1. CÂNCER DE
OVÁRIO
Por Mateus S. Cornélio e Rynat Dasaev O. Chagas.
Sob orientação da Dra. Ana Maria Fantini Silva.
Maio/2017
Aracaju/Sergipe
2. EPIDEMIOLOGIA
Cerca de 25% dos cânceres ginecológicos
e o sexto mais comum entre mulheres.
Ocorre geralmente após os 50 anos, com
pico aos 70.
70% dos casos são encontrados em
estágios avançados.
Anualmente cerca de 255.000 novos
casos são diagnosticados no mundo.
Globalmente, é responsável pela morte
de mais de 100 000 mulheres por ano,
constituindo a 5ª causa de morte por
câncer em mulher do ocidente.
Risco de 6:100.000 no Brasil, sendo
4:100.000 no Nordeste.
4. EPIDEMIOLOGIA
FATORES DE RISCO
• História familiar
• Mutações nos genes
BRCA1/BRCA2
• Síndrome de Lynch II
• Nuliparidade
• Infertilidade
• Uso de drogas indutoras da
ovulação
• Terapia de reposição hormonal
• Menarca precoce
• Menopausa tardia
• Endometriose
REDUÇÃO DO RISCO
• Anticoncepcional hormonal oral
• Gestações
• Amamentação
• Ligação de tubas uterinas e
histerectomia
5. EPIDEMIOLOGIA
PACIENTE DE RISCO
Duas ou mais familiares com
câncer de ovário e/ou mama
História:
Pessoal de câncer de mama bilateral
Familiar ou pessoal de câncer de
mama antes dos 40 anos
Familiar de câncer de mama em
homem
Mulheres descendentes de
judeus asquenazes com um ou
mais familiares de primeiro
grau com câncer de ovário ou
mama
FATORES ASSOCIADOS AO
AUMENTO DO RISCO
Mulheres acima dos 50 anos
nuligestas e que não usaram
anticoncepcionais orais
Ingestão alimentar de carne e
gordura animal
Exposição a elementos
químicos como asbestos e
silicatos (p. ex., uso de talco
perineal)
7. PATOGENIA
Câncer de
Ovário
Células do
estroma e
cordão sexual
Células
germinativas
Células
epiteliais
Carcinoma
seroso de alto
grau
Carcinoma
seroso de
baixo grau
Carcinoma
endometrioide
Carcinoma
mucinoso
Carcinoma de
células da
clara
11. APRESENTAÇÃO CLÍNICA
QUEIXAS
Frequentemente assintomática
Aumento de volume abdominal
Dor e Distensão
Constipação
Dispepsia
Emagrecimento
Perda do apetite
Saciedade precoce
Sintomas irritativos urinários
EXAME FÍSICO
Massa abdominopélvica ou ascite.
Massa pélvica de qualquer tamanho,
fixa, bilateral e de consistência
heterogênea indica malignidade.
Nódulo cutâneo umbilical metastático
(sinal da irmã Maria-José)
Abaulamento do fundo do saco
posterior.
Compressão extrínseca da parede
anterior do reto.
12. RASTREAMENTO
B aix a incid ê ncia vs. A lto cu st.
A u sê ncia d e me tó d os su ficie nte mente
se nsíveis e e specífico s.
I nd icação atu al:
P o p u l a ç ã o d e a l t o r i s c o ( h i s t ó r i a
f a m i l i a r ) d o s a g e m s é r i c a d e C A - 1 2 5 e
U S G t r a n s v a g i n a l , a p a r t i r d o s 3 5 a n o s , a
c a d a 6 e 1 2 m e s e s .
13. DIAGNÓSTICO
Ultrassonografia pélvia transvaginal:
Lesões com superfície irregular, projeções papilares
internas e/ou externas, septações, componente sólido e
paredes espessas Malignidade
Lesões ovarianas que exigem investigação cirúrgica:
Tumor sólido
Tumor cístico > 8 cm, em mulheres em idade reprodutiva
Tumores císticos de qualquer tamanho com septações ou
papilas
Tumores císticos, em pré-púberes e pós-menopáusicas
14. DIAGNÓSTICO
CA-125
Expresso em mais de 80% dos carcinomas ovarianos epiteliais
não mucinosos.
Pode estar elevado na endometriose, doença pélvica
inflamatória e alguns tumores benignos do ovário.
Elevação nas pacientes cujo nível já normalizou após
quimioterapia é altamente preditivo de recidiva da doença.
