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5 de Mar de 2015
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  1. 4 | 21 Fevereiro 2014 Nascido na Chamusca em pleno período da 2.ª Guerra Mundial, foi no Ribatejo que passou grande parte da sua infância. Em 1951, após o fa- lecimentodoseuavô,osseuspaisde- cidem trocar a lezíria pelas paisagens bairradinas. “Deixei os meus amigos no Ribatejo, mas ao longo do tempo fui ganhando novos companheiros aqui na Região, particularmente quando fui estudar para o colégio, em Anadia”, recorda. Tinha famí- lia nessa zona – concretamente em Mogofores, onde hoje se encontra radicado, mas também em Sepins, o que proporcionava agradáveis momentos de convívio. “O meu bisavô, Albano Coutinho, daqui de Anadia, casou em Sepins, com uma senhora da família Távora; já o meu avô Ferreira Tavares, casou na Mealhada, com uma senhora da família dos Lebres. As minhas raí- zes paternas são todas da Bairrada. O Cid, o lado materno, é que vem do Ribatejo”, esclarece. Era um miúdo muito orientado para o desporto, tendo praticado, desde cedo, as mais diversas moda- lidades. E se é certo que o desporto lhe “enchia as medidas” e ocupava grande parte do seu tempo, a mú- sica parece ter sido, ainda assim, a sua verdadeira paixão desde sem- pre: “Pratiquei ciclismo, atletismo, ténis, basquetebol, hóquei em patins, ténis de mesa, tendo chegado a ser Campeão Nacional Universitário nesta modalidade, e hipismo [foi Vice-Campeão Nacional de Salto em Altura em 1991, tendo sido ca- valeiro de obstáculos durante mais de 40 anos]. Dediquei-me a todo o tipo de desporto, mas sem nunca o fazer ao mais alto nível – excep- ção feita, talvez, aos resultados ob- tidos no ténis de mesa. A música ia acontecendo em paralelo a todo este desporto, o que quer dizer, na- turalmente, que era mau aluno”, partilha em tom de brincadeira. O tempo dedicado aos estudos seria, suspeitamos, muito reduzido, mas José Cid apressa-se a fazer uma pe- quena correcção: “Era mau aluno a Ciências e Matemática, mas em Letras e Literatura era bastante bom”. Tanto que, concluídos os estudos liceais no Colégio Luís de Camões, ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Coim- bra. Foi na cidade do Mondego que começou, verdadeiramente, o seu brilhante percurso musical. Do Orfeon de Coimbra ao Quarteto de Lisboa Um autodidacta no que diz res- peito à música, não toca por pauta, mas sim “de ouvido”. “Aprendi por mim, treinando e ouvindo, e através do contacto com alguns músicos com quem me fui cruzando e com quem trocava opiniões e ideias. Ouvia mui- ta coisa e tentava tirar os acordes ou experimentar no piano”, confessa.A partir dos 14 anos, o jazz e a bossa- -nova eram as suas sonoridades de eleição. Tanto que os primeiros “feitos” do quarteto fantástico de Liverpool lhe passaram um pouco ao lado: “O advento do rock, a pri- meira época dos Beatles, apanhou- GentedeOuro José Cid Tavares nasceu na Chamusca, Ribatejo, no dia 4 de Fevereiro de 1942. Ainda criança foi residir para a Bairrada, e é lá que hoje tem o seu estúdio de gravação. Desde cedo que a música e o desporto se configuraram como as suas grandes paixões, mundos a que José Cid foi dando cada vez mais de si. Se a prática desportiva acabou por se tornar um hobby, o mesmo não se pode dizer da música, que conquistou o papel de protagonista e se confunde com a sua própria vida. Todo ele é som, ritmo e canção – acólito de corpo e alma dessa