Tipos de produção agrícola - extensiva e intensiva
Aula 13 territorialização do capital, monopólio, produção camponesa
1. TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL,
MONOPÓLIO, PRODUÇÃO CAMPONESA E
DESTERRITORIALIZAÇÃO
Geografia Agrária I - Profa. Marta
Aula 13
2. O pensamento marxista e o estudo da
agricultura brasileira
1) Defende que no Brasil houve feudalismo e que as
relações de econômicas e políticas baseadas no
domínio do latifúndio e da exploração do
trabalho camponês representariam resquícios de
relações feudais.
2) Entende que o campo brasileiro é capitalista e
que o desenvolvimento do capitalismo leva
inevitavelmente ao desaparecimento do
campesinato pois este modo de produção teria
como base apenas duas classes sociais: burguesia
e proletariado.
3. O pensamento marxista e o estudo da
agricultura brasileira
3) Entende que o campo brasileiro é capitalista e
que o seu desenvolvimento é desigual e
contraditório, comportando a reprodução de
relações de produção não-capitalistas como a
produção familiar camponesa.
4. A construção do território sob o
capitalismo e a produção de escalas
• A construção do território é sempre mediada
pelo trabalho e pelo processo de valorização.
• Território capitalista: é produto da luta de
classes e da contínua luta da sociedade pela
socialização da natureza. (p.74)
• A construção do território sob o capitalismo é
extremamente dinâmico e implica um
contínuo processo de manutenção /
destruição / transformação.
5. A construção do território sob o
capitalismo e a produção de escalas
• A formações territoriais apresentam
desigualdades regionais resultantes dos
diferentes ritmos e formas assumidos pelos
processos de valorização e acumulação.
• O CAPITAL apresenta uma espacialização
contraditória pois enquanto ele se
MUNDIALIZA, a TERRA se NACIONALIZA sob
o domínio do Estado.
6. A construção do território sob o
capitalismo e a produção de escalas
Escala local: a privatização da terra
• Preço da terra: renda capitalizada da terra ou
soma capitalizada da renda que a terra virá a
dar.
• Propriedade da terra como contradição
(irracionalidade) para a produção capitalista
• Solução: separação entre a propriedade
capitalista e o processo de produção (como
ocorre em outros setores de atividade)
7. Mercado de Terras e Mercado
Financeiro
• Estruturação do mercado de terras à semelhança
do mercado de títulos financeiros, a terra passa
de simples mercadoria a ativo financeiro.
• O preço da terra se define nos mesmo moldes
que o das ações, títulos de propriedade cujo
preço expressa a avaliação presente de
rendimentos futuros.
• Contradição central do mercado de títulos:
Irreversibilidade social do investimento produtivo
X Reversibilidade do ponto de vista privado.
8. Desenvolvimento Desigual e Processos de
Acumulação de Capital
- Acumulação Ampliada
- Acumulação por Espoliação e Acumulação
Primitiva
- Capital financeiro como vetor de espoliação e
concentração de riquezas ou avanço do capital
monopolista
9. Estado, desenvolvimento desigual e
propriedade da terra no Brasil
• Período militar, consolidação de complexos
agroindustriais e políticas territoriais para a
promoção do desenvolvimento e da
integração nacional.
• A propriedade fundiária passa a representar a
possibilidade de se apropriar de recursos
fiscais e creditícios em condições especiais.
10. Estado, desenvolvimento desigual e
propriedade da terra no Brasil
• Verifica-se uma distribuição desigual dos
créditos agrícolas, com o favorecimento dos
médios e grandes estabelecimentos.
• Incorporação de novas áreas ao mercado de
terras pela expansão da fronteira agrícola
(movimento que pode se dar em dois momentos:
frente de expansão e frente pioneira)
• Industrialização da agricultura (ou modernização
agrícola): ocorre de forma diferenciada no
espaço, no tempo, e também conforme o tipo de
produção.
11. Estado, desenvolvimento desigual e
propriedade da terra no Brasil
Diferentes tipos de agricultura quanto ao objetivo,
organização, destino da produção e renda da
terra:
• A produção capitalista na agricultura visa a
produção de commodities e busca sua inserção
no mercado externo, mas tem no mercado
interno uma alternativa importante.
• A produção camponesa produz grande parte de
nossos alimentos (cerca de 70%) e tem a sua
inserção no mercado em geral subordinada à
ação do capital comercial ou industrial.
