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                              Aponta contra
                             os chapadões...

                                 E  sta aula é dedicada ao estudo das regiões
Sul e Centro-Oeste que formam o cinturão agrário-industrial mais integrado
      Centro-Oeste,
ao centro econômico do país.
    As condições naturais, o processo de povoamento e a proximidade dessas
regiões ao núcleo original da industrialização permitiram que nelas se consoli-
dassem atividades complementares à indústria, o que facilitou a sua integração
ao ritmo de desenvolvimento do Sudeste .




    Chico recebeu uma missão de um vizinho, que o procurou logo que soube
que o caminhoneiro iria transportar uma carga de feijão para Brasília.
    - Será que você podia levar uma encomenda para meu irmão que mora em
Planaltina, perto de Brasília? - perguntou Carlos, vizinho da casa ao lado.
    - Não tem nenhum problema - respondeu Chico. - Só pego a estrada
depois de amanhã, dá tempo de você embalar bem a sua encomenda.
    - Não é nada especial - respondeu Carlos. - É um vaporizador para meu
sobrinho, que está sofrendo os diabos com a secura de Brasília neste inverno. Dá
pena ver o menino com tanta dificuldade para respirar.
    - É - disse Chico. - O clima do Planalto Central é muito seco no inverno.
Todo mundo em Brasília sofre com isto. Até eu, quando estive lá da última vez,
sofri um bocado com a secura dos chapadões.




     As condições climáticas nos ajudam a começar a entender as diferenças entre
as regiões brasileiras, embora essas regiões, muitas vezes, sejam integradas pelo
desenvolvimento econômico em um espaço comum.

    Nesta aula, vamos compreender como as diferenças naturais entre as regiões
Sul e Centro-Oeste foram se reduzindo por meio da integração com o coração
urbano-industrial do Brasil
A U L A       A região Sul


27            O clima da região Sul é subtropical. No inverno, por sua localização, a
          região fica sob a influência da massa polar, o que provoca temperaturas mais
          baixas que as do resto do país. Nesse período do ano, são comuns as tempera-
          turas abaixo de zero.




                                           Mata de araucária
              A vegetação também é influenciada pelas condições do clima. A maior área
          do Planalto Meridional era ocupada, originalmente, pela mata de araucária, que
          é uma floresta aberta, isto é, menos densa que a floresta tropical.
              A mata de araucária tem sido devastada pela ação do homem: seja para
          aproveitar a madeira para usos industriais , seja para ampliar as áreas de cultivo
          e de ocupação urbana. Hoje, no Paraná, apenas 4% da área original da mata de
          araucária estão preservados. E, como a araucária demora de 40 a 50 anos para
          chegar ao tamanho adulto, poucos proprietários se animam a refazer a mata
          original.
              Outro tipo de vegetação característica da região Sul são os campos limpos.
          Eles são encontrados na campanha gaúcha e, em alguns trechos do planalto, no
                           araucária.
          meio da mata de araucária
              Os campos limpos sempre ocupam áreas de relevo plano. São formados por
          uma vegetação rasteira, contínua - e, como o seu nome indica, sem arbustos ou
          árvores.




                                          Campanha gaúcha

              O relevo da região Sul também mostra duas formas distintas: um extenso
          planalto, que ocupa a maior parte da região, e uma estreita planície litorânea.
          Entre o planalto e a planície está a Serra do Mar.
O planalto vai se inclinando suavemente para o interior, em direção ao rio      A U L A
Paraná. Os afluentes do rio Paraná correm segundo essa inclinação; a ação de
erosão de tais afluentes originou um relevo em que se sucedem extensas
superfícies planas limitadas por escarpas, formadas por derramamentos de lava       27
vulcânica.
    A agricultura é a atividade mais importante da região Sul. Ela é responsável
por boa parte da produção agrícola brasileira. O traço característico dessa
agricultura ainda é a propriedade familiar de tamanho médio, na qual o trabalho
é realizado pela própria família.
    Existem algumas áreas agrícolas muito especiais, nas quais predomina a
média propriedade familiar: a “serra” gaúcha, com seus vinhedos, o noroeste
do Rio Grande, com grandes áreas cultivadas com trigo e soja, e o oeste de
Santa Catarina, onde a produção de milho está associada à criação de aves ou
de porcos.
    A modernização que se processa desde 1960 promove grandes transforma-
ções nas condições dessa agricultura. Os médios proprietários se vêem obriga-
dos a consumir cada vez mais os produtos industrializados - máquinas, fertili-
zantes, sementes.
    Nem sempre os resultados são compensadores. Muitos desses proprietários
não têm como pagar os empréstimos bancários que fizeram para pagar os
produtos industrializados.
    Já as grandes empresas têm condições mais estáveis e, por isso, recebem
maior apoio governamental. Elas têm como função exportar, obtendo divisas
com essas exportações. A produção das grandes empresas é cada vez mais
especializada.

