SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 7
Esquemas-síntese
do poema
«Endechas a Bárbara
escrava»
(p. 144)
Situação apresentada no poema: existência de uma mulher de beleza
extraordinária.
Endechas: cinco oitavas em redondilha menor; rima — abbacbbc.
Sujeito poético Enamorado
Rubrica explicativa
por «ũa cativa»
«olhos sossegados / pretos e cansados» (vv. 14 e 15)
«fermosa» (v. 8)
«rosto singular» (v. 13)
«pretos os cabelos» (v. 21)
«Leda mansidão» (v. 29)
«siso» (v. 30)
«presença serena» (v. 33)
Caracterização da cativa:
Retrato
físico Bárbora
Retrato
psicológico
«ũa graça viva / que neles lhe mora» (vv. 14 e 15)
Alegria
Tranquilidade
Serenidade
Calma
Bom senso
Doçura
Formosura
Beleza única
Beleza original
Fusão de características físicas e psicológicas
Perfeição moral
e comportamental
Transgressão ou fidelidade ao modelo feminino petrarquista?
Perfeiçao
física
«Pretidão de amor / tão doce a figura» (vv. 25 e 26)
Cor negra
Diferença
O sujeito poético e a amada — inversão de posição:
Cativo
Eu
Servidor da mulher
amada
Submissão
Cativa
Amada
Dominadora
do admirador
Soberania
Hiperbolização da figura de Bárbora através de recursos expressivos.
• Jogo de palavras «Aquela cativa / que me tem cativo» (vv. 1 e 2)
«vivo […] viva» (vv. 3 e 4)
• Comparação «rosa» (v. 5); «flores» (v. 9); «estrelas» (v. 10)
• Uso expressivo
de partículas de negação
«nunca» (v. 5); «nem» (v. 9); «nem» (v. 10)
• Personificação
e uso expressivo
da oração consecutiva
«tão doce a figura / que a neve lhe jura / que trocara a cor»
(vv. 36-28)
• Hipérbole «Presença serena / que a tormenta amansa» (vv. 33 e 34)
• Adjetivação Todos os traços caracterizadores de Bárbora, em particular
a adjetivação tripla dos olhos
Circularidade do poema: semelhança entre o início e o final da composição.
Marca a dependência do sujeito poético:
é necessário que viva na amada
1.ª quadra Última quadra
O ideal de mulher petrarquista:
Bárbora
A beleza de Bárbara
modifica
o mundo ao seu redor
Perfeita
• A mulher como fonte de poder sobre o que a rodeia (o sujeito
poético dominado)
• A mulher como causa de modificação no mundo que a observa
(a Natureza — a neve e a tormenta)
Fisicamente = noção de beleza que é especial,
que é «singular» (v. 13)
Moralmente = noção de sensatez, serenidade
e doçura expressa ao longo do poema

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Resumos de Português: Cesário verde
Resumos de Português: Cesário verdeResumos de Português: Cesário verde
Resumos de Português: Cesário verdeRaffaella Ergün
 
A formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraA formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraHelena Coutinho
 
Endechas a Bárbara, Análise do Poema
Endechas a Bárbara, Análise do PoemaEndechas a Bárbara, Análise do Poema
Endechas a Bárbara, Análise do PoemaBruno Jardim
 
Corrida de cavalos2
Corrida de cavalos2Corrida de cavalos2
Corrida de cavalos2Paula Rebelo
 
Nós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário VerdeNós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário VerdeDina Baptista
 
Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Lurdes Augusto
 
Esparsa ao desconcerto mundo
Esparsa  ao desconcerto mundoEsparsa  ao desconcerto mundo
Esparsa ao desconcerto mundoMaria Góis
 
Mudam-se os tempos
Mudam-se os temposMudam-se os tempos
Mudam-se os temposMaria Góis
 
Texto de apoio sobre os heterónimos Fernando Pessoa
Texto de apoio sobre os heterónimos Fernando PessoaTexto de apoio sobre os heterónimos Fernando Pessoa
Texto de apoio sobre os heterónimos Fernando PessoaDiogo Reis
 
Um mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoHelena Coutinho
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaDina Baptista
 
Predicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoPredicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoquintaldasletras
 
Descalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonteDescalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonteHelena Coutinho
 
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do PoetaCanto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do PoetaCatarina Sousa
 

La actualidad más candente (20)

Resumos de Português: Cesário verde
Resumos de Português: Cesário verdeResumos de Português: Cesário verde
Resumos de Português: Cesário verde
 
A formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraA formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serra
 
A debil cesario verde
A debil cesario verdeA debil cesario verde
A debil cesario verde
 
Endechas a Bárbara, Análise do Poema
Endechas a Bárbara, Análise do PoemaEndechas a Bárbara, Análise do Poema
Endechas a Bárbara, Análise do Poema
 
