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BREVE HISTÓRICO DO EDUCANDÁRIO HUMBERTO DE CAMPOS
Fundada em 1966, quase 3 anos após a fundação da Cidade da Fraternidade,
Educandário Humberto de Campos, sob a denominação Escola Estadual Humberto de
Campos,
Somente em 1970 as primeiras salas de alvenaria foram construídas, assim
como a biblioteca e um pequeno auditório. A escola passou a chamar-se Educandário
Humberto de Campos (EHC) e passou a oferecer até a 8ª série. Os professores eram
formados através de projetos públicos de formação de professores como o Minerva
(formação EAD via rádio).
Em 1980 já haviam 100 crianças adotadas vivendo na comunidade e o EHC
tinha 300 estudantes. Já em 1998 foi criada a casa do Estudante em Brasília para que
os jovens do EHC terminassem seus estudos.
Em novembro de 2003, chegou à região o Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra – MST, com suas formas de luta, e instalou nas proximidades cerca de 300
famílias que viriam a formar o atual Projeto de Assentamento (PA) Silvio Rodrigues,
com 119 lotes de 20 a 30 hectares cada, em uma área de quase 4000 hectares. Assim,
o número de educandos e a demanda para abertura do Ensino Médio aumentaram
consideravelmente; sua autorização e reconhecimento foram regulamentados em
2010.
Em 2010 a OSCAL, enquanto mantenedora do EHC e por meio da Cidade da
Fraternidade, passou a ter compromisso junto ao INCRA de prestação de serviços
socioeducacionais ao PA Sílvio Rodrigues, de acordo com seus objetivos e
possibilidades.
Desde 2017, a partir do entendimento de que o conceito de desenvolvimento
sustentável depende da educação, a SEDUC (Secretaria de Estado de Educação e
Cultura de Goiás), fazendo-se representar pelo IPEARTES (Instituto de Pesquisa, Ensino
e Extensão em Arte e Educação e Tecnologias Sustentáveis) selecionou o Educandário
Humberto de Campos - em razão de sua origem, objetivos, histórico, localização e
infraestrutura - para sediar enquanto Unidade Escolar (UE) o projeto-piloto de uma
Comunidade Educadora Modelo, aprofundando significativamente a interação entre
escola e comunidade, em cumprimento ao 4º Objetivo de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da ONU, a saber, “Educação de Qualidade”.
PÚBLICO ALVO E LOCALIZAÇÃO
Localizada na zona rural do município de Alto Paraíso de Goiás e parte
indissociável da Cidade da Fraternidade, o EHC atende, sobretudo, educandos do PA
Sílvio Rodrigues, do PA Esusa, do Acampamento Dorcelina Folador, da comunidade dos
moradores da Balsa do Rio Tocantinzinho, Vãozinho e demais regiões circundantes.
Toda essa região contém sua estrutura hidrográfica inscrita na Bacia do Baixo
Tocantinzinho. Distante 36 km do núcleo urbano e a 230 km da Capital Federal -
Brasília, o acesso se dá no Km 140 da Rodovia GO-118.
Os diversos aspectos geográficos e sociológicos, bem como a biodiversidade
estão profundamente conectados com a realidade da Bacia Hidrográfica local e farão
parte dessa proposta pedagógica.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL / GESTÃO PARTICIPATIVA
A unidade escolar se organiza a partir de um modelo de gestão participativa na
forma de Conselho Gestor. São realizados também os Conselhos de Classe, Círculos
com Familiares, Círculos com Educadores e Círculos com Educandos. Nesses encontros,
mensais (com familiares) ou bimestrais (com o coletivo de educandos e o coletivo dos
educadores), desafios e soluções são apontados e as regras são construídas, visando a
prevenção de conflitos, sempre respeitando o Regimento Escolar e atentos aos valores
da escola.
As reuniões são semanais e as decisões são tomadas prioritariamente por
consenso. O Conselho Gestor será composto por: Direção Geral (1), Secretaria (1),
Coordenação Pedagógica (1), Coordenação de Administração (1), Coordenação de
Finanças (1), Gestão de Infraestrutura (1), Coordenação de Alimentação (1), Coletivo
de Educadores (2), Coletivo de Familiares ou Responsáveis Pelos Educandos (2),
Coordenação de Vínculos Comunitários (2).
Os Conselhos de Classe são realizados bimestralmente onde os educadores em
levantam os pontos fortes e os pontos a melhorar em cada turma e é feito um plano
de ação individual para os educandos com maiores demandas de desenvolvimento;
bimestralmente também é realizado os círculos com os educandos em que gestão e
coordenação pedagógica realizam uma ampla autoavaliação e avaliação da escola
junto com as turmas.
Os Círculos com Familiares é realizado mensalmente e tem como objetivo
refletir sobre os principais desafios da escola e conceber soluções juntos, além de ser
também um espaço de estudo do projeto pedagógico da escola.
Os Círculos com Educadores são realizados semestralmente para uma ampla
auto avaliação e avaliação dos dispositivos da escola, buscando manter um contínuo
processo de avaliação e transformação das práticas educativas em coerência com o
projeto político pedagógico.
ASPECTOS FILOSÓFICOS / VALORES
Todos os princípios filosóficos e valores aqui esposados deverão se desdobrar
em consequências pedagógicas e administrativas que comporão a estrutura do
cotidiano escolar na perspectiva de uma Comunidade Educadora, a ser detalhado no
Regimento Escolar, no Plano de Trabalho Anual e no planejamento das atividades
pedagógicas diárias. Os valores da escola escolhidos por educadores e educandos são:
Respeito, Responsabilidade, Honestidade, Afetividade, Solidariedade e Empatia.
