2. Caso clínico
R.B.P., negra, 8 anos de idade natural e procedente do Alto do Pascal foi
admitida na emergência do Hospital Universitário Osvaldo Cruz
(HUOC). Como queixa principal relatou que a 3 dias encontra-se com
diarréia e ao anoitecer não consegue enxergar bem. Na anamnese uma
das perguntas norteadora foi a respeito da sua alimentação,na
qual, informou que não costumava consumir verduras e frutas. Ao
realizar o exame físico apresentou hiperqueratose folicular e de
conjuntivas, também tinha características avançadas de desnutrição. Foi
solicitado um exame bioquímico e no seu resultado apresentou no seu
plasma um valor equivalente a 19,5 µg/dl de reserva de retinol. Ao
correlatar todos os achados foi confirmado um quadro de
hipovitaminose A.
3. Plasma Adulto Criança
30 a 70 µg/dl 40,1 a 49,9µg/dl 20,5 a 24,9 µg/dl
1,04 µmol/L a 2,43 µmol/L 1,39 µmol/L a 1,73 µmol/L 0,70 a 0,90 µg/dl
Tabela 1. Taxa normal de retinol
... Foi solicitado um exame bioquímico e no seu resultado apresentou no seu
plasma um valor equivalente a 19,5 µg/dl de reserva de retinol.
4. ...Ao realizar o exame físico apresentou hiperqueratose folicular e de
conjuntivas, também tinha características avançadas de desnutrição...
Nictalopia;
Xeroftalmia ;
Frinodermia;
Desnutrição.
Sinais e sintomas
...Como queixa principal relatou que a 3 dias encontra-se com diarréia e
ao anoitecer não consegue enxergar bem...
5. 1- O que é vitamina A?
2- Por que a vitamina A é tão importante?
3- Quais são as conseqüências da deficiência de
vitamina A?
4- Quais os alimentos que são ricos?
5- Quais são os fatores responsáveis pela deficiência
da vitamina A?
6- Como prevenir e tratar a deficiência de vitamina A
6. 1-
A vitamina A (retinol) é nutriente essencial, necessário em pequenas
quantidades em humanos para o adequado funcionamento
O termo vitamina A refere-se a um grupo de compostos, que inclui
retinol, retinaldeído e ácido retinóico. Do ponto de vista formal, o termo
vitamina A inclui ainda os carotenóides, com atividade pró-vitamina
A, que atuam como precursores alimentares do retinol
7. 2-
É essencial para o bom funcionamento dos olhos. A córnea, parte
transparente do olho,é protegida pela vitamina A.
-É necessária para o crescimento e o desenvolvimento de crianças, e para as
mulheres grávidas, para permitir o crescimento do feto;
-- Participa da defesa do organismo, pois ajuda a manter úmida e saudável
as mucosas. As mucosas são um tipo de pele que recobre alguns órgãos por
dentro, como o nariz, a garganta, a boca, os olhos, o estômago, e
representam uma ótima proteção contra as infecções, tais como diarréia e
infecções respiratórias, possibilitando uma recuperação mais rápida.
8. 3-
•Xeroftalmia, queratomalácia. Infecções secundárias;
•Modelação óssea defeituosa, maior espessura óssea;
•Aumento da pressão do líquor. Hidrocefalia;
•Anormalidade de reprodução, incluindo aborto, malformações;
•Doenças de pele;
•Cálculos renais e ureterais;
•Aumento da mortalidade;
•Defeito para adaptação ao escuro – sinal mais precoce;
•Falência de crescimento;
•Imunodepressão
•Xerose e queratinização de membranas mucosas;
•Traqueobronquite necrotizante inicialmente, sucedendo-se metaplasia
escamosa.
9. 4-
A melhor fonte de vitamina A para o lactente é o leite materno.
Outras fontes
•principais de provitamina A são as folhas de cor verde-escura (como o
caruru);
•frutos amarelo-alaranjados (como a manga e o mamão);
• as raízes de cor alaranjada (como a cenoura);
• os óleos vegetais (óleo de dendê e o de buriti, pequi e pupunha).
10. Tabela 2. Valores de Referência de Ingestão Dietética – Dietary Reference
Intakes (DRIs), 2001
RDA – quantidade recomendada; UL – limite máximo de ingestão
Fonte: Institute of Medicine – Dietary Reference Intake, 2001,12.
Categoria RDA UL
Lactentes
≤18 anos
19-30 anos
31-50 anos
1.200
1.300
1.300
2800
3.000
3.000
Grávidas
≤18 anos
19-30 anos
31-50 anos
750
770
770
2.800
3.000
3.000
Bebês
0-6 meses
7-12 meses
400
400
600
600
Crianças
1-3 anos
4-8 anos
300
400
600
900
11. 5-
Fatores associados com o desenvolvimento da deficiência de vitamina A
• Ingestão inadequada dos alimentos fontes;
•Má-absorção ou ainda excreção urinária desse micronutriente;
•A deficiência de proteína interfere com o transporte da vitamina A no sangue;
•Má-absorção dos lipídeos há freqüente redução da absorção da vitamina A.
A redução dos níveis de transtiretina e RBP nesses pacientes devam-se
principalmente a insuficiência hepática. Quanto a excreção urinária de vitamina
A, esta situação freqüentemente ocorre quando há nefrite crônica, febre,
infecções de modo geral favorecendo a deficiência dessa vitamina.
12. Diagnóstico
•Clinico: sinais e sintomas;
•Bioquímicos: níveis séricos e hepáticos do retinol,teste de resposta
relativa(RDR);
•Citológicos: citologia de impressão conjuntival;
•Dietéticos: inquéritos qualitativos e quantitativo.