Corrida de cavalos2
Corrida de cavalos2Corrida de cavalos2
Corrida de cavalos2
 
Nós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário VerdeNós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário Verde
 
Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas
 
Esparsa ao desconcerto mundo
Esparsa  ao desconcerto mundoEsparsa  ao desconcerto mundo
Esparsa ao desconcerto mundo
 
Mudam-se os tempos
Mudam-se os temposMudam-se os tempos
Mudam-se os tempos
 
Texto de apoio sobre os heterónimos Fernando Pessoa
Texto de apoio sobre os heterónimos Fernando PessoaTexto de apoio sobre os heterónimos Fernando Pessoa
Texto de apoio sobre os heterónimos Fernando Pessoa
 
Um mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadoso
 
Invocação e Dedicarória
Invocação e DedicaróriaInvocação e Dedicarória
Invocação e Dedicarória
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
 
Frei Luís de Sousa
Frei Luís de Sousa  Frei Luís de Sousa
Frei Luís de Sousa
 
Lírica camoniana
Lírica camonianaLírica camoniana
Lírica camoniana
 
Predicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoPredicativo do complemento direto
Predicativo do complemento direto
 
Descalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonteDescalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonte
 
Dedicatória
DedicatóriaDedicatória
Dedicatória
 
A tempestade
A tempestadeA tempestade
A tempestade
 
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do PoetaCanto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
Canto IX - estâncias 88-95, Reflexões do Poeta
 

Destacado

"Descalça vai para a fonte", de Camões
"Descalça vai para a fonte", de Camões"Descalça vai para a fonte", de Camões
"Descalça vai para a fonte", de CamõesMaria Gois
 
Camões Lírico (10.ºano/Português)
Camões Lírico (10.ºano/Português)Camões Lírico (10.ºano/Português)
Camões Lírico (10.ºano/Português)Dina Baptista
 
Um mover de olhos, de Camões
Um mover de olhos, de CamõesUm mover de olhos, de Camões
Um mover de olhos, de CamõesMaria Gois
 
Ondados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteHelena Coutinho
 
Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lurdes Augusto
 
Analise dos poemas de camoes ... apresentação
Analise dos poemas de camoes ... apresentaçãoAnalise dos poemas de camoes ... apresentação
Analise dos poemas de camoes ... apresentaçãoAngela Silva
 
Um mover de olhos
Um mover de olhosUm mover de olhos
Um mover de olhosMaria Góis
 
Barragem da Aguieira, Imagens
Barragem da Aguieira, ImagensBarragem da Aguieira, Imagens
Barragem da Aguieira, ImagensBruno Jardim
 

Destacado (9)

"Descalça vai para a fonte", de Camões
"Descalça vai para a fonte", de Camões"Descalça vai para a fonte", de Camões
"Descalça vai para a fonte", de Camões
 
Camões Lírico (10.ºano/Português)
Camões Lírico (10.ºano/Português)Camões Lírico (10.ºano/Português)
Camões Lírico (10.ºano/Português)
 
Um mover de olhos, de Camões
Um mover de olhos, de CamõesUm mover de olhos, de Camões
Um mover de olhos, de Camões
 
Ondados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzente
 
Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões
 
Analise dos poemas de camoes ... apresentação
Analise dos poemas de camoes ... apresentaçãoAnalise dos poemas de camoes ... apresentação
Analise dos poemas de camoes ... apresentação
 
Amor é
Amor éAmor é
Amor é
 
Um mover de olhos
Um mover de olhosUm mover de olhos
Um mover de olhos
 
Barragem da Aguieira, Imagens
Barragem da Aguieira, ImagensBarragem da Aguieira, Imagens
Barragem da Aguieira, Imagens
 

Más de Maria Gois

ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_2.docx
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_2.docxldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_2.docx
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_2.docxMaria Gois
 
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_1.docx
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_1.docxldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_1.docx
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_1.docxMaria Gois
 
Viagens na minha terra
Viagens na minha terraViagens na minha terra
Viagens na minha terraMaria Gois
 
Leitura mar me quer capitulo a capitulo
Leitura mar me quer capitulo a capituloLeitura mar me quer capitulo a capitulo
Leitura mar me quer capitulo a capituloMaria Gois
 
O castelo de faria
O castelo de fariaO castelo de faria
O castelo de fariaMaria Gois
 
Funcoes sintacticas ml
Funcoes sintacticas mlFuncoes sintacticas ml
Funcoes sintacticas mlMaria Gois
 
Quadro frasesimplescomplexa revisão_sec_convertido
Quadro frasesimplescomplexa revisão_sec_convertidoQuadro frasesimplescomplexa revisão_sec_convertido
Quadro frasesimplescomplexa revisão_sec_convertidoMaria Gois
 
