma. A alma está assim fortemente conectada ao corpo astral, morada das nossas emo- ções, do nosso gostar e não gostar, das nossas experiências. Contudo, seria uma simplificação exagerada dizer que a alma é o corpo astral, pois ela também busca um relacionamento com o mundo físico, com a Natureza e com a sociedade humana. Como pode a alma nascer do mundo espiritual e, ainda assim, expressar-se através do corpo físico? Qual o mistério contido nesse paradoxo? Onde exatamente podemos achar a alma? O poeta alemão Novalis disse, “A sede da alma é ali onde o mundo interior e o mundo exterior se encontram. Onde eles se sobrepõem; a alma está em Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2417
  • 29. 18 Repertório das Essências Florais cada um dos pontos da sobreposição.” A palavra grega psyche significa tanto “alma” como “borboleta”. Essa imagem sugere que a alma é capaz de transmutação, ou metamorfose, desde a lagarta presa à terra, passando pela crisálida encasulada, até chegar finalmente às asas celestiais libertas. A alma é assim um intermediário entre o interior e o exterior; entre o corpo (encarnação na matéria) e o espírito (expansão ilimitada do Eu); entre a vida e a consciência. Essa natureza dinâmica e fluida da alma é essencial. Se confundimos alma e espí- rito, como fizeram muitos teólogos do passado, então a alma torna-se uma abstração desincorporada, separada da pulsação da vida. Se reduzimos a alma a um mecanismo físico, como faz a ciência materialista moderna, então negamos seus atributos trans- cendentes e misteriosos e promovemos a macabra visão de um mundo sem cor habi- tado apenas por criaturas mecânicas. Há muitas descrições e perspectivas relacionadas à alma. Tal como na famosa parábola indiana dos cegos e do elefante, cada percepção é um vislumbre de uma totalidade maior que está além da nossa visão. No entanto, com cada novo ponto de vista, chegamos mais perto da verdade. Agora que a “alma” escapou da obscuridade das dissertações teológicas e cruzou as fronteiras dos idiomas étnicos para ocupar seu lugar nos grandes êxitos de livraria, temos a oportunidade de nos unir à cultura como um todo para pesquisar o significado da alma. Podemos hoje falar das essências flo- rais como uma terapia da alma, com uma certa expectativa de que estaremos fazendo vibrar um acorde já conhecido. Psicologia, psicoterapia e cura da alma Psicologia, em suas raízes etimológicas, é o “conhecimento da alma” (o logos da psique). Isso pode ser difícil de reconhecer numa cultura em que alguns psicólogos fazem pesquisas em ratos para entender o comportamento humano ou usam a inse- gurança sexual e outras emoções para vender bens de consumo ou manipular a opi- nião pública. Essas práticas ilustram uma abordagem que trata a alma como um mero mecanismo que pode ser previsivelmente programado. Na medida em que as pessoas agem de modo mecânico e impensado, tais métodos behavioristas tornam-se pressu- posições que acabam por se realizar. Algumas escolas de psicologia e psiquiatria têm se voltado cada vez mais para a psicofarmacologia, envolvendo o uso de tranqüilizantes, antidepressivos ou drogas psicotrópicas para tratar as lutas da alma. Embora seja verdade que a manipulação química do cérebro pode alterar dramaticamente o comportamento e a experiência, a alma é mais do que a química do cérebro. Apesar de várias tentativas para reduzir a psicologia a uma programação mecanicista, a psicoterapia (“tratamento da alma”) está basicamente interessada na estimulação da autopercepção consciente e na qualidade da vida da alma. No desenvolvimento inicial da psicoterapia, foi a psicanálise de Sigmund Freud que reconheceu que a psique tinha dimensões ocultas ou inconscientes, as quais, contudo, exerciam poderosas influências sobre nossos pensamentos, sentimentos e ações. No entanto, a psicologia e a psicoterapia não ganharam sua merecida fama até que os traumas sociais da primeira metade do século 20 — as duas Guerras Mundiais, a Depressão, o Holocausto — deram um forte impulso para que fossem acesas as luzes da compreensão nos escuros recessos da psique humana. À medida que amadurecia a geração nascida após a Segunda Guerra Mundial, a psicoterapia foi se tornando parte integrante da nossa vida cultural. Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2418