    No oeste de Santa Catarina, as grandes empresas industriais, como a Sadia
e a Perdigão, estão articuladas com as médias propriedades, que produzem as
matéria-prima que elas irão processar.
    O mesmo acontece em Santa Cruz do Sul, onde os médios proprietários
produtores de fumo estão ligados às grandes empresas industriais produtoras
de cigarros.

     Na Campanha Gaúcha, além das grandes propriedades que se dedicam à
pecuária de corte, desenvolveu-se uma importante área agrícola irrigada, volta-
da para a produção de arroz para o mercado interno.
     Os imigrantes também participaram do desenvolvimento industrial. Como
muitos deles já conheciam as técnicas de produção desenvolvidas nos países de
onde saíram, em pouco tempo a indústria tornou-se uma atividade importante
nas áreas em que eles se fixaram.
     As pequenas fábricas, que transformam os produtos agrícolas ou produzem
as ferramentas ou objetos de que os agricultores precisam, têm mercado certo na
própria região. Os pequenos estabelecimentos prosperam, e muitos deles trans-
formaram-se em grandes fábricas.

    A distribuição das indústrias na região Sul mostra que, nas áreas onde a
colonização européia teve maior influência - por exemplo, a “serra” do Rio
Grande do Sul e o vale do Itajaí, em Santa Catarina -, encontramos hoje uma
produção industrial importante.
    Caxias do Sul, Joinville e Blumenau têm uma produção industrial muito
diversificada. As indústrias têxtil, metalúrgica, mecânica, cerâmica e de bebidas
são as mais importantes.
A U L A       Outras atividades industriais estão diretamente ligadas às matérias-primas
          que a região produz. É o caso da indústria de papel, no Paraná, que aproveita a

27        celulose da madeira, e das indústrias de produção de óleos alimentícios, que
          beneficiam a soja ou o algodão. É o caso, também, da indústria de carnes e
          derivados.
              As duas maiores concentrações industriais da região localizam-se em Porto
          Alegre e Curitiba. As duas metrópoles regionais oferecem numerosas vantagens
          para a localização de indústrias: amplo mercado consumidor, mão-de-obra
          qualificada e facilidade de comunicação com a regiões sobre as quais atuam. Por
          isso, conseguiram atrair importantes investimentos para o setor industrial.

              O Mercosul - que é o Mercado Comum do Sul formado pelo Brasil, Argen-
          tina, Uruguai e Paraguai - abre para a região Sul possibilidades de integração
          muito grandes. O acesso aos mercados dos países-membros é uma vantagem
          considerável para o setor industrial da região Sul.