quase religião que o elevou a um estatuto ímpar no panorama musical português. BI José Cid dispensa apresentações, sendo um dos mais profícuos músicos e compositores portugueses. Confessa já ter “perdido a conta” ao número de álbuns editados, mais de 40 se considerarmos a cadência de “um por ano”. Apesar da monstruosa carreira, dos milhares de discos vendidos e das centenas de palcos pisados, é um homem de uma simplicidade desarmante – afável e sincero, não lhe descobrimos nenhum tique de artista. Sem “papas na língua”, assume com frontalidade as suas convicções, independentemente do tema da conversa. O verdadeiro “pai” do Rock Filipa do Carmo filipadocarmo@aurinegra.com Se Rui Veloso é o “pai” do rock português, isso faz de José Cid o… “avô”? Aproveitámos o ensejo para tentar esclarecer essa questão de paternidade musical. “O grande problema é que o Rui Veloso deixou-se autodenominar de ‘pai’ do rock português sabendo perfeitamente que eu tenho uma obra nomeada entre os dez melhores álbuns de rock pro- gressivo do mundo [pela reputado site de críticas SputnikMusic]. Descul- pem lá, mas só se for o ‘pai adoptivo’”, desabafa. “Espero que não me levem a mal, mas comparar ‘10.000 anos depois entre Vénus e Marte’, uma obra referenciada a nível mundial como uma das melhores do rock progressivo, com o ‘Chico Fininho’, é como comparar a obra-prima do mestre, com a prima do mestre-de-obras”. Mais do que isso, para José Cid um cantor de rock tem que cantar ao vivo e a doer, e Rui Veloso parece já não estar à altura das circunstâncias. “Um cantor de rock não pode fingir que canta. Se não consegue, vai para as ‘baladinhas’”. Ape- sar da polémica, o nosso entrevistado diz “dar-se bem” com o criador de “Chico Fininho”. Quem é afinal o “pai” do rock português? É conhecida a sua generosidade, nomeadamente pelos espectáculos em que participa a título gra- cioso, assim se trate de uma causa nobre ou de uma situação que o sensibilize. “Faço isso há muitos anos, mas ultimamente, com a crise instalada em Portugal, sinto-me na obrigação de fazer ainda mais”. Aliou-se a iniciativas solidárias a favor dos bombeiros portugueses, na sequência do Verão trágico do ano passado em que perderam a vida vários “soldados da paz”, e tocam-no as situações de crianças doentes cujas famílias não têm capacidade para custear os seus tratamentos. Monárquico assumido, não é anti-republicano, mas é contra os “maus republicanos”. Defende uma monarquia não elitista, com liberdade de expressão e cultura muito acima da dos países republica- nos, “como acontece nos países nórdicos, por exemplo”. A preservação da cultura, daquilo que é genuinamente nosso, da agricultura – “tão menosprezada nos últimos anos em Portugal, com as pessoas a serem pagas para não cultivar” – são algumas das suas bandeiras. D. Duarte não seria o seu “candidato”, pois apesar de ser uma pessoa culta, interessante e respeitada no panorama inter- nacional, “não tem coragem política nem o poder de se assumir enquanto alternativa”. “Creio que devia ter o seu próprio partido e rodear-se de pessoas que não fossem da ‘snobeira regional pirosa’, que é do pior que há e que acontece quando as boas famílias de província se armam em fidalguia. Deveriam ser monárquicos pelo povo, pelo País, pela agricultura e pela tradição – que pode ser o futuro e não apenas o passado”. Se tal projecto surgisse, José Cid admite que se alistaria. Cantar por uma causa Viva o Rei!