  • 30. O que é a Terapia Floral? 19 Carl Jung e sua terapia da alma O psiquiatra suíço Dr. Carl Jung desenvolveu, em especial, a dimensão anímica da psicoterapia. Jung foi originalmente discípulo de Freud, mas discordou de sua estreita ênfase na sexualidade como causa da neurose e como base principal das aspirações anímico-espirituais da humanidade. Jung reconheceu que nas profundezas da experi- ência do indivíduo — contatadas através de sonhos, meditação, terapia profunda, e presentes nas imagens mitológicas de culturas tradicionais — há certos arquétipos transpessoais. Esses temas recorrentes são expressos com muitas variações, de acor- do com as circunstâncias individuais. No entanto, emanam de uma fonte comum, a que Jung deu o nome de inconsciente coletivo, ou o que também poderia ser chama- do de base do ser ou mente universal, um conceito articulado pelo filósofo grego Platão. Jung afirmava que o trabalho interior consciente poderia ajudar a pessoa a compreender como esses arquétipos desempenham um papel no desenrolar do desti- no individual. Ele ensinava que, através de um processo de individuação, a alma humana pode harmonizar seus vários aspectos e encontrar sua expressão singular na vida. Particularmente importante é o encontro com a sombra, ou seja, as emoções e atitudes não reconhecidas que com freqüência opõem-se às nossas intenções consci- entes. Uma vez que esses elementos rejeitados da psique sejam reconhecidos, eles poderão ser gradualmente resgatados e integrados ao Eu consciente. Jung chamava esse processo de União dos Opostos, pedindo emprestado uma imagem da tradição alquímica. Na verdade, uma das principais contribuições de Jung foi reviver o interesse mo- derno pela alquimia como uma linguagem da alma. Jung contestava a visão convenci- onal de que a alquimia era uma tentativa de magicamente converter metais comuns em ouro. Em vez disso, ele via a alquimia como uma série de processos simbólicos direcionados para o trabalho interior e a transmutação da alma. Jung encontrou cor- relações entre as imagens transformativas que surgiam espontaneamente nos sonhos de seus pacientes e as formas arquetípicas usadas na alquimia. Isso o levou a concluir que os processos alquímicos que envolviam as substâncias da Natureza eram basica- mente projeções da psique humana, uma espécie de sonho desperto repleto de sím- bolos da vida interior, mas sem qualquer realidade independente. Infelizmente, Jung estava certo apenas pela metade em sua avaliação da alquimia. Seus insights levaram a uma nova sabedoria sobre a vida da alma humana, mas sem uma conexão direta com a alma da Natureza. O mundo natural está cheio de arquéti- pos vivos, tão reais quanto aqueles que habitam a psique humana. Como trataremos a seguir, a sabedoria alquímica não é simplesmente a projeção de um mundo interior sobre uma tela em branco; ela trabalha com as correspondências entre a alma huma- na e a alma da Natureza. É exatamente essa compreensão que forma o alicerce da terapia floral. Desenvolvimentos recentes na psicoterapia No período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, um dos mais significativos pioneiros da psicologia foi Abraham Maslow, fundador da psicologia humanista. Maslow discordou da ênfase mal colocada pela psiquiatria e pela psicologia behaviorista, que era a de ajudar um indivíduo disfuncional a tornar-se “bem ajustado” em seus papéis profissionais e familiares. Maslow postulou uma hierarquia de necessidades, que incluía a capacidade básica de funcionar no mundo e atender as necessidades da vida. Contudo, além dessas necessidades da sobrevivência física, está o empenho pela Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2419
  • 31. 20 Repertório das Essências Florais auto-realização, ou pleno desenvolvimento do potencial humano, para que sejam encontrados o significado e a realização mais profundos na vida. Esse reconhecimen- to tornou-se a base da psicologia humanista e daquilo que é chamado de movimento do potencial humano, o qual gerou uma grande variedade de terapias destinadas a ajudar a alma a encontrar a realização na vida. A psicologia transpessoal é um desenvolvimento ulterior; há nela o reconheci- mento de uma dimensão transcendente ou espiritual da vida, que daria um contexto mais amplo ao desenvolvimento individual da nossa alma. Um dos pioneiros desse trabalho foi Roberto Assagioli, promovedor da psicossíntese. Através de tal processo, um senso essencial do Eu Espiritual é desenvolvido, tornando-se um centro em volta do qual constelam os vários sub-eus, ou subpersonalidades. À medida que nos aproximamos do final do século 20, erguem-se vozes que ques- tionam se a psicoterapia, tal como é praticada, não estaria frustrando a vida da alma ao invés de estimulá-la. James Hillman, psicólogo de arquétipos, criticou o narcisismo daqueles que, pela própria abordagem do autodesenvolvimento, são levados à introversão e ao não-envolvimento social e