              A região Centro-Oeste

              A região Centro-Oeste, que também vamos estudar nesta aula, é formada
          pelos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, bem como pelo
          Distrito Federal, onde está Brasília.
              A valorização econômica do Centro-Oeste é recente. Suas condições naturais
          favoráveis, associadas à expansão econômica do país nessa direção, fizeram da
          região uma importante área agrícola.
              Chico vem acompanhando as mudanças na região Centro-Oeste. As primei-
          ras viagens que fez para a região, na década de 60, foram muito difíceis.
              As estradas ainda eram de terra, e em longos trechos não se via viva alma.
          Um enguiço ou outra dificuldade qualquer eram sempre um grande transtorno.
          Era preciso esperar a passagem de um companheiro que pudesse ajudar. Muitas
          vezes, a demora era grande.
              As viagens para o Centro-Oeste, assim, transformavam-se em verdadeiras
          aventuras. Hoje, as principais rodovias estão asfaltadas; outras foram abertas.
          O tráfego é bem mais intenso. Cidades cresceram. Outras surgiram. As extensas
          áreas de cerrado - a vegetação original predominante em grande parte da região
          - que Chico atravessava em suas primeiras viagens foram transformadas em
          extensas e modernas áreas agrícolas. Formam, por exemplo, verdadeiros “ma-
          res” de soja e milho, que se perdem no horizonte das terras planas.
              Chico se sente um “pioneiro”, responsável pelas mudanças da região.
          Ele não se fixou na área, mas sabe que ajudou muito aqueles que o fizeram.
              Chico reconhece que o marco inicial dessas transformações foi a transfe-
          rência da capital do país para o Planalto Central. Quantas mercadorias ele
          carregou para Brasília, que naquela época ficava numa área praticamente
          vazia... Do mesmo modo que os bandeirantes do século XVIII, os caminhonei-
          ros foram responsáveis pela integração de grandes áreas do Centro-Oeste ao
          restante do país.
              O relevo da região Centro-Oeste é marcado pela presença de uma imensa
          superfície plana, genericamente chamada de Planalto Central, mas que engloba
          diferentes núcleos e formas diferenciadas de relevo.
              Entre essas formas de relevo, a que chama mais atenção é a das chapadas
                                                                               chapadas.
          Em Mato Grosso e em Rondônia, elas atuam como divisores d´água entre os rios
          que correm para a Bacia Amazônica e os afluentes do rio Paraguai.
O rio Paraguai desce de áreas mais altas para uma grande depressão do             A U L A
relevo, onde passa a correr vagarosamente. Nela, durante a estação chuvosa do
verão, as águas do rio Paraguai e de seus afluentes que não conseguem ser
escoadas inundam grandes trechos. São as cheias periódicas da região do               27
Pantanal matogrossense.
    A maior parte da região Centro-Oeste é marcada pelo clima tropical e pela
vegetação do cerrado. Essa vegetação apresenta árvores de pequeno porte,
distantes uma das outras, com troncos retorcidos, folhas largas e raízes profun-
das que, durante a estação seca, atingem o lençol d´água. Entre as árvores, uma
vegetação baixa recobre o solo.
    Durante o período sem chuvas, essa vegetação fica completamente ressecada.
Aproveitando o ressecamento da vegetação, muitos produtores ainda praticam
a queimada, no final da estação seca, para preparar a área para o cultivo ou
acelerar a brotação das pastagens para a criação de gado.




                                  Campo cerrado

    À medida que nos aproximamos da região Norte, o clima se torna mais
quente e a estação seca é cada vez mais curta. O cerrado vai dando lugar à floresta
equatorial.
    A ocupação da região permaneceu rarefeita até a primeira metade do século
XX, quando a expansão da agricultura do Sudeste “descobriu” as áreas férteis do
sul de Goiás e do sul de Mato Grosso. Nessas duas áreas desenvolveu-se uma
agricultura de elevado nível técnico, cuja produção era destinada aos mercados
do Sudeste.
    Mas foi a construção de Brasília, na segunda metade década de 1950, que
acelerou a ocupação recente do Centro-Oeste. A transferência da capital exigia
que a região estivesse integrada de modo mais eficiente às demais regões do país.
    Na década de 1980, as mudanças político-administrativas que se realizaram
na região refletem os processos de ocupação muito diferentes entre os Estados
de Goiás e de Mato Grosso do Sul: na realidade, ambos são a continuação da
economia do Sudeste. Tocantins e Mato Grosso estão mais ligados à Amazônia.
    A agricultura é a principal atividade econômica do Centro-Oeste. As condi-
ções de clima e solo, associadas ao relevo muito plano, permitiram o uso de
técnicas de cultivo modernas e de tratores e equipamentos agrícolas no aprovei-
tamento da terra.
A U L A        As grandes propriedades que se instalaram na região cultivam cereais
          (milho, arroz e, mais recentemente, trigo) e oleaginosas (amendoim e, principal-

