História da Filosofia II
Docente:
Giorgio Borghi
Discentes:
José Airton da Silva
José Carlos Araújo
Mateus Jansen de Brito
Neoplatonismo
O Neoplatonismo foi uma corrente filosófica que comportou diversas doutrinas e se
manifestou por volta do século III d.C. ao século VI d.C. Essa corrente tem como
principal referência a filosofia platônica, mas por uma perspectiva mais mística,
espiritual e cosmológica.
O neoplatonismo surgiu com a Escola de Alexandrina, fundada por Amônio Sacas no
século III e teve seu fim com o fechamento da Escola de Atenas, imposto por
Justiniano no século VI. Essa corrente comportou várias doutrinas filosóficas. O que
unia os diversos filósofos nessa mesma corrente era o fato de pensarem e
defenderem o monismo idealista e a plenitude de Deus, pensamentos tais que
influenciaram tanto cristãos quanto pagãos.
Amônio Saccas
Alexandria, 175-242 d.C
filósofo grego. Integrou os ensinamentos de diferentes escolas de
seu tempo (cristã, platônica e peripatética, entre outras),
estabelecendo as bases do neoplatonismo, do qual é considerado o
iniciador. Seus discípulos na escola de Alexandria foram, entre
outros, Key Longinus, Origenes e Plotino. De pais cristãos;
abandonou as doutrinas recebidas da escola cristã, porque esta o
obrigava a crer. Alguns autores apontam para a possível formação
pitagórica de Amônio Saccas, um trabalhador do porto de
Alexandria. Ele foi o professor de Plotino. A comparação entre as
figuras de Sócrates e Amônio é marcante por suas origens humildes,
seus ofícios físicos minimamente qualificados, o fato de não terem
deixado nenhuma escrita e, principalmente, por formarem discípulos
tão extraordinários quanto o próprio Platão e o próprio Plotino.
Características do neoplatonismo
O neoplatonismo defendia uma visão
monista de mundo, ou seja, suas
doutrinas giravam em torno da
plenitude de um ser único: Deus (ou
o Uno).
Monismo
Mateus Jansen
É aquilo que atribui unidade ou
singularidade (do grego μόνος mónos,
"sozinho, único") (em grego: μόνος) a
um conceito, por exemplo, à
existência.
Em oposição ao dualismo platônico, a
corrente neoplatônica defende a
existência um ser Uno e criador.
Emanação
Em decorrência do monismo,
os neoplatônicos defendem
que tudo emana desse Deus
(Uno), ou seja, tudo tem
origem nesse Deus.
Airton
Incognoscibilidade de Deus
No neoplatonismo, embora as criações divinas
tenham parte da essência de Deus, nunca
poderemos conhecê-lo de fato, por causa das
nossas imperfeições. A única forma de tentar
descrever Deus é por aquilo que ele não é.
José Carlos
Filósofos do Neoplatonismo
Discípulo mais importante de Amônio, Plotino desenvolveu seu
pensamento nas Enéadas, um longo conjunto de livros, em que
expressa, três conceitos fundamentais (o Uno, o Intelecto e a Alma),
os quais serviram de fundamento para a corrente neoplatônica. As
Enéadas foram compostas por 54 tratados sobre a filosofia de
Platão, os pensamentos e releituras sobre essa filosofia.
Platão tinha uma visão dualista de mundo e o dividia em “mundo
das sombras – material” e “mundo das ideias – imaterial”, sendo o
primeiro imperfeito e o segundo perfeito. Plotino discordava desse
pensamento e defendia o monismo, que garantia a unidade do ser
humano e a plenitude de Deus.
Plotino (205 – 270 d.C.)
Mateus Jansen
Filósofos do Neoplatonismo
As Enéadas de Plotino são o principal e clássico documento do
neoplatonismo . Como forma de misticismo , contém partes
teóricas e práticas. As partes teóricas tratam da alta origem da
alma humana, mostrando como ela se afastou de seu primeiro
estado. As partes práticas mostram o caminho pelo qual a alma
pode retornar novamente ao Eterno e Supremo. O sistema pode
ser dividido entre o mundo invisível e o mundo fenomenal, o
primeiro contendo o Um transcendente do qual emana uma
essência eterna e perfeita ( nous ou intelecto), que por sua vez
produz a anima mundi (alma de mundo).
Mateus Jansen
Filósofos do Neoplatonismo
Era discípulo de Plotino e foi responsável por
editar as Enéadas, obra de seu mestre. Ele
também criou sua própria filosofia baseada
nas leituras de Aristóteles e Platão, sobretudo
no campo da lógica em seu livro Isagoge.
Nesse livro (um comentário sobre As
Categorias de Aristóteles), Porfírio redefini o
conceito de substância de relação para
subordinação, criando a Árvore de Porfírio
que expõe essas subordinações lógicas.
Porfírio (234 – 304 d.C.)
Airton
Filósofos do Neoplatonismo
Ele fez parte da filosofia patrística e foi fortemente influenciado pelo
maniqueísmo e pelo neoplatonismo. Agostinho desenvolveu alguns
pensamentos muito importantes, como o pecado original, a predestinação
divina, o livre-arbítrio e a eclesiologia.
A filosofia neoplatônica exerceu grande influência na formação
intelectual de Agostinho, consolidando sua conversão ao cristianismo.
Agostinho como pensador se apropriou o quanto pôde de conceitos deste
movimento para criar uma “filosofia cristã ‟própria e explicá-la.
O neoplatonismo era visto pelos cristãos de Milão, nos tempos de
Agostinho, como uma doutrina capaz de auxiliar a fé cristã a tomar
consciência da própria estrutura interna e defender-se com argumentos
racionais, elaborando-se como teologia. A obra de Plotino era estudada
assim como os evangelhos ou as cartas de Paulo.
