Este documento resume três mudanças principais introduzidas pelo Dicionário Terminológico de 2008 em relação à tradição gramatical: 1) inclui novos termos de domínios como Fonética-Fonologia e Semântica; 2) atualiza termos existentes com conceitos linguísticos mais precisos; 3) distingue subclasses de palavras como advérbios e quantificadores com maior detalhe.
1. Dicionário Terminológico 2008 (DT)
O que mudou?
Filomena Viegas
Outubro 2010
Documento adaptado das apresentações feitas em acções de formação de professores de português, no ano lectivo de 2009-2010.
2. Objectivos
Situar o Dicionário Terminológico – 2008 (DT) no quadro dos
instrumentos de regulação linguística e de referência para o ensino e
aprendizagem do português.
Observar e analisar o que muda com o DT, relativamente à tradição
gramatical.
Exemplos de transposição didáctica do DT, no trabalho sobre a
competência Conhecimento Explícito da Língua (PPEB)/Funcionamento
da Língua (PPES).
PPEB>Programas de Português do Ensino Básico
2
PPES> Programa de Português do Ensino Secundário
3. O DT no quadro da linguística actual e da didáctica
do Português
Enquadramento legal
«A TLEBS destina-se a constituir referência para as práticas
pedagógicas das disciplinas de Língua Portuguesa e de Português,
bem como para a produção de documentos pelo Ministério da
Educação em matéria de ensino e divulgação da língua
portuguesa.»
Portaria n.º 1488/2004
«A TLEBS constitui uma ferramenta de auxílio ao ensino da gramática e
ao estudo dos textos, sendo um documento normativo, que pretende
fixar os termos a utilizar na descrição e análise de diferentes
aspectos do funcionamento da língua. Enquanto documento
normativo, não se confunde com um programa, com uma gramática
escolar ou com uma lista de conteúdos, devendo ser entendida
como dicionário terminológico que é. »
Relatório da revisão da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário, 28
Setembro 2007 (no cumprimento da Portaria n.º 476/2007).
3
4. O DT no quadro da linguística actual e da didáctica do
Português
Fundamentação linguística e didáctica
A adopção do DT é uma medida de política da língua que pretende
uniformizar os termos utilizados por docentes de português em todo o
percurso escolar, do 1.º ciclo do ensino básico ao ensino secundário, para
designar os mesmos conceitos e problemas relacionados com o
funcionamento da língua.
O DT vem dar resposta a uma necessidade sentida no terreno,
diagnosticada pelos professores de Língua Portuguesa e de Português,
resultante da deriva terminológica instalada no sistema e nas práticas de
ensino.
4
5. O DT no quadro da linguística actual e da didáctica
do Português
Fundamentação linguística e didáctica
A adopção de uma terminologia linguística pode permitir, por um lado,
ultrapassar uma grande desactualização científica que a NGP, de 1967, já
evidenciava e, por outro, introduzir conceitos essenciais para o estudo da
língua, que ainda não tinham sido considerados e que podem contribuir para
uma melhor compreensão de alguns aspectos linguísticos, com que os
docentes se debatem e para os quais têm alguma dificuldade em encontrar
maneiras adequadas de descrição.
Estão nessa situação conceitos em subdomínios como Fonética – Fonologia
e Semântica e no domínio Análise do Discurso, Retórica, Pragmática e
Linguística textual.
(vd anexo)
5
6. O que muda com o DT ?
Termos do DT (2008) «» Conteúdos dos Programas (1991) e do
CNEB (2001): tipologia das alterações
As diferenças fundamentais entre os termos e conceitos utilizados no
DT, no CNEB e nos Programas podem ser organizadas, de forma
simplificada, em quatro tipos:
• mantêm-se os mesmos termos, nos programas em vigor, no CNEB e
no DT, mas muda o conceito que está na origem da actual definição
no DT (vd anexo);
• surgem termos novos no DT, pertencentes a domínios e subdomínios
que antes não faziam parte do trabalho sobre o funcionamento da
língua (vd anexo);
6
7. O que muda com o DT ?
Termos do DT(2008) «» Conteúdos dos Programas (1991) e do
CNEB (2001): tipologia das alterações
(iii) mudam os termos no DT, que se apresentam como descritores mais
rigorosos dos fenómenos linguísticos a identificar, mas mantêm-se os
mesmos conceitos no CNEB, nos Programas e no DT (vd anexo);
(iv) mudam os termos e os conceitos no DT (vd anexo).