  2. 5 21 Fevereiro 2014 | -me um pouco desprevenido, pois estava numa ‘onda’ diferente”. Em Coimbra, “tropeça” nos “Babies”, grupo com que começa a ensaiar e que foi a sua primeira banda – corria o ano de 1956, seguindo-se a função de vocalista no Grupo de Jazz do Or- feon, em que partilhou o palco com José Niza,Proença de Carvalho,entre outros.“Naalturainterpretávamosas músicas da época, não tocávamos ori- ginais”. Desse tempo, ficaram muitas amizades e recordações. “Ainda sou muito amigo do Dr. Proença de Car- valho, do Dr. Joaquim Caixeiro, que vive em Coimbra, do Dr. Sá Pereira e também do Dr. José Niza, falecido em 2011, que eram aqueles que mais toca- vamcomigo”. Viveu o ambiente académico coimbrão da década de 60 do sé- culo passado e recorda, até, um episódio curioso relacionado com a praxe: “Estava no Colégio Camões e tinha que ir para a Universidade, para ensaiar. Havia malta ligada à Tuna que fazia trupes e que espera- va por mim na Praça da República, só que eu umas vezes vinha por um lado, outras por outro e acabava sempre por despistá-los. E mesmo quando nos encontrávamos, eu por essa altura praticava atletismo na Académica e com os meus sapati- nhos de borracha que agarravam bem naquela calçada não lhes dava hipótese. Era muito mais rápido que eles”, revela, bem-humorado. Tinha 16 anos quando compôs a sua primeira canção, “Andori- nha”, tema inédito, mas é quando abandona o curso de Direito e a cidade de Coimbra e se muda para Lisboa, que começa a dedicar-se com mais entusiasmo a essa ver- tente musical. “Fui estudar Educa- ção Física, que era algo que sempre tinha gostado de fazer. Fui óptimo aluno, um dos preferidos do Profes- sor Moniz Pereira, diga-se de passa- gem”, garante. O “Senhor Atletis- mo” tinha, também, o “bichinho” da música,e de acordo com o nosso entrevistado “compunha bastante bem, ainda que numa área em que eu não queria cantar”. “Tem uma vasta obra poética – o fado ‘Valeu a Pena’, interpretado pela Maria da Fé, por exemplo”, para além de uma longa vida dedicada ao atletismo.Já no final do curso,durante uma aula, o seu colega João Meunier desafia-o para ir fazer uma espécie de audi- ção com a banda do seu irmão. “Eu fui e eles adoraram ouvir-me, fica- ram apaixonados pela minha musi- calidade e pela minha voz. Integrei aquela banda, que era o ‘Conjunto Mistério’, e que rapidamente se transformou em ‘Quarteto 1111’”. Um projecto que durou de 1968 a 1975 e que contou, entre outros, com a participação de Tozé Brito – e que tentou impor-se num contex- to especialmente conturbado para a produção artística em Portugal. “Foicomplicado,poistivemosmuitas músicas proibidas. A nossa obra era muito à frente, muito ousada. Ar- riscávamos, pois ainda que não per- tencêssemos a um grupo de oposição ao Regime em termos partidários ou politizados, fazíamos parte de uma barricada contra a Ditadura. En- tre ‘Quarteto 1111’ e José Cid, tenho quase 30 temas que foram retirados do mercado pela Censura”. Saber sair com dignidade Depois de desfeito o Quarteto, José Cid junta-se a um grupo de rock sinfónico e progressivo, com quem gravou os três álbuns da sua discografia que se enquadram nesse género musical, para depois se lançar, finalmente, na carreira a solo.O português é a língua de elei- ção para passar a sua mensagem, ainda que tenha gravado alguns te- mas em inglês – em média, um por disco, ao longo dos seus mais de 40 anos de carreira. Tem na calha “Menino Prodígio”, trabalho que deverá ser editado dentro de um par de meses, mas não sabe preci- sar quantos álbuns assinou. “Pelo menos um por ano”, considera. São, portanto, mais de quatro de- zenas de obras, que representam centenas de canções e outros tantos espectáculos por palcos de todo o mundo. “Sou um cantor ao vivo, e as pessoas gostam muito de me ver actuar ao vivo. Certamente que há cantores com muito