Agostinho de Hipona
(354 – 430 d.C.)
José Carlos
Filósofos do Neoplatonismo
“E procurava a origem do mal, e procurava mal, e, na minha própria
indagação, não via o mal.”. E punha em presença do meu espírito toda a
criação... Eis aqui Deus e eis as coisas que Deus criou, e é um Deus bom, e
perfeito, e intensíssima e imensissimamente superior a elas; mas, todavia,
sendo bom, criou as coisas boas: e eis como as rodeia e enche. Mas então
onde está o mal e donde e por onde aqui se insinuou? Qual a sua raiz e qual
a sua semente? Ou é absolutamente inexistente?... E, uma vez que Deus,
sendo bom, fez todas estas coisas boas, donde vem então o mal? Na verdade,
o maior e supremo bem fez boas as coisas menores, mas, no entanto, tanto o
Criador é bom como são boas todas as coisas criadas. Donde vem então o
mal? (Conf., VII, sete)
José Carlos
Estágios do Neoplatonismo
Para Plotino, o primeiro princípio da realidade é "o Uno", uma
subsistência completamente simples, inefável e inconcebível que é tanto a
fonte criativa quanto o fim teleológico de todas as coisas que existem.
Embora bom, propriamente dito, não haja um nome apropriado para o
primeiro princípio, os nomes mais adequados são "o Único" ou "o (o)
Bem".
O Uno é tão simples que nem se pode dizer que existe ou é um ser. Em
vez disso, o princípio criador de todas as coisas está além do ser, uma
noção que deriva do Livro VI de A República ,quando, no curso de sua
famosa analogia do sol, Platão diz que o Bem está além do ser (ἐπέκεινα
τῆς οὐσίας) em poder e dignidade. No modelo de realidade de Plotino, o
Um é a causa do resto da realidade, que assume a forma de duas "
hipóstases " ou substâncias - o Nous e a Alma.
Mateus Jansen
Estágios do Neoplatonismo
Nous é um conceito que vem da filosofia grega
e está relacionado ao intelecto e à razão. Para
Plotino, o Nous é o intelecto e é a emanação
do Uno, ou seja, um reflexo Dele. O Nous é um
modelo de tudo o que existe no mundo.Por ser
a imagem do Uno, o Nous é perfeito, porém,
como também provém Dele, é diferente. Com
isso, Plotino entendia que o Nous era o estágio
superior mais acessível ao intelecto humano,
justamente por refletir o Uno, mas não ser igual
a Ele, haja vista que o Uno é incognoscível.
Airton
Estágios do Neoplatonismo
A Alma do mundo deriva do Nous e tem duas funções:
Contemplar o Nous.
Se multiplica nos entes particulares do mundo material,
sem se dividir.essa multiplicação acontece conforme o
que foi contemplado pelo Nous, ou seja, o Nous é
responsável por dar movimento a alma do mundo. O
propósito da alma humana é se reconectar com o Nous.
José Carlos
Estágios do Neoplatonismo
Os neoplatônicos consideravam a existência de três realidades
distintas:
• O mundo sensível (material).
• O mundo inteligível (das formas)
• A realidade da luz plena e do esplendor o Uno (ou o
Bem).
Por ser uma luz, essa realidade emana as chamadas
hipóstases, que significa um estágio de determinada
substância, que são o Nous, a Alma do mundo e os entes
particulares.
José Carlos
Neoplatonismo e Ceticismo
O neoplatonismo surgiu quando o ceticismo estava
deixando de existir, no século III. O que difere essas
duas correntes filosóficas é o modo como concebem
o conhecimento. Enquanto o ceticismo defendia que
tudo deveria ser questionado, investigado e que não
seria possível conhecer a verdade, o neoplatonismo
entende que o conhecimento pode ser atingido,
desde que a alma se reconecte com o Nous.
Mateus Jansen
Neoplatonismo e Cristianismo
Talvez uma das correntes filosóficas que
mais influenciou o cristianismo tenha sido o
neoplatonismo. Muitos dos conceitos da
filosofia cristã vêm da neoplatônica, como o
monismo. Ou seja, a existência de um ser
Uno criador, que no pensamento cristão é
Deus e algumas características (ou
predicados) desse Deus, como a Sua
incognoscibilidade, o fato de Ele ser eterno
e perfeito.
Airton
Neoplatonismo e Maniqueísmo
O maniqueísmo foi uma filosofia religiosa dualista, ou seja,
seus pensadores atribuíam diferentes naturezas ao corpo
(material), à alma/ao intelecto (imateriais) e dividiam o
mundo em princípios bons e maus. Para eles, tudo o que
derivava do corpo era eticamente ruim e tudo o que se
relacionava à alma e ao intelecto era eticamente bom.
Já o neoplatonismo não vê o mundo pelo dualismo, mas
sim pelo monismo. Ainda que o corpo seja material e o
intelecto seja imaterial, ambos partilham da mesma
natureza, são emanações do Uno. Para Plotino, o mal não
é intrínseco ao homem, é apenas a ausência de conhecer o
bem, portanto, quanto mais perto do Uno, mais afastado o
homem está do mal.
José Carlos
Referências Bibliográficas
Neoplatonismo. Corrente filosófica que influenciou o pensamento da
filosofia cristã e potencializou o conceito de monismo. Site:
https://www.todoestudo.com.br/filosofia/neoplatonismo
Biografias y vidas, La enciclopédia Biográfica em Línea. Site:
https://www.biografiasyvidas.com/biografia/a/amonio.htm
AGOSTINHO, Confissões, 1ª Edição 2002, 7ª reimpressão 2013, Editora
Paulus, São Paulo, 2013