A ilustração representa o tempo através de símbolos circulares e o ciclo dia-noite. Um ser humano reflete sobre o tempo olhando para o planeta Terra e um disco com imagens como um relógio e a Pedra do Sol asteca. A obra questiona a natureza infinita do tempo.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Análise
1. Trabalho: Criação de uma Ilustração para um
poema e consequente análise.
A ilustração foi feita com base num travalínguas popular. Isto
porque este trava‐línguas em particular é algo que me acompanhou e
irá acompanhar para sempre; decorei‐o ao fazer cópias de castigo na
primária. Era o texto mais curto que existia no livro de Português da
altura, e como também gostava dele, ficou logo como o predilecto
para fazer as trinta e quarenta cópias que tive muitas vezes como
trabalho para casa. Ainda hoje penso nele, porque o tempo é algo que
me fascina imenso; gostaria de um dia poder conhecer a infindável
imensidão que engloba uma palavra tão pequena: o passado, o
presente e o futuro no seu total. Também existe muita gente que
consegue (ou tenta) gerir (totalmente) o tempo nas suas vidas; eu
não.
Apesar de ter sido criada de uma forma pessoal, a essência
desta ilustração é o tempo e a forma como nós, na condição de ser
Humano, o encaramos.
2. Simbologia Geral
Nesta imagem, o tempo é simbolizado pelo que parece ser um
disco com um espelho no centro. A forma circular ou o círculo são as
formas predominantes na ilustração porque o tempo é infinito e não
seria simbolizado na sua plenitude se não existissem círculos. Tal
como o tempo, os círculos não possuem nem início nem fim e são um
símbolo de renovação constante. A simbologia do oito
propositadamente presente na imagem é igualmente uma alusão à
infinidade do tempo. É ainda de salientar que existe uma ligação
entre o ritmo presente na imagem com o do travalínguas.
Os sinais do ritmo temporal são as linhas indicadoras de
minutos no relógio, as separações entre os símbolos astecas dos dias,
e as ondulações, que separam as diferentes imagens no espelho. O
indicador de minutos bem como as separações entre os símbolos
astecas simbolizam a estabilidade, simbolizam tudo aquilo que nos é
garantido como certo temporalmente, tal como o nascimento, a
morte e a continuidade de ciclos. As ondulações sobrepostas que
separam as oito imagens do espelho são a mudança, a instabilidade, o
inconstante; representam também aquilo que é possível de acontecer
ou existir de mais do que uma maneira naquele espaço temporal.
3. Simbologia do disco
No círculo interior do disco, dividido em quatro partes, temos a
representação do ciclo dia‐noite. A metade superior de uma lua em
quarto minguante juntamente com a parte inferior direita de uma
estrela de cinco pontas são as representantes da noite, enquanto que
os raios ondulados de um sol representam o dia.
Com o objectivo de serem lidos diagonalmente, os ciclos do dia
e da noite estão representados com os movimentos ascendente e
descendente; o sol nasce depois de a lua pousar, e a lua nasce depois
de o sol pousar. As linhas diagonais onduladas cruzadas
imaginariamente, as que ajudam a seguir esse ciclo infinito de dia‐
noite, são que separam as imagens no círculo exterior do disco.
O círculo exterior do disco tem as imagens de um relógio
analógico bem como as imagens da Pedra do Sol, dos astecas. O
relógio analógico é um símbolo temporal actual, e está orientado na
horizontal para aludir à rotação do nosso planeta. O número três e o
número nove ficam em destaque pela linha ondulada horizontal; as
suas representações são imprescindíveis nesta ilustração: o três
simboliza a união e equilíbrio que são necessários entre o Homem
para persistir no tempo e o nove é o número maçónico (uma
associação universal que há muito perdura entre a considerada
civilização moderna) representante dos Iniciados e dos Profetas – a
existência de ambos está profundamente interligada. Os numerais
indicadores dos minutos simbolizam também duas fases temporais
muito distintas numa vida: a passagem da infância à juventude ‐ onde
são construídas as bases para o ser Humano ‐, e uma fase adulta já
madura ‐ que è a que deve ajudar a construir as bases dos mais
novos, para todos persistirem no tempo.
A parte da Pedra do Sol dos Astecas tem oito símbolos de vinte,
representantes dos dias nos seus calendários. Está orientada de uma
forma vertical no disco para aludir as venerações às divindades ou
Natureza, ao curvar, ao esticar e levantar os braços: algo que sempre
existiu enquanto o Homem subsiste no tempo. A Pedra do Sol foi
escolhida por ser objecto de uma das grandes civilizações da
Humanidade, os Astecas, que possuía enorme um nível de
4. conhecimento a nível de astros e constelações, e tinha dois tipos de
calendários sazonais.
5. Simbologia restante
Reflectida e a segurar o espelho, aqui um elemento simbólico
do tempo, está uma figura humana. O seu reflexo é o centro de toda a
simbologia presente no disco, porque todas estas noções de tempo
vêm do seu intelecto, têm origem nos processamentos da sua mente e
do que a rodeia fisicamente. O seu olhar está perdido num vazio,
algures entre duas coisas: o disco do tempo e o seu planeta. Como se
estivesse interrogado como seriam as coisas antes de ele existir , e
como serão as coisas depois de ele existir no seu planeta.
A ocupar a área inferior direita da ilustração, está o planeta
Terra. Origem do ser Humano, todo o seu conteúdo está submetido
ao tempo, e é também um elemento principal no desenho apesar de
se localizar num segundo plano.
6. Conclusão
É assim que nesta ilustração o ser Humano se interroga
existencialmente, como parte do tempo em si: “quanto tempo o
tempo tem?”. E é aqui que ao olhar para o seu planeta, para a sua
história passada, para um futuro vazio e para o presente que vive, se
desenvolve uma resposta subjectiva mas real: “o tempo tem tanto
tempo quanto tempo o tempo tem”. Não existe resposta melhor. O
tempo é um ciclo infinito que existirá para sempre, omnipresente nas
vidas físicas de todos nós; abrangendo‐as no presente em que
vivemos mas também no passado e no futuro.
Assim, pode‐se confirmar de um plano mais geral, que esta
imagem ilustra que “o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo
tem”. Existe uma alusão ao passado sobre a forma de vários
símbolos, uma alusão ao presente sobre a forma de um reflexo num
espelho, e uma alusão ao futuro no espaço não preenchido, o vazio.
Está organizado numa diagonal descendente da esquerda para
a direita, que segue mais ou menos a linha da noite no disco. O disco
do tempo é de dimensões inferiores e mais chegado à esquerda para
não obter todo o foco de atenção sobre a Terra. Isto é também para
dar a noção do espaço vazio e deixar respirar o planeta, localizado
num plano mais atrás.