O documento discute fármacos anti-hipertensivos, descrevendo a hipertensão arterial sistêmica e seus principais tipos de tratamento. São apresentados os mecanismos pelos quais diferentes classes de medicamentos, como diuréticos, bloqueadores adrenérgicos e inibidores do sistema renina-angiotensina, reduzem a pressão arterial através da modulação do débito cardíaco, resistência vascular periférica e volume intravascular. Fatores que podem interferir na resposta terapêutica também são mencionados.
2. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS)
Introdução
+ comum das doenças cardiovasculares
Prevalência: ↑ com idade (50%, 60 e 69 anos)
Pressão Arterial (PA) ↑
Alterações patológicas na vasculatura
Hipertrofia no ventrículo esquerdo (HVE)
HAS
Principal causa Acidente Vascular Encefálico (AVE)
Importante fator de risco para coronariopatia e suas
complicações (Infarto do miocárdio (IM), morte
súbita cardíaca (MSC), insuficiências cardíaca (IC) e
renal (IR) e aneurisma dissecante da aorta (ADA)).
3. Hipertensão Arterial (HA)
•PA= DCxRV - 120/80 mmHg nl > 140/90 mmHg = HA
•HA primária (essencial):
• Causa desconhecida
• Afeta 90-95% da população hipertensa
•Etiologia multifatorial – fatores genéticos e
ambientais, álcool, obesidade, sal
•HA secundária:
•Causa definida: hiperaldosteronismo primário,
anticoncepcionais orais, doença renal primária e
doença renovascular
Tratamento c/ antagonistas β
4. Critérios para classificação da
hipertensão em adultos
Pressão Arterial (mmHg)
Classificação Sistólica Diastólica
Normal < 120 e < 80
Pré-hipertensão 120 – 139 ou 80 – 89
Hipertensão, estágio 1 140 – 159 ou 90 – 99
Hipertensão, estágio 2 >= 160 ou <= 100
5. Mecanismo p/ elevação da Pressão Arterial (PA)
•Função cardíaca:
•Elevação primária do DC (hipertensão baseada na
bomba - ↑DC c/ RVS normal)
•Mais observada em pacientes jovens c/ HA
essencial
•Pode resultar de atividade simpaticoadrenal
excessiva e/ou sensibilidade aumentada do coração
a níveis basais de reguladores neuro-humorais
6. Mecanismo p/ elevação da Pressão Arterial (PA)
•Função vascular:
•HA baseada na resistência vascular (DC normal c/ ↑
RVP) - ↑PAS
•Mais observada em pacientes idosos
•Acredita-se que a vasculatura seja anormalmente
sensível à estimulação simpática, a fatores circulantes
ou a reguladores locais do tônus vascular. Isso pode
ser mediado por lesão ou disfunção endotelial
•Defeitos nos canais iônicos no m. liso vascular podem
causar elevações do tônus vasomotor: ↑ RVS
•Tratamento inicial c/ diuréticos tiazídicos
7. Mecanismo p/ elevação da Pressão Arterial (PA)
•Função renal:
•Estenose da a. renal, vasculite ou compressão externa
pode ↓ fluxo renal – Em resposta a ↓ na pressão de
perfusão, as céls justaglomerulares ↑ a secreção de
renina, o que leva a produção aumentada de
angiotensina II e aldosterona
•Angiotensina II e aldosterona ↑ tanto o tônus
vasomotor, quanto a retenção de Na+/H2O – elevação
do DC e RVP
8. Mecanismo p/ elevação da Pressão Arterial (PA)
•Função Neuroendócrina:
•Disfunção do sistema neuroendócrino, incluindo regulação
central anormal do tônus simpático basal, respostas
atípicas ao estresse e respostas anormais a sinais
provenientes de barorreceptores e receptores de volumes
intravasculares podem alterar a função cardíaca, vascular
e/ou renal: ↑ PA
•Anormalidades endócrinas: secreção excessiva de:
catecolaminas (feocromocitoma), ou de aldosterona pelo
córtex da supra-renal (aldosteronismo primário) e produção
excessiva de hormônios tiroidianos (hipertireoidismo)
9. Mecanismo p/ elevação da Pressão Arterial (PA)
•Função renal:
• HA baseada na retenção excessiva de Na+ e H2O:
HA baseada no volume
•Lesão glomerular c/ ↓ massa de néfrons
funcionais e/ou secreção excessiva de renina, pode
levar ao ↑ anormal do volume intravascular
•Mutações de canais iônicos pode comprometer a
excreção de normal de Na+
10. Princípios da terapia anti-hipertensiva
Não farmacológica importante componente do
tratamento.