27        mente, soja).
               As modernas propriedades agrícolas investem capital na seleção de semen-
          tes, nas técnicas de irrigação e na aplicação de fertilizantes para aumentar sua
          produção.
               O aumento da produção agrícola no Centro-Oeste tem sido significativo. Ele
          acontece devido ao aumento do rendimento por hectare das áreas já em utiliza-
          ção, e à produção das áreas de colonização mais recentes, que vão se instalando
          ao longo dos novos eixos rodoviários, principalmente no Mato Grosso.
               A modernização que transformou a agricultura também aconteceu na
          pecuária de corte. As grandes fazendas de criação de gado passaram a adotar
          técnicas modernas: a inseminação artificial, que permite melhorar a qualidade
          do rebanho, as vacinas, que evitam a aftosa e a brucelose, e a melhoria das
          pastagens, com o plantio de espécies mais resistentes e que forneçam mais
          alimento para o gado.
               Além dos campos do planalto, outra área importante de pecuária é o
          Pantanal. Após as cheias do período das chuvas, sucede uma longa estiagem, e
          os campos do Pantanal se transformam em excelentes pastagens. A criação se
          processa em grandes propriedades, e o rebanho é encaminhado para “as
          invernadas”, isto é, os locais destinados à engorda do gado, próximos aos
          frigoríficos. Barretos e Presidente Prudente, em São Paulo, são os principais
          destinos do rebanho do Centro-Oeste.
               A riqueza produzida pela agricultura e pela pecuária estimulou o cresci-
          mento das cidades. Você já sabe que as cidades mais importantes do Centro-
          Oeste estão em Goiás e no Mato Grosso do Sul. Goiânia e Campo Grande, as
          capitais estaduais, além da função político-administrativa, exercem outras
          funções. As indústrias que se instalam nessas cidades estão ligadas às ativida-
          des agrícola e pecuária.
A grande metrópole regional, porém, é Brasília. Com aproximadamente              A U L A
2 milhões de habitantes, distribuídos pelo Plano Piloto e pelas cidades-satélites,
Brasília é um centro de prestação de serviços. As atividades ligadas às funções
políticas, administrativas e comerciais dominam a vida da cidade.                    27

    Tropicália

    Sobre a cabeça os aviões
    Sob os meus pés os caminhões
    Aponta contra os chapadões
    Meu nariz
    Eu organizo o movimento
    Eu oriento o carnaval
    Eu inauguro o monumento
    No Planalto Central do País
    Viva a Bossa - sa - sa
    Viva a palhoça - ça - ça- ça - ça
    O monumento é de papel crepom e prata
    Os olhos verdes da mulata
    A cabeleira esconde atrás da verde mata
    O luar do sertão
    Na mão direita tem uma roseira
    Autenticando eterna primavera
    E nos jardins os urubus passeiam
    a tarde inteira
    Entre os girassóis
    Viva Maria - ia - ia
    Viva Bahia - ia - ia - ia - ia - ia
    No pulso esquerdo um bangue-bangue
    Em suas veias corre muito pouco sangue
    Mas seu coração balança a um samba
    de tamborim
    Música e letra de Caetano Veloso (trecho)




    O Sul e o Centro-Oeste são as regiões brasileiras mais integradas ao Sudeste,
formando o cinturão agro-industrial do Brasil.
    As condições naturais, como o clima e o relevo, conferem a essas regiões
características peculiares, que facilitaram o desenvolvimento de atividades
complementares ao núcleo industrial, principalmente no que diz respeito à
produção de alimentos e matérias-primas.
    A colonização em pequenas propriedades no Sul, contrasta com as
                                     propriedades,
grandes fazendas do Centro-Oeste. Mas as regiões estão ligadas pelas migra-
ções dos agricultores sulistas, que buscam novas terras na fronteira agrícola
dos cerrados. Essa área transformou-se na principal área produtora de grãos
do Brasil.
A U L A       A indústria no Sul está crescendo rápidamente, principalmente nas metró-
          poles de Curitiba e Porto Alegre, impulsionada pelos expansão territorial do

27        núcleo original da industrialização. Também conta com a perspectiva de
          integração com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, por meio do Mercado
          Comum do Sul (Mercosul).
              Brasília destaca-se como centro administrativo e de serviços da região
          Centro-Oeste.




          Exercício 1
             Em um atlas, observe os mapas de relevo e de vegetação do Brasil, e aponte:

              a) Qual a altitude média da região Centro-Oeste?
              b) Qual a vegetação predominante na região Sul?


          Exercício 2
             Indique se a afirmativa é verdadeira ou falsa:

              a) A agroindústria é a atividade mais importante da região Sul.
              b) A indústria siderúrgica é a principal atividade da região Centro-Oeste.
              c) Brasília é o principal centro urbano do Centro-Oeste, polarizando uma
                 vasta área dos cerrados centrais.
              d) A presença da pequena propriedade na região Sul foi muito importante
                 para a consolidação da agroindústria.


          Exercício 3
             Quais as duas principais aglomerações industriais da região Sul? Explique
             as razões dessa distribuição da atividade industrial.