Orações subordinadas
Orações subordinadasOrações subordinadas
Orações subordinadasMaria Gois
 
Funções sintáticas (de acordo com o Dicionário Terminológico)
Funções sintáticas (de acordo com o Dicionário Terminológico)Funções sintáticas (de acordo com o Dicionário Terminológico)
Funções sintáticas (de acordo com o Dicionário Terminológico)Maria Gois
 
O Castelo de Faria
O Castelo de FariaO Castelo de Faria
O Castelo de FariaMaria Gois
 

Más de Maria Gois (11)

ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_2.docx
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_2.docxldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_2.docx
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_2.docx
 
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_1.docx
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_1.docxldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_1.docx
ldia11_gramatica_funcoes_sintaticas_1.docx
 
Viagens na minha terra
Viagens na minha terraViagens na minha terra
Viagens na minha terra
 
Os Lusíadas
Os LusíadasOs Lusíadas
Os Lusíadas
 
Leitura mar me quer capitulo a capitulo
Leitura mar me quer capitulo a capituloLeitura mar me quer capitulo a capitulo
Leitura mar me quer capitulo a capitulo
 
O castelo de faria
O castelo de fariaO castelo de faria
O castelo de faria
 
Funcoes sintacticas ml
Funcoes sintacticas mlFuncoes sintacticas ml
Funcoes sintacticas ml
 
Quadro frasesimplescomplexa revisão_sec_convertido
Quadro frasesimplescomplexa revisão_sec_convertidoQuadro frasesimplescomplexa revisão_sec_convertido
Quadro frasesimplescomplexa revisão_sec_convertido
 
Orações subordinadas
Orações subordinadasOrações subordinadas
Orações subordinadas
 
Funções sintáticas (de acordo com o Dicionário Terminológico)
Funções sintáticas (de acordo com o Dicionário Terminológico)Funções sintáticas (de acordo com o Dicionário Terminológico)
Funções sintáticas (de acordo com o Dicionário Terminológico)
 
O Castelo de Faria
O Castelo de FariaO Castelo de Faria
O Castelo de Faria
 

Endechas Bárbara escrava

  • 1. Esquemas-síntese do poema «Endechas a Bárbara escrava» (p. 144)
  • 2. Situação apresentada no poema: existência de uma mulher de beleza extraordinária. Endechas: cinco oitavas em redondilha menor; rima — abbacbbc. Sujeito poético Enamorado Rubrica explicativa por «ũa cativa»
  • 3. «olhos sossegados / pretos e cansados» (vv. 14 e 15) «fermosa» (v. 8) «rosto singular» (v. 13) «pretos os cabelos» (v. 21) «Leda mansidão» (v. 29) «siso» (v. 30) «presença serena» (v. 33) Caracterização da cativa: Retrato físico Bárbora Retrato psicológico «ũa graça viva / que neles lhe mora» (vv. 14 e 15) Alegria Tranquilidade Serenidade Calma Bom senso Doçura Formosura Beleza única Beleza original Fusão de características físicas e psicológicas Perfeição moral e comportamental Transgressão ou fidelidade ao modelo feminino petrarquista? Perfeiçao física «Pretidão de amor / tão doce a figura» (vv. 25 e 26) Cor negra Diferença
  • 4. O sujeito poético e a amada — inversão de posição: Cativo Eu Servidor da mulher amada Submissão Cativa Amada Dominadora do admirador Soberania
  • 5. Hiperbolização da figura de Bárbora através de recursos expressivos. • Jogo de palavras «Aquela cativa / que me tem cativo» (vv. 1 e 2) «vivo […] viva» (vv. 3 e 4) • Comparação «rosa» (v. 5); «flores» (v. 9); «estrelas» (v. 10) • Uso expressivo de partículas de negação «nunca» (v. 5); «nem» (v. 9); «nem» (v. 10) • Personificação e uso expressivo da oração consecutiva «tão doce a figura / que a neve lhe jura / que trocara a cor» (vv. 36-28) • Hipérbole «Presença serena / que a tormenta amansa» (vv. 33 e 34) • Adjetivação Todos os traços caracterizadores de Bárbora, em particular a adjetivação tripla dos olhos
  • 6. Circularidade do poema: semelhança entre o início e o final da composição. Marca a dependência do sujeito poético: é necessário que viva na amada 1.ª quadra Última quadra
  • 7. O ideal de mulher petrarquista: Bárbora A beleza de Bárbara modifica o mundo ao seu redor Perfeita • A mulher como fonte de poder sobre o que a rodeia (o sujeito poético dominado) • A mulher como causa de modificação no mundo que a observa (a Natureza — a neve e a tormenta) Fisicamente = noção de beleza que é especial, que é «singular» (v. 13) Moralmente = noção de sensatez, serenidade e doçura expressa ao longo do poema