7
8. O que muda com o DT ?
A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
B.2. Morfologia
- morfologia flexional
- processos morfológicos de formação de palavras
B.3. Classes de palavras
B.4. Sintaxe
- funções sintácticas
- articulação entre constituintes e entre frases
8
9. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Morfologia: Flexão: palavras variáveis e invariáveis Flexão: palavras variáveis e invariáveis
- Morfologia flexional - Palavras variáveis - Palavras variáveis:
- podem flexionar em: - podem flexionar em:
- número, género, grau, - número, género, caso, grau,
pessoa, tempo e modo pessoa, tempo e modo
Flexão em caso: pronomes pessoais
- forma nominativa: eu, ele
- forma acusativa: -me, -o
- forma dativa: -me, -lhe
- forma oblíqua: mim
________________________ ______________________________ _____________________________
- Constituinte temático - Vogal temática - Índice temático (nomes e adjectivos)
- Vogal temática (verbos)
________________________ ______________________________ _____________________________
- Tempos e modos verbais - Tempos: presente, pretérito - Tempos: presente, pretérito (perfeito,
(perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito), imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro
futuro (e condicional)
- Modos: indicativo, conjuntivo, - Modos:
(condicional), imperativo e infinitivo - formas verbais finitas: indicativo,
conjuntivo, condicional e imperativo
- formas verbais não finitas: infinitivo
(pessoal e impessoal), gerúndio e particípio
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
9
10. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Morfologia: - Derivação (radical + um ou mais afixos): - Derivação
- Processos morfológicos de - prefixação Afixação:
formação de palavras - sufixação - prefixação
- parassíntese - sufixação
- derivação imprópria - parassíntese
- derivação regressiva (ex.: engordar)
Sem afixos:
- conversão
(ex.: olhar –V olhar - N)
- derivação não-afixal
(ex.:troc- > troca > troco)
- Composição (mais de um radical ou - Composição:
palavra): - morfológica
- justaposição (ex.: agricultura)
- aglutinação
- morfossintáctica
(ex.: surdo-mudo, homem-rã,
porta-voz, fim-de-semana)
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
10
11. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Parassíntese vs. Prefixação e sufixação
Adormecer vs. Infelizmente
• Palavras como “adormecer” são formadas por parassíntese
cf. *dormecer, *adormir
• Palavras como “infelizmente” são formadas por prefixação (a
partir de “felizmente”) ou sufixação (a partir de “infeliz”)
11
12. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Composição
A composição envolve muitos subprocessos.
Optou-se por fazer a distinção entre processos que envolvem junção de
palavras autónomas (composição morfossintáctica) e junção de
radicais (composição morfológica).
≠ composição por aglutinação, que incluía palavras que não são
compostos, palavras que envolvem junção de palavras, etc.
(9) Exemplos de compostos morfossintácticos: abre-latas; surdo-mudo.
(10)Exemplos de compostos morfológicos: agricultura; psicólogo.
Anexo
12
14. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Classes e subclasses 1. Substantivo ou Nome 1. Nome
de palavras - próprio e comum - próprio
- concreto e abstracto - comum:
- colectivo - contável/não contável
- colectivo
2. Adjectivo 2. Adjectivo
- qualificativo
(ex.: jovem muito gentil )
- numeral
(ex.: terceiro)
- relacional
(ex.: amor maternal )
3. Verbo 3. Verbos
- principal - principal
- transitivo (directo e indirecto) - transitivo directo
- intransitivo - transitivo indirecto
- copulativo - transitivo directo e indirecto
- auxiliar - transitivo-predicativo
- defectivo (pessoais, - intransitivo
unipessoais e impessoais) - copulativo
- auxiliar (dos tempos compostos, da
passiva, temporal,
aspectual, modal)
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
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15. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Activar níveis de informação conforme necessário, em função da actividade
que se desenvolve.
