SEXUALIDADE E SUAS
TRANSFORMAÇÕES
A perda da inocência imposta pelo corpo é
suficientemente chocante para patrocinar sua
violenta recusa inconsciente.
Por exemplo : O Caso Dora (Freud-1905)
Angustiada pelos avanços sexuais de Herr k, um
amigo de meia-idade da família, ela conta ao pai
que a encaminha para Freud.
@luizhenpimentel
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CONSIDERAÇÕES DE FREUD
Sr. K e a tentativa de beijo em Dora , repugnante. Ela
trouxe à tona uma afeição infantil por seu pai.
Afeição e repulsa pelo Sr. K. Efeito traumático de sua
consciência da sexualidade paterna.
A fuga de seu pai sexual. O esforço de reafirmar um
Self assexualizado.
O fato do pai de Dora ter contraído sífilis na juventude
infectando esposa e filha. A sexualidade dele polui a
inocência pré-sexual da criança e da mãe.
A vida onírica de Dora reflete este trauma central.
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PRIMEIRO SONHO (1905)
Uma casa pegando fogo. Meu pai estava de pé junto à
minha cama e me acordou. Eu me vesti rapidamente.
Mamãe queria parar e salvar seu porta jóias;
Mas papai disse: “Recuso-me a deixar que eu e meus
dois filhos sejamos queimados por causa de seu
porta jóias".
Corremos escada abaixo e, assim que estava lá fora,
acordei.
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Freud vê este sonho como uma expressão disfarçada da
culpa de Dora por suas masturbações que a excitavam de
noite a ponto de molhar a cama.
Porta jóias, schmuckkãstchen, é um "termo comumente
usado para descrever os genitais femininos imaculados e
intactos”.
O porta jóias, de acordo com Freud, significa as tentações
sexuais, já que Herr k., Ao lhe dar este presente, também
oferecia a representação de um objeto masturbatório.
Para Freud, o comentário do pai disfarça sua censura em
relação à filha que se masturba, filha que irá consumir a
casa com sua paixão.
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Tudo isto me parece, no mínimo, somente metade da
história, já que marginaliza o choque de Dora em relação
à sexualidade e seu esforço em reafirmar a virgindade
da mãe.
O desejo da mãe de querer salvar seu porta jóias - na
cena da paixão sexual - pode ser uma projeção do
desejo da criança de que a mãe preserve sua virgindade
diante dos efeitos de contaminação da sexualidade,
sexualidade que traz enfermidade e loucura à segurança
do lar.
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O conflito de Dora se torna ainda mais claro no segundo
sonho.
Vagando por estranhas ruas, ela encontra sua casa;
Ela entra e encontra um bilhete de sua mãe declarando
que, como Dora havia ido embora sem o conhecimento
dos pais, a mãe não havia lhe enviado um bilhete
informando sobre a morte do pai. Agora que ele estava
morto, ela podia retornar.
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Dora vai, então, a uma estação de trem, vê-se em uma
densa mata, encontra um homem que se oferece para
acompanhá-la, recusa sua sugestão, encontra a estação,
chega em casa e um empregado lhe diz que sua mãe
está no cemitério.
Freud a pressiona para que se recorde por onde esteve
perambulando no sonho, e ela se lembra de ter recusado
a companhia de um primo para uma visita a uma galeria
de arte em Dresden, pois preferia ir sozinha.
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@luizhenpimentel
Obrigado!
Em breve a 2ª Parte do
CASO CLÍNICO DE FREUD
“CASO DORA”
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pead.yolasite.com
CASOS CLÍNICOS DE
FREUD “CASO DORA”
2ª Parte
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Ela permaneceu duas horas em frente à Madona Sistina,
extasiada em admiração silenciosa. Quando perguntei-
lhe o que a deixava tão satisfeita no quadro, ela não
pôde encontrar uma resposta clara. Por fim, ela disse:
“a Madona”.
Freud vê a associação feita como uma identificação com
um homem jovem perambulando e, mais tarde,
acrescenta que o sonho contém uma fantasia de
defloração que causa uma angústia tratada pela
evocação da imagem da Madona Sistina.