1 - Objetivo Síntese: Evolução Integral do Ser Humano em Geral e do Educando em
Particular.
Acreditamos que aprendemos nas relações uns com os outros, de maneira que
a escola é um núcleo de uma rede de aprendizagem para todos, cujos esforços têm
como principais destinatários os educandos. É em torno deles e por eles que se
desdobram as múltiplas consequências de interesse geral, seja pela formação
continuada dos educadores na busca do aperfeiçoamento profissional, seja pela
intencionalidade pedagógica na formação de ambiente estimulante, acolhedor e
saudável resultante dos bons exemplos da comunidade educadora. Um espaço onde
se privilegia o diálogo e a relação com a vida, onde o olhar para cada um se dá de
maneira integral e contextualizada, percebendo que todo ser humano é um ser de
múltiplas possibilidades.
2 - Valorização dos Vínculos Familiares e Comunitários.
A escola deverá primar pela valorização dos vínculos familiares e comunitários,
cabendo-lhe desenvolver estratégias pedagógicas para a inclusão das famílias nos
processos decisórios, no compartilhamento de responsabilidades, na sua efetiva
integração à comunidade escolar, dispensando-lhes tratamento digno e fraterna
atenção, respeitando-lhes os valores e colocando-se como prestadora de serviço ao
bem da sua harmonização e promoção social.
3 - Primazia ao Desenvolvimento das Potencialidades do Educando.
No EHC, a Educação não será considerada em seu aspecto restrito para o aqui e
agora: convém sempre que transborde em seus objetivos e em seus métodos, em suas
concepções e em suas propostas. O educando naturalmente manifesta potencialidades
singulares a partir do entrelaçamento das dimensões socioafetiva, cognitivas,
biológicas, culturais, históricas e espirituais que constituem o funcionamento humano
integral. As situações de ensino-aprendizagem, organizadas responsável e
pedagogicamente, deverão promover as manifestações dessas potencialidades e
desenvolvê-las.
4 - O Afeto Pedagógico na Formação do Caráter do Educando.
Ansiosos por aprender e agir, por expandirem-se em energia e afetividade, a
criança e o adolescente necessitam de vínculo significativo com seus familiares, pares e
educadores, sendo este o principal desencadeador do engajamento na proposta
educacional. Assim, o afeto pedagógico não é invasivo, por isso é não-violento. Jamais
fere, humilha; ao contrário, respeita, convida, enternece, conquista. Mas, por outro
lado, é enérgico e forte, ativo e corajoso, jamais negligente ou permissivo, a fim de
conseguir mobilizar as vontades dormentes e lançá-las rumo às conquistas
verdadeiramente renovadoras.
A afetividade esclarecida, fundada no desejo real de evolução da criança e do
adolescente e no reconhecimento do estágio de desenvolvimento em que se
encontram é a postura basilar que evita a crítica ofensiva, a ajuda humilhante, a
orientação depreciativa e o descaso pela omissão.
Cabe à Educação o papel de nortear o educando esclarecendo e amparando a
construção do seu caráter, para que as escolhas sejam realmente conscientes e
libertadoras. A felicidade do educando não está na satisfação de seus caprichos, no
mimo às suas tendências negativas, mas na contribuição efetiva para a sua realização
integral.
5 - O Respeito e a Fraternidade na Base das Relações Humanas.
Todos as pessoas são semelhantes, detentoras dos mesmos direitos e deveres
perante a vida, com idêntica natureza espiritual, biológica e social; mas todos são
diferentes pela sua singularidade. Assim, o respeito, a fraternidade e a compreensão
devem pautar as relações humanas e será praticado de forma ampla para com todos,
independente da função que desempenhem, a fim de compreendermos que a
liberdade individual termina onde começa a liberdade do outro.
6 - Uma Educação para a Liberdade.
A escola enquanto ambiente formal de educação, buscará auxiliar na
integração desses elementos, valorizando-os e dialogando com eles sem, contudo,
sonegar aos educandos o conhecimento acadêmico que vieram buscar e que os
colocará em condições de realizar em sociedade seus sonhos e projetos, a salvo de
marginalizações e preconceitos.
No EHC, serão trabalhados e valorizados os vínculos de pertencimento familiar,
comunitário e cultural sem restringir os horizontes dos educandos. Habilitando-os a
alçar os voos que desejarem, a Educação é, sem sombra de dúvida, a única chance de
mobilidade social de que dispõem a criança e o jovem na sociedade desigual em que
vivemos.
7 - A Relação entre Educador e Educando.
As relações entre educador (aqui entendido também como o organizador do
espaço social educativo) e educando deverão pautar-se no respeito mútuo em clima
de fraternidade, observados os princípios naturais da boa educação e da cortesia,
evitando-se expressões de vulgaridade tanto no falar quanto no proceder.
Ambos, cada qual em seu papel e a seu modo, têm o compromisso de aprender
a ouvir e expressar-se de modo a ser bem compreendido, principalmente em casos de
divergência de entendimento.
O educador deve ser o agente de mobilização da vontade de evolução do
educando; aquele que, observando-o amorosa e atentamente, descobrirá como atingir
o seu âmago para tocar sua essência e deflagrar um processo de autoeducação.
Buscará caminhos e linguagens capazes de aproximá-lo de si, conquistando-lhe a
confiança pelo exemplo ético e pela busca e interesse incessante pelo conhecimento.
Para isso, deve ele mesmo estar em intenso processo de autoeducação e na posse de
uma afetividade poderosa, que contagie o educando, deixando-lhe marcas profundas.
Deverá ainda possuir, e não meramente aparentar, virtudes fundamentais como
justiça, integridade e generosidade, para poder impregnar crianças e adolescentes com
o seu exemplo e ser capaz de exercer sobre eles a autoridade moral, que jamais é
imposta ou coercitiva, mas reconhecida e respeitada espontaneamente.