político. Ele nos exorta a ver a conexão entre a neurose individual e as doenças sociais, e a nos envolver nas questões do nosso tempo. Theodore Roszak sugere que grande parte da angústia da alma contem- porânea tem suas origens na desconexão da sociedade em relação à Terra. Perceben- do que a auto-realização do movimento do potencial humano é inadequada, ele pede uma nova ecopsicologia, na qual a cura de nós mesmos é inseparável da cura da Terra. Robert Sardello exorta-nos a trazer sentido e beleza às nossas vidas não só como uma realidade interior, mas como uma experiência ativa e dinâmica no mundo social e natural. Thomas Moore escreve sobre a necessidade dos “cuidados da alma” como uma atividade diária, em vez de apenas uma experiência levada a efeito na sala do terapeuta. Ele sugere que abandonemos nossa obsessão em nos fixar nos proble- mas psicológicos e, em vez disso, prestemos atenção à sabedoria da vivência singular da nossa alma. Em seus questionamentos, por vezes polêmicos, mas sempre incisivos, da psicoterapia contemporânea, essas vozes nos desafiam a desenvolver um novo paradigma psicológico. A psique não deveria ser vista como um objeto isolado para reflexão interior, mas como um participante plenamente envolvido com a Terra e com a cultura humana. A alma humana individual é um membro da alma do mundo (anima mundi). Está intimamente relacionada com Gaia, o ser vivo Terra, e com todos os seres que nela existem. Assim imaginada, a psicoterapia torna-se uma genuína cura da alma, fiel à definição de Novalis, “ali onde o mundo interior e o mundo exterior se encontram.” As essências florais e a alma do mundo A terapia floral incorpora essa visão mais ampla dos cuidados com a alma. Seu princípio fundamental é o de que nosso bem-estar pessoal e nosso sentido de inteireza dependem muitíssimo do bem-estar geral do mundo em que vivemos. Todavia, este não é simplesmente um conceito abstrato ou um ideal teórico. O processo mais pro- fundo — o próprio cerne do significado da terapia floral – é que um diálogo ou relacionamento é gerado entre a alma humana e a alma da Natureza. Basicamente, podemos enxergar a terapia floral como uma forma extraordinária de comunhão, na qual recebemos não só a nutrição física das substâncias da Terra, mas também permitimos a nós mesmos absorver conscientemente as qualidades Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2420
  • 32. O que é a Terapia Floral? 21 anímicas do ser vivo Terra. Tal terapia nos concede a oportunidade não apenas de sermos “curados” num sentido pessoal, mas de podermos realmente vivenciar e apren- der com a Natureza, unir a percepção consciente microcósmica e macrocósmica. Compreendendo a partir dessa perspectiva, podemos apreciar o valor mais profun- do dos dois remédios policrestos (multiuso) do sistema de Bach. As essências Wild Oat e Holly sintetizam a combinação do interno e do externo na terapia floral. O Dr. Bach pretendia que eles fossem amplamente usados, para ajudar a orientar a alma do modo mais básico ao longo de sua jornada de cura. Wild Oat dirige-se à nossa capacidade de encontrar significado no mundo e desenvolver compromisso e foco interiores, que irão fortalecer e direcionar a alma na descoberta de sua vocação ou chamado para servir os outros e contribuir na cultura mundial. Por outro lado, Holly dirige-se àqueles senti- mentos mais íntimos da alma que nos separam dos outros, tais como a hostilidade, o ciúme e a inveja. Com efeito, o próprio nome dessa planta admirável remete à idéia de inteireza ou santidade; (1) Holly conduz a alma para um sentimento de unidade, inclu- são e confiança nos relacionamentos com os outros. À medida que consideramos cada uma das essências listadas no Repertório, vemos que elas sempre se dirigem para o perfeito equilíbrio da alma: buscar a força e o significado interiores, mas também construir uma sensibilidade compassiva pelos ou- tros; ampliar a consciência, mas também focá-la na atividade prática e enraizada; estar consciente dos mundos mais elevados e mais sutis, mas também estar presente no mundo físico e no corpo físico. Embora ainda seja um esforço pioneiro, a terapia floral tem o potencial de trazer uma contribuição real e significativa ao nosso entendimento da cura da alma. Ela promove um relacionamento verdadeiramente dinâmico entre o interior e o exterior, o pessoal e o social, o mundo humano e o mundo natural, a percepção consciente pessoal e a consciência transcendente. A dividida tradição alquímica O processo de relacionar a alma individual com a alma mundial e a alma da Natu- reza tem antigas raízes na tradição alquímica. Embora a cultura