Este documento apresenta os resultados de um estudo sobre a percepção de profissionais em contexto escolar sobre violência doméstica/familiar. O estudo analisou como os profissionais definem, identificam e encaminham situações de violência, e quais os principais desafios. Os resultados mostram que a maioria dos profissionais não recebeu formação na área e que poucos identificaram situações de violência diretamente, preferindo dialogar com alunos e famílias. O estudo conclui que é necessário mais formação direcionada e redes
1. Projecto de Investigação:
Violência Doméstica/Familiar e Escola
Identificação, Sinalização e Intervenção
Questionário de Percepções sobre Violência
Doméstica/Familiar para Profissionais em Contexto Escolar
Resultados Finais
João REDONDO, Tiago FARIA-MORAIS, Cristina
BAPTISTA & Grupo Violência Escola
Coimbra, 2 de Abril de 2011
2. Nota Introdutória (fundamentação)
• A violência doméstica/familiar (VD):
– Atinge crianças, adolescentes, mulheres e idosos;
– Constitui uma violação e limitação dos direitos humanos;
– Acontece em todos os estratos e sectores da sociedade;
– Produz considerável sofrimento e consequências negativas para a saúde ao
nível do bem-estar geral, psicológico, físico ou social, bem como do
desenvolvimento individual.
• Problema complexo, muitas vezes envolto no silêncio (não há respostas
fáceis mas que urge combater em tempo útil);
• As consequências poderão emergir, entre outros, no contexto escolar — e
visando contribuir para a implementação de respostas mais rápidas e
adequadas, a par de uma identificação/sinalização mais precoce das
situações — surge o presente projecto de investigação.
4. Objectivos Gerais
• Envolver e dotar os vários agentes (a nível da Escola) dos modelos e
estratégias/instrumentos;
• Reforçar a importância de uma perspectiva multidisciplinar, multisectorial
e em rede (família, redes primárias e secundárias), na leitura,
compreensão e intervenção de cada situação;
• Estimular/motivar as famílias a pedir ajuda mais precocemente e a
cumprir com as intervenções propostas.
5. Objectivos específicos
• Construir o questionário;
• Obter informação sobre as perspectivas dos profissionais;
• Compreender como identificam, actuam e sinalizam as situações, ou como
(eventualmente) solicitam ajuda especializada para as combater;
• Identificar as principais necessidades e dificuldades na identificação,
sinalização e intervenção em situações de violência doméstica/familiar.
7. 1. Revisão de instrumentos e da literatura científica da área;
2. Identificação das variáveis e dimensões a incluir no questionário;
3. Construção do “Questionário de percepções sobre Violência
Doméstica/Familiar para profissionais em Contexto Escolar”;
4. Validação semântica do questionário numa amostra de profissionais da
comunidade escolar de Coimbra;
5. Administração do questionário em várias escolas de Coimbra junto de
profissionais da comunidade escolar;
6. Análise dos dados obtidos;
7. Apresentação e discussão dos resultados.
9. Caracterização da amostra - Validação semântica
N=26 Percentagem (%)
Masculino 19,2
Género
Feminino 80,8
Assistente Operacional 73,1
Profissão
Professor/a 26,9
Jaime Cortesão 42,3
Escola
Agrupamento Ceira 57,7
Média Máximo Mínimo
Idade
44,88 59 29
10. Validação semântica
Compreensibilidade
Muito bem 53.8
Adequação Bem 46.2
Mal --
Muito adequado 53.8
Não se compreendem --
Adequado 46.2
Pouco adequado --
Nada adequado --
11. Validação semântica
Importância
Muito importantes 46.2 Alguma alteração que gostasse de
Importantes 46.2 fazer
Sim 11.5
Pouco importantes 7.7
Não 88.5
Nada importantes --
Alguma questão que não quisesse
responder
Sim --
Não 100
12. Caracterização da amostra (N=182)
Escola
Percent
Frequência
(%)
Jaime Cortesão 9,9 18
Profissão
Percent
Martim de Freitas 23,1 42 Frequência
(%)
Quinta das Flores 14,3 26 Assistente
34,6 63
D. Dinis 13,2 24 Operacional
D. Duarte 16,5 30 Professor/a 65,4 119
Taveiro 7,1 13
Avelar Brotero 7,1 14
Ceira 8,2 15
41. Discussão
• Limitações:
– Amostra não aleatória;
– Contextos de recolha (variabilidade reduzida);
– Metodologia (análise de dados).
• Validação semântica – boa impressão geral, compreensibilidade,
adequação e importância do questionário;
• Homens mais direccionados e mulheres mais abrangentes;
• Elevado número de respondentes não especifica entidades eventual
sinal de desconhecimento sobre a quem devem recorrer;
• Número muito reduzido de respondentes com formação;
• Grande maioria (69%) nunca detectou qualquer situação;
• Identificação massiva de impacto no desempenho escolar e
comportamento;
42. Discussão
• Situações são detectadas mais pelo recurso ao diálogo (relato do aluno, do
encarregado de Educação, ou abordar o tema);
• Quem não detectou espera fazê-lo por questões mais físicas ou psicológicas
(marcas, isolamento, tristeza, agressividade);
• Importância do estudo:
• Identificação de necessidades específicas e maior compreensibilidade sobre conceitos e
perspectivas acerca de Violência Familiar de profissionais em contexto escolar;
• Conhecimento mais aprofundado de contexto privilegiado para
identificação/prevenção/intervenção de situações de Violência Familiar.
• Direcções futuras:
– Alargamento dos contextos de recolha da amostra;
– Estudos comparativos;
– Formação dirigida a necessidades específicas;
– Planos de intervenção que correspondam às reais necessidades;
– Criação de instrumentos e redes de trabalho adequados;
– Estimular a parceria e a cooperação interinstitucional;
– Recolha de perfis, dinâmicas e padrões de interacção em famílias com Violência Familiar.
43. Colaboração
• Ana Maria Abreu (Professora, Agrupamento de Escolas Doutora Mª Alice Gouveia);
• Ana Pato Catroga (Professora, Escola Secundária de José Falcão)
• Ana Paula Santos (Professora, Escola Secundária de D. Duarte)
• Anabela Cardoso (Psicóloga, Escola Secundária Avelar Brotero);
• Alcina Marques (Psicóloga, Agrupamento de Escolas Doutora Mª Alice Gouveia);
• Ana Sampaio (Psicóloga, Agrupamento de Escolas de Ceira);
• Eugénia Lemos (Professora, Secundária Avelar Brotero);
• Fátima Cosme (Psicóloga, Escola Secundária de José Falcão);
• Glória Sá Marques (Professora, Escola Secundária Quinta das Flores);
• Isabel Morais (Psicóloga, Escola Secundária de D. Duarte);
• João Paulo Mendes (Psicólogo, Escola Secundária D. Dinis);
• Laura Diogo (Psicóloga, Agrupamento de Escolas de Taveiro);
• Leonor Negrão (Professora, Agrupamento de Escolas de Taveiro);
• Manuela Lucas (Psicóloga, Escola Secundária Quinta das Flores);
• Maria Clara Fernandes (Professora, Agrupamento de Escolas Doutora Mª Alice Gouveia);
• Maria da Conceição Mendes (Professora, Escola Secundária Jaime Cortesão);
• Maria Irene Carvalho (Representante pessoal não docente, Agrupamento de Escolas de Ceira);
• Paula Brito (Professora, Agrupamento de Escolas de Ceira);
• Rosa Carreira (Psicóloga, Agrupamento de Escolas Martins de Freitas).