A anuência à autoridade constituída deve passar pela adesão consciente e
espontânea a ser construída e conquistada; ao educador caberá, primeiro, assimilá-la
para si mesmo e deste modo legitimar sua capacidade de instruir e educar.
8 - Respeito às Liberdades Democráticas e ao Livre Pensamento.
No EHC será vivenciado o respeito às liberdades democráticas e ao livre pensar
político de todos os membros da comunidade escolar. Tais temáticas, ao serem
abordadas pedagogicamente, guardarão viés suprapartidário e se elevarão ao nível das
reflexões de profundidade científica e filosoficamente comparadas, a fim de que os
educandos possam empoderar-se de conceitos sólidos e amadurecer seus
posicionamentos pessoais de forma livre e consciente. Assim sendo, a UE não se
envolverá em nenhum nível nem se fará representar institucionalmente em eventos
públicos de caráter político no município ou fora dele; isto sem prejuízo à liberdade de
participação individual de educandos e funcionários em seu próprio nome, caso o
desejem e o façam por contra própria.
9 - O Cultivo da Espiritualidade
A vivência da Espiritualidade, em suas formas distintas e plenas de
subjetividade, não deve ser confundida com as religiões. Trata-se, enquanto
característica essencialmente humana, de uma busca do autoconhecimento, do
sentido maior para a existência, de uma compreensão da vida para além da
materialidade cotidiana, de uma conexão com a dimensão do sagrado. Buscar-se-á o
seu desenvolvimento através de propostas pedagógicas voltadas para o contemplar, o
sentir, o pensar, o refletir, o criar, em harmonia com a natureza circundante e a
natureza interior do indivíduo; e a conquista do respeito à diversidade de suas
expressões. No que concerne ao ensino religioso, este se orientará pelo estudo
comparado das religiões num pleito de respeito à diversidade de povos e culturas,
enfocando todas as formas de crer.
O verdadeiro ato pedagógico é um gesto que abre os caminhos do ser humano
para conhecer-se e transformar-se. Em última instância, o ato pedagógico é sempre
uma oferta, um convite, uma possibilidade que o educando tem a liberdade de aceitar
ou recusar, desde que esclarecido quanto às opções e consequências decorrentes de
suas escolhas, pelas quais responderá.
O maior mal a evitar é a estagnação, a apatia, o adormecimento da vontade.
COMUNIDADE EDUCADORA
A proposta pedagógica do Educandário Humberto de Campos, orientada pela
concepção de Comunidade Educadora, prevê a ampliação de possibilidades dos
espaços e tempos educativos e valorização dos saberes dos educandos, educadores,
funcionários e comunidade escolar, considerando a importância dos diversos saberes e
que a educação se dá na vida.
Pelo entendimento de que o processo educativo se dá durante todo o tempo
nas relações sociais e afetivas que se desenvolvem, e não de forma restrita ao período
de atividades acadêmicas, o EHC deseja ser o propulsor de experiências educativas
potencializadoras da consciência de que todos somos educadores e de que temos
corresponsabilidade na educação das crianças e jovens.
Sob esse aspecto, a vivência de valores e princípios éticos será observada e
estimulada a todo instante, tanto quanto o acolhimento e o cultivo da espiritualidade
em seu sentido pleno e universalista.
Se a aprendizagem se dá a partir das relações das pessoas umas com as outras,
faz-se imprescindível o diálogo da escola com seu contexto, fazendo-se um agente de
transformação do território onde se insere.
Algumas das ações para a consolidação dessa comunidade educadora são:
a) Mapear geograficamente potenciais educadores comunitários e suas habilidades na
região;
b) Conceber processo de interação com a comunidade para diagnóstico das demandas
que possam orientar projetos a serem desenvolvidos e aperfeiçoar outros em
andamento;
c) Proporcionar uma tomada de consciência da comunidade em torno de seus
problemas e também de suas riquezas materiais e imateriais;
d) Relacionar conteúdos curriculares com saberes locais, visualizando e aplicando
conhecimentos de maneira inter e transdisciplinar;
e) Incentivar e colaborar na elaboração de projetos educativos a partir dos conteúdos
curriculares, dos interesses dos estudantes e educadores e das necessidades da
comunidade;
f) Incentivar a concepção de canais de diálogo entre comunidade e escola, através de
ações como mutirões de trabalho coletivo e outros possíveis espaços de diálogo a
serem concebidos, de acordo com as demandas;
i) Incentivar a apropriação pela comunidade de resultados (materiais ou imateriais)
elaborados a partir dos projetos, de maneira que se tornem tecnologias para o
desenvolvimento local;
j) Estabelecer uma sistemática de avaliação anual do processo de implantação
permanente da comunidade educadora.
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS
1 - Educação Integral.
A Educação Integral compreende o desenvolvimento dos educandos em todas as
suas dimensões – intelectual, física, emocional, espiritual, social e cultural, de forma
compatível com os princípios filosóficos esposados neste documento. Constitui-se
como projeto coletivo, compartilhado por crianças, adolescentes, jovens, famílias,
educadores, gestores e comunidades que compõem o território abrangido pela Escola.