contemporânea a considere uma mera precursora primitiva da química moderna e Jung acredite que ela tem um caráter estritamente psíquico ou simbólico, a alquimia é na verdade um siste- ma profundo de atividade filosófica e científica que reconhece a interconexão entre Humanidade, Natureza e Cosmos. O grande mestre egípcio Thot (conhecido pelos gregos como Hermes Trismegisto) é visto como o fundador da tradição alquímica e considerado o criador do axioma, “Assim na Terra como no Cosmos”. A sabedoria alquímica afirmava que a ordem do Universo se expressa no mundo da Natureza e também no ser humano, que pode ser considerado um microcosmo do cosmos maior. Um dos mais notáveis representantes desse ensinamento foi Paracelso, alquimista suíço da Idade Média. Paracelso retratou a Natureza como se ela fosse um livro narrado numa escrita cósmica, cujas formas e processos revelavam o funciona- mento de leis mais elevadas. Sua Doutrina das Assinaturas descrevia como as corres- pondências entre as formas vegetais e as humanas indicavam a ação curativa específi- ca dos remédios à base de plantas. Isso se fundamentava na compreensão de que as estruturas e processos físicos das plantas expressam os mesmos princípios universais que se manifestam nas formas e processos do ser humano. Paracelso relacionou as 1 Wholeness (inteireza, totalidade) e holiness (santidade), palavras com a mesma raiz semântica, numa alusão fonética a holly (azevinho) (N.T.) Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2421
  • 33. 22 Repertório das Essências Florais influências dos planetas e estrelas sobre as plantas e os metais, uma compreensão que também podemos encontrar nos compêndios de grandes herboristas como Hildegard de Bingen, Gerard e Culpeper. De acordo com Paracelso, o trabalho do alquimista era extrair as substâncias da Natureza e torná-las mais refinadas e sutis, aumentando assim seus poderes de trans- formar o ser humano. Ele escreveu, “A quinta essentia consiste naquilo que é extra- ído de uma substância — de todas as plantas e de tudo que tenha vida... a inerência de uma coisa, sua natureza, poder, virtude e eficácia curativa.” Desse modo, para Paracelso, um remédio curador era a refinada quintessência de uma substância natural. A escola esotérica rosa-cruz foi uma parte importante da tradição alquímica, devo- tada à percepção do mundo natural como uma rica biblioteca de arquétipos espirituais e processos transformativos. Suas práticas espirituais não se destinavam a deixar para trás o corpo físico, nem abandonar o corpo maior da Natureza ou as necessidades da comunidade humana na qual viviam. Pelo contrário, cada conquista ao longo do cami- nho rosa-cruz exigia uma maior maestria nos mundos físico e social, e uma consciên- cia cada vez mais profunda das leis espirituais que moldam esses mundos. Ativos durante o final da Idade Média e no início da Renascença, os alquimistas rosa-cruzes viviam de uma maneira prática no mundo, dando contribuições substantivas às profis- sões médicas, acadêmicas e científicas de seu tempo. Como sabemos, a ciência abandonou suas raízes metafísicas e desenvolveu um paradigma mecanicista no qual a matéria deixou de ter qualquer conexão com o ser ou com as forças etéricas da Natureza. A alquimia se transformou na química, que, junto com a biologia reducionista, forma a base da atual ciência médica materialista. Os ensinamentos alquímicos foram descartados como mera superstição primitiva ou charlatanismo. Certamente muitos erros e distorções se infiltraram nos ensinamentos alquímicos ao longo dos tempos, mas esses ensinamentos estão permeados por uma sabedoria muito profunda que uma época materialista não consegue compreender. Assim, a tradição da alquimia, baseada no relacionamento entre o mundo exterior das substâncias da Natureza e o mundo interior da alma humana, tornou-se dividida em nosso tempo. Por um lado, temos um estudo sem alma de um mundo mecânico; por outro, temos um desincorporado sistema de símbolos que existe apenas no mun- do interior da psique. A psicologia contemporânea reflete essa cisão alquímica. Os psiquiatras que seguem o modelo médico utilizam substâncias e processos físicos, mas não cuidam da vida interior da alma humana. Os psicólogos da tradição junguiana são mestres na vida interior da alma, mas (com poucas e notáveis exceções, como o Dr. Edward Whitmont) geralmente carecem de um relacionamento com a alma da Nature- za e não trabalham com um conhecimento preciso das substâncias reais da Natureza. A terapia floral como uma nova alquimia da alma Como a terapia floral se dirige ao relacionamento entre a alma humana e a alma da Natureza, ela reúne as duas polaridades da tradição alquímica. É a mensageira de uma nova alquimia da alma, que incorpora a antiga sabedoria com uma moderna percepção consciente da psique humana e da Natureza. A essência proveniente de uma planta em floração cria uma quinta essentia alquímica, facilitando um diálogo anímico entre os arquétipos da Natureza e os arqué- tipos no interior da alma humana. Isso não está baseado numa projeção sentimental e romântica, nem na nostalgia por uma mítica idade de ouro. Ao contrário, é uma Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2422