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Freud chega, de fato, muito próximo da compreensão da
função da Virgem Imaculada, mas, subitamente, deixa de
sugerir que o aparecimento da sexualidade poderia
evocar, em primeiro lugar (o primo que quer
acompanhá-la; o homem que se oferece para ir com ela
até a estação), o desejo de retornar à mãe madona.
Com a morte do pai, a mãe permite que a filha retorne
para casa. Este pai - que incorpora a sexualidade - deve
ser morto se a criança deve retornar ao cuidado Materno
Imaculado.
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Freud enfatiza, com razão, o ciúme sexual de Dora pela
mãe, ainda que seu desapontamento com o pai, por este
preferir outras mulheres, também testemunhe sua
participação apaixonada na vida familiar.
O conflito dela reflete o retorno da criança à vida familiar
após a premência de buscar refúgio na mãe Madona.
Freud enxergou somente a recusa dos desejos dela, e
não a razão de uma recusa primordial da própria
sexualidade.
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A este respeito, Freud também fracassou por não perceber
que ao abordar os desejos de uma jovem de 18 anos de idade
sem compreender como ela havia primeiramente
experimentado a sexualidade (incluindo a discussão prosaica
de Freud sobre o assunto), ignorava a criança que insistia em
permanecer extasiada diante da Madona.
Ela afundou no silêncio quando ele perguntou sobre a
Madona, afirmando, assim, o amor que ela sentia pela mãe
pré-verbal.
Como que para santificar este retorno, ela concederia a Freud
somente mais duas horas de sua presença antes de
abandonar a análise, algo que não lhe escapou à atenção.
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Olhando para a Madona, Dora estava dirigindo sua
contemplação à face da mãe.
Na teologia cristã, especialmente nas cosmologias
medievais, a parte superior do corpo sugere
transcendência, já que levantam os olhos para a
divindade.
Este é o alimento do amor cristão, e está baseado na
moradia do bebê nos olhos da mãe, que provê seu leite
e amor.
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Terá de se esperar um tempo ainda para que algo de baixo
venha a ocorrer a fim de se criar uma nova ordem de coisas,
rompendo a contemplação paradisíaca.
O mundo cristão remete esta ruptura ao demônio, que incorpora
tudo, o que perturba a ordem sagrada.
Tal como Dora mostrou, e que Freud fracassou em ver - tão
absorto estava em advogar pela universalidade da sexualidade
humana -,
As premências sexuais parecem destruir a relação do Self com o
objeto primário sagrado, a menos que elas possam ser levadas
da carnalidade à espiritualidade, sendo a alma um substituto do
genital.
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@luizhenpimentel
Mais tarde, Freud iria se concentrar em mais uma observação.
Ele viu na recusa da diferença sexual da criancinha a base da
psicose, indicando uma negação da realidade que teria
repercussões posteriores.
Hoje em dia, os analistas iriam argumentar que esta recusa é a
formação da Psicose Histérica, tal como ocorre, por exemplo, nas
esquizofrenias que envolvem um achatamento do aparato mental
que teria condições de perceber uma realidade indesejada desde o
mais tenro estágio da vida.
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@luizhenpimentel
De fato, grande parte da Obra de Bion, por exemplo, preocupa-se
com os ataques aos vínculos induzidos pela parte psicótica da
recusa da personalidade de permitir que sejam feitas conexões de
pensamentos indesejados.
No histérico, há uma forma equivalente de ataque aos vínculos, só
que, neste caso, o rompimento de um vínculo está ligado aos
conteúdos mentais sexuais evocados no Self ou propostos pelo
outro.
Uma forma violenta de inocência é instituída a fim de alucinar
negativamente as representações sexuais no mundo e recalcá-las
quando emergem dos instintos.
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@luizhenpimentel
Dada a complexidade do desenvolvimento psíquico
humano, não é de se surpreender que Freud tenha
alertado seus leitores para o fato de que todas as
pessoas atravessam um estágio histérico e que a assim
chamada pessoa "normal" e apenas mais normal - mais
normal em graus do que em qualidade.
E útil, contudo, haver um conceito de criança normal
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