          Exercício 4
             Complete as lacunas:

              Na região Centro-Oeste ocorreram várias mudanças no período recente.
              A transferência da (a) ................................ para o Planalto (b) ..................................
              aumentou a (c) .................................. de mercadorias entre as regiões e
              acelerou a (d) .................................. das áreas de cerrado do Centro-Oeste.


          Exercício 5
             A canção Tropicália menciona os chapadões do Planalto Central do país.
             Por que o planalto é tão importante para Brasília? Qual o significado de
             chapadão?

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Integração das regiões Sul e Centro-Oeste

  • 1. A UU AL A L A 27 27 Aponta contra os chapadões... E sta aula é dedicada ao estudo das regiões Sul e Centro-Oeste que formam o cinturão agrário-industrial mais integrado Centro-Oeste, ao centro econômico do país. As condições naturais, o processo de povoamento e a proximidade dessas regiões ao núcleo original da industrialização permitiram que nelas se consoli- dassem atividades complementares à indústria, o que facilitou a sua integração ao ritmo de desenvolvimento do Sudeste . Chico recebeu uma missão de um vizinho, que o procurou logo que soube que o caminhoneiro iria transportar uma carga de feijão para Brasília. - Será que você podia levar uma encomenda para meu irmão que mora em Planaltina, perto de Brasília? - perguntou Carlos, vizinho da casa ao lado. - Não tem nenhum problema - respondeu Chico. - Só pego a estrada depois de amanhã, dá tempo de você embalar bem a sua encomenda. - Não é nada especial - respondeu Carlos. - É um vaporizador para meu sobrinho, que está sofrendo os diabos com a secura de Brasília neste inverno. Dá pena ver o menino com tanta dificuldade para respirar. - É - disse Chico. - O clima do Planalto Central é muito seco no inverno. Todo mundo em Brasília sofre com isto. Até eu, quando estive lá da última vez, sofri um bocado com a secura dos chapadões. As condições climáticas nos ajudam a começar a entender as diferenças entre as regiões brasileiras, embora essas regiões, muitas vezes, sejam integradas pelo desenvolvimento econômico em um espaço comum. Nesta aula, vamos compreender como as diferenças naturais entre as regiões Sul e Centro-Oeste foram se reduzindo por meio da integração com o coração urbano-industrial do Brasil
  • 2. A U L A A região Sul 27 O clima da região Sul é subtropical. No inverno, por sua localização, a região fica sob a influência da massa polar, o que provoca temperaturas mais baixas que as do resto do país. Nesse período do ano, são comuns as tempera- turas abaixo de zero. Mata de araucária A vegetação também é influenciada pelas condições do clima. A maior área do Planalto Meridional era ocupada, originalmente, pela mata de araucária, que é uma floresta aberta, isto é, menos densa que a floresta tropical. A mata de araucária tem sido devastada pela ação do homem: seja para aproveitar a madeira para usos industriais , seja para ampliar as áreas de cultivo e de ocupação urbana. Hoje, no Paraná, apenas 4% da área original da mata de araucária estão preservados. E, como a araucária demora de 40 a 50 anos para chegar ao tamanho adulto, poucos proprietários se animam a refazer a mata original. Outro tipo de vegetação característica da região Sul são os campos limpos. Eles são encontrados na campanha gaúcha e, em alguns trechos do planalto, no araucária. meio da mata de araucária Os campos limpos sempre ocupam áreas de relevo plano. São formados por uma vegetação rasteira, contínua - e, como o seu nome indica, sem arbustos ou árvores. Campanha gaúcha O relevo da região Sul também mostra duas formas distintas: um extenso planalto, que ocupa a maior parte da região, e uma estreita planície litorânea. Entre o planalto e a planície está a Serra do Mar.