  • 34. O que é a Terapia Floral? 23 compreensão muito precisa de que os pensamentos, os sentimentos e as vivências da psique humana são reflexos das mesmas leis cósmicas inerentes aos padrões de cres- cimento, formas, cores, fragrâncias e energias vitais da Natureza, que se expressam na planta florida. Esse é o significado do ensinamento alquímico, “Assim na Terra como no Cosmos.” A vida anímica que alcançamos à medida que fazemos nossa jorna- da interior corresponde à própria anima mundi da Natureza. O Papel Singular da Terapia Floral nos Cuidados com a Saúde As essências florais não são drogas Como as essências florais são substâncias que introduzimos no corpo, é fácil con- fundi-las com as drogas usadas para tratar as doenças físicas e emocionais. As essên- cias florais não são drogas. Antes de mais nada, as essências florais, por causa de sua natureza vibracional, não causam impacto direto sobre a bioquímica do corpo, tal como as drogas farmacêuticas e psicoativas. Tranqüilizantes, antidepressivos, analgé- sicos, euforizantes e drogas que “expandem a mente” afetam os estados emocionais, mas o fazem mudando a química do cérebro e, desse modo, alteram o veículo bioló- gico através do qual a alma humana se expressa. Essa manipulação bioquímica pode ser importante em casos de doenças graves, tais como tendências suicidas extremas. Mas, além do perigo dos efeitos colaterais, precisamos também levantar questões profundas sobre o uso de drogas que alteram o ânimo com a finalidade de controlar ou eliminar emoções tão tipicamente humanas como a depressão, o medo, a ansiedade e a timidez. Qual o efeito que exercem sobre a alma esses transformadores da personalidade quimicamente induzidos? Será que algo não se perde quando a alma escapa à necessidade de lidar arduamente com a dor do abuso na infância ou com a raiva diante das injustiças do mundo? Como poderá a alma aprender as lições da vida se não tiver a liberdade de vivenciar a dor e a transfor- mação? A sociedade seria melhor se os grandes poetas tivessem tratado sua introversão com estimulantes do ânimo ou se os críticos sociais tivessem curado sua alienação com antidepressivos? As essências florais, ao contrário, deixam a alma em liberdade. Elas encorajam a mudança ao invés de forçá-la, agindo através da ressonância vibracional e não da intervenção bioquímica. Seu efeito é evocativo, muito semelhante ao efeito de uma conversa com um amigo sensato e prestativo. As essências estimulam um diálogo interior com os aspectos ocultos do nosso Eu, despertando profundos arquétipos psicológicos e dando-nos acesso às suas mensagens. Como resultado dessa “conver- sa” com nossa alma, ocorrem profundas mudanças emocionais e mentais que pode- rão produzir também alterações fisiológicas. Mas essas mudanças não são impostas do exterior; elas ocorrem dentro de nós mesmos, através da nossa própria experiên- cia e esforço. As essências florais são catalisadores que estimulam e energizam o processo de transformação interior, ao mesmo tempo em que nos deixam livres para desenvolver- Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2423
  • 35. 24 Repertório das Essências Florais mos as nossas capacidades inatas. O melhor uso das essências é dentro de um contex- to de desenvolvimento interior, através da auto-observação, do diálogo e do aconselhamento. Por essa razão, elas não são utilizadas para tratar doenças específi- cas. Mais exatamente, as essências florais nos ajudam a aprender as lições de toda enfermidade, enfrentar os desafios apresentados à nossa alma pela dor e sofrimento emocionais e físicos, e, dessa maneira, transformar nossa vida. Essa metamorfose incentiva a saúde e pode eliminar diversos sintomas físicos dolorosos, porém o objeti- vo supremo continua a ser a evolução da alma. Ao contrário das drogas analgésicas ou supressoras de sintomas, que podem criar dependência a longo prazo quando usadas para controlar condições crônicas, as essências florais estimulam mudanças duradouras na consciência, que continuarão a fazer parte