O documento descreve as lembranças da autora de brincadeiras da infância com os avós e primos, como subir em árvores e brincar de casinha. Também relata como atividades como tirar os sapatos e sentir texturas, além de brincadeiras em grupo como roda, ajudaram a descontrair os participantes e despertar boas recordações da infância.
1. Arte e Educação - Jogos Teatrais - Protocolo
Margareth Pedroso
Tantas brincadeiras que ficaram no passado! Participar
delas hoje e observar os colegas brincando me
transportou novamente para a infância.
Pique esconde, pega pega, corre cotia, detetive ladrão,
mãe da rua...
O avô sentado numa velha cadeira de
madeira, na praça em frente ou na calçada, olhando os
netos brincando, o grito da avó avisando que era hora
do banho e almoço, hora de se aprontar para ir à
escola...
Os pedidos incansáveis da avó para que
brincássemos (no quintal) sem aprontar.... como se isso
fosse possível com tantas crianças (vários
n e t o s
passavam o dia na casa da avó enquanto as mães
trabalhavam) juntas.
Subir pela goiabeira até a laje da cozinha, as vezes
pisando em marias fedidas, hummmm, posso até sentir o
cheiro... Apostar quem conseguia subir mais alto na amoreira,
para depois ter que pedir socorro, pois os galhos são finos
demais para podermos descer e a avó tem que ajudar com
uma escada... Sentar no muro, fazer guerrinha de
mamona, criar animaizinhos com goiabas secas e
galhinhos, brincar de casinha, escolinha, colocar
barquinhos na enchurrada...
E as comidas da vovó, hummmm, posso até sentir os
sabores: bolinhos de chuva, doce de abóbora, bolo de fubá,
gemada, macarronada com molho de manjericão (desse sinto
também o cheiro)...
Quantas lembranças boas esquecidas no fundo do baú de minhas
memórias!!!
Por os pés no chão não é algo que estou
acostumada, na correria do dia a dia, mal temos tempo
de sequer pensar em tirar os sapatos e sentir, os
contatos, as texturas, a temperatura e o que isso tudo
nos causa, não paramos para pensar em como isso
pode ser desestressante...
Essa correria nos mantém presos a ela de
uma maneira tão mecânica que tirar os sapatos,
ficar caminhando, se concentrando apenas no que
sinto, me é difícil e as vezes penso até que algo
ridículo de se fazer, mas aos poucos essas
sensações vão ficando de lado e vou me sentindo
mais livre para sentir, fazer de conta.
Não havia realmente sentido nada de interessante até
que a professora nos pede que deixemos que nossas mãos nos tragam
memórias de texturas, cores, toques... então, quando menos espero, consigo sentir
2. em minhas mãos, nas costas dos dedos da mão direita,
para ser mais precisa, o calor, a textura meio
amanteigada, do primeiro toque, do leve toque que
consegui dar na face rechonchuda de minha filha
em seu primeiro minuto de vida, assim que saiu
de meu ventre para o mundo. Isso trouxe tantas
lembranças, tantos sentimentos, me fez
lembrar de todos os sonhos que sonhei para
ela, lembrar como sua vida é e sempre será a
coisa mais importante da minha.
Houveram tantos outros momentos interessantes
nesse dia, mas esse me foi o mais marcante e importante.
Brincar de roda... havia me esquecido como é
bom! Me faz sentir novamente toda a inocência,
alegria e esperança de quando criança, esperança de um
futuro cheio de alegria. Deve ter trazido as mesmas
sensações a todo o grupo, pois ninguém queria parar...
Interessante a forma de se ler em grupo, todos
lendo a plenos pulmões, isso me fez repensar a forma
como costumo trabalhar, pois o comum é pedir-se
silêncio na hora da leitura, mas nessa atividade foi
possível observar que é possível apreender o
sentido de um texto dessa maneira, me pergunto se
funcionaria com crianças, testarei.
Sentar em grupo para decidir sobre como faríamos nossa
apresentação me transportou para o tempo de escola, me fez
lembrar como é gostoso trabalhar em grupo.
Participar das cenas do texto dos peixes foi muito divertido e
facilitou a participação na pequena peça, se que que podemos chamar assim,
que montamos.
Aliás, foi interessante observar como funcionou bem a forma de organização do módulo,
iniciando os jogos devagar, com brincadeiras e jogos conhecidos, que nos levaram aos
nossos tempos de criança, introduzindo novos jogos, que aos poucos f o r a m
nos
libertando do padrão robozinho, que a escola e a vida nos moldou,
e permitindo
participar de pequenas apresentações sem preocupações de
julgamentos e afins. A sensação foi muito boa!
Imagens:
1- Brincadeiras de criança, de Ricardo Ferrari
2- Brincadeiras de crianças, de Ivan Cruz
3- Boneca de pano e pipa, de Eduardo Lima
4- Mão, de Cristiane Mohallem
5- Roda, de Milton Dacosta - 1942
6- Máscaras, fonte: colegiomodulobahia.blogspot.com.br/2012/04/mostrade-teatro-e-artes.html