A educação ética é um dos aspectos essenciais; a busca permanente pelo
desenvolvimento de relações solidárias e afetivas entre os seres, torna o Educandário
Humberto de Campos um espaço de convivência, diálogos e co-construções e
oportuniza um balanceamento útil entre as diferentes potencialidades individuais. Na
prática da educação integral trabalha-se pelo aprimoramento das faculdades diversas
para que uma ampare a outra, formando indivíduos sadios e bem integrados, capazes
de moverem-se na existência com lucidez, produtividade e reflexão crítica,
contribuindo para a transformação social. Associadas à ética estão: a educação
cognitiva nas áreas da ciência, da filosofia, da lógica e da variedade de conhecimentos
possíveis de serem aplicados nas situações concretas de suas realidades; a educação
estética, que remete à descoberta da beleza nas manifestações da natureza e do ser;
os cuidados do corpo físico, um templo sagrado; a educação espiritual, pelo cultivo dos
sentimentos de conexão com o sagrado e pelo respeito à diversidade das
manifestações humanas e as práticas corporais
2 - Arte - Educação.
O ensino-aprendizagem na Arte Educação responde ao desafio de construir
uma sociedade mais democrática, visa práticas de justiça social e igualdade de direitos
culturais fortalecendo e desenvolvendo a sensibilidade, o senso de identidade cultural,
a imaginação criativa, a liberdade intelectual, a compreensão crítica e a expressão
individual em múltiplas linguagens.
Enquanto componente curricular, centra-se nas linguagens das Artes Visuais, da
Dança, da Música e do Teatro, linguagens que articulam saberes referentes a produtos
e fenômenos artísticos e envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir,
exteriorizar e refletir sobre formas artísticas. A sensibilidade, a intuição, o
pensamento, as emoções e as subjetividades se manifestam como formas de
expressão no processo de aprendizagem em Arte. Contribui, ainda, para a interação
crítica dos alunos com as complexidades do mundo, além de favorecer o respeito às
diferenças e o diálogo intercultural, importantes para o exercício da cidadania. Nesse
sentido, a prática artística deve possibilitar a troca de saberes entre os educandos por
meio de exposições, saraus, espetáculos, performances, concertos, recitais,
intervenções e outras apresentações e eventos artísticos e culturais, na escola ou em
outros locais.
Os conhecimentos acumulados ao longo do tempo em Artes Visuais, Dança,
Música e Teatro contribuem para a contextualização sócio-histórica dos saberes e das
práticas artísticas. A BNCC propõe que a abordagem das linguagens articule seis
dimensões do conhecimento que, de forma indissociável e simultânea, caracterizam a
singularidade da experiência artística: Criação (o fazer artístico); Crítica (a leitura sócio-
histórica de produções artísticas); Estesia (a percepção espacial e corporal); Expressão
(a exteriorização da subjetividade); Fruição (a capacidade de sensibilizar-se e apreciar
os modos artísticos); Reflexão (a capacidade de perceber, analisar e interpretar as
manifestações artísticas e culturais). Tais dimensões perpassam as múltiplas
linguagens artísticas e as aprendizagens dos alunos em cada contexto social e cultural.
Não se trata de eixos temáticos ou categorias, mas de linhas maleáveis que se
interpenetram, constituindo a especificidade da construção do conhecimento em Arte
na escola.
3 - O Brincar e a Ludicidade.
Tanto a brincadeira quanto a fantasia são atividades ligadas à arte, à alegria e à
paz. Não devem ser reprimidas e nem podem ser retiradas, pois são inerentes ao ser
humano e estão presentes em todo o seu processo de desenvolvimento no transcorrer
da existência. Pela ludicidade, a criança experimenta circunstâncias e papéis sociais
diversos, assimétricos, aprendendo a lidar com a vida, com o outro e consigo mesmo.
O brincar livre ou planejado, as brincadeiras geracionais, tradicionais,
espontâneas, a partir de materiais não estruturados ou com uso de brinquedos e
dirigidas, serão incentivados nos planejamentos pedagógicos para todas as idades.
4 - Pedagogia de Projetos.
A pedagogia de projetos, inspirada nos caminhos pedagógicos voltados para a
autonomia intelectual e compromisso social, cujo objetivo é construir experiências de
aprendizagem significativas desde o início do processo de escolarização, tem como
princípios:
a) Conquistar abertura para os conhecimentos e problemas que vão além do
currículo básico de ensino;
b) Construir práticas pedagógicas que potencializem a autonomia e a
responsabilidade social tanto nos educandos quanto nos demais agentes da
comunidade educadora;
c) Vivenciar a experiência positiva do encontro com o outro na diversidade,
aprendendo a mediar os conflitos de forma não violenta, com aporte da solidariedade
e da empatia;
d) Desenvolver no educando o senso de responsabilidade pelo seu
aprendizado, capacitando-o gradualmente a produzir conhecimentos significativos
para seu desenvolvimento individual e coletivo;
e) Fortalecer o papel do educador enquanto facilitador e problematizador das
relações do educando com o conhecimento, processo no qual também o educador
atua enquanto aprendiz;
f) Exercitar a escuta ativa, base para a construção de experiências significativas
de aprendizagem com os educandos, desenvolvendo atitudes investigativas que
potencializem a capacidade de aprender com as situações do mundo que os rodeia;
g) Estimular a utilização das tecnologias digitais de informação e comunicação
de forma crítica, significativa e ética para a pesquisa, comunicação e divulgação dos
projetos;
h) Valorizar o educador enquanto pesquisador reflexivo engajado no seu
processo de autoformação e formação coletiva com seu grupo de trabalho.
A pedagogia de projetos, assim entendida, aponta para uma nova maneira de
representar o conhecimento, baseada na aprendizagem da interpretação da realidade,
orientada para concepção das relações entre a vida dos educandos, educadores,
famílias e o conhecimento.
5 - Educação no Campo.