da nossa vida mesmo de- pois que pararmos de tomar essas essências. As essências florais não são remédios fitoterápicos convencionais As essências florais têm muito em comum com os remédios fitoterápicos. Eles compartilham a tradição de usar ingredientes puros diretamente da Natureza e a filo- sofia de trabalhar junto com o processo de cura, em vez de reprimi-lo. Com efeito, depois que o Dr. Bach deixou sua clínica homeopática e descobriu as essências florais, ele se referia a si mesmo como herborista e caracterizava suas essências como remé- dios à base de ervas. No entanto, as essências florais são uma forma muito especializada de preparação fitoterápica, que deveria ser distinguida dos remédios fitoterápicos convencionais. Os produtos fitoterápicos são preparados a partir de diversas partes da planta, incluindo raiz, caule, folhas, frutos, sementes, bem como flores; são preparados através de uma variedade de métodos, incluindo infusão, decocção e tintura. As essências florais diferem quanto ao método de preparação, pois geralmente são preparadas por infusão, utilizando apenas as flores frescas da planta e no contexto de uma matriz ambiental específica. Ao descrever a preparação da essência floral, o Dr. Bach comentou: “Observemos que os quatro elementos estão envolvidos: a terra para nutrir a planta; o ar do qual ela se alimenta; o sol ou fogo para permitir-lhe comunicar seu poder; e a água... para ser enriquecida com sua benéfica cura magnética.” Acres- centaríamos ainda a existência do quinto elemento alquímico, o elemento quintessencial, que é o estado de consciência sensível do preparador da essência floral. Desse modo, as essências florais são mais do que simples extratos fitoterápicos; são quintessências alquímicas que levam em si os arquétipos vivos da planta inteira, capturados no momento supremo do desabrochar das flores. Os remédios fitoterápicos geralmente são selecionados com base nos sintomas físicos e são usados devido a seus constituintes físicos de ocorrência natural. As essên- cias florais, por outro lado, têm uma natureza vibracional e são selecionadas de acor- do com seus efeitos sobre as qualidades da alma. Entretanto, nas tradições fitoterápicas e xamânicas de muitas culturas existe o reconhecimento de que as plantas têm signi- ficados mais profundos e estão associadas às forças e processos espirituais. Esse lega- do de uma fitoterapia mais sutil pode ser visto como uma das fontes para a compreen- são das qualidades das essências florais. As propriedades fitoterápicas das plantas mantêm uma relação com seus usos como essências florais, mas não são idênticas a estes. Muitas vezes, o efeito da essên- cia floral sobre a alma é como uma “oitava superior” dos efeitos físicos da planta, embora isso deva ser considerado no contexto de um estudo completo da planta, Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2424
  • 36. O que é a Terapia Floral? 25 conforme o exame que se inicia à página 43. Por exemplo, o aneto Dill é usado como erva culinária para estimular a digestão e neutralizar a flatulência causada pelo comer excessivo ou demasiado rápido. Já a essência floral Dill dirige-se à “indigestão psíqui- ca”, que ocorre quando a alma é sobrecarregada por impressões sensoriais excessivas ou muito rápidas; Dill atua refinando e clarificando nossa experiência do mundo sen- sorial. Muitos herboristas modernos usam as essências florais juntamente com os me- dicamentos fitoterápicos tradicionais. Eles relatam, contudo, que as essências tratam as questões da psique de modo muito mais direto e preciso do que os remédios fitoterápicos convencionais. As essências florais diferem das fragrâncias e óleos essenciais As essências florais não devem ser confundidas com as fragrâncias nem com os óleos essenciais puros usados na aromaterapia, embora o termo “essências florais” seja algumas vezes equivocadamente aplicado a esses óleos. As essências florais não têm qualquer aroma específico, exceto pelo conhaque que é usado como conservante natural. Isso ocorre porque a substância física da flor contida na essência está alta- mente atenuada, para que suas qualidades vibracionais possam ser acentuadas. As fragrâncias geralmente são preparações sintéticas elaboradas em vista de seu aroma e usadas em perfumaria. Os óleos essenciais puros são o produto, altamente concentrado, da destilação natural dos óleos aromáticos de substâncias vegetais e constituem, portanto, um tipo especializado de remédio fitoterápico. Os óleos essen- ciais podem ter forte efeito sobre o corpo e a alma, mas seu caminho é através dos sentidos e do corpo físico, em vez dos campos