  • 3. O planalto vai se inclinando suavemente para o interior, em direção ao rio A U L A Paraná. Os afluentes do rio Paraná correm segundo essa inclinação; a ação de erosão de tais afluentes originou um relevo em que se sucedem extensas superfícies planas limitadas por escarpas, formadas por derramamentos de lava 27 vulcânica. A agricultura é a atividade mais importante da região Sul. Ela é responsável por boa parte da produção agrícola brasileira. O traço característico dessa agricultura ainda é a propriedade familiar de tamanho médio, na qual o trabalho é realizado pela própria família. Existem algumas áreas agrícolas muito especiais, nas quais predomina a média propriedade familiar: a “serra” gaúcha, com seus vinhedos, o noroeste do Rio Grande, com grandes áreas cultivadas com trigo e soja, e o oeste de Santa Catarina, onde a produção de milho está associada à criação de aves ou de porcos. A modernização que se processa desde 1960 promove grandes transforma- ções nas condições dessa agricultura. Os médios proprietários se vêem obriga- dos a consumir cada vez mais os produtos industrializados - máquinas, fertili- zantes, sementes. Nem sempre os resultados são compensadores. Muitos desses proprietários não têm como pagar os empréstimos bancários que fizeram para pagar os produtos industrializados. Já as grandes empresas têm condições mais estáveis e, por isso, recebem maior apoio governamental. Elas têm como função exportar, obtendo divisas com essas exportações. A produção das grandes empresas é cada vez mais especializada. No oeste de Santa Catarina, as grandes empresas industriais, como a Sadia e a Perdigão, estão articuladas com as médias propriedades, que produzem as matéria-prima que elas irão processar. O mesmo acontece em Santa Cruz do Sul, onde os médios proprietários produtores de fumo estão ligados às grandes empresas industriais produtoras de cigarros. Na Campanha Gaúcha, além das grandes propriedades que se dedicam à pecuária de corte, desenvolveu-se uma importante área agrícola irrigada, volta- da para a produção de arroz para o mercado interno. Os imigrantes também participaram do desenvolvimento industrial. Como muitos deles já conheciam as técnicas de produção desenvolvidas nos países de onde saíram, em pouco tempo a indústria tornou-se uma atividade importante nas áreas em que eles se fixaram. As pequenas fábricas, que transformam os produtos agrícolas ou produzem as ferramentas ou objetos de que os agricultores precisam, têm mercado certo na própria região. Os pequenos estabelecimentos prosperam, e muitos deles trans- formaram-se em grandes fábricas. A distribuição das indústrias na região Sul mostra que, nas áreas onde a colonização européia teve maior influência - por exemplo, a “serra” do Rio Grande do Sul e o vale do Itajaí, em Santa Catarina -, encontramos hoje uma produção industrial importante. Caxias do Sul, Joinville e Blumenau têm uma produção industrial muito diversificada. As indústrias têxtil, metalúrgica, mecânica, cerâmica e de bebidas são as mais importantes.
  • 4. A U L A Outras atividades industriais estão diretamente ligadas às matérias-primas que a região produz. É o caso da indústria de papel, no Paraná, que aproveita a 27 celulose da madeira, e das indústrias de produção de óleos alimentícios, que beneficiam a soja ou o algodão. É o caso, também, da indústria de carnes e derivados. As duas maiores concentrações industriais da região localizam-se em Porto Alegre e Curitiba. As duas metrópoles regionais oferecem numerosas vantagens para a localização de indústrias: amplo mercado consumidor, mão-de-obra qualificada e facilidade de comunicação com a regiões sobre as quais atuam. Por isso, conseguiram atrair importantes investimentos para o setor industrial. O Mercosul - que é o Mercado Comum do Sul formado pelo Brasil, Argen- tina, Uruguai e Paraguai - abre para a região Sul possibilidades de integração muito grandes. O acesso aos mercados dos países-membros é uma vantagem considerável para o setor industrial da região Sul. A região Centro-Oeste A região Centro-Oeste, que também vamos estudar nesta aula, é formada pelos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, bem como pelo Distrito Federal, onde está Brasília. A valorização econômica do Centro-Oeste é recente. Suas condições naturais favoráveis, associadas à expansão econômica do país nessa direção, fizeram da região uma importante área agrícola. Chico vem acompanhando as mudanças na região Centro-Oeste. As primei- ras viagens que fez para a região, na década de 60, foram muito difíceis. As estradas ainda eram de terra, e em longos trechos não se via viva alma. Um enguiço ou outra dificuldade qualquer eram sempre um grande transtorno. Era preciso esperar a passagem de um companheiro que pudesse ajudar. Muitas vezes, a demora era grande. As viagens para o Centro-Oeste, assim, transformavam-se em verdadeiras aventuras. Hoje, as principais rodovias estão asfaltadas; outras foram abertas. O tráfego é bem mais intenso. Cidades