A educação do campo é um princípio pedagógico que está interligado à cultura,
tempos e ritmos dos habitantes do campo, em prol de uma sociedade justa que possa
ser construída por todos, nas quais os educandos, educadores e famílias tenham voz e
potência de articulação para o desenvolvimento de suas comunidades. Os saberes são
construídos em formas autônomas, familiares e comunitárias, ressaltando a
importância das trocas de experiências, a partir dos trabalhos com a agricultura e
ofícios que garantam a autossuficiência. Deve-se pensar na adequação do calendário
escolar às condições climáticas e ao ciclo agrícola, bem como à contextualização da
organização curricular e das metodologias de ensino às características e realidades da
vida dos povos do campo.

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  • 1. BREVE HISTÓRICO DO EDUCANDÁRIO HUMBERTO DE CAMPOS Fundada em 1966, quase 3 anos após a fundação da Cidade da Fraternidade, Educandário Humberto de Campos, sob a denominação Escola Estadual Humberto de Campos, Somente em 1970 as primeiras salas de alvenaria foram construídas, assim como a biblioteca e um pequeno auditório. A escola passou a chamar-se Educandário Humberto de Campos (EHC) e passou a oferecer até a 8ª série. Os professores eram formados através de projetos públicos de formação de professores como o Minerva (formação EAD via rádio). Em 1980 já haviam 100 crianças adotadas vivendo na comunidade e o EHC tinha 300 estudantes. Já em 1998 foi criada a casa do Estudante em Brasília para que os jovens do EHC terminassem seus estudos. Em novembro de 2003, chegou à região o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, com suas formas de luta, e instalou nas proximidades cerca de 300 famílias que viriam a formar o atual Projeto de Assentamento (PA) Silvio Rodrigues, com 119 lotes de 20 a 30 hectares cada, em uma área de quase 4000 hectares. Assim, o número de educandos e a demanda para abertura do Ensino Médio aumentaram consideravelmente; sua autorização e reconhecimento foram regulamentados em 2010. Em 2010 a OSCAL, enquanto mantenedora do EHC e por meio da Cidade da Fraternidade, passou a ter compromisso junto ao INCRA de prestação de serviços socioeducacionais ao PA Sílvio Rodrigues, de acordo com seus objetivos e possibilidades. Desde 2017, a partir do entendimento de que o conceito de desenvolvimento sustentável depende da educação, a SEDUC (Secretaria de Estado de Educação e Cultura de Goiás), fazendo-se representar pelo IPEARTES (Instituto de Pesquisa, Ensino e Extensão em Arte e Educação e Tecnologias Sustentáveis) selecionou o Educandário Humberto de Campos - em razão de sua origem, objetivos, histórico, localização e infraestrutura - para sediar enquanto Unidade Escolar (UE) o projeto-piloto de uma Comunidade Educadora Modelo, aprofundando significativamente a interação entre escola e comunidade, em cumprimento ao 4º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a saber, “Educação de Qualidade”. PÚBLICO ALVO E LOCALIZAÇÃO Localizada na zona rural do município de Alto Paraíso de Goiás e parte indissociável da Cidade da Fraternidade, o EHC atende, sobretudo, educandos do PA Sílvio Rodrigues, do PA Esusa, do Acampamento Dorcelina Folador, da comunidade dos moradores da Balsa do Rio Tocantinzinho, Vãozinho e demais regiões circundantes. Toda essa região contém sua estrutura hidrográfica inscrita na Bacia do Baixo Tocantinzinho. Distante 36 km do núcleo urbano e a 230 km da Capital Federal - Brasília, o acesso se dá no Km 140 da Rodovia GO-118. Os diversos aspectos geográficos e sociológicos, bem como a biodiversidade estão profundamente conectados com a realidade da Bacia Hidrográfica local e farão parte dessa proposta pedagógica.
  • 2. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL / GESTÃO PARTICIPATIVA A unidade escolar se organiza a partir de um modelo de gestão participativa na forma de Conselho Gestor. São realizados também os Conselhos de Classe, Círculos com Familiares, Círculos com Educadores e Círculos com Educandos. Nesses encontros, mensais (com familiares) ou bimestrais (com o coletivo de educandos e o coletivo dos educadores), desafios e soluções são apontados e as regras são construídas, visando a prevenção de conflitos, sempre respeitando o Regimento Escolar e atentos aos valores da escola. As reuniões são semanais e as decisões são tomadas prioritariamente por consenso. O Conselho Gestor será composto por: Direção Geral (1), Secretaria (1), Coordenação Pedagógica (1), Coordenação de Administração (1), Coordenação de Finanças (1), Gestão de Infraestrutura (1), Coordenação de Alimentação (1), Coletivo de Educadores (2), Coletivo de Familiares ou Responsáveis Pelos Educandos (2), Coordenação de Vínculos Comunitários (2). Os Conselhos de Classe são realizados bimestralmente onde os educadores em levantam os pontos fortes e os pontos a melhorar em cada turma e é feito um plano de ação individual para os educandos com maiores demandas de desenvolvimento; bimestralmente também é realizado os círculos com os educandos em que gestão e coordenação pedagógica realizam uma ampla autoavaliação e avaliação da escola junto com as turmas. Os Círculos com Familiares é realizado mensalmente e tem como objetivo refletir sobre os principais desafios da escola e conceber soluções juntos, além de ser também um espaço de estudo do projeto pedagógico da escola. Os Círculos com Educadores são realizados semestralmente para uma ampla auto avaliação e avaliação dos dispositivos da escola, buscando manter um contínuo processo de avaliação e transformação das práticas educativas em coerência com o projeto político pedagógico. ASPECTOS FILOSÓFICOS / VALORES Todos os princípios filosóficos e valores aqui esposados deverão se desdobrar em consequências pedagógicas e administrativas que comporão a estrutura do cotidiano escolar na perspectiva de uma Comunidade Educadora, a ser detalhado no Regimento Escolar, no Plano de Trabalho Anual e no planejamento das atividades pedagógicas diárias. Os valores da escola escolhidos por educadores e educandos são: Respeito, Responsabilidade, Honestidade, Afetividade, Solidariedade e Empatia.