vibracionais usados pelas essências florais. A aromaterapia e as essências florais funcionam bem em parceria, mas não devem ser confundidas. Elas são terapias complementares — do corpo para a alma, e da alma para o corpo. Uma comparação entre as essências florais e a homeopatia As essências florais também diferem dos remédios homeopáticos, embora essas duas modalidades de cura tenham muito em comum em termos históricos, filosóficos e práticos. Ambos os tipos de remédios têm uma natureza vibracional e, portanto, são fisicamente diluídos. Cada um deles age como um catalisador do processo de cura da pessoa, em vez de suprimir ou controlar os sintomas. Ambas as modalidades tratam a pessoa e não a doença, e procuram aliar o remédio à situação específica do indivíduo. O Dr. Bach trabalhou como médico homeopata antes de desenvolver suas essências florais e hoje os homeopatas estão entre os que mais prontamente reconhecem a eficácia da terapia floral. Há, contudo, significativas diferenças entre as essências florais e os remédios ho- meopáticos. Bach descreveu claramente o desenvolvimento das essências florais como um rompimento com a homeopatia, afirmando que as essências não seguem a Lei dos Semelhantes, a qual é a própria definição da medicina homeopática. De acordo com o princípio dos semelhantes, os remédios homeopáticos são de- senvolvidos por experimentos, em que grandes doses de uma substância são dadas a um grupo de indivíduos saudáveis e os sintomas por eles desenvolvidos tornam-se as indicações para a condição à qual se dirige o remédio. Se Bach tivesse usado o méto- do homeopático, ele teria dado a um grupo-teste de pessoas grandes doses de Holly e descoberto que elas se tornaram ciumentas, invejosas e cheias de ódio, ou então descobriria que Clematis, em grandes doses, produzia um estado sonhador e desfocado Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2425
  • 37. 26 Repertório das Essências Florais no seu grupo-teste. É um fato histórico que Bach jamais usou experimentos ao desenvolver seus remé- dios florais, nem que experimentos homeopáticos tenham sido usados para testar outras essências florais. Ao contrário, Bach descobriu que a essência floral Holly produzia um sentimento de união e amor na alma perturbada pela inveja, ciúme ou ódio, e que a essência Clematis intensificava a qualidade da presença em pessoas sonhadoras e desincorporadas. Se as essências florais não seguem a Lei dos Semelhantes da homeopatia, pode- ríamos então dizer que elas são uma expressão da Lei dos Contrários, que é a base da medicina alopática e supressora de sintomas? Bach aparentemente acreditava que os remédios florais agiam através dos contrários no interior da alma, dizendo que eles “inundam nossa natureza com a virtude particular de que necessitamos, e lavam de nós a falha que está causando o dano.” Contudo, nossas próprias pesquisas ao longo dos últimos 16 anos indicam que isso seria uma simplificação excessiva. Ao invés de agir por semelhantes ou por contrários, a ação transformativa das essências florais é uma expressão da integração das polaridades no interior da nossa psique, tal como entendido pela alquimia e pela psicologia junguiana. Por exemplo, a essência floral Mimulus dirige-se aos medos da vida cotidiana; ela não cria o medo quando dada em grandes doses a um indivíduo saudável que não tem esses medos, como seria de esperar se ela seguisse a Lei dos Semelhantes da homeopatia. E Mimulus tampouco elimina o medo, como faria uma droga tranqüili- zante que operasse pela Lei dos Contrários da alopatia. Uma pessoa que toma a essência floral Mimulus pode tornar-se mais agudamente consciente da existência de um estado de medo, talvez antes oculto de sua percepção consciente. Ao mesmo tempo, Mimulus encoraja tal pessoa a enfrentar esses medos, despertando nela a força anímica necessária para ir ao encontro de tais desafios. Portanto, podemos dizer que Mimulus trabalha com a polaridade medo e coragem, habilitando a alma a alcançar um nível mais elevado de integração. Ao invés de eliminar o medo, Mimulus nos ajuda a ter a coragem de enfrentar o medo. Entendida deste modo, a terapia floral aplica a lei alquímica da União dos Opostos, pela qual os pólos opostos são integrados numa síntese mais elevada. Além disso, as essências florais e os remédios homeopáticos são preparados de maneira diferente. Enquanto os remédios homeopáticos têm sido feitos de quase todas as substâncias e de qualquer parte da planta, as essências florais são feitas exclusivamente com a flor. Por essa razão, as essências florais também devem ser distinguidas dos diversos remédios vibracionais