Nome
Cão
Reino = animal Nome
Classe = mamífero Comum
Ordem = carnívora Contável
Família = canídeo Não - colectivo
Género = canis masc., sing., etc.
Espécie = canis lupus familiaris
João Costa, Formação de formadores – Aveiro, 2008
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16. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Classes e subclasses 4. Advérbio 4. Advérbio
de palavras - tempo - advérbio de predicado
- lugar - advérbio de frase
- modo - conectivo
- intensidade ou quantidade - negação
- afirmação - afirmação
- negação - quantidade e grau
- dúvida - inclusão
- exclusão - exclusão
- inclusão - interrogativo
- designação - relativo
- interrogativos
5. Interjeição 5. Interjeição
6. Pronome (pessoal, possessivo, 6. Pronome (pessoal, possessivo,
demonstrativo, indefinido, relativo, demonstrativo, indefinido, relativo,
interrogativo) interrogativo)
(Cujo é um determinante relativo; Quanto é um
quantificador relativo)
7. Determinante 7. Determinante
- artigo (definido e indefinido) - artigo (definido e indefinido)
- possessivo - possessivo
- demonstrativo - demonstrativo
- indefinido - indefinido
- interrogativo - interrogativo
- relativo
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
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17. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Classes e subclasses 8. Numeral 8. Quantificador
de palavras - cardinal - numeral
- existencial
- multiplicativo
- universal
- fraccionário - relativo
- ordinal - interrogativo
9. Conjunção 9. Conjunção
- coordenativa - coordenativa
- copulativa - copulativa
- adversativa - adversativa
- disjuntiva - disjuntiva
- conclusiva - conclusiva
- explicativa - explicativa
- subordinativa - subordinativa
- integrante - completiva
- causal - causal
- final - final
- temporal - temporal
- concessiva - concessiva
- condicional - condicional
- comparativa - comparativa
- consecutiva - consecutiva
10. Preposição 10. Preposição
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
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18. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Sintaxe: Funções sintácticas ao nível da frase: Funções sintácticas ao nível da frase:
- Funções sintácticas
- Sujeito (simples, compostos, - Sujeito
subentendido, indeterminado, - simples
inexistente) - composto
- Predicado - nulo:
- Complemento circunstancial subentendido (ex.: Vamos! );
- Vocativo indeterminado (ex.: Dizem que vai
chover);
expletivo (ex.: Chove muito.)
- Predicado (inclui verbo, complementos e
modificadores de predicado)
- Modificador (de frase)
- Vocativo
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
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19. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Funções sintácticas
Sujeito
[Os meus primos] vivem em Santarém .
[Esse rapaz alto que tu conheces] estudou no Porto .
Chegaram [os soldados do exército do rei].
É verdade [que ele me mentiu].
É certo [que ele foi despedido].
Função sintáctica desempenhada pelo constituinte da frase que controla a
concordância verbal.
Grupos nominais e orações subordinadas substantivas podem desempenhar a
função sintáctica de sujeito.
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20. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Função sintáctica desempenhada pelo grupo verbal.
Predicado
Grupo verbal
Grupo de palavras cujo constituinte principal é um verbo e que funciona como uma
unidade sintáctica. Pode ser constituído:
• Por um verbo
(1) [Chove]. (2) A Teresa [caiu]
• Por um complexo verbal
(3) A Teresa [tinha espirrado].
• Por um verbo e predicativo do sujeito
O João [está doente].
• Por um verbo e seus complementos e/ou modificadores
A Eva [encontrou o João na praia]. O João [pôs os livros na estante].