Confirmação diagnóstica
USG indicativo
CA-125 > 35 U/mL em pacientes pós-menopáusicas
> 200 U/mL em pacientes pré-menopáusicas
15. Rotina cirúrgica para estadiamento
Pré-operatório – preparo do cólon, antibioticoterapia e
heparinização profiláticas
Recomendações padrão:
Incisão mediana longitudinal ou transversa baixa
Aspiração do líquido peritoneal para exame citológico
Avaliação das cúpulas diafragmáticas
Retirada do tumor para exame histológico
Avaliação de toda superfície peritoneal, intestino, mesentário,
fígado, superfícies anteriores dos rins e cápsula do baço
16. Rotina cirúrgica para estadiamento
Recomendações padrão:
Biópsias em áreas suspeitas do peritônio pélvico
Biópsia da cápsula de Glisson ou do parênquima hepático, na
vigência de lesões
Histerectomia total extrafascial com salpingo-oforectomia bilateral
Retirada de toda massa tumoral visível, evitando deixar doença
residual > 1 cm de diâmetro
Linfadenectomia para-aórtica e pélvica bilateral
Omentectomia infracólica
Descrição minunciosa dos achados cirúrgicos
18. TRATAMENTO
ESTÁDIO I
Cirurgia primária com estadiamento
Terapia adjuvante
Não apresenta benefícios adicionais aos tumores IA e IB
Indicada para IC, geralmente quimioterapia sistêmica
Paciente <35 anos, estádio IA restrito a um ovário e que deseja ter
filhos salpingo-oforectomia unilateral
Outros requisitos para cirurgia conservadora:
Doença confinada a um ovário, encapsulado, sem aderências,
úteros e anexo contralateral normais, investigação endometrial
negativa e exames histológicos indicando ausência de doença
em omento, linfonodos e lavado peritoneal.
19. TRATAMENTO
Estádio II
Cirurgia primária completa com citorredução
Tratamento adjuvante pós-operatório indispensável
Estádio III
Cirurgia primária completa
Cirurgia citorredutora eliminar o máximo ou toda doença
residual macroscópica, espera-se que restem apenas nódulos < 1
cm de diâmetro
Tratamento adjuvante
22. Tratamento
Tumor de ovário recorrente
Paciente sensível à platina - retratamento com cisplatina ou carboplatina
deve ser considerado.
Paciente refratária à platina - considerar tratamento com paclitaxel ou
citorredução ótima com quimioterapia hipertérmica intraperitoneal.
Paciente sem condição clínica para quimioterapia - considerar uso de
tamoxifeno (20 mg/dia), melhor resposta com receptor de estrógeno
positivo.
23. Seguimento
Acompanhamento pelo restante da vida
1º ano – exame físico e ginecológico a cada 3 meses
2º ano – avaliação a cada 4 meses
3 º ao 5º ano – avaliação semestral
Anualmente:
Raio X de tórax
Ecografia abdominal total ou tomografia
computadorizada
Provas de função hepática
Exame citológico vaginal e colposcopia
Acompanhento do CA-125 – prediz a progressão ou elevação da doença em mais de
90% das pacientes
Elevação pode preceder recorrência em média em 5 meses
A elevação indica antecipação da avaliação por imagem
24. Caso Clínico
MLEL, 52 anos, branca, viúva, procurou serviço médico
com queixa de dor e aumento do volume abdominal há
três meses. Negava qualquer queixa gastrointestinal,
febre ou inapetência. O exame físico geral era normal,
apresentando-se em bom estado geral, corada e afebril.
No exame específico notava-se abdome globoso e
distendido com presença de grande massa palpável,
endurecida, superfície lisa e bocelada, que se estendia
desde a pelve até o epigástrio. Ao toque vaginal,
observava-se útero de tamanho normal.
25. Caso Clínico
A ultra-sonografia pélvica
evidenciou ovário direito com
dimensões aumentadas, com
a presença de múltiplos cistos
de contornos regulares,
hipoecogênicos, que mediam
aproximadamente
N1=13,9cm, N2=7,0cm,
N3=6,8cm, N4=15,7cm e
N5=10,5cm, nos seus maiores
eixos
26. Caso Clínico
Foi realizada laparotomia
exploradora, constatando-se
uma massa de contornos
irregulares, consistência
cística, no ovário direito,
medindo 24x15x13cm, com
peso de 3.300 gramas. O tumor
foi retirado e foram feitas
histerectomia total e
ooforectomia bilateral. O lavado
peritoneal foi negativo para
células neoplásicas e não foi
encontrado implantes
neoplásicos nos outros órgãos.
27. Caso Clínico
O estudo anatomopatológico
concluiu tratar-se de um
cistoadenocarcinoma mucinoso
de ovário direito, sem
comprometimento capsular, e
útero normal. A paciente evoluiu
com melhora clínica e teve alta
no segundo pós-operatório. Será
acompanhada ambulatorialmente
com dosagem periódica dos
marcadores tumorais (CEA e Ca
125) e exame ginecológico de
rotina.
ADAPTADO DE:
ARAUJO, Maíta Poli de et al. Cistoadenocarcioma mucinoso de ovário e esclerose sistêmica. Rev. Bras. Reumatol., São
Paulo, v. 44, n. 1, p. 104-108, Feb. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-
50042004000100021&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 30 de abril de 2017.
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Fatores de risco e patogênese das neoplasias malignas epiteliais de ovário:
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PRAT, J. New insights into ovarian cancer pathology. Annals of oncology, v.
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ARAUJO, Maíta Poli de et al. Cistoadenocarcioma mucinoso de ovário e
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Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva – Rio de Janeiro: INCA, 2015.