Controle da PA na HAS estágio 1
Perda ponderal
↓consumo de sódio
↑exercício aeróbico
↓consumo de álcool
Mudança no estilo de vida (MEV)
Pode ser difícil para muitos
Pode ↑ controle farmacológico da PA se só
MEV é insuficiente.
11. Terapia anti-hipertensiva
•Modificações no estilo de vida: perda de peso,
atividade física, abandono do tabagismo, dieta c/
baixo teor de gordura e sódio, redução ou eliminação
da ingestão de álcool, anticoncepcionais orais,
glicocorticoides - Adjuvantes p/ o tratamento
farmacológico.
•Fármacos : reduzir o DC e/ou a RVP
12. Redução do volume intravascular c/ vasodilatação (diuréticos)
Regulação do tônus simpático (antagonistas α1 e β,
simpaticolíticos centrais)
Modulação do tônus do músculo vascular liso (bloqueadores dos
canais de Ca2+, ativadores dos canais de K+)
Inibição dos reguladores neuro-humorais da circulação
(inibidores da ECA, antagonistas dos receptores de angiotensina II)
•A redução da PA produzida por esses fármacos é percebida pelos
barorreceptores e céls justaglomerulares renais, que podem
ativar respostas contra-reguladoras que atenuam a magnitude da
redução da PA
↓
•Ajuste da dose e/ou o uso de + de um agente p/ obter o controle
da PA a longo prazo
Terapia anti-hipertensiva - estratégias
13. TIPOS DE ANTI-HIPERTENSIVOS
•Diuréticos
•Inibidores adrenérgicos (ação central, a-1-
bloqueadores, b-bloqueadores)
•Vasodilatadores diretos
•Bloqueadores de canais de cálcio (BCC)
•Inibidores da enzima conversora da Angiotensina
(IECA)
•Antagonistas do receptor AT1 da Angiotensina II
(AII)
14. Diuréticos
•Diminuem o volume intravascular através do ↑ da excreção
de Na+ e H2O
•A depleção do volume por si só não explica por completo o
efeito anti-hipertensivo dos diuréticos
Tiazídicos e agentes relacionados (hidroclorotiazida,
clortalidona, etc.)
De Alça (furosemida, bumetanida, orsemida, ácido etacrínico)
Poupadores de K+ (amilorida, triantereno, espironolactona)
15. Diuréticos Tiazídicos
•Alta disponibilidade oral e longa duração de ação
•↓ volume intravascular que tem por efeito ↓ PA por ↓ DC
↓
↓ DC estimula o sistema renina-angiotensina, levando a
uma retenção de volume e atenuação dos efeitos dos
tiazídicos sobre o estado do volume
• Exercem efeitos sobre a PA ao influenciar tanto o DC
quanto a RVS
• Efetivos p/ tratamento da HA baseada em volume
Ex: Clorotiazida, Clortalidona, Hidroclorotiazida, Indapamida,
Metolazona
16. Diuréticos de alça
•Possuem duração de ação curta (4-6h)
•Ação anti-hipertensiva modesta – acredita-se que essa
resposta seja em função da ativação de respostas
compensatórias envolvendo os reguladores neuro-humorais
do volume intravascular e da RVP
•Preferencialmente utilizados na hipertensão maligna ou crise
hipertensiva e hipertensão baseada no volume em pacientes
c/ doença renal crônica avançada
Ex: Ácido etacrínico, Bumetanida, Furosemida, Torsemida
17. Diuréticos poupadores de K+
• Menos eficazes do que os tiazídicos e diuréticos de alça
• inibem a reabsorção de Na+ nos segmentos proximais do
néfron, e aumentam o aporte de Na+ e H2O nos segmentos
distais
• efeito é mediado pela aldosterona, os diuréticos poupadores
de K+ atenuam esse efeito, e mantém os níveis séricos de K+
• Utilizados c/ outros diuréticos p/ atenuar ou corrigir a
excreção de K+
Ex: Amilorida, Eplerenona, Espironolactona, Triantereno.