O Rui [telefonou ao Miguel ontem]. A Teresa [está no Porto amanhã].
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21. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Sintaxe:
- Funções sintácticas Funções sintácticas internas ao grupo Funções sintácticas internas ao grupo verbal:
verbal:
- Complemento directo - Complemento directo
- Complemento indirecto - Complemento indirecto
- (Complemento circunstancial) - Complemento oblíquo
- Complemento agente da passiva - Complemento agente da passiva
- Predicativo do sujeito - Predicativo do sujeito
- Predicativo do complemento directo - Predicativo do complemento directo
- (Complemento circunstancial) - Modificador (de predicado)
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
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22. FUNÇÕES SINTÁCTICAS INTERNAS AO GRUPO VERBAL
Directo
função
Complemento
Indirecto
Predicado
Oblíquo
Agente da
GV passiva
forma do
Predicativo
sujeito
do
complemento
directo
Modificador
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23. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Complemento seleccionado pelo verbo, que pode ter uma das seguintes
formas:
- grupo nominal substituível por um pronome pessoal acusativo ("o", "a", "os"
ou "as");
- oração subordinada substantiva substituível pelo pronome demonstrativo
átono "o".
Complementos directos nominais: COMPLEMENTO
(i) O João comeu [o bolo].
O João comeu-[o]. directo
(ii) A Margarida perdeu [a mala que a mãe lhe deu].
A Margarida perdeu-[a].
Complementos directos oracionais:
(iii) A Margarida disse [que o João comeu o bolo].
A Margarida disse-[o].
(iv) A Margarida também perguntou [se a tua mãe está melhor].
A Margarida também [o] perguntou.
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24. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Complemento seleccionado pelo verbo, que tem a forma de grupo
preposicional e pode ser substituído pelo pronome pessoal na sua forma dativa
("lhe" / "lhes") (i-iii).
(i) O Pedro deu uma prenda [aos pais].
O Pedro deu-[lhes] uma prenda.
(ii) O Pedro telefonou [ao médico de que lhe falei].
O Pedro telefonou-[lhe].
(iii) O Pedro telefonou [ao médico amigo da minha mãe].
O Pedro telefonou-[lhe].
COMPLEMENTO
indirecto
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25. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Complemento seleccionado pelo verbo que pode ter uma das seguintes
formas:
grupo preposicional não substituível por pronome pessoal na forma dativa
(lhe /lhes), grupo adverbial , a coordenação de qualquer uma destas formas.
(1) O João foi [a Lisboa]. / * O João foi-lhe.
(2) A Francisca gosta [de bolos]. / * A Francisca gosta-lhe.
(3) O Pedro mora [aqui].
COMPLEMENTO
oblíquo
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26. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
O Rui continua [no hospital].
O Raul permanece [no quarto].
A prova final é [amanhã].
O João está [com o pai] em Lisboa]. PREDICATIVO
O João ficou [ em Lisboa] com o pai].
Sujeito
Função sintáctica desempenhada pelo
constituinte que ocorre em frases com verbos
copulativos, que predica algo acerca do
sujeito.
26
27. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Verbos transitivos predicativos: achar, chamar, considerar, julgar, tratar,
eleger, nomear...
(ii) (a) O João considera a Maria [uma óptima professora].
(b) João considera que a Maria é uma óptima professora.
(iii) O João acha a Maria [bonita].
(iv) O João acha esse filme [sem interesse nenhum].
PREDICATIVO
Complemento directo
Função sintáctica desempenhada pelo constituinte
seleccionado por um verbo transitivo predicativo
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28. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Funções sintácticas
Qual o “problema” dos complementos circunstanciais?
- Mau termo, porque trata da mesma forma funções diferentes:
(1) O João trabalha em Lisboa. / O João trabalha.
(2) O João mora em Lisboa. / *O João mora.
- Mau termo, porque não se rege por critérios estáveis:
(3) Cheguei de Santiago.
