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O RISCO DAS
                       MENTIRAS
                                                     1 de Abril
                                              Dia das Mentiras




  Um senhor disse:
  – Macacos me mordam, se o que eu digo não se passou
assim mesmo...
  Como não se tinha passado assim, nem tão-pouco mais
ou menos, veio um macaco e mordeu-o.
  Um outro senhor disse:
  – Raios me partam, se não é assim tal como eu conto...
  Como não era assim tal como ele contava, nem sequer
parecido, veio um raio e partiu-o.
  Um terceiro senhor disse:
  – Ponho as mãos no fogo como falei toda a verdade...
  Como não tinha falado toda a verdade, nem sequer um
bocadinho, veio o fogo e queimo-o.

                            1
O senhor mordido, o senhor partido e o senhor
queimado encontraram-se os três, no mesmo hospital. O
médico que os atendeu quis primeiro saber o que se tinha
passado. Os senhores contaram e, desta vez, sem tirar nem
pôr, contaram a verdade por inteiro.
   Logo ali, o que tinha sido mordido sarou da mordidela,
o que se tinha partido voltou a ficar inteiro, o que se tinha
queimado curou-se da queimadura.
   Saíram do hospital muito contentes e nunca mais
juraram falso.
   Acreditam? Não acreditam?
   Pois foi assim tal e qual como eu conto. Que me caia o
tecto em cima, se não é verdade!
   Sobre a folha de papel da minha história, começa a cair
caliça... E cada vez em maior quantidade... Por que será?


  FIM




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  • 1. O RISCO DAS MENTIRAS 1 de Abril Dia das Mentiras Um senhor disse: – Macacos me mordam, se o que eu digo não se passou assim mesmo... Como não se tinha passado assim, nem tão-pouco mais ou menos, veio um macaco e mordeu-o. Um outro senhor disse: – Raios me partam, se não é assim tal como eu conto... Como não era assim tal como ele contava, nem sequer parecido, veio um raio e partiu-o. Um terceiro senhor disse: – Ponho as mãos no fogo como falei toda a verdade... Como não tinha falado toda a verdade, nem sequer um bocadinho, veio o fogo e queimo-o. 1
  • 2. O senhor mordido, o senhor partido e o senhor queimado encontraram-se os três, no mesmo hospital. O médico que os atendeu quis primeiro saber o que se tinha passado. Os senhores contaram e, desta vez, sem tirar nem pôr, contaram a verdade por inteiro. Logo ali, o que tinha sido mordido sarou da mordidela, o que se tinha partido voltou a ficar inteiro, o que se tinha queimado curou-se da queimadura. Saíram do hospital muito contentes e nunca mais juraram falso. Acreditam? Não acreditam? Pois foi assim tal e qual como eu conto. Que me caia o tecto em cima, se não é verdade! Sobre a folha de papel da minha história, começa a cair caliça... E cada vez em maior quantidade... Por que será? FIM 2