mais marketing do que eu, que são muito bonitos, mas as pessoas não os vão ver pela qualidade das suas interpretações e dos seus concertos”. Perguntamos se Tony Carreira se enquadra nes- sa categoria de cantores, e somos prontamente corrigidos: “Estou a falar de cantores, e o Tony Carreira está longe de ser um cantor”. Adora estar em cima do palco, partilhar a sua música com o seu público, mas o trabalho de estú- dio também o satisfaz. Na verda- de, José Cid gosta de tudo o que diz respeito à música e à sua vida enquanto músico. E aos 72 anos, ainda está aí “para as curvas”. “Por enquanto ainda aguento três horas ao vivo, como fiz no Campo Pequeno no meu último concerto lá. Sozinho, sem truques. Quando não tiver voz ou não aguentar os meus temas, assumo. Vou continuar a compor e a apoiar novos valores da música portuguesa. Tenho 70 mas sinto-me como se tivesse 50 bem conservados”. Acima de tudo, o músico e compo- sitor pretende ser sempre verdadei- ro para com o seu público. “Não vou fazer a figura desastrosa que fez a Amália Rodrigues nos últimos 20 anos de carreira. A Amália cantou melhor do que ninguém no planeta e de repente termina daquela forma. Eu sei que não tenho os agudos que tinha nos anos 70, mas também não preciso. Basta-me baixar um tom e aguentar as minhas músicas do princípio ao fim, com boa voz e boa atitude”, remata. Outra particu- laridade do cantor é não preparar alinhamento para os seus espectá- culos. As canções vão-se suceden- do de acordo com a percepção que José Cid tem da reacção do públi- co. Assim, cada concerto é único e irrepetível, e feito à medida dos de- sejos da sua audiência. GentedeOuro Não vou fazer a figura desastrosa que fez a Amália Rodrigues nos últimos 20 anos de carreira. A Amália cantou melhor do que ninguém no planeta e de repente termina daquela forma. “ - O AuriNegra é uma afirmação de comunicação social, onde o local se afirma como ponto de partida e de chegada da socieda- de portuguesa moderna. - O AuriNegra é frontalmente pelas regiões, já que o todo não existe sem a parte. O país ganha identidade e vigor na mesma medida com que cui- da, justamente, dos seus variados espaços e culturas. - O AuriNegra é um jornal quinzenário da imprensa regional, num modelo de informação aberto, exigente e responsável, capaz de lançar novos desafios à comunidade onde reside e ao mundo, a partir dela. - O AuriNegra afirma a sua opção pelo rigor e criatividade edito- rial, declarando a sua independência ideológica, política e eco- nómica, mas não ignorando a obrigação do debate das grandes questões de desenvolvimento e os desafios da sociedade em que se insere. - Ao AuriNegra interessam os factos, com rigor e exactidão, mas também a sua interpretação com honestidade, distinguindo o que é notícia do que é opinião. - O AuriNegra recusa o óbvio e o fácil, fazendo opção pela infor- mação qualificada, atenta e responsável, como única forma de servir uma opinião pública dona do seu próprio destino. - O AuriNegra reconhece como primeiro objectivo local o desen- volvimento económico e social, conseguido com base na igual- dade de oportunidades, no crescimento económico e promoção social, educativa e cultural, na preservação do equilíbrio ecológi- co, na defesa do mundo rural, do ambiente e da qualidade de vida. - O AuriNegra assume o compromisso de respeitar os princípios deontológicos da imprensa e da ética profissional, de modo a não poder prosseguir apenas os fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores, encobrindo ou deturpando a informação. Nota: Nos termos do Artigo 17.º da Lei de Imprensa (Lei n.º 2/99, de 13 de Janeiro), publicamos o Estatuto Editorial do Jornal AuriNegra. Não foram introduzidas quaisquer alterações desde o nº1 da II série (25 de Julho de 2002). Estatuto Editorial
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