(4) O caminho de Santiago é comprido.
- Mau termo, porque gera problemas de análise para muitos casos:
(5) Gosto de bolos.
João Costa, Formação de formadores DGIDC – Aveiro, 2008
28
29. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Funções sintácticas
• Distinção entre complemento e modificador permite distinguir os
constituintes seleccionados por uma palavra dos que são acessórios.
• Pode, assim, ensinar-se diferenças mínimas com repercussão, por
exemplo, na pontuação:
(1) O Pedro falou de uma forma geométrica aos alunos.
(2) O Pedro falou, de uma forma agradável, aos alunos.
• Pode ainda verificar-se que um mesmo valor semântico pode ser
veiculado por diferentes funções sintácticas:
(3) Fico em Lisboa.
(4) Moro em Lisboa.
(5) Comprei um livro em Lisboa.
(6) Lisboa é onde eu moro.
João Costa, Formação de formadores DGIDC – Aveiro, 2008
29
30. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Funções sintácticas: qual a diferença?
• Complemento oblíquo vs. modificador
(1) O João partiu de Nova Iorque. / *O João partiu.
(2) O João chegou de Nova Iorque. / O João chegou.
João Costa, Formação de formadores DGIDC – Aveiro, 2008
30
31. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Sintaxe: Funções internas ao grupo nominal: Funções internas ao grupo nominal:
- Funções sintácticas
- Complemento determinativo - Complemento do nome
(ex.: A construção do edifício parece difícil.)
- Atributo - Modificador do nome restritivo
(ex.: Adoro flores frescas e coloridas.)
- Aposto
- Modificador do nome apositivo
(ex.: D. Afonso II, o gordo, tem um novo
monumento.)
Funções internas ao grupo adjectival:
- Complemento do adjectivo
(ex.: O João está contente com a situação.)
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
31
32. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Funções sintácticas
• Complementos vs. modificadores do nome
(1) A construção da casa foi rápida.
(2) Comprei um livro com ilustrações.
• Modificador do nome apositivo vs. modificador do nome restritivo
(3) D. Dinis, o lavrador, foi um poeta.
(4) Os golfinhos, que são animais muito inteligentes, são mamíferos.
(5) A rapariga loura entrou na sala.
(6) Os golfinhos que habitam no Sado têm de ser protegidos.
João Costa, Formação de formadores DGIDC – Aveiro, 2008
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33. A tradição gramatical e o Dicionário Terminológico
Subdomínios Tradição gramatical DT
Sintaxe: Coordenação entre frases: Coordenação entre frases:
- Articulação entre - Oração coordenada - Oração coordenada
constituintes e entre frases - copulativa - copulativa
- disjuntiva - disjuntiva
- adversativa - adversativa
- conclusiva - conclusiva
- explicativa - explicativa
Subordinação: Subordinação:
- Subordinante - Subordinante
- Oração subordinada - Oração subordinada
- substantiva - substantiva
- completiva ou integrante - completiva
- completiva int. indirecta
- relativa - relativa
- adjectiva relativa - adjectiva relativa
- restritiva - restritiva
- explicativa - explicativa
- adverbial - adverbial
- causal - causal
- final - final
- temporal - temporal
- concessiva - concessiva
- comparativa - comparativa
- consecutiva - consecutiva
- condicional - condicional
Adaptado do trabalho de Joaquim Cracel e João José Silva, EB 2,3 de Lamaçães -Braga
33
34. O que muda com o DT ?
Alguns domínios e subdomínios de aspectos inovadores com
implicações didácticas produtivas
B.1. Fonética e Fonologia
B.6. Semântica
C.