12. Territorialização do Capital e
Monopolização do Território
O desenvolvimento da agricultura sob o
capitalismo ocorre de forma contraditória e
define distintas configurações territoriais.
• A Territorialização do capital, que ocorre
quando a agricultura é desenvolvida sob a
forma capitalista e ocorre a apropriação da
renda capitalista da terra em sua forma
absoluta e diferencial.
13. Territorialização do Capital e
Monopolização do Território
• A Monopolização do território marcado pela
produção camponesa, que se dá quando o
capital monopolista não se territorializa
diretamente na produção agrícola mas
controla o território e subordina a renda
camponesa, inclusive a parcela
correspondente à renda da terra
• Neste contexto são (re)criadas as condições
para a reprodução do campesinato.
14. Crise econômica, desenvolvimento desigual e
capitalismo dependente no Brasil
Crise econômica como totalização e atualização
das contradições do sistema que se manifesta
como queda da lucratividade dos negócios.
- Crise dos anos 1970 e Estratégia de
Globalização e Financeirização Neoliberal.
15. Crise econômica, desenvolvimento desigual e
capitalismo dependente no Brasil
Anos 1990 – período de expansão da economia
mundial e de folga na liquidez internacional
relacionado a: oportunidades de lucro
decorrentes de novas tecnologias (novos
materiais, tecnologias de informação e
biotecnologia); bom desempenho econômico
da China; desarticulação econômica e política
das experiências do socialismo real e
desmobilização dos sindicatos e organizações
dos trabalhadores.
16. Crise econômica, desenvolvimento desigual e
capitalismo dependente no Brasil
1994 – Adesão do Brasil ao Consenso de
Washington ou ao “surto de financeirização
neoliberal” com o aprofundamento de sua
inserção subalterna a partir de medidas como:
abertura comercial, política de privatização do
patrimônio público, aumento precarização do
trabalho, altas taxas de juros, liberalização
externa, câmbio sobrevalorizado e novo
endividamento.
Anos 2000, crise cambial e estratégia de
reprimarização de nossa pauta de exportações.
17. Crise econômica, desenvolvimento desigual e
capitalismo dependente no Brasil
Crise Econômica de 2007/ 2008 como crise da
estratégia de Financeirização Neoliberal, crise
geral desencadeada a partir de turbulências
nos mercados financeiros.
18. Agroestratégias e Desterritorialização
Camponesa
• Evolução recente do mercado de terras no
Brasil: alta geral do preço da terra.
• Causas: crise econômica internacional, alta no
preço das commodities agrícolas e minerais
em decorrência da expansão da demanda em
países como China, Coreia do Sul e Índia;
expansão de investimentos de fundos
florestais; expansão da economia verde,
“preservar o planeta pode dar lucro”.
19. Agroestratégias e Desterritorialização
Camponesa
• Grandes conglomerados financeiros,
expasionismo transnacional e expansão da
fronteira agrícola em direção a terras em outros
países (colonialismo verde).
• Agroestratégias visam a reestruturação formal
do mercado de terras e a eliminação de
obstáculos à expansão das áreas disponíveis
para o mercado, o que tem gerado campanhas
de desterritorialização (a função social da terra é
posta em questão).
20. Agroestratégias e Desterritorialização
Camponesa
• Opõem-se aos direitos territoriais de povos e
comunidades tradicionais que reconhecem situações
de uso comum da terra e dos recursos naturais. (Dec.
6.040 de 2007, Institui a Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais)
• Reestruturação formal do mercado de terras:
redefinição da Amazônia Legal; reforma do código
florestal; redução da faixa de fronteira internacional;
privatização de terras públicas sem licitação na
Amazônia; ação empresarial em terras indígenas.
21. Referências Bibliográficas
• OLIVEIRA, Ariovaldo U. de. “A geografia agrária e
as transformações territoriais recentes no campo
brasileiro”, in Novos caminhos da geografia. São
Paulo, Contexto, 1999. (p. 63-110)
• ALMEIDA, Alfredo Wagner B. de. Agroestratégias
e desterritorialização: direitos territoriais e
étnicos na mira dos estrategistas dos
agronegócios. In: ALMEIDA, A. W. et al.
Capitalismo globalizado e recursos territoriais. Rio
de Janeiro, Lamparina, 2010. (101-143)