  • 3. 1 - Objetivo Síntese: Evolução Integral do Ser Humano em Geral e do Educando em Particular. Acreditamos que aprendemos nas relações uns com os outros, de maneira que a escola é um núcleo de uma rede de aprendizagem para todos, cujos esforços têm como principais destinatários os educandos. É em torno deles e por eles que se desdobram as múltiplas consequências de interesse geral, seja pela formação continuada dos educadores na busca do aperfeiçoamento profissional, seja pela intencionalidade pedagógica na formação de ambiente estimulante, acolhedor e saudável resultante dos bons exemplos da comunidade educadora. Um espaço onde se privilegia o diálogo e a relação com a vida, onde o olhar para cada um se dá de maneira integral e contextualizada, percebendo que todo ser humano é um ser de múltiplas possibilidades. 2 - Valorização dos Vínculos Familiares e Comunitários. A escola deverá primar pela valorização dos vínculos familiares e comunitários, cabendo-lhe desenvolver estratégias pedagógicas para a inclusão das famílias nos processos decisórios, no compartilhamento de responsabilidades, na sua efetiva integração à comunidade escolar, dispensando-lhes tratamento digno e fraterna atenção, respeitando-lhes os valores e colocando-se como prestadora de serviço ao bem da sua harmonização e promoção social. 3 - Primazia ao Desenvolvimento das Potencialidades do Educando. No EHC, a Educação não será considerada em seu aspecto restrito para o aqui e agora: convém sempre que transborde em seus objetivos e em seus métodos, em suas concepções e em suas propostas. O educando naturalmente manifesta potencialidades singulares a partir do entrelaçamento das dimensões socioafetiva, cognitivas, biológicas, culturais, históricas e espirituais que constituem o funcionamento humano integral. As situações de ensino-aprendizagem, organizadas responsável e pedagogicamente, deverão promover as manifestações dessas potencialidades e desenvolvê-las. 4 - O Afeto Pedagógico na Formação do Caráter do Educando. Ansiosos por aprender e agir, por expandirem-se em energia e afetividade, a criança e o adolescente necessitam de vínculo significativo com seus familiares, pares e educadores, sendo este o principal desencadeador do engajamento na proposta educacional. Assim, o afeto pedagógico não é invasivo, por isso é não-violento. Jamais fere, humilha; ao contrário, respeita, convida, enternece, conquista. Mas, por outro lado, é enérgico e forte, ativo e corajoso, jamais negligente ou permissivo, a fim de conseguir mobilizar as vontades dormentes e lançá-las rumo às conquistas verdadeiramente renovadoras.
  • 4. A afetividade esclarecida, fundada no desejo real de evolução da criança e do adolescente e no reconhecimento do estágio de desenvolvimento em que se encontram é a postura basilar que evita a crítica ofensiva, a ajuda humilhante, a orientação depreciativa e o descaso pela omissão. Cabe à Educação o papel de nortear o educando esclarecendo e amparando a construção do seu caráter, para que as escolhas sejam realmente conscientes e libertadoras. A felicidade do educando não está na satisfação de seus caprichos, no mimo às suas tendências negativas, mas na contribuição efetiva para a sua realização integral. 5 - O Respeito e a Fraternidade na Base das Relações Humanas. Todos as pessoas são semelhantes, detentoras dos mesmos direitos e deveres perante a vida, com idêntica natureza espiritual, biológica e social; mas todos são diferentes pela sua singularidade. Assim, o respeito, a fraternidade e a compreensão devem pautar as relações humanas e será praticado de forma ampla para com todos, independente da função que desempenhem, a fim de compreendermos que a liberdade individual termina onde começa a liberdade do outro. 6 - Uma Educação para a Liberdade. A escola enquanto ambiente formal de educação, buscará auxiliar na integração desses elementos, valorizando-os e dialogando com eles sem, contudo, sonegar aos educandos o conhecimento acadêmico que vieram buscar e que os colocará em condições de realizar em sociedade seus sonhos e projetos, a salvo de marginalizações e preconceitos. No EHC, serão trabalhados e valorizados os vínculos de pertencimento familiar, comunitário e cultural sem restringir os horizontes dos educandos. Habilitando-os a alçar os voos que desejarem, a Educação é, sem sombra de dúvida, a única chance de mobilidade social de que dispõem a criança e o jovem na sociedade desigual em que vivemos. 7 - A Relação entre Educador e Educando. As relações entre educador (aqui entendido também como o organizador do espaço social educativo) e educando deverão pautar-se no respeito mútuo em clima de fraternidade, observados os princípios naturais da boa educação e da cortesia, evitando-se expressões de vulgaridade tanto no falar quanto no proceder. Ambos, cada qual em seu papel e a seu modo, têm o compromisso de aprender a ouvir e expressar-se de modo a ser bem compreendido, principalmente em casos de divergência de entendimento. O educador deve ser o agente de mobilização da vontade de evolução do educando; aquele que, observando-o amorosa e atentamente, descobrirá como atingir o seu âmago para tocar sua essência e deflagrar um processo de autoeducação. Buscará caminhos e linguagens capazes de aproximá-lo de si, conquistando-lhe a