Análise do discurso, Retórica, Pragmática e Linguística textual
34
35. Alguns domínios e subdomínios de aspectos inovadores com
implicações didácticas produtivas
B.1. Fonética e Fonologia
B.1.1. Sons e fonemas
Vogal
Semivogal
Consoante
B.1.1.2. Sequências de sons
Ditongo
Grupo consonântico
Hiato
B.1.2. Prosódia/Nível prosódico
B.1.2.2. Sílaba
(vd anexo)
35
36. Alguns domínios e subdomínios de aspectos inovadores com
implicações didácticas produtivas
B.6. Semântica
B.6.2. Valor temporal
Tempo
B.6.3. Valor aspectual
Aspecto
B.6.4. Valor modal
Modalidade
36
37. Alguns domínios e subdomínios de aspectos inovadores
com implicações didácticas produtivas
C. Análise do discurso, Retórica, Pragmática e Linguística textual
C.1.1. Comunicação e interacção discursivas
(…)
Enunciação. Enunciado. Enunciador. Deixis. Universo de discurso
(…)
C.1.1.1. Princípios reguladores da interacção discursiva
Cooperação (princípio de)
Cortesia (princípio de)
Pertinência (princípio de)
Máximas conversacionais
Formas de tratamento
C.1.2. Texto
(…)
Coesão textual. Coerência textual. Anáfora.
(…)
37
38. Transposição didáctica de termos e
conceitos
Categoria gramatical Tempo
Flexão verbal
Verbos auxiliares
Grupos adverbiais ou preposicionais
Orações temporais
Ordem relativa entre orações
coordenadas copulativas
…
38
39. Transposição didáctica de termos e
conceitos
Valor temporal
A questão dos tempos verbais
No ensino tradicional, presente é tempo do agora, pretérito é tempo do
passado, futuro é tempo do futuro.
(1) Em 1974, dá-se o “25 de Abril”.
(2) No sábado, visito toda a cidade.
(3) Eu tenho dormido pouco.
(4) O João será idiota?
• Os tempos verbais são paradigmas de flexão que podem assumir
diferentes valores temporais, aspectuais e modais, em função do contexto em
que ocorrem.
• Há, portanto, alguma autonomia entre as formas e o valor que estas
podem veicular.
39
40. Transposição didáctica de termos e
conceitos
Aspecto
Categoria gramatical que exprime a estrutura temporal interna
de uma situação. O valor aspectual de um enunciado é
construído a partir de informação lexical e gramatical. A
categoria aspecto, apesar de se relacionar com a categoria
tempo, é independente desta.
Todas as situações expressas nas frases seguintes podem ser
localizadas temporalmente como anteriores ao momento em que
as frases são produzidas. No entanto, o seu valor aspectual é
distinto: em (i), sabe-se que a leitura do livro está acabada
(aspecto perfectivo); em (ii), não é dada informação sobre a
culminação da leitura do livro (aspecto imperfectivo); a situação
descrita em (iii) corresponde a um hábito (aspecto habitual):
(i) A Maria já leu o livro.
(ii) A Maria estava a ler o livro, quando a vi.
(iii) Quando era nova, a Maria lia muitos livros.
(vd anexo) 40
41. Transposição didáctica de termos e
conceitos
C.1.1. Comunicação e interacção discursivas
Deixis
Fenómeno de referenciação dependente e constitutiva de enunciação. Os deícticos
remetem verbalmente para referentes específicos do acto enunciativo. Ao contrário
dos signos com um conteúdo semântico-referencial estável e permanente, os
deícticos, de cada vez que são actualizados no discurso, referenciam de novo e
variavelmente, em função da situação de enunciação, única e irrepetível.
(…)
A rede de referenciação instituída pelos deícticos tem como ponto primordial de
cálculo o sujeito que fala, no momento em que fala. “Eu” é aquele que diz “eu” no
momento em que o diz. É esta a coordenada enunciativa que gera todas as outras.
“Tu” é aquele a quem o “eu” se dirige; “agora” é o momento em que o “eu” fala; “aqui”
é o espaço em que o “eu” fala; “ontem”, “hoje”, “amanhã” são formas adverbiais que
remetem para um tempo anterior, simultâneo ou posterior ao tempo em que o “eu”
fala. (…)
(cf. DT)
41