O documento discute a transformação da relação entre cidadãos e governo por meio da tecnologia digital. Propõe a criação de "Cidades Brilhantes" com uma plataforma proativa de serviços digitais integrados que melhore a experiência do cidadão de forma transparente e sustentável.
Cidades Brilhantes: Plataforma Proativa de Serviços Digitais
1. CIDADES BRILHANTES Setembro de 2016
Cidades
Brilhantes
A interação entre o cidadão
e sua cidade está sendo
transformada por uma nova
onda digital. A adoção deste
paradigma definirá os novos
campeões de produtividade,
bem-estar e cidadania
INSIGHT MEMORÁVEL
Introdução
A relação entre o cidadão e o poder
público é, em geral, pouco harmoniosa.
Sendo a comunicação entre estes muito
ineficiente, governantes não conseguem
perceber o que realmente importa para o
habitante, e o distanciamento se expressa
em políticas públicas desalinhadas e mal
comunicadas, fomentando o
desengajamento, desperdícios e
insatisfação. Como consequência, a
população retribuirá com perda de
produtividade, mal-estar social e baixos
índices de popularidade aos governantes.
Uma abordagem vanguardista e holística,
utilizando novos recursos tecnológicos e
melhores práticas de gestão, poderia
ajudar o governante a conhecer melhor as
demandas da população e a desenvolver
políticas de melhor impacto. Com
efetividade e transparência, pode-se
sonhar com a reversão virtuosa na relação
entre os cidadãos e a gestão pública.
O cidadão, por sua vez, tornando-se mais
participante, receberá melhores serviços
públicos e se sentirá respeitado. Dessa
forma, passaria a ter uma experiência
muito mais completa nos vários aspectos
da cidadania, baseada numa relação de
confiança entre as partes.
Mas como tornar viável esta reversão
virtuosa? Nesta análise oferecemos uma
contribuição inicial para o debate,
apontando caminhos para se construir
um novo patamar de experiência cidadã.
Boa Leitura!
O Cidadão Exigente
Os humanos são seres gregários, e, desde
os primórdios, habitam o planeta em
aglomerações. Das aldeias do passado
evoluíram lógicas que determinaram o
domínio da nossa espécie sobre a Terra.
As cidades surgiram, desde o princípio,
como centros de serviços, oferecendo aos
indivíduos condições mais favoráveis de
sobrevivência. A sua expansão demandou
evoluções das regras de convívio e das
disciplinas oferecidas, seja por entes
públicos, seja por privados, como saúde,
logística, abastecimento, educação,
segurança, e claro, informação.
Na evolução dos sistemas de informação,
há hoje um vácuo de maturidade. Trata-
se do tratamento das necessidades dos
cidadãos, a serem providas em um
ambiente extremamente distribuído de
computação móvel.
A atual geração de disrupções
digitais, se bem aplicada,
impulsionará uma nova relação
econômica, política e social
entre a cidade e seus habitantes
Lembrando de como foi estruturado esse
mecanismo na era dos Centros de
Processamento de Dados – CPD’s,
quando estes passaram a prover os
sistemas “online” via redes de acesso
remoto, havia um corolário: quem paga,
especifica e se apropria de grande parte
dos ganhos de produtividade decorrentes
dos novos sistemas.
Já na era dos PC’s, ocorreu a ruptura
desse corolário. Aparentemente,
organizações ignoraram que o “P”
significava “personal” e foram as pessoas,
ao invés das organizações, que se
apropriaram da maior parte dos ganhos
de produtividade.
Com o advento da economia digital e da
WEB, que resultaram, entre outras coisas,
na expansão do comércio eletrônico, as
organizações buscaram competências
para interpretar as necessidades dos
consumidores enquanto partícipes das
transações comerciais. Vários pontos de
comércio ou de prestação de serviços
migraram para vitrines digitais nos
desktops e laptops, ampliando a
conveniência do comprador. E, se os
ganhos de produtividade voltaram ser
novamente apropriados por quem
especificou e pagou pelos aplicativos,
também os compradores o fizeram.
Surgiu, assim, o cidadão exigente,
conhecedor dos mercados, consciente de
que dispõe, em seu smartphone por
exemplo, de grande capacidade
computacional e interativa, várias vezes
incompatível com os serviços que obtém.
Neste cenário, poucos são os exemplos
no setor público com capacidade de
resposta às novas necessidades dos
cidadãos. Salvo exceções, essa
incapacidade dos governos
repetidamente tornou o cidadão, além de
exigente, também indignado.
2. CIDADES BRILHANTES | SET-2016 www.memora.com.br
Não se trata mais de identificar quais
serviços públicos podem migrar dos
balcões para a WEB e para os dispositivos
móveis. A expectativa é maior que isso.