Diagnostico de Enfermagem
13. Tratamento
O tratamento deve incluir um;
Amplo trabalho de educação nutricional visando a modificação dos
hábitos alimentares;
Superdosagem de vitamina A administrada oralmente;
quando associada a desnutrição deverá ser logo tratada para que
haja sucesso no tratamento da hipovitaminose A.
14. Profilaxia
Três estratégias são habitualmente empregadas na prevenção da
Deficiência de Vitamina A:
Incentivo ao consumo de alimentos ricos em vitamina A e pró-
vitamina A;
Administração periódica de megadoses de vitamina A;
Adição de vitamina A a um ou mais alimentos de consumo massivo
pela população.
15. Tabela 3. Megadose administrada profilaticamente
Idade/condição Dose Freqüência
Crianças: 6 a 11 meses 100000 UI Uma vez a cada 6 meses
Crianças: 12 a 59 meses 200000 UI Uma vez a cada 6 meses
Puerperais no pós-parto
imediato, antes da alta
hospitalar
200000 UI Uma vez
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde, 2004.11
16. Hipervitaminose A
A toxicidade da vitamina A manifesta-se por:
Anorexia;
Aumento da pressão intracraniana (vômitos e cefaléia);
Lesões ósseas dolorosas;
Aceleração do crescimento ósseo,
Dermatite descamativa ;
Hepatomegalia e funcionamento do fígado anormal.
Esse efeito colateral não só é raro como também não apresenta
significado clínico e se reverte em cerca de 72 horas. Assim, a administração
universal profilática de vitamina A na forma de megadoses é considerada
segura.
19. Políticas Públicas
1- PNAN
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), 1999, atesta
o compromisso do Ministério da Saúde com os males relacionados à escassez
alimentar e à pobreza, sobretudo a desnutrição infantil e materna, bem assim
com o complexo quadro dos excessos já configurado no Brasil pelas altas taxas
de prevalência de sobrepeso e obesidade, na população adulta.
20. As diretrizes programáticas desta Política que tem como fio condutor o Direito
Humano à Alimentação e a Segurança Alimentar e Nutricional.
1. Estímulo a ações intersetoriais com vistas ao acesso universal aos
alimentos.
2. Garantia da segurança e qualidade dos alimentos.
3. Monitoramento da situação alimentar e de vida saudáveis.
4. Prevenção e controle dos distúrbios e doenças nutricionais.
5. Promoção do desenvolvimento de linhas de investigação.
6. Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos em saúde e nutrição
21. Os objetivos específicos do programa são:
Garantir a eliminação da deficiência de vitamina A como um problema de
saúde pública em áreas de risco no Brasil;
Assegurar a suplementação com doses maciças de vitamina A em crianças
de 6 a 59 meses de idade e puérperas no pós - parto imediato (antes da alta
hospitalar), residentes nas áreas de risco;
Contribuir para o conhecimento das famílias residentes em áreas de risco
sobre a deficiência de vitamina A, incentivando o aumento do consumo de
alimentos ricos em vitamina A;
Estabelecer um sistema de monitoramento que permita a avaliação do
processo e impacto da suplementação.
22. Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A
é um programa do Ministério da Saúde que busca reduzir e controlar a
Deficiência de vitamina A (DVA) em crianças de 6 a 59 meses de idade e
mulheres no pós-parto imediato (antes da alta hospitalar) residentes em
regiões consideradas de risco.
No Brasil, são consideradas áreas de risco a região Nordeste, o estado de Minas
Gerais (região norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucurici) e o Vale do
Ribeira, em São Paulo.
VITAMINA A MAIS
23. No ano de 2005, foi publicada a Portaria nº 729, de 13/5/2005, que definiu as
diretrizes do programa de suplementação e as responsabilidades dos três
níveis de governo.
Em 2004, o programa foi reestruturado com vistas a promover maior
divulgação e mobilização dos profissionais de saúde e população, com a
criação da marca publicitária: VITAMINA A MAIS.
No ano de 2001, o programa foi ampliado para atendimento às puérperas,
por meio de suplementação com cápsulas de 200.000 UI na maternidade,
no pós-parto imediato, uma vez que no Nordeste do Brasil mais de 95%
dos partos são realizados em hospitais gerais ou especializados;
Para prevenir e controlar a deficiência de vitamina A, desde 1983, o
Ministério da Saúde distribui cápsulas de 100.000 UI de vitamina A para
crianças de 6 a 11 meses de idade e de 200.000 UI para crianças de 12 a 59
meses de idade
24. Entre as medidas de prevenção da DVA, destacam-se:
promoção do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e
complementar até 2 anos de idade, pelo menos;
garantia de suplementação periódica e regular às crianças de 6 a
59 meses de idade com doses maciças de vitamina A distribuídas pelo
Ministério da Saúde;
garantia de suplementação com megadoses de vitamina A para puérperas no
pós-parto imediato, antes da alta hospitalar;
promoção da alimentação saudável, assegurando informações para
incentivar o consumo de alimentos ricos em vitamina A pela população.
A distribuição de megadoses de vitamina A vem sendo feita de forma
associada às campanhas de vacinação, em campanhas específicas de
suplementação (“O dia da Vitamina A”) ou na rotina das unidades básicas de
saúde.
25. Referências
Ministério da Saúde. POLÍTICA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
2.a edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde.EDITORA MS BRASILIA 2003
Vannucchi H. Interaction of vitamins and minerals. Arch Latinoam Nutr 1991;
41:9-18.
http://nutricao.saude.gov.br/vita.php
MCLAREN, D. S.; FRIGG, M. Manual de ver y vivir sobre los transtornos por
deficiência de vitamina A (VAD). [S.l.]: OPAS, 1999. p. 143.