  • 5. confiança pelo exemplo ético e pela busca e interesse incessante pelo conhecimento. Para isso, deve ele mesmo estar em intenso processo de autoeducação e na posse de uma afetividade poderosa, que contagie o educando, deixando-lhe marcas profundas. Deverá ainda possuir, e não meramente aparentar, virtudes fundamentais como justiça, integridade e generosidade, para poder impregnar crianças e adolescentes com o seu exemplo e ser capaz de exercer sobre eles a autoridade moral, que jamais é imposta ou coercitiva, mas reconhecida e respeitada espontaneamente. A anuência à autoridade constituída deve passar pela adesão consciente e espontânea a ser construída e conquistada; ao educador caberá, primeiro, assimilá-la para si mesmo e deste modo legitimar sua capacidade de instruir e educar. 8 - Respeito às Liberdades Democráticas e ao Livre Pensamento. No EHC será vivenciado o respeito às liberdades democráticas e ao livre pensar político de todos os membros da comunidade escolar. Tais temáticas, ao serem abordadas pedagogicamente, guardarão viés suprapartidário e se elevarão ao nível das reflexões de profundidade científica e filosoficamente comparadas, a fim de que os educandos possam empoderar-se de conceitos sólidos e amadurecer seus posicionamentos pessoais de forma livre e consciente. Assim sendo, a UE não se envolverá em nenhum nível nem se fará representar institucionalmente em eventos públicos de caráter político no município ou fora dele; isto sem prejuízo à liberdade de participação individual de educandos e funcionários em seu próprio nome, caso o desejem e o façam por contra própria. 9 - O Cultivo da Espiritualidade A vivência da Espiritualidade, em suas formas distintas e plenas de subjetividade, não deve ser confundida com as religiões. Trata-se, enquanto característica essencialmente humana, de uma busca do autoconhecimento, do sentido maior para a existência, de uma compreensão da vida para além da materialidade cotidiana, de uma conexão com a dimensão do sagrado. Buscar-se-á o seu desenvolvimento através de propostas pedagógicas voltadas para o contemplar, o sentir, o pensar, o refletir, o criar, em harmonia com a natureza circundante e a natureza interior do indivíduo; e a conquista do respeito à diversidade de suas expressões. No que concerne ao ensino religioso, este se orientará pelo estudo comparado das religiões num pleito de respeito à diversidade de povos e culturas, enfocando todas as formas de crer. O verdadeiro ato pedagógico é um gesto que abre os caminhos do ser humano para conhecer-se e transformar-se. Em última instância, o ato pedagógico é sempre uma oferta, um convite, uma possibilidade que o educando tem a liberdade de aceitar ou recusar, desde que esclarecido quanto às opções e consequências decorrentes de suas escolhas, pelas quais responderá. O maior mal a evitar é a estagnação, a apatia, o adormecimento da vontade.
  • 6. COMUNIDADE EDUCADORA A proposta pedagógica do Educandário Humberto de Campos, orientada pela concepção de Comunidade Educadora, prevê a ampliação de possibilidades dos espaços e tempos educativos e valorização dos saberes dos educandos, educadores, funcionários e comunidade escolar, considerando a importância dos diversos saberes e que a educação se dá na vida. Pelo entendimento de que o processo educativo se dá durante todo o tempo nas relações sociais e afetivas que se desenvolvem, e não de forma restrita ao período de atividades acadêmicas, o EHC deseja ser o propulsor de experiências educativas potencializadoras da consciência de que todos somos educadores e de que temos corresponsabilidade na educação das crianças e jovens. Sob esse aspecto, a vivência de valores e princípios éticos será observada e estimulada a todo instante, tanto quanto o acolhimento e o cultivo da espiritualidade em seu sentido pleno e universalista. Se a aprendizagem se dá a partir das relações das pessoas umas com as outras, faz-se imprescindível o diálogo da escola com seu contexto, fazendo-se um agente de transformação do território onde se insere. Algumas das ações para a consolidação dessa comunidade educadora são: a) Mapear geograficamente potenciais educadores comunitários e suas habilidades na região; b) Conceber processo de interação com a comunidade para diagnóstico das demandas que possam orientar projetos a serem desenvolvidos e aperfeiçoar outros em andamento; c) Proporcionar uma tomada de consciência da comunidade em torno de seus problemas e também de suas riquezas materiais e imateriais; d) Relacionar conteúdos curriculares com saberes locais, visualizando e aplicando conhecimentos de maneira inter e transdisciplinar; e) Incentivar e colaborar na elaboração de projetos educativos a partir dos conteúdos curriculares, dos interesses dos estudantes e educadores e das necessidades da comunidade; f) Incentivar a concepção de canais de diálogo entre comunidade e escola, através de ações como mutirões de trabalho coletivo e outros possíveis espaços de diálogo a serem concebidos, de acordo com as demandas; i) Incentivar a apropriação pela comunidade de resultados (materiais ou imateriais) elaborados a partir dos projetos, de maneira que se tornem tecnologias para o desenvolvimento local; j) Estabelecer uma sistemática de avaliação anual do processo de implantação permanente da comunidade educadora.