preparados com outras partes da plan- ta ou com substâncias animais ou minerais, tais como as essências marinhas e os elixires minerais. É a flor, especificamente, que se utiliza no preparo das essências florais, pois é no processo de floração que as qualidades anímicas da Natureza juntam- se à forma e substância da planta. Assim, a essência floral torna-se um veículo de comunicação entre a alma da Natureza e a alma humana. Mesmo quando os remédios homeopáticos são feitos de flores, sua preparação é diferente daquela das essências florais. A substância-mãe homeopática consiste numa tintura ou extração alcoólica da planta macerada, que é então diluída e dinamizada, em geral inúmeras vezes, para produzir o remédio. As essências florais são prepara- das através da infusão da flor inteira em água, processo no qual o preparador trabalha em conjunto com as condições ambientais e meteorológicas circundantes de modo Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2426
  • 38. O que é a Terapia Floral? 27 muito consciente. Por essa razão, dizemos que as essências florais são feitas no “labo- ratório da Natureza”, no hábitat natural da flor silvestre ou num jardim onde as flores podem florescer sob condições ideais. As essências florais são usadas somente em primeira ou segunda diluições, e no entanto atingem diretamente a mente e as emoções. Elas causam efeito na psique de uma maneira suave, deixando, no geral, a consciência escolher livremente como res- ponder à sua influência. Os remédios homeopáticos usualmente precisam ser eleva- dos até uma potência muito mais alta para afetarem os estados mentais e emocionais. Muitos terapeutas acreditam que tais potências atuam sobre a psique de uma maneira mais persuasiva do que o fazem as essências florais. Desse modo, os remédios home- opáticos de alta potência têm algumas similaridades com as drogas farmacêuticas, devendo sempre ser usados com extrema cautela e por terapeutas muito habilidosos. Os remédios homeopáticos de baixa potência, por outro lado, trabalham mais direta- mente com o aspecto físico-etérico do ser humano e são, portanto, mais similares aos remédios fitoterápicos. As essências florais combinam a segurança dos remédios ho- meopáticos de baixa potência com a capacidade de estimular a consciência dos remé- dios de potência mais alta. As essências florais criam um diálogo com a alma, em vez de lhe ditar ordens. Também no modo de uso as essências florais diferem dos remédios homeopáticos. Um caso homeopático envolve extensa catalogação de sintomas, geralmente com grande ênfase nas condições e hábitos físicos, que formam um quadro do corpo etérico ou vital da pessoa. O terapeuta procura então encontrar a melhor combinação entre a lista de sintomas apresentados pelo paciente e a lista de indicações dos remé- dios. Por outro lado, a terapia floral correlaciona um “arquétipo” ou “mensagem” de uma planta com uma qualidade específica da alma ou psique humana. Embora os sintomas físicos e outros sintomas ofereçam pistas quanto aos problemas interiores, escolher uma essência floral é mais do que comparar uma lista de sintomas com uma lista de indicações. Mais exatamente, a ênfase é dada na identificação dos problemas e lições subjacentes, como meio de pintar um “retrato da alma” do indivíduo. Esse retrato é então correlacionado com uma ou mais essências florais cujas configurações vibracionais incorporam aquelas qualidades e processos. Desse modo, fica claro que as essências florais não são remédios homeopáticos, embora ambos pertençam à categoria mais ampla de remédios energéticos ou vibracionais. Pode haver confusão neste ponto porque algumas marcas de essências florais são rotuladas como drogas homeopáticas para fins de regulamentação ou im- portação. Tal rotulagem é infeliz e incorreta, mas de modo algum invalida as diferen- ças filosóficas e práticas entre essas duas modalidades de cura. O trabalho com aparelhos vibracionais A terapia floral também difere dos sistemas de testes vibracionais e das práticas que empregam máquinas ou aparelhos para medir ou ajustar os campos energéticos humanos de acordo com diversas escalas quantitativas. Essas modalidades são freqüentemente empregadas para auxiliar na seleção de remédios homeopáticos, nutricionais e fitoterápicos, bem como para “sintonizar” os sistemas fisiológicos atra- vés da ação dos “equivalentes” vibracionais dos remédios. Até o ponto em que traba- lham com uma mensuração quantitativa, tais aparelhos podem dar informações úteis, particularmente quanto à força relativa ou ao grau de vitalidade dos sistemas fisiológi- Parte1.pmd 25/3/2009, 11:2427