A utopia dos Serviços
Segundo o IBGE, em 1940 apenas 31%
dos brasileiros viviam nas cidades. Com o
advento industrial, esse percentual
aumentou gradativamente, e hoje mais
de 85% da população vive nas cidades.
Como esse processo se desenvolveu de
forma raramente planejada, muitas
cidades experimentaram diferentes
problemas urbanos, como: favelização;
violência; poluição; descaso com
resíduos; deficiência nos transportes; etc.
Recentemente, estudos de urbanismo
sustentável, apoiados pelos avanços da
tecnologia, criaram o conceito de “Smart
Cities”, ou cidades inteligentes, que na
definição da União Europeia consistem
em sistemas de pessoas interagindo e
usando energia, materiais, serviços e
financiamento para catalisar o
desenvolvimento econômico e a melhoria
da qualidade de vida. Hoje existem
diversas iniciativas no Brasil e no mundo
já colocando em prática esse conceito e
alcançando resultados promissores.
Nossa abordagem tem início neste
conceito, porém vai além. Propiciar que a
tecnologia seja instrumento de relação de
confiança e respeito ao cidadão, sempre
concatenada à consciência de
compartilhamento e sustentabilidade, e
ao fomento da prosperidade inclusiva, é o
que visamos. Em um planeta que hoje
regenera menos recursos que o consumo
de sua população, o bem-estar de todos
fica comprometido, e o compromisso de
mudança desta situação é urgente.
É preciso abrir os ouvidos para os
requisitos de como os serviços
públicos devem ser
transformados e prestados a
partir dos interesses dos
cidadãos, e não mais, apenas,
do aparato burocrático
Enquanto vemos, por exemplo,
aplicativos na área de transportes
revolucionarem a mobilidade urbana,
cresce nossa convicção rumo a novas
disrupções também em outros campos. É
com essa convicção, e com os atuais
recursos disponíveis, que propomos um
caminho de futuro mais ousado.
Proativamente Inteligente
Mais que cidades inteligentes, propomos
um valor agregado essencial ao conceito
vigente. Propomos uma plataforma
proativa de serviços digitais. Propomos a
cidade Brilhante!
Partindo da premissa de que o foco
principal são os serviços entregues, de
forma física ou digital, à sociedade,
estruturamos pilares de implementação
da plataforma das “Bright Cities”:
Integração
Sistemas e processos de governo devem
ser concebidos ou redesenhados com
capacidades natas para a integração
entre si e com outros serviços das demais
esferas de governo ou da sociedade,
respeitando a legislação vigente.
Interoperabilidade
Processos e informações devem ser
tratados de forma a permitir o seu reuso e
aproveitamento por parte das diversas
instâncias interessadas, eliminando
inconsistências ou retrabalho.
Exemplificando, evitar a necessidade de
repetidas interações entre indivíduos e o
governo em razão de procedimentos
sofrivelmente estanques em que o estado
demanda informações e comprovações
do cidadão que são já de conhecimento
do próprio poder público é algo que, hoje,
deve ser considerado inaceitável.
Governança
A adoção de critérios e processos
nativamente transparentes, auditáveis e
voltados a um claro propósito alinhado ao
interesse público estruturam uma relação
de confiança entre os agentes sociais
envolvidos, impulsionando comunicações
claras, e consequências positivas a todos.
Interação de Vanguarda
Concepções capazes do melhor
aproveitamento do estado-da-arte da
tecnologia e da gestão, voltados ao claro
benefício da sociedade, geram
diferenciais importantes. Com o advento
da Internet das Coisas (IoT), sua WEB 3.0,
tecnologias cognitivas, sensores e outras
inovações, tornam-se viáveis desafios até
então pertencentes à ficção científica.
Disponibilidade
Resultados dos processos devem estar
disponíveis aos cidadãos não de forma
reativa em resposta a demandas destes,
mas sim de forma proativa, como uma
“nuvem de conhecimento” que, em
tempo real, provê soluções e fontes de
informação a aplicações disponibilizadas
pelo governo, ou desenvolvidas por
empreendedores com base no acesso
conferido pelo e ao cidadão interessado.
Conclusão
A universalização da utilização das
plataformas urbanas proativas e suas
evoluções irão promover cada vez mais a
melhoria do bem-estar da população,
além da sua prosperidade. A consciência
coletiva ganha força, e os recursos
naturais sustentabilidade. O governante,
liderando este processo, utilizará os
recursos públicos de forma adequada, e
promoverá o engajamento de todos os
indivíduos, protagonizando uma
sociedade mais justa e mais preparada
para os desafios futuros.
Aos que almejam trilhar esses passos,
contem com o apoio da Memora nessa
empreita. Sigamos em frente!
Plataforma
Proativa de
Serviços Digitais