18. Agentes simpaticolíticos
Antagonistas b-adrenérgicos (metoprolol, atenolol, etc)
Antagonistas a-adrenérgicos (prazosina, terazosina, doxazosina,
fenoxibenzamina, fentolamina)
Angagonistas adrenérgicos mistos (labetalol, carvedilol)
Agentes de ação central (metildopa, clonidina, guanabenzo,
ganfacina)
Modulação do tônus do músculo vascular liso (bloq. Ca+2:
Verapamil, Diltiazem ,Nifedipina e Anlodipina e ativ. K+: Minoxidil e
Hidralazina)
Inibição dos reguladores neuro-humorais da circulação (inibidores
da ECA, antagonistas dos receptores de angiotensina II)
19. Regulação do Tônus Simpático
Antagonistas dos receptores β adrenérgicos
•Propanolol, metoprolol, atenolol
•Efeitos cronotrópicos e inotrópicos negativos
responsáveis pelo efeitos anti-hipertensivos. Uso
prolongado ↓RVP
•Antagonismo dos receptores β1-adrenérgicos no rim
diminui a secreção de renina, reduzindo a produção de
angiotensina II
•Utilizados p/ pacientes c/ história de Infarto do miocárdio
20. Regulação do Tônus Simpático
Antagonistas dos receptores α-adrenérgicos
•Prazosin, terazosin, doxazosin – α1-adrenérgicos
•Inibem tônus vasomotor periférico, reduzindo a vasoconstrição e
↓ RVP
•Não provoca efeitos adversos sobre o perfil lipídico
•Antagonistas α-adrenérgicos não-seletivos (fenoxibenzamina,
fentolamina) – não são utilizados no tratamento a longo prazo da
HA, pois seu uso prolongado pode causar respostas
compensatórias excessivas
**(α e β) - Labetalol: usado em emergências hipertensivas
21. Regulação do Tônus Simpático
Simpaticolíticos Centrais
• Agonistas α2-adrenérgicos: metildopa, clonidina e
guanabenzo - Reduzem o efluxo simpático c/ ↓FC, da
contratilidade e do tônus vasomotor
• Bloqueadores ganglionares: trimetafan, hexametônio -
Inibem atividade nicotínica colinérgica nos gânglios
simpáticos, o que reduz a PA
• Agentes simpaticolíticos: reserpina, guanetidina - Reduzem
a atividade do SNSimpático; Pouco utilizados devido aos
efeitos adversos
22. Modulação do Tônus do Músculo Liso
Vascular
Vasodilatadores que atuam sobre o m. liso arteriolar e/ou endotélio
vascular: reduzem a RVP
Bloqueadores de Canal de Ca2+
Verapamil e Diltiazem (agentes inotrópicos e
cronotrópicos negativos, reduzem a condução dos
impulsos)
Nifedipina e Anlodipina (vasodilatadores arteriais)
Podem ↓PA através da ↓ RVP e do DC; são utilizados
c/ fármacos cardioativos
23. Modulação do Tônus do Músculo Liso
Vascular
Ativadores de canais de K+
Minoxidil e Hidralazina: vasodilatadores arteriais
Podem causar retenção compensatória de Na+/H2O, e
taquicardia reflexa – uso c/ diurético e antagonista β,
podem atenuar esses efeitos
Uso do minoxidil é restrito à pacientes c/ hipertensão
grave refratária a outros tratamentos farmacológicos
24. Modulação do Sistema Renina-Angiotensina-
Aldosterona
Bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona
Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (iECA)
Captopril, Enalapril, Lisinopril –
• Impedem a conversão da angiotensina I em II, resultando na
diminuição dos níveis circulantes de angiotensina II (↓ RVS) e
aldosterona (↓ volume intravascular)
• Não aumentam o risco de hipocalemia nem provocam elevação
dos níveis de glicose ou lipídios
• Agentes preferidos no tratamento do paciente diabético
hipertenso, disfunção ventricular esquerda, doença renal
crônica
25. Modulação do Sistema Renina-Angiotensina-
Aldosterona
Antagonistas do receptor de Angiotensina II (AT1):- bloqueadores
do receptor de angiotensina II:
Losartan, Valsartana
• Antagonizam competitivamente a ligação da angiotensina II a
seus receptores AT1
• Além do efeito anti-hipertensivo, diminui a proliferação da
camada íntima arteriolar
26. FATORES QUE PODEM INTERFERIR NA RESPOSTA
TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA
Não-adesão ao tratamento;
Utilização equivocada da medicação;
Hipertensão do jaleco branco;
Aferição inadequada da PA
Pseudo-hipertensão em idosos;
Estilo de vida: tabagismo, ingestão excessiva de sal,
consumo diário > 30 g/ dia de etanol pelos homens e 15 g/dia
pelas mulheres e por pessoas magras, ↑ peso crescente;