  • 7. PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS 1 - Educação Integral. A Educação Integral compreende o desenvolvimento dos educandos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, espiritual, social e cultural, de forma compatível com os princípios filosóficos esposados neste documento. Constitui-se como projeto coletivo, compartilhado por crianças, adolescentes, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades que compõem o território abrangido pela Escola. A educação ética é um dos aspectos essenciais; a busca permanente pelo desenvolvimento de relações solidárias e afetivas entre os seres, torna o Educandário Humberto de Campos um espaço de convivência, diálogos e co-construções e oportuniza um balanceamento útil entre as diferentes potencialidades individuais. Na prática da educação integral trabalha-se pelo aprimoramento das faculdades diversas para que uma ampare a outra, formando indivíduos sadios e bem integrados, capazes de moverem-se na existência com lucidez, produtividade e reflexão crítica, contribuindo para a transformação social. Associadas à ética estão: a educação cognitiva nas áreas da ciência, da filosofia, da lógica e da variedade de conhecimentos possíveis de serem aplicados nas situações concretas de suas realidades; a educação estética, que remete à descoberta da beleza nas manifestações da natureza e do ser; os cuidados do corpo físico, um templo sagrado; a educação espiritual, pelo cultivo dos sentimentos de conexão com o sagrado e pelo respeito à diversidade das manifestações humanas e as práticas corporais 2 - Arte - Educação. O ensino-aprendizagem na Arte Educação responde ao desafio de construir uma sociedade mais democrática, visa práticas de justiça social e igualdade de direitos culturais fortalecendo e desenvolvendo a sensibilidade, o senso de identidade cultural, a imaginação criativa, a liberdade intelectual, a compreensão crítica e a expressão individual em múltiplas linguagens. Enquanto componente curricular, centra-se nas linguagens das Artes Visuais, da Dança, da Música e do Teatro, linguagens que articulam saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos e envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas artísticas. A sensibilidade, a intuição, o pensamento, as emoções e as subjetividades se manifestam como formas de expressão no processo de aprendizagem em Arte. Contribui, ainda, para a interação crítica dos alunos com as complexidades do mundo, além de favorecer o respeito às diferenças e o diálogo intercultural, importantes para o exercício da cidadania. Nesse sentido, a prática artística deve possibilitar a troca de saberes entre os educandos por meio de exposições, saraus, espetáculos, performances, concertos, recitais, intervenções e outras apresentações e eventos artísticos e culturais, na escola ou em outros locais. Os conhecimentos acumulados ao longo do tempo em Artes Visuais, Dança, Música e Teatro contribuem para a contextualização sócio-histórica dos saberes e das práticas artísticas. A BNCC propõe que a abordagem das linguagens articule seis dimensões do conhecimento que, de forma indissociável e simultânea, caracterizam a
  • 8. singularidade da experiência artística: Criação (o fazer artístico); Crítica (a leitura sócio- histórica de produções artísticas); Estesia (a percepção espacial e corporal); Expressão (a exteriorização da subjetividade); Fruição (a capacidade de sensibilizar-se e apreciar os modos artísticos); Reflexão (a capacidade de perceber, analisar e interpretar as manifestações artísticas e culturais). Tais dimensões perpassam as múltiplas linguagens artísticas e as aprendizagens dos alunos em cada contexto social e cultural. Não se trata de eixos temáticos ou categorias, mas de linhas maleáveis que se interpenetram, constituindo a especificidade da construção do conhecimento em Arte na escola. 3 - O Brincar e a Ludicidade. Tanto a brincadeira quanto a fantasia são atividades ligadas à arte, à alegria e à paz. Não devem ser reprimidas e nem podem ser retiradas, pois são inerentes ao ser humano e estão presentes em todo o seu processo de desenvolvimento no transcorrer da existência. Pela ludicidade, a criança experimenta circunstâncias e papéis sociais diversos, assimétricos, aprendendo a lidar com a vida, com o outro e consigo mesmo. O brincar livre ou planejado, as brincadeiras geracionais, tradicionais, espontâneas, a partir de materiais não estruturados ou com uso de brinquedos e dirigidas, serão incentivados nos planejamentos pedagógicos para todas as idades. 4 - Pedagogia de Projetos. A pedagogia de projetos, inspirada nos caminhos pedagógicos voltados para a autonomia intelectual e compromisso social, cujo objetivo é construir experiências de aprendizagem significativas desde o início do processo de escolarização, tem como princípios: a) Conquistar abertura para os conhecimentos e problemas que vão além do currículo básico de ensino; b) Construir práticas pedagógicas que potencializem a autonomia e a responsabilidade social tanto nos educandos quanto nos demais agentes da comunidade educadora; c) Vivenciar a experiência positiva do encontro com o outro na diversidade, aprendendo a mediar os conflitos de forma não violenta, com aporte da solidariedade e da empatia; d) Desenvolver no educando o senso de responsabilidade pelo seu aprendizado, capacitando-o gradualmente a produzir conhecimentos significativos para seu desenvolvimento individual e coletivo; e) Fortalecer o papel do educador enquanto facilitador e problematizador das relações do educando com o conhecimento, processo no qual também o educador atua enquanto aprendiz; f) Exercitar a escuta ativa, base para a construção de experiências significativas de aprendizagem com os educandos, desenvolvendo atitudes investigativas que potencializem a capacidade de aprender com as situações do mundo que os rodeia;
  • 9. g) Estimular a utilização das tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa e ética para a pesquisa, comunicação e divulgação dos projetos; h) Valorizar o educador enquanto pesquisador reflexivo engajado no seu processo de autoformação e formação coletiva com seu grupo de trabalho. A pedagogia de projetos, assim entendida, aponta para uma nova maneira de representar o conhecimento, baseada na aprendizagem da interpretação da realidade, orientada para concepção das relações entre a vida dos educandos, educadores, famílias e o conhecimento. 5 - Educação no Campo. A educação do campo é um princípio pedagógico que está interligado à cultura, tempos e ritmos dos habitantes do campo, em prol de uma sociedade justa que possa ser construída por todos, nas quais os educandos, educadores e famílias tenham voz e potência de articulação para o desenvolvimento de suas comunidades. Os saberes são construídos em formas autônomas, familiares e comunitárias, ressaltando a importância das trocas de experiências, a partir dos trabalhos com a agricultura e ofícios que garantam a autossuficiência. Deve-se pensar na adequação do calendário escolar às condições climáticas e ao ciclo agrícola, bem como à contextualização da organização curricular e das metodologias de ensino às características e realidades da vida dos povos do campo.