cresceram. Outras surgiram. As extensas áreas de cerrado - a vegetação original predominante em grande parte da região - que Chico atravessava em suas primeiras viagens foram transformadas em extensas e modernas áreas agrícolas. Formam, por exemplo, verdadeiros “ma- res” de soja e milho, que se perdem no horizonte das terras planas. Chico se sente um “pioneiro”, responsável pelas mudanças da região. Ele não se fixou na área, mas sabe que ajudou muito aqueles que o fizeram. Chico reconhece que o marco inicial dessas transformações foi a transfe- rência da capital do país para o Planalto Central. Quantas mercadorias ele carregou para Brasília, que naquela época ficava numa área praticamente vazia... Do mesmo modo que os bandeirantes do século XVIII, os caminhonei- ros foram responsáveis pela integração de grandes áreas do Centro-Oeste ao restante do país. O relevo da região Centro-Oeste é marcado pela presença de uma imensa superfície plana, genericamente chamada de Planalto Central, mas que engloba diferentes núcleos e formas diferenciadas de relevo. Entre essas formas de relevo, a que chama mais atenção é a das chapadas chapadas. Em Mato Grosso e em Rondônia, elas atuam como divisores d´água entre os rios que correm para a Bacia Amazônica e os afluentes do rio Paraguai.
  • 5. O rio Paraguai desce de áreas mais altas para uma grande depressão do A U L A relevo, onde passa a correr vagarosamente. Nela, durante a estação chuvosa do verão, as águas do rio Paraguai e de seus afluentes que não conseguem ser escoadas inundam grandes trechos. São as cheias periódicas da região do 27 Pantanal matogrossense. A maior parte da região Centro-Oeste é marcada pelo clima tropical e pela vegetação do cerrado. Essa vegetação apresenta árvores de pequeno porte, distantes uma das outras, com troncos retorcidos, folhas largas e raízes profun- das que, durante a estação seca, atingem o lençol d´água. Entre as árvores, uma vegetação baixa recobre o solo. Durante o período sem chuvas, essa vegetação fica completamente ressecada. Aproveitando o ressecamento da vegetação, muitos produtores ainda praticam a queimada, no final da estação seca, para preparar a área para o cultivo ou acelerar a brotação das pastagens para a criação de gado. Campo cerrado À medida que nos aproximamos da região Norte, o clima se torna mais quente e a estação seca é cada vez mais curta. O cerrado vai dando lugar à floresta equatorial. A ocupação da região permaneceu rarefeita até a primeira metade do século XX, quando a expansão da agricultura do Sudeste “descobriu” as áreas férteis do sul de Goiás e do sul de Mato Grosso. Nessas duas áreas desenvolveu-se uma agricultura de elevado nível técnico, cuja produção era destinada aos mercados do Sudeste. Mas foi a construção de Brasília, na segunda metade década de 1950, que acelerou a ocupação recente do Centro-Oeste. A transferência da capital exigia que a região estivesse integrada de modo mais eficiente às demais regões do país. Na década de 1980, as mudanças político-administrativas que se realizaram na região refletem os processos de ocupação muito diferentes entre os Estados de Goiás e de Mato Grosso do Sul: na realidade, ambos são a continuação da economia do Sudeste. Tocantins e Mato Grosso estão mais ligados à Amazônia. A agricultura é a principal atividade econômica do Centro-Oeste. As condi- ções de clima e solo, associadas ao relevo muito plano, permitiram o uso de técnicas de cultivo modernas e de tratores e equipamentos agrícolas no aprovei- tamento da terra.
  • 6. A U L A As grandes propriedades que se instalaram na região cultivam cereais (milho, arroz e, mais recentemente, trigo) e oleaginosas (amendoim e, principal- 27 mente, soja). As modernas propriedades agrícolas investem capital na seleção de semen- tes, nas técnicas de irrigação e na aplicação de fertilizantes para aumentar sua produção. O aumento da produção agrícola no Centro-Oeste tem sido significativo. Ele acontece devido ao aumento do rendimento por hectare das áreas já em utiliza- ção, e à produção das áreas de colonização mais recentes, que vão se instalando ao longo dos novos eixos rodoviários, principalmente no Mato Grosso. A modernização que transformou a agricultura também aconteceu na pecuária de corte. As grandes fazendas de criação de gado passaram a adotar técnicas modernas: a inseminação artificial, que permite melhorar a qualidade do rebanho, as vacinas, que evitam a aftosa e a brucelose, e a melhoria das pastagens, com o plantio de espécies mais resistentes e que forneçam mais alimento para o gado. Além dos campos do planalto, outra área importante de pecuária é o Pantanal. Após as cheias do período das chuvas, sucede uma longa estiagem, e os campos do Pantanal se transformam em excelentes pastagens. A criação se processa em grandes propriedades, e o rebanho é encaminhado para “as invernadas”, isto é, os locais destinados à engorda do gado, próximos aos frigoríficos. Barretos e Presidente Prudente, em São Paulo, são os principais destinos do rebanho do Centro-Oeste. A riqueza produzida pela agricultura e pela pecuária estimulou o cresci- mento das cidades. Você já sabe que as cidades mais importantes do Centro- Oeste estão em Goiás e no Mato Grosso do Sul. Goiânia e Campo Grande, as capitais estaduais, além da função político-administrativa, exercem outras funções. As indústrias que se instalam nessas cidades estão ligadas às ativida- des agrícola e pecuária.
  • 7. A grande metrópole regional, porém, é Brasília. Com aproximadamente A U L A 2 milhões de habitantes, distribuídos pelo Plano Piloto e pelas cidades-satélites, Brasília é um centro de prestação de serviços. As atividades ligadas às funções políticas, administrativas e comerciais dominam a vida da cidade. 27 Tropicália Sobre a cabeça os aviões Sob os meus pés os caminhões Aponta contra os chapadões Meu nariz Eu organizo o movimento Eu oriento o carnaval Eu inauguro o monumento No Planalto Central do País Viva a Bossa - sa - sa Viva a palhoça - ça - ça- ça - ça O monumento é de papel crepom e prata Os olhos verdes da mulata A cabeleira esconde atrás da verde mata O luar do sertão Na mão direita tem uma roseira Autenticando eterna primavera E nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira Entre os girassóis Viva Maria - ia - ia Viva Bahia - ia - ia - ia - ia - ia No pulso esquerdo um bangue-bangue Em suas veias corre muito pouco sangue Mas seu coração balança a um samba de tamborim Música e letra de Caetano Veloso (trecho) O Sul e o Centro-Oeste são as regiões brasileiras mais integradas ao Sudeste, formando o cinturão agro-industrial do Brasil. As condições naturais, como o clima e o relevo, conferem a essas regiões características peculiares, que facilitaram o desenvolvimento de atividades complementares ao núcleo industrial, principalmente no que diz respeito à produção de alimentos e matérias-primas. A colonização em pequenas propriedades no Sul, contrasta com as propriedades, grandes fazendas do Centro-Oeste. Mas as regiões estão ligadas pelas migra- ções dos agricultores sulistas, que buscam novas terras na fronteira agrícola dos cerrados. Essa área transformou-se na principal área produtora de grãos do Brasil.
  • 8. A U L A A indústria no Sul está crescendo rápidamente, principalmente nas metró- poles de Curitiba e Porto Alegre, impulsionada pelos expansão territorial do 27 núcleo original da industrialização. Também conta com a perspectiva de integração com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, por meio do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Brasília destaca-se como centro administrativo e de serviços da região Centro-Oeste. Exercício 1 Em um atlas, observe os mapas de relevo e de vegetação do Brasil, e aponte: a) Qual a altitude média da região Centro-Oeste? b) Qual a vegetação predominante na região Sul? Exercício 2 Indique se a afirmativa é verdadeira ou falsa: a) A agroindústria é a atividade mais importante da região Sul. b) A indústria siderúrgica é a principal atividade da região Centro-Oeste. c) Brasília é o principal centro urbano do Centro-Oeste, polarizando uma vasta área dos cerrados centrais. d) A presença da pequena propriedade na região Sul foi muito importante para a consolidação da agroindústria. Exercício 3 Quais as duas principais aglomerações industriais da região Sul? Explique as razões dessa distribuição da atividade industrial. Exercício 4 Complete as lacunas: Na região Centro-Oeste ocorreram várias mudanças no período recente. A transferência da (a) ................................ para o Planalto (b) .................................. aumentou a (c) .................................. de mercadorias entre as regiões e acelerou a (d) .................................. das áreas de cerrado do Centro-Oeste. Exercício 5 A canção Tropicália menciona os chapadões do Planalto Central do país. Por que o planalto é tão importante